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jlsilva
1959-08-23
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Alguns Poemas
Primeiro beijo
Na primeira vez que te beijei
O amor era longe e o sonho imenso
Aos teus lábios o meu amor eu sussurrei
Aos meus lábios tu dissestes amor intenso
E ao brilho da manhã de um céu despido
A luz nos espiava pelas frestas
De um fevereiro enternecido
Minudências
as lembranças afloram dos sonhos solitários
da chuva caindo sobre a primavera mansa e terna
sobre o silêncio dos versos que só falavam de ti
sobre um rio imperecível que só me levava a ti
sobre esta névoa que encanta os meus sentidos
embriagando-me antes que eu possa ver a luz
e o vôo soberbo dos pássaros rumo ao dia aberto
pelo aroma das rosas e pelo fogo estóico do sol
nada havia nas sombras densas e escusas que devoravam a tarde
nada havia no vento onde se escondia o ermo silêncio
não havia nada senão o teu nome no meu sonho
embaraçado na ilusão ignara
teu nome que vivia no murmúrio dos meus lábios
na minha saliva e na minha sede perene de ti
teu nome que nominava os entardeceres do meu mundo
virão inúmeras primaveras e verões antes
do impressentido crepúsculo
e da tristeza e do pranto das palavras não ditas
dos gestos guardados
do carinho escondido entre as mãos que já não te tocam
antes que a memória de setembro
traga novamente a chuva fina e inconstante
molhando as folhas e as terras que não dormem
molhando a argila,
prisão e desespero das almas,
molhando o vento vacilante
nada havia no grito por vezes muito longe,
por vezes muito furtivo
como o orvalho que começa a manhã
e comovido promete quimeras ao dia
nada havia na música das flores
quando a bruma encobria o leito avesso do rio
e suas águas confundiam-se com o ar
e na vida talvez já fosse tarde e cansaço
e no mar talvez já fosse hora de se afogar
no amanhecer,
trazendo o dia lasso e nu,
enquanto ardia o nada no frio do quarto,
vindas de ti seis sílabas cuspiram o cuspe
do descaso e do desprezo
punhais atravessando o ar
lancinantes
o frio fio das palavras ferindo,
pungentes
a dor que em mim causavas não te comovia
nem te apercebias
eras contente em tua acritude
a tristeza consumia este final de primavera
que ainda sendo flores, já era tanta solidão
frágil sépala inclinada a se esboroar
quando será dia novamente se neste momento
a noite tocou-me a pele e os sentidos tornando-me escuridão?
os segundos riscaram as horas
com cacos de vítrea solidão
as sombras arrostaram a primavera
colheram o gorjeio dos últimos pássaros nas árvores
emudeceram ninhos onde faminto de ti eu clamava pelo teu amor
uma a uma em uma outra manhã será primavera
e o estrídulo silêncio falará das cintilações das tardes
e de girassóis tão antigos quanto os versos que te fiz
todos tão inquietos e faiscantes de sussurros e carinhos
pousando,
refletidos na flor fugaz dos nossos quiméricos instantes
e nos olhos teus olhos de papel couche
escuta
a tarde que ardeu entre nós
e as nossas solidões infrangíveis e mitigadas pela luz cinza
e calcinada que entrava pela janela
deixando o gosto fechado e amargo de um novembro
que caminhou irresoluto
para o precário e tangível adeus
deixando versos escritos na insônia de cada poema
deixando os fragmentos da vida
tão lenta por terminar
Pra onde vou
Pra onde vou se agora a vida me trouxe você
E nossos momentos são sonhos que em mim se realizam?
Pra onde vou se te esperar tornou-se a inteira poesia
E os meus beijos aninham-se em teu corpo
Como os versos aninham-se nos poemas?
Pra onde vou se agora tua mão tocou a minha
E os teus dedos, trançados aos meus, disseram tanto amor?
Pra onde vou se agora o dia acorda e dorme em você
E nas minhas noites o perfume do teu corpo embebe o ar da minha imaginação?
