d'Medeiros

Vá! Assim que puder!


Sai pra lá,
Me deixa aqui quieto na minha,
Senta ao meu lado e conta pra mim,
Todas as loucuras que se passam entre nós,
Mas fala de longe,
Que é pra não precisar olhar mais pra ti,
Com esses lindos cabelos soltos,
E essa mania sua de unha pintada.

Não quero mais te ver em minha frente,
Dá teu rumo em tua vida, vá segue sozinha,
Pra eu não ter que ir até aí, pegar na tua mão,
E te mostrar o caminho,
Vá rápido, e leve tuas coisas,
Junta tua mala e tuas roupas,
Que já estou passando elas para ti,
Se quiser te empresto minha mala, que a sua não vai dar.

Apaga meu número do teu celular,
Que é pra não ficar mais no meu pé,
Mas leva o meu endereço contigo,
As vezes pode precisar,
Só desapareça daqui o mais rápido possível,
Que já está ficando tarde,
E como o mundo anda tão perigoso,
Acho que será melhor você passar a noite por aqui...

Lápis e Borracha


Discuto que sim, está feito,
Agora exijo respeito,
Se algo queres mais,
Escrever aos teus pais,
Ande rápido, faça de qualquer jeito...

Não, tudo errado,
Faça direito, ou fique calado,
Apague esse teu orgulho,
Ou vire apenas um entulho,
Quero ser teu aliado...

Eu gero as mais belas frases...

Para serem belas, eu às corrijo...

Ficas menor e ninguém lembra de ti...

Escreves bobagem e ajudo-te, respeito exijo...

Atrapalhas meu trabalho, à ti não tenho vínculo...

A todos ajudo, para você não parecer ridículo...

E meu direito de expressão?

Quero te ajudar nessa discussão...

Não fale bobagem, sou perfeito,

Eu apago bobagens, apago defeitos...

Posso fazer tudo sozinho...

Posso apagar tudo no caminho...

Escrevo novamente,

Apago bruscamente...

Vamos começar tudo do zero?

Tarde demais, para ser sincero...

Não entendí...

Tua ultima ponta acabou, tuas palavras terminam aqui.

Se tão errado não fosse


Quando falas comigo,
E me olhas desse jeito,
Sinto então o perigo,
De te beijar sem ter direito.

Seus olhos estão tão perto,
Seu perfume tão doce,
Sua boca eu acerto,
Se tão errado não fosse.

Sinto meu corpo puxado,
Minhas mãos querem sua cintura,
Coração fadigado,
Perco a compostura.

Respiração ofegante,
Seu rosto assanha no meu,
Calor alucinante,
Já não sei o que é seu,
Não existe gravidade,
Ar já não preciso,
Perco a seriedade,
Dentro do teu sorriso,
Macia tua pele,
Entrelaço, teu braço,
Mania de ti,
Arranco pedaço,
Te quero aqui,
Te mordo, te cheiro
Teu corpo inteiro,
Que nunca pedi,
Não penso, não falo,
Canta o galo,
Na doce manhã.

Ah, se tão errado não fosse...

(d'Medeiros)

Agitada-mente


Quero te encontrar,
Te ouvir falar,
Quero te ver,
Andar, correr,
Brincar, sorrir,
Cair, viver,
Mas quero-te,
Me deixa pensar,
Sonhar com você,
Matar a saudade,
Me deixa te ver,
Sorrir mais um pouco,
Gritar, ficar rouco
Me deixa escolher,
Te ver mais um dia,
Dizer que havia,
Algo pra falar,
Me deixa, no caminho,
Pensar sozinho,
Me deixa te amar.

(d'Medeiros)

Olhar


Naquele momento, o mundo parou!
De forma estranha e abrupta,
O coração simplesmente gelou.

Ainda me lembro daquele dia,
Que menino bobo você olhava,
De boca entreaberta e olhar fixo,
Atencioso ele te ajudava.

