Manuel Bandeira

Manuel Bandeira
Manuel Carneiro de Sousa Bandeira Filho foi um poeta, crítico literário e de arte, professor de literatura e tradutor brasileiro.
Nasceu a 19 Abril 1886 (Recife, Pernambuco, Brasil)
Morreu em 13 Outubro 1968 (Rio de Janeiro, Brasil)
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Nasceu em 19/04/1886, no Recife e morreu em 13/10/68, no Rio de Janeiro. Poeta que provavelmente foi a principal figura do Modernismo brasileiro, embora tenha se recusado a participar da Semana da Arte Moderna de 1922, em São Paulo.

Bandeira foi educado no Rio e São Paulo, mas em 1903 a tuberculose forçou-o a abandonar seu sonho de ser arquiteto (o pai era engenheiro). Muitos dos seus anos seguintes ele passou viajando em busca da cura, e durante este período leu extensamente e retomou a produção de poesia (seu primeiro poema, em alexandrinos, tinha saído em 1902).

Seus primeiros livros (A cinza das horas, 1917, e Carnaval, 1919) mostram a influência tardia dos simbolistas e parnasianos, mas alguns poemas de seu livro seguinte (Ritmo dissoluto, 1924) já contemplam a sensibilidade do modernismo emergente, que tentava liberar a poesia do academicismo e da influência européia. Libertinagem (1930) mostra claramente tendências modernistas nos seus versos livres, linguagem coloquial, sintaxe pouco convencional e o uso de temas folclóricos. Seus livros seguintes (Estrela da manhã, 1936, Lira dos cinqüentanos, 1940, Mafuá do malungo, 1948, Opus 10, 1949, e Estrela da tarde, 1960) consolidaram sua posição como um dos maiores poetas brasileiros. Apesar de sua longa vida como poeta, só começou a ter lucro material com sua produção em 1937, quando ganha o prêmio da Sociedade Felipe d'Oliveira.

Na sua poesia, Bandeira abandonou o tom retórico de seus antecessores e usou a fala coloquial para tratar de temas triviais e eventos do dia-a-dia, com objetividade e humor.

Em 1935 é nomeado pelo Ministro Capanema inspetor de ensino secundário. Ensinou literatura no Colégio Pedro II, no Rio, de 1938 a 1943 e tornou-se professor na Universidade do Brasil naquele último ano. Bandeira também traduziu vários poemas de inúmeros autores (Goethe, Jorge Luís Borges, Heine, Cummings, Rilke, Kahlil Gibran, Baudelaire, García Lorca, Elisabeth Browning, Emily Dickinson, Verlaine, etc). Adicionalmente traduziu várias peças de teatro e livros em prosa, entre eles Macbeth (Shakespeare), Maria Stuart (Schiller) e A Prisioneira (de Em busca do tempo perdido, de Proust, em parceria).

