Enide Santos

Sabe quando aconteço?


Aconteço...
quando de olhos abertos
não enxergo nada.
quando não penso
no fim da estrada

Quando detenho meus sentidos
nem mesmo um piscar
o olho se atreve a dar
cessam-se as batidas do coração
morro um pouco
morro um tempo
para logo voltar a existir.

Aconteço...
Quando deixo minha alma falar
liberto-a para que possa sentir
seja lá que sentimento for
alegria ou dor.
mesclando choro e riso
concedendo-lhe abrigo

Aconteço sempre que vou em mim
no canto da boca, nasce um riso
em seguida tudo se fecha
em um suspiro
e estou eu a acontecer.

Enide Santos 21/07/13

Quem sou?


Quem sou?
Na verdade, não sei muito bem quem sou.
Sei que sou o que sinto, do tamanho do que sinto.
Sinto-me viver vidas alheias.
Sinto as dores de quem nem está sentindo, mas eu sinto.
Sou o correr de uma lágrima, antes mesmo de chorar.
Sou um aglomerado de emoções.
Sou lamentos dos meus sofrimentos.
Sou pensamentos e pensamentos.
Sou reflexo das minhas atitudes.
Sou momento.
Sou o esquecer e o lembrar.
Sou a indagação da vida, sou ferida.
Sou o defender, o acusar.
Sou o conhecer do eu diferente.
Sou valente.
Eu sou transformação.
Sou a pessoa mais solitária do mundo,
Mas que nunca fica sozinha.
Sou a pessoa mais forte do mundo.
Mas que está sempre com medo.
Sou o exaltar das minhas realizações.
Sou mãe, sou filha, sou avó.
Sou o encontro de mim, comigo mesmo.
Sou o que sou, me orgulho muito de tudo que sou.
Enide Santos

“Instante”


Olhe...

queira ver

queira sentir

se embriague assim

instante por instante



cada semente que brota

cada galho que surgi

cada folha que cai



Tudo orquestrado

para ser e acontecer

tudo em seu lugar

até mesmo o ar



São inúmeros

são perfeitos

mudam-se

acumulam-se



É o instante quem pinta

o cenário na tela da vida

são conjuntos de formas

nas cavernas das horas



São os instantes

quem compõem o tempo

não os deixe passar

sem os notar



Enide Santos 19/07/13



Solidão


Solida

solidão

sentida

sem

solução

sempre

sentada

semblante

sisudo

soltando

sádicos

soluços

sedenta

sangrando

sofre

sonhando

sucumbir

serenando.

Enide Santos 28/08/14

Alva, alva com o vermelho a lhe escorrer



Alva, alva com o vermelho a lhe escorre,

Pede socorro,

Á aqueles que amam viver.

E no bico carrega

A fonte verde, o renascer.

E em suas entranhas habitam

O equilíbrio, o saber.

Vem de seu coração

Nobre som

Valsa infinda

Ritmo da vida

Escore-lhes pelos pés

A luz do alvorecer

E de seus olhos emanam

O sonho de cada ser.

Alva, alva com o vermelho a lhe escorrer.

Anseia por ajuda

Para restaurar seu poder.

Alva, alva é assim que tem que ser.

Enide Santos 16/08/14

Agora dói


Agora dói acordar.
A razão pra me vivificar
Já não posso mais alcançar.

Abandono-me ás recordações.
Descuido-me das emoções
Penetro-me em pensamentos.

Agora dói respirar.
O ar que me visita,
Agora sai, como que pra te buscar.

Soluços, lágrimas, gemidos,
nada consome a dor
que me impõe este castigo.

Agora dói continuar.
É mesmo uma penitencia
Enide Santos 22/06/14

Chove por mim os teus olhos


Chove por mim os teus olhos

Abusando do instante que te dou

Retrata o teu espírito

E com ele todo teu amor

Delineando tua face

Expõe-se a gota da dor

Entoando com arte

Reverencia-se ao observador.

O cheiro do teu sentimento

Exibe-se todo enfim

E o gosto de teu pensamento

Impregna-se em mim.

Chove pôr mim os teus olhos

Furtando-me o mundo em que estou

Deixa-me repleto da culpa

Pôr por ti não ter amor.

Enide Santos 21/10/14

Houve uma noite


Houve uma noite

em que toda a coragem

de mim se apossou.

E em minhas retinas

podia se ver

o mais puro furor.

Em mim bradavam-se gritos e gemidos

como os que bradam numa flor.

Vestidos de silencio

mas que o eterno alcançou.

E das veias desta minha existência

Recolhidas nas essências

o meu ego brotou.

Emergiu-se em fim

Se rasgando de mim

O profundo deixou.

Houve uma noite

Que não mais vou esquecer

Rompeu-se o enigma

De o meu inteiro poder.

Houve a noite em que pude me ver.

Enide Santos 07/10/14

A poesia que fala de ti


A poesia que eu teria pra tedizer

dorme dentro de mim

aconchegada a você.

Dela não ouço gritos

sinto alguns toques

pequenos bramidos.

A poesia que fala de ti

que exprime meu amor

que traduz o meu sentir.

Esta sonhando agora

Aperfeiçoando-se por hora

desejando existir.

