AVEIRO REVISITADA

Não sei se algum dia saberei polir esta pedra

polir uma pedra é vestir de branco as palavras

nestas ruas de água como se vive? quero dizer

como se apanha do chão

o silêncio em que se embrulha o tempo?

como cortar com arestas de luz os cabelos


por secarem na rocha triste em que se estendem?

quero dizer como se caminha entre duas luas

tão idênticas reflectidas na água que repetimos

as palavras assim que as vemos?

e como beber as vogais dos edifícios manter a cabeça

fora de água procurando a altura das chaminés?

pergunto como se vive nestas ruas de água

no gume de prata polida de um espelho? ou seja como se caminha

e atravessa a cidade e se morre ao atravessar uma rua

com o sentido da água a propagar-se nos pés?

1884
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