Henri_Daio

Henri_Daio

1908-06-27 Ubatuba-SP
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Alguns Poemas

Amarésia

Eu tive que sair ao amanhecer, com os primeiros rastros de sol se debruçando no espantar da noite mal acabada. Invade-te e despede-se, a primeira onda. Não mais podia gritar pois tu repousava com a cabeça sobre meu peito e não havia como acreditar que aquilo era real, em um só corpo pulsando na aspereza da aurora, fugindo da vida, buscando a liberdade polifônica de nossos lábios e olhares. Avança ferozmente na costa a espuma branca. Brados suspiros de ti esboçados da noite anterior me retornavam a mente atordoando, embaralhando e revivendo meus pensamomentos que você invadia antes da formação dos mares. Maré alta na vista turva. Flácidos aformosentar da madrugada biloura sobre sua pele macia onde meus lábios naufragam. Surge o albatroz no solitário barco baleando. Nossa nau. Um caos avistado do cais no alto em alto mar e bom som formado de sim. Duas ondas se beijam, avançam ferozmente, perdendo-se adjacentes, ao infinito. Esse é o mar do amor? Eis o mistério da fé. 
 Ruídos radiofônicos surgem ao longe, em algum bar da orla. Cometas penetrando no meio de meu peito. Caos. Como a vida, doce sensação me sobe nas papilas gustativas, ou de sua saliva que ainda sobrevive em mim. Brilho de seus lábios hipnotizantes. Ainda adormece, com sua mão em meu peito. Agora é inevitável, estou preso a ti e não posso mais fugir. Você irá a bordo no monstruoso Atlântico do amar? A mar vértice da vertigem. Vejo-me no reflexo de seu coração. Espelho falso sem moldura? Esvazia a maré. Olho-te. Dormes. Amo-te. Ronco...

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