Enrusbecer

Faço poemas como uma forma de me expressar melhor. Tenho um heteronimo chamado Pedro Antônio Silva Júnior, que teve uma vida sofrida e amarga.

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Alguns Poemas

Dia 1: meu novo lar

Eu sinto o cheiro da fumaça entrando em minha única narina
Sinto o cheiro de sofrimento que causei para minha família
Ah os gritos dela, como adorava seus gritos
Minha pequena criança
Você nunca foi de grande importância
Por você sempre tinha muita impetulência
Mas admito que nunca tive
Algo que se eu tivesse por eles ao menos uma vez
Aqui, nesse local, eu não estaria talvez

Você se divide em sua mente, em seu sofrimento
Mas por eles que eu causei, eu só lamento
Esse animal que me fura os olhos pela aparência irá me chamar
Ele me observa e me julga, enrugando sua testa, sem ao menos uma palavra falar
Há dias ou anos sem poder sentar
Eu não sei o quanto tempo aqui demora a se passar

Uma fila enorme na minha frente ainda existe
Mas aquela criatura possui um olhar infernal que ainda a me observar persiste
Eu ainda não sei onde estou e nem para onde irei
Mas pelo gosto do ar, será que tudo é porque nunca rezei?
Nunca achei que precisaria, além do mais nunca disso precisei
Em minha vida, sempre fui diferente de todos ao meu redor
Pois meu pai sempre me dizia que eu apanhava para ser o melhor
Mas nesse exato momento, a única coisa que sinto
É um medo estranho, de ser observado por milhões de olhos que me penetram a alma, eu não minto

Minha vida pode estar em perigo nesse novo lugar
Eu não faço ideia, essas pessoas por aqui parecem que nunca tiveram alguém para amar
Em ouvidos chegam sons de gritos e sofrimentos
E pelos sons que ouço, essa agonia e a única coisa que posso fazer é dizer meus lamentos
E permanece perto de mim aquele monstruoso ser
Agora admirando os gritos que vem em suas orelhas, como se fosse para ele um lazer

No pouco que resta de minha cabeça
E percebo que em minha vida, nela não existia beleza
Minha vida começa a ser lembrada por mim
E de verdade, eu não sabia que ela era tão podre assim
Vim para cá no instante que fui atingido pelo tiro
E logo depois, de meu filho ouço seu grito
Após isso vim parar nesse perturbador lugar
Ah como eu queria estar em meu humilde lar

Aquela criatura que não se mexia por horas em seu local
Agora emite um grunhido, um som puramente mal
Ela estende seu braço com sua foice segurando
E seu olhar percebe-se que nada em sua mente está pensando
Ele me penetra sua foice em meu abdômen
E ele diz "agora você é meu seu mísero homem"
Sua foice nada sinto, apenas algo a me coçar
E me joga em uma com olho para eu flamejar
Com o fogo negro que ele segura
Sons, grunhidos, palavras ele murmura
Eu começo a me arrepender mas nada irá adiantar
Pois ao citar Deus nesse lugar, minha boca a de se calar
E apenas penso que esse será o meu novo lar

E de momento passageiro, esse instante desaparece
E línguas mortas eu ouço uma única prece
São sons que não consigo descrever
Uma melodia para os que lá puderam nascer
A insanidade toma conta de tudo e todos aos que lá perecem
Apenas ouço gritos que os poucos sinto que me ensurdessem
Vejo pessoas em suas bocas escarniadas amarradas
Algumas com suas cabeças ao seu corpo emputrefado amarradas

Meus únicos pertences são esse bloco de anotações
E esse lápis, para não gritar palavrões
Me pergunto algo que me deixa impertinente
Por que sou o único a ter objetos e mais ninguém de toda essa gente?

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