Frederico de Castro

Que sabes tu...





Que sabes tu...
de todas as horas serenas
onde me espreguiço
ante a fraterna
lágrima quieta
e branda
embebedando-me safisfeita
assim que se debruça o sol
prostrado na tua varanda
- Que sabes tu...
porque encetei
a longa caminhada
enxugando todos os pesares
que carrego neste percurso
soçobrando a noite
no bater de dois corações
desembainhando pureza
aliviando meus dissabores
educando o saber que trazes
na brisa de todas as gentis
subtilezas
- Que sabes tu...
onde nasceu o fogo
cada silêncio
onde demarcámos a luz
corrigimos fronteiras
brandindo fé
no terreno de todas
as trincheiras
- Que sabes tu...
onde arrumei minhas galáxias
roubando a via láctea
nas noites onde desperto
sereno e te deixo
em asfixia morrendo
o corpo dolente
desbravando silêncios
eufóricos tão convergentes
- Que sabes tu...
dos momentos inesquecíveis
emergindo sedutores
aconchegando a alma
eloquente onde pacificamos
as utopias
as palavras inefáveis
a dor que veleja hoje até
à imortalidade de todas as vidas
galgando com fervor audaz
nossas imutáveis cartografias
onde pernoitamos na meiguice
do tempo
mapeando
o amor de cores fantásticas e insaciáveis
Que sabes tu ...

Frederico de Castro

Flutuando para longe...




Pelas longas distâncias se unem todos os
Céus flutuantes, sorvendo as suavizantes nuvens
Dançando em cada repentino silêncio guarnecendo
As margens desta minha solidão avassaladora e autuante

Quero flutuar para além do além que nos é equidistante
Banhar-me nas torrentes primaveris que desaguam num
Aguaceiro perpétuo e estonteante

Vou planar em cada breve instante onde tomba aquele poente
Ígneo e exorbitante desmanchando o perfume que ondula numa onda
Que ribomba pela paisagem de todas as torrenciais paixões retumbantes

Vou subir no cordame do tempo até atingir todo os etéreos
Sonhos suspensos nas asas da amanhã que desperta ululante
Alinhavando os rails da solidão ressoando aventurada e extravagante

No regresso conto amarar nas margens dos teus aposentos
Onde me abrigo sempre mais apetecido aconchegado e solicitante
Subsidiando cada metáfora que transpira neste verso tão cativante

Foram muitas as viagens, recordações tantas que a saudade agora
Desmorona em cada hora alheia, fútil...fulminante, uivando entre
A multidão de sonâmbulas memórias sitiadas numa ilusão assim flagrante

E assim mergulho nas eternidades do tempo deixando a alma debutante
Rumar ao paradisíaco momento onde se fertiliza uma gargalhada
Substancial alimentando este lírico e flutuante poema tão devorante

Frederico de Castro

Por este Outono passageiro...




Enfrentei milhentas paragens por esse mundo
Sorvi do tempo cada lembrança capitulando
Deixei o silêncio sem rédeas...cabriolando
Até que lá do alto do trapézio da minha solidão
Se dissipe o Outono passageiro...feliz cantarolando

Pousou a luz mansamente no peitoril da noite
Despindo cada olhar recíproco embebedando o
Cliché de saudades...matriz dos meus estampados sonhos
Inalando todos os perfumes que de ti instilo tão repimpados

Embebedou-se a noitinha num estilhaço de luz elegante
Emancipou-se logrando destes beijos uma vénia de desejos
Trajando meu casto silêncio tão mutilado...tão usurpado

Deixemos que o estafeta do amor entregue seu testemunho àqueles
Entes apaixonados, respirando um tenro e subtil momento de prazer
Agora e sempre mais e mais abnegado

Frederico de Castro

Palmilhando a noite





Lamento por essa onda

que vai morrendo

devagar

por entre outras ondas do mesmo mar

Lamento que de depois da vida

a vida agora toda ela

se escoa numa onda

rasgando minhas maresias

quando tombo todo eu

a teu estibordo

e de mansinho me banhes

com estrondos e silêncios

meu ávido rebordo

Lamento que destas margens

apaixonadas

a noite dure somente uma simples

hora, espantada

sôfrega

entre qualquer perênteses

que deixei escrito

nos dias repletos de tédio

em noites palmilhadas longamente

neste degredo cismado

onde de assédios teus

me farto num beijo

tantas vezes multiplicado

Lamento

se hoje nem asas tenho mais

que me ensinem de novo a voar

Que a lonjura dos meus dias

de ti se dispa toda em ondas

frenéticas

e somente fique entre nós

a vestimenta deste poema

recostado entre dois amantes

fiéis em servidão

feitos assim numa obra prima

em plena exaltação

Frederico de Castro

Quanto ao coração...até lhe dói a alma




Chilreia a solidão enfrascada na manhã que
Se entretém das memórias, rumores e silêncios
Mirrando desgrenhados...vincando a engenharia de
Prantos calados que se erguem hábeis e encurralados

Quanto ao coração...sei como lhe dói a alma
Pois despi-me de cada ilusão perfeita, imutável
Embriagando a junção de tantos amores fluindo na
Carruagem da esperança reerguida, carinhosa e irretractável

Deixei a madrugada a conspirar entre as neblinas da
Solidão quase sempre insuportável para que o dia depois
Vencido fareje cada perfume de ti me inundando inevitável

Sei como dói a alma deste coração sentado na hipnose da
Saudade quase ilimitável deixando na noite uma memória arredia
Divagando barricada nesta lembrança que feroz ainda mais me assedia

Frederico de Castro

Configuração dos silêncios






Percorri todo o mar

nunca cansando meu

nadar

pra junto de teu porto

eu de mansinho naufragar

Inventei mundos de felicidade

tranquilizando tormentas com

beijos ternos de reciprocidade


Sentei-me à tua sombra vulnerável

dormitando nos ternos braços com

que sustentas

minha solidão configurada

no delicado enredo onde

pernoitamos fartos de confessar

tão desejada cumplicidade


Desnudei todos os contornos

onde acariciava a profundidade

de cada grito que preenche

os nossos vácuos de solidão

Compreendi cada momento

de contemplação

onde curo a serenidade do tempo

com a ardência plena

dos teus silêncios

Usufruindo-te na voracidade

do vento que se eclipsa

seduzimo-nos de feição

rumo à esperança que assim

navega sedenta de nós

em vagas dançantes de brisas

ágeis

comprometidas de cordialidade


E no longo acenar

desta despedida

embarcaremos vagueantes

iluminando as sombras que se

esquivam estonteantes pelos

becos de cada silêncio

configurando cada verso que

jorra em ti tão ofegante


Frederico de Castro

Quando tu não estás...




Esqueci toda a razão dos mistérios do tempo
Quando decorei a alma com infinitos prazeres
Engordando o volume da minha solidão

Subi ao firmamento dos teus céus fraternais
Desci pelas montanhas do teu ventre feito socalco
Do silêncio crepitando num frémito desejo excepcional

Vivo da saudade que se regenera minuto a minuto comprimindo
Abruptamente nossos sonhos num dócil arpejo que orquestro ao
Raiar de mais um dia saudando a luz grácil e integral

Deixei os páteos da solidão entreabertos à memória que cintila em
Cada via láctea desta rima sem qualquer escapatória agasalhando todo
O clamor de tantas, muitas lusíadas palavras sempre conciliatórias

Entre os quadris na noite some o tempo repleto de gemidos tão propiciatórios,
Polindo os cantos à solidão vestida de tristeza pranto e comoção, consumindo
Toda a luz obcecada pelo topless da madrugada chegando indisciplinada e atrevida

É tempo de mastigar devagarinho cada estrofe onde se avoluma
Com perícia este impregnante lirismo que clono no altar das minhas aflições
Intrínseco momento engravidando aquele despencado sorriso de ternas afeições

A palpitar ficou depois a esperança ardendo em preces de perseverança
Crença em que finalmente padeço mais satisfeito, pois a fé agora ruge
E urge residindo lá no cume de todas as bem-aventuranças

E enquanto escuto o silêncio do espirito brando e gentil subo até ao
Último degrau deste exilio sempre abençoado e altruísta encerrando de vez
O órfão sonho que sedentário retoco florindo eternamente mais totalitário

Frederico de Castro

Ver-te nos olhos de mim




E assim se multiplicou aquele visceral momento de ilusão
Adiando até a madrugada que absorta nos limites do tempo
Destronou a luz escapulindo por entre toda a balburdia de festejos
Debruados numa sôfrega rima despida de flamejantes e ígneos desejos

Depois acorda a manhã envolta numa magistral embriaguez
Abandonada num espesso silêncio matinal aromatizando o cerne da
Esperança onde escorre a seiva dos meus clamores passionais, qual
Oclusa saudade sulcando os céus talhando essas gargalhadas quase colossais

Ato aos meus desassossegos todos os gomos de uma emoção deixada
Nos escombros do tempo pintalgando as cordilheiras da ilusão com
Os mais nobres desejos que soletro nesta incógnita e abastada desilusão

Ver-te nos olhos de mim incute a cada sonho o sôfrego registo
De um beijo mais veemente resgatando os fragmentos de tantas solidões
Escapulindo deste abissal silêncio desenhado e esculpido...a três dimensões

Frederico de Castro

Nos aposentos do teu interior




É longa esta curva do tempo e nela me despisto
Indo pra longe confiscando todas as semi-rectas
Enlaçadas na geometria da vida onde prospecto
Cada grão de luz escapulindo...escapulindo selecto

Por trás de um lamento desenlaça-se a vida
Lenta, dolorosamente fadada a este silêncio ímpio
Que soçobra num grito repleto de tantos cíclicos
Cirúrgicos desalentos quase vitalícios

Assim procuro na noite aconchegar-me nos aposentos
Do teu interior, para reencontrar o frescor tão quântico
E infantil de cada sonho que albergas faminta de afectos mais subtis

Navego sempre a bordo das ternas memórias intactas e gentis
Consumindo toda a ilusão que ajeito no leito do silêncio onde
Engaveto este ciclo de desassossegos tantas, tantas vezes, tão hostil

Frederico de Castro

Alma exilada




No topo do mundo aprisionei a brisa
Matutina dentro de um incabível silêncio
Desalinhando os lençóis do tempo melodiosamente
Requintado...apaixonadamente sublimado

Entreabrem-se famintos os desejos mais demolidores
Plantando um estéril gomo de luz amarrotado e redentor
Entre as brumas de uma solitária madrugada nascendo acolhedora
Neste momento tão patriótico, absoluto...delator

Viajando pelo cosmos de todas as existências adentro o
Universo quântico dos meus silêncios predominantes
Esvaindo-se no exorbitante eco genitor e estonteante onde
Por fim alimento o pecúlio de desejos orbitando-te assim tão ofegante

Ficou como fado toda esta nostalgia vibrante porque
Assim acato os beijos castos que reivindico nesta transfusão
De alegria expectante e minuciosa drenando cada citação
Que escrevinho nestes versos incandescentes balindo em reclusão

A noite nos seus espasmos ternos e soturnos agoniza agora
Ante uma madrugada serena exalando esparsos perfumes
Que vagueiam pelo degredo de minh'alma exilada...deflorada
Modulando a orquestra de tantas paixões inquietantes e revigoradas

Por fim retive este pluvioso tempo que chuvisca em torrenciais
Lamentos escorados à beira do simiesco sonho escançado, exíguo
Bebericado com fervor quase mendicante e acirrado saudando a
Roçagante madrugada que expira delapidada, resfolgando...consolidada

Frederico de Castro

Regando o silêncio




Caudalosamente

desprende-se
pelos meus beirados
gota-a-gota
Soa em mim como canção
dolorosa
perfumada de aromas
matinais...as sombras
na manhã nascendo primorosa

E das tuas pálidas nuvens
regas de mansinho
meu sossego vagabundo
aconchegado no colo da noite
onde o céu dorme gemendo
de vida ressuscitando
nesta alma que se debruça
à janela do tempo espreguiçando

Assim aprendi o segredo
no roçar cantado da chuva
qual corriqueiro tédio
num aglomerado de solidões
esquecidas brotando neste
jardim de todos os meus assédios

Assim te consumi em
doces ventanias
que escancararam
um eco reverberando surpreso
no silêncio
onde num aguaceiro
chovendo,
partindo
amando,
....assim me confessei
abandonado
exclamando uma saudade
sem tradução
nas palavras
clamando na chuva que chama
e perfuma a Terra
assaltando à pressa
o que resta da vida
esperando somente... um desejo de
absolvição
num acto derradeiro de
desesperada reconciliação


Frederico de Castro

Intolerável silêncio




para Elis...

Quase intolerável a luz palmilhou a solidão
Que interrogava a madrugada tão vulnerável
Pousou no ronronante recreio do silêncio cada
Vez mais periclitante e inenarrável

Fervilhando nasceu o dia abrindo o almanaque
Da esperança que encaderno nestes versos marinando
Na latejante hora resignada que se esgueira pelos beiços
Do tempo chorando, chorando indecifrável, faminto...insuperável

Satisfeitas ficaram todas as memórias quando crestei
Aquele desejo festivo, fascinação inconformada bordando o leito
De um amor, sempre de atalaia...sempre inflamado

Rara a noite que não escuto aquele silêncio impenetrável
Dançando ao luar num êxtase de recordações tão viciantes
Enleio de toda uma saudade que ficou carente e mais incurável

Frederico de Castro

Refúgio da solidão




Vem agora e somente reencontra-te
no refúgio desta solidão
Inunda minha saudade com palavras
trespassadas de sofreguidão
impressas em todo o silêncio
ecoando de desejo semeados
numa pira ardendo de paixão
Vem e deixemos reservado no tempo
o ardor de cada abraço
o pecado escondido
agachado na esquina de um verso
suado
rangendo na noite onde deposito
no catre da minha solidão
uma multidão de beijos
trajados de odores apaziguados
Vem desdobra-me os lençóis
onde pernoitamos pelo estrado
da vida virtual
divagando com preces transladadas
num poema concebido num suspiro
de amor onde te incubo
tão fatal
Vem amanhece docemente em mim
Incandesce todo o silêncio que brasa
na fogueira das vaidades
Realinha meu horizonte
pra que depois
de veja
toda explícita
entregue aos cuidados dos meus
versos deixados divagar na sensualidade
da manhã despertando qual ópio
diluído nesta droga de tempo
morrendo imune e recostado à
serenidade do vento
Vem e palmilha comigo
o servil estado de ilusão onde
me refugio
Reinventa todo o vocabulário de
palavras corteses
mascadas com alegria no olímpo
dos deuses
Regenera-te estupefacta quando
em euforia quase hipnótica
silencio uma gargalhada passeando
livre no hall de toda esta linguística
renascendo discreta
alojada a ti de forma tão estilística

Frederico de Castro

Olha...são rosas





Nesse jardim plantei um mar de rosas viçando

Depois reguei todas elas com o perfume que roubo
A cada pétala embalsamada e embebida no bálsamo
Da poesia anfitriã do amor que aprimoro a cada verso
Espantando o senil alzheimer do tempo chegando
Chegando litigante e viril

Olha como as rosas nascem assim estonteantes
Compondo e colorindo o puzzle destas palavras pujantes
Aplaudem e eclodem no universo literário onde colecto
Cada letra transbordando a condizer
Redimindo toda a rima que se amontoa no cosmos da
Poesia contagiada de prazer

Deixa que as rosas perfumem o ar que nos alimenta
Roguem à fé toda uma oração descrita na ementa do amor
Suprindo à razão o exercício da mais fiel adoração
Ó Deus meu...seja o temor e a obediência a imagem
Que acalenta minha fé e toda a minha inspiração

Onde pernoitar a mais bela rosa, então bebo-a
Sugando todos os fluídos perfumados do dia vasculhando
Cada odor que exalam assim conclamados, arregaçando as
Mangas do tempo que ressuscita agora fiel e mais apaixonado

Frederico de Castro

Na morada dos meus silêncios...




Na morada dos meus silêncios se embriagam as noites
Esculturadas pela solidão mais instigante
Esfarelam todo sonho carcomido pela ilusão prostrada
Na soleira do tempo expectante e substantivo

Na morada dos meus silêncios concebo todo antídoto
Para as minhas tristezas deixando por envenenar o vulto
Das angustias inquiridoras pernoitando entre o tédio
Quase perfeito destes versos errantes e derradeiros

Na morada dos meus silêncios acudo a esperança
Fervendo entre os seios descalços do teu ser quais contagiáveis
E recriadas preces que decifro de forma tão insaciável

Na morada dos meus silêncios reencontraram-se os meus
Segredos...deixando no degredo da vida um imensurável prazer
Armadilhado nesta parafernália de sonhos que penso satisfazer

Frederico de Castro

Muitos mares por cruzar




Busquei a noite que se pintou da mais
Fiel negrura algemada entre todas as solidões
Espreitando pela fissura do tempo que geme afoito
Na infléxil ilusão desta vida onde impreterivelmente me acoito

Muitos mares deste mundo ainda me restam cruzar
Multiplicando quantas tantas horas perplexas se abeirando
Das margens da minha solidão bem urdida e tão complexa

Do passado inventariei todos os beijos que subsistem no
Palato do tempo alimentando o design das muitas, tantas ilusões
Penduradas no cavalete da memória quase unilateral, tão servil e medieval

Na cachoeira dos dias navego num embebedante e nostálgico
Momento de prazer viral sempre mais nevrálgico, gizando cada
Hora que fenece numa histeria, analógica, ilusionista e insaciável

FC

Astuta solidão




Tatuei em versos minha solidão

astuta

me ludibriando os tons

de alegria que deixei pousar

na anatomia dos silêncios

despindo-se

sob o olhar da tua batuta

  • Ali logo me enamorei

habitando-te sôfrego

bebendo-te à luz ténue dos

azuis celestiais onde finalmente

por ti me encorporei

  • Não mais te ausentes resignada

pois assim não sei como

condimentar minha poesia

introvertida

desfragmentando todas as vigílias

da noite avassaladoramente de desejos

a ti compelida

  • Supre toda a existência por nós

assim partilhada

Aconchega-te aos meus instintos

e decerto nos atreveremos

galgando os

alentos

sedentos

pernoitando nos arruamentos

enfeitados do tempo fechado

no subscrito dos nossos contentamentos

  • Une todas as pedras desta calçada

onde pavimentamos à esquadria

cada beijo proscrito

no enrocamento duma vida

em erosões manuscritas qual

nutriente de amor

transbordando o assoreamento

deste leito onde nos embebedámos

à luz da luz soterrada

na minúscula avenida de cada lamento

infiltrado no declive dos nosso seres

em desesperado acasalamento

Frederico de Castro

Por uma noite...




Tresmalha-se a noite vagando pendurada
Em cada sílaba dos meus lamentos deixando
A luz insustentavelmente plantada na esquina de todas
As escuridões suplicando, encarecidamente requintadas

Por uma noite, a noite desmaiou nos braços meus
Esquadrinhando todo o silêncio atento, profano avassalador
Embriagando-nos de desejos tão levianos domando a feroz
Eloquência destes versos quase exógenos e insanos

À destra do tempo plantei aquelas gargalhadas embrulhadas
A um caudal de ilusões tão diluvianas madurando cada
Palavra que defenestro com crueldade quase tirânica

Imobilizo aquele perfume alimentando em slow motion
O cio que dreno em mil desejos frenéticos deixando a arisca
Noite cabisbaixa, serenamente esplendorosa, tacitamente apoteótica

Frederico de Castro

Yes...




Sim..
Arranhei todo o silêncio trepando pelas paredes
Desta imensa alumbrada solidão
Fechei cada fissura de tantas desilusões pré-fabricadas
Agonizando em digressões factuais nesta hereditária existência
Condenada ao degredo que recrio nas minhas poéticas digressões

Sim...
Definitivamente acordei todos os silêncios deslumbrados
Afagando o corpo do tempo escorrendo pelo tempo
Sem apelo nem agravo...assim desesperadamente castrado

Sim...
Despistei os ventos reverberando pelos quatro cantos
Da Terra, dividindo emoções, desmembrando corações interditos
Remediando todo desejo embebido num sonho por onde parasito

Sim...
Arquitectei a longura da noite húmida vestindo o
Lombo das mesmas estrelas brilhando no parapeito celestial
Luzindo entre os artelhos deste silêncio bamboleando tão sensorial

Sim...
Descalcei as sombras que passarinham chilreando confidenciais
Inaugurando com festivo ímpeto a intrépida palavra cantarolando
Esparramada entre nosso vocabulário apaixonante e crucial

Sim...
Em cada drink poético me embebedei saturado por tantos
Beijos orquestrados, viciantes , veementemente majorados na oficina
Dos desejos onde promulgo para sempre este amor agora tão revigorado

Frederico de Castro

Brisa de Verão




Publiquei na manhã todo o perfumar dos dias

velando teu despertar belo e cheiroso

guardando-te pra mim

viçosa

vestida a rigor no precioso trajar

dos nossos desejos beligerantes

onde te colho qual flor charmosa

e deslumbrante

Estou simplesmente submerso neste

poema onde me disperso todo em ti

sem controvérsias da vida breve

onde tatuo tantas gargalhadas de

euforia me devorando num milésimo

de segundo desabrochando onde louco

eu sei, inspiradíssimo

sem mais opções te flertaria

Povoaste-me o presente com sorrisos

e ovações de saudades

multiplicando toda imaculada serenidade

do tempo que regurgita saciado

por entre aqueles abraços de cumplicidade

e tantos beijos arando os desejos

morrendo numa colheita degustada

com inteira exclusividade

Só eu sei como esta poesia me sacia

infectando cada verso mais volátil

que um súbtil olhar alicia

Só eu sei como inventar-te cada dia

aprendendo as equivalências do amor

expressando cada história contada

auspiciosa e com esplendor

Só eu sei como escoltar-te este silêncio onde

nos desvendamos pra sempre

ancorados ao destino rugindo na frágil

e flébil brisa deste Verão que se escoa

emergindo no púlpito do tempo

pra toda a eternidade

Frederico de Castro

Cidade celestial





Para lá de todas

as fantasias dormitando

entre celestiais coreografias

do tempo

submergem felizes

os ventos gratinando a vida

que brada veemente

em tons e matizes coloridas

de esplendor

consumindo a brevidade

e as longas horas

em que respiro cada revelação

escrita em profecias coloridas

de unanimidade


Eis-me flertando o teu silêncio

Eis-me falsificando o tempo

só pra te ter recôndita

em mim

Eis-me conivente

com tuas inocências

solidário, diligente

exergando-te sem ambiguidades

sucessivamente


Preso à plenitude da manhã

onde dissecamos as saudades

deixadas

tão óbvias,tão cordialmente

Encontrar-nos-emos

em outras cidades celestiais

transformando a morada

dos nossos seres em

engenhosos pilares que

sustentam o amor


Consumaremos as palavras

invisíveis em ecos

penitentes de fé

Satisfaremos cada existência

meditando na solidão

que foge tão inesgotável

num ápice

deixando-nos só um

longínquo e breve adeus

sem domícilio nem remissão


Eis-me aqui

figurante do tempo

neste teatro de vida

onde me exilo ágil

enclausurado no funil

deste destino

desfilando em enredos

tão tácteis


Eis-me aqui

onde habito deportado

rabiscando um verso

devorador,

esculpindo-te desapressado

sem arestas de melancolia

nem a penumbra de um

raio de sol arisco

iluminando esta noite insólita

que morre esquiva

nas prateleiras do tempo

lambendo somente cada desejo

mais intrusivo

galgando-te volátil, ostensivo


Frederico de Castro

Deixa-me ir...






Deixa-me ir

vestir-te a noite

com véus de seda

iluminando teu sono

dormitando à

toca

da eternidade

Deixa-me ir

descrever-te como sorris

unindo os vazios que se

apressam a engolir todos

os silêncios madrugadores

adocicados e tão primaveris

Deixa-me ir

esvaziar o tempo que resta

escorregadio

deixado ali na lápide

da vida onde se enterram

lívidos cânticos dissimulados

evaporando mais uma noite

que se distancia feliz

enamorada nos ventos

com teus perfumes ornamentados

disponíveis e tão sedentos

Deixa-me ir

percorrer todo o infinito

e no fim de todo além

alienar todos os sussurros

quer trazes esteticamente

descritos em teu ser

revelado em versos sinuosos

que a mim se alojam

tão sorrateiramente

Deixa-me ir

espraiar-te meu mar

navegar-te à vista

sempre com marés

ondulantes e impetuosas

Abrigar-me dos temporais

num acto sereno

a ti comuflado

Arribar contigo até

a plenitude das manhãs

se irmanarem em existências

felinas

que se desnudam, vasculhando

minuciosas tuas digitais

tatuando-me assim repentinas

Deixa-me ir...

pintar-te como rima

eculpir-te em monumento

escutar-te com instinto

fintar-te com palavras

hermeticamente transformadas

num canto selecto de açoites

Deixa-me ir

percorrer uma vez mais

todas as avenidas onde

endereçámos os abraços

vagueando no corrocel

dos mesmos costumes

gritando em folia

incrustada neste pensamento

onde de prazer na calada

da noite

te velo, recrio e invento

Deixa-me ir...

Frederico de Castro

Saí por aí...