Ele agia estranho com você ali,
Como se estivesse agradecido,
Mas, o que havia feito,
Para ficar assim contigo?

Eu observava as tremedeiras,
Que ele tentava controlar,
E pelos risinhos que você deu,
Acho que conseguiu notar.

Acho que consegui entendê-lo,
Quando passei a te observar,
Você o olhava,
Como ele nunca pôde imaginar.

Acho que ao fechar os olhos,
Ele logo deve se lembrar,
Da cor castanha e do sorriso,
Que você lhe fez guardar.

Ainda me lembro desse dia,
Em que quando vocês se olhavam,
Não havia rosto triste,
E nenhum dos dois piscavam.

Eu entendo aquele menino,
Pois como se enxergasse a alma,
Você o olhava com tanta calma,
Que ele não queria sair de lá.

Ainda me lembro desse dia,
E do menino que algo mais queria,
E daquela sala que apenas havia,
Eu, Você e nosso olhar.

(d'Medeiros)

De um penhasco a uma sacada


A dor vai destruindo sua alma,
já não se sente bem consigo mesma,
perdeu os motivos para viver,
perdeu seus sentimentos, perdeu sua calma...

Distancia-se cada vez mais,
perde a compostura,
tem ataques de loucura,
algo aqui incomoda sua paz...

Sua dor torna-se minha dor,
sua perda, torna-se meu carrasco,
minha vida vai em teu interior,
tua vida ecoa num penhasco...

Por que deixar o mundo desta maneira?
Por que sair sem despedir para uma viagem sem volta?
Sinto o mundo desequilibrado em uma beira,
tão errado quanto fama sem escolta...

Deixou-se levar sem medo,
se sentia mais confortável em um jazigo,
esqueceu-se de um único segredo:
Eu me importo muito contigo...

Agora você se foi,
já não sente mais nada,
mas, e eu?
De um penhasco a uma sacada?

Despeço-me desta maneira,
e deixo apenas para o mundo,
decifrar esta barreira:
Perde-se até seu nada, após a perda de seu tudo...?

(d'Medeiros)

História de menino e menina...


E ele a muito tempo vinha guardando,
Algo que sabia que precisava falar...
E ela com seu jeito tímido o encantando,
Fazia ele a cada dia mais se apaixonar...

Em um banco de praça conversavam,
Com muito vergonha os dois se olhavam,
E tremendo o menino contava
Tudo aquilo que para a menina queria falar...

Ufa, terminou, o menino pra ela contou,
E ela, tímida como sempre, apenas se calou,
E com o cabelo ela tampava um lindo olhar...

E o menino não queria que ela fosse embora,
A menina fazia muita falta pra ele agora,
O menino enfim, havia aprendido a amar...

(d'Medeiros)

Dança da simplicidade


E a paz que você me dá,
Faz todo o meu corpo dançar,
Na leveza de seu sorriso...

E aquele seu tímido olhar,
Quase me leva à tropeçar,
E sentar aí contigo...

E ao me abraçar,
Quero apenas te amar,
Deitado no paraíso...

(d'Medeiros)

Eterno escritor I


Escrever para Deus pode ser difícil.
Do que falarei?
De meus problemas?
Minhas preocupações?
Aliás, enquanto escrevo,
o que sentirei?
Se o mundo O procura apenas em ambições?

Deus,
Escrevo hoje para o Senhor,
Responsável pelo meu olhar,
pelo meu clamor,
pela terra,
pelo ar,
por cantar o amor,
pela comida que nos dá,
por acalmar nosso terror,
por poder me expressar,
Tudo obra de nosso Eterno Escritor,
que para nós,
a vida está à criar...

E quando achar que eu mereço.
Quando olhar para trás e ver que conseguí,
Lhe pedirei apenas uma vírgula,
pois a vida não termina aqui.
Com o Senhor farei minha matrícula,
Para uma eterna vida de aprendíz,
E esse será apenas o começo...