Enide Santos 26/11/14

Adoeceu a noite



Adoeceu a noite

preocupada a madrugada

recusa-se a se ir

prostra-se ao leito

e as trevas tenta persuadir

Assobiando uma cantiga

quer o amanhecer adormecer

leve, lenta e nua

sopra a alvorada

seu clamor em formosura.

Denotando soberba

rabisca o céu o alvorecer

de sua paleta extrai a cura

que sana o anoitecer.

Enide Santos 19/09/14

Sou portadora da mais insana das almas


E nos jardins da vida

Onde o tempo faz morada

Caminha minha alma

Insana e ousada

Debochada aventureira

Sobre as horas se escancara

Perfuma seus encantos

Com orvalhos da madrugada.

Do espírito das coisas

Alimenta seu destino

E se suja dos beijos

Dos pecados clandestinos

Dorme com a dor

Com a saudade tem um caso.

Veste-se a rigor

E com a luz da seu recado.

Insana pela vida

É a minha alma

Esgarçada ferida

Feliz por ser culpada.

Enide Santos 27/09/14

Epístola – 20



São Paulo, 11 de janeiro de2015.

Fragmentos de mim

A primeira vez que nos possuímos,foi uma experiência incrível.

Incrível mesmo, pois você nãosabia, mas estava realizando alguns dos sonhos a muito desejados por mim, é porisso que faço questão que saiba o quanto fora importante.

Desde que nos conhecemos eupercebi que poderia mesmo realizar sonhos.

Poder amar você já era arealização de um sonho.

Descobri que você possui a mesmaestatura que o homem dos meus sonhos.

Que os encaixes de seus braçosmoldam meu corpo com perfeição, idêntica aos dele.

Você exibe o mesmo tom de voz, amesma textura na pele, o mesmo fascínio em locomover-se, a mesma forma de me olhar,banha meu corpo fitando-me.

O meu lugar preferido de todo omundo, pertence ao homem dos meus sonhos.

É um lugar aconchegante onde mesinto protegida tanto o corpo como a alma,

e você é portador de algosemelhante.

Ao tocar-te, beijar-te, olhar-tea mesma sensação me toma o ar, igualzinho, igualzinho ao homem do meu sonhar.

Há um oásis em minha realidade quedifere o meu desejo de sonhar.

Como pode na realidade não meamar, se em meus sonhos sou eu quem lhe toma o ar.

Enide Santos11/01/15

Fruto natural


Na gravidez da beleza,

O tempo a mimou.

Deu-lhe contentamento,

Confortando-a com o amor.

E em sua parição,

O mundo a exaltou.

Sabendo que sua destreza,

Por muito tem valor.

Para nutrir sua obra

Do homem se apoderou.

Fez de sua alma morada

E de êxtase a enredou.

Enide Santos 10/08/14

Epístola- 19


Fragmentos de mim

Regressando do amor...

Uma bagagem pesada repleta de dores e de saudades, farto de emoçõese ilusões.

Dormi tantos dias com teu amor aquietado ao meu coração.

E em tantos outros quando acordava, sorria, sabia que era por vocêque aflorava a minha paixão, e ao me deparar com o dia em que todas suas horasestão vagas de ti.

Ah! Meu Deus talvez fosse mais fácil apenas dormir e dormir.

Agora a noite repousa em meu peito, dosa de instantes vagos osmeus sonhos.

Resta-me acolher as dores das lembranças e das saudades que hão deperdurar sem pedir licença.Tenho agora a sensação do nada e poder do tudo aomeu dispor.

Mas estou frágil demais até mesmo para chorar porque sinto pesarpor você não ver as minhas lágrimas, por não presenciar toda intensidade do queelas realmente significam, a elas não são dadas o devido valor. (Parece que omar verte de mim).

Tenho que arrancar as raízes que estão presas a minha alma, sem tero direito de fraquejar, e tenho a obrigação de aceitar que você simplesmente sevá.

Está intacto em mim o amor.

E nada mais sou agora que um vândalo exterminador.

Eu era amor e paixão

Agora sou aniquilação.

Recolho-me ao silêncio que se faz em mim.

E por todas as outras forças da natureza permaneço.

Hoje quando acordo ainda me vejo, ainda sou eu sem ti

Sou eu com todas as outras coisas do mundo que não substituemvocê.

Mas sou eu com todas as outras coisas regressando do amor.

Enide Santos 21/09/14

Nos jardins da saudade


Nos jardins da saudade

Colho pequenas flores de morte

Pequenos ramos de sorte

Por meio das folhas sagradas do amor

Entendo que sou eu, o lavrador.

Aqui, os ventos sãoplantados no chão,

Coloridos e assobiam uma canção.

São as flores do sol que exalam

O mais tênue perfume

E os brotos de noite

Lagrimam ritmos da primavera.

A classe dos sonhos

Embalam toda a atmosfera

Nos jardins da saudade

As ruas são feitas de pó

Tem veredas de dar dó

E a flor do mundo

Move-se em segredo

Recriando segundos

Com seus pequeninos dedos.

Aqui nos jardins da saudade

Há flores de todas as estações

Feitas de sombras e de ilusões

Bebem-se pequenos goles de felicidade

E fica-se longe da flor da realidade.

Enide Santos 02/09/14

Qual a melhor cor?


Qual a melhor cor,

Para hoje, vestir a minha alma?

Qual o melhor tom,

Para que possa traduzir a minha talha?

De onde posso extrair a melhor impressão

para fundi-la à minha paixão?