Pra onde vou agora que os meus lábios tocaram os teus
E a sede molha a lembrança dos nossos dias e das nossas noites?
Pra onde vou se a tua ausência é tudo que tenho depois do amor
E na minha pele o teu gosto fica como o desejo ainda latente?
Pra onde vou se agora quando apago a luz é o seu toque que sinto na penumbra que me encobre?
Pra onde vou se agora quando o silêncio dormita é a tua voz que ouço?
Pra onde vou se agora meus caminhos, tão distantes, esqueceram os próprios passos?
Pra onde vou se agora tudo que sinto é você
Tudo que sonho é você
Tudo que quero é você
Tudo que amo é você
E tudo que tenho é saudade?
Pra onde vou, meu amor, se tudo que sei é te amar?
Fiz os meus dias
fiz os meus dias
como quem bebe
ainda e sempre
o beijo
daqueles primeiros anos
daqueles primeiros sonhos
daquele primeiro amor
fiz os meus dias
de amores partindo
deixando o som dos passos nas calçadas
e o meu coração
em tantas vozes caladas
em tantas caladas vozes chorava
fiz os meus dias
como quem arde
imponderavelmente
nas infinitas imagens
que as memórias trazem
na forja inelutável dos dias
fiz os meus dias
o tempo passando
misterioso e mudo
enigma de tantas dores
o solene grito agudo
entre sussurros
de insondáveis amores
fiz os meus dias
o tempo passando...
passando...
passa
imerso e invisível
em sentimentos
enganos
fiz os meus dias
o tempo passando...
passa
aos poucos
ou passa em bando
passando de quando em quando
como pássaro invencível
fiz os meus dias
de um sonho que assoma
qual alvissareira fantasia
o sonho que me toma
a flor do tempo e o silêncio
farfalhando no dia a dia
sussurrando a canção
e a brisa bebe afogueada a poesia
Falo do tempo
falo do tempo
e do engodo do tempo
e da posse do tempo
e dos gestos do tempo
como se soubesse do momento do abandono
do minuto sedento
bebendo os dias vazios de canções
espiando as horas nas noites inúteis
devolutas
falo do tempo
como os homens falam de si
como os sussurros falam dos ventos nas madrugadas
como o cicio pensa músicas em minha boca
e a noite fala de tudo
falo do engodo do tempo
e do desespero incessante do tempo
agoniando a incontornável existência
enchendo de ânsia e mistério
os fragmentos esparsos da vida
falo da posse do tempo
e da distância esquecida nos caminhos
sinuosamente cansados
estertorantes e tristes caminhos
longos como os longos dias perfumados de solidão
e o lamento da vida passando incontida como os pensamentos
falo dos gestos do tempo
e aqui as flores nascem
a estrela cintila
a lua dança nos ventos
o amor semeia mundos
a ausência faz suspirar
o outono quer germinar
e o sentimento balança
como as ondas do mar
O silêncio quebrado
o pensamento esvoaça e inventa
o silêncio quebrado
pelo vento trazendo o passado
porejando antigas canções em lábios sem faces
abrindo as janelas indecifráveis de um mundo impronunciável
abrindo a voz da manhã florida de sons
onde as pétalas caídas das flores enternecem
a recordação dos teus lábios dizendo canduras e silêncios aos meus
dizendo dos tantos instantes imutáveis e imorredouros
que pode haver nos laivos da vida cruciante e translucida
no gesto encoberto por esta nostalgia precária e deambulante
por esta agonia e por este pranto
intocados anátemas modelando a minha alma
pelos níveos véus da neblina suspensa na manhã que acorda
e acende as cores nas flores que sangram consumidas pela efemeridade de ser
e esmerilam incessantes o perfume frágil que a noite suavemente entornou
fazendo do aroma das flores a eternidade imponderável de ser
desenham olores nas folhagens e coligem as manhãs
e os rios correndo para os abismos de tanta solidão