Pensando comigo sozinho,
me dei conta do que é um sentimento:
É tudo aquilo que vemos e não vemos,
cada coisa física ou apenas do pensamento.
É tudo aquilo que temos ou não temos,
isso é um sentimento...

E então, no começo dos novos tempos,
quero envolver-me numa súbita memória do luar.
Apenas para que no fim do ínicio,
possa para o mundo gritar:
Isso também é obra de meu Pai,
o Eterno Escritor de sentimentos...

Senhor,
escrevo hoje para Ti,
que já tanto escreveu para mim.
Deu-me força, vida e felicidades.
Dou-te um amigo, seguidor e fidelidade.

Senhor,
hoje escreví para Ti,
sou pecador assim como todos,
e ofereço-te meu amor, assim como poucos.
Senhor, amanhã, escreve para mim...

(d'Medeiros)

Eterno escritor II


Hoje escrevo para um velho amigo
que já tanto escreveu por mim.
Há muito muito tempo atrás,
Ele esteve aqui comigo.
E há muito muito tempo atrás,
vem me tirando de perigos.

Há quanto tempo não nos vemos...
Eu diria até mesmo uma vida.
Disse-me "Vá e cumpra sua missão",
deu-me um abraço e então a despedida,
e quanto tempo meu Irmão...
E ainda assim, nunca se esqueceu de mim.

Vivo agora à distância, tão perto de Ti.
Já sabes do meu dia, nem preciso lhe falar.
Tudo o que tenho, de Ti recebí.
Tudo o que vejo, é Você à criar.

Escrevo hoje simples assim...
De aprendiz para Eterno Escritor...
Aquele que sempre escreve por mim...
Aquele único que escreve o amor...

(d'Medeiros)

Vento qualquer...


Eu olho para fora...
Sinto um vento qualquer...
Toca em mim e vai embora...
Nem consigo lhe entender...
Vai deixando meu ser...
Devagar a pensar...
O que posso fazer?
Para o vento denovo voltar?

(d'Medeiros)

Ah se...


Ah se eu pudesse não ter que tomar uma decisão agora...
Ah se eu pudesse escolher alguem que escolha por mim...
Ah se eu pudesse reduzir aos poucos minha presença...
Ah se eu pudesse fazer isso sem machucar ninguém...
Ah se eu pudesse não precisar dizer mais nada...
Ah se eu pudesse ir pra bem longe 1 segundo...
Ah se eu pudesse não estar aqui agora...
Ah se eu pudesse pensar e falar menos...
Ah se eu pudesse ficar quieto...
Ah se eu pudesse cantarolar...
Ah se eu pudesse falar...
Ah se eu pudesse...
Ah se eu amo...
Ah se...
Ah...
...
.

(d'Medeiros)

Entre um e outro


Dessa vez me trava a fala...
Quero tanto algo que não sei,
que não sei se falo que quero,
algo que me trava a fala dessa vez...
Dois caminhos, duas vidas...
Duas caras é que não quero ter.
Ora alegria, ora recaída,
deve-se ganhar, deve-se perder...

E quando escolho um, aparece outro...
E me trava a fala novamente.
Mas não, não escolho o outro,
quero escolher o um simplesmente...

O que me dói, é machucar...
Se o outro eu tenho, mas quero o um,
quero um outro jeito de acabar
sem que o outro sofra mal algum...

Entre um e outro, outra vez me trava a fala...
Enquanto o outro me faz chorar
e se afasta como uma perdida bala,
o um, para mim, já está no primeiro lugar...

(d'Medeiros)

Avesso


Mundo grande mundo,
tão pequeno sou perante a ti,
tão irracional, em ti me perdí,
virei surdo, virei mudo...

Mundo grande mundo,
em que fui me meter?
Dei valor até o meu se perder,
virei surdo, virei mudo...

Mundo grande mundo,
sinto-me pequeno, menosprezado,
sinto o meu amor dilacerado,
virei surdo, virei mudo...