Colaborador em vários jornais durante toda sua vida, produziu inúmeras crônicas e crítica artística. Foi ainda antologista (Antero de Quental, Gonçalves Dias), historiador literário (Noções de História das Literaturas) e biografista.
FLASH AUTOBIOGRÁFICO DE MANUEL BANDEIRA
Nome: Manuel Carneiro de Sousa Bandeira Filho
* Nasceu no Recife, na rua Joaquim Nabuco, em 1886. Solteiro, sem filhos
* Altura: 1,68m, sem sapatos
* Colarinho nº 40 (pescoço forte!)
* Sapatos nº 39 + É míope, usa óculos e se sente feliz por isso
* Tem ficado bastante surdo com a idade e se sente muito infeliz por isso
* Já deixou duas vezes de fumar e não tem muito orgulho disso, porque acha, como Pedro Dantas [Prudente de Morais, neto), que é mais fácil deixar de fumar do que fumar pouco
* Acorda às sete e meia, deita-se à meia-noite
* Agradece os livros que recebe e responde as cartas; danado da vida, mas responde
* Gosta de criança e de animais, sobretudo de cachorro
* Não gosta de abiu nem de caqui, nem de melancia
* É contra os regimes totalitários, da direita ou da esquerda, contra a lei de inquilinato e contra a mão-única nas ruas Marquês de Abrantes e Senador Vergueiro
* Suas orações: o Padre-Nosso e o verso de Verlaine “Seigneur, délivrez moi de Porgueil toujours bête”
* Cada vez mais admira e estima o poeta Carlos Drummond de Andrade, e diz: “Quem não estiver de acordo, é favor não falar mais comigo”
* Poeta brasileiro de sua predileção: o citado
* Romancistas brasileiros de sua predileção: José Lins do Rego e Rachel de Queiroz
* Contistas de sua predileção: Ribeiro Couto, Rodrigo M.F. de Andrade e Marques Rebelo
* Seu cronista predileto: o velho Braga
* Pintores brasileiros de sua predileção: Portinari, Pancetti e Cícero Dias da 12 fase
* Escultor brasileiro de sua predileção: Celso Antônio
* Compositores brasileiros de sua predileção: não tem predileto
* Pertence ao Partido Socialista Brasileiro
* Primeiro livro de ficção que leu em sua vida: Coração, de De Amicis
* Não é requintado: gosta de jiló, cinema falado, rádio, mesmo com “friture”, e de
poetas de segunda ordem * Seu maior amigo: Rodrigo M.F. de Andrade
* Detesta escrever para jornais e falar em público
* Não tem nenhuma religião, mas a de sua simpatia é a católica * Se pudesse recomeçar a vida, gostaria de ser o que não pode: arquiteto
* Arte de sua predileção: a música. Gosta de antigos e modernos, preferindo acima de todos Bach, Haydn e Mozart
* Gosta de todo gênero de leitura, sem predileção
* Tem medo de ter medo na hora de morrer
* Escreve diretamente a máquina; quando se trata de poesia, rascunha a lápis as primeiras idéias dos poemas
* Gosta mais de visitar do que ser visitado
* Não tem secretário nem criado, e prepara o seu café da manhã; sabe fazer muito bem sorvete de café e doce de leite
* Gosta da solidão
* Com um poema publicado num jornal conseguiu que o prefeito Mendes de Morais mandasse calçar o pátio para onde dão as janelas do seu apartamento
* Não se casou porque perdeu a vez
* Ri com muita facilidade porque é dentuço
* Homem de muitos amigos
* Como Valéry, raramente faz versos, mas em matéria de poesia é o anti-Valéry: acredita e confia na inspiração, acredita na reabilitação do lugar-comum. Guarda pelo Recife a sua
ternura de infância
* Costuma veranear desde 1914 em Petrópolis
* Não se consola de ter estado três dias em Paris, sem ver Paris
* Publicou o seu primeiro livro aos 31 anos (A cinza das horas)
* Faz versos desde os dez anos de idade
* Já tocou violão e sabe executar ao piano dois prelúdios de Chopin, um número do Carnaval de Schumann e uma peçazinha de Mac-Dowell
* Coisas que mais detesta: fila de qualquer coisa, responder a enquéêtes, dar opinião sobre os pardais novos, esperar retardatários, fazer plantão em guichê, viajar de trem etc
* Gosta de: tirar retratos, ver figuras, ler suplementos literários, bestar etc
* Suas reminiscências mais antigas remontam aos três anos de idade e estão contadas no seu poema “Infância”. Tem uma dúzia de poemas novos, que em futura edição de Poesias completas serão incorporados ao livro Opus 10. Aprecia os novos e novíssimos da poesia brasileira, ledos ou não
* Gostaria de morrer de repente, mas em casa.

CRONOLOGIA

1886
Manuel Carneiro de Sousa Bandeira Filho nasce no Recife, a 19 de abril, na rua Joaquim Nabuco, filho do dr. Manuel Carneiro de Sousa Bandeira, engenheiro, e de d. Francelina Ribeiro de Sousa Bandeira.

1890
A família do poeta deixa o Recife e vem residir no Rio, depois em Santos, São Paulo e novamente no Rio. Em Petrópolis, onde passa dois verões, fixam-se as primeiras impressões conscientes, de que o poeta se recordará mais tarde. Leitura que lhe fazem de livros de que jamais se esqueceu, entre eles, João Felpudo, Simplício olha pro ar, Viagem à roda do mundo numa casquinha de noz.