Que aparência deve ter,

O exímio momento quando penso em você?

Como colorir,

Cada emoção?

Como matizar,

Cada sensação?

Que coloração deve alcançar,

O contentamento de poder te amar?

Que tonalidade tiro de mim,

Quando tudo que almejo emana de ti?

Como maquilar minh’alma,

no exato tom

Que somente a ti retrate?

Enide Santos 19/09/14

Livre arbítrio


Como posso ser o que nunca fui?

Descrever o que sentir, sem ser?

Queria eu ser a sensação

Da folha ao tocar no chão.

Também queria ser o chão

E dar-lhe majestosa recepção.

O som do trovão queria eu ser

E ecoar mostrando poder

E da noite ser a mão

Para a aurora dar proteção.

Tantas e tantas coisas queria eu ser.

Ser o silencio que só no ventre do vento há.

A distância que cada gota na chuva se dá.

Ser o burburinho na vida do ar.

Querendo ser sou.

Sou a musica que invento

E digo que quem gosta é o tempo.

Sou a sede da aurora

E para ela domo minha história.

Sou a morte do grito

O fim de seu rito

Sou a fome a sede da vida

Sou o punho cerrado

Do livre arbítrio.

Eu sou um mito.

Sou poeta

E querendo ser

Eu sou.

Enide Santos 22/11/14

Alma amputada


Está tão longe de eu poder ser oque você quer.

Sendo assim vejo-te seguir teucaminho e deixando-me aqui.

Já começo ao acordar pela manhãdando-me consciência de que você ainda está presente em meu coração e não maisdiante de meus olhos.

Antes mesmo que se vá, eu já mevou para a dor de estar sem você, já amputo a minha alma sem nada dizer.

Antes mesmo que se vá de mim, jáchoro a dor de sua ausência, já lamento ser passado em sua existência.

Eu também mato momentos bons,jogo fora partes de vida que normalmente não se desperdiça, pois sei o tamanhodeste amor em mim, sei da dor que se o perder vou sentir.

É, é mesmo assim, é por medo denão resistir tamanha dor morando em mim, que desde já

Abasteço-me de tudo de você.

Quando te beijo, te beijo mesmocom todo o meu ser.

Quando te amo, te amo mesmo comtoda minha alma antes de ela ser amputada.

Enide Santos 16/02/15

Peleja com a saudade


Quase insuportável

Hoje ela esta

Tenta devora-me

Arrisca devorar-se

Ajeita-se

Enfeita-se

E me chama pra peleja.

Ah, como é bom confronta-la!

Fazer pilera

De suas mazelas.

E nessa luta

De rusga tão muda

Seu grito em mim é infinito.

Ah, esta saudade enfim!

Gosta de se manter assim

Intensa e sádica

Aflorando ate na hora

Que teus braços embrulham-se emmim.

Ah, saudade deixa de munganga,

E vai embora daqui.

Enide Santos 03/12/14

Retrato de mamãe


Uma lata ela abria

Retirando toda a tampa

Tão doce parecia

O seu belo semblante.

Criança, eu não entendia.

Que mamãe criara poesia

Cantarolava e a lata abria

Com carinho o vaso surgia.

Sobre a mesa a lata estava

Abarrotada de flor

Toalha de chita

Combinando com louvor

E com um terno sorriso

A casa mamãe enfeitou

E da minha infância, te digo...

Só recordo com amor.

Enide Santos 04/12/14

É preciso aprender ser só


É preciso aprender

Ser só

Estar só

Não é o que queremos

Não é o que sonhamos

Mas se temos que passar por isso

Então façamos ser da melhorforma possível.

Em meus dias de ilha

Em tempos repletos de abismos

Visto a minha fragilidade doavesso

Para que a vida retorne aos meusolhos

Isso com muita sutileza

Para não ferir meu silêncio.

Careço também dele

Mas demarco fronteiras

Enclausuro a dor em lembranças.

E na brusquidão destes dias

Dou-me o direito de serimensidão

Dou-me o direito der ser fenda

Para que escoe de mim

A aversão que sinto pela solidão.

Enide Santos 01/01/15

O outro lado de mim


O outro lado de mim

Aquele que tem cobiça

Mas finge não ser assim

Aquele que do nada se irrita

E esconde seu lado ruim

O outro lado de mim

Que gosta da gula

Inveja e usurpa

Mente e insulta

Fuzila fitando

Cospe rosnado

Pisa matando.

O outro lado

Que é prisioneiro

Metido a matreiro

Tenta fugir.

Todos têm seu lado bom

Seu lado ruim

Comigo também é assim

Mas o Deus que há em mim

Sempre me ajuda a resistir.

Ao outro lado de mim.

Enide Santos 10/12/14

Do coração da poesia


É do coração da poesia

Que ouço os mais belos gritos.

E dos seus segredos

Colho pequenos viscos.

Há um oásis no tempo

Em que o verso se cria

E desta fonte de redenção

Despe-se o sentir da emoção

Toma-me, ó dor de poesia,

Inflama-me o corpo

Revista-o,

Soterra-o de amor.

Debulha este meu sofrer

Deixe-me em teus braçosenternecer.

Doa-me seus rios

Infeste em mim seus brios

Empresta-me a tua cor

O teu semblante

O teu olor.