Saí pra sonhar
e regressei nos teus exclamados
cânticos de vida onde quero
pra sempre me embrenhar
Juntei todas as travessuras
decantadas na bagunça
do tempo enraizado na minúscula
janela de eternidade onde
captei a textura dos sonhos
sem identidade ou estatura

Envolvi palavras dóceis
no mesmo dicionário
onde reescrevo cada instante
de um instante distraído onde
mora nosso destino
visionário e delirante
Saí por aí
elaborando dóceis momentos
tatuados na anatomia do silêncio
embrulhando meus versos
todo amor que se revela
eclipsando desamparados ventos
condimentados com juras eternas
onde a vida finalmente a nós se atrela

Saí deste cenário
tornei-me extinto
reservei na própria existência
uma pacata lembrança
de nós
Afugentei manhãs encarceradas
no meu calendário intemporal
Reafirmei meus passos inseguros
quando abotoei de vez
todas as lembranças
e certezas
inevitavelmente destinatárias
aos mesmos retratos esquecidos
à mesma saudade ajustada e
distraída em brados póstumos
que te deixo d'improviso

Saí por aí
recolhendo teus esmerados enfeites
que desaguam
no rigôr do meu estuário onde
se despenham nossos desejos
nossas tentações
e tantas maquinações arquivadas
no semblante do silêncio fecundo
onde demos à luz
tantas sinuosas palavras
cuidadosamente arrumadas na farpela
do tempo tão vagabundo

Saí por aí
teçendo um vocabulário trajado
de amor e poesia descomedida
adornada com gargalhadas vertiginosas
qual breve assomo delicado
onde cimentamos cada meiga
expressão derradeira
com afectos apetecidos
assim loucamente acometidos

Frederico de Castro

Delicadeza e elegância




Veste-se de elegância
É lesta, subtil e discreta
Tão gentil é seu esvoaçar deixando no
Ar gomos de delicadeza e fragância a retocar

Sussurram brisas arquitectadas
No tear dos meus silêncios
Pincelam as calmarias aninhadas
Entre os quadris do tempo bem agasalhado

Sem sustentação o silêncio orquestra toda
Aquela solidão heterónima alimentando a
Letargia da noite que chega flagelada e anónima

Na quietude da madrugada sorri a saudade
Alojada em tantas memórias...arrimo da minha fé
Jorrando agradecida rotulada numa oração assim abençoada

Frederico de Castro

Nos claustros do tempo




Impassível ficou o silêncio
Quase que propositadamente
Desertou e flagelou a solidão assim eficazmente

Aconchego tua sombra pois que a noite
No seu covil colecta toda a luz trazida
No cargueiro do tempo que chega depois ressarcido

Nas docas da minha solidão aportam navios de
Saudades imensas alimentando os fiordes da memória
Onde aplaco cada lamento inamovível...quase claustral

Súbita chega a noite atapetando o marmóreo silêncio
Onde incólume pousa uma lágrima solitária obturando
Pra sempre aquela hora fulcral uivando autoritária

Frederico de Castro

Ponto de fuga




Escondi-me num silêncio revelador e acutilante
Recolhendo da madrugada toda a luz imersa
Nesta catarse de desejos inebriantes

E assim brota a esperança suspensa num cardume
De ilusões tão gratificantes, sorvendo cada gota desta
Saudade urgente, refinada...ofegante

Deixo por momentos a semi-recta da solidão colidir com
A bissectriz de um sonho geometricamente desenhado entre
Nosso ponto de fuga e a raiz quadrada deste verso bem alinhado

E no vício da escrita me embrenho pois necessito desta lógica
Sistemática derivando em cada estrofe qual axioma aritmético
Multiplicação de tão óbvias palavras numa rima dedutiva e hipotética

Quão genéticos se tornaram os sonhos nesta engenharia poética
Dando à luz o software de paixões alegóricas complementando este
Teorema de amor esquemático, proporcional...apologético

De cálculo em cálculo divido a asserção deste sistema operativo executando
A linguagem universal colhida e armazenada na interface da vida
Preciso desktop onde cogito cada rima frenética, explícita... tão atrevida

Em algoritmos codifico o quociente do silêncio que se aloja na drive
Da minha memória interna...alimentando aquele gigabyte de amor que o
Amor arquiva, computa e sempre quando quer...acessa e loucamente nos disputa


Frederico de Castro

Baú das memórias




Ali ao lado
juntinho a uma página escrita
em branco
mora o tempo insuflado em memórias
que a saudade descobriu no baú
da vida tão migratória

Ali a o lado
cruzam-se os jogos de palavras
martelando estes versos devagarinho
empihando-os no silêncio
que descamba
quase num chorinho

Ali ao lado
vi sucumbir a primavera
pela ponta do tempo
gemendo ao relento da noite
onde desabrocham
um poema
uma confissão
tantos beijos
perfumados de alfazema

Ali ao lado
no baú das memórias
assumo o trono
desta poesia alcatifada
ao cetro soberano
onde elejo a adulante luz
que mergulha feliz
num manto real suserano

Ali ao lado
rebelo-me todo
tatuando um hieróglifo
de emoções plenas
divertindo a arquitectura
das palavras arremetidas
sem faixa etária
nem insígneas que o silêncio
acomodou
neste hospício do tempo
que o tempo em pinceladas
de desejos pra sempre
teu retrato emoldurou


Frederico de Castro


A mímica dos silêncios




Qualquer singelo momento

Emana da grandeza de um gesto
Mais que palavras
Falar, expressar
Deixar-se comover na
Virtude ou na mimica
Do que assim manifesto

Nem contesto sequer
O gesto
A conversa no silêncio
Os sorrisos que empresto
Basta só
A delicadeza nesse jeito
De olhar que te não
É molesto

Partir depois
Assim discretamente
Num aceno final
Sem palavras
Proferindo tua imagem
Que guardo absolutamente

Ficou solitária a canção
Das minhas fadigas
Confundidas entre vozes
Que se debruçam na varanda
Do tempo vadiando pelos
Ritmos desta vida
Subitamente o amor
Num gesto conciliando

Valem mais que mil palavras
Um gesto que alimente
O perfil deste silêncio
Um verso
Um recado, um eco sem demora
O adeus tecido no áspero
Momento de uma hora em fuga
Com a conivência de uma
Gargalhada tão sedutora
Somente um gesto e tua lágrima enxuga

Frederico de Castro

Clausura no tempo





Derrubo as grades do meu silêncio
Deixo a prisão do tempo acorrentado à
Muda e queda solidão quase requintada

Em clausura pernoitam as madrugadas
Alimentando o degredo de cada lamento
Onde se acoitam as palavras mais apoquentadas

Ficou condenado todo o meu silêncio limando
As arestas de toda a solidão ardilosa bem condimentada
Rendida agora ao sabor desta ilusão vagabunda e assustada

Embalo o catre inerte e vazio onde repousa uma oração
Suplicante, desabotoando minha fé sempre abnegada
Temperamental, incessante...aconchegada

Na cela dos meus isolamentos sucumbe pujante
Esta solitária ilusão quase insinuante deixando como
Arguido aquele silêncio que pressinto num eco tão possante

Escancara-se a liberdade desalgemando a alma de uma
Escravidão tão excitante tão indulgente, regando aquela afável
Serventia de prazeres condenados ao amor, ávido, esfomeado...inescusável

Os sonhos algemados no cárcere da perpétua solidão alimentam o ergástulo
Silêncio onde pernoito na inópia penitenciária das ilusões forasteiras, janela
Por onde defenestro deste cativeiro cada verso mais aventureiro

Frederico de Castro

Simples nuances





Tudo que resta neste sonho
aconchegou-se à nesga de fé
que pousa enfeitando o absorto
gargalhar dos dias
onde invento
um tempo só pra mim
peço uma eternidade para dois
um cálice de novas chances
para tantos
louca voragem ou nuance
gesto infindo repleto num sorriso
com direito reservado nesse romance

Tudo o que resta são simples impressões
Iluminando a existência perene
embebedando a fluorescência dos
nossos subtis silêncios...quase infâmes
numa procura de paisagens mágicas
desatando as aragens que penteiam teu
ser em cada hora amiúdadamente nostálgica

O que resta são destinos planeados
a vida renascendo ansiosa
no corolário do tempo
quase refém e despojado
e por nós desesperadamente velado

Fiz-te hoje minha tatuagem singular
desenhei nossas convicções vitoriosas,
instantâneas qual prémio perpetuado
no auge do amor despertando louco
e fanaticamente dissimulado

O que resta fica reservado
no corpo em êxtase
decora as metástases dos sentidos
as perífrases dos despertares inesquecíveis
acorrentados a esta luz da vida
iluminando obstinada estes versos dissertando
entre prerrogativas e sintaxes
quase imperceptíveis

São simples impressões que justificam
nobres desejos
Brilham nos meus hemisférios de loucura
entre coligações assombrosas de beijos
e sorrisos que nutrimos
ao conjugar cada verbo no pretérito
mais que perfeito

São lágrimas que já nem choro
brotam simplesmente para suavizar
a enfâse de outras dores comemorativas
deixando morrer nossas saudades
desertificando o tempo de
tantas esperanças imperativas

São sombras deambulando vadias
migrando neste tempo que foge
devastador
Emoções vagabundas alimentando
a placenta das saudades
São ígneas chamas sustentadas
numa canção que aquieta e desmaia
suspirando nesta fé celebrada
onde se esboça a vida agora fecundada

É toda a morosidade da alegria pulsando
num esplêndido momento inspirado
onde despertámos emancipados
qual acto de amor
acometido sem profanos perdões
apenas e inesperadamente comprometidos
entre o interlúdio de uma oração paliativa
e a trilha sonora das minhas solidões
graciosamente introspectivas

Frederico de Castro

Como uma onda...




Renova o dia sua face desmascarando
O rochedo estampado no ancapelado mar
Embalando com elegância o vento repleto
de uma beleza encurralada na madrugada
que desponta com tamanha exuberância

Como uma onda na manhã reverbera o dia
Sustentando a luz claudicando na sombra
Passageira esquadrinhando o tempo atento
À insónia que ciranda nesta solidão derradeira

Acerto os ponteiros ao tempo e deixo cada
Hora seguinte imergir na enchente dos meus
Sonhos litigantes e cheios de requintes
Estreitando um abraço reincidente e ofegante

As lembranças de ontem sei-as de antemão
Desordenadas ficaram todas em contramão
Que desilusão esta a minha colhendo cada
Lamento orquestrado com timbres de uma canção
Selecta extravagante ...em prostração

Deixo a alma deslizar neste rodopio quase
Vertiginoso da vida
Calço o caminho penitente afecto a esta
Existência embriagante, renitente manuseada
Com exagero ansiando-a até com tamanho esmero

Esguios chegam nossos sonhos rugindo aos pés
Da manhã
Virão quase desmoronando, unindo as asas a cada
Silêncio esvoaçante surpreendendo o lúdico olhar
Onde planto o miosótis dos amores pujantes
Respirando o subtil perfume que sangra
Nesse jardim onde te revelas deslumbrante

Frederico de Castro

Lágrimas do mar





Abre-me todas as janelas
sobre o teu mar
onde caibam somente as
lágrimas em deriva
repentinamente
em teu seio mergulhar
Naveguem todos os barcos
por teu mar
onde a foz se embebeda
de amores
por amanheceres casta
do tamanho de todos os oceanos
só pra mim
oh tu que ladrilhas
o silêncio dos meus beijos
afogados em lágrimas
de tanto mar
Vou a cada anoitecer
contornar-te as margens
preenchendo os vácuos
de solidão que fervilham
entre suspiros semeados
nos ventos que albergam
cada sonho desfiando
neste meu pulsátil coração
descarrilando em ondas de temperança
e louca conflagração
Deixo que os aromas
primaveris sepultem toda
a nascente onde jorra o tempo
costurado em naperons de palavras
póstumas e refinadas de meresias
Na longitude mais além
quando te contemplo pelo vértice
de tempo
sei onde me embriagar com
cada milagre de vida neste aguaceiro
onde bebo todo o oceano
e emolduro teu retrato despindo-se
em torrentes de amor numa procissão
exuberante
e depois lapido cada labareda
do teu ser
que desejo delirante
Frederico de Castro

O breu da escuridão




Fui um eco avulso, sem indulto morando junto
Ao pecado reduzido a cinzas e pó...sepultado ao
Lado da solidão recheada de tenazes versos em reclusão

Fui silêncio em dia de festa engolindo cada lamento mudo
Tamborilando entre vigorosos fragmentos de um sisudo sorriso
Aconchegado à felpuda noite fenecendo sem mais constrangimentos

Fui escuridão nesta noite de um breu quase incalculável
Desabando em mim toda a luz malabarista e imolável
Argamassa dos meus versos perdidos numa hora lentamente maculável

Fui geometria da tua aritmética precisa e sistemática vasculhando
Cada semi-recta onde pernoitámos embrulhados num desejo incansável
Esquadria para tantos beijos multiplicados com um sabor quase inquestionável

Frederico de Castro

Dançando à chuva




Chove a noite
Em pingos de solidão
Soltam-se ventanias
Em nuvens repentinas
Trajadas de preces
Perfumadas de gratidão

Dançam os ventos
Pálidos minuciosos
Serpenteando o pacificado
Balé onde te contemplo
Em cada salpico deste
Aguaceiro tão delicado

Frederico de Castro

Clandestino



Ensaiei tua existência num
Inexplicável verso
Reflectido em cada cor do silêncio
Aconchegado
Suspirando pelos beijos
Que antevejo a todo o momento
Empolgado

E em cada momento
Fito todo o tempo
Onde te celebro inteira
Festiva e gentil
Cintilando pródiga
Na escorreita madrugada
Tropeçando em cada gomo de luz
Que um desejo enorme assim instiga
Na solene manhã apaziguadora
Onde por fim minh'alma se abriga

Foram momentos
E poemas construídos
Em cascatas de palavras
Fluorescendo no roda viva
Do tempo onde estendi o avental
Dos teus braços
Asfaltando nosso destino
Calcorreando as vielas do tempo
Que se espraia clandestino em
Todos os silêncios que deixámos
Numa imensidão de estilhaços e beijos
Onde reivindico o plangido
Olhar dos teus gracejos famintos

Frederico de Castro

Almost Blue - a Chet Baker





Quase azul
Reescrevo no pedestal dos céus
Toda a infinita
E insinuante harmonia
Onde pernoito e me apascento
Nos ritmos da tua
Irrecusável guarida


Frederico de Castro

Geometria da beleza





Assim se desenha um sorriso
Mesmo que imaginário
Ele está ali à mão
Tatuado com lápis
Na geometria da emoção
Assim se pinta a beleza
Com traços de tanta envidência
Onde mora a arte
Que esta folha de papel
Tentadoramente reverência


Frederico de Castro

Deixa-me ir...




Deixa-me ir

pois partirei sem mediatismos

Quase anónimo

deixando-te à mercê das saudades

há tanto tempo telepáticas

Sem pseudónimo

Apenas nós algemados à osmose

destes versos meus tão excêntricos

e inflamados

Deixa-me ir

sem mais remexer o lamento

que se esgueira mediático

Enfeitar outras tristezas

engolidas no ventre do tempo

autografando infinitas sombras

deslizando no rodapé do silêncio

num Big-Bang quase galático

Deixa-me ir

içar tuas velas

navegar em cada sorriso que

trazes nos olhos

Estilhaçar os silêncios por

onde cantarolei meus versos

agonizando no flagelo da noite

amanhecendo em cada heterónimo

eco aflito da alma

que mais não ouço...pois

clama surda engolindo o silêncio

que meus versos difama

Deixa-me ir

disfarçado no tempo

fotografando os diaporamas

das alegrias e tristezas

experimentando o fel de

um adeus enlutado

e sem mais subtilezas

Deixa-me ir

navegar no marasmo da noite

Abandonar as palavras

indesejadas...ondulando

até remendar a luz que

irrompe na cegueira do tempo

enquanto a noite desafia

a impaciente hora onde afloram

as lágrimas das nossas imensas

saudades...e que saudades !

Deixa-me ir

cumprir a efeméride destes versos

seduzidos

na virtualidade do tempo

Revolver este impaciente desejo

anestesiado pela anatomia

das memórias compiladas na

casualidade de um beijo

aliciante,insolente, veemente

Deixa-me ir

aromatizar a elegância

do teu sorriso

Vestir-te de jasmim

onde um eco se desnuda escandaloso

e os perfumes espelham a sedução

e os desejos deliciando-se fabulosos

Deixa-me ir

num átimo...

feliz, efémero

exímio, num ápice

saltando os destinos

mordiscando o glossário

do tempo peregrino

entrelaçados ao colo dos

desejos tiranos onde aferimos

um sonho sucumbindo

eternamente homónimo e legítimo


Frederico de Castro

Às Vezes, alguém...




Às vezes... alguém

insurge-se entre nós

e a ténue nesga de tempo

feito cântico de alvorada

se reerguendo de enxurrada

Desperta vivificando

todos os sorrisos, curaticos

fluindo em cada migalha

eufórica de vida espairecendo

em nós, feliz....dissimulada

Às vezes...alguém

madruga connosco

ficando à mercê dos véus

da luz casta

passarinhando a vasta

faúlha do tempo onde

nos embrenhamos cuidadosamente

Às vezes...alguém

desabrocha em nós impetuosamente

mesclando todas as emoções

que sustentam o marulhar da vida

renascida milagrosamente

Às vezes...alguém

ascende à essência que

se dilui em nós

perfumando toda a identidade

onde tatuamos

alucinados cânticos de amor

trajados de cordialidade

Às vezes...alguém

atravessa nosso caminho

perscruta cada revelador

véu da noite

Deixando cavalgar

sem mais rédeas a pluma

do tempo onde selamos

com afagos

o silêncio rigoroso das manhãs

penetrando em cada eco

malandro

insólito

onde satisfeito me embriago

Às vezes...alguém

fecha as pálpebras à luz

inebriante, trancada

em nossas entranhas

Passeia todo o ser mártir

dopando até os dias

mais nostálgicos

onde espelhamos quase

em uníssono toda a flébil

palavra orbitando o olímpo

dos desejos insaciavelmente fantásticos

Frederico de Castro

내안의 작은 숲 - Um bosque dentro de mim




- Deixo que os aromas

primaveris sepultem toda

a nascente onde jorra a luz

costurada em naperons de palavras

póstumas e refinadas de tempo

ainda imaturo

onde me embrenho em tuas

loucas e indecifráveis

aventuras

de um dia que agora

fenece...espantado... prematuro


Frederico de Castro

De corpo e alma





Nem procuro mais

o que não existe

É tempo de dar sossego

aos meus cansaços

É tempo de adiar todas

as depressões

recorrer e devorar

todos os maus pressentimentos

algemados em famintos corações


É hora de aceder aos ponteiros

da vida e rever no tempo

todas as intocáveis saudades

Renascer em cada

momento perdido

na esteira dos nossos

lamentos

Iluminar nossas existências

com gargalhadas e saudações

arrancadas às memórias do poeta

alinhando-se vertiginosamente

em inusitadas e breves palavras

que teus lábios sossegadamente

um beijo por fim desperta


Como tudo é inverossímel

faz-se do silêncio um festim

de paixões impossíveis

Acorrenta-se a luz do dia

e oferta-se às noites nossos

sonhos

o corpo e a alma

a espera do nada

quando os instintos exultam

fulgurantes

e os afectos ainda ígneos

em delírios nos incendeiam flamejantes


Hoje nossas monotonias

soltaram-se na arte e no rigor de todas

as apetecíveis ousadias

consumindo-se em encantos esculpidos

num punhado de versos alastrando

até ao morrer de cada hora tardia


Frederico de Castro

Púlpito da eternidade




Aguarela celeste

te contemplo colorindo

este jardim

plantado nos lírios dos

teus olhos

Os campos trigados repousam

na planície dos meus silêncios

enquanto colhes as espigas

de esperança cevando na efeméride

de tempo com arte e meiguice

onde teu colorido ser

em vigilia todo o amor bendiga

Deixo a soleira onde perpetuo

minhas solidões

camuflando-me na noite

onde digito palavras saturadas

de tristeza

Imagino cada quadrado

desta hipotenusa rigorosa

entreaberta na álgebra

concisa dos nossos matemáticos

cenários

absolutamente profiláticos

Faço-te maremoto num

pleno êxtase

afogando todas as

ausências desaguando

no púlpito da eternidade

rendida ao poisar súbtil

do teu ser esvoaçando

nos ventos da alvorada

onde me alojo em cada alameda

do tempo espreguiçando-se

em cascatas de criatividade

Frederico de Castro

Em tons de azul






Entre espantados céus azuis

caminha toda essência límpida

do tempo frágil

onde se entreabem

gotas de luar

adocicando as paisagens

onde apascento o infinito

ser dançando em tons de vida

amanhecendo

rigorosos,virtuais...


Frederico de Castro (para o André Mingas...sempre)

Presídio de mim







Recordo tudo com a memória

vinculada em mim

Engaveto saudades em prateleiras

disponíveis no passar dos tempos

Faculto à liberdade todas as

algemas onde imponho

cada presídio cativo dentro de mim

Deixo pra outros uma

parcela de futuro

onde não cabe mais

a centelha de tempo passado

enterrado...prematuro

Deixo-me saborear em cada maré

sorvendo a maresia

renascida no invólucro do tempo

apressadamente renovado

desbravando cada madrugada

ao teu jeito... nesse vai e vem

cavalgando nos acordes do destino

que tão aconchegado a mim

acalenta e anestesia

Escuto nos ventos

outras badaladas em

cada hora onde vago

esmaeço felizes e irrequietas

memórias

deixadas na colecção dos

murmúrios virtualmente

escritos em cada inescrutável

momento da história

Fugi pra sempre

e nem endereço te deixo

sei somente onde plantar

cada detalhe inesperadamente

tatuado na doçura de um sorrido

tão crucial...tão tacitamente

Perpetuamos instantes

deixando nossas indumentárias

vaporizar-se furtivas

rasgando a noite

com céus adornados de desejos

simétricos, intuitivos

conspirando por entre sombras

desta vida se escapulindo

em versos renovados na amalgama

de tantos abraços que deixei

expontâneamente quase,

quase de improviso


Frederico de Castro

Luzeiro dos silêncios





Confiro a luz que trazes

nos olhos

grávida de esperança

Abasteço a noite com o luzeiro

nocturno

iluminando-te até que

o rasto do teu ser

se extinga soturno

  • Deste-me a eloquência num raio

travesso de luz embebida

em lamparinas de prazer

incendiando as noites galopantes

passando errantes entre

as tendas anónimas onde

pernoitamos inebriantes

  • Cumprimos a tradição

marchando no riso que

iluminará os faróis espelhando

nossos passos viandantes

Revelaste-me o perdão

num relampâgo de prazer

redundante

percorrendo as tempestades

brejeiras ornamentadas

numa delicia nocturna

quase asfixiante

  • É tempo de apagar as luzes

Parar o tempo numa meta

vitoriosa e sem atenuantes

onde nos embrenhamos empolgantes

caçando todas as réstias de luz

dormitando ao colo

dos silêncios tão estonteantes


Frederico de Castro

Musicanto





Na pura plumagem do dia
aguardam pelo voo imóvel
dos silêncios
o canto das aves
sossegando o rumor
dos timbres silvestres
poisando na calmaria
do tempo que paira
acariciando a luz
despertando em romaria

Frederico de Castro

Goteiras de alegria





Em gargalhadas soltas
compartilha a chuva
O perfume do dia
Despe-se esguia
em goteiras
de alegria
por tantos sorrisos
desaguando em
vendavais de euforia

Frederico de Castro

Subtil elegância




Atrevida
Espreguiça-te
Enfeita-te com vestes
Colhidas de gentileza
Celebra-te com arte
e Delicadeza
Escancara-te vestindo
Com delírios teu voar
silenciando a noite
triunfante derradeira

Frederico de Castro

A esfinge da solidão




O silêncio pode até esconder sua luz invisível
Seus medos, seus ecos, inertes nos braços da escuridão,
Mas nunca decerto, uma palavra impassível que defenestro em
Cada detalhe que suspira entre tantas cumplicidades imprevisíveis

Atravesso agora o tempo mascarando a madrugada
Qual esfinge desta solidão compilada naquele rendilhado
Momento indivisível e retalhado embebedando cada sílaba
Destes versos que se quedam impassíveis e bem alinhados

Resfolega a noite deixando em farrapos nossos desejos
Satisfeitos e mais acarinhados, desembrulhando aquele beijo
Feliz, pasmo soterrado numa ilusão convidativa, aliciante...estralhaçada

Encaro agora o novo dia renascendo recatado pincelando
Os cílios dos teus olhos onde adormeço quase atordoado pelo
Perfume tecido em cada meigo lamento jejuando abençoado

Frederico de Castro

Longe da vista...






Somente existe um vazio
quando deixamos de preencher
todo breve instante
que espreita
à coca dos nossos seres
apressando-se iminentes
rumo a cada enamorado
tempo atrevido
onde nos vinculamos vagabundeando
à mercê da vida tão apetecida
e reconfortante
Somente existe um poema
quando remexo todo meu
léxico expectante por
novas palavras exultantes
encorajando nossas melancolias
quase inquietantes
rimando em ardentes versos corteses
exuberantes
Longe da vista
somente aplaco todas as iras
do mundo
quando compreendo por fim
como explanar em oração
toda a fé que aperto de esperança
em minhas mãos
Longe da vista
revelo no tempo poético
toda a sentença de vida
que jaz em subtis
gomos de sedutora atracção
Longe da vista
nos mesmos rumores e provérbios
que sustentam o naipe de horas
adormecidas em mim
te deixo só o conforto
em cada minuto de paz
onde mergulhamos
pra sempre todas as conflagrações
deixadas no fóssil dos tempos
Longe da vista
concluo um pacto com minha poesia
bebendo em cada breve silêncio
as cogitações do tempo
contemplando com afabilidade
nossas felizes
e fulgurantes comemorações
sossegando na súbita hora
o amor rugindo em alucinações

Frederico de Castro

Cidade Luz





Sinuosas sombras

pernoitam por entre elegantes

passos colorindo o Cartier Latin

onde perambulam coniventes melodias

quase delinquentes e tão apaixonantes


- Suavizo a luz inerte

que embebeda todo o ser em comoção

confeccionando a linguagem bravia

que brota fluorescente de emoção


- Foi-se a luz da luz

apascentando caminhos de escuridão

Foi-se o tempo

e nem deixou pra adoção

os ecos da noite consumindo

o brilho impalpável e caloroso que some

em tuas mãos


- Sumiram nos ventos como grãos de amor

semeados na eira dos tempos

como todo apetecível abraço

fundido num imaginário silêncio

que desbravo entre esboços

e rascunhos que refaço


- Não mais o sossego breve

me desampare

nem o escrutínio deste verso

me enclausure em toda a expontânea

brisa que a luz da manhã

em fragmentos de criatividade

faminta de cordialidade

chilreando delicada

nos inebrie e ampare


- Apenas mais um pouco

e deixarei rejubilar o sol

que teu olhar perfumou

Deixarei metódicamente

em cada redimida inspiração

versos sublimes e expectantes

na efeméride de tempo que jorra

infiltrando-me desesperado

em conspiração

Ilumine-se tua IGUALDADE, Paris

Transfiguremos toda a LIBERDADE

Eternizando com cânticos geniais

tua imensa FRATERNIDADE

FC - a Paris com amor...

Prelúdio de Verão




Teus olhos são o prelúdio do meu Verão

alegria distinta

prematura...em colisão

Silêncios que tanto almejo

desabrochando na velatura do tempo

colorindo os tons da vida despertando

em prefusão



Calei-me só pra escutar as entoações

vindas no bate-bate coração

Degustei sabores e lamentações

embebidas na vulgaridade da vida

Proliferei pele manhã ardilosa

ostentando o perfume que roubas

à minha nebulosa fugindo na

fresta do tempo

sem meios vocabulários

apenas e só

assim tão minuciosa

emboscada num único murmúrio

tremendamente graciosa



Foi o prelúdio do amor

a resposta a todas as ânsias

que me inflingiste

A insanidade que emerge

a nós tão conivente

sinuosa

airosa e de tantos, tantos

desejos aqui e acolá

sem excepção um dia me cingiste



Deixo na hereditariedade dos pensamentos

apenas este poema bailando no teu semblante

sem discrepâncias ou interpretações dormitando

numa gargalhada assim tão petulante

porque a vida essa

frenéticos de alegria comemoramos

no prelúdio do tempo onde sem mais táticas

eternamente nos aventuramos



Frederico de Castro

Sombras manietadas





Soltam-se as sombras

no lajedo do tempo que

foge amedrontado

Reergue-se porém

delicado

o gomo de luz

clareando os sótãos na noite

reflectindo o vulto

solitário onde brilham

todos os meus irrequietos

silêncios manietados

Frederico de Castro

A sístole do silêncio




O porteiro da noite escancarou
o silêncio nascido na vagem
do tempo bravio
desventrando o dia que pousa
ao colo do teu semblante predador
qual beijo que desperta alucinante
e intimidador

Foi benigna tão farta excitação
quando destranquei a loucura
onde me embebedei de paixão
Converti milímetro a milímetro
este momento numa pílula
de felicidade colorindo a dor
que descalço momentaneamente
assim
tu envergues minha solidão
anexada, tranquila
entre dois gomos de poesia
desordenada em verberação

Viver com a meta
já ali neste destino equivocado
é aclamar à marcha do tempo
onde filtramos palavras
movediças carregando no ventre o
infinito poema transitando
nas avenidas do tempo
tão esquecediças

Andará bramindo
a existência latindo em nós
descontente
aconchegando-me ao espiral
de silêncios onde premedito
a vida batendo em sístoles
tão latentes
esvaziando o átrio deste coração
onde me enfarto com diástoles
tão persistentes

Vivo desta contemplação
quase eterna deixando fibrilhar todo
este agitado poema em constante
arritmia e apelação
alimentando o habitat da razão
onde nossas gargalhadas celebram
o milagre que acontece num coração
que festeja cada desejo ventrículado
na aorta dos meus silêncios
em constante desfribilação


Frederico de Castro

No teu palco






No elenco do tempo
saudamos cada recital de palavras
eloquentes
Decifrámos os ritos
de todas as paixões impetuosas
e convergentes
Recompensámos cada cena
neste palco sem artifícios
onde criamos vida
alegrando a plateia
com teus olhares complacentes
no equinócio de um cio reíncidente
Preenchemos universos
de poesia
transbordando na impaciente
manhã que regurgita
em presságios de amor
que interpreto quase em heresia
Gratificámos com aplausos
todo fecundo cenário
onde se arquitectam
reveladoras emoções
fechando as cortinas
no palco de todas as insurreições
No silêncio da vida

onde agora trajo com amor

as palavras meigas
desabito meus cantos
suspirando por tuas loucuras
bailando na expectativa
de tantas inebriantes travessuras
O tempo promulga cada existência
impregnando minha escrivaninha
com apalavrados cânticos
perambulando pelos
bastidores dos teus insinuantes
gestos semânticos
Emprestemos à coreografia
da vida
todos os sorrisos trilhados
no roteiro de cada cena
galgando meu vocabulário
intimista
embebedando estrofes
tão malabaristas
Vou deixar somente
que os ecos infusos aplaquem
o romântismo travesso
saltitando em cada métrica
aclopada a nós de ilusões
colorindo com requinte
estes versos meus
fecundando mil sombras
se imolando no anfiteatro
das nossas paixões

Frederico de Castro

Daqui me vou...




Invadem-me todos os desassossegos famintos
Rodeiam-se de emoções quase displicentes
Iluminam a purpurina manhã saboreando a solidão
Que tropeça nos atalhos de uma ilusão tão diligente

Então daqui me vou até mais além para desencravar
Este silêncio que pulula na orquestra dos desejos
Mais harmónicos, deixando mil decibéis loucos a devanear
Num estereofónico prazer reverberando sem pestanejar

Agitam-se os ventos na madrugada tão estabilizada
Produzindo puros perfumes que se propagam em longos
E acarinhados desabafos quase marginalizados

Vestiu-se a manhã com tantos afagos bem abalizados
Esbatendo as distâncias entre beijos e abraços que ficaram
Geograficamente topografados numa solidão tão vulgarizada

Frederico de Castro

Mirada


No brilho da noite


Emolduram-se estrelas

Pela mirada do tempo

Onde escrutino o puro

Sorriso que trazes rasgando

Os olhos da vida

Sorrateiramente me devorando

Frederico de Castro

Prece comemorativa





Esculpirei mais letras

desta poesia

conciliada em preces

comemorativas de vida

Entoarei melodias sopradas

por palavras surradas e

divertidas

nos embebedando em atos

de amor se desvendando

na pausa da manhã nascendo

de fé tão convertida

Sou capaz até

de conspirar contra a inevitabilidade

de um desencontro

mas revelarei

se quiseres

onde deixámos enlaçados

tantos abraços

tantos queixumes escorrendo

de mansinho nesta impaciência

que espera a cada momento

novo

o reencontro definitivo,emotivo

como antes

num dia cheio de canções

vestidas de improviso

num beijo cantado de excitações

Se ficares por aí

aqui estarei

despertando teus silêncios

que me ferem a calmaria

consumida pelas insónias

exibidas em fragmentos

cinematográficos

onde me rendo incondicional

à subtileza instintiva dos teus beijos

embriagando minha narrativa

persuasiva...tridimensional

Foi-se a noite

encrespando cada elegante manhã

que se perde neste Março

retocado de sedativos

onde morre tua ausência

repetitiva

só esperando minha serventia

por um minuto de eternidade

ou quem sabe

prorrogada mais além

onde mora só mesmo a saudade

Frederico de Castro

Carícias perdulárias




Sentindo a macieza de todas as fragrâncias
O tempo jardinou este cantinho solitário com mil
Coloridas ilusões jactantes, seduzidas...solidárias

Na imensuralidade do silêncio pernoita a vida
Embriagada...quase mercenária, deixando que a
Solidão afague uma brisa vaidosa, eterna...tão utilitária

Melindrada a madrugada renasce exalando da lua
Seus gomos de luz imarcescível até que a noite
Reconciliada pouse entre sombras etéreas e usurárias

Assim nostálgica e inebriante desabrocha uma hora
Ferida e temporária mirrando depois entre aveludadas
Caricias que deixámos a praguejar tão perdulárias

Frederico de Castro

Infinito tudo






Quando foi que trocámos

nossas confidencias

mastigando doces palavras

salteadas em gomos de poesia

sem mais rompermos o amor

com outras divergências


Quando foi que depositámos

neste infinito tudo

as sombras carentes

permanecendo só em nossos

entes irreverentes uma pluma

de poesia silenciando a soleira

de nossas almas dirimindo toda

a sentença de vida que jaz dispersa

entre todos os Universos que se apressam

em fugas por mim explodindo

perante o olhar de toda a eternidade

que todas as fés do mundo professam


Quando foi que nos deixámos

abraçar naquela noite

onde convergiam unânimes

todos os ensinamentos embalados

numa oração perfumada

por mil felizes e alucinantes existências


Quando foi que o mundo cegou

o tempo parou

o rumo mudou

a liberdade sobreviveu

neste pensamento veloz

que sôfrego invento


Quando foi...nosso infinito tudo

deixado neste momento de tempo

imortalizado em cada milímetro de esperança

colorindo cada hora deste imenso

sedento e feliz comprometimento

Quando foi...?