Mundo grande mundo,
de nada tens a ver com isso,
eu é que virei um ser submisso,
virei surdo, virei mudo...

Mundo grande mundo,
você está agora, do avesso?
Perdi por ti o meu apreço,
virei surdo, virei mudo...

Mundo grande mundo,
não é você que está errado,
é meu mundo que está pesado,
virei surdo, virei mudo...

Mundo grande mundo,
sinto que para que eu volte,
é você quem deve partir,
vire surdo, vire mudo, vire mundo...

(d'Medeiros)

Antes que eu me perca


Pois é, o tempo passa...
Você, desconhecida,
chegue mais perto.
Vê essa ferida?
Foi criada com o passar do tempo.
O tempo que me fez sofrer,
amar,
o tempo que me fez perder...

Estou ficando velho,
as coisas já não são como antes.
Acabo de entender,
há pouco vi fumantes,
sofrendo por viver...

Todos os dias
esse é o assunto:
Pessoas morrendo por crimes absurdos,
e ao morrerem,
levam uma parte do mundo junto...

Pois é, o tempo passa...
Antes que eu me perca,
o mundo vem se perdendo,
e a solidão vem lhe trazendo...

Pois é, o tempo passou...
Vimos o mundo se desfazendo
e nada pudemos fazer...
Esse é o fim,
temos de entender...

Esse é o fim,
temos de entender...

(d'Medeiros)

Sentimento de 3 versos


E falar contigo se tornou essencial...
Mais dia menos dia me entrego,
E digo que te amo muito mais que o normal...

(d'Medeiros)

Sorriso


E expressa tudo aquilo que não se fala,
E contagia como um virus do bem,
E pra nascer, ele mesmo se cala,
Mas pra viver fica em um vai e vem...

E as vezes é solitário,
E as vezes nem tanto,
E em companhia sái até involuntário,
Mas sozinho fica com saudade, e em pranto...

E não enxerga quem o fez,
Mas é feliz ainda assim...
E quer amar mais uma vez,
Mas quer você perto de mim...

E não enxerga, escuta nem cheira,
Mas fala, toca, e beija...
E quer se casar com quem o fez,
Mas isso só pode ser maluquês...

(d'Medeiros)

Não sei se sei...


Não sei o que falar,
Mas se falo o que sei,
Não sei o que vou falar,
Então não sei se falo que sei,
Por não saber se sei o que falar...

Amo?

(d'Medeiros)

Futuramente: Presente


Veja como é belo o oceano,
em teu infinito refrescante.
Sinta cada nota de um piano,
em teu ouvido, sussurrante.
E lembre-se a cada momento,
que você pertence à mim...

Veja como as águas correm,
como se fugissem de algo.
Durma como as almas dormem,
mendigo, ou fidalgo.
E lembre-se a cada momento,
que você pertence à mim...

Veja como é belo o oceano,
em teu infinito refrescante.
Sinta bem alto a nota de um piano,
e também, como um toque sussurrante.
Mas lembre-se que você pertence à mim...

Busque algo para crer.
Busque dentro de seu ser.
Se assim precisar, te ajudarei,
e até o fim, te protegerei.
Mas por favor, apenas lembre,
que você pertence à mim...

E ao fim do último dia,
na despedida do último ser,
ao ver que tudo caía,
e já não tinha tempo à perder,
continue a lembrar-se, até o último momento,
que ainda assim, você pertence à mim.
E esse, não é o nosso fim...

(d'Medeiros)

Apenas poema geométrico...


E me perco nas palavras...
E perco-me nas palavras...
E nas palavras me perco...
E nas palavras perco-me...
Mas não perco o sentido...
Muito menos meu tamanho...
Sinto-me como um padrão...
Início e fim, repetindo...
Em um poema, geométrico...
Pouco me importa a fala...
Sentimento já não tenho...
Resta-me ser: Bonitinho...