Resgata-me desta ilha

Regozija o meu falar

Apure o meu paladar.

Deixe o teu coração, ó poesia!

Com o meu orar.

Enide Santos 04/01/15

ah, Bragi tem piedade de mim!


Ah, Bragi tem piedade de mim

arranca-me estas palavras

que tanto me consomem

e que não as consigo exprimir!

Ah,estes ditos!

Que não sei se são bem ou mal ditos.

Sei que estando em mim são sofridos.

Estes versos, verbos ou abscessos.

que se constroem sem expressão

desejando de mim total atenção.

Esta necessidade de gratidão

De ser um lema, um tema uma canção

De entoar na boca as batidas do coração.

Oh, deus da sabedoria!

Pai do encantamento da poesia

Invoca em mim a inspiração

Alivia-me desta sofreguidão.

Enide Santos 03/02/15

De volta na janela


de volta na janela
agora já não há mais o que esperar
Já tive tudo
um pouco de cada sentimento
os sonhos desejados já foram realizados
não brinco mais de ser sozinha
e nem de estar acompanhada
meu olhar
já não busca nada mais no horizonte
eu tive você
pude ter amar
pude lhe ofertar o mais completo sentir
Eu te amei
e ainda amo
já não o tenho mais comigo.
restam apenas lembranças.
Mas sou feliz, pois tive você.

Enide Santos 14.11.16

(Vi) vendo a vida acontecer


Tenho
na palma de minhas mãos

o
poder de viver

tenho diante de meus olhos

a
vida

alimento-me do encanto

de
vê-la acontecer



Mas isso ás vezes dói

dói muito

o belo

o perfeito

o completo

não deveria ser dor, mas dói!



Dói ver tudo em seu lugar

cada árvore

com ou sem suas folhas.

cada fresta de sol

cada mudança do vento, dói...!



Dói muito

não perceber

não saber

não entender

e se ver imperfeito

diante de tanta perfeição.



Enide Santos 22/07/13









(in)consciente para sempre.


Acordo, e não mais está comigo.

Então, tenho que controlar as minhas mãos

Conscientiza-las de que não temos mais você.

Preciso fazer com que meu corpo não lhe procure

É necessário que minha boca te esqueça

E que meus olhos apaguem de vez qualquer traço de sua imagem.

Não sei como ensinar meu coração a pulsar de outra forma

Sem fazer repercutir o seu nome

Não sei como me vestir de um outro corpo

Porque este não suporta a dor que vaza de minh'alma.

Enide Santos 03/04/16

Até onde daria para ir?


Até onde daria para ir

Para arrancar de quem se ama

Um dor que tema em não sair?

Até onde consigo deixar de mim

Para envolver-me na dor

De quem sozinho não consegueseguir?

Até onde é capaz de chegar

Este meu amar

Que no fundo, quer o mundo abracar?

A dor só doe até onde pode doer,

Ah, quem me dera,

Que meu amor a fizessedesvanecer!

Enide Santos 05/002/15

Foi só o sentimento que vazou


Desculpe-me...

Por este meu suspiro forte...

Por minha voz embargar...

Por meu corpo tremer...

Minha mão transpirar.

Perdoe esta minha saudade,

Que tanta força faz pra techamar.

Banha-me de silêncio

Para apenas o pensamento exaltar.

Absolva este meu desejo veemente

Que por vezes, é vil eimprudente.

Que rasga as paredes de o meuser

E o teu corpo, o tempo todo querter.

Atenue, alivie, amenize

Não foi por querer

Foi o sentimento que vazou

Procurando por você.

Enide Santos 2712/14

Acróstico: Deambular


Deixou pegadas sem destino

Emasculado vagueou

Alma e corpo feridos

Marionete do destino se tornou

Banido dos desejos, fora.

Usurpado sem perdão

Lápide sem inscrição é seu coração.

Abdicando de viver

Rompe o tempo sem perceber.

Enide Santos 16/11/15

A mente mente


Acabo de pegar uma porção de tempo.

Não muito longe, também não muito perto.

Não muito quente, nem muito frio.

Só uma porção do agora,

Neste instante nesta hora.

 

Fui lá fora...

E tudo estava parado.

Só o tempo quem levava o vento.

E a noite dormia, sob o sereno, gemia.

Mas tudo estava parado.

Sei, que só porque eu observava.

 

Braços estendidos no tempo, para o tempo.

Então eu o toquei...

Acariciei, moldei-o em meu pensamento.

Então me ri de mim.

Vendo-me com tanto poder,

De até o tempo poder deter.

 

Enide Santos 03/05/14

Ar feminino do fogo


O ar feminino do fogo

Abranda-se em sua formosura

E com seu prazer sensitivo

Lambe a carne das coisas

Com veemência expõe-se

Lançando seu desapego

Interpretando sua composição

Faminto oscila, baila, flama.

Devorando-se como a um grito

Chega ao seu ápice, expurga efim.

Apenas cinzas fitaram o vento

Apagadas e frias ressaltam...

O ar feminino do fogo jaz semluz.

Enide Santos 16/06/15

Meu Primeiro refúgio


Meu primeirorefúgio

Minhaperfeita morada

Diantedos teus olhos

Principieia caminhada

Suavoz ainda é música

Ecoadentro de mim

Ah,minha mãe querida!

Nãoentendo porque cresci

Ainda sinto o murmurar

De aminha infância te chamar

E nasminhas noites de medo...