Frederico de Castro

Aparências





À dor neguei tua partida

quando partiste

e eu

sem esperança

ao tempo estanquei qualquer

queixume por te ter

na minha ausência

quando despertámos mais confidentes

aposentando qualquer felicidade

baralhada pelo destino

inevitável,fugaz

camuflado de tanta criatividade

Darei o mote aos versos

acasalados na madrugada onde noivámos

nossas lendas longínquas

esculpidas à proa dos ventos

Urdirei nas palavras alheias

tuas aparências magnificas

coincidentes

reservadas só pra mim na ode

lírica onde musicámos a vida

tão complacentes


Frederico de Castro

Anatomia da solidão






Tatuei no tempo
todas as marcas onde
desenhei um momento
seguinte
disperso no passado
circunstancial ao lugar
imergindo flagrante em todas
as marés onde ocorro
pra tuas lágrimas enxugar
Rebusquei nos austeros dias
um momento de inspiração
onde me refaço a cada alvorecer
promulgando cantos de liberdade
onde por fim me ausento e embebedo
até a saudade se calar
inteira
prostrada
Em actos condimentados
de poesia em celebração
sei que valeu a pena
quando invadi tuas
existências ancoradas
a estas latejantes palavras
assomando até ao altar
dos céus mais longínquos
enfeitando-nos o tempo
que nos separa contíguo
ao preciso momento onde nos
instigamos ao amor proliferando
assim tão exíguo
Pelos sulcos desta vida
feita de despedidas
acendo todas as lamparinas
da esperança que nas
veias reacende e guia
cada chama que restou em nós
cada eco aludido em vão
ou breve rumor acometido
e visionado no instante
que se apressa em celebração
Assim me abrigo nos teus
prantos
e depois mergulho em todos
os silêncios exactos
patrocinando a esta simples
página de vida
todo o desbravar dos teus horizontes
onde lavro a anatomia da solidão
Por fim até o céu se embeleza sublime

na expectativa mensageira dos ventos

onde mesclamos os tempos

ali vagando unânimes

alimentando a gratidão

e as sílabas em delícias subtilmente

ancoradas no calendário da nossa

exacta monotonia

vestida a rigôr

monitorando o tempo e cada espera

que desespera em sincronia

Frederico de Castro

Anexo da memória




É tempo de converter as recordações

Deixadas no recôndito da alma
Suprir à fé, esperança
À oração mais confiança
Ao pensamento uma filosofia de perseverança

Vamos de vez estacionar nossas lembranças
Naquele carrocel da vida onde floriam nossas
Semelhanças, mesmo deixando no tempo
Beijos inacabados e memórias vadiando
No tempo sustentando-nos apaixonados

É hora de anexar às lembranças aquele
Rascunho de vida escondida atrás de um
Abraço decorado com perfumes rastejando
No perímetro do teu ser, onde me aprisiono no
Ópio do silêncio e em uníssono me emociono

Vamos pintar todas as recordações
Que a existência em sigilo nos deixou
Trocar os gestos excêntricos e embriagados
Que o tempo agora esterilizou

Com agilidade temperemos nossas utopias
Deixando o amor anexo a este poema medrando ileso
Até rasgar a noite que a noite debruada num sonho ostentou
Celebrizando todo segredo deste destino velado
Que só o tempo a seu tempo outras memórias coagulou

Frederico de Castro

Da noite...ao silêncio




És o sonho atiçado
onde me aqueço
num fogo aconchegante
abrasado
És o tempo que se esvai
qual carrasco pelos ventos
andante
num altar dos meus prantos
dilacerado
Desta noite que se espreguiça
errante
ainda sei como te suspiro
profano
sugando todas as lembranças
nos teus lábios apetecidos
toda me cobiçando
Vou desabotoar devagarinho
estes versos apaixonados
redescobrindo tuas margens
a mim se entrelaçando
algemando o suficiente
silêncio
que furto à noite inundada
com o assíduo perfume
dos teus vícios
E enquanto cai um chuvisco
solitário da manhã
tenho-te toda
ávida em fatias de desejos
quase beligerantes
indefesa
esbatida em calmarias no meu solestício
que agora sossegadamente sacio
Sei que às vezes
somos somente nós vivendo
neste hospício de tempo
serenos
sem artifícios
latindo latentes até à exaustão
fugindo esfaimados pelos exímios
versos vadiando nas brisas
dançantes
onde me refúgio nos meandros
de um silêncio quase estonteante
Frederico de Castro

Na rota dos tempos




Demarca-se o tempo ensopado em memórias
Introspectivas mapeando a vida que colide
Com as rotas purificadoras da fé tão rogatória

Assanha-se a noite com este súbtil desejo
Espiolhando a solidão urdida entre
Dois drinks de amor deglutido com prontidão

Trago de um trago todo este silêncio peregrino
Avivando a saudade escapando pela calada da
Noite drogada com a mais nobre epinefrina

Teço na madrugada o casulo da solidão mais
Urgente banqueteando-se com a adrenalina que
Em êxtase refina até minha oração tão clandestina

Frederico de Castro

Percussão dos silêncios




A grafia dos meus versos aportou
Um sonho trajado a rigor
Sonorizou o maleável silêncio
Ironia
Gargalhada
Lamentação
Imitativo de um eco cheio de fulgor
Calafrio, fragor, grunhido de ostentação
Percussão ou vaia de um eco
Reverberando de contestação

A gramática é fonte fonética dos
Cânticos semânticos
Estilismo descritivo, pleonasmo minucioso
Na morfologia sintática da minha retórica
Poética
Onomatopeia elegante gritando em alegorias
E letras que se vinculam em cada estrutura
Verbal invadindo minhas metáforas em metástases
Calibradas com tamanha simetria

Este é o meu caleidoscópio literário
Entre risos e hipérboles selectivas alimento
A sinestesia dialética da voz activa, anáfora dos
Sentidos assente num diálogo explícito, reflexivo
Aconchegando a simbiose dos prazeres excêntricos
Catalisando o acústico desejo bailando entre ritmos
E percussões de um clímax linguístico frenético e quântico

- ao Ciro meu filho

Frederico de Castro

Além do luar




Busquei no infinito de todos os silêncios
A prerrogativa da noite que em nós se confunde
Além do luar e das luminescências que brilham tão
Depurativas pra'lem de todo este mar

Sem mais percalços a manhã desponta agora
Premiando cada hora tecida na fimbria da minha solidão
Deixando memoráveis sílabas a divagar pelas
Colinas férteis de uma incólume e cismada ilusão

Como ficou mais absurdo este silêncio envolvendo
A lúgubre e astuta noite num manto de algozes e
Póstumas memórias maciçamente absolutas...tão fugazes

Pelo olfacto da madrugada inspiro todos os perfumes
Escrupulosamente colectados a um bando de pétalas a
Esvoaçar entre mil sonhos metodicamente cogitados e insanos

Frederico de Castro

Fissuras no tempo





Prometeste fantasiar-me

as noites com luzeiros

matizados de poesia

iluminando meus silêncios

lúcidos

deportados no equinócio

primaveril

onde germina teu celeste

horizonte remisso

alinhando-nos em bailados

de amor...com arte

de um sorriso que

feliz

eu sei

tantos,extasia


Prometeste desmascarar

o tempo onde nos comprometemos

aliciando a vida

plagiada

com rimas e ritmos lavrados

ao sabor da essência que

perfuma nossa solidão

espraiada em actos conciliados

de amor em conspiração

Recorremos num ápice

à poesia que nos revela

observando a criatividade

onde edificámos nossas existências

proliferando em cada palavra

asfixiada numa

estrofe trajada de

suspiros sorrateiros

desabrochando breve

em tangentes de pura longanimidade


Na poesia

mora toda minha solidão

reportada na fissura

do tempo

onde colho todos os lamentos

deixados na excentricidade

chorosa de um sonho

atiçado...em deslumbramento


Em cada noite que restar

repartiremos a elegância

num gomo de luz

até esta se fazer em

novos ciclos de vida explícita

predestinada

escrita nesta ortografia

grávida de contentamento



Frederico de Castro

Lençóis de Luar






Entre lençóis do luar
galopo iluminando
todas as pegadas deste verso
emergindo na grafia eloquente
onde de enxurrada derramas
teus prantos
fertilizando a terra na foz
de todos os nossos encantos...


Frederico de Castro

No silêncio das casuarinas




Esbelta delicada

compartilhas neste dia

todo perfume cacheado

nas flores rompendo o

amendoado silêncio lisonjeado

Ornamentas meus jardins

resguardando todo a extensão

colorida embebida na percepção

do equatorial e dançarino gemido

ecoando nos ventos felizes da

vida se entregando numa

esplendorosa e perfeita concepção

Reabilitas os sambas e sembas

mordendo a epiderme do tempo

quando batucamos na calada da noite

com brados e cânticos longínquos

num acorde sensual e desenfreado

afagando e florindo o tronco de

cada silêncio esfomeado

grunhindo num adocicado calafrio

fluindo em nós aveludado

Cheguei, calado

de mansinho pra não

despertar o silêncio das casuarinas

Recompensei-te com abraços

atrevidos

atados às cordas do meu violão

ladeado de versos ávidos

servidos na bandeja de cada

renovada esperança despertando

na génese da vida erigida em

todo silêncio desaguando no pote

do tempo hoje...aqui saltitando

embriagado

Frederico de Castro

WI-FI






Nem sei se te descortino ali

juntinho a um abreviado adeus

quando conectei o wireless num ponto

qualquer no modem dos teus desejos

utilizando o bluetooth dos nossos afagos

alimentando a osmose desta interface

endereçada ao teu e-mail no areópago

das conexões @ . com

onde tantos...tantos, milhões de desenlaces

se configuram em digressões virtuais

via satélite ou na fibra óptica sintetizada

num chip repleto de emoções

  • Estou sem internet

perdi a ligação wi-fi numa rede

periférica entre cortada por brados

deste hardware do qual me tornei

fiel usuário

  • Sem bits que me ajudem

a compor a memória dos teus

anseios

insiro no motor de busca

a fonte onde formato

o tempo trajado de tantos galanteios

alimentando um servidor disponível

e crucial

num download exclusivo para os

meus ficheiros protegidos por

direitos autoriais

  • O acesso ao teu perfil

esgotou-se na homologação

dos dias

quando desligámos a hiper banda

de tantos abraços comercializados

por hackers incorporados

no sistema banal

assim monitorado por um anti-virús

tão passional

  • Resta-me divulgar o código

deste meu wi-fi tão convergente

alimentado num protocolo

de beijos on-line

visualizado nos limites de uma

rede social interactiva

pernoitando naquele blog de desejos

que se postam

nestes versos direccionados para

o link do teu ser onde por

fim e sem mais atalhos

e em toda a banda larga

digitalmente nos conectamos


Frederico de Castro

À flor da pele






Acordei para uma madrugada

muito devagarinho

ateando aos sonhos mais

voláteis uma réstia de chama

que se renova na fartura

de vida que assim nos aclama


Acordei residindo nos teus

braços

dissolvendo-me nos teus perfumes

semeados à flor da pele

onde tatuamos com amor

todas as eferverscência de vida

convergindo na sonolência

de cada palavra mais atrevida


Acordei

esgueirando-me entre rimas

e gargalhadas felizes

Busquei todas as confissões

num mar de esperanças audazes


Tranquei nesta poesia arguta

um inóspito poema

prisioneiro traçado

no vasto silêncio tenaz

que nos acalenta

em todos os solstícios pintados

na aguarela do mundo

vibrante que em mil moléculas

de amor transpira e sedenta


Vou aproveitar

uma réstia deste sonho

pra te soprar na alma

todo o doce planar de um

beijo

Converter-te na minha vestimenta

eterna

onde habitaremos mais quânticos

qual presságio arquitectado

no desejo breve que em nós

se alimenta no pavio de tempo

...e jaz agora temporário

nas insígnias de um verso romântico

fatídico e tão mediático


Frederico de Castro

Foi Verão




Adormecemos ao luar quase invisível

Da noite

Perpetuamos o verão numa

Paz trajada de monotonia

Ainda mal os primeiros raios

De sol descortinavam o teu belo

Ser aconchegado ao solstício

Onde se despem os dias mais longos

Perfumados com o ócio das nossas

Almas perecendo num abraço

Que o silêncio perpetuou numa tela de Picasso

Foi Verão

E as sombras onde magicámos

Cada beijo fugindo na calada

Da noite

Perdeu-se na eira da vida

Levada no repentino adeus

Onde remanesce tua

Buliçosa existência

...e eu incrédulo fico

Ali encostado à nesga

De alegria que ainda sobressai

Fiel à nossa conivência

Nos sintomas perpetuados

No vazio do tempo

Alimento ainda a chama

De tantos desejos dedilhados

Ao longo deste Verão

Latejando na longa agonia

Embarcando no lúdico momento

Onde te bebo com todas as

Irreverências do teu ser perfilado

Agora...num pacto

Eternamente por nós selado

Frederico de Castro

É Luanda




Róseo o dia
desperta depois
meu poente
enquanto tu
apaixonada
desaguas em Luanda
toda minha saudade
meditando excitada
da minha varanda
num amor que sei
não mais abranda

Frederico de Castro - pra Luanda com amor

Habeas corpus




Desprevenida chegou a noite
Acoitou-se entre as silvas do tempo
Denunciando a solidão que se prostra entre
As avenidas policiadas de tanta ilusão aliciada

Frutificam-se as madrugadas com perfumes
Acariciantes aquartelando nossos desejos intolerantes
Congénitos, vigiando o violável silêncio chegando beligerante
Após o soluçar hostil de um pranto sucumbindo tão vociferante

Pedi um habeas corpus à solidão ilegítima violando todos
Os prazeres sumários processados naquela reclusão literária
Onde cuidadosamente me embrenho de forma tão necessária

Foram sistemáticas as lembranças que orquestrei invadindo
Cada díspar momento perdido entre as pesquisas desta saudade
Embrionária, impondo uma prece excepcional e autoritária

Horas e horas caminham sem sentido deixando atónita esta
Impávida tristeza que ainda perdura, magoada, precária deslizando
Entre as sombras plúmeas de um inominado silêncio tão sedentário

Frederico de Castro

Híbrido silêncio




Ventanias soltas percorrem as encostas
desta solidão acampada ao redor
dos silêncios vagando...vagando
enrrolhados num pote de sofreguidão
Entre as estradas do tempo...entre partidas
e chegadas abro clareiras entre a multidão
afagando o coalhado gomo de luz sonâmbulo
incitando de desejos toda minha solidão
Breve a noite que ilude o dia mapeado
Entre profecias renegadas e a gula das ilusões
Lastimáveis diluindo cada ausência prescrita no
Tempo hibrido chorando no delicado madrugar
Ali a navegar em fusões de beijos quase
Bárbaros que quero homologar
Sem mistificações abraço minha fé vitalizadora
Pulverizo todos os silêncios onde imprimo a vida
Em três dimensões de forma tão inspiradora
Semeando nos ventos uma cachoeira de sonhos
Evaporando-se desta infinita estampada saudade
palpitando apaziguadora
Frederico de Castro

Outono do nosso amor






Voltarei a ver
as cores deste Outono
desenhando a beleza
que se despe perscrutando
em uníssono
nossas lágrimas
perfumando as sombras
empoleiradas
em simultâneas gargalhadas
de agitação
calafetando os sonhos
coabitando em cada cronologia
do tempo em exaltação

Frederico de Castro

Ébano





Agora não mais necessito da noite

para que brilhes qual ébano entre o

sol dos meus dias sombrios

Tenho conectado em nós um raio de luz

que transparece num eco conivente

reflectindo todos os delírios passeando

pelas artérias do mundo quase indigente

  • Vou citar-te num verso mítico

sem mordaças

nem instintos selvagens

Apenas seguirei

divagando pela arquitectura

de um verbo distinto

onde viajo em cada momento

deixando esporadicamente

no toque da alquimia

um beijo

agrilhoado ao sigilo complacente

tão singelo e rarefeito

  • Será teu ser por

fim meu cais de abrigo

celebrando todos os segredos

que deixei em acta

apalavrando um cântico

numa cascata de sons boémios

uivando contagiados pelo semblante

étnico de todos os desejos mais delirantes

  • O que agora me delicia são

as citações férteis das nossas

emoções

onde idealizo a aurora do tempo

vasculhando cada centímetro das

minhas divagações arrastando-nos

neste tridimensional foco de luz

se desnudando em repletos silêncios

de afectos

e lamentos

reféns numa hora despertando tímida

ao som de uma existência

colorindo o quintal dos meus desalentos

  • Na encruzilhadas de tantos caminhos

é hora de dar ignição ao tempo e fugir

fugir pra junto da docilidade de um carinho

Desfiar todos os laços onde inseminamos

a vida repleta de poemas decifrados

no anonimado

explodindo em nós miscigenados

  • Na aura de qualquer silêncio

depus uma coroa de beijos

inundando todo o dicionário de

palavras lambendo o decote de

um sorriso grávido de desejos

O teu nome rima com gracejos

o olhar penetra-me de lampejos

alojando-se à solidão que sangra

aconchegada ao folguedo

juvenil

ébrio e redimido num poema

derradeiro

fertilizando um sorriso impresso

neste cativeiro


Frederico de Castro

Guardador de rebanhos





Os pensamentos abrigam

o encurralado rebanho dos

meus pensamentos

apascentando o tempo onde

desgarrado pernoito entre

os lençóis perfumados da terra

saciando os vícios cerzidos

na gentileza pastoril

que teu ser sossegadamente encerra

no aprisco de um olhar tão seduzido


Frederico de Castro

E depois...o adeus






E depois escrevi estes versos

no sossego de um dia

murchando devagarinho

reconciliado num adeus,

até depois... tão órfão e peregrino

  • Foi num espaço decretado

de tempo

que pavimentamos o soalho

da vida

repleto de sedução

caminhando pelas ruelas

da saudade quase desbotada

implorando urgente

uma singela obra de manutenção

  • E depois...o adeus

despedindo-se dentro de nós

ao desencontro do nada que resta

indiferente à perpétua hora

morrendo devagarinho num recanto

qualquer perdido na fresta

ou no silêncio dos teus prantos

  • E depois...o adeus

abandonando-me de vez

melindrado

vulnerável

formal

deixando na plataforma deste versos

o som do canto aflito

demorando na despedida

o aperto comovido do adeus

na hora da partida

  • E depois...o adeus

partindo pra lugar nenhum

demorando a presença do teu ser

esquecido

encontrar o nosso remetente

amenizando as cicatrizes

umbilicalmente abraçadas a estes versos

que deixamos amortecidos

na matriz do tempo

algoz e sem outra directriz

  • Será apenas só mais fácil

sonhar-te cada noite

imaginar pra lá de um

sumido sonho

o reencontro da vida fecundada

na antecipação de uma lágrima

alimentando cada ciclo de um adeus

onde me aventurei como passageiro

desta saciada existência madrugando

na chama das lembranças eternamente camufladas

onde me fiz teu fiel hospedeiro

Frederico de Castro

Portefólio da esperança


Hoje deporto a alma deste corpo já sem chama

prefigurando o tempo de despedidas num cenário

onde sei sou o protagonista que clama

As palavras sei-as de cor e salteado

caiem estateladas em cada silêncio

que pressinto,sem patrocínio...ao abandono

Pelos atalhos desta vida descanso

minha saudade nas lembranças

lá vindo de longe embrulhadas

na caligrafia ou no portefólio das

nostálgicas esperanças

No movimento frágil dos meus sonhos

acordo a cada hora perdida numa

madrugada atónita

acomodando a legião dos desejos

ofegantes exibidos na ladainha destes

versos colhidos no destino hibernando

quietinho

drenando a frincha de tempo onde

sossego assim...clandestino

Fecharam-se as cortinas da manhã

onde filtrei as sombras convertidas

nesta fé confinada ao surtido de

todas as orações pintadas no

semblante deste testamento

iluminando as crenças inolvidáveis

confinadas na fronteira deste evento

entre o caminho a verdade e a vida

triunfando...inexoráveis no tempo

Frederico de Castro

Olhai os lirios em silêncio


Olhai os lírios em silêncio
Como se vestem e adormecem
Todos os tentáculos do tempo
Perfumando nossas solidões
Adormecidas no jardim onde
Outras paixões florescem em
Vagas de fantásticas emoções

Olhai os lírios em silêncio
Como quem desperta a brisa
De uma gargalhada dócil e grata
Fecunda este meu
Canteiro de ilusões onde
Plantei o carmim desejo
Que agora me alimenta e farta
Qual ígneo sonho
Arde...morde e traga

Olhai meu silêncio sorrindo
Aos lírios nascendo em cada
Eco de alegria esvoaçando
Na métrica deste poema
Entreaberto ao decote da vida
Desesperadamente a nós
Se entregando num folguedo
Supremo...latejando num absoluto
Desejo apetecendo, onde me lambuzo
Com os aromas dos seus gracejos acontecendo

Frederico de Castro

Almost blue





a Chet Baker

Quase sem sentir este sopro habita o jazz

gemendo no teu ser

A musicalidade exilada no pedestal dos céus

ornamenta o virtuosismo das ilusões harmónicas

que levitam quase anatómicas

numa fusão de sons e musicalidades tão viciadas e melódicas

Rompe a voz insinuante e solícita em constante

harmonia até alvorecer o toque lânguido e selvagem do

silêncio breve sulcando a partitura das improvisações

onde apascento o swing extasiado com os ritmos camuflados

da tua inexprimível arte abraçando a sonoridade de um blues

passarinhando aqui comprometido e tão saciado

Frederico de Castro

Estado de graça





É assim

meu estado de graça

revivendo-te a cada hora

mílimetricamente estático

entre tua formosura dissimulada

ao longo da maciez impregnada

em cada perdão trajado de

apaziguamentos

embalsamando todos os olhares

que trazemos grávidos de elegâncias

afabilidades, céleres

e tão invulgares


É assim meu dicionário

de verbos inconstantes

de momentos atraentes

evaporando-se por entre

cada existência trazida até

ao indulto de um poema que

morre inexoravelmente

apaixonado

em cada perfeito e memorável

silêncio irreverente


É assim

que amiúde em todo

o tempo

te peço só um gesto

ou olhar esporádico de paixão

e deles façamos depois

desejos reicidentes

tão recorrentes

até ao mais ínfimo e fértil

sabor que deixamos tatuado

na voragem dos tempos


É assim que vejo

meus sonhos fitarem-te

ininterruptamente

É ali que se juntam

a mescla dos tempos

tacitamente abraçando-nos

reveladores

colorindo todos os

cenários e recantos desta

eternidade onde nos amámos

pormenorizadamente


Será assim

escrito neste dicionário

que me deslumbrei com palavras

espontâneas

que me nutri dos teus afagos

e raptei pra sempre aquela

universalidade no teu perfil

onde descanso as existências

que revivem paralelamente

pra sempre em nós...irremediavelmente


Frederico de Castro

Coisas banais




Medito até nas coisas não escritas

numa folha de papel em branco tão banais

Remendo os mesmos silêncios por onde hiberno matinal

Aprumo aquele bocejo deixado na corrente da vida

arguta e passional

fugindo-nos no rascunho do tempo

compulsivo e casual

assim que deixo a vida inventar-se

passageira, reciclada e tão cordial

Vou desabotoar o dia e fazer soar o eco

das palavras forjadas em conversas

banais

cicatrizando este poema inquieto

ocasional

quase, quase em estado terminal...

Frederico de Castro

Indumentária furtiva






Recordo tudo com a memória

vinculada em mim

Engaveto saudades em prateleiras

disponíveis no passar dos tempos


Faculto à liberdade todas as

algemas onde imponho

cada presídio cativo dentro de mim

Deixo pra outros uma

parcela de futuro

onde não cabe mais

a centelha de tempo passado

enterrado...prematuro


Deixo-me saborear em cada maré

sorvendo a maresia

renascida no invólucro do tempo

apressadamente renovado

desbravando cada madrugada

ao teu jeito... nesse vai e vem

cavalgando nos acordes do destino

que tão aconchegado a mim

acalenta e anestesia


Escuto nos ventos

outras badaladas em

cada hora onde vago

esmaeço felizes e irrequietas

memórias

deixadas na colecção dos

murmúrios virtualmente

escritos em cada inescrutável

momento da história


Fugi pra sempre

e nem endereço te deixo

sei somente onde plantar

cada detalhe inesperadamente

tatuado na doçura de um sorrido

tão crucial...tão tacitamente


Perpetuamos instantes

deixando nossas indumentárias

vaporizar-se furtivas

rasgando a noite

com céus adornados de desejos

simétricos, intuitivos

conspirando por entre sombras

desta vida se escapulindo

em versos renovados na amalgama

de tantos abraços que deixei

expontâneamente quase,

quase de improviso



Frederico de Castro

Latido dos silêncios





Sigo o latido dos

silêncios que correm

em debandada

Desperto no dia

insurgindo-me no valsar

de tantas gargalhadas que

teu sol irradia


Renova-se cada milagre

saltitando em sinfonias

doidas

sem rédias

silenciosamente selvagens

deambulando neste poema

ancorado em rebeldia


Descanso por fim

enfeitando a noite

estupefacta

tão solitária como a hora

que se despe no tempo

quase intacta


O perfume que o dia tece

em tuas pétalas trajadas

de primaveras

inunda de cor

as constelações docemente

iluminando todas as essências

viajando na minúcia deste poema

caiado de alegria sorrateiramente


Ali é onde albergo a meiguice

ensurdecedora de um beijo

imergindo

delicadamente em ti

em soluços condimentados de euforia

que num instante breve

latindo

a todos embebeda e inebria




Frederico de Castro

Olhar intruso




A solidão deixou descampado
Teu olhar singelo
Enterrou as tristezas que tombam
Na larga caminhada dos semblantes
Imperceptíveis espiando a noite feroz
Agrilhoada a uma lágrima caindo mirabolante
Fechei as brechas por onde me fugia o tempo
Emoldurei cada eco escondido no escorregadio
Sonho despindo a desconsolada esperança exalante
Decalcada, confundida esmagada envenenando
As coloridas e ténues lembranças tão acutilantes
Esvaziei o copo do silêncio quando me embebedei
Com as memórias mais vigilantes
Agregando a alma com uma leveza de versos
Quase redundantes
Instante de um resquício de saudade errando
Na vilania dos tempos cativantes
Vil este destino que impacienta a noite caindo
De mansinho...de braços abertos regando cada
Lamento inseguro, avesso
Assustando todas as simetrias do amor que
Endosso num beijo intruso, viçoso e travesso
Frederico de Castro

Quando eu disser adeus...




