Mussíparos.

Pássaros tão belos e diversos possuo em minha gaiola, com estes, não me sinto só.
Quando me refiro às suas belezas, não digo de suas aparências, e sim dos seus cantos.
Eu os capturo numa floresta tão obscura e esquecida, na qual os pobres coitados são ignorados, por suas espécies serem quase extintas.
Eu tenho um vínculo emocional com eles, somos parecidos, no que se diz à triste camada que habita nosso interior, da solidão, do esquecimento e da rejeição.
Gosto de ouvi-los em casa, após colocá-los na gaiola e levá-los, em particular. Nunca deixo as outras pessoas ouvirem, elas com certeza abominarão meus camaradas.
Oras, tão exóticos, poucos sabem transmitir a essência das estridentes poupas dos seus cantares que impactam as nossas almas em poço profundo de melancolia - de forma tão igualitária, onde nos identificamos incessantemente.
Levarei meus queridos animais a qualquer lugar onde eu for, assim nunca me sentirei tão vazio e seco como costumo ficar sem o soar do cantar.
Os Deuses que criaram esses seres são magníficos, bem como suas espécies, algo de que eu tenha certeza é: o imenso universo contido neles foi transformado em uma figura singular e exuberante da natureza, dando vida aos seus sentimentos.
A liberdade desses pássaros não pode ser desfrutada por eles, mas sim, por mim. A cada som que reproduzem é um ímpeto para eu me entregar e me aprofundar a uma realidade individual e alternativa que me diverge da insolente real.


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