Lindolf Bell

Lindolf Bell

Lindolf Bell foi um poeta brasileiro.

1938-11-02 Timbó SC
1998-12-10 Blumenau
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Alguns Poemas

Exercício para Garcia Lorca

Quando o vento das primaveras anuncia as florações
anuncia os girassóis, os araçás, as madressilvas, teus
versos tuas granadas abrindo as veredas de meu país
livre quando não sei, tu és a lua clara obscura lua
clara, as noites que maduram o coração da terra, os
líricos olhos dos touros da saudade, o mar vejo as
estrelas os limões, és tessitura das manhãs, o amado
guia do reino no bosque das virgílias, floresces e
perduras onde o amor perdura, é frágil a terra do
esquecimento, os ventos da primavera voltam sempre
e as palavras tecem teu canto e teu corpo e tua viagem,
e os híbridos frutos de meu país livre quando não sei
esplendem nos olhos do pássaro teu irmão, para sempre
os cardos os pomos, os selvagens rosais dos invernos e
as novas estações dos povos da coragem, as embiras as
timboranas o vento sul as auroras, abriga-me em tua
paisagem onde tudo se anuncia, tu és o dia tu és o dia,
a fava, o fauno, a fala, a festa não fixa de viver e
conviver, o móvel calendário de amar para sempre, tu
és a samambaia nas varandas, o seixo dentro do rio de dentro
o sangue, o fuzil das guerrilhas interiores, e se nos
montes e nos pantanais e nos corações agitas as ervas e
os navios de verdades largas, tu Federico Garcia Lorca,
eu te chamo uma vez só, e isto basta para quem tem
antenas e ouvidos e sabe que o mundo está aqui dentro
mas está lá fora de meu país livre quando não sei, tu
és o gravatá do campo, a flor verde, a bravura de meu
país livre quando não sei, guarida onde me abrigo, rio
dos minérios das minas da manhã, argila das florescências,
espiga dos tempos claros, fruto aberto no esquema
silvestre dos corações, há um solução na garganta
de meu país livre quando não sei.


Poema integrante da série Incorporação.

In: BELL, Lindolf. Incorporação: doze anos de poesia, 1962/1973. São Paulo: Quíron, 1974. (Sélesis, 3)
Lindolf Bell (Timbó SC 1938 - Blumenau SC 1998) publicou seu primeiro livro de poesia, Os Póstumos e as Profecias, em 1962. Na época, cursava Dramaturgia na Escola de Arte Dramática, em São Paulo SP. Em 1963 participou na Expressão de Novos Poetas, com poemas-murais, na biblioteca paulistana Mário de Andrade, e publicou Os ciclos. Foi integrante do Movimento da Catequese Poética, em 1964, e autor do roteiro cinematográfico A Deriva para o filme experimental de Juan Seringo, em 1965. Em 1968 declamou poemas no Show Contra, no Teatro Ruth Escobar, São Paulo SP. No mesmo ano viajou para os Estados Unidos, onde integrou o grupo brasileiro no International Writing Program, na Universidade de Iowa. Lá criou, com Elke Hering Bill, uma série de poemas-objetos e objetos poéticos. De volta ao Brasil, passou a viver em Blumenau SC, onde foi professor de História da Arte na Fundação Universidade Regional. Participou na I Pré-Bienal de São Paulo, em 1970, com poemas-objetos. Em 1984 recebeu o Prêmio de Poesia, pelo livro Código das Águas, concedido pela Associação Paulista de Críticos de Arte. Sua obra poética inclui, entre outros, os livros As Annamárias (1971), As Vivências Elementares (1984) e Iconographia (1993). A poesia de Lindolf Bell, de tendência contemporânea, esteve vinculada, nos anos 60, ao engajamento social e literário do autor. A partir de 1968, no entanto, seus poemas voltam-se para a interiorização pessoal, e passam a tematizar a memória, as origens, a terra natal.
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