cristina

Coração magoado


amei-te numa completa entrega
amei-te numa loucura eterna
amei-te e vou amar-te
enquanto acreditar
que tu mereces
eu te amar
e o teu coração me aceitar
coração magoado, que não me deixa entrar
diz-me amor,
quando vais voltar a conseguir amar
voltar a confiar
a te entregar
serei eu capaz de te modificar
terei eu no teu coração algum lugar?
Serei eu capaz de te conquistar, coração partido
serei eu capaz de te tratar
serei eu capaz das tuas mágoas apagar
serei eu capaz de te voltar a fazer amar
Deixa que eu te cure,deixa de odiar
Deixa-te levar
Volta a acreditar
Deixa-te amar coração magoado
Deixa que eu te ame coração despedaçado

África


Ó Terra árida
queimada
desolada
recôndito da minha alma
Ó Terra perdida
fugida
mas, tantas vezes conquistada
Ó Terra maldita
nua
insípida
manchada e desejada
Ó Terra magoada
desalmada
traída
e mal tratada
Ó Terra com que me confundo
das tuas entranhas
parida
já não sei
se sou um ser profundo
ou
um ser sem conteúdo

Dança das Feiticeiras


Corpos molhados, nus e resplandecentes.
Silhuetas eróticas do teu coração.
Dançam frenéticas, alheias
e esbeltas,
as feiticeiras da tua imaginação.
Derrama-se o luar,
sobre os seus corpos,
realçam-se os seios
e as ancas desnudas.
Uivam os lobos,
olhos de fogo,
labaredas de sangue,
de almas mudas.
Dançam frenéticos os corpos nus, molhados
e quentes,
magias escondidas
de sonhos ardentes.
Esvoaça um corvo,
uma alma perdida,
negro como a noite
mas doce como a vida.
E dançam frenéticas, alheias
e esbeltas
as feiticeiras do teu olhar,
partilhando contigo
a indispensabilidade de amar

Janela aberta


Deixei uma janela aberta.....
e tu, como brisa do entardecer,
entraste de mansinho sem te dares a conhecer.
Tua alma talhada no mais precioso diamante
resistente, iluminada e sempre desafiante.
Teu coração esculpido no mais delicado cristal,
terno, doce, para sempre imortal.
Teus olhos cansados de uma vida ver
sorriem matreiros sem nada perder.
Da tua boca pequena e delicadamente traçada,
brotam histórias de uma vida encantada,
que distraem a minha alma jovem, mas já cansada,
Sei que existes para me alegrar.
mesmo quando sei que um dia vais me deixar
Percorrestes todos os cantos do meu ser,
Enfeitiçando-me com a tua força de viver.
Contigo aprendi as virtudes que muitos pensam ter.
Contigo finalmente entendi o que significa a verdadeira nobreza do ser
Hoje choro lágrimas de pesar
Hoje já cá não estás para me encantar

Madrugada


Olho o céu
negro,
desolado,
imagem de mau agouro,
de uma vida sem sentido
nele me revejo,
rejeito-o!
Derrama-se a sua mágoa,
sobre mim.
Na minha face sinto a frescura,
cristalina,
tão pura,
sem pecado.
Não são gotas de chuva,
são lágrimas derramadas,
já sem dor,
sem sentimentos.
São vazias,
como eu!
Procuro em vão,
nesse céu,
uma réstia de um sol perdido.
Não é nele que procuro,
é nas vísceras do meu ser.
Vasculho a minha alma,
tão negra
como o meu céu,
desolada,
imagem de mau agouro,
de uma vida sem sentido!
Encontro,
o nada,
tão gélido como esta madrugada!