Quando disser adeus
Esvazio pra sempre todos os paladares fluindo e
Palpitando em cada beijo que deixámos coexistindo
Colhendo as essências de um vinculado adeus
Incompreendido, submisso...preterido

Quando disser adeus
Pode até o tempo parasitar nos meus silêncios
Que eu descobrirei como embelezar as falésias
De cada desejo latindo pernicioso
Infringindo todas as leis de amor moldadas
num beijo bruxuleando vertiginoso

Quando disser adeus
Refresco teus aromas intensos reflectidos
No calendário dos tempos
Primavera que chegará caudalosa
Verão aplaudindo a vida numa homenagem escandalosa
Outono depois sei que virá repercutindo o amor
De forma escrúpulosa
E depois de todos...o nosso Inverno escrutinando
O adeus frio, marginal alimentando o carrilhão
Das horas fugindo lentamente graciosas

Quando disser adeus
Relembro-te se puder aquele exaurido momento
Transladado no tempo
Embalo-te todas aquelas ilusões sapateando no
Palco de muitas insurreições

Quando disser adeus
Será definitivo...sem prazo de validade
Instante suspenso no tempo...intuitivo
Tácito lamento penitente e homogéneo
Paciente lágrima rolando no timbre de um eco conivente

Quando disser adeus
Nem o silêncio será fugaz nem a morte audaz
Pois ficaram por galardoar cada dia de vida
Aplacada felicitando e fitando a sintaxe das minhas
Preces estocadas com esmero ante um Amén
Exilado na arquitectura de tantas orações delicadas

Quando disser adeus
Tudo ficará igual, hoje, amanhã e depois
Na elasticidade dos tempos que se iluminem
As roupagens das nossas crenças e ilusões
Que se registem as dores renitentes...fardo
Da alma edificada num sonho assim penitente

Quando eu disser adeus...e tenho que dizer adeus,
Tombo até sobre a tumba dos silêncios ateus
Evoco a preceito o sentido deste verso
Expelido, converso...iminente descalço e plebeu
Suprema vénia esculpida na sintonia onisciente nos
Beijos que se apressam...antes do adeus...oh, meu Deus
Agora sei...tão impotente

Frederico de Castro

Albergue dos silêncios





O pranto autenticou

meus desalentos

albergando as saudades

estampadas

nestes versos

semeados na eira do tempo

onde perpetuamos a vida

despertando feliz emancipada

  • É a face da tristeza já corroida

no tempo

marchando ao desencontro

dos silêncios deixados à

mercê de uma lágrima

que urge neste reencontro

Os dias vestiram-se de cinza

sufocando meus céus de melancolia

soluçando gotas de chuva

que desabrocham tentadoras

pela folia

  • Oiço o tempo bater lá fora

na urgência condimentada

de um adeus caminhando

pelo marasmo dos dias

algemados ao longínquo destino

deixado entre os escombros de um poema

escrito à minha revelia

desembarcando no berço da existência onde

me eclipso pra sempre tão clandestino


Frederico de Castro

Imaginário vazio






E assim decorre a vida

perante o olhar melancólico

onde sucumbem palavras

e todos os actos de fé meditativa


Assim escrevinho saberes

sofridos de vida

replico perante todos

os simbolismos do tempo

num naipe

de versos fartos

inspirados em cada

cíclica palavra de sabedoria

que tua nudez desponta

em plena e imaginária euforia


Assim como no vazio

do tempo

me emprestaste teus

factuais beijos

assim te deixo meus

segredos a ti subordinados

em alegorias perfeitas

em prantos e regozijos

enrraízados em cada saudade

sitiada

confessa

homenageada em cada

estupefacta e ardente

manhã que por nós se aventura

livre e tão insuspeita


Será longo meu despertar

assim em catapulta

mal rompa o dia e

se fechem tuas pálpebras

aos consumidos desejos

colorindo cada sagaz

e íntimo olhar


Ali então espelhamos

cada solidão mais egoísta

Madrugaremos com cuidado

a noite que arde fugaz

entre todas as lembranças

guarnecidas de vida que galgam

e espreitam outras ferozes distâncias

libertando este meu imaginário

onde deixo o vazio em ressonância

onde saro e penteio as tristezas com

poemas desaguando no rasto

do teu esplendor

onde submerjo

afogado-me entre porções de pura

e irreverente elegância


Frederico de Castro

Escapulindo - ao meu irmão Ricardo






Perpetuamos instantes

deixando nossas indumentárias

vaporizar-se furtivas

rasgando a noite

com céus adornados de desejos

simétricos, intuitivos

conspirando por entre sombras

desta vida se escapulindo

em versos renovados na amalgama

de tantos abraços que te deixei

expontâneamente quase,

quase de improviso


Frederico de Castro

Navegar por aí...




São estas as palavras e versos

que te clamam...eco dos meus

silêncios

bailado dos ventos suavizando

os tons e as cores paraslisadas

na corrente do tempo estritamente

eternizando um gesto, uma carícia

súbtil...sorrateiramente

Vou navegar por aí

tendo teu porto com destino

mergulhando em cada onda

onde gravita a silhueta dos teus

lábios desejando tanto, tanto

aquele beijo mutuamente

É tempo de festejar com pompa

e circunstância

Ser teu anfitrião a cada minuto

selvagem onde nos apetecemos

inteira...e tão completamente

É tempo de adubar as sementes do amor

Enraizar o fruto das lembranças enfeitando

cada galho de tempo onde musicalizámos

os ecos em frenesim, serenando meu poema

navegando por aí aleatoriamente qual teorema

gizado a régua e esquadro escrupulosamente

Frederico de Castro

Para AL...




As ausências desaguam agora
Na planície dos meus silêncios
Enquanto colhes os cânticos
Esperançosos crescendo na efeméride
Absoluta do tempo com arte e esplendor
Perpectuando tua voz meiga em celestiais coreografias
gratinando o colorido templo da musica
Em magistrais timbres acariciando acústica sonorizada
Num cântico que tantas ilusões sintoniza

Frederico de Castro

Alguém...




Teu perfume o vento levou

Numa dádiva de vida

Como alguém que se atreve

A mordiscar todo pedaço de carinho

Onde este amor num abraço

Tentadoramente me prescreves

Na precisão do tempo

Foram curtos os silêncios

Que acariciei

Porém tantas as alegrias

Deixadas em detalhes

Que só meu sentimento

De vícios e desejos

Nestes versos renovei

O elo do tempo

Serpenteia agora

Cada promessa alimentando

Nossas vontades tão sequiosas

Ofuscando até a etérea luz

Que rompe pela fresta da

Vida mais graciosa

Deixaste transbordar tua

Presença em mim

Como alguém que vivifica

Cada olhar íntimo

Tecendo com carinho a

Ferlilizada palavra meiga

Que hoje te ofereço

Sem parcimónia e com ela

Bem devagarinho me embebedo

E abasteço

Frederico de Castro

Cântico Negro



Velo a noite com um silêncio rudimentar e
Sisudo até que se extraiam de muitos
Ecos tantos,tantos,versos intensos e desnudos

Vadia pela escuridão um cântico negro
Que resiste à absurda quietude de muitas maresias
Cantaroladas pelas cordas de um fiel alaúde

Frederico de Castro

Olhos nos Olhos




Deixaste-a
assim, minha vida
olhos nos olhos
na grafia singela
dos meus cantos de alegria
que assim persigo na periferia
desta já longa travessia
assim tu me queiras
sem mais utopias
assim eternos numa
longa cinematografia

Frederico de Castro

Versos sem destino




Inventei fantasias

imaginei existências

calcorreei motivações

despertei outras conivências

gerei pensamentos bravios

retidos na penumbra da noite

saltitando em convergências

consumindo-me no pavio suave

das tuas perfumadas essências

O mundo esqueceu-se de todos

estes desassossegos

povoando o site das minhas

memórias

onde se trajam as profecias

onde se almeja mais fé

onde se ajoelha esta oração

exposta numa carícia tão

premente em feliz penitência

Agora sou refém dos mesmos

silêncios caminhando a

esmo pelos dias finais

onde tateio um verso sem destino

provocando-te ao ao raiar do tempo

sinuosamente clandestino

Agora a cada hora milimétrica

balançando nos ponteiros desta

frágil existência

adormeço os pensamentos

em desatino

pulando pelos vazios da saudade

onde éramos

versos apaixonados

carícias desesperadas

beijos indiscriminados

Leva-me nos teus sonhos

daqui até além onde

eu tenha todas as chances

de reencontrar-te

quase inevitável transitando

pelo horizonte do tempo onde

costuramos premeditadamente

um naipe de sabores degustados num abraço

deixado estendido...soterrando-nos

de amor assim tão prematuramente


Frederico de Castro

Sopro de vida






Importei as tranquilidades do silêncio
pra dentro de mim
desafiando meu embriagado canto
que enlevo beber
nos lábios teus
assim enobreças a doce manhã
onde em ti cada beijo caber
-São palavras essênciais
ressurgindo no tempo etéreo
desintegrando
o fogo
a luz
a fonte onde rompendo as águas
beberemos indissolúveis cada
pausa de saudade assediada
à tua janela
- É um sopro de vida apartado
que repousa singela
entre solidões...de sentinela
assim irremediavelmente marcadas
convergindo até à morada efémera
por onde desencaixotamos
de vez tão fugaz imortalidade
recompensada pelos mistérios do amor
sem destino nem inquietações
apenas
tu e eu
embriagados na misticidade dos
nossos solidários corações
Frederico de Castro

Semeando estrelas




Deixei as horas discretas

bater suavemente na noite mensageira

saudando a perfumada luz que

enxuga teus prantos num verso

enfeitando a moldura das saudades

derradeiras onde por fim emerso

Depois do longo amanhecer

deixo cartografado os afagos

que ficaram esbatidos no dorso

dos meus anseios

Deixo a vida acontecer permanentemente

entre olhares empoleirados na infância

esquecida casualmente

É tempo de partilha

de palavras dóceis

temperadas com gratidão

revigorando-nos assiduamente

quase que

compulsivamente

tocando a alma que nos

obedece absolutamente

Aqui te reservo

um verso póstumo

cerrado a sete chaves no silêncio

onde virtualmente

no apego da tua sombra, rastejo

e desesperadamente te consumo

Depois do anoitecer

visto-te de luz

semeando estrelas

alimentando o pulsar

de tantas distâncias

perdidamente mergulhando

famintas pela súplica eleita

no temperado sabor de um

beijo personificando cada

acto de amor em insolvência

Por cada sonho que restar

outro virá mais inspirado

até me apetecer, habitando-te

num abraço por mim assinado

em definitivo numa transfusão

de amor a dois confinado

Frederico de Castro

No aconchego dos silêncios






Sopram os ventos
parindo ondas banhadas
de luz
indagando cada aconchego
nos meus silêncios
Propaga-se o tempo
e penso já desatento
onde pernoitam as saudades
calando cada vigília
trazida nos ventos ágeis
das nossas cumplicidades
Na inquietação das memórias
não deixo adiar um dia
qualquer fascinado na paisagem
que chega breve
perdida em vadiagens
Reporto à vida que floresce
como uma tela pintada
se vivifica tão predestinada
com a invocação desta poesia
que tateia a noite sustendo
suspiros
de serenidade
enquanto me aconchego
na cortina esquecida do tempo
Não importa mais desarrumar
o vazio onde me encontro
basta só
habitar-te silenciosamente
clonando cada gomo formoso
de luz que tantos gracejos
paridos invocam no improviso
da imensurabilidade da vida
com que te festejo
Basta deixar-te apalavrado
o gesto de boas vindas
descansando nessa maravilhosa
luz despedindo-se do dia
num adeus indigente
deixado no gueto
dos nossos lamentos
timidos e tão literalmente
complacentes
É tempo de perfumar
todos os aromas vindos
na solvência primaveril
do dia
É hora de aplaudir todo
o despertar quotidiano
onde imortalizamos nossos
sonhos mais tácitos
exauridos na revelação da vida
peregrinando súbita
pelo aconchego dos meus
silêncios incautos... sem mais
indultos, avassaladoramente
(in)suspeitos


Frederico de Castro

Porteiro da noite




O porteiro da noite escancarou

o silêncio nascido na vagem

desta poesia

procurando um colo onde

pernoitar no semblante

predador de um beijo

que desperta alucinante


Foi benigna tão

farta excitação

quando destranquei a loucura

onde me embebedei de paixão

Converti mílimetricamente

este momento numa pílula

de felicidade colorindo a dor

que descalço momentaneamente

assim

tu envergues minha solidão

conversando tranquila

entre dois gomos de poesia

desordenada em verberação


Viver com a meta

já ali neste destino equivocado

é aclamar à marcha do tempo

onde filtramos palavras

movediças

carregando no ventre o

infinito poema transitando

nas avenidas do tempo

tão esquecediças


Andarei bramindo toda

a existência latindo em nós

descontente

aconchegando-me ao espiral

de silêncios onde premedito

a vida batendo em sístoles

tão lactentes

esvaziando o átrio deste coração

onde me enfarto com diástoles

tão persistentes


Vivo desta contemplação

quase eterna

deixando fibrilhar todo

este agitado poema em constante

arritmia e apelação

alimentando o habitat da razão

onde nossas gargalhadas celebram

o milagre que acontece

num desejo em constante desfibrilação


Frederico de Castro

Enquanto pestaneja o dia...





Depressa ali cheguei
escrevendo histórias
com poesia acompanhada
de versos datilografados
na minúcia de todos
os detalhes tecidos
com arte e alegria
Ali
me libertei
de todas as embriagantes
palavras intuitivas
onde sem mais censuras
te recrio
habilmente numa estética
inexplicavelmente,absoluta
analítica...sintética
Ali
enfeitamos cada instante
de vida
aniversariamos o tempo
com unânimidades quase
fatídicas
Ali
expressei-te a minha
linguística em meigos afagos
enamorados pela tua sintaxe
Ali
choraminho por teu
carinho
Ergo-te eclético um poema
dotado de estética
escrevinhando louco
e poético
toda a minha existência
Ali
sei-o
tudo sabe a pouco
até a quietude profética
esperando-me a cada
momento caprichoso
onde me entrego
pra me enxagures todas
as lágrimas desta rompante
e tão colossal saudade
Ali
emprestamos nossas asas
ao doce esvoaçar de cada
emoção
ausentando-nos ali
entre ecos pardacentos
desfilando sigilosamente
em comoção

Ali
todos os destinos sequestram
até o tempo que amadurece
aperfeiçoando-te
redesenhando com
giz e simplicidade
na elíptica e redundante
lágrima que deambula
regurgitando piropos baloiçando
em toda a minha monotonia itinerante
Ali
recordar-te-ei
transladando cada pensamento
assim devagarinho
colorindo teus céus ofegantes
Desejarei afogar-me
fatalmente em cada pestanejar
da noite
assim acorde o dia
e nós ali
radiantes, reencontramo-nos
consumindo cada parcela do tempo
lenta e extravagantemente

Frederico de Castro

Lembra de mim...






ao Emílio...a voz

Entre os autênticos momentos

estão em ti o canto...a voz

sucessivamente guardados

onde te imagino pautando

cuidadosamente enamorado

no cancioneiro do amor

num verso feliz exarado

Assim teu canto espreito

num paladar mais belo

de cortar até a respiração

ficando o timbre da nossa

existência na órbita

da tua excelsa morada

No badalar das horas

doamos aos silêncios toda

a eufonia esvoaçando nos ventos

rumando os teus cânticos

além do além

algemados em brados cúmplices

de amor e bela sonoridade

Deixaste-nos no tempo

tua doce voz

num bruá de espanto

pousando preguiçosamente

num pedaço de memórias

perscrutando ansiosas vocalidades

transeuntes batucadas vagando na

solitária ronda da noite

de todas as cumplicidades

Surpreendeste nossas vidas

num grau majestoso

simplesmente azulando os céus

intemporais

regente da orquestra celestial

onde a voz desponta pra sempre

tão quântica e torrencial

Frederico de Castro

Deixa lá o silêncio...




Deixa lá o silêncio dormitar na fria laje das memórias,
Porque a esperança mais detalhada é audaz como
Uma gargalhada fiel e sempre desenvencilhada

Deixa lá o silêncio convalescer na noite que imerge na
Escuridão consumada, louvando cada gota de luz que
Despenca pelos bordos da solidão astuta e tão aclamada

Deixa lá o silêncio reabrir os ficheiros da memória e armazenar
Uma lembrança que se recreia mais entusiasmada, porque sei
Não tarda, ela encontra aquela esperança fiel e bem-aventurada

Frederico de Castro

Desfolhando o tempo




Sinto no apelo destes olhos que me fitam

um cego olhar rasgando as inquietações

inundando os beijos meus que ao teu redor

se despem e explicitam

Basta desfolhar o tempo repartindo-o

serenamente até onde gravitam

as respostas inconfundiveis

decifrando-te nos dispersos

murmúrios intangíveis

  • Registra minhas lembranças

quando ditas veementemente

no calor de tantos desejos

impassíveis

deixados degostar-te pela nesga

da vida onde te saboreio

tão promíscuo e peremptoriamente

  • Confesso não ter mais

antídotos pra me resguardar

dos vícios tatuados num verso

incompatível

Apenas bastava alcançar-te com palavras

irrefutáveis

silenciando tua fisionomia escondida

ente mim

e as carências de um olhar partilhado

inalando-te tão vulnerável

  • Que venha então a eternidade

descortinando nossa sobrevivência

deixada na cíclica manhã submersa

entre insuperáveis desejos acantonados

no tempo de todas as cumplicidades

vestindo as ilusões

num beijo versátil

pintado num dia onde sepultámos

de vez nossas insanidades

Frederico de Castro

Chuva de cristal




Desfaz-se a madrugada em prantos amaldiçoando
As trevas proverbiais alimentando a lamparina de
Cada lamento enferrujado marinando no convés
Da solidão tão peregrina

Cai uma chuva miudinha em gotas de cristal
Colorindo a noite debruando o epílogo dos nossos
Desejos mais perspicuos ao estampar a aurora com
Soberbos beijos tão insaciáveis...cada vez mais inadiáveis

Na superfície de todos os horizontes eclipsam-se
As solidões mais fugitivas ao compartilhar esta insurrecta
Palavra obsessiva alimentando todo o marketing destes
Versos prostrados num ensurdecedor silêncio ali cadastrados

Sob as palmeiras da minha terra acolho aquela sombra
Passageira saltitando acrobática pelos sonhos infestados
De alegria e perseverança até que a luz num ordeiro pestanejar
Se delongue tão íngea, tão sossegada...esgaratujando minha solidão a latejar

Frederico de Castro

Nas entrelinhas do tempo




Novo começo vagando nas entrelinhas

aromáticas do tempo

Marginalizar cada ilusão insana e fútil

A mesma emoção sempre grata e súbtil

O dissecar das vontades onde arrebato

teu ser quase indomável pincelando os

meus silêncios em cada oração dolorosa

esquecida num detalhe desta vida sinuosa

Novo começo e o tempo que acato

percorre o dilúvio dos meus

pensamentos, semeando o perfume

dos dias revogados e insinuantes

vestidos num arco-íris de ilusões

mesclando cada beijo pernoitando

num desejo tão fustigado e estonteante

Do começo ao fim

nada de novo...apenas

e só os contornos decididos

de uma memória sem autonomia

onde revivo cada momento

postergado na privacidade dos lamentos

cantados em estereofonia

Amanhã ou depois, quem sabe

nem eu...sem permissão da saudade

te guarde no invólucro das lembranças

boiando à tona das minhas fiéis esperanças

irrigando cada sonho que bebo na

mais intima fusão dos nossos seres

escoltando o vagar do silêncio esculpindo

e acalentando o cenário das nossas semelhanças

Sem apelo nem agravo chega

a noite disseminando a luz que

foge no breu da vida

perpetrando toda a escuridão que adorna

minha solidão

Ao longe escuto agora o brado do tempo

escapulindo pelos trilhos da memória

num emaranhado de sonhos coletados

a cada imagem subsistindo sem escapatória

Frederico de Castro

Perfeito silêncio





Vou deixar quieto

o meu silêncio

Contentar-me em alegrar a fachada

onde deposito plenas gargalhadas

embrulhadas no tempo perfeito

quando enfeito todas as calmarias

debruçadas na ténue luz da manhã

que respira escaldando minh'alma

escancarada

no páteo de tuas cantarias

  • Esqueci-me das palavras

neste perfeito silêncio

Penetrei nas sombras da noite

atando-te ao gomo de luar

onde semeio uma grata aurora

forasteira

em ondas ébrias entardecendo

meus horizontes, vagando por ali

nas tuas trincheiras

  • Afogámos nossas esperanças

num almanaque de palavras gentis

içando estes versos

num perfeito silêncio

convergindo num destino que pulsa

velando nossa existência infinita

manufacturada na fímbria da noite

que agora fenece tão explicita

  • Observo o madrugar dos meus

sentimentos

velar-te imarcescível

enquanto partilho pelas veredas

do tempo

um solicito beijo correndo

apressado por ti

tão apetecível

  • Parei do lado do tempo

plausível

entregando-me ao feliz

suspiro deste perfeito

silêncio

quase irreversível

  • Deixei-te sem palavras...irrepetíveis

nem saudades intransponíveis

apenas o que restou

deste poema em fragmentos

proféticos abotoado ao degredo

que me deixou tentadoramente

por ti disponível

na eternidade implacável

de um silêncio sorrateiramente inaudível


Frederico de Castro

Sem adiamento...





De tanto adiar

cada letra refugiada

em mim

despoletei uma repentina

onda de versos faustos

tragando toda a faminta

noite que se esgueira

extinta

a cada resposta adiada

no tempo que nos algema

tanto tempo

liberta e cada eco requinta


De tanto adiar

as tuas estações frutíferas

colhi nesta sementeira propícia

todas aquelas canções

trovando a doçura de uma salmo

às tuas sombras inebriadas

onde

me embebedo em castas

vindimadas com cachos de loucura

apiritivados no tempo

que hoje cessa na moldura da vida


De tanto adiar

o dia, até perdi teu

entardecer

deixei o sol morrer

ali pertinho

do poente onde nossos

beijos

tardando também morriam

como a luz que se esvai no

silêncio brisado

das palavras de amor

que pra nós sedentas

em maresias confidentes corriam


Não sei se tenho

mais que adiar o amor

soprando-o no teu ser

apetecer-lhe todo tua

integridade delicada

redundar

versando cada desejo

na eternidade do tempo

que faminto alegrias por ti

invento e cortejo


Frederico de Castro

Noite profunda




Ao colo da solidão fazem-se permutas de
Beijos num silêncio sigiloso e longânimo
Adormecem todo infinito olhar que aconchego no
Sereno e enamorado breu acontecer assim magnânimo

Num pesar mais que profundo o silêncio morfologicamente
Acrónimo, sobe pela delicada negrura do tempo anónimo
Borda sua luz que cintila apaixonada em cada sonho doce e
Languido, suspirando corpulento e revigorado

Vou emoldurar esta noite que escorrega pelos beirados do
Tempo agilíssimo e desancorado até se perder entre os braços
Da solidão vociferando inquieta e exasperada, ao degustar
Todos os prazeres e alegrias onde me embebedo de bom grado

Dos planaltos mais elevados cai agora um aguaceiro
Saturando a vida com cascatas de sorrisos bem perfumados
Até que decrete à solidão um blackout às palavras que gizei
Numa caricia tão bem adestrada

Frederico de Castro

Selvagem como o vento




para Shirley...

Momento de vasculhar o vento
Planar nas estepes dos céus aclimatando um
estribilho repetitivo do tempo invisível
delicioso imprevisível

Tempo de amarar nos ventos selvagens
Domesticar a enfunada vela temperando
A monção enfurecida dos meus versos
Circulando entre depressões térmicas
E ciclos de brisas marítimas cíclicas e transgénicas

Selvagem como os ventos são as palavras
Deglutidas pelas memórias dos tempos
São os desejos minimalistas transbordando
Qual bálsamo de utopias e afectos merendando
Ao sabor de um catavento

Sei como recrear uma aeronave e nela viajar
Até ao espaço sideral numa estratosférica e louca
Comunhão excêntrica de beijos saudando as inquietações
Que deixei ali alimentando a genética empírica das
Palavras que concebi no útero de todas as reconciliações

Frederico de Castro

Meu vício é você




- para Alcione, voz enorme, tamanha, absolutamente brutal,
toda nos emaranha

O que sustinha o silêncio explodiu numa
Delicadeza de ecos festivos escapando apaixonados
Deixou na soleira do tempo uma assoalhada que me vira
A cabeça de prazeres viçando alegres...bem validados

Faz uma loucura por mim num gole voraz ao embebedares
As brasas daquela paixão tão insubordinada...que sufoco,
Indeferindo todos os sonhos indecifráveis colorindo
A contra capa desta ilusão ao abandono...quase depravada

Sem recursos ficou a noite emigrando na escuridão
O que faço amanhã, pouco importa, pois deixo em jejum nossos
Desejos sempre ludibriados onde se desenrola uma hora de raiva
Incubada desassossegada...quase sempre negligenciada

Sem fim a madrugada surda patrulha minha solitária ilusão
Quedando-se sequiosa e enfeitiçada pois enquanto houver a saudade
Dispo cada momento, depois do prazer ,entrando pela fresta matutina
Daquelas nossas emoções descarrilando fiéis e tão repentinas

Vou ausentar-me para além do além deixando na lonjura do tempo
Um naipe de memórias resguardadas, telepáticas massacrando o pandeiro
- Esse é meu nome, qual loucura incrédula, ostentando uma hora atarantada
Onde me embriago no frisson de um vicio sedento, apaixonado...bem requintado

Na hora da raiva escrevinho um simples verso quase atarantado pedindo
Simplesmente...não deixe o samba morrer, pois meu vicio é você e
Enquanto houver a saudade...fico assim que nem um menino sem juízo
Gizando estes versos onde saciado em ti ternamente me sincronizo

Frederico de Castro

Procurei por ontem...






Encontrei

na soleira do tempo

o último degrau ao cimo

do horizonte estonteante

onde a noite se despe grisalha

embriagante


Procurei por ontem

mais que tuas evidências

insinuantes

a quietude poética

onde me abandono

em ti redundante


Tanto,tanto ansiei

e somente encontrei

as essências camufladas

em doces gargalhadas

velando um raio de sol

que se dissipa em teu

generoso colo quase flamejante


Procurei por ontem

despoletar em nós todos

os afectos e utopias

que planejei

Resguardei pra sempre

aquelas meigas manhãs

onde apressados

nem finda sequer a noite

ressuscitávamos estirados

no breve tempo que mingua

tão sedutor e ofegante


Procurei por ontem

e sei

que amanhã despentearemos

as saudades regurgitando

nossa vida em múltiplas

cascatas de beijos

tão extravagantes


Procurei por ontem

saber porque existes

num dia qualquer

depois de amanhã

quando emigrares

feliz em cada silêncio

que jaz em nós assim

de rompante

coleccionando todas

as cumplicidades tateantes

agraciando o ser que

em ti desabrocha tão pujante


Hoje encontrei-te colorindo

a janela do meu tempo

onde dormito itinerante

fundindo-me em tuas planícies

emanando ali toda a formosura

espelhada num cálice de néctar

onde te bebo com delicadeza

embriagando todas as fiéis harmonias

que teu ser meticulosamente

surpreende e embeleza


Frederico de Castro - ao Ciro meu filho terceiro

Um eco...num brado




Cai a tarde ardendo dentro
De mil sóis
O mesmo ato todas as manhãs
O dia quando se põe impregna
Os céus factuais com teus perfumes
Virtuais
Enfurecendo cada eco que
Brada pontual
Ouço ao longe o recuo do tempo
Sangrando no tépido e suave
Pestanejar dos ventos
O fôlego...num brado correndo
Embriagado se aconchega junto dos teus
Braços definitivamente acossado
No solar dos meus silêncios
Vejo a vida esvair-se pontual
Em desvarios
Fluindo na palestra de amor que
Alimenta o slogan das paixões em delírio
Desmaiando num mercenário
Sonho tão atrevido

Frederico de Castro

No fundo do fim...