( d ' M e d e i r o s )

Intolerância


Os homens religiosos perdem muito tempo tentando "salvar" as pessoas da religião do outro. Acabam, portanto, se esquecendo que quem precisa ser "salvo" não são as pessoas que encontraram Deus de outra forma, mas aqueles que querem impôr o seu Deus ao mundo...

(dáMedeiros)

Dor superada


A dor que o homem sente
não passa de enganação fajuta.
A falta de controle da mente
o faz fugir da luta...

A necessidade de atenção,
a ignorância por querer existir,
o faz perder a razão,
faz o errado o induzir...

Sabe mesmo o que é o existir?
Existir é viver,
pura e simplesmente admitir,
a ignorância de seu ser,
aceitar se resumir,
sem ao menos se escrever...

É se conter até na morte,
viver a vida sempre forte,
não deixar-se acreditar na sorte,
mas sim no que lhe importe...

Pegue teu transporte,
busque teu consorte,
e viverás a vida sem a morte...
Feliz daquele que indo ao sul,
consegue aguentar até o norte...

(d'Medeiros)

Uma vida


Proponho à ti uma vida...
Sei que você já tem, mas proponho uma diferente
Como a tua, passará por recaídas,
e um tempo depois, sorrirá novamente...

Poderá brincar, pular e sorrir,
do mesmo jeito que você já faz...
Poderá também escorregar, se machucar e cair,
mas logo logo recuperará a tua paz...

Não proponho uma vida perfeita,
como disse, apenas uma vida diferente,
que é igual em tanta coisa,
e não muda, aparentemente...

Por que estou oferecendo uma vida?
Simples, porque cansei da minha...
Sinto realmente que ela foi vencida,
e ficar assim, já é o fim da linha...

Ofereço-te a minha vida,
mas peço algo em troca também...
Receber-te como minha esposa querida,
prometo-te ser fiel e te querer tão bem...

Vou te amar e respeitar...
Cuidar de ti, meu verdadeiro amor...
Na alegria e na tristeza...
Que seja do jeito que for...

Pois a minha vida à ti ofereci...
Cansei dela sim, pois você eu conheci,
e não suporto mais viver a minha vida,
pois ela foi completamente vencida
pelo mais sublime sentimento inspirador...
Proponho a ti, a minha vida,
pois quero agora, viver a nossa vida de amor...

(d'Medeiros)

Escrever


Escrever é expôr o que sente,
Sem entender perfeitamente.

(d'Medeiros)

Nova lei


Imagine à você mesmo,
Perdido à todos os momentos,
Jogado ao esmo,
Imposto ao isolamento...
Com certeza a tua dor,
não chega nem aos pés de meu interior...

O que sinto é inexplicável,
morrer parece pouco,
tormento implacável,
torna-me um louco,
um louco lamentável...
E essa dor,
não chega nem perto de meu interior...

É sofrer sem querer,
é querer o sofrer,
é amar sem poder,
e poder sem merecer...
Toda essa dor,
não é nada perto do meu interior...

É tudo dedicar,
meses à parecer,
e só no fim perceber,
que por tempo fui morrer,
sem enxergar teu olhar...
Morrer com essa dor,
e continuar vivo em meu interior...

De outra maneira veio teu olhar,
que por vezes fui me apaixonar,
acreditava no opaco,
me jogava em um buraco,
fazia-me ser fraco,
perante à ti me destruí...
Encheu-me de dor,
sem mais espaço em meu interior...

De verdadeiro amor,
a idiota sem valor...
Por ti me humilhei,
a ti decreto lei:
Amor, Verdadeiro Amor,
jamais lhe amarei...
Ocupou todo espaço com dor,
faltou lugar para o amor...
Somente em meu interior...

(d'Medeiros)

Vontade


As vezes a vontade que sinto é pedir que fique,
Não para vê-la, pois sei que não verei,
Mas pelo simples motivo de estar um pouco mais perto de ti.