para tanto desassossego
e tudo, tudo, ofegando na plenitude desordenada e ambígua
do que pode vir a ser poesia
na imarcescível página em branco do dia
pergaminhos (pelos séculos)
minuciosamente lançados ao mar dos sonhos
trazidos no sono da noite súbita
embalado na cantiga das ondas em chamas
na ebulição irrevelada dos versos
na mansidão absoluta dos ventos
que trago mudas em meus braços
garrafas soçobradas no mar dos meus sentimentos
A ti, amor
faz frio
chove
a noite dorme
enquanto a madrugada espera o teu riso
o murmúrio da chuva lá fora declama silêncios
o amor fugiu com as estrelas
penso em ti
ainda te amo
ainda amo teus olhos negros como esta noite
negros como a espera do impossível tempo de te amar
e te ter em meus braços
nas noites que dormem pensando em ti
nas noites que doem pensando em ti
nas lembranças mastigando sonhos
e te ter em minha boca
e me escorrer lentamente
no eterno jardim dos teus mamilos
enquanto a madrugada roça o dia
e a corda da noite ainda diz para mim eternidades
tu és a mulher impressentida
a espera semeando esperanças
diz segredos para os meus medos
diz tanta poesia antiga
nos versos dos teus cabelos
e, então,
cantam os pássaros entre o sol e a neblina
escorregam os sonhos nos teus olhos de menina
bebo de ti a língua
entumecem as muralhas doces dos bicos dos teus seios
ah!, amada
para ti fiz o poente
antigo como a consumação da tua ausência
como a miragem de uma lua cheia no deserto
para ti fiz os astros silentes
fiz a luxúria do sol
fiz uma lua nitente
fiz flores das minhas dores
no teu amor fiz-me presente
Quase dia
Quando a noite acordou sem paisagens
Em ritmos ausentes, meias verdades
Silenciosa como o último sol que dorme
Eu queria ficar contigo em algum lugar
Sem dias, sem noites, sem saudades
E te amar, e te amar, e te amar...
Não sei
Eu já não sei mais que amor é este
Já não sei mais aonde começa o dia
Onde a noite dorme sob as estrelas
E se encanta...
E sob a luz das estrelas se escondia
Não sei das flores o perfume que elas têm
Nem sei mais como é sentir saudade
A saudade tornou-se o instante passado
No presente
A saudade anda ao meu lado
Anda junto a tua ausência
Não sei mais o que é pecado
Teu corpo juntou-se ao meu
E o perdão que a cruz me deu
Tem o meu pranto guardado
Já não sei como dizer
De tantas formas já disse
Que este amor que é só teu
É o amor que foi guardado
Desde a minha meninice
Não sei dos teus olhos quando me olham
e vão embora sem que os veja
Não sei das minhas mãos quando enlaçam as tuas
e caminhamos nas ruas
eu de ti enamorado
num sonho
sem
fim
ornado
Não sei das estradas que sigo
quando vou buscar estrelas
para te dar em segredo
e depois brincar contigo
Já não sei mais o que é perigo
Já não sei o que é o medo
das sombras que a noite traz
Não sei das horas, do tempo,
Já nem sei o que ele faz
Não sei mais o que é distância
Tudo em mim mora tão longe
O amor, o sonho, o riso
Tão longe mora tudo que eu preciso
Poemas, quem os enxergam
Poemas,
quem os enxergam?
com tanta guerra começando
com tanta fera assomando
com tanta miséria grassando
com tanto amor se acabando
com tanto adeus acenando
com tanta vida blefando
com tanto sonho gorando
com tanta luz se apagando
com tantos céus desabando
com tanta virtude execrando
com tantas vozes calando
com tantas mãos se fechando
com tantos punhos cerrando
com tantos olhos chorando
com tanto medo assustando
com tanto desespero desesperando
com tantas saudades falando
com tanta tristeza no mundo
em cima
dos lados
embaixo
bem embaixo
no fundo
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