Ilusionista dos sonhos

emerjo profundo na senda

de cada devaneio

escavando no meu ser

o clarão de felicidade que toda

a alma enxerga

quando desesperadamente

por ti tanto anseio

  • No fundo no fundo

deixo o luto dos meus

silêncios apaziguar-me

em teus galanteios

onde mendigo um pequeno

farrapo de alegria quando

nocturno te pastoreio

  • No fundo do fim

despojo neste tempo

um caudal de palavras

escritas em todas as horas

onde me esgueiro

acelarando toda esta excitação

trajada num verso que tateio

  • Enlevo-te daqui

num ameno silêncio

algemado às miragens

desta vida onde habito

quase excêntrico

  • No fundo do fim

ilumino os vitrais desta existência

dissimulando as sombras

recolhidas nesta transparência

espiritual

onde creio

me intruso em cada capítulo

colado à derme do tempo

que foge de permeio

  • Deixei sossegar para ti

toda a noite sedada

convertendo a luz dos pirilampos

numa marcha de incandescências

desfraldando o espectro

descalço deste destino

em cânticos de vigília

inspirando os versos

onde por fim me aconchego

e te escrutino

  • No fundo do fim

nos braços impetuosos de uma brisa

emolduro o relicário do tempo

onde incudo minhas dores

dormindo casualmente no regaço

do silêncio me consumindo inexoravelmente


Frederico de Castro

Florescer no vento




Quem dera pudesse eu presentear-te com sorrisos
Mais nobres e resgatar do tempo este tempo que sobra
Inabalável ardendo insano penetrando na caligrafia dos
Silêncios mais profanos.
Deixava em rodapé um diligente sorriso temperando
O olhar refinado e decano

Fica por florescer no vento aquela gargalhada blindando teu
Ser que revisito em cada memória mais exponencial adoptando-te
Para sempre qual sorriso devastador despindo a madrugada que
Pesco em perfumados odores a rosmaninho do qual me tornei
Um fiel consumidor

No quintal do tempo plantei teu olhar faceiro aprumado
Germinando pelo canteiro da vida que desperta consumada
Agitando todos os anseios de minh'alma emaranhada em ti num
Subliminar momento que recordo sublimado

Despi o corpo do silêncio franzino e esbelto deixando a nu cada eco
Trajado de mil dialectos implícitos num acto de amor intacto onde
Acalanto meu poema inquieto, cerzido em sonhos fundidos em cada
Imutável afago luminescente que avidamente assim arquitecto

Dá-me somente coragem para que nas brisas adocicadas
Da madrugada nos enfeite-mos de beijos selectos e solidificados
Adormecendo por fim a noite encurralada nos abraços que ficaram
Em nós levedando tão replicados

Frederico de Castro

Quadratura do circulo




Fechei o circulo do tempo ilustrando

A forma do silêncio desenhada no mosaico
Quadrilátero da vida projectada pelos
Axiomas dos sonhos equiláteros

Triangulei o desejo sustentado na quadratura dos
Círculos pavoneando toda a álgebra analítica onde
Projecto a semântica destes versos intersectados pela
Ortogonal existência do tempo perpendicular e telepático

Ao cubo elevei o amor em fracções clássicas
E simétricas deixando entre parenteses a soma
Dos catetos da hipotenusa onde a química de
Todas as imponderabilidades se ajeita numa queda
Livre acelerando os abraços e outras cumplicidades

Na raiz quadrada dos sonhos gravitam as moléculas
Da engenharia quântica heurística ebriática
Projecção ortogonal dos versos e palavras
Cartografadas ...quase catedráticas

Lapidação perfeita destas rimas hexagonais
Exacerbadas inventando cada linha recta correndo
Entre farras e folguedos matemáticos
O caos criativo em infinitas paralelas multiplicando
Minha inspiração calculada, precisa, sistemática

Frederico de Castro

Chorar...nunca mais




Expirou o silêncio que sentia no embalo

destes versos vagos

arrumados no compartimento do tempo

onde abreviamos as saudades

engradadas na madrugada alucinante

que chega

fechando o postigo das lágrimas

caindo na paisagem cinzelada da vida

repercutindo cada desejo espalmado

no teu ser desenhado num detalhe

sempre mais empolgante

Chorar...nunca mais

Deixo-te somente aquele

abraço que te é essencial

desfraldando versos de amor

tão aglutinantes

virtuosos

apregoados uma vida inteira

para que o sabor dos beijos

sejam em doses totais

e eu sempre em ti resida

embriagado de versos tão capitais

Frederico de Castro

Cochicho do tempo




No silêncio pairando entre duas

folhas secas que se desprendem no tempo
ficou a Primavera mais só junto às cantarias
dos dias intemporais que só um inspirado
poema meu com arte e engenho decerto
eu satisfaria

Ergue-se na leve brisa perene que se esvai
o tempo empoleirado num cochicho
adormecido entre as pétalas e as preces
ágeis desta fé atapetando o caminho
e os aromas vindouros que perfumam sem alarde
todos os cânticos e calmarias embalando o
o Outono que chega de mansinho
Frederico de Castro

Ao Gato...Barbieri



A tua musica tem asas como a alma
que pousa alada no pranto que cessa
Teus acordes pintam o vento que escoa
pelas margens sonoras de um silêncio
que agora enfim começa
Sei que ainda dançaremos pelas
extensões do tempo alimentando
arpejos mais harmónicos
até que por fim...no fim dos tempos
nos encontremos insaciavelmente
tão eufóricos...
Frederico de Castro
A um musico ímpar que deu às minhas paixões
o meio de obter prazer delas...
-

Pressentimentos




Um som saiu

noite dentro

solitário

intranquilo...sibilando

entre sombras que sustentam

a afunilar de cada sentido

contagiando outros sonhos

se exilando no bailar do tempo

que se extingue sem sentido

Um som agora coloriu

um beijo saciado

tantos desejos saboreados

Um dia sabático virá

e nós então descansaremos

na eternidade saborosa

sitiada no silêncio consentido

ante o sacrifício suspirando

de queixumes extrovertidos

Soem as trombetas

anunciando o fluir da vida

satisfazendo a sofreguidão

sonora com que encarceramos

nossos gestos de felicidade

suturando todas as feridas

sangrando na lástima

de cada ausência pressentida

Até lá ausento-me dos

confortáveis sonhos

imaginando somente

como perfumar-te com

sândalo do dia que renasce

imutável

deixando o translúcido saiote

desta existência cobrir-te

com sortidos de beijos insaciáveis

E se a lua desligar o raiar do seu

majestoso e selvagem luar

aprontarei um naipe de

felizes substantivos iluminados

compilarei cada adjectivo

que sulcará todas as refracções

do teu ser

no modo verbal indicativo

ser, ou estar

agitando o meu coloquial segredo

de amor tão veemente

ter-te pra mim assim

quase que desesperadamente


Frederico de Castro

Gracejo hipnótico



No pretérito mais que perfeito
O deleite da promessa alimentando
O ritual do silêncio explícito
Ao quebrar o elo a cada hora hipotética
Gestando quântica matemática...frenética

A inspiração deixou meu silêncio
Sem stereo
Fez-se um esboço, um cântico
Marginal etéreo
Uma pareceria de beijos
Que creio avassaladores
Acantonados no sinédrio
Do tempo tão legislador

Hoje como ontem
Esboço apenas um rascunho
De palavras costuradas na fímbria
De todos os apoteóticos festejos
Pleito a poesia... musa dos meus
Desejos mais dialéticos
Sossego com narcóticos
Toda esta solidão incólume
Onde me embebedo fascinado
Com teus gracejos quase hipnóticos

O tempo enclausurou-se na
Maternidade dos silêncios
Num equilíbrio de versos alimentando
O sopro de vida apetecível e espontânea
Digerindo as saudades onde enxugo meu
Pranto morrendo apático
Num asterisco de palavras que te deixo
A desabrochar entre sonhos reservados
Num prognóstico de amor
Quase apocalíptico e tão fantástico

Frederico de Castro

Sem reticências...







De admiração

Em afeição

Com sorrisos celestiais

De contemplação

Sem raiva ou medo

De orações e arrependimentos

Com cânticos imemoriais

Com todos os temperos e sabores

De total comprometimento


Sem reticências do saber

Nas palavras e versos

De coragem e entusiasmo

Nas memórias e saudades

De fé e da razão

Celebrando existências

De paz vivida em deflagração


Sem reticências no

momento

De todas as certezas

Sem mais parênteses

nas veias jorrando em

perfusão e analgesia

toda ela em subtileza


Sem reticências na vida

toda ela

se esvaíndo fantástica

em tua imensurável cortesia

à mercê do dia que

a mim se acorrenta em

transfusões de tanto amor e poesia


Frederico de Castro

O tacto do tempo



Existe um sabor em cada cor
O tacto indistinto do tempo
Que se esgueira
A névoa de Outono que chega
O sentir do perfume à janela
Bastava só sonhar o ser uma
aguarela num dia assim que
finalmente se revela


Frederico de Castro

Então, enquanto chove...





Então enquanto chove

as palavras desprendem-se no vazio

pingando no destelhado zinco das tristezas

Ausentam-se no frio da noite em chuviscos de

amor varrendo as solidões numa subtileza

de palavras sufocantes expostas no currículo

do tempo assim...tão aliciantes

Então enquanto chove

até as lágrimas em silêncio

vertem cada soluço da alma refém

absorta no vai-vem da vida declinando

a cada raiar de uma brisa se decompondo

num sussurro breve, seduzido...ao abandono

Então enquanto chove

te ofereço a madrugada por inteiro

Exalo todos os perfumes do dia

nascendo na eloquência de um beijo

sorrateiro

Promulgo toda esta saudade que perdura

açoitando a memória de um verso galante

e torrencial que ofereço com ternura

Então enquanto chove

Os gestos de outrora são a lúdica

paisagem do teu ser que abordo

em cada hora guardada no túmulo

do tempo loucamente disperso

num sonho que recordo

Então enquanto chove

é tempo de escutar os ventos espremendo

suas nuvens até pingar em nós todo o imenso

e licoroso aguaceiro que desaba no silêncio

unânime,transladado...qual incenso

É tempo de conceber a vida numa pareceria de odores

perfumando a lassidão destas estrofes dotadas de uma

inspiração quase crucial

Pintar um desejo intemporal recriado no design deste

poema embelezado com as hormanas de toda a

estética que me é apaixonante e essencial

Frederico de Castro

O silêncio na paisagem




Descobri nesta viagem

toda a paisagem se despedindo

procurando outros endereços

com seus atalhos fotografados

nos retábulos da vida bramindo

Fica o silêncio pontual

prosseguindo na longa caminhada

colorindo esta muda paisagem sensual

debruando o corpo do tempo grunhindo

entre o vão das janelas solitárias

e a hora ocluindo neste adeus venerado

em cada esquina onde mora a paisagem

dos meus silêncios proliferando enamorados

O lugar da esperança acampou-se

entre as minhas mais propícias reflexões

mirando cada cenário exarado

na paisagem deslumbrada

pintada a três dimensões

Descolori meus sonhos deixando

o preto e branco quase desamparados

entre as nuances frágeis dos nossos dessassossegos

delicados e atrevidos amanhecendo numa vénia

de cumplicidade tão fidedigna

Frederico de Castro

Tempo de afectos





Vou deixar por instantes
que adormeças todos
os meus céus
algemando a luz como troféu
Pousar em todas as minhas luas
amadurecer todas as minhas ternuras
como a fé que se propaga marginal
entre a baínha de tempo
e as paisagens que afloram os
rituais de alucinante formosura
convergindo nos ventos
em infinita clausura


Frederico de Castro

Voltar no tempo





Decifra-me se puderes
encontra-me neste poema
tantas vezes reescrito
onde mergulho cada palavra
no tempo infiel e proscrito
Reserva-me todos os murmúrios
onde transformamos gargalhadas
em versos de prazer inédito
alimentando o sinédrio dos meus
juízos tão itinerários e frenéticos
Data-me o tempo
que se escoa na espessura
limítrofe do vento
Cubram-se os céus factuais
onde te invento
em vícios quase premíscuos
e delimito minhas orações
nas asas arfantes de um anjo
que vela até
meu arrependimento
Voltar no tempo
onde entreabimos a alma
com beijos
e atiçamos nosos seres
com abraços
que se apressam em fuga
delicadamente
mal a manhã vindoura
te ostente de vida inexoravelmente


Frederico de Castro

Nos cuidados intensivos




Deixei na soleira do silêncio

um sopro de dor em letargia

Enquanto a noite corria apressada

tão fugidia

Somente ali existia o vacilar

dos teus prantos batendo nas

vidraças do tempo

amiúde aconchegando o pacto de todas

as nossas felizes e ternas atitudes

entregues aos cuidados intesivos

da alma incógnita bailando nesta

minha imensa quietude

Em epígrafe te deixo meus versos

revestidos de amor

subsistindo ao tempo

deixando no asilo da vida o

mesmo sonho ecoando

no colossal adeus burilado e

incubado neste quase obsceno silêncio

Morre o dia numa tristeza tão copiosa

A madrugada que se foi, regenera-se

tão minuciosa

sorvendo o perfume que teu ser

rouba de rompante a uma palavra

que reescrevo, astuciosa

Suplanto todas as tristezas

sem mais lacunas ou inigmas

bebendo na esfinge do tempo

o oculto sibilar dos teus beijos

conjecturando na leda madrugada

que esquadrinho a preceito

Mergulho no tempo nómada e sedento

à procura da autoria dos teus abraços

suprindo o desejo manifesto em

cada súplica mais ciosa que amordaço

...envernizando o tilintar da vida arfando

no recanto dos cuidados intensivos

onde acontecemos, simultâneamente

espalhafatosos, famintos, coagulando

o amor atado ao uterino momento

que nos foge inexoravelmente


Frederico de Castro

Inverno neste dia...







Em cada poente renasce

fiel

toda a cumplicidade

quando pende pra ti

meu sol envergonhado

te abraçando de soslaio

  • Deleito-me com os fados desta vida

murmurando-te encarcerado

juntinho a cada faúlha de tempo

que me foge exasperado

  • Restaram lembranças

constantemente inacabadas

embaladas

e esquecidas numa perdida gargalhada

adormecendo cuidadosamente

confeccionada no teu esbelto infinito

  • Fez-se um eco correndo

veloz no dia

vestindo a manhã ornamentada

de beijos estupefactos

deliciosamente nos envolvendo

até que asfaltes de vez

tantos sonhos inesperados

  • Deixa que o inverno neste dia

se repita numa enxurrada

e abraços tão predadores

escapulindo a tristeza

em cada migalha de vida

numa hora eterna

reconfortando nossos retratos

estampados

num gomo de luz transpondo

todos os véus deste céu

repleto de um fiel silêncio

enamorado

  • Amanhã percorrerei as mesmas

veredas do tempo

perfumando a terra com

teus incendiantes desejos

espalhando aos ventos

todas as paisagens onde te

invoco pernoitando súbtilmente

em cada impacto

de um beijo teu

deixado ali na penumbra do dia

anandonado...meticulosamente

  • Os sonhos cercam cada lamento

esquecido

esgueirando-se em muitas horas

dissipadas num olhar meridional

compelindo nossos vendavais

até ao louco despontar da

solidão deflagrando em sílabas

sedentas de paixão

desatando os grilhões do silêncio

onde pronuncio teu súbtil ser

quietamente

vagando em mim toda em bulício

espontaneamente

Frederico de Castro

Nocturno





Soltam-se as noites
em ventos acometidos
no breu dos tempos
Diverte-se a solidão
dormitando em cada manhã
que fenece consumada
crepitando, astuciosa
pelas insónias apagando
todas as escuridões do dia
morrendo exumadas
- Deixei de ler na biblioteca
de minha existência
cada instante onde tatuei
os versos nocturnos
promulgando a brevidade do tempo
que minh'alma consolará
despojando o nome que
soletro
e em cada despertar
olhasses
e me desejasses
toda tu até meu sono
velasses
-,Corremos ao sabor da noite
como a água madrugando
no leito fraterno dos teus beijos
Emancipamo-nos tranquilamente
entre as margens do tempo
deleitando-se tentadoramente
na frescura de um verso
aninhado ao vago e brando
olhar que te ofereço
quase marginalmente
- O tempo deixou suas portas
escancaradas às palavras
quietamente semeadas na
planície infinita dos nossos
sonhos
onde cada minuto se faz
minha existência
e o rumor da eternidade
inexoravelmente o abraço
onde cochila nossa conivência
e cumplicidade

Frederico de Castro

Secreto e invisível




Tempo de partilhar um gomo de luz

transparente

secreto, invisível

Sentir-me uma ilha descansando

no meio dos oceanos

Atravessar tuas paisagens

pálidas qual vulto navegante

inundando a súbita calmaria

ondulante e curativa

Simples transparências

desnudando minha inspiração

contemplativa

alimentando as franjas de um

sonho corriqueiro trajado a rigor

com tanta malandrice pintalgando

este poema vandalizado...em expectativa

São estados de alma quânticos

Esboços ou rascunhos que a poesia

acata num sonho tântrico

A chatice da ausência

A saudade por inerência

O morrer de amor por cada

palavra apoteótica alimentando

este silêncio sem pedir condolências

Sobraram os restos

do tempo sem permissa

a alma sem ego

solitária, abandonada

caiando a tristeza tão omissa

Os tons da noite

as palavras sem futuro

inacabadas...remissas

A liberdade mitigando

desejos...qual emoção

recuperando desta solidão

quase submissa

O sol sereno lá deixou

seu poente embalar, enxugando

o pranto ao dia que fenece

a cambalear

Resta o suicídio deste poema

despindo os silêncios metodicamente

guardados na vagem do tempo

A transparência da vida que

desabrocha quase Divina

no leito dos sonhos ninando

gargalhadas se regalando

qual poderosa e estimulante anfetamina

Frederico de Castro

Horas dissimuladas




Já deixei de contar cada hora anónima

alimentando o rigor astuto do tempo
Já pincelei este calendário com dias
repletos de eternidade perdida no
fiel retrato da vida deixada no rascunho
deste silêncio que se esgueira inédito e recluso

Fiel e derradeiro inspiro teu perfume que
enche e mascara as horas pautadas no
calendário dos meses infinitos
sincopados em cânticos que vasculham
este sonho no teu ser prescrito

E eu, sem mais aparatos,
aparto-me do tempo
Saúdo-te e não mais pranteio o
sentimento que invade meu peito
achincalhando as tristezas onde passeio

Sigo rumo à plenitude da esperança
que renasce e inunda cada hora
pautada glissando um fiel silêncio
que recreio com pujança

E com precisão esmerada flanqueio cada palavra
flamejando no incensário dos prazeres ressoando
no leito do tempo onde beberico o vulto de cada
sílaba incubada nas lembranças sumindo na apoteótica
hora dissimuladamente eclética...terapêutica

Frederico de Castro

Na grandeza do tempo





Escorre o vento
desfolhando a alma
toda ela
é meu fôlego
todo eu sou apenas
espectro na visagem
do tempo
que desencandeia
emocionantes sussurros
tão surpreendentes e sôfregos
Ali deixo escorrer
entre os dedos
a acutilante fé
todo o religioso calor
dos dias festejados em poesia
Dos tempos que sobrevivem
quase póstumos em
outras distâncias e latitudes
com minúcia reincidente
no corpo,
no ser
na derme
verso após verso
em burburinho o amor por fim sossega
e sem cessar teus gemidos segrega
Nas imagens vagando
pela charrua do tempo
tão dissidente
galopo até encontrar
a progenitura dos sentidos
e dos silêncios
Contorno ávido todas
as metafóricas existências
Experimento emergir
entre sorrisos excedentes
Sustento quase faminto
a luz que mendiga
descontente
o acordo rompendo
todas as solidões
que ficaram pendentes
Nesta longa viagem
simplesmente rumarei
à clandestinidade onde
repousam em outras
latitudes coíncidentes
as ondas de melancolia
quietamente irreverentes
Nossas planícies
perfumarão todas
as estéticas da nossa humanidade
dando de beber
a todos os sequiosos desertos
adubando todas as sílabas
enraízadas no húmos
que nos suscita a vida
com palavras milagrosamente
acobertas de orações tão coniventes
Deste presente
prevejo-te mais que o futuro
inserido na minúscula vagem de
tempo onde deságuam as lágrimas
descarrilam os sorrisos
mais abnegados
generosamente enquadrados
em cada admirável desejo
exultando na multidão
de sonhos que polvilham
graciosamente este meu poema
assustadoramente enamorado
Mesmo que neste caminho
os destinos se tornem
becos sem saída
ainda assim transformaremos
todo o arco-íris
em artísticas e inspiradas
latitudes prostradas em cada
quadrante de solicitude onde
estendemos nossas civilizações
de alegria
rompendo a grandeza do tempo
onde pernoitamos na jurisdição de
cada vento afagando-nos
eternamente em euforia

Frederico de Castro

Talvez meu fado...





Talvez...
Assim se movam montanhas
Não restem dúvidas
Nem se acomodem as rotinas
Talvez...
eu te doe o silêncio dos meus
cânticos

Talvez...
eu enfeite todas as conivências
com frenéticos versos sequestrados
no pórtico das mesmas saudades
fugidias...em efervescência

Talvez...
recrie um mundo novo
forjado em eximias existências
vagabundeando em cada pseudónimo
meu
rendido à esquadria do tempo

Talvez...
persiga semeando o amor, além dos dias
celebrando
a vida regurgitando ...em tua reverência

Talvez...
seja só meu fado
tatuado a este silêncio
cantando minha dor até que dia
renasça quieto à beirinha de nossa
feliz coexistência !


Frederico de Castro

Acto de silêncio




Calei-me

Deixei passar todos os ecos
perfilados na ausência
da tua voz
Revelei todo o silêncio aprumado
no dorso deste verso
me consumindo pela noite onde
me esgueiro quase inanimado

Frederico de Castro

Minutos famintos





O que faço das palavras senão a

minha arma perpetrando-te

como as ciladas que invento

ao alimentar a inspiração

faminta em cada momento

  • Que faço dos meus versos

senão as pontes tangenciais

onde unimos as margens do

silêncio

reencontrando-nos a bordo de cada

palavra navegando de contentamento

  • Que faço das minhas rimas

deixadas no réveillon dos tempos

sem sequer me consumir no sabor

da tua harmonia trajada

no colorido dos ventos

deixando todas as vogais atónitas

espraiar-se na sonoridade intercalada

nos desejos e nas preces

despressurizando-me tão caladas

  • Que faço da poesia

morrendo grávida e faminta

por uma rima que tarda

e depressa se requinta

regurgitando sonoridades

quase perfeitas

formosas

e toantes

desembocando na grafia

de um verso rimando sem limites

em emoções tão beligerantes

  • Deixarei que outras palavras

embriagadas na noite

contornem o semblante esquivo

e expectante do teu ser

Pincelem o tamanho das lágrimas

que espiam o eco pitoresco de uma

eleita ode se refinando na ermida

dos silêncios tão quânticos

e inebriantes

Frederico de Castro

Culpado ou inocente




São ternas as noites
e longas as insónias
que fotografo na moldura
de um raio de sol adormecido
entre madrugadas tecidas
em vagas de solidão mareando
o tempo com candura


- Apetece-me só
permanecer entre teu regaço
imigrando nos alados beijos
que me deixaste em recato

- Este é só meu jeito
de dizer
como mergulho nessa luz
abraçando-te num soberbo
sorriso
que pousa na tua pele
incendiando nossa temperatura
libertando o dia que
fenece em silêncios e súplicas
de loucura

- Nem sei mais
se imploro por um sorriso
qual unguento feliz e travesso
ou
se em ti me converto
em homenagem arquitectada
entre margens de um rio
onde saciamos os silêncios
exterminando o sequioso tempo
em fuga felina...quase tão derradeiro


- São pequenos passos
convergindo na fragrância
da noite onde assumimos
a culpa ou inocência
onde
digitalizamos cada sonho
fotocopiado em excertos
coloridos de emoção e conivência

- São ecos do coração
batendo sorrateiros em taquicardia
prescrutando no monitor dos dias
o endereço das distâncias que
sossegam tantas arritmias desfibrilando de emoção


-São sombras vaidosas
que se vestiram nos destinos
da noite coreografada num poema
quase clandestino
não fossem tuas lágrimas
o oceano onde me embebedo
destas manhãs sem trajecto
nem instintos
apenas nós
habitando-nos famintos
arrastados no sopro febril do dia
equatorial e tão repentino


Frederico de Castro

Degrau a degrau





Fossem meus olhos bordar a luz nos imensos céus

onde pairam os silêncios teus e então trocaria

de vez o sentido impaciente com que descrevo

nossa entrega sem indiferenças nem contemplações

ao eco das plenas recompensas e sublimes ilusões

Que me ornamentes as palavras tecidas na súbita

poesia abençoada na penumbra dos nossos ternos

e saudosos brados alimentando degrau a degrau

o breve sonho deixado no rodapé do tempo

abandonado neste insano poema escapulindo

no silenciar de um verso acordando sedento

Assim te estendo meu estuário poético onde tudo é aventura

e transita vagarosamente à beira dos nossos rios

como sonhos que se desintegram impressos em cada átomo

de vida avassaladora em cada existência demolidora

onde traduzimos em delicadezas a graça comovida

sorrindo em infinita beleza assim comprometida

Fossem meus olhos olhar-te num instinto de inspiração

e desenharia teus infinitos meteóricos movimentos celestiais

alcatifando a soleira do tempo onde cada afago

domestica os movimentos sensoriais da vida elegante

brotando tão crucial

Fossem os céus os prados memorizados desta madruga

extravagante

onde nos fazemos convertidos e flagrantes

e não mais morreria consumido no sopro da esperança

mas duraria na vulgaridade do tempo estonteante toda

a eternidade expectante excitada pela arquitectura da

sabedoria desabrochando acalentadora e delirante


Frederico de Castro

Outro por do sol




ao Ricardo meu irmão...

A cumplicidade apaziguou-nos a solidão

enquanto nossas almas permutam

o perfume que brota dos nossos poros

sequiosos pelos beijos deixados

na imensidão de saudades bordadas

na túnica dos tempos onde me escreveste

um verso vagueante e deslumbrado

Deixa que a noite perscrute todos os

nossos pensamentos mais voláteis

Deixa que ela espreite a fuga das nossas

solidões

saltitando em todas as tuas sinfonias

alegóricas

cavalgando em mil tantas oitavas

onde compunhas os silêncios relegados

numa vida tão eufórica

Resta-nos sentir o eternizar dos

nossos versos

deliciosamente ousados

desesperadamente apaixonados

viajando na mestria dos teus

apelos

rompendo todas as cíclicas

tempestades onde pernoitamos

no léxico das palavras

que não te direi

...apenas consumindo-te

no lindo arco-íris, acontecendo

na brandura crónica dos teus versos

pra sempre reflectindo-te

Outro por do sol....

inteiro, confidencial

Desejos caminhando atarefados

sublimando actos de amor rugindo

num verbo autografado

serão decerto a luz que nos acalenta

quando plantarmos o dia que se esconde

suavemente na fresta da vida

relegada no tempo que jamais

teu sorriso afugenta

...pois espreito-te encostado às

margens desse teu mar

absorvendo as maresias e os beijos

afogando-nos nesta sintaxe de amor

onde ancoramos nosssos silêncios

plenos de festejos

Frederico de Castro

Conficções





Do tempo quero somente
que me despojes deste corpo
que te invade
Ser o esteio numa promessa
que não se cumpre
soprando nos dias teu
palato com gosto de sonho
sonhando devagarinho
insuflado de paixão
ao colo do teu leito marinho
Do tempo restam
só palavras meigas passarinhando
nos teus silêncios em burburinho
sem te escamotear os medos
atrelados nos ventos felizes
que em ti esquadrinho
Restam somente
uma resma de versos
degladiando-se entre a leda
madrugada que em ti
toda se satura
e a hora
vadiando no pelourinho
de uma fresca brisa dissolvendo-se
no húmus da Terra
nutrida, insólita
em oferendas de amor
tão implícitas
Restam minhas confissões
sustidas em prantos
que já lá vão
embaralhando o naipe de palavras
onde me alimento desvairado
de quase nada
ou de tudo que deixo escrito
na luminescência dos dias
correndo pra nós entrincheirado
Restam sonoridades
pautadas na caligrafia do tempo
acariciando cada letra despertando
na plenitude dos ventos
chamando à vida todas
as aguarelas colorindo esta
poesia toda ela
de ti se empanturrando

Frederico de Castro

Em movimento...





Energia
= mc²
Dinâmica ou Principio
da Relatividade
Equação em alvoroço
Caminhando em toda a expressividade
- Em movimentos despressurizados
Atraímos a quântica do tempo
Relativizamos os impulsos vibrantes
ágeis
nesta fusão louca
acelerada e táctil
- Em movimentos táteis
reencontro gravitando
nesta existência fantástica
nossas órbitas celestiais
cavalgando estilísticas aritméticas
factuais
- Em movimento radioso
astronautico
observamos cometas
asteróides
Baseamos a física
num poema teórico
rompendo os céus
pela Estrada de Santiago
quase meteórico
- Em movimentos
equacionamos distâncias
resolvemos ideologias
unimos o cosmos
desfragmentamos crenças
medicando sem profilaxias
- Em Movimento
gravitamos na inércia
do tempo
ficamos sujeitos à massa
do corpo X aceleração
extinguimos-nos graciosos
ao raiar de cada aurora
boreal
orbitando nossa universalidade
em utopias breves, fugídias
quase irreais
- Em movimentos
se agigantam poemas
com grandeza sideral
Se refrescam de brisas
excelsas
todo o sublime sentimento
onde deambulam nocturnas
atmosferas rarefeitas
surpreendendo feliz
o etéreo despojo de uma
excentricidade planetária
onde nos emancipamos
daqui até mais além...

Frederico de Castro

A mecânica dos silêncios




No furor

o ruído

o eco do software

O devaneio de um grito

reverberando no

castiçal dos silêncios

preenchendo a ressonância de

todo o meu hardwere

O frémito ruído

o desembaraçar do tempo

num sentimento cego

sem sossego, alvoraçado

soltando gemidos num

fluído de palavras esperneando

num putrificado dia desfasado

A mecânica dos silêncios

o verso bramindo na noite

calada

a sombra passageira onde

jaz a voz quieta

num rumor vagabundo

que agora até desinquieta

A caligrafia deslizando

no sepulcro do silêncio

O obcecado e astuto ruído

atrelado ao doce silvo

de um beijo deixado no

rodapé desta algazarra

onde se fez gritante o

sorriso ocluído

Resta o farfalhar

do Outono

O chorar mansinho das

horas e dos lamentos

extenuados

A madrugada se incrustando

entre estes versos sitiados

empurrando a maçaneta da

vida gemendo entreaberta

ao suave ninar dos silêncios

que quero somente perpetuar

Na prisão dos ventos uivantes

preencho cada hora minguando

no chinfrim de um sonho

martelando a noite numa arritmia

louca, festiva

engolindo uma gargalhada soando

límpida no tilintar da tempestade

batucando, vituperando nos disjuntores

da vida num curto-circuito

eléctrizando esta canção eclodindo emotiva

Frederico de Castro

Além da luz




Ao encontro da luz...além dessa luz onde

Acendo com prazeres apaziguadores o

Espantado naipe de volúpias despontando como

catalisador dos silêncios vestidos de ecos

aconchegantes e avassaladores

É tempo de receber cada lamento saltitando

no platónico e suave desejo de amor aqui

despontando com candura cavalgando na síncope

das batidas cúmplices em corações exultando

hegemónicos sentindo o sentido titânico em cada

abraço crónico inteiro ergonómico e ousado

Eterno e confidente será sempre meu silêncio

até reencontrar essa luz saltimbanca que ecoa

aplainando todas as neblinas dos dias

esquecidos e atados à visceral ilusão que naufraga

num verso emoldurado numa brisa matinal

guarnecendo até minha solidão tão unilateral

Assim podemos, desejar, seduzir ou cortejar

reencontrando a síntese de cada tempo verbal onde

extravasamos todo o silêncio colateral que reabastece

o cantil dos sonhos desenhados pelas sombras

galvanizadas nesta utopia subtil de um verso onde te

desvendo numa trigonometria de beijos

tão gentis e voláteis

Frederico de Castro

Mudando as marés






Em algum lugar do mundo
gravaremos nos dias
cada presente de amor
forjado na onda que nutre
nossos seres
escoando marés
planando sentidos
convergindo amores
beijos investidos
pecados concedidos
Em algum lugar do tempo
silencio todas as liberdades
circulando nos oceanos
fantásticos
Suplicarei em cânticos
todos os lampejos do sol
onde guardo e jamais
olvido essa luz
que solta mil plenitudes
de amor pulsando
expedito
Junto ao coração que brinca
entre marés de ilusões
deixarei impresso
minhas loucas intrusões
inspirando todas as equações
onde matematicamente elaboramos
todas as adições de tempo
sem mais perder a apoteótica
e precisa resolução geométrica
onde negociamos
as formas
a arte
as sombras...nossos seres
tão próximos ou longínquos
nesta trigonometria transbordando
palavras e cálculos precisos
no rumo das marés
a cada instante numa onda galopando
Mudando as marés
contemplamos todas os
labirintos onde mergulhamos
nossos suculentos beijos
vagabundeando no sopro
do teu perfume
retendo os gestos fitando
a memória acometida
libertando todos os ventos
assobiando no odor
de cada aragem propiciatória
e mais atrevida

Frederico de Castro

Um de nós...