(d'Medeiros)

Desencontros de um olhar


E eu olhava para trás a procura,
Mas dessa vez, o olhar se esvaia,
Onde fora toda aquela doçura?
Perdera com a lágrima que caia?

Seu semblante desaparecendo,
Deu lugar a um mundo de gente,
A curva da boca não mais tremendo,
Se agarrou em minha mente.

Para onde foram suas risadas?
Preciso delas só mais uma vez,
Juro que não te peço mais nada,
Enquanto ainda tiver minha lucidez.

Nesse momento está tão distante,
Já não consigo mais te ver,
Como uma estrela cintilante,
Se desvio o olhar posso te perder.

Me peguei sentindo saudade,
Sem que nada houvesse entre nós,
Foi então que vi a dificuldade,
Que era ficar sem ouvir tua voz.

(d'Medeiros)

É noite (Câncer de mama)


É noite,
A luz do poste aparenta cansasso,
Laranja, apaga a cada 3 segundos,
Estranha, não ilumina os meus passos.

É noite,
Um morcego me corta com seu razante,
Como se me alertasse,
"Perigo adiante!"

É noite,
Alguns seres bípedes se reúnem na rua,
A líder, em um palco,
Da cintura para cima, nua.

É noite,
Falam algo sobre "dancer da mamãe",
Se não for sobre isso,
Deve ser um tal de "câncer de mama".

É noite,
Inicia-se uma contagem regressiva,
10, 9, 8...
Dezenas de sutiãs arremessados a deriva.

É noite,
Isso é hora pra competição?
Que dirá de arremesso de sutiã,
Atirados com tamanha precisão.

É noite,
Um sutiã atrazado voou,
Terá a ver com o tal dancer? Ou câncer?
Ainda acho que a moça de verde ganhou!

(d'Medeiros)
Poema feito para a concientização/alerta sobre o câncer de mama.

O erro


Um grande erro se esconde...
Quem, por ventura, amaria sem amor,
se fecharia ao horizonte,
e destruiria seu valor?

Um grande erro se espalha...
Quem ousaria tirar o próprio amor paranóico,
se jogando em uma interna batalha,
apenas para lhe dar conforto heróico?

Um grande erro aumenta...
Quem menosprezado,
deixaria isso de lado,
para tirar sua tormenta?

Um grande erro te fere...
Quem, mil vezes, cairía em espinhos,
sofreria por tua pele,
a espera de carinho?

Um grande erro o exclui...
Quem seria capaz, de esquecer de si mesmo,
largar tudo aquilo que possui,
e se jogar diante ao esmo?

Um grande erro o derrota...
Quem seria capaz, de mesmo no sofrimento,
fingir não passar por nada, ser idiota,
apenas para permanecer em seu pensamento?

Um grande erro destruiu...
Quem, por amor, iria tanto lhe dedicar,
mesmo que para você diga que sumiu,
seria capaz de recomeçar?

Eu, eu faria isso, e sabe por quê?
Esse é o mistério, qual o erro para você?

(d'Medeiros)

Oito míseros versos


é tão difícil te esquecer,
Não consigo, não quero!
Quero é ser sincero,
O bastante pra você.

é tão difícil te amar,
Não consigo, não quero!
Quero é ser sincero,
O bastante pra falar.

(d'Medeiros)

Livro


Noite longa, sensação de agonia,
Barulhos do lado de fora,
Não quero mais do que sossego,
Minha mente não deixa,
O livro que li me faz imaginar mil coisas,
Olho pela janela, terceiro andar,
Que mundo sem graça...
Os sentimentos não são os mesmos,
No livro sentia a verdade nas pessoas,
Conhecia gente que queria por perto,
Cada personalidade, imperfeitos,
Mas estranhamente tão perfeitos,
Que é difícil saber que não existem...
Já se despediu de um amigo?
E de um amigo que nunca falou contigo?
Amei uma menina de papel,
E prendi o olhar na curva de suas letras,
Isso só o livro faz...
O maior problema disso tudo,
É que o livro, um dia acaba...