Sinto osteus passos, sua forma de respirar.

Vestestu com elegância

Odestino que Deus a encarregou

E comomãe és primorosa

Pracada filho doou seu calor

Portodas as horas de tua vida

Que aminha dedicou

Agradeço-tedama de minha vida

Venero-tecom todo meu amor.

Minhadoce rainha

Meu templode perfeição

Ampara-me

Proteja-me

Embala-me

Esconda-meno teu ventre

E nunca...

Nunca me abandone

Mãezinha do meu coração.

Enide Santos 20/12/14

Pobre de mim!


Andas a fazer sol em meu corpo

E de penitencia ainda me pedes

Que te aqueças.

Pobre de mim!

Que sou apenas a eternidade

Dos sentimentos que reservo para ti.

Andas a fazer luz em minha vida

E de castigo ainda anseias

Que me revele para ti.

Pobre de mim!

Que sou apenas o reflexo

Que emana de ti.

Andas a fazer-me

Instantes

Durantes

Importantes

Semelhantes a ti.

Pobre de mim,

que já não mim...

Significo sem ti!

Enide Santos 07/01/15

Total


Bebeu

Soluços

Gole por gole

Ingeriu

Palavras

Letra por letra

Inalou

Horas

Tic e Tac

Tragou

Sons

Alfa e Ómega

Solveu

A vida

Yin-Yang

Só o futuro

Devolveu.

Enide Santos 23/12/15

Vontade


O chão de nossos caminhos

é feito de sonhos dos nossos sonhos.

Não há estrada alguma,

Não há portas e nem janelas

Nenhuma paisagem há

Sem a vontade.

é ela quem comanda nosso destino do início ao fim.

A vontade não é apenas a semente

Ela também é a terra o fertilizante

A aurora com chuva que que faz iniciar o destino.

Enide Santos 20/01/15

Seu meu afeto


Que importa se seu afeto se me deu.

Impregnado de eternidade repousa.

Presenteando-me com branduras

Pondo-me cores ao semblante

Seu afeto quis vir a mim

Nuzinho dos pés à cabeça

Cintilando o rosto, o riso e os olhos

Atando-se aos meus sentidos

Atirou sê-me pleno e feliz

Seu, Depois... Meu

Ai! Manuseia-me a alma

Dando-me gozos sublimes.

Ainda quando finjo que eu te fujo

Mira-me toda

Soluçando beija-me

A face

O colo

E dorme em minh'alma.

Enide Santos 24/01/16

Não me impeças de chorar



Não me impeças de chora

Chorar não é sinônimo defraqueza

Sinônimo de fraqueza é covardia.

E nesta guerra diária que lutodentro de mim

Apenas o choro é meu refúgio

Não me impeças de chorar

Porque tenho a coragem de saberde minhas fraquezas

E que na busca para vencê-las

Danifico parte de minha alma

E só com lágrimas possopurifica-la

Nem se atreva a tentar meimpedir de chorar

Porque és tu que não suportas

Ser a fonte de este meu prantear.

Não me iniba...

Não me detenhas...

Apenas observe e absorva.

Como uma faz uma fera para serecuperar.

Enide Santos 24/01/15

Oh,My Lord!


Porque te vais embora?

Porque rejeitas meu amor?

Eu posso abrigar os teus medos.

Proteger-te de teus pesadelos

Curar-te de tua fragilidade

E renovar tua virilidade

Ainda não és falecido teu amorpor mim

Vejo-te sempre faminto

Por que my Lord, queres teafastar assim?

Já bebestes da fonte

Já cruzastes os montes

Oh, my Lord! Não se vá daqui.

Não deixes tua Milady

Sabes que sou eu o teu deleite

Que de mim não podes partir.

Venha my Lord!

Desvista-se desta rosna

Seja valente, não brinque com a sorte.

Enide Santos 31/07/15

Tudo vago


Esta tudo vago

dentro e fora de mim

só ouço o ar com que respiro

nem senti-lo eu sinto.

Está tudo tão vago

dentro e fora de mim

e nem o verter

do sangue de minha alma

eu ouso sentir.

Esta tudo tão vago

sem você aqui.

Enide Santos 29/11/15

Pena de escrever


Segura de estar contigo

Forte, bem sucedida me sinto

Entre o polegar e o indicador

Esta é a minha sina

Dar poder ao transcritor

Minha silhueta põe-se a bailar

Tendo seu pensar como imutável par

Ao som que faz a vida

Cravejo com meu sangue o ar

Mesmo depois de tua partida

Os teus ecos hã de durar.

Enide Santos 08/02/15

Recolhida no silêncio


Esgarçadas já estão às horas

Já ceou o tempo

Já bebeu de meu pensamento

Agora sou como raiz, sem flor.

Já o cheiro do amor se foi

As frescas horas não têm maissuas labaredas

Não há mais manutenção para ailusão

Resta-me o ranho da alma

O perene som de antigasgargalhadas

Sou fragmento dos outros que fui

Quanta vez o meus olhos sequei

E impregnada de vida, lutei!

Ai de mim...

Que sou apenas volta antes de meir

Que já manca minha dor e cai aochão

E no seio da absoluta

Já não mais há luta.

Já me vou, mesmo sem saber ir.