Brota minha escrita
desatando a rota no dia
que galopa rumo à tua
guarida
- Um de nós
deixará as saudades
se confessando entre
dois olhares quase indeléveis
correndo neste poema
que te deixo em epígrafe
quase me desintegrando
impassível
- Eu sei
como te desatar
os silêncios
Sustentar toda a posse do tempo
que nos algema irreversívelmente
- Um de nós
inexoravelmente
deixará amarradas
todas as emoções corrediças
onde nos banqueteamos
com palavras irrecusáveis
e jamais esquecediças
- Consumiremos todas as
harmonias
que se atam ao nó
dos meus silêncios
Maquinaremos tantos abraços
em cada segundo
enclausurado no tempo
que a nós se apega
desata, sossega
galga
e jamais renega
- Um de nós
traçará os ritmos onde
se imolam paixões
onde se lavram insurreições
colhendo em todos os
cântaros de vida
um milésimo de tempo
onde
pernoitaremos insinuantes
sem mais restrições



Frederico de Castro

De cor e salteado





Algumas palavras

sei-as de cor

outras vislumbro-as

salteadas

no guião deste verso

enssopado no licor

dos teus beijos


Em palavras escorregadias

quebras meus silêncios

espelhados em cada lampejo

de amor

onde albergamos gestos

enfunados de paixão

guardados no cântaro

de cada fragrância, banhando

a pecularidade desta solidão

sempre, sempre...em ebolição


Soltei as palavras, qual incenso

sem as memorizar

Voei daqui, volatilizado

até me seduzir nos véus

da tua esperança

pernoitando no destino

dos teus braços

numa procissão de fé

em orações

fatalmente tão resignado


Ninguém mais viu

a alegria quando te acenei

minha euforia

Ninguém revelou teus sorrisos

quase hilariantes

Ninguém surpreendeu o silêncio

quando calei minha voz

só pra te algemar de vez

em nossas loucas simetrias


Todos viram outras

páginas de um fim

sem desfecho

num livro onde não

mais aconteço

pois da alma somente

vislumbro o eterno começo

da vida

conversando sossegada

ao sabor de cada verso onde

em ti cordialmente transpareço


Frederico de Castro

Silêncios vespertinos





Medra o rumor das águas

enquanto por ti caminho

vespertino

diluindo as escuridões do mundo

rompendo pela alva

tão copiosamente

revelando-te os segredos

num punhado de versos inacabados

  • Conciliei minhas orações

repetindo-te a existência inédita

dos nossos seres religiosamente

intuitivos

sagradamente cativos

  • Mostrei-te os salmos declamados

no périplo da vida andante

alimentando o pasto da nossa fé

mais perseverante

decretando pelas ruas deste destino

um rugido travesso

partindo nas carruagens do tempo

itinerante

convertendo até as sombras num silêncio

final, perpétuo e revigorante

  • As datas nos dias extinguiram-se

embrulhando sossegadamente

uma hora que ficou perdeida

no tempo

  • Restou o senso da noite despertar

para nós de espanto

enquanto contigo

à luz excelsa de um desejo

regámos a esperança que ressuscita

numa súbita brisa escrita no

Evangelho do nosso encanto


Frederico de Castro

Desembrulhando o tempo




Inquieto ficou meu destino
Quando desembrulhei o tempo
Recolhido no profundo silêncio de mim
Algemado a este poema quase clandestino
Inquieta deixei a solidão quando
Vagámos nos céus infinitos
Percorrendo os píncaros do
Tempo escorrendo na vulgaridade
Inefável dos teus desejos
Numa tremenda cumplicidade
De abraços e sorrisos a preceito
Desembrulhei-te a fragrante esperança
Assim
Reconquistando cada artéria de vida
Onde acariciámos o tempo
Há tanto tempo rogado num
Açoite quase perverso
Fugindo ágil nas asas deste
Precioso e mimado verso
É tempo de desengaiolar esta
Longínqua saudade
Colorindo todo o folclore imerso
No silêncio onde se calam todas
As histórias da nossa apoteótica
Liberdade
Surfando nas ondas vorazes da vida
Abraçando-nos gemendo quase
Delinquentes
...Num tempo bramindo lisonjeado
Soberano
Repentino e tão concludente
Desembrulhei coisas
Que pastavam nos meus
Mais selectos sonhos
Percorrendo o bordão dessa luz
Onde por fim se eclipsou
Meu encadernado poema
Que o tempo por ali passarinhando
Em epígrafe estes versos meus
Pra sempre em ti desembocou
Deitado no travesseiro da vida
exalando todo o perfume que este
silêncio por fim vivificou

Frederico de Castro

Arquivo dos afectos




Hoje acordo indagando o dia

saciando-me num gomo de luz

que a madruga rouba aos afagos

que busco em ti

quase em vícios que a sedução do silêncio

prostrado

desfragmenta num acesso inquieto

ao relantin...assim como que arquivando

todos os beijos que deixaste

fotografado nos meus afectos

  • Sei como é dificil escrever

uma ausência

ou a existência escorregadia

de tantas ilusões

Fartar-me de poesia até

que todos os gerúndios me abasteçam

o vocabulário

amando

rindo

mirando o tempo onde me encerro

salvando todo o alfabeto de palavras

num pretérito mais que perfeito

assim como um eco ferindo a noite

selando-nos de mansinho

  • Há que refazer os sonhos

bebendo todas as saudades

em tons suaves pela tela da vida

matizando teu ser que adivinho

pulsando neste coração em tudo

convergindo

assim que desabrocha meu verso

correndo

correndo pra te esquadrinhar

em cada momento nesta onda

de silêncios agora remanescendo

  • Com o passar do tempo

ergui a alma feliz

fecunda

parindo qualquer meiguice

que me deixaste no sótão

das minhas saudades qual artíficie

  • Recobrei os sentidos inundando

todo o dicionário com as mais belas estrofes

explodindo num poema quase perfeito

aberto ao decote desnudo desta vida

onde alojamos nossos

seres bolinando trajados de amor

confesso...de todo insuspeito


Frederico de Castro

Cacos das lembranças




O calculo dos tempos
Na ausência das horas
Toda a vida feita em cacos
A presença da saudade
Na tristeza que parte
Neste iniquo tempo
Trajado de cumplicidade

O vestir dos dias
O despentear tantos meses
Deglutindo cada ano
Passando num segundo
Formatado e tão fecundo

Foram sorrisos levados
Nos ventos da lembrança
Numa náusea prenhe
De serenidade
Enquanto a saudade nos verga
Com toda afeiçoada conivência
Curando uma distância tão breve
Num adeus, anónimo sentido
Zelando só tua ausência

É tempo de domar as saudades
Tranquilizar os desejos ausentes
Remediar a solidão que morre
Devagarinho em nome de um
Abraço madrugando em ti
Assim Docemente

Idos são os tempos num
Momento, passado...passando
Poeira levada na eira dos ventos
Naquela saudade invisível
Unificando os cacos da lembrança
Deixados na distância dos tempos

Frederico de Castro

Esculpindo a luz





Sou simplesmente uma partida

sem mais regresso

esvaindo-me em digressões

numa travessia quase louca

rumo a lugar nenhum

sem trajecto nem etapa

errando simplesmente

nesta peregrinação divertida

consumada... com palavras

veladas na colorida escultura

que talho de mansinho pela

noite costurada em tantas

tantas desventuras

Assim lavramos o destino

no tempo que resta

esculpindo na escuridão da noite

uma luz ou um brado sereno

urdido em mil gargalhadas

abastecendo de vida

toda a vida desabrochando

como gotas abençoadas de criatividade

reflectindo neste lúdico silêncio

a inexorabilidade

do tempo que jaz no carrocel

da nossa imensa cumplicidade

onde nos sincronizamos até à imortalidade

Frederico de Castro

Espreitadelas





Fui no tempo pintando

teus relevos no vento

Escrutinei os céus

em busca dos beijos

filtrados pelas nuvens

onde sequencialmente

nos albergamos satisfeitos


Fui no tempo

nutrir-me de vida

protagonizar outros

segredos deixados

amarrotados em lençóis

despojados de memórias


Fui decretar aos sentidos

que sem malícias

um dia nos extasiamos

quebrando todas as demências

Domesticámos as esperas

despimos as saudades

ressuscitámos o silêncio

onde exprimimos

actos consentidos de amor

habitando as manhãs transitórias

amadurecidas de euforia


Um dia nossos seres

deixarão esculpidos

com elegância inconfundível

os ecos deste amor

para gáudio dos empaturrados

desejos

em plena simetria


Fui

e não mais voltei

deixei outras ausências

estampadas na indigência

dos tempos

Simplesmente faleci

neste vagar dos ventos

onde proscrito me entrego

peremptório e homologado

espreitando-te súbtil

na extravagância desse gingar

quando por mim tão alegre

e graciosa serpenteias


Frederico de Castro

O genoma da solidão




Em algum lugar do mundo fecundo uma
Molécula deste silêncio onde gesta uma
Hora pungente, impune, tão indigente

Recrio o genoma da minha solidão para
Que os genes dêem vida a cada palavra
Projectada na mais fiel e anatómica ilusão

Em coesão todos os beijos embebem-se
Do teu DNA num frenético e cromossómico
Lamento alimentando os cloroplastos do amor zigótico

E na réplica dos desejos recai em nós todo
Simbiótico momento de paixão recriando ali
Este osmótico momento de silêncio em explosão

Inútil e ferida a noite povoa todas os organitos do meu
Mundo poético procriando e alimentando aqueles centríolos
De solidão onde apascento cada ribossoma em servidão

Frederico de Castro

Voo nocturno




Empresta-me teu voo
e depois dançaremos
gentis
cavalgando as
aragens nocturnas
onde a noite sonolenta
por entre o ninho de nuvens
ilumina e todo o luar
perfuma e súplica


Frederico de Castro

Sob disfarce




Quisera eu fotografar o silêncio

Embarcar numa máquina de tempo

e viajar...viajar embriagando todas

as madrugadas desaguando no dominó

da vida jogada pra lá e pra cá

desarrumando todos os horizontes

divagando sem sentido

sem planície...rumo

instante ou existência

Sob disfarce prescruto o lado

mágico das palavras coíncidentes

Perfumo o desejo esculpido nas

tuas formas súbtis...reincidentes

Deixo percorrer o dia aveludando

o disperso farfalhar do silêncio

onde convalesço ao ritmo premente

dos desejos tão contundentes

Deixa-te levar no sabor das lembranças

aconchegando todo hiato de tempo cósmico

acariciando os poros da existência

clamando a cada transeunte dia que

escapa na patente da saudade que

morre pesarosa neste labirinto

planando em desassossegos

que agora só eu pressinto

Perderam-se tantos segundos numa

hora sequiosa de eternidade

que até me esqueci de marcar no

calendário da poesia uma palavra

de feição onde memorizamos a demanda

do tempo num absurdo silêncio iluminando

os candeeiros da vida escurecendo subtilmente

os céus incógnitos e extraditados

em versos absolutamente estupefactos

Frederico de Castro

Musicando...




A musica tem asas
e para os ventos se eleva
povoando toda a harmonia
com ritmos tão apaixonados,
revelando a arquitectura
num hino que invento
ao despertar o canto
dissimulado no silêncio
dos teus prantos...

Frederico de Castro

Carinho sedativo




Jaz ali inerte
em quarto crescente
expectante
essa lua
desfolhada em mil raios de luz
que roubei à noite cintilante
procurando afectos extravagantes
elucidativos deste meu mundo fulgurante
impregnado de doações ilimitadas de
de carinho flamejante
Senti só no corpo
as veias ardendo em busca
de mais transfusões de amor
Deliciei-me a forrar nossas
saudades com afagos sem dor

Adoeci no teu colo
à espera de todo cuidado intensivo
aperfeiçoado em carícias
constantes
tão sedativas
às vezes tão previamente
desesperadas
outras tão fatalmente persuasivas
Frederico de Castro

Tempo de afectos





Despeço-me dos afectos que

se enrolam no tempo

turvando o olhar que divaga

em ondas insufladas de esperança

chicoteadas com tanta fragilidade


Contento-me em atar

os meus destinos

ao final de uma eternidade

que nos acena no indigente

dia que morre quase felino


Aceito cada gomo de solidão

como quem destranca todas as portas

deixadas entreabertas no limiar

genuíno de cada beijo trajado no anonimato

de todos os ecos costurados em sofreguidão


Na elegia deste adeus

me afasto na escuridão

ou na meiguice do teu perfil

onde apréguo mais que os silêncios

a tua essência matreira

prenhe de emoções quotidianas

moldando-nos a todas as

homenagens validadas no tempo

que urge tácito

neste Outono perene e tão pálido


Vou deixar por instantes

que adormeças todos os meus céus

algemando a luz como troféu

pousar em todas as minhas luas

amadurecer todas as minhas ternuras

como a fé que se propaga marginal

entre a baínha de tempo

e as paisagens que afloram nos ventos

e rituais de eterna formosura


Vou ficar quieto

até sossegar a alma que se

gera em cada excêntrica hora

de aventura

Vou confiar na imaginação que

cruza cada inolvidável dimensão

do tempo


Alimentar-me de cada átomo

quântico que decifra meu

vocabulário dançarino

orbitando na magnitude de um

beijo matutino

onde em acordes de amor

deixo que todo este

cosmos longínquo me transforme

num poema afagado em clamor

derradeiro...infinito


Frederico de Castro

Sempre...e para sempre





Sempre ...e para sempre
me sentirei consolado
quando neste poema
tua existência feliz
em meu ser silenciosamente
adormecer
emprestando-me um abraço
estrito e sem mais limite
tão docemente profilático
Sempre ...e para sempre
encontro-te de certeza
ali me devorando
a alma carente
e tão desassossegada
em fuga ágil pelos beirais
de uma prodigiosa palavra
que em nós habita feliz e tão empolgada
Sempre ...e para sempre
reencontro-me em ti
nem que as palavras
se percam nos hemisférios
mais fustigados
deste mundo
Acordarei coligado em ti
num sentido verso
que desfibrilha e deambula
pelo coração empolgado
no terno poente que por nós
se esgueira, exalando...feliz e refastelado
FC

O que recordo em ti...




O tempo soltou suas ventanias

a saudade a memória ígnea

epífania dos silêncios excepcionais

que se alimentam no destino disfarçado

de brisas indeléveis e fraternais

O que recordo em ti

amordaçou a solidão

deixando

a alma em dores profanas

a vida carente rangendo

nas divagações quase insanas

E dos versos serviçais renovei o desejo

quase caótico numa pirotecnia de palavras

imprevisíveis nascendo passionais

homófonas e inesquecíveis

O que recordo em ti

vou soterrar lá no gavetão das

minhas ternas ilusões onde fabrico

e reivento a luz do teu ser

escapulindo por um triz à desinquieta

noite replicada em beijos convalescendo

no pote do amor sem mais contradições

O que recordo em ti

replico na arquitectura das

palavras nunca ditas

invadindo o dicionário dos sentidos

prenhes onde restauro um sonho omitido

dando entrada na clínica dos meus prazeres

recostados no olhar das distâncias

desalmadamente a dois consentido

O que recordo em ti

fez-se então meu quotidiano

desarmando meu raciocínio

ensopando as horas trajadas

de infortúnio

alimentando o ciclo de vida

qual sentimento em declínio

desabitando-nos pra sempre

numa imprevisível e inusitada

hora se revelando devagarinho


Frederico de Castro

Correntes




Nas correntes do tempo fluem
Horas marginais e tão divergentes
Plagiam sonhos provenientes de
Tantas emoções sempre contagiantes

Nas correntes da solidão oxidam-se
Ilusões gigantescas e narcolépticas
Fazem-se permutas de caricias que
Apaziguam sensações tão apoplécticas

Nas correntes da vida entrelaçam-se
Saudades absolutamente frenéticas
Ancoram-se a maresias íntimas e platónicas
Orquestram palavras expressivamente hegemónicas

Frederico de Castro

Essa estranha loucura




Num momento da feliz existência

observo as coisas belas e simples

audazes...em convergência

deglutindo de mansinho um tão delicado

beijo pousando em desalinho

na fímbria dos teus lábios

me furtando de desejos revividos

com tanto jeitinho

  • Essa estranha loucura

atrela-se à alma onde distendo

em meada um rol de versos

repintados no teu semblante

repleto de ternura entre

nossos entes em sintonia quase

vorazmente de desejos se acometendo

  • Essa estranha loucura reflete-se

numa doce paisagem onde pincelo

teu ser

deixando tatuado um gesto impregnado

de silêncio repintando cada pegada

que um gracejo quase demente

expõe em delírios mitigados

de amor aconchegados cordialmente

  • Provoca-me toda literalmente

lambuza-me os céus actuais onde

pernoito em ti incondicionalmente

Desperta como borboleta

em metamorfoses de loucura

onde me diluo precocemente

  • Encanta-me com cumplicidades loucas

pra que viva consentindo-te infusa

em mim

bebericando-nos até cair a máscara

do dia

e a noite se embrenhe ululante

na acústica de um cântico regado

de emoções tão galantes

  • Invade-me os versos que deixei

cabisbaixos

à mercê de palavras esquecidas

e tão vacilantes

Emerge nos meus rios pra te

afogar nas minhas vagas ondas

jorrando um sopro de silêncios

acantonados aos teus olhos

que se despem ofegantes em

coreografias celestiais

perfumando gota a gota

o infinito salivar refém dos teus

beijos despertando tão factuais


Frederico de Castro

Astuta saudade




Pelos olhos amendoados de um sorriso casto

Deixo laqueado o sonho embrionário revelado num
Gesto ou súplica aconchegada à placenta do tempo
Onde se queda o imperceptível silêncio combalido
Sangrando no endométrio deste meu uterino verso
Engravidando a saudade assim tão fetal

Jazem perdidos os ventos de um desejo intenso
Ali cerzido, patenteado...num grito alienado, e letal ficando
Nós assim mais fecundos tatuando cada artefacto do amor
Em estado de graça acenando um indeciso e melancólico
Adeus indigente irredutível e fatal

Oculto agora o significado das palavras
Rudes e indivisíveis, dispersas pela enxurrada de versos
intrusos condenados ao degredo de uma ilusão inflexível
Percepção da existência que se escoa irreversível
Rodeada de abraços flanqueando a vida pelejando
Capítulo a capítulo qual elegia de fé assim indiscritível

As lágrimas das saudades perfumam o mural
Onde escrevemos o condoído silêncio ausente
Despertando todas as maresias que inalo em ti
Entranhando-me genuíno, astutamente exequível
No marsupial desejo palpitando irresistível

O sol nasce sempre radioso e colorido
Estendendo seus calorosos e embriagantes raios
Pelo tempo mais ébrio e ladino
Domando aquela manhã aveludada que se
Esgueira comungada neste sonho tão felino

A poesia descobrimo-la nós pincelando todas as
Margens de inspiração fluindo desgarradas pelos
Socalcos da vida abrigando a volúpia dos mesmos sonhos
Acontecendo implodindo na clandestinidade de um carinho
Comovido às vezes descartável...outras quase absolvido

Frederico de Castro

Película de vida




Teu olhar, descortinando

meu poema sedento

num cerimonial brejeiro

acaricia o pomar de beijos

plantado na noite engolida

pela tua

insuportável ausência

que o destino alimenta

pacifica e obedientemente

cinzela

...e nós por fim

deixamos como indulgência

nossas sonhos vulneráveis

deglutidos num feliz açoite por clemência

Todo o prazer nasce-me

em películas de vida perfumadas

em silêncios arrebatados

quando apetecívelmente nos

embrenhamos pacíficos

confundindo nossos seres

amando loucamente

ostensivos

aceitando morrer sacrificados

infestados pela bondade

redentora onde nos embebedamos

unilateralmente recíprocos

solenemente leais

alimentando o amor agora

literalmente inequívoco e serviçal

Frederico de Castro

Dossier dos silêncios




Pintei lá no azul celestial

o mesmo olhar de amor

com que desperta a proverbial

pulsante e farta manhã

rejuvenescendo fraternal

Deixo na ressaca da noite

Um eco generoso

com que me embebedo

no frutífero e saboroso

salivar das nossas bocas

sem credo nem medo

quando todo em ti me excedo

num beijo tão argucioso

Transpiro de olhar

em olhar

sedento, ansioso

por encontrar-te saltitando

no porão dos meus silêncios

e depois... devorar-te pecaminoso

Correndo vou

suscitando a tua contemplativa

anuência pelos meus abraços

Recrio a rodovia dos teus sonhos

quando alimento os desejos (in)satisfeitos

enfeitando o diploma dos nossos gemidos

desafiando pesarosos

o silêncio que estrangulo

qual criminoso

Deixo-te por encaixotar

meus erros embalsamados

em remotas e resignadas

histórias

que decanto em poesia

sentida

transtornada e dolorosa

Se tiver ainda tempo

realço novas cores

na manhã ociosa e atónita

que brame resignada

perante o ultimato desconcertante

de uma gargalhada gemendo no espectro

da noite se engalanando de estrelas

luzindo fascinadas

Saúdo minha liberdade

Supero se preciso

os medos de ser

amistoso

quando o corpo em decadência

nem suporta mais

tantas vagas ritmadas

de felicidade

onde se decide como

enfeitar de novo a vida

crepitante veloz aplaudida

morrendo depois tolerante

e desiludida

Pelos holofotes mendigando

e adormecendo a luz flagelada

vieste pra mim debruçada sem

complacências...apenas tu

revigorando cada desejo em clamor

que assim se desperta triunfante

em respostas cronometradas

no dossier dos silêncios

onde jazem nossas vidas

estreitando-se ressarcidas

alcatifando cada palavra armazenada

na alfândega do vento rugindo brando

escondido na algibeira do tempo

correndo expedito...rufando

Frederico de Castro

Código do silêncio





Parei o tempo só pra te cortejar
Um sorriso de gratidão...quase inolvidável
Afagando o olhar que atordoa o anímico
Momento que trazes sob custódia
Registo de um sorriso vaidoso anatómico
Visto as sombras da manhã com as luminescências
Da nossa esperança...recorte magistral e radiante
Das alegrias quase telúricas
Ministrando a fé perpetuada na génese da vida
Que agora se apronta esfuziante e alegórica
Ao chegar a aurea branda da manhã afago cada verso
Mais impulsivo, mais lascivo embebedando
O afrodisíaco momento remisso onde mato em síntese
A sede de todos os desejos lubrificados na antecâmara
Das solidões tão promiscuas...oh desalento meu
Balbuciado neste poema conspirando...sedento
Sob inspiração ratifico toda aquela enxuta lágrima
Lavrada num lamento carbonizado...alimentando
O monstro da escuridão sugando-me a luz da existência
Análoga a estes versos desmoronando no tempo
Onde velo agora as sombra da noite aviltada fenecendo
Numa penitência de prazeres tão inssurrecionais
Deixei no tempo um calendário exacto onde escrevo agora
As longínquas ilustrações dos meus sonhos ficcionais algemados
Ao código do silêncio despoletando a ogiva da esperança sublime
Onde aclamo o flâmeo e intenso beijo transmudado
Que deixei de infusão no ergástulo sonho convalescendo sedado
Frederico de Castro

Melancolia





Melancolia

advento em folia

perfumando o tempo

franzino, esquecido

beirando todas as anomalias

dos meus versos em plena vigília



Melancolia

apedrejando os meus silêncios

acantonados na tertúlia dos dias

onde mendigo sem quezilias

um grito de desespero remetido

neste poema morrendo

quase de embolia



Melancolia

dos meus sonhos remetidos ao

túmulo de todas as indiferenças

mastigando cada degrau onde

pavimento o espólio das

minhas irrefutáveis lembranças


Frederico de Castro

Pelo vislumbre de um olhar




Deixei de ouvir o silêncio pulsando entre
As dunas desta solidão tão carente qual fusão
De prazeres farejando somente um beijo irreverente

No vislumbre do teu olhar ecoa uma gargalhada
Sempre tão comburente que me incendeio assim,
De repente espampanantemente aferente

Fecundo palavras extremamente reverentes
Alimentando a periferia da minha solidão recorrente
Até que impotente a noite se acoite num breu mais aparente

Rejuvenesce em nós a graça de tantas memórias e desejos
Cristalizados deixando o séquito de ansiosos beijos coniventes
Dormitando num arpejo silencioso e tão eloquente

Frederico de Castro

Queixume esquecido




A solidão prostrou-se ali fitando o
Perfil ígneo de uma sombra reluzindo no breu
Das escuridões qual requintado cântico plangente
Açoitando o silêncio florescendo numa prece conivente

Deixo as melancolias pousar nos ramos do tempo
Onde com vagar divagam todas as carências de
Uma saudade trajada com tantas reincidências
Esquecidas num queixume breve e sem reticências

Ficam os registos do tempo passando esporadicamente
Alimento deste subalterno silêncio rugindo afeiçoado
A este verso embebedado no frescor de cada
Afecto unanimemente corroborado

Telepáticas pernoitam as luminescências de uma noite
Pintada nas minhas memórias mais egocêntricas onde
Serenam depois as ondas intactas de uma
Quietude icónica...excêntrica, estupefacta

Frederico de Castro

Sopro no tempo




O silêncio descobre-se a si mesmo

pernoita em cada eco do tempo

inflamando a noite que arde de tremores

folheando as melancolias semeadas

nesta solidão alimentando os sonhos

numa citação de beijos tão mitigadores

As sombras da luz iludem até o dia fenecer

Curva-se perante a madrugada saltitando

em cada sopro de tempo galanteador que se

equilibra em extase num abraço fitando o breve sorriso

que deixaste no meu ego expectante e conspirador

Lá em cima sei como os céus apartam suas

nuvens para teu ser a mim se algemar

adocicando a pluviosa gota de chuva

irrompendo no silêncio palpitante

insensato, imaginativo...expectante

Deixo nos jardins o perfume que as rosas

de ti exalam

semeando a seiva de um sorriso quase bêbado

destilando toda a essência contida na ululante

demência de um audível eco desmascarando

um beijo congeminando incitante

Com o tempo deixei coagular a luz que desponta

nas veias deste silêncio

Alimento as artérias do amor devorando todas

as anemias aflorando o hematócrito desta vida

escorrendo entre as moléculas do tempo e aquele

exuberante sonho hemorrágico e proscrito

injectando no venoso dia itinerante o sopro de luz

que morre assim indómito e furtuito

Frederico de Castro

Estados do silêncio




Foi o mar sonorizar as poucas palavras
as quais me impus fazendo porém saber hoje,
que elas apenas fazem jus ao milagre da vida
que nos anima e alegra sacudindo a crina do tempo
baloiçando a paisagem ébria dos silêncios
que tudo purifica e afeiçoa, apela ...e ressuscita!

Frederico de Castro

Soltas ventanias





Meia noite

escondem-se os vultos

sem medo das ventanias soltas

Percorrem ruelas

num silêncio cativo

onde arde a madrugada

repentinamente

deixando o tempo escapar

por entre as mãos da vida

em fuga inadvertidamente


Cai a noite

e a escuridão permeia o vão

de todas as minhas solidões

Tenho que repensar o dia

mesmo sem sol

deixar as insónias incrustadas

num verso marital

indelével e tão factual


É meia noite

e só tenho gula de ti

desarranjando minha biblioteca

só pra te ler

desnuda alimentando

meu jejum gemendo

espontaneamente


Até as pedras falarão

quando te recostares neste

poema...quieto

em marcha para ti

congratulando teu despertar

que se desprende em silêncios

num ímpeto selecto acalentar


Frederico de Castro

Hobby do silêncio




- à Noemi, filha primeira

Mesmo que neste caminho
os destinos pareçam
becos sem saída
ainda assim transformaremos
todos os arco-íris
em artísticas e inspiradas
latitudes prostradas em cada
quadrante de amor
estendendo nossas civilizações
de alegria
até romper a grandeza do silêncio
onde pernoitamos na jurisdição de
cada oceano afagando-nos
eternamente à boleia das
nossas cúmplices parecerias


Frederico de Castro

Quando o silêncio bate à porta





Quando o silêncio bate à porta asseguro-me feliz

das leves brisas que teu perfume importa

soprando em convergências

sem demais interferências

do tempo varrido no restolho de uma

fogueira ainda crepitando nos ventos

Enquando o silêncio bate à porta

empunho todas as emoções

enamoradas pela beleza

do silêncio

sangrando em nossos corações

Faço juras de amor em cada momento

fraterno e desejado

Rompo fronteiras só para te ver

nunca padecer de saudades

Faço-me espelho

teu reflexo puro

decifrado na ciência arquivada

na biblioteca repleta de alegria

com histórias de amor e poesia

Quando o silêncio bate à porta

reajo imune a esta lenta

sofreguidão implícita em todos

os tons da cor num eco imortal

fundindo nossas alegrias passageiras

devoradas em tantos famintos

actos encastrados num único adeus

que agora enfim já pressinto

Quando o silêncio bate à porta

sinto só admiração no fulcro

das palavras belas

perdidas no labirinto do tempo

onde antes dividimos

gargalhadas incontáveis

sorrimos graciosos

a cada soluçar por instinto

penetrando de assalto

cada nobre existência que se

extingue

cingida de paz

simplesmente

inteiramente

voraz

Frederico de Castro

Tanto céu...