1892
Volta com a família para Pernambuco. Freguenta o colégio das irmãs Barros Barreto na rua da Soledade e depois, como semiinterno, o de Virgínio Marques Carneiro Leão, na rua da Matriz. A esses quatro anos, o poeta chama a fase de armação de sua mitologia, em que entram personagens reais como Totônio Rodrigues, d. Aninha Viegas, a preta Tomásia, a rua da União, as ruas da Aurora, do Sol, da Saudade e Princesa Isabel. Leitura de Cuore de De Amicis, adotado em classe, na tradução de João Ribeiro. Escreveu o poeta sobre esse período de sua infância:
“Quando comparo esses quatro anos de minha meninice a quaisquer outros de minha vida de adulto, fico espantado do vazio destes últimos em cotejo com a densidade daquela quadra distante.” (Itinerário de Pasárgada)

1896/1902
A família muda-se do Recife para o Rio, indo residir na travessa Piauí, depois na rua Senador Furtado, depois em Laranjeiras. Durante seis anos mora na casa de Laranjeiras. Não brinca com os moleques da rua mas toma contato com esta e com a gente humilde como uma espécie de intermediário entre sua mãe e os fornecedores, vendeiros, açougueiros, quitandeiros e padeiros.
O futuro filólogo Sousa da Silveira, vizinho de Machado de Assis, é seu companheiro de conversas sobre literatura.
Durante esse período cursa o externato do Ginásio Nacional (hoje Pedro II). Do contato com Silva Ramos, seu professor, e com o colega Sousa da Silveira, nasce-lhe o gosto pelos clássicos portugueses: decora os episódios de Os Lusíadas. Viajando em um bonde na companhia de Machado de Assis, conversam os dois sobre Camões, e o jovem colegial tem o orgulho de recitar para o mestre uma oitava de Os Lusíadas de que este queria lembrar-se e cujas palavras exatas haviam se apagado em sua memória.
No ginásio tem ainda como colegas Antenor Nascentes, Lucilo Bueno. As leituras nascem da troca de idéias com os colegas que amam a literatura. Lé François Coppée, Leconte de Lisle, Baudelaire, Heredia, Antônio Nobre...
Aluno de literatura de Carlos França, ganha do professor, por um trabalho sobre mme. Sevigné, o livro La Fontaine et ses fables, de Taine.
Aluno de geografia de José Veríssimo. (“Ótimo professor, diga-se de passagem, pois sempre nos ensinava em cima do mapa e de vara em punho.”)
O professor que mais o impressiona, e com quem os alunos conversam sobre literatura depois das aulas de História Universal e do Brasil, é João Ribeiro. (“Esse, abriu-me os olhos para muitas coisas.” O poeta publica o seu primeiro poema, um soneto em alexandrinos que sai na primeira página do Correio da Manhã.

1903/08
Parte para São Paulo e se matricula na Escola Politécnica. Preparava-se para ser arquiteto, profissão a que tomou gosto por influência do pai. Emprega-se nos escritórios técnicos da Estrada de Ferro Sorocabana e toma aulas de desenho de ornato, à noite, no Liceu de Artes e Ofícios. Adoece do pulmão no fim do ano letivo (1904) e abandona os estudos.
O poeta volta ao Rio e inicia uma longa peregrinação em busca de climas serranos: Campanha, Teresópolis, Maranguape, Uruquê, Quixeramobim.

1910
Entra em um concurso promovido por Medeiros e Albuquerque na Academia Brasileira de Letras (500 mil-réis para o melhor poema em versos livres; a comissão julgadora não conferiu o prêmio).
Leitura de Charles de Guérin, conhecimento das rimas toantes que seriam empregadas no Carnaval.

1912
Escreve os seus primeiros versos livres, sob a influência de Guillaume Apollinaire, Charles Cros, Mac-Fionna Leod.

1913
Embarca em junho para a Europa a fim de tratar-se no sanatório de Clavadel, perto de Davos-Platz (lugar indicado por João Luso). Reaprende o alemão, que estudara no ginásio. Faz amizade com Paul Eugêne Grindel (tornado famoso mais tarde com o nome de Paul Eluard), que também se tratava no mesmo sanatório. Eluard empresta-lhe livros de Vildrac, Fontainas e Claudel.
Torna-se amigo também de outro poeta e companheiro de sanatório, o húngaro Charles Picker, que não resistiu à doença.
Quis imprimir em Coimbra o seu primeiro livro de poesia, a que havia dado o título de Poemetos melancólicos. Não recebeu resposta de Eugênio de Castro, a quem escreveu sobre isso. Deixando o sanatório, aí esqueceu os originais, não lhe tendo sido possível refazê-los integralmente.

