ademir Carlos

PARTO


O poema quer nascer.







Num momento impreciso gerado







(pelo Bem?pelo Mal?)







No tumulto do dia gestado







Prematuro(sempre) quer nascer







em agonia e prazer







Parto-aborto paradoxal















O poeta







Mãe e pai da criatura incerta







Ensimesmado hermético







Se segura







Por masoquismo poético







Ou medo do Ser mutante







Que pode parir não reger







Vindo do Céu,do Inferno







Não há prever.















O poeta só sabe que dentro de sí o poema dói







O poema quer nascer







Irrefreável em minutos







Ou demorado à beça







Enquanto o poeta flutua entretanto tropeça no cascalho bruto da rua.