O fulgor da vida acostou-se a este desejo cismado

Alimentando o tirânico sonho acampado ao redor da
Extrovertida manhã bradando espalhafatosa limpando
As remelas de uma noite áspera acordando a reveladora
E nómada palavra degustada sem cláusulas e tão singela

Tanto céu e nós aqui
A pernoitar entre os lençóis sôfregos e as elegias dos nossos
Desejos loucos enquanto a esfomeada carícia se alimenta na
Perpetuidade das primícias de um sonho pleno cobrindo o uterino
Vasculhar dos silêncios onde insemino o óvulo grávido do amor
Que quero fecundar

Tanto céu...e o céu já ali
Esbracejando num prelúdio breve
Ao enfeitar as nuvens possuídas de desejos
Estratificando os cirros do tempo e no seu regaço
Eu me abraço em convecções convergentes
Rasgando o trilho dos prazeres etéreos
Frondosa e majestosa hora onde feliz me refaço

Tanto céu...e na terra paz aos
Homens de boa vontade
Hora de vivificar o humos das alegrias regressando
Depois de tantas e tantas quilometragens
Deixar alucinados os tons e os odores das nossas
Peripécias embriagantes e selvagens

...Tanto céu para viver aqui na terra
Ansiando a sobredosagem dos teus abraços
Massajando as plumas do tempo flamejando

Frederico de Castro

Encontros imediatos




Sonhar num palco em grande
Evocando toda a serenidade descortinada
Num vínculo de amor verdadeiro
Alcatifando a luz intempestiva e generosa que exalta
Toda a vida renascendo delicada e propiciatória

De pés atados deixei o silêncio aleatório
Convergir entre a fronteira de cada eco
E o velame ventando pela frescura da maresia
Arrebatada que naufraga lauta e conciliatória
Num encontro imediato e quase premonitório

Aproveito toda a singela leveza dos ventos
E levanto voo na demanda de um infinito azul que
Além desponta chilreando pelo anoitecer preenchendo
As frestas do tempo que velo até finalmente o dia esmaecer

Sossegam as ondas ondulando de mansinho
Penduradas no marasmo do silêncio ecoando pelo caminho
Por fim, labirínticos se despojam os últimos raios de sol
Abrilhantando a vida galopando eclética num excisado
Cântico explodindo em cada sonho frenético e improvisado

Frederico de Castro

Metamorfose da noite




De olhos arregalados rolou ladeira abaixo

a tristeza desencantada cerrando as pálpebras

à noite que chega deambulando desleixada

no tráfego desta vida em metamorfoses

de solidão se esgueirando esfomeada

O que trago no vazio da alma

ficou revogado num estilhaço de silêncios

onde pernoito sem mais interregnos

vestindo o tempo de cambraia

enfeitando a luz da manhã que se despe

pra nós tão intima e dissimulada

A vida percorre todas as correntes de tempo

arrumando-se esquiva na partitura desta poesia

onde disfarço minhas tristezas em páginas

fustigadas de recordações alimentando

outras ilusões quando faço a autópsia à

alma desabrochando a cada momento

Valeu teu distraído sorriso enamorado

aparecendo ao raiar do dia

sentindo-te qual gemido em renascimento

olhando-te toda

desenhando um breve

fragmento de poesia onde condimentamos

todas as invasões deste silêncio

em romaria

bebendo-nos em extâses de carinho

num alfabeto de beijos moldados

na tapeçaria do amor flamejando

insanamente

por cada porção do teu ser que

desfruto inevitavelmente


Frederico de Castro

Nos cuidados intensivos




Deixei na soleira do silêncio

um sopro de dor em letargia

Enquanto a noite corria apressada

tão fugidia

Somente ali existia o vacilar

dos teus prantos batendo nas

vidraças do tempo

amiúde aconchegando o pacto de todas

as nossas felizes e ternas atitudes

entregues aos cuidados intesivos

da alma incógnita bailando nesta

minha imensa quietude

Em epígrafe te deixo meus versos

revestidos de amor

subsistindo ao tempo

deixando no asilo da vida o

mesmo sonho ecoando

no colossal adeus burilado e

incubado neste quase obsceno silêncio

Morre o dia numa tristeza tão copiosa

A madrugada que se foi, regenera-se

tão minuciosa

sorvendo o perfume que teu ser

rouba de rompante a uma palavra

que reescrevo, astuciosa

Suplanto todas as tristezas

sem mais lacunas ou inigmas

bebendo na esfinge do tempo

o oculto sibilar dos teus beijos

conjecturando na leda madrugada

que esquadrinho a preceito

Mergulho no tempo nómada e sedento

à procura da autoria dos teus abraços

suprindo o desejo manifesto em

cada súplica mais ciosa que amordaço

...envernizando o tilintar da vida arfando

no recanto dos cuidados intensivos

onde acontecemos, simultâneamente

espalhafatosos, famintos, coagulando

o amor atado ao uterino momento

que nos foge inexoravelmente


Frederico de Castro

Ontem, uma vez mais...




Ontem...uma vez mais
A penitência astuta que se ajusta
Ao temporizar do tempo fugidio cronológico
A despedida dolorosa e pungente catalisando
Cada instante estapafúrdico onde marulha meu
Silêncio, dançarino, indulgente, quase litúrgico

Ontem...uma vez mais
O cronometrar da vida escapulindo tenra e vaidosa
Corroendo lenta e escorreita o tímido memorizar
De um adeus arrebatado...fruto da solidão
Plangente que em sonhos quero vasculhar

Ontem...uma vez mais
O apiedado sorrido se despindo da face
Alimentando as ilhargas do tempo que
Desagua entre a luz etérea e o rumor
Dos murmúrios remasterizando cada eco
Formoso, veemente monitorado com primor

Ontem...uma vez mais
O estucar dos teus desejos pincelando
O rodapé dos gracejos onde ato cada
Paixão perpetuada num assomo de beijos
Revitalizados na plataforma do amor apelando

Ontem...uma vez mais
O ígneo e flambante sonho servido
Na noite vadiando entre a luz marginal
Hoje o desabitado luto onde
Enterro toda a solidão factual
Amanhã o perfeito fulgor dos silêncios
Diminuto prazer instilado num beijo consensual


Frederico de Castro

Lágrimas oclusas




Embalo tuas lágrimas caindo pelos
Beirais do tempo que pranteia impávido e perplexo
Enxugando só um eco que subsiste tão conexo

São muitas estas noites desacordadas e insones
Embebedando cada hora on line onde consumo paciente
Tantos bytes de versos e desejos quase indulgentes

Despindo a noite a lua emerge na minha solidão
Tão procrastinada e suspende a saudade que ansiosa
Esculpe todo silêncio, esquecido, renitente... sequioso

Ficou em cacos a memória de tantas madrugadas
Desassossegadas ocultando as ilusões onde se afogam
Agonias enrubescidas pelas paixões bem ressarcidas

Frederico de Castro

Tantos dias





Percorri tantos dias

esqueci-me de acertar

o tempo vagando

ontem, hoje ou amanhã

Elucidei a existência onde

vivo dia a dia errôneo

memorizando os silêncios

indecisos alimentando

cada detalhe do meu quotidiano

que escapa engolido na voracidade

deste instante ilusório

acampado aqui sedutor

invadindo toda a cumplicidade

recriada no tempo redentor

Procurei por ontem

à margem do que

não existe mais

Descortinei todas as

revelações deixadas

neste poema estacionado

num particípio passado

onde imprimo meus versos

expulsados,expressados

compassados,dispersados

num trago de beijos impregnando

nossos seres agora tão acossadas

Tantos dias...tantas horas

e o tempo que cessa

paira agora no ventre

de um eco cantando

todas as palavras incógnitas

que deixo ruminando atónitas

Ao reencontrar-me nas esquinas

desta vida

refino minha razão exactamente

aperfeiçoando cada rima irrelevante

onde ostento a paisagem da vida

se reproduzindo atentamente

Tanto tempo...tantos dias

sem saber...na expectativa

exalando-te definitivamente

Frederico de Castro

Trajecto lunático




Qualquer hora passa despercebida alheia ao tempo

Que se envolve nas teias e gemidos de cada segundo
Inviolável e inebriante deixando-nos inconsequentes
Distâncias algemadas à moldura do silêncio tão eloquente

Vesti a vaidosa noite com luminescências e emoções
Cartografadas num olhar repleto e lambuzado de divagações
Traços esbatidos na hipnótica existência onde abrandamos
Todas as saudades inquisitoriais que tentadoramente recriamos

Empobreceram-se os céus pingando sua alma no ribeiro
Do tempo onde se afogam mágoas e lamentos vestidos
Por aquela solidão indiferente arando os sonhos que pernoitam
No regaço dos instintos natos e prepotentes

Quando chegar ao fim do caminho pagino-te todas
As minhas andanças lunáticas feitas no trajecto
De vida onde se reaproximam as margens das lembranças
Escritas em versos dissidentes...remoto e algoz momento
Onde sítio e deposito todas as minhas esperanças

Indisciplinados e indulgentes soerguem-se os sonhos
Camuflando sem empecilhos as nossas ausências
Deambulando nos delírios predadores monitorando
Os resquícios de um beijo roubado na curvilínea
Nesga de tempo entreaberto à espessura de uma breve
Sílaba miscígena, fragrante e endógena

Frederico de Castro

Um momento mais...




Findou a peça de teatro

O ensaio o momento

A existência que acontece

O passado, o presente cada

recomeço que apetece reedita

o sonho que desperta no futuro

Findou cada lembrança distraída

perdida entre a solidão de silêncios

incertos, indecisos

reconfortando a inconveniência

de uma saudade desventrando aquele

absoluto momento mais...de total

conivência

Guardo religiosamente o perfume

do dia acontecer

admirando a luminosidade do luar

enfeitando a noite numa prece

quase a enlouquecer

Um momento mais

a tempo de namorar cada

suspiro teu

Fitar-te exuberante

tropeçando na sombra dos

nossos desejos quase beligerantes

Confundir-me no agrilhoado tempo

pernoitando qual sentinela do silêncio

que alimenta a vida esculpida num poema

caligrafando a inabalável palavra que tenho

como lema

Um momento mais

Um verso que jorra inacabado

Um silêncio que se perpetua dilacerado

Um dia que renasce ousado

desenterrando a hora súbtil que desliza

na ampulheta do desejo obcecado

Um momento mais e eu te daria minha'alma

embalada num poema quase consumado


Frederico de Castro

Assimetrias em sintonia




Cada eco deixa um rasto de intravasculares
Silêncios a reverberar intensos, excelsos e singulares
Fluem tão vorazmente perpendiculares entre muitas
Ondas de imarcescíveis ilusões que desaguam no meio
De tantos silêncios dançando absolutamente peculiares

Frederico de Castro

Uma côdea de silêncios




Entre quatro paredes caio teu retrato
A giz e carvão emoldurando o sorriso
Que trazes grávido de emoção

Endoidecidos andam os ventos com os perfumes
Estendidos no naperon da paixão tão propícia engalanando
Uma vitalícia hora tinindo nesta paixão quase homicida

Incendiei o silêncio sempre mais enriquecido com
As sombras do teu ser musicado e enobrecido
Até que a noite adormeça feliz imprescindível e enlouquecida

Depois de algum tempo deixo obcecado um lamento agora
Mais reabastecido que nasceu vagabundo entre as alquimias
Do amor que namorisco na comunhão de sonhos tão fecundos

Grão a grão amassei o pão de todos os sacrifícios levedados
Mastiguei a côdea dos mesmos silêncios carpindo uma hora serva
Esquecida que afunda nesta solidão, mais consolidada e rejuvenescida

FC

Radicais livres





Cresci entre as dunas do tempo aprisionando todo
Este silêncio que possuo num segundo de pleno êxtase
Ando à cata de ti deixando ecoar em cada decímetro
Dos meus chamamentos um afago milimetricamente clonado
Neste verso explodindo ofegante e inflacionado

Aparta-se a escuridão da luz calcorreando a fenestra
Do tempo claudicando em cada breve segundo que
Dispo desvendando e desventrando a manhã que brota
Seus hálitos rendilhados de vistosos desejos detonados

Radicais se tornaram meus sonhos entontecendo uma hilariante
Algazarra de beijos factuais,bem escalonados estremecendo
No corpóreo momento onde soterramos de vez a saudade oxidando
Facciosa, resignada...intimidante

As noites na sua negrura são sempre mais belas deixando
Regalados vestígios de tantas paixões obstinadas
Bamboleiam-se sensuais e servis pelo lagar do amor pincelando cada
Excerto de luz bordada numa solidão tão atordoante e refinada

No mutismo de um meigo sussurro encontro-te virtual
Numa quietude ad eternum...mágica e conceptual deixando
Este refrão despojado de todo um ritual de prazer (in)confidente
Abandonado a um lamento quase selvagem e consternado


Frederico de Castro

Ainda luz na cidade




Ainda luz na cidade enquanto a noite

Dorme devagarinho, sonolenta deixando

Seus breus como pegadas indeléveis em

Cada suspiro adormecendo excepcional e inexorável



Ainda luz na cidade e nós afoitos acoitamo-nos em

Lençóis de cetim e desejamo-nos enfim acólitos...a preceito

Badalando cada suspiro que pernoita em silêncios

Quase perfeitos



Ainda luz na cidade e a madrugada por respeito retira

Seus véus à noite que ali trafega universal inquieta

Desarrumando os pensamentos mais súbtis que ferem

Nossos segredos apavorados analfabetos



Ainda luz e na cidade arrumo cada desejo semântico

Gritando na gramática do amor que agora pulsa fragrante

Deixando na olfactiva saudade o perfume de todos os

Lamentos implorando seduzidos dilectos exuberantes


Frederico de Castro

Estatuto do silêncio




Franzido se despia o dia

exactamente igual a tantas outros

recostados ali na sarjeta do tempo

configurando o estatuto do silêncio

onde dispo meus sonhos mais tímidos

colhidos no pote da eternidade quatidiana

deambulando na sonoridade das palavras

ditas...quase profanas

E depois dos silêncios bordei teus

sonhos à luz das estrelas correndo

no paralelismo dos nossos beijos

Hospedei o sol no poente recostado

na poltrona dos dias factuais

e gentis

prostrados na ladeira da vida

caminhando sonâmbola ao redor

daqueles abraços infestados de amor

do qual sou teu fiel provedor

Existe hoje no pomar dos desejos

um naipe de sabores incrustados

à manhã que desperta debruçada

à janela do tempo festivo e recatado

Um frémito e obediente sonho cavalgando

no tafetá dos teus olhos bordando o tear

de tantas gargalhadas vagarosamente

dispersas entre as plumas do silêncio

feito estatuto na elasticidade da vida

correndo assim excitada, serena

confidente...indubitavelmente

enamorada

Frederico e Castro

Nas margens do tempo







Fui correndo atrás do tempo

preenchendo cada anoitecer

com o poente apressado que

em fugas cintilando

nos surpreende e embriaga


Retratei felizes migrações

viciadas em teu sorriso

pra junto das nossas súbtis

existências

onde moram os poemas

encarcerados

bisbilhotando apenas cada recanto

onde guardei a

alma inteira

alojada pra sempre

à vida onde nos consumimos

em labaredas matreiras


Domaremos felizes esse fogo

derradeiro

deslizando pelas cumeeiras

onde se rematam todas as

aliciantes loucuras

todas as urdidas

e devoradoras aventuras


E na procura incessante

dos desejos onde te

ostentas aliciante

partilho esta imensidão de tempo

que urge tão viciante


Apaziguo todos os silêncios

nas margens da vida

onde se extravasam nossas

súplicas quase inacabadas

nossos beijos deixados

sózinhos...até nunca mais


Sigo hoje os mesmos

roteiros do tempo

deixando no paisagismo

dos ventos

um delirante e indisfarçável

gomo de beijos

espalhados na maciez madrugadora

de cada hora

onde se atropelam

exaustivos abraços

fantasiando com benevolência

o grau de parentesco onde

nos embebedados de amor

sem mais embaraços


Resta seguir somente a fragrância

do teu perfume onde me incorporo

feliz, táctil

colorindo as margens do tempo

que corre em teu encalço

a cada hora matutina que se

avizinha assim tão ágil


Frederico de Castro

Romaria dos silêncios




Inunda-se o dia com suas coloridas calmarias
Numa romaria de silêncios e cores frenéticas
Até a alma se inocular tranquilamente
Deste tempo sussurrando sorrateiramente

Na sua plenitude etérea o último desejo
Suga toda a ilusão que anda por aqui
Num felino cortejo desabotoando a noite
Num pacto de beleza que peleja sumptuosa
Espelhando todo amor que ali viceja

Aqui no belo recanto dos meus pensamentos
Incubo cada lamento gesticulando nos sonhos
Mais secretos dormitando nos aposentos da
Noite que se cala ante a solidão destes versos
Inconfessáveis e sedentos

Resta esta ânsia feroz de acariciar cada
Sombra que penetra inebriante na frescura
Da manhã imensurável e contagiante
Curativo momento de tempo onde a alma
Até se agiganta feliz e exuberante

Frederic o de Castro

Revelações




De toda a esperança

No carácter

No humanismo

Nas promessas

Magnificando os desígnios

sem escusas imersas

no tempo que se apressa


Revelações...

Em cada onda que corre

assim apressada

nutrindo o mar suado

ardente apaixonado


Revelações...

Com gosto de verdade

Em conivências algemadas

de autenticidade

Nos pactos e juras

de fidelidade

Na claridade de um poema

conciso

Nunca rude

Que se despe para ti

sempre verídico


Revelações...

De contentamento e

virtuosidade

Possibilitando os impossíveis

De existências brindando

de emoções coloridas

convertendo a noite

em dias pontuais

lânguidos

soletrando magia em

sonhos quânticos,tão factuais


Revelações...

Poderosas

Tão passionais

Atadas ao teu cais

partindo corações

deixando tudo em cacos

sem reivindicações

Ao acordar dos sentidos

e por um triz

quase perdendo o fôlego

nas tuas abstracções



Revelações...

Desesperadas

Fotogénicas

Em murmúrios gargalhando

na longa viagem

sem começo nem fim

Desapontadas

Impregnadas de cogitações

Erguidas, confidentes

embebedadas de beijos e

insinuações


Revelações...

Esquadrinhadas até

à calmaria de uma brisa farta

costurada entre os céus incendiando

o alvorecer e a noite

exacerbada

sem mais inquietações

no centro do Universo e de

todas as reconciliações


Frederico de Castro

Tento saber




Sustidos ficaram os sentidos em cada pedacinho
De silêncio mais intimo deambulando solitários pelas
Ladeiras do tempo onde atapeto cada lágrima
Rolando infinita e passageira

Tento saber de ti mas a saudade refugiou-se
Entre as trepadeiras da vida que vindimo
A cada vinícola colheita de amor onde redimo a
Memória embebedada e insuspeita

Guardo no sótão do tempo um poema alvorecendo
Vagabundo,compilando todas as solidões adormecidas
No regaço majestoso e submisso desta vida instável, inquieta
Parindo meu desassossego displicente e irreparável

No caule dos silêncios enxertei meus versos impotentes
Debilitados, indiferentes a todos os queixumes impressos
Numa lágrima velada, atrevida...reincidente, assim que me
Ausento no desacerto de cada hora comovida e complacente

Frederico de Castro

Acaso...




Num súbito momento
O acaso aconteceu
Temida a hora tão remota se entristeceu

Acaso o escuro brilhe entre as brumas da noite
Consumindo a escusa luz surpreendida caindo lentamente
Entre as bermas da minha solidão repreendida

Acaso o ocaso ainda aconteça desfragmentando-se
No tempo e no silêncio, talvez me apeteça
Diluir-me em ti até que a madrugada sem alaridos nos enalteça

Foi por acaso que nossos submissos lamentos num
Extravasado e delinquente momento se algemaram
Mudos e quedos naquele tosco e flébil verso mais eloquente

E se acaso indague o tempo sei como cada hora vandaliza qualquer
Outra solidão... sei como convalescer em ti tão profundamente
E sei até como alimentar a geratriz da vida que agora acontece pacificamente

Frederico de Castro

E quando Deus sorri...




Estende-se Seu sorriso no tempo
Descobre-se a espiritual gargalhada selectiva
Enfeite de suspiros alegres doando aos sabores
Da vida uma cascata de luz fiel e perceptiva

Quando Deus sorri os céus reproduzem bradantes ecos
Atordoantes, tempero do Seu apreciativo amor ecoando
Num verso arquitectado neste hilariante e paliativo
Detalhe de um revelador momento sublimado e afirmativo

E quando Deus sorri até o silêncio é equitativo
O coração em aplauso reactivo deixa nos lábios
A curvatura linda de um sorriso retocado e até hiperactivo

Nesta dança de olhares majestosos brilha o pestanejar
Da fé sequestrada no atractivo amanhecer quando um sorriso
Evocativo se distende numa bandeja de desejos mais apelativos

Frederico de Castro

Todo tempo...é tanto tempo!



Todo o tempo...é tanto tempo perpetuando
cada instante da nossa existência
Tanto tempo deixando despida
a indumentária furtiva da vida
pintalgando o tempo num strip tease
de desejos apetitivos, simétricos, intuitivos

Todo tempo...é tanto tempo conspirando
por entre sombras carentes escapulindo
renovando a biblioteca de tantos
abraços que deixei sorrindo na azáfama
do silêncio álacre que inventei quase,
quase de improviso

Frederico de Castro

Como gizar o silêncio




Na tela dos silêncios pinto coloridos
Ecos projectados na mais subtil e
Geométrica brisa espavorida

Contemplo as aguarelas dos céus magistrais
Onde se povoam paixões gigantescas louvando
Cada pasto das minhas solidões mais sofridas e burlescas

Mergulha a noite numa onda energizante rodeando suas
Margens de pitorescas memórias tão insinuantes
Embelezando esta maré espigada e deveras mais perfumante

Deixo na antologia dos meus versos qualquer palavra
Apaixonada e pactuante embebedando e metamorfoseando
Os sentidos que de ti respiro, apetecido, assim contagiante

Apetece rimar tanto quanto amar, falar, respirar
Mergulhar na manhã repleta de beijos a enfeitar
Pensar, sentir desabar em cada murmúrio que quero apurar

Acalorar a vida que escapa pelos silêncios mui nobres
Ou viver-te minha poesia em cada estrofe emocionada
Tateando a alma que transparece numa gargalhada bem gizada


Frederico de Castro

No fluxo do tempo




Congrego tantos olhares perdidos entre
A multidão de solidões dispersas alimentando o fluxo
De tempo por onde com carícias silencio a insanidade
Perversa remoendo ainda o modus vivendi de um
Sonho que ficou apenas e só imerso na saudade

Em reflexões mais sonhadoras liberto-me em
Ilusões quase arrasadoras perfumando com o
Néctar da noite toda a escuridão bradando catalisadora

É tão altivo este querer que sem querer isolo-me nesta
Insípida hora tântrica e avassaladora fecundando minha
Inspiração incorporada nesta rima assaz devastadora

E num piscar de olhos fez-se a noite inusitada, lânguida
Recriando preces galanteadoras deixando em abrasão
Aqueles beijos domesticados com tamanha persuasão


Frederico de Castro

O sol do meu Oriente




O sol ainda brilha ao longo do horizonte
E na vertical dos silêncios acólitos reparto
Em gomo de luz que se propaga numa vertiginosa
Travessia luzindo nesta paisagem afrodisíaca e graciosa

Mora em mim uma solidão tão breve, tão ritualista
Mirando o dia que renasce numa hora emergente e glamorosa
Conectada à saudade benevolente onde te acalento mais apetitosa

Na serenidade dos céus infinitos conforto as memórias meteóricas
Dilacerando aquela onda meticulosa orbitando nossos desejos vibráteis
Imergindo entre adocicantes palavras que iluminam a imagética e
Volátil paisagem onde pernoitas mais garbosa, frenética e pulsátil

Tão medonha a noite veste-se de cetins imperiais arredando a luz
Escondida num hipotético oriente formoso e escultural ensanduichando o
Tempo sacudindo os bastidores de uma solarenga manhã que nasce tão cordial

Frederico de Castro

Património dos silêncios




O tempo fez-se travessia entre as margens do silêncio

Desfecho prematuro esquecido na lousa das memórias
Onde escrevinhámos a vida acontecendo devagarinho
Sem negligenciar um beijo despertando
No pelourinho dos meus sonhos qual sumptuoso
E fiel burburinho portentoso

Corri pelas ventanias das brumas matinais
Sorvendo as melancolias adormecidas entre as
Ramagens da madrugada ecoando quase fraticidas
Banhando os galhos do tempo onde me empoleiro
Abraçado às vestes das saudades agora ressarcidas

No património dos meus sonhos faço agora
O inventário artístico onde as palavras punidas
E feudais se libertam erectas expondo o escárnio
Dos meus silêncios expiados enchendo o proscrito
Tempo de ecos prantos e amores contritos

No doce enleio dos meus versos deixo bulir a vida
Saltitando entre as moitas do tempo
E que seja este por fim o meu exílio adocicando
O crepúsculo expirando no berço da luz onde
Dormito saciado de tantos e tantos desejos repatriados

Frederico de Castro

In loco




Veladas deixei tuas lágrimas quando o céu se cobriu de
Prantos bêbados e apaixonados deixando aquele fugidio
Silêncio latejando aromatizado pelas fantasias que brandi
Naquela noite profanada com desejos sôfregos e clonados

Amotinam-se as saudades...desertam as memórias
Espirrando o tempo que envelhece intercalado rasurando
Todos os versos que endossei à inspiração dos meus lerdos
Sonhos adormecendo trapaceados

Olímpicos foram os desejos de reencontrar a intuição da vida
Provar o fel do fruto proibido, torturando a razão que investe
Vestindo com balsámos a vida gerada com fervura e ostentação

In loco vesti a noite que nos arrebata sossegadamente
Deixando o silêncio sem mais objeções...sem intermediários
Apenas e só eu, um verso...um poema meu legado hereditário

Frederico de Castro

Ali ao lado...