Enide Santos 14/02/15

Fim de uma saudade



Sangrando e calada

Ao lado, sua mala.

De mãos postas clamando

Gemendo e chorando.

Absoluta em antigas horas

Agora, apoia-se ao chão

Insistente implora.

Um tiquinho de compaixão.

E no rastro da morte

Dolorosa é sua sorte

Aguardando consumação

Eis ai, uma saudade em vão.

Enide Santos 27/01/15

não sou o que sou


Ando tão sozinho hoje quanto andava antes, pois a pessoa que segue em frente de verdade não sou eu.
No fundo, bem lá no fundo eu não sou toda essa força que rompe barreiras, que acumula superações e que vai eliminando os prováveis impossíveis.
Eu não sou está torrente de aguá que inunda fraquezas, eu não sou!
Sou um lago calmo deslumbrado pelas coisas que não sou.
Eu sei muito bem o que não sou, também sei que se não fosse o que penso que não sou eu nada seria.
Enide Santos 21-12-16

Fascinação


Me apaixonei por você...

Quando sua boca me chamou pela primeira vez

Te olhei e meus olhos sorriram

Sorriram porque percorreram sua imensidão eminstantes

Já te desejamos.

Não por mim que sou forte!

Mas meus olhos

Minha boca

Minhas mãos não se contentam

Não se controlam.

Armam motim,

Induzem o resto de mim.

Não, não sou eu!

Eu apenas me apaixonei,

Com delicadeza te desejei.

De primeira mão...

Apenas quis te dar carinho

O resto de mim

Quem montou este burburinho.

Agora rola de tudo

Libido e amor

Travessuras sem pudor

Tacos de sentimentos

Toras de emoção

Mas no fundo no fundo

É tudo fascinação

Pobrezinho do meu coração.

Enide Santos 03/02/15

No puedo vivir sin ti


Siempre he estado buscando

Ahora te encuentré

no quiero perderte.

Sé que piensas que puedo vivir sin ti

creo que no.

Fue usted quien me mostró la vida

desanuviando mi mirada

concediéndome el derecho a soñar

no hay otra manera de vivir

Oh, Dios! Me temo que no puedo respirar

nada hace que mi corazón se acelere

es imposible mantener mi vida

sin su manera de estar aquí

No sé, tengo miedo!

Necesito su piel

Necesito tus besos

infinitamente tienen necesidad de su presencia.

No sé...

No sé cómo se despierta sin ella.

Queda esperar el amanecer

Enide Santos 15:07:16

Ela


Pé ante pé

Adentrava

Olhando sobre o ombro

Enfeitiçava

Soltando pétalas

Ela bailava

Descerrando seu corpo

Flutuava

Desfazendo o vento

Rodopiava

Acariciando-se aos poucos

Encantava.

No final, apenas um leque

a decorava

Dama despida

Ovacionada.

Enide Santos 11/01/15

Quando eu quis viver


Quando eu vinha viver
Já era tarde de mais
Já os meus passos estavam enraizados
Na profundidade do lugar onde não andei.

Quando eu resolvi vir para a vida
Ela já não mais fazia questão
Já estava estacionada
Num tempo em que não lhe pertencia.

Quando quis viver
Meus confrontos todos se riam de mim
Perdidos pela sádica névoa que os alimentam
Devorando-se uns aos outros num ritmo
Onde o expiro constante não move a vida.

Quando eu vim ter com a vida
A existência já havia perdido suas auroras
E a insaciável fome do tempo
Devorou-me antes que eu pudesse viver.

Enide Santos 12.01.17

Leia mais: http://www.luso-poemas.net/modules/news/article.php?storyid=318763 © Luso-Poemas

Ele...


Fui amada hoje...
Não de qualquer forma
Não por qualquer um
Fui amada por ele.
De todas as formas
sem defeito nenhum.

Hoje pedi perdão a Deus


Hoje pedi perdão a Deus

Pedi que me perdoasse

Por meu coração quase explodir

Sempre quando penso em ti.

Orei ao meu Senhor

Para que sempre de ti cuide

E não te afaste

Deste meu amor.

Pedi que me guie, me instrua

Ajude-me a enveredar

E em teus caminhos

Belezas hei de plantar

Deixei a minha verdade falar

Deixei-a pedir e implorar

Que em nome do Senhor

Não me permita sem ti ficar.

Ah, a humana que sou!

Infinitamente mesquinha

Imensamente sozinha

Dependendo deste teu amor

Hoje pude com clareza me ouvir

E com este som roguei

Lancei-me ao vão

E ao Senhor pedi perdão.

Enide Santos 01/07/15

Remendo de capim


Remendo de capim

Agora à noitinha

Tava já escureceno

Quando de longe vi no cer

O que parecia um remendo

Tinha pontos no cer

Memo pareceno que de argodão

Través das nuvens percebi

Tinha uma muié cosendo

Seu cabelo era arvo

Pele rosada face serena

Com jeitim alinhavava

Aperfeiçoando o remendo

Quando manheceu

Pensei que tava sonhano

Mas admirave foi a cena

Do cer caiu em mim

Foias de capim

E flores de açucena.

Enide Santos 11/12/15

Frio e escuro


Não percebo nada mais que o frio e o escuro,

Não me é possível emergir sem você.

Não entendo as (des) necessidades da vida.

Vejo-as infiltrando-se com gana do extermínio

Todas as razões para alegria,

Não serão o bastante se não o tenho.