1914
Sobrevinda a Grande Guerra, volta ao Brasil. Lê Goethe, Lenau e Heine. Anos de meditação sobre a técnica do verso.
No Rio, vai residir na então rua (hoje avenida) N. Sra. de Copacabana e depois na rua Goulart, no Leme.

1916
Falece a mãe do poeta.

1917
Publica o seu primeiro livro — A cinza das horas — impresso nas oficinas do Jornal do Comércio. Edição de duzentos exemplares, custeada pelo autor (300 mil-réis).
João Ribeiro lhe faz um grande elogio em seu artigo de crítica no Imparcial.
A cinza das horas tinha, então, uma epígrafe de Maeterlinck, retirada das edições posteriores:
Mon âme en est triste à la fin,
Elle est triste enfin d'être lasse,
Elle est lasse enfin d'être en vain.

1918
Falece Maria Cândida de Sousa Bandeira, irmã do poeta, a qual fora sua enfermeira desde 1904.

1919
Publicação do Carnaval, edição custeada pelo pai. A Revista do Brasil, dirigida então por Monteiro Lobato, disseca o livro em poucas palavras. João Ribeiro torna a ter para com o poeta expressões de entusiasmo.
Carnaval entusiasma igualmente a geração paulista que iniciava a revolução modernista.

1920
Falece o dr. Manuel Carneiro de Sousa Bandeira. O poeta, que morava na rua do Triunfo, em Paula Matos, muda-se para a rua do Curvelo, nº 53 (hoje Dias de Barros), rua onde já morava Ribeiro Couto. A nova habitação dá-lhe o “elemento de humilde quotidiano”. Diz ainda o poeta: “Não sei se exagero dizendo que foi na rua do Curvelo que reaprendi os caminhos da infância.”
Na rua do Curvelo, onde residiu treze anos, escreveu três livros (Ritmo dissoluto, Libertinagem, Crônicas da Província do Brasil e muitos poemas de Estrela da manhã).

1921
Conhece Mário de Andrade (com quem já se correspondia) no Rio.

1922
Não quis participar da Semana de Arte Moderna, realizada em São Paulo. Mas nesse mesmo ano vai a São Paulo e faz novos conhecimentos: Paulo Prado, Couto de Barros, Tácito de Almeida, Menotti del Picchia, Luís Aranha, Rubens Borda de Morais, Yande Almeida Prado.
Data também dessa época a sua amizade, de contato então quase diário, com Jaime Ovalle, Rodrigo M.F. de Andrade, Dante Milano, Osvaldo Costa, Sérgio Buarque de Holanda, Prudente de Morais, neto. Com os amigos, costumava jantar no restaurante Reis, onde comia (bem baratinho) o bife à moda da casa.
Falece seu irmão Antônio Ribeiro de Sousa Bandeira.

1924
Publicação do volume Poesias (A cinza das horas, Carnaval, Ritmo dissoluto), editado pela Revista de Língua Portuguesa, dirigida por Laudelino Freire, e por interferência de Goulart de Andrade.

1925
Colabora com artigos para o “Mês Modernista”, instituído no jornal A Noite. Só o fez depois da insistência epistolar de Mário de Andrade. Ganha, assim, o seu primeiro dinheiro com literatura: 50 mil-réis por semana.
Faz crítica musical para a revista A Idéia Ilustrada.

1927/28
Viagem ao Norte do Brasil até Belém, parando em Salvador, Recife, Paraíba, Fortaleza e São Luís.

1928/29
Viagem ao Recife como fiscal de bancas examinadoras de preparatórios.

1928/30
Escreve crônicas semanais para o Diário Nacional, de São Paulo.

1930
Publicação de Libertinagem (poemas de 1924 a 1930), edição de quinhentos exemplares, custeada pelo poeta.
Escreve crítica de cinema para o Diário da Noite, do Rio.

1930/31
Escreve crônicas semanais para A Província, do Recife.

1933
Abandona a rua do Curvelo (casa em que depois moraria Rachel de Queiroz) e muda-se para a rua Morais e Vale, na Lapa.

1935
É nomeado pelo ministro Capanema inspetor de ensino secundário.

