Sacrifiquei sem nenhum remorso

Sacrifiquei sem nenhum remorso
os talheres de prata, o açúcar e os licores franceses.
Contudo, não precisei de empurrar nenhuma velha
para avançar na fila.
Quando apanhei o caminho certo,
a sorte abriu, sem hesitar, as pernas.
A partir daí foi fácil:
hoje, um ovo, amanhã, uma vaca.
Tudo isso, no pantanal do Oeste,
bem longe das grandes metrópoles
e do brilho das montras,
mas onde aprendi a cultivar a leveza
e a ouvir o canto do galo
que, por estes lados da madrugada,
tanto serve de despertador
como para a canja.
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