(d'Medeiros)

Novo Olhar


Ainda me lembro desse dia,
Em que o coração simplemente gelou,
Dessa vez, por um motivo diferente:
Uma gota de ti me tocou.

De longe,
Observava você e o menino,
Que, como sempre estava ali,
Aguardando um olhar perdido.

Havia algo estranho com você,
Seu olhar estava diferente,
E o menino sabia disso,
Pois a olhava cautelosamente.

Seus olhos grandes e brilhantes,
Se dirigiram a ele em raros momentos,
Pois um tanto tímida,
Tentou esconder o sentimento.

O menino parecia querer ajudar,
Mas dessa vez não conseguiu,
Desviando o olhar, você se foi,
E o olhar do menino te seguiu.

Aquilo de alguma forma o tocou,
Uma gota de ti o abraçou,
Senti nele uma agonia,
De quem não conseguia,
Esquecer o que se passou.

Acho que entendo o menino,
Não podia aceitar,
Que aquele castanho,
Se afogasse de tanto chorar.

Sentindo algo estranho,
Logo o menino chegou em casa,
E pensando em você,
Queria saber como estava.

Comecei a acreditar,
Que pudesse te amar...

(d'Medeiros)

Menina de Papel


Boa noite para ti, minha desconhecida,
Vou-me dormir e sonhar com sua imagem,
Fazer do livro verdadeira paisagem,
Fingir ser real só por mais um dia.

Menina de papel,
Me apaixonei pela curva de suas letras,
Deixe-me conduzir por mísera tinta preta,
E me perdi em um ponto final.

Aonde foi parar? Não vá me abandonar,
Menina de papel,
Faço história de cordel,
Mas não desisto de te amar...

Que se faça eterna em dobraduras,
Que vire barquinho pra enfeitar,
Que vire chapéu para eu usar,
Mas não seja apenas literatura...

(d'Medeiros)

Pega leve


Ei, pega leve, tá?
Não preciso que sinta pena de mim,
Eu gostei de ti e nada mais,
Aprendi a viver assim,
Faça-me um favor,
Antes de tentar regar minha dor,
Certifique-se que meu jardim tenha flor.

(d'Medeiros)

Detalhes


Dessa forma aconteceu...
Um amor impossível de acontecer...

Sorrisos espontâneos,
Bochechas vermelhas,
Olhos que desviavam olhares,
Mas que logo sentiam falta,
E arriscavam mais um olhar...

Fotos surpresas,
Conversas noturnas pelo celular,
Temas nada relevantes,
Mas que para os dois,
Faziam todo o sentido...

Mãos pendentes,
Que teimavam em se esbarrar,
Durante uma caminhada,
No meio do nada
Com destino a nenhum lugar...

Desculpas esfarrapadas,
Perguntas desesperadas,
Manga com leite mata?
Só pra ter naquela hora,
Mais um assunto pra falar...

Abraços para se despedir,
Um rosto para se beijar,
Segundos paralizavam,
Minutos viralizavam,
Era impossível de soltar...

Por fim, olhavam-se,
Seus rostos, aproximavam-se,
E permitiam-se escolher,
Dessa forma aconteceu...
Um amor impossível de acontecer...

(d'Medeiros)

Poemas felizes


Voltem poemas felizes,
Me façam esquecer problemas tão fúteis,
Me mostrem sobre a vida coisas inúteis,
Que nesse momento me fazem falta...

Voltem poemas felizes,
Não mais tentarei entendê-los,
Quero apenas poder tê-los,
No canto do verso da folha da pauta.

Voltem poemas felizes,
E me tirem desse tédio,
De ficar preso em um prédio,
Onde nem elevador se exalta.

(d'Medeiros)

Título


Ainda que fizesse o mais lindo poema,
Ninguém o leria se não houvesse um bom título...

Que título você dá para a sua vida?

(d'Medeiros)

Inspiração


Quando você está na solidão
É ela quem te faz companhia...

Ciumenta, desaparece na correria
Mas fica contigo na escuridão...

Quem é essa que brinca com minha agonia?
Rá... é a porcaria da Inspiração...

(d'Medeiros)

Pena de você


Eu sinto pena de você,
Você se esconde dentro desse seu olhar,
Sempre querendo ser outra pessoa,
Se diz errada, saco de pancada,
Criada sem direito de amar.
Seus lindos olhos? Você não gosta,
Fala mal, reclama, faz drama,
E no final, faz o castanho se afogar,
Mal sabe você, do que ele é capaz...

Eu sinto pena de você,
Que despreza tanto o seu sorriso,
Sem saber o bem que ele me faz,
Você se fecha, não deixa uma brecha,
E vive assim, desistindo de sonhar,
Será que vive? Você não gosta,
E sobre isso eu poderia falar,
Mas olha só, não gosta de seus ouvidos,
Você não quer me escutar...

Eu sinto pena de você menina,
Reclama do seu corpo, do seu pulso, do seu dedo,
Reclama do seu cheiro, da sua pele, da sua vida,
Só não reclama de tanto reclamar,
Você é a perfeição mais imperfeita,
Não gosta de você? Você não gosta,
Eu sinto pena e sei por que,
Por você não se amar,
Da forma como eu amo você.

(d'Medeiros)

Um dia...


Um dia as palavras não serão suficientes, aprenderá então a agir...
Um dia as atitudes não serão suficientes, aprenderá então a amar...

(d'Medeiros)

Desdobramento


Eu o observava de fora,

Posso perceber tudo o que sentia,

Aos poucos sua sobridez se esvaia,

Sua mente confusa se confundia,

Enquanto o relógio marcava,

Uma hora.

 

Orava em silêncio,

Seu choro ecoava para mim,

Sentia que aquilo não teria fim,

Vi que alguém o deixou assim,

E o tempo não passava,

Uma hora.

 

Ele disse um nome,

Ninguém havia lhe feito mal,

Esboçou um sorriso afinal,

Orou por ela mais que o normal,

Mas aquele momento continuava,

Uma hora.

 

Aos poucos entendi,

Sua mente confusa o confundia,

Amor Platônico defendia,

Tudo aquilo que ele sentia,

Não era bem como sonhava,

Uma hora.

 

Consegui escutá-lo,

Implorou para esquecer,

Negociou para sozinho sofrer,

Para outro alguém não envolver,

Seu pensamento se esgotava,

Uma hora.

 

Naquele quarto escuro,

Onde ninguém jamais conseguiria vê-lo,

Impossível percebê-lo,

Observei de fora o desespero,

Enquanto o relógio ainda marcava,

Uma hora.


(d'Medeiros)

Hoje


Todos os dias penso no futuro

Mas não o futuro de anos à frente,

Penso naquele que vem amanhã,

O que talvez eu possa nem conhecer,

Será que o dia de hoje,

Valerá como o fim de amanhã?

 

Será que hoje eu fiz o suficiente,

Para que possa me despedir feliz?

Será que poderei partir de cabeça erguida?

Meus amigos sentirão minha falta?

Dei todo o amor que poderia dar?

Ou sigo como uma mera sombra dessa vida?

 

E se te disser que tem algo dentro de mim,

Que não consigo soltar?

Um amor que tenho medo de falar?

Será que o dia de hoje,

Valerá como o fim de amanhã?

E esse amor se perderá na minha história?

 

Como poderei chegar ao infinito,

Olhar para o dia de ontem,

E perceber que ela jamais saberá,

Todas as noites de sono que perdi,

Todas as orações que fiz em seu nome,

Todo o amor que deixei de lhe dar?

 

Como ficarei eu,

Sabendo que fui embora dessa vida,

E levei comigo tudo o que pensei em te falar,

Será que o dia de hoje,

Valerá como o fim de amanhã?

Ou desejarei para sempre voltar?