1936
Calorosamente homenageado em seu cinqiuentenário. Os amigos fazem editar (201 exemplares) o livro Homenagem a Manuel Bandeira, com poemas, estudos, comentários, impressões sobre o poeta. Trinta e três entre os mais importantes escritores modernos do Brasil colaboram nesse livro.
Com o papel presenteado por Luís Camilo de Oliveira Neto é feita na imprensa da Biblioteca Nacional a impressão de Estrela da manhã (47 exemplares apenas para subscritores — o papel não deu para os cinquenta anunciados no livro).
À Civilização Brasileira edita o livro Crônicas da Província do Brasil, escritas para A Província, do Recife, o Diário Nacional, de São Paulo, e O Jornal, do Rio de Janeiro.

1937
Selecionadas pelo poeta, que também ouviu conselhos de Mário de Andrade, aparecem as Poesias escolhidas, edição da Civilização Brasileira.
O Ministério da Educação edita a Antologia dos poetas brasileiros da fase romântica.
Pela primeira vez, o poeta tem lucro material com a poesia, ao ser premiado pela Sociedade Felipe d'Oliveira (cinco contos de réis).
Escreveu mais tarde: “Parece incrível, mas é verdade: aos 51 anos, nunca eu vira até aquela data tanto dinheiro em minha mão.”

1938
Nomeado pelo ministro Gustavo Capanema professor de Literatura do Colégio Pedro Il e membro do Conselho Consultivo do Departamento do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional.
O Ministério da Educação edita a Antologia dos poetas brasileiros da fase parnasiana e o Guia de Ouro Preto.

1940
Com o falecimento de Luís Guimarães Filho, recebe a visita de Ribeiro Couto, Múcio Leão e Cassiano Ricardo, que o convencem a candidatar-se à vaga da Academia Brasileira de Letras. Eleito em agosto, no primeiro escrutínio, com 21 votos, toma posse da cadeira em 30 de novembro, sendo saudado por Ribeiro Couto.
Pormenor: seu compêndio Noções de história das literaturas, onde só catorze acadêmicos eram citados, havia sido lançado nesse mesmo ano, em maio.
Primeira publicação das Poesias completas, edição do autor, com acréscimo de uma parte de novos poemas, que o poeta chamou Lira dos cingiient'anos.
Publica, em separata da Revista do Brasil, A autoria das cartas chinesas, e as Noções de história das literaturas, edição da Cia. Editora Nacional.

1941
Começa a fazer crítica de artes plásticas n'A Manhã, do Rio.

1942
É eleito membro da Sociedade Felipe d'Oliveira. Muda-se para o edifício Maximus, na praia do Flamengo.
Organiza uma edição dos Sonetos completos e poemas escolhidos de Antero de Quental, lançada pela Editora Livros de Portugal.

1943
Deixa o Pedro II e é nomeado professor de literatura hispanoamericana na Faculdade Nacional de Filosofia.

1944
Muda-se para o edifício São Miguel, na avenida Beira-Mar, 406, ap. 409. Nova edição das Poesias completas, da Americ-Edit.

1945
Escreve pra a Editora Fondo de Cultura Económica, do México, Panorama de la poesía brasilenia, só publicado em espanhol, em 1951.

1946
Recebe o Prêmio de Poesia do Ibec (50 mil cruzeiros).
Publica Apresentação da poesia brasileira e Antologia dos poetas brasileiros bissextos contemporâneos.
Saúda na Academia Brasileira de Letras o novo acadêmico Peregrino Júnior.

1948
Nova edição de Poesias completas com acréscimo do livro Belo belo (Livraria da Casa do Estudante do Brasil), e nova edição de Poesias escolhidas (Editora Pongetti).
Primeira edição de Mafuá do malungo, versos de circunstância, impressa em Barcelona por João Cabral de Melo Neto.
Nova edição aumentada de Poemas traduzidos, pela Editora Globo, de Porto Alegre.
Organiza para a Editora Pongetti uma edição crítica das Rimas de José Albano.

1949
Publica Literatura hispano-americana pela Editora Pongetti.
Traduz El divino Narciso, de Soror Juana Inés de la Cruz.
Publica Obras poéticas de Gonçalves Dias, edição crítica e comentada, lançada pela Cia. Editora Nacional.

1952
Publica Gonçalves Dias (biografia) pela Editora Pongetti.
É operado de cálculos no ureter.
Primeira edição de Opus 10 (Editora Hipocampo).

