Fábio Romeiro Gullo

a vista



o
se
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se
se
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ve
a
(com) si (en si)
a
vista
out
ro
se
(r)
s
e
(u)

âncoras




Uma mãozinha fofa,
uns labiozinhos molhados sempre limpos,
uma vozinha que já a descreve o diminutivo;
irmão, irmã, filho -
então um atropelamento imaginado e nada mais,
mentira,
lágrimas irreais de verdadeiras
por não terem a coragem de reconhecer o corpo -
abismo, buraco, poço -,
tampouco de imaginá-lo desfigurado:
ficaram fotos, filmes
e sua significância para a lembrança -
fêmea efêmera -,
âncoras no mar da infância.

açougue de signos



no açougue de si
gnos ou cemitério ci
ber n
ético
todos os tipos de cortes à escolha do cli
ente

1



um pombo alumínio
deflete ideias
transmuda em insônia
por arrulhos
na memória
decaimento de nomes
faces

no cheiro de hospitais
eternidade

amortecido



Imaginou a morte mil vezes:
as Mil e Uma Noites que todos escrevemos
a mando do medo.

Recitou de si para si suas lembranças:
todas doces e belíssimas
como poesia.

À base de morfina
disse (delirou) para a escrita do filho:

toda vez um talvez
solidão plena da aparência
absência da essência


Sem querer
haviam descrito a existência humana,
as palavras amor-
tecidas.