Cidade ao nascer da lua

A toda a largura do pano vê-se a cidade
com o seu perfil a velar-se, bizantino,
no poente. Abismada está na própria imagem,
onde o brilho do crisólito lembra,
num relance, o seu esplendor perdido:
invólucro fetal lançado, noite calada,
na água que ressuma, lenta, junto às margens.

O ouro foi todo acrisolado na água
em que ferveram as cinzas e a escória
de metais. A chuva e o vento vão
exfoliando as paredes, moendo as tintas,
até se não reconhecer mais o festo às fachadas.
Entre a solidão hirta das duas torres
a lua, mormosa, insinua-se.
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PEN Clube 1992

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