1953
Muda-se para o apartamento 806 do mesmo edifício São Miguel.

1954
Publica Itinerário de Pasárgada (edição do Jornal de Letras; projeto de capa de Carlos Drummond de Andrade); reeditado com acréscimo de De poetas e de poesia (críticas) pela Livraria São José (1957).

1955
Publica 50 poemas escolhidos pelo autor, edição do Ministério da Educação.
Traduz o drama Maria Stuart, de Schiller, representado no mesmo ano em São Paulo e no Rio, e editado pela Civilização Brasileira.
Nova edição das Poesias completas, com acréscimo de Opus 10 (Livraria José Olympio Editora).
Inicia a sua colaboração de cronista no Jornal do Brasil, do Rio, e Folha da Manhã, de São Paulo.

1956
Escreve para a Enciclopédia Delta Larousse um estudo sobre “Versificação em língua portuguesa”.
Nova edição de Poemas traduzidos pela Livraria José Olympio Editora.
Traduz a tragédia Macbeth, de Shakespeare, e a tragédia La machine infernale, de Jean Cocteau. A tradução de Macbeth foi representada em Lisboa, e depois publicada no Brasil pela Livraria José Olympio Editora e em Portugal pela Editorial Presença.
A Editorial Minerva, de Lisboa, publica o volume Obra poética, de A cinza das horas a Opus 10.

1957
Traduz as peças June and the Paycock, de Sean O'Casey, e The Rainmaker, de N. Richard Nash, representada a primeira em São Paulo, a segunda no Rio.
A Editora Alvorada lança o livro de crônicas Flauta de papel.
Embarca no mês de julho para a Europa em viagem de recreio.
Visita a Holanda, Londres e Paris. Regressa ao Rio em novembro.

1957/61
Escreve crônicas bissemanais para o Jornal do Brasil, do Rio, e Folha de S. Paulo.

1958
A Companhia Editora Nacional reedita as Noções de história das literaturas.
Escreve o livro Gonçalves Dias da coleção Nossos Clássicos da Editora Agir. Aparece a edição Aguilar de suas obras completas em dois volumes — poesia e prosa — compreendendo a lírica, os versos de circunstância, traduções de poemas estrangeiros e das peças “teatrais Auto do divino Narciso, de Juana Inés de la Cruz, Maria Stuart, de Schiller, crônicas, críticas, ensaios, o Guia de Ouro Preto e epistolário. Nesse mesmo ano traduz ainda a peça em verso Colóquio-sinfonieta, de Jean Tardieu, representada no Rio.

1960
Traduz a peça The Matchmaker, de Thornton Wilder, sob o título A casamenteira. A Sociedade dos Cem Bibliófilos edita o volume Pasárgada, de poemas escolhidos e ilustrados por Aldemir Martins.
Traduz o drama D. Juan Tenório, de Zorrilla, representado no Rio pelo Teatro Nacional de Comédia, e editado pelo Serviço Nacional de Teatro. A Editora Dinamene, da Bahia, publica em edições de luxo a Estrela da tarde e uma seleção de poemas de amor sob o título de Alumbramentos.
Reedição de Literatura hispano-americana pelo Fundo de Cultura S.A.

1961
Traduz para a Coleção Prêmios Nobel da Editora Delta o poema Mireille, de Mistral. A Editora do Autor publica a Antologia poética de Manuel Bandeira.

1961/63
Escreve crônicas semanais para o programa “Quadrante” da Rádio Ministério da Educação, algumas publicadas depois no volume Quadrante, da Editora do Autor.

1962
Traduz ainda para a Coleção Prêmios Nobel da Editora Delta o poema Prometeu e Epimeteu, de Carl Spitteler.
A Editora das Américas, de São Paulo, publica Poesia e vida de Gonçalves Dias.

1963
Escreve para a Editora El Ateneo biografias de Gonçalves Dias, ÁIvares de Azevedo, Casimiro de Abreu, Junqueira Freire e Castro Alves. Traduz para o Teatro Nacional de Comédia a peça Der Kaukasische Kreide Kreis, de Bertolt Brecht. A Editora José Olympio publica Estrela da tarde.

1963/64
Escreve para o programa “Vozes da cidade”, da Rádio Roquette Pinto, crônicas bissemanais, umas para esse programa, outras para o programa por ele próprio lido sob o título de “Grandes poetas do Brasil”. Algumas das crônicas do programa “Vozes da cidade” foram incluídas no volume do mesmo nome editado pela Distribuidora Record.

1964
As Éditions Seghers, de Paris, lançam na coleção Poetes d'Aujourdhui uma antologia de poemas traduzidos para o francês pelo autor e por Luís Aníbal Falcão e Fredy Blank. Traduz para a Editora Vozes Ltda., de Petrópolis, a peça O advogado do diabo, de Morris West.
Traduz a tragédia de John Ford "Tis Pity She's a Whore sob o título Pena ela ser o que é, representada no Rio.

1965
Traduz para a Editora Vozes Ltda. as peças Os verdes campos do Éden, de Antônio Gala, A fogueira feliz, de J.N. Descalzo, e Edith Stein na câmara de gás, de Frei Gabriel Cacho.
Com Carlos Drummond de Andrade organiza o livro Rio de Janeiro em prosa & verso, também edição da José Olympio. A editora de livros de bolso Tecnoprint reedita a Apresentação da poesia brasileira, as antologias dos românticos, dos parnasianos, edita a Antologia dos poetas brasileiros da fase simbolista e a tradução de Rubaiyat, de Omar Khayyan, em versos portugueses de Manuel Bandeira e espanhóis de Homero Icaza Sánchez. André Williême e Antoni Grosso editam o álbum A morte, treze poemas autografados, com vinhetas do autor e sete litogravuras originais de João Quagjlia, tiragem de cem exemplares em papel Petrópolis Martelado, realizado todo o trabalho em litografia pelo processo manual.

1966
18 de abril. O presidente da República, mar. Humberto de Alencar Castelo Branco, no octogésimo aniversário de Bandeira, concedelhe a Ordem do Mérito Nacional. Manuel Bandeira oferta ao presidente dois livros: Meus poemas preferidos e Manuel Bandeira, poeta de hoje, de Michel Simon, com a dedicatória: “Ao mar. Castelo Branco, com o alto apreço e gratidão do Manuel Bandeira.”
O Presidente, no Palácio das Laranjeiras, oferece almoço ao Poeta e convidados: ministro da Educação Pedro Aleixo, Luís Viana Filho, chefe da Casa Civil, acadêmicos Austregésilo de Athayde, Múcio Leão e Mauro Mota, embaixador Maurício Nabuco, editor José Olympio e senador Milton Campos.
O secretário do Conselho Estadual de Cultura, embaixador Pascoal Carlos Magno, informou que em todas as escolas da Guanabara será lido um trabalho versando sobre a vida e a obra do Poeta. 19 de abril. O bardo faz oitenta anos. A Editora José Olympio promove, em sua sede, grande festa em homenagem ao seu amigo e editado, “à qual comparecem — em rara demonstração de prestígio intelectual e de bem-querer ao Poeta — mais de mil pessoas”.
Completando a homenagem, a editora publica dois livros: Estrela da vida inteira (poesias completas e traduções poéticas de M.B.) e um livro de prosa organizado por seu grande amigo Carlos Drummond, Andorinha, andorinha (textos inéditos em livro); e o ensaio de Stefan Baciu, Manuel Bandeira de corpo inteiro (Coleção Documentos Brasileiros).
Estrela da vida inteira apareceu com louvações de Rachel de Queiroz, Guilherme de Almeida, Drummond, Gilberto Freyre, Adalgisa Nery, Cassiano Ricardo, Otto Maria Carpeaux, Murilo Mendes, Vinicius de Moraes e Odylo Costa, filho. Introdução crítica de Gilda e Antônio Cândido [de Melo e Sousa].
20 de abril. A Academia Brasileira de Letras realiza sessão de homenagem, falando Peregrino Júnior.
1º de junho. A Assembléia Legislativa do Estado da Guanabara concede a Manuel Bandeira o título de Cidadão Carioca, aprovando requerimento da deputada Adalgisa Nery.
27 de outubro. Recebe o Prêmio Moinho Santista. Entrevistado pelos jornalistas cariocas, Bandeira pilheria: “Como amigo do Rei, protesto: para um poeta com oitenta anos de idade são conferidos apenas 2 milhões de cruzeiros, enquanto dois jovens, Dori Caymmi e Chico Buarque de Holanda, recebem, cada um, 20 milhões.”

1968
13 de outubro. Manuel Bandeira falece no Hospital Samaritano, em Botafogo, às 12:50h. É sepultado no mausoléu da Academia Brasileira de Letras, no Cemitério S. João Batista.