Ali ao lado

juntinho a uma página escrita
na brevidade de uma caricia
mora o tempo insuflado em memórias
que a saudade descobriu no baú
da vida tão migratória

Ali a o lado
cruzam-se os jogos de palavras
martelando estes versos devagarinho
empihando-os no silêncio
que descamba
quase num chorinho

Ali ao lado
vi sucumbir a primavera
pela ponta do tempo
gemendo ao relento da noite
onde desabrocham
um poema
uma confissão
tantos beijos
perfumados de alfazema

Ali ao lado
no baú das memórias
assumo o trono
desta poesia alcatifada
ao cetro soberano
onde elejo a adulante luz
que mergulha feliz
num manto real suserano

Ali ao lado
rebelo-me todo
tatuando um hieróglifo
de emoções plenas
divertindo a arquitectura
das palavras arremetidas
sem faixa etária
nem insígneas que o silêncio
acomodou
neste hospício do tempo
que o tempo em pinceladas
de desejos pra sempre
teu retrato emoldurou

Frederico de Castro

Canto de inverno




E assim enquanto o inverno se desenrola gentil e alucinado
Deixo passarinhar pelos substantivos céus um mar de festejos
Reconstruidos na oficina poética qual epidémico acto de amor
Que embalsamo num abraço bem anatómico...tão epistémico

Pudesse eu confortar cada ausência e no teu acarinhado
Colo decerto imaginaria o nutrido e ressuscitante
Sossego aplacando a maternal vestimenta do dia
Que renasce para nós assim retumbante

De neblinas lustrosas se vestiu a manhã engalanando a
Paisagem hipostasiada com a tua gargalhada bem vincada
Aninhando estes versos em cada palavra espairecendo numa
Coreografia de vida assim supostamente em ti personificada

Da noite restam pequenos focos deste silêncio integral tão
Visceral incorporando uma hora trivial onde tão ígneos lambíamos
A noturnica fantasia temperada com muitos dos nossos virtuais
Desejos envoaçando pelo trapézio de tantas, tantas ilusões tão colossais

Frederico de Castro

Emocional ou passional




Agiganta-se a manhã sincronizando a luz
Que se excita em cada hora mais emocional
Arrebitando tantos desejos de forma sempre passional

Sem deslumbres a memória congratula-se com estas
Lembranças tão ocasionais rasgando as vestes ao
Silêncio que em nós pernoita quase insurreccional

Com imensa suavidade a solidão trapaceia cada
Desejo que ficou encoberto na pasmaceira de tantas
Noites insones enfeitadas de saudades tão inclementes

Resta-me tomar de assalto o gabinete do amor
Onde reunimos tantos beijos e abraços em reclusão
Secretariando nossas paixões regadas com beijos em profusão

Frederico de Castro

De negro pinto a noite




De negro pinto a noite e dos teus olhos
Cinzelo os cílios do tempo onde o tempo
Adormece suspenso no olhar quase narcotizante

De negro pinto a noite e a madrugada onde se
Cicatrizam saudades mais amenizantes e eu depois
Talvez te declame um verso assim inebriante

De negro pinto a noite de todas as ausências
Um beijo tão absoluto, alucinado, tão apetecido
Desabotoando a madrugada entre penumbras sempre remidas

De negro pinto e visto a noite de cetins esplêndidos
Rasgo todos os silêncios rendidos clamando
Neste lamento onde jaz a solidão tão bem persuadida

De negro pinto a noite onde por fim enterro no
Jazigo do tempo nossos seres redigidos no mais belo
Verso que arquitecto qual solúvel sonho sempre aguerrido

De negro pinto a noite que abatida ainda reluz
Tão beligerante deixando a solidão tão ferida e indefesa
Sorvendo massivos beijos que ficaram latentes e bem nutridos

De negro pinto a noite atordoada e sem queixumes
Regurgitando da escuridão aquele latido tão atrevido
Abocanhando pra sempre o silêncio fluindo,cabisbaixo e absolvido

Frederico de Castro

Tela da solidão




A madrugada já desesperada transborda pela escuridão

Adentro calando cada imarcescível gomo de luz escondido
Entre as vestes do tempo onde injecto nas veias toda solidão
Como um bálsamo regenerador e imperecível

Cortei o tempo em fatias e depositei-o entre as
Paisagens desta saudade encravada no atordoante e
Pulsátil sonho tão singelo e insinuante ladrilhando depois a
Calçada da noite com troantes silêncios sempre mais itinerantes

Encalhados na curva da solidão deixei meus sonhos tiritando
No degelo da madrugada mais cativante onde sem mais
Adjectivos me embebedo dos teus perfumes bem desconcertantes

Alimentei as cores de todos os crepúsculos para que a tela da vida
Se enfeite de festivos carinhos esgueirando-se pelos galantes e engalfinhados
Lamentos da noite onde purgo cada desejo...a dois tão bem compartilhados

Frederico de Castro

Como lograr a noite





Lograda a solidão encosto-me nos parapeitos
Do tempo onde desfruto cada esmerado e ingente
Momento de ilusão perpetuando um sentimento brutal
Que se esvai como um açoite, preciso, conciso...fatal

Arde comovido todo este silêncio quase inquisidor
Tão completamente ígneo e inflamado
Tão indubitavelmente ardente, aliciador e consumado

A meio da meia noite desperto de uma fútil insónia
Ínvio e expressivo caminho que transita pela noite
Quase fetal, genitora deste breu massivo e tão capital

Rompe pela madrugada uma rara beleza lunar serenando
Cada hora desmascarada pelos olhares escapulindo furtivamente
Sussurro ou lamento que lapido em cada libido desejo escravizado

Abomináveis são as tristezas que amamento no perímetro
Deste tempo quase imobilizado forjando das gargalhadas
Toda aquela incomparável alegria loucamente bem esgalhada

Frederico de Castro

Silêncios e simbioses




Mato todos os desejos invadindo a textura
Deste silêncio, ousado e atrevido enquanto decifro
A noite contorcendo-se na escuridão saturada e invisível
Deslizando pelo ventre do tempo quase desfigurado...intangível

Recolho-me neste sonho privado advertindo a noite que agora
Fenece em queda livre flagelando todas as luminescências que fluem
Pela hemorrágica solidão tentadora e imutável deixando meus versos
Entre quatro paredes alimentar a procissão deste silêncio tão permeável

Assim deslizam absolutos os dias marcando cada hora insaciável
Que acontece na simbiose de tantos, tantos beijos irrefutáveis, qual lânguida
Saudade tatuando este umbilical momento de amor quase inexplicável

Fragilizada a madrugada embebeda-se com novos perfumes lavrados nestes
Versos diria adestráveis, pois o silêncio de vez apossou-se das nossas heréticas
Deambulações frenéticas, qual arpejo de muitas,tantas, cumplicidades mais fanáticas

Frederico de Castro

Valsa dos silêncios




Sigo o latido dos


silêncios que correm

em debandada

Desperto no dia

insurgindo-me no valsar

de tantas gargalhadas que

teu sol irradia


Renova-se cada milagre

saltitando em sinfonias

doidas

sem rédias

silenciosamente selvagens

deambulando neste poema

ancorado em rebeldia


Descanso por fim

enfeitando a noite

estupefacta

tão solitária como a hora

que se despe no tempo

quase intacta

O perfume que o dia tece

em tuas pétalas trajadas

de primaveras

inunda de cor

as constelações docemente

iluminando todas as essências

viajando na minúcia deste poema

caiado de alegria

onde albergo a meiguice

ensurdecedora de um beijo

imergindo

delicadamente em ti

em soluços condimentados de euforia

que num instante breve

latindo

a todos embebeda e inebria

Frederico de Castro

Caminho para a solidão




O olhar perdeu-se pelo lajedo da solidão
Musicou meu silêncio jorrando áspero...qual fusão
De um lívido lamento que se acoita refastelado na
Fria noite latindo inconsolável...em reclusão

Encrespado o mar dos meus silêncios transborda
Para além daqueles céus pendurados no negrume
Do tempo até que a solidão aconchegada pra longe deserte,
Nos braços da madrugada astuciosa, cristalizada, já inerte

Quão invisível despontou a manhã arrolhada aos ténues
Bocejos de uma insónia intranquila engordando o tempo
Que cresce na minha concêntrica esperança tão traquina

Vislumbro ao longe o halo da solidão pousando entre o
Sossego de todos os silêncios sibilando e aquela penúltima hora
Contemporizada ardendo, agreste, frívola...quase hipnotizada

Frederico de Castro

Software do silêncio




Costurei palavras subtis no naperon do tempo
Teci ao longo da esperança um pedacinho de
Silêncio luzindo na branda madrugada onde
Ainda guardo memórias escancaradas afagando
As lembranças que agora jorram desmascaradas

Cobre a noite um manto de solidão e a escuridão
Impregnada de ilusões ausenta-se momentânea
Algemada ao feticismo quase anímico abandonado na
Via pública até que a inspiração fictícia dos dias expectantes
Alimente o novo ciclo de olhares embriagantes

Só uma tristeza subiste barricada nas memórias
Do tempo onde a virose das saudades infecta
E agita o passado consumido e comercializado pelo
Software do silêncio sussurrando perturbador e monopolizado

Ouço ao longe o vento que sopra do ventre dos céus
Deixando cada palavra na estiagem da vida que passa súbtil
Sedenta e pesarosa mastigando todas as vogais deste verso
Tão doloroso ...timbre de uma saudade ostracizada e perniciosa

Frederico de Castro

La pioggia




Assim desarrumei o tempo
Coei cada pedacinho de silêncio esmaltando
A delicadeza do ser rolando ladeira abaixo,
Fazendo deste verso a proeza da esperança retida
Numa pletórica palavra desaguando com tanta gentileza

Trepida o silêncio pela madrugada
Atropela cada sonho que se pavoneia à chuva
Redigindo a saudade reclamada, perdida
Entre o travesseiro do tempo se despedindo
Numa hora tão derradeira

Sinto a solidão cremar meus pensamentos
Onde as ventanias se soltam alarmadas, imoladas
Por uma despedida de chuviscos vincada em memórias
Aleatórias beirando uma insanidade quase retórica

A noite por fim adormece no marasmo das lágrimas
Humedecidas em tantos desalentos, deixando um hino de louvor
À luz que se resguarda entre os densos lamentos esquecidos no
Vazio do tempo escoltando uma apneia de devaneios tão coagidos

Frederico de Castro

Ponto de luz




- para Sara

Enquanto a luz se espreguiça no leito do
Tempo mais além assoma a madrugada
Alcatifando toda a palavra perplexa e flagrada

Num pontinho de luz se insinuam beijos
Abrasadores...bem atarraxados deixando um
Lasso desejo, quase bárbaro...bem sentenciado

Na prole dos lamentos mais lívidos e relaxados
A leda manhã abençoa um suspirante gomo de luz
Que renasce desleixado, mas soberbo e apaixonado

Em tons selváticos desperta uma caricia feliz
Espargindo pelos cílios do tempo um pátrio eco onde
Propícios sorrisos agora adormecem sem suplícios

Frederico de Castro

Indefesa tristeza




O perfume do silencio palpitará entre

Todos os paladares degustados num
Medonho dia onde se despenhou um
Lamento implícito e tão tristonho

Ali repousam vagarosos e improvisados
Todos os cânticos inéditos e recônditos
Ovacionando os instintos esbatidos num silêncio
Explícito e afoito amadurecendo o ovócito da vida
Clonada irrompendo majestosamente confeccionada

Nenhum verso será jamais meu
É património desta humanidade onde o sonho
Peregrino feliz gemeu acomodado aos bastidores
Da vida numa precisão de beijos e abraços
Patrocínio deste amor repleto de cumplicidade

Desenho nas linhas das tuas impressões
O verso ledo e faminto vagueando entre as
Conexões digitais do tempo que passa assim
Num concluio de ilusões escasseando

Assim fotocopio e imprimo cada sonho escapulindo
Pelas encostas desta solidão velada numa
Desdenhada noite inundando a indefesa tristeza
Morrendo massiva e quase sedada

Na linha imaginária do tempo, por lá
Afloram todas as fronteiras do amor
Destino traçado no passaporte da vida
Recriada , vadiando sorrateira, emancipada

Ficou silencioso aquele rabisco de um chuvisco caindo
Sinuoso pelos batentes desta solidão destelhada
Alinhavo costurado delicadamente num verso carente
Cingido e abençoado no engendrado desejo perdido nas
Calendas do tempo impetuosamente do tempo despojado

Frederico de Castro

Sarau das ilusões




Inconsolável e morosa chovia
Uma chuva miúda... miudinha caindo
Em bátegas de emoções escorrendo breve
Brevemente pelos telhados das mesmas solidões
Ininterruptas...varrendo o profano silêncio
Sepultado entre novos capítulos de tristezas
E aquele atarefado e lúgubre dia aninhado a
Este poema que jaz asfixiado num luto súbtil
Capitulando tão absoluto

Tenho somente a omnipresença da noite
Minha companheira das ilusões quase fatais
Onde descortino no breu da infinita escuridão
Aquele grosseiro adeus estacionado no subversivo
Olhar ministrando as condolências que deixei
No manuscrito da vida escapulindo sem indulto
Nem reticências

No anfiteatro dos tempos murmuram agora
Os segredos pérfidos denegrindo o silêncio
Complacente acampado ao redor dessa luz
Redentora e felina...quase indiferida, marginalizada
Descanso das minhas saudades qual recreio
De uma lembrança assim potencializada

E quando a lua acender seus faróis e a noite
Em si recrudescer a endémica treva dos tempos
Guarneço-te de versos deslumbrados numa
Ablepsia de silêncios selectos escalando cada lisonjeira
Gargalhada escrita num verso engarrafado na fábrica
Das minhas inspirações mais matreiras

...Assim ligeira a alma inteira soçobra no enredo
Magistral das memórias adoptivas e derradeiras
Sarau festivo ou desígnio das minhas ilusões mais desordeiras

Frederico de Castro

Pra ser amor...




Pra ser amor

tinha que deliciar-te

aliciar-te sem apelo

nem agravo

Tinha que atropelar teus

silêncios

enclausurar cada eco

fluíndo do teu ser

...e ser não mais a distância

onde mergulhamos nossas existências

subitamente

mas a presença trazida num souvenir

perfumando a vida unilateralmente

Pra ser amor

desembargamos alma

que se prosta carente

Regávamos a sede dos

nossos desejos

com beijos bailando em

cada ditongo aromatizando

vertiginosamente a gargalhada

onde tentadoramente

nos esboçamos

seduzidos

infinitos....explicitamente

Pra ser amor

tínhamos que agitar a noite

vagando no timbre da tua

graciosidade

tínhamos que parir mais

que palavras sedutoras

represar nossos abraços

sintonizados numa carícia

habitando pra sempre

em nós...frenética e tentadora

Pra ser amor

mais que nós dois

tinha que haver um verbo conciliador

um sentir quase predador

transbordando num cálice

de alegria onde te bebo

avassalador

Pra ser amor

tinha que te desbravar

perscrutador

regar-te com guloseimas

de versos tão pecadores

contentar minh'alma onde

em ti me axilo pra

sempre reconciliador

Frederico de Castro

Na toada dos silêncios




Descobrem-se as nuvens ensopadas numa alegria
Petulante vestindo as ramagens de uma gargalhada galante
Brincando bem sincopada e apelante

Vem para mim serenamente a noite despindo a
Luz envergonhada, tímida, qual seiva da vida alagando-me
Com beijos delicados devoradores... assim literalmente

Paira no tempo uma solidão quase demolidora subindo
Pela haste do silêncio de forma tão predadora, incutindo
Nas vestes da ilusão um eco grávido, desiludido...blasfemador

Ficou incurável esta saudade inusitada deixando de permeio uma
Memória oculta entre as sintaxes dos meus versos triviais, ofertando-te
Depois uma rima ocasional, escondida entre os sonhos mais virtuais

Veio à tona uma ondulante ilusão, encharcada de toadas e cânticos
Alegres lancetando a madrugada que em mim enfurecida se acoita
Qual inquilina desta solidão consensual...bem elastecida e afoita

Frederico de Castro

Performance do silêncio




A escuridão asfalta o caminho rompendo
Todas as solidões precárias despindo o
Manequim dos silêncios mais mercenários
Surpreendendo até um eco feliz...tão perdulário

Sou como o mar arrastando suas ondas e maresias até à
Longinquidade do mais ténue desejo oscilando a cada navegar
Dolente e astuto vestindo as marés irrequietas com um fantástico
Maremoto de oceânicas paixões tão ofegantes...quase insurretas

Bordei cada palavra que alinhavei na minha solidão
Descosi toda a saudade onde se remendam tantos malfadados
E fatais sonhos desalmando a dialéctica destes versos em reclusão

Pelos corredores da vida fiquei admirando aquele formoso
Gomo de luz andarilho, deixando um ósculo de prazer à pesarosa
Madrugada que se perfila flanqueada de solidões tão meticulosas

Frederico de Castro

Nos limites da solidão




Ali chora a vida estampada num capricho solitário
Colhendo entre espinhos e abrolhos o reeditante momento
De vida mascarando a arquitectura do tempo que passa por
Aqui tão transitário despontando algoz e autoritário

Desintegram-se as alegrias num átomo solitário
Explodindo na negrura de um sonho infestado de lamentos
Totalitários qual hora que vasculho entre os cílios da noite
Em escravatura fenecendo em ti tão arbitrário

Enquanto a noite corre lentamente pelos trilhos do silêncio
Enrolo-me no lençóis dos desejos acariciando-te até aos limites da
Minha sofreguidão nua, estática adormecendo ao colo de uma
Madrugada perplexa renascendo com uma fúria quase lunática

Os prantos esquecidos de nós acoitam-se na solidão mais
Enfática permeando o silêncio que desembainho num rebatido
E soçobrante sorriso que clama na clave do cromático tempo infectado
De sonhos fartos , insuperáveis...quase telepáticos

Cobri-me com o edredom dos meus silêncios estilísticos
Policiei esta amor recostado no divan de tantas enfermidades
Escleróticas, impregnando a noite com a fuligem do tempo que fenece
Solenemente apático,desesperadamente frenético...quase selvático

Frederico de Castro

In extremis


Todo eco invade o olhar brilhando na candura

De muitos gestos latentes deixando sem remetente

Aquele sorriso oculto na perfumada lembrança que

Reinvento cada vez que acoberto festejos e folganças

Coexistindo gratuitamente seduzidas pela pujante esperança

Nas teias do tempo armei meu diálogo embebido nas

Palavras delicadamente audazes, tentadoramente fugazes

Delirando pelo corpo do silêncio onde teço as mais nobres

Fantasias poéticas entranhando-se no curvilíneo momento

Infestado de beijos e abraços...oh, como eu sei tão vorazes

A caravela das ilusões zarpou agora deixando meu porto

Mais inseguro solitário, obscuro, sedando a noite que implode

Vítima de uma ilusão déspota imigrando pela diáspora dos

Tempos que embalam meu repertório insaciável de

Palavras e versos inalienáveis

A luz engoliu a solidão que ainda pernoitava nos aposentos

De uma desfragmentada madrugada e ali, in extremis desatei

osnós do prazer onde em cada vestígio do teu perfume me

algemara aquietando todas as carícias que sedento resgatei

e até minhas dores sarara

Frederico de Castro

Apenas...silêncio



Apenas...silêncio na noite obscena
Deglutindo toda a dopamina que se
Esgueira desta solidão tão serena

Apenas...silêncio no hálito de cada eco
Mais fraterno decompondo a luz maternal
Engolida por todas as saudades mais banais

Apenas...silêncio que soa agora a despedida
Deixando a serotonina das paixões estimular
Aquela memória vagueando versátil e dissimulada

Apenas...silêncio surfando as ondas e maresias
Que acostam a quilha dos meus silêncios enjaulados
Até que me emparelhe em ti pra sempre....assim capitulado

Apenas...silêncio em cada palavra vergada a
Esta solidão tão calculada, demais especulada
Transpondo os portões de uma ilusão assaz simulada

Apenas...silêncio e não existo mais senão nos meus
Versos mudos, castrados e vagabundos...oficio de tantas
Lágrimas chuleadas num mísero lamento quase moribundo

Frederico de Castro

Tanto...tango





- para Gardel

Com tatuados passos de dança
Se coloriu este rodopiar incessante
Entre ritmos e latidos do coração
Buenos Aires é só ilusión de um
Bandonéon às mãos desse impetuoso
Gardel de todos o mais virtuoso
Frederico de Castro

Dentro do silêncio




No estilo poético das mais nobres divagações
Evoco a sublime coreografia dos versos solitários
Misancene das inspirações inquietas deambulando
No proscénio das minhas alegações finais onde dou
Guarida a esta fé tatuada numa oração quase irreal
Dentro do silêncio sitio todas as brisas coniventes
Atapeto os caminhos desfilando no vácuo dos sentidos
Mais irreverentes...inexplícita luz brotando no ténue momento
Onde resguardo meus versos redimidos e confindentes
Dentro do silêncio asfixio esta dor que se deleita com
Os meus desassossegos mais veementes
Descalçando cada sonho que vislumbro no conforto
Do horizonte impávido depurando a vida engavetada
Na masmorra da saudade tão complacente
Qual artífice das palavras acocoradas na arte
Pomposa deste meu vocabulário geométrico
Monto meu puzzle de verbos e versos esotéricos
Polindo o perfeito sonho onde porventura esvazio
Todas as rimas viajando dentro deste silêncio obcessivo
Enfático...percussivo
Frederico de Castro

Por fim...um atalho para a solidão





Por fim late a esperança tão gritante, coesa, ferida escorregando
Pela escuridão ainda mais prepotente desnudando pra sempre a
Suave e delicada manhã lacrimosa que me afaga a solidão entre
Os atalhos de um sonho permanentemente resistente

Por fim olho para a noite despindo todos os seus breus
Perdida em tantas horas aladas resilientes até que, por fim o
Oceano se recoste na margens das minhas maresias,
Repenicando um onda feliz e conivente

Traz o silêncio consigo o tempero de cada pujante perfume
Cozinhado nos instintos mágicos dos nossos desejos
Sugando o ténue latido do amor minudente, saboroso...em festejos

Penetra pelos olhos dentro uma colorida fatia
De solidão em clausura alimentando lentas carícias
Ao dia que desponta entre os cílios da manhã mais vitalícia

Frederico de Castro

Quarentena




Divergindo numa hora absurdamente crente
O silêncio afaga meu ego tão triste tão transparente
Sulca todas as maresias do tempo onde se enrudilham
Os mesmos sonhos, poéticos, translúcidos e irreverentes

A noite sucumbe ante um prelúdio de lamentos urgentes
Urge pois acalentar a alma presa nesta quarentena virulenta
Onde aos solavancos o silêncio ainda degusta qualquer
Solidão sustida por uma prece assustadoramente corpulenta

Frederico de Castro

Sincopados silêncios




É urgente desmistificar o silêncio que
Perdura na lápide do tempo enquanto
Apaparicamos o mar com ondas de beijos
Sempre, sempre mais se repenicando

É urgente deixar espigada a saudade que
Na eira da vida floresce beliscando cada aureola
De esperança singrando de cais em cais até
Aportar apolentas maresias aqui felizes chapinhando

É urgente destruir a solidão mesmo que inequívoca
Reinventar mais amor mesmo que aplacado e unívoco
Deixar nos interstícios do tempo uma memória sempre
Plausível, absoluta, tremendamente resoluta

É urgente amigos deixar suplantados todos os lamentos
Que entranham a alma e se afeiçoam a uma hirsuta mas
Tão delicada hora agregando eloquentes palavras apaixonadas
Oh,ambulante alegria que numa breve síncope te desnudas enfunada

Frederico de Castro

Overdose




Embriagam-se alegrias bem coalescidas
Verbalizam-se palavras onde albergo e apaziguo
O tempo a desabrochar mais rejuvenescido

A cada momento entrego-me a esta
Escorregadia solidão onde degusto
Cada silêncio mavioso, arredio...tão fugidio

Sangrou a noite toda a sua escuridão
Enquanto a luz introvertida se escondia
Numa overdose de desejos quase pervertidos

Pelas veias da madrugada bebo aquela
Lágrima onde calafetámos uma ilusão tão suicida
Calando todos os prazeres viajando nesta brisa reincida

E então quase esmagada e insana a manhã renascida
Aperaltou-se pra nós assim sensual e compadecida, qual
Albergue para tantos beijos toxicómanos e encadecidos

Frederico de Castro

Miríades de silêncios




Mascarei o silêncio cronológico despertando em cada
Gentil enlevo do tempo cativante, transfigurando a manhã
Tão enferma escorrendo pelas estreitas horas anónimas
Premiando a solidão com uma bravura quase desvairada

E assim se suicidou a inocência com que alimentava
Minha esperança
Cresceu, viçou espumando gargalhadas distraídas
Evaporando-se num verso híbrido qual negror de
Tanta tristeza horrendamente monótona e abstraída

A ilusão é brava e grotesca, alimenta todos os fantasmas
Que se agigantam no teatro da minha reclusão fazendo até
Murchar aquele sonho embebedando os desgostos de uma vida
Infrene...desenfreadamente contraída e perene

Formosa e tão pura nasceu a manhã beijando todos aqueles
Aromatizantes desejos em delírio secundando a hecatombe
De saudades fermentando na miríade de memórias crepitantes
Sublimando a vida neste ornado e etéreo verso tão desconcertante

Pincelei a noite que se cobriu de um redundante breu
Vestindo a luz que resvala num redimido lamento excitante
Até que todas as tristeza se tornem póstumas e palpitantes
Espalmando o silêncio abençoado, inspirador...incitante

Frederico de Castro

Gotículas de fragilidade




Unem-se gotas de orvalho matinal
Impregnam a manhã com seus hálitos
Adocicados murmurando uma ladainha
De invisíveis solidões tridimensionais

As ilusões espalham-se pela madrugada
Recreando uma carícia mais que intencional
Preâmbulo de muitos desejos
Escorregadios...sensacionais

O dia chega com indomável subtileza
Reergue até o silêncio que a seus pés
Se extasia com tamanha ardileza

Sou livre como o vento e não há arrimo
Que segure meus versos irreverentes e selvagens
Cabresto que algeme este amor pelas palavras
Que me nutrem e são decerto sempre cordiais

Frederico de Castro

De mãos dadas




- para a Carla

De mãos dadas o tempo repercute um eco que
Só o imaginário detecta, decifra e intersecta
Ali clama um queixume sequioso e descontrolado
Apressa-se a incendiar o poente fecundo…mais consolado

De mãos dadas deixo a solidão pousar no algeroz
Da vida desaguando qual aguaceiro trepidando assolapado
Só ele descortina uma caricia que amarinha tão incontrolada
Só ele corporiza e algema uma prece proliferando quase imolada

Frederico de Castro

E depois do por do sol




E depois do por do sol chega a noite escrutinável
Indominável a escuridão ruge feliz e inimaginável
Onde cada brisa fatigada adormece inexpugnável

E depois do por do sol chega este silêncio incontornável
Expele no tempo infinito um eco ávido e improfanável
É a vitória da vida colorida com este esplendor tão insubordinável

E depois do por do sol…a solidão apascentada e inalienável
Os doces beijos da maresia elástica, romântica, impressionável
Onde o silêncio repercute uma onda vadiado além incontaminável

Frederico de Castro

Ser vadio




Embriagou-se a manhã bebericando a luz
Vindimada num florido crepúsculo excepcional
Alimentou o dia com gotículas de vinho doce,lubrificando
A terra ávida, aliciada...cordialmente inebriada

Deixo entrar os segredos da noite vadia em mim
E depois converto-os em folias retemperantes que
Procuram ávidas a serenidade de um abraço tão revigorante

E ao perder-me nas escuridões invisíveis onde gesticula toda
Minha solidão amarfanhada naufrago na lagoa das tuas lágrimas
Deixando muitas, tantas aguilhadas de dor rendidas à
Amordaçada madrugada infestada de ilusões tão acanhadas

E sem que o dia se refaça de toda escuridão persistente, açoito aquela
Nuvem que destapa o gomo de luz desavergonhado e prepotente acendendo
A manhã arrebatada, debicando a esperança que resiste, assim...omnipotente

Frederico de Castro

Degrau a degrau...




Degrau a degrau sobe o silêncio até aos
Píncaros da solidão reflectida num inefável
Momento de tempo tão vulnerável

Precinto em mim o grito de tantos silêncios interiores
Alinhando ilusões inigualáveis e usurpadoras até colonizar
Cada palavra desafiadora, implacável...apaziguadora

Desta saudade que povoa a memória essencial, retenho
E retoco cada sonho insaciável bloqueando aqueles sussurros
Arrebatados onde pinto a gravidez da minha solidão inviolável

Flameja a madrugada espanejando a luz mortiça pulsando
Sempre mais imperscrutável deixando na alma a tatuagem
De muitos beijos revigorando este amor quase...quase indomável

Calou-se de vez a tristeza, reerguendo um aqueduto de esperança onde
Desaguam as paixões e as ressacas de tantos desejos intermináveis
Cerzindo a melancolia refugiada a dois passos deste silêncio diria...indubitável

Frederico de Castro

Marés flamejantes




Sussurra o mar desaguando numa onda que
Além flameja absurdamente estética e exuberante
Fenece síncrona ciclóide, apopléctica e petulante

O silêncio quase linfóide segrega uma imensa
Luminescência esbelta, deliciosa e chamejante
Cheio de ganas desfibrilha qual eco arquejante

O poente ferido de morte jaz inerte e rastejante
Algema a astuta escuridão que divaga a jusante
Dirime com um breu empírico que se refresca inebriante

Frederico de Castro

Sereno cais de abrigo




- para os meus filhos Lucas, Ciro e Noemi

Engravidei as memórias com palavras
Prenhes de desejos namorando a lauta
E melodiosa manhã que enxuta, afaga
Esta esplendorosa luminosidade tão arguta

Ah...sim quantas saudades tenho dos teus
Murmúrios que em mim se engalfinhavam à bolina dos
Ventos mais astutos e quantas madrugas penaram nesta
Solidão ciscando o breu na noite que cai tão abrupta

Carcareja a manhã flamejando ao ritmo da solidão
Súbtil e intacta...ordenha dos meus lamentos inquietos
Pousando na vitrine das ilusões mais irrequietas

Deixo agora o olhar traquina do silêncio amarar entre
As lúdicas margens do teu leito selecto...sereno cais
Onde aporto o barquinho de todas as solidões tão diletas

Frederico de Castro

Aqui jaz a noite




Embalo a noite aconchegada ao colo destes
Cintilantes raios de luz tão absortos tão acústicos
Namoriscam a madrugada e este mavioso silêncio
Exuberante qual gesto subtil serenamente devorante

Em reclusão a noite perdeu-se numa hora vaga
Embriagou-se num silêncio tão martirizado
Tão disfarçado, que a luz se escondeu no
Espesso casulo da minha mais que fadada solidão

Vigio a madrugada flamejando quase incinerada
Até esvaziar todas as saudades bem mascaradas
Quase maltratadas, eu sei, mais que desvairadas

Enquanto clamam os ecos e as sombras em nós se intrusão
Florescerem na órbita taciturna dos meus lamentos um penacho
De memórias fidedignas evocando esta tristeza quase reclusa

Frederico de Castro

O perfil da solidão




Dentro dos meus olhos raiou a esperança
Invadiu aquelas loucas correrias onde gerei um
Sonho alimentando a bijuteria de tantas diversões
Que sossegam na confraria de mil e muitas ilusões

Vertem-se emoções a cada soluçar da madrugada
Libertando adocicados perfumes entre as consoantes
E vogais deste verso indeciso e inebriante ao celebrar
A vida embebedada de metáforas tão extravagantes

Num silêncio quase apostólico renuncio à solidão matutando
A cada noite que se aparta acrílica e drástica, enroscada
Ao perfil de toda a luz fenecendo numa súplica quase dramática

Em carência o dia esboroou-se entre as tristezas transbordantes
Recheando a esperança que gero num grávido momento expectante
Réplica de tantos abraços onde me amparo mais aconchegado e excitante

Frederico de Castro

Ponte dos suspiros




Abrigo uma lágrima na ode do tempo solene
Habito o hospