Abortando voo
Dizia Fernando Sabino, os homens se dividem em duas espécies: os que têm medo de viajar de avião e os que fingem que não têm. Eu não finjo que não tenho, ao contrário, admito que tenho pavor, mas como é necessário voar, tento não pensar ou focar na ação, simplesmente voo.
Meu medo tem uma origem, numa decolagem. A aeronave prestes a subir abortou, foram alguns segundos de frenagem com a pista molhada, os ruídos eram intensos e os passageiros tiveram seus corpos projetados violentamente.
O mais assustador não foi o ato de frear de forma súbita ou os gritos ou, ainda, os rostos assustados da tripulação, o mais perturbador foi saber que dentro dos aviões são transportados passageiros e que alguns sinônimos da palavra são: breve, fugaz, efêmero, finito.
Autora: Ive Nenflidio
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