E esta é a primeira dentre todas a se ir.

O sorriso faz descaso de qualquer motivo.

Quanto à vontade, esta é perseguida acuada, abatida.

O frio do escuro, o escuro do frio, são propícios ao momento

Só há uma espécie de gloria no fétido horror que permuta cada hora.

Nada é mais belo e prazeroso que o saber

Que não sou se não tenho você.

Enide Santos 09/04/16

Minha paixão


O alimento da felicidade,

Iguaria que mantém a sobriedade.

Manjar da sorte da necessidade.

O sustento da minha imensidade.

Enche-me de melodia

Satura-me de sabedoria

Satisfaz minha alegria.

Me farta de poesia.

Abranda meu enleio

Adormece meu receio

Modera-me o floreio

Sossegando meu anseio.

Minha doce inspiração

Meu amor

Minha paixão

Enide Santos 01/05/15

Epístola-22


São Paulo, 07 de setembro de 2015.

Epístola-22

Fragmentos de mim

Estava chovendo...

Naturalmente te acompanhei até o carro, nosdespedimos e eu voltei para casa, entrei no nosso quarto, deitei-me em nossacama que ainda estava quente do nosso amor.

Deitei-me no seu lado da cama agarrei-me emseus travesseiros e chorei.

Chorei muito, como se minha alma estivessesendo arrancada do meu corpo a ferro e fogo, mas que, não apenas eu sentindo,também vendo e também executando.

Chorei por um bom tempo sem saber ao certo porquechorava, sei que me sentia magoada, furiosa, sentindo principalmente muito medo.

Amofinei as lágrimas que havia em minha face, instintivamentejá proibindo que outras se atrevessem a surgir. Então cacei aquele ar! Aqueleque só usamos quando a vida parece que vai nos deixar, aquele que é pouquinho,pequenininho, mas que tem o poder de afastar o fim.

Não sei como lidar com algumas destas “novas”descobertas, sinto-me definitivamente perdida, despida de astucia. Emborapareça ridículo, mas no fundo, bem lá no fundo sinto-me honrada e muitoaliviada. Eu sabia que tinha um preço para ficar com você, sabia que a qualquermomento ele se manifestaria, pois sempre que pensava nisso, já tentava meprevenir de que nada seria problema para o tamanho do meu sentimento por você,imaginava que seria capaz de compreender tudo, de superar tudo para não ter queviver longe de você.

Não sei o que faço com todas estas informações,apenas sei que as que me fizeram chorar são menos importantes que as que e meelevaram como mulher, como ser humano e não estão sendo vividas como se deveriam.

Percebi que estou em sua vida, e isso me deixa extremantefeliz, porque quando se ama alguém subitamente é na vida dela que queremosestar. Á magoa, a fúria e o medo surgem, emanam de saber que não apenas eupreciso e quero você, mas que há um dissimulado combate que eu não vou perder,porque nunca fui muito de lutar por nada pra mim, mas não quero e não vou abrirmão de você. Esta decisão é irrevogável.

Enide Santos 07/09/2014

Epístola-21


São Paulo, 01 de setembro de 2015.

Epístola 21

Fragmentos de mim.

Enide Santos (Poções, 30 de outubro de 1968).

Decidi que não quero ir para sempre, e para isso me propus a criaro caminho que me fará permanecer, pois de alguma forma quero ficar.

Hoje tudo que tenho é tudo que sinto e é este o meupassaporte para alçar meu principal voo. A liberdade de estar depois de ir.

Para chegar onde quero preciso trespassar o tempo, necessito deconhecimento e principalmente da intimidade com o entendimento, porém jamaissaberei se cheguei, mas ao menos saberão que tentei.

O que mais me é necessário hoje é que me deem amanhã, hojeconvém plantar-me no futuro sem mim o qual jamais saberei se brotei.

Não quero apenas tornar-me leve e simplesmente ser levadapelos ventos, quero jazer-me em negrito ou itálico quero ser grifo.

Habita-me o conteúdo ao qual almejo aprimora-lo eintensifica-lo, para que não se desfaça facilmente.

Pretensão de minha parte? Sim, sei que sim, mas se eu nãofizer por mim como poderei dizer para que façam por si se é para isso queestamos aqui!

Nascer não é apenas para viver por viver, nascer é o principiode se fazer.

Neste contexto, dedico minha vida a construção de minhamorte, a sua eterna gestação de mim.

Enide Santos 01/09/2015.

Haikai -16


Na poça do breu

Nu, sem asas deambula

A caça do amor

Enide Santos 18/11/15

Señora de mi inspiración


¿Cómo puede la luna me mira todo el tiempo?
el que me busca siempre y para siempre.
No tengo ningún recuerdo de estar solo
Ella está siempre conmigo,
incluso si es de día.
la presencia del sol
nada importa
nada nos distancian
y mi compañero
heredera principal de mi ojo
señora de mi inspiración
comparte conmigo males de la soledad
¿Cómo vivir sin tener mirándome?
mi dama de la noche.
envolverme en sus brazos para siempre
Nunca se olvide de encender nuestra distancia
hasta que nuestra luz es sólo uno.

Enide Santos 15:07:16

Tautograma: Deambular


Diante Do Direito De Devanear

Decidi Deletar Distâncias

Depois, Demoli Dias Difíceis.

Descortinando Duras Duvidas.

Destemida Deixei-me Divagar

Degustei Delírios Divinos

Deslumbrada, Deambulei

Enide Santos 20/11/15

Sem sequelas


Busco a aflição das noites

para alimentar minha insônia

Pois deveras assim vivo açoites

E não morro, não debruçada,

Estagnada a espera do fim.

Olho para mim,

Deixando de fora

Tudo que ressalta aos olhos

Tento atingir apenas meu eu

Aquele que mora adormecido

Na ignorância da minha visão.

Busco o fracassado destemido

Dos inúteis dias, que não foram ressaltados

no calendário desta existência altiva.

Regalo-me na exuberância prazerosa

De me deixar amanhecer

Sem nenhuma sequela.

Enide Santos 04-01-17

Plêiades: Deambule


Descortinando de vez a rispidez do medo

Descansa teus olhos em mim

Desvista para sempre deste adeus

Domando qualquer melancolia

Desenhe fronteiras e ilhas, deambule.

Despeje este grito trêmulo em meus ouvidos

Dando luz a sua eterna fantasia.

Enide Santos 20/11/15

Quando o amor perde o rosto


Quando o amor perde o rosto

Um fiasco deixa de ser

E o combate esta por acontecer.

Só quem se curva ao amor

Sabe curar cada etapa da ferida.

Sabe se portar no dia da despedida

Só aquele que já amou

Sabe que lembranças não são torturas.

Que promessas sobrevivem de aventuras

Só aquele que ama

Pode aprender com as palavras

Impedir que o mundo lhe remova a alma.

Só quem encara o amor

Doa-lhe certo entendimento

Para calcificar o ferimento.

Só quem ama ou amou

Pode se perder do tempo

Sem notar a embriagues do momento.

Enide Santos 27.06.17

Señora de mi inspiración


¿Cómo puede la luna me mira todo el tiempo?
el que me busca siempre y para siempre.
No tengo ningún recuerdo de estar solo
Ella está siempre conmigo,
incluso si es de día.
la presencia del sol
nada importa
nada nos distancian
y mi compañero
heredera principal de mi ojo
señora de mi inspiración
comparte conmigo males de la soledad
¿Cómo vivir sin tener mirándome?
mi dama de la noche.
envolverme en sus brazos para siempre
Nunca se olvide de encender nuestra distancia
hasta que nuestra luz es sólo uno.

Enide Santos 15:07:16

Insônia


Insônia...

Eu já não grito mais com ruídos

Já não faço mais questão de cuidar nem do meu umbigo.

Já estou perdido neste mundo de imensidão

Sou um corpo sem alma prestes a incineração

Não viajo mais em minhas memorias

Estou farto de tudo que dizem os que dão esmolas

Sou um ponto sem ter um final

Tenho em mim a razão de se fazer o temporal

Não olho mais a dimensão das feridas

Estou pouco me importando se não cicatrizam

Sou aquele medo que habita um olhar

Sou a flecha escolhida pronta a perfurar

Sou a noite de que quem em sonhos revira o luar

Sou a duvida do tempo ferindo o lembrar

Sou o peso do abismo impedido de voar

Eu sou a estrada de quem quer se encontrar.

Sou o que o tempo proporciona

Bem vindo ao meu momento de insônia!

Enide Santos 13.07.17

Queria tanto dar-te algo quando amanhã chegardes para me ver.


Queria tanto dar-te algo quando amanhã chegardes para me ver.

Estive tentando encontrar um sol

Que não fosse de todos,

Pois não queria privar ninguém de nada.

Não encontrei!!!

Depois quis encontrar uma lua ou algumas estrelas,

Mas todas tinham muitos donos.

Queria algo que só você pudesse ter...

E só encontrei a mim.

Enide Santos 23.07.17

Indriso: Deambulo


Derramando-me entre os campos e as florestas

Perfuro com fome o passado

Entre os tempos e as horas certas

Vou debulhando-me como flores que viram cisco

Vou reparando em tudo sem saber o que dizer

Vou vertendo-me devagar, sem prever.

E em cada suspiro que dou, deambulo.

Buscando incessantemente por ti, amor.

Enide Santos 20/11/15

Mode que será?


Mode que será

que nunca me canso do cê?

Será que é amo

ou apenas vontade de viver?

Quanto mais tamo junto

Mais eu quero ocê.

é, memo teno medo

Acho que é vontade de viver!

Má o sor se levanta

Antes memo de manhacê

Já ta esse diacho desse medo

Quereno me corrompe.

-Mais hora essa, deixe de bestagem!!

é o que sempre me diz ocê

-Não se apoquente, pois desse má

Também sei sofre!

Num sei mode que será

Só sei que esse amo

Nunca há de se cabá.

Enide Santos 11/12/15

Ocupando minha posição



Estou esgotada de abraçar os meus joelhos.

De pôr-me em xeque, por meus devaneios.

A posição fetal, não será mais uma opção.

Não mais darei esmolas à minha satisfação.

 

E só por ser efêmera, serei plena.

Ditarei as regras, moldarei minha arena.

Os meus medos, em abismos viverão.

E eu, apenas recrutarei determinação.

 

O passado será meu aliado

O futuro será por mim adotado

Porém será no presente

Que minha posição ficará evidente.

 

Enide Santos 03/01/20