Alphonsus de Guimaraens Filho

Alphonsus de Guimaraens Filho

1918-06-03 Mariana MG
2008-08-28 Rio de Janeiro
6321
1
4


Prémios e Movimentos

Jabuti 1985Jabuti 2004

Alguns Poemas

O Poeta e o Poema

Nenhum poema se faz de matéria abstrata.
É a carne, e seus suplícios,
ternuras,
alegrias,
é a carne, é o que ilumina a carne, a essência,
o luminoso e o opaco do poema.

Nenhum poema. Nenhum pode nascer do inexistente.
A vida é mais real que a realidade.
E em seus contrastes e sequelas, funda
um reino onde pervagam
não a agonia de um, não o alvoroço
de outro,
mas o assombro de todos num caminho
estranho
como infinito corredor que ecoa
passos idos (de agora,
e de ontem e de sempre),
passos,
risos e choros — num reino
que nada tem de utópico, antes
mais duro do que rocha,
mais duro do que rocha da esperança
(do desespero?),
mais duro do que a nossa frágil carne,
nossa atônita alma,
— duros pesar de seu destino, duros
pesar de serem só a hora do sonho,
do sofrimento,
de indizível espanto,
e por fim um silêncio que arrepia
a epiderme do acaso:
E por fim um silêncio... Nenhum poema
se tece de irreais tormentos. Sempre
o que o verso contém é um fluir de sangue
no coração da vida,
no pobre coração da vida, aqui
paralisado, além
nascente no seu ímpeto de febre,
no coração da vida,
no coração da vida,
(da morte?)
e um frio antigo, e as bocas
cerradas, olhos cegos,
canto urdido de cantos sufocados,
e uma avenida longa, longa, longa,
e a noite,
e a noite,
e, talvez, um sublime amanhecer.

(...)

Não há poema isento.
Há é o homem.
Há é o homem e o poema.
Fundidos.


In: GUIMARAENS FILHO, Alphonsus de. Nó: poemas. Rio de Janeiro: J. Olympio, 1984. Poema integrante da série Nó
Alphonsus de Guimaraens Filho (Mariana MG, 1918) formou-se bacharel em Ciências Jurídicas e Sociais na Faculdade de Direito da Universidade de Minas Gerais, em Belo Horizonte, em 1940. No mesmo ano foi publicado seu primeiro livro de poesia, Lume de Estrelas, pelo qual recebeu o Prêmio de Literatura da Fundação Graça Aranha e Prêmio Olavo Bilac da Academia Brasileira de Letras. Na época, trabalhava na Rádio Inconfidência, serviço de Rádio-Difusão do Estado. Em 1946 publicou Poesias; seguiram-se A Cidade do Sul (1948), Poemas Reunidos, 1935/1960 (1960), Antologia Poética (1963). Em 1962 foi eleito membro da Academia Marianense de Letras. Em 1974, conquistou o Prêmio Luísa Cláudio de Sousa, pelo livro Absurda Fábula (1973). Em 1985, ganhou o Prêmio Jabuti de Poesia, pelo livro Nó (1984). A obra de Alphonsus de Guimaraens Filho é situada pela crítica como integrante da terceita geração do Modernismo.
Alphonsus de Guimaraens - Brasil Escola
Alphonsus de Guimaraens Filho - O Centenário de Um Poeta
Alphonsus de Guimaraens Filho: Soneto Ninguém |Declamação de Poesia Brasileira |Poetas Famosos Poema
Alphonsus de Guimarães Filho - Coágulo
Poema de Alphonsus de Guimaraens Filho - A todos os poetas
Miserere Nobis (Poema, 1941), de Alphonsus de Guimaraens Filho
Poema de Alphonsus de Guimaraens Filho - São João da Cruz
Alphonsus de Guimaraens Filho - Quando eu disser adeus...
Deitas Teu Corpo Em Flor - de Alphonsus de Guimaraens Filho
Alphonsus de Guimaraens Filho - Canto de Natal
Alphonsus de Guimaraens Filho: Soneto XV |Recitando Poema |Poesias Declamadas |Literatura Brasileira
Alphonsus de Guimaraens Filhos (2 poesias: "A todos os poetas" e "Deitas teu corpo em flor")
O leve vento me leve... | Alphonsus de Guimaraens Filho
Momento (Poema, 1941), de Alphonsus de Guimaraens Filho
ALPHONSUS DE GUIMARAENS | Saiba tudo sobre o escritor - direto de Mariana (MG) | (Simbolismo)
Poema: "A todos os poetas" de Alphonsus de Guimaraens Filho #alphonsusdeguimaraensfilho
Esta noite (Poema), de Alphonsus de Guimaraens Filho
Poema de Alphonsus de Guimaraens Filho - Coágulo
Poema Dona Mística - Alphonsus de Guimaraens
Dois sonetos (Bocage e Alphonsus de Guimaraens Filho)
Ao Poente | Poema de Alphonsus de Guimaraens com narração de Mundo Dos Poemas
Ranger de dentes (Poema, 1946), de Alphonsus de Guimaraens Filho
369 - Ventos da tarde - Alphonsus de Guimaraens Filho
O aflito olhar (Poema, 1941), de Alphonsus de Guimaraens Filho
Soneto | Poema de Alphonsus de Guimaraens com narração de Mundo Dos Poemas
Alphonsus de Guimaraens Filho - Coágulo
Aula 32 (Parte 2) - Alphonsus de Guimaraens
Poema "Deitas teu corpo em flor" de Alphonsus de Guimaraens Filho #alphonsusdeguimaraens #poemas
✅Poemas de Alphonsus de Guimaraens Filho Vídeo 1
Ismália | Poema de Alphonsus de Guimaraens com narração de Mundo Dos Poemas
É NECESSÁRIO AMAR - Alphonsus de Guimaraens (Dose Literária) #61
A Catedral - Alphonsus de Guimaraens
Ismália - Alphonsus de Guimaraens - (Poem Cover)
Soneto - Alphonsus de Guimaraens
✅Poemas de Alphonsus de Guimaraens Filho Vídeo 2
Alphonsus de Guimaraens - Como se moço, e não bem velho eu fosse...
ALPHONSUS DE GUIMARAENS - SIMBOLISMO
ALPHONSUS DE GUIMARAENS - Cantem outros a clara cor virente (poema recitado)
Declamação de POETAS EXILADOS XVIII de Alphonsus de Guimaraens (Ouro Preto, MG, 1870; Mariana, 1921)
Alphonsus de Guimaraens - A Catedral
Soneto - Alphonsus de Guimaraens
Alphonsus de Guimaraens - Soneto da voz
Poema "A catedral" de Alphonsus de Guimaraens
Poema: Ismália de Alphonsus de Guimaraens / por Anderson Valfré #alphonsusdeguimaraens #poesia
Literatura do Simbolismo no Brasil - Alphonsus de Guimaraens
Pílulas: Ah, senhora, como padeçoo, de Alphonsus de Guimaraens
17/07/2022 - Conversa de domingo: A poesia de Alphonsus de Guimaraens Filho
Ismália - Alphonsus de Guimaraens
Alphonsus de Guimaraens - Cisnes brancos
Alphonsus de Guimaraens

Quem Gosta

Seguidores