Capinan

Capinan

José Carlos Capinam, mais conhecido como Capinam ou Capinan é um poeta e músico brasileiro.

1941-02-19 Esplanada BA
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Alguns Poemas

Confissões de Narciso

Que pensará meu pai de mim agora
E dele que poderei pensar
Eu que pensando nele
Tanto gostaria de saber o que pensa de mim agora?
(Não será essa a última hora da confissão
Nem a primeira hora do nascimento)
Mas que pensaria meu pai ao me ver chorar?
Que pensaria minha mãe
Me vendo agora beijar outras bocas, outros seios, a
procurá-la como alimento?
Sei que jamais saberei o que se passou naquele
momento
Como não sei quase o que se passa agora
Lá fora a noite é cheia de compromissos
E eu, omisso, gravo aqui meus sentimentos
Guardado talvez de mim, guardado talvez dos outros
E querendo estar tão absorto
Que jamais soubesse como lá fora a noite se eterniza
em nunca e jamais
Jasmins exalam
Flores crescem durante a noite e durante a noite
despetalam
Indiferentes ao fato de que pela manhã lhes
arrancarão o talo
E eu por que falo?
Por que não escrevo, por que não beijo?
Porque não caço o inexistente poema, borboleta
imaginária?
Minha mãe sempre me pareceu generosa e perdida
Sempre me pareceu absorvida e mal amada
Uma vida doada para nada
E meu pai sempre me pareceu estrangeiro
Como todos os pais
Eu sequer por furto tive dele um sorriso
Nem a mão por compromisso de andar até o outro
lado da rua
Minha vida foi sempre nua desde o primeiro dia
E sequer me alivia
E sequer eu quero que alivie
Sequer eu quero que passe a vida
Sequer eu quero que continue
Eu quero apenas despir-me
(Embora já esteja tão despido)
E quisera então quem me possuíra
Ai quisera somente dizer estas mentiras
Para quem cresse em mentiras
E pudesse vê-las mais verdadeiras que as verdades que
são ditas
Na casa ao lado há conversas mais sérias que poesia
Há um plano de recuperar as moedas, as finanças, a
pátria, deus e a família
Tudo que é falido desde o começo
Mas eu de tudo também participo
E até em meu endereço chegam as cartas e o telefone
toca
(Serão avisos?)
Deveria estar num comitê que discute o amanhã
E as outras políticas do amanhã
Mas eu sequer desejo sair da cama
Quisera somente beijos, desses que não se proclamam
Beijos talvez cruéis, que se derramam sequer da boca e
sangram
E também quisera que o meu desejo
Não escapasse enquanto fosse o meu desejo
E atendesse ele próprio ao que deseja
Não me usasse para atendê-lo (ele que tanto me
reclama)

Soy Loco Por Ti, America, 1967

Soy loco por ti, America
Yo voy traer una mujer playera
Que su nombre sea amarte
Que su nombre sea amarte
Soy loco por ti de amores
Tenga como colores
La espuma blanca de Latino America
Y el cielo como bandera
Soy loco por ti, America
Soy loco por ti de amores
Soy loco por ti, America
Soy loco por ti de amores
Sorriso de quase nuvem
Os rios, canções, o medo
O corpo cheio de estrelas
O corpo cheio de estrelas
Como se chama a amante
Desse país sem nome
Esse tango, esse rancho
Esse povo, dizei-me
Arde o fogo de conhecê-la
Soy loco por ti, America
Soy loco por ti de amores
Soy loco por ti, America
Soy loco por ti de amores
El nombre del hombre muerto
Ya no se puede decirlo
Quem sabe
Antes que o dia arrebente
Antes que o dia arrebente
El nombre del hombre muerto
Antes que a definitiva noite
Se espalhe em Latino America
El nombre del hombre es pueblo
Soy loco por ti, America
Soy loco por ti de amores
Soy loco por ti, America
Soy loco por ti de amores
Espero a manhã que cante
El nombre del hombre muerto
Não sejam palavras tristes
Soy loco por ti de amores
Um poema ainda existe
Com palmeiras, com trincheiras
Canções de guerra, quem sabe
Canções de mar, ay hasta te conmover
Soy loco por ti, America
Soy loco por ti de amores
Soy loco por ti, America
Sou loco por ti de amores
Estou aqui de passagem
Sei que adiante
Um dia vou morrer
De susto, de bala ou vício
De susto, de bala ou vício
No precipício de luzes
Entre saudades, soluços
Eu vou morrer de bruços
Nos braços, nos olhos
Nos braços de uma mulher
Mais apaixonado ainda
Dentro dos braços da camponesa
Guerrilheira, manequim
Ai de mim
Nos braços de quem me queira

Imagem - 02540002


In: VIOLÃO e Guitarra, São Paulo, n. 48, p. 40-41, 1978

NOTA: Parceria com Gilberto Gil e Torquato Net
Capinan (Esplanada BA, 1941) iniciou os cursos de Direito e Artes Cênicas na Universidade Federal da Bahia, mas não chegou a conclui-los. Em 1962, trabalhava como jornalista no Jornal da Bahia, quando teve poemas publicados na antologia Violão de Rua, organizada pelo Centro Popular de Cultura da União Nacional dos Estudantes. Em 1965 ocorreu a apresentação, no Rio de Janeiro, de sua peça Pois É, com Torquato Neto e Caetano Veloso, interpretada por Gilberto Gil, Vinicius de Moraes e Maria Bethânia, no Teatro Opinião. No ano seguinte, sairia seu livro de poemas Inquisitorial. Em 1967 e 1968 integrou o movimento tropicalista, e compôs com Gilberto Gil a canção Soy Loco por Ti, América. Foi vencedor do Festival de Música Popular Brasileira, da TV Record, em 1967, com a canção Ponteio, parceria com Edu Lobo. Poeta, compositor, roteirista, produtor, Capinan foi um dos criadores do Tropicalismo, e em sua obra estão presentes as preocupações sociais e políticas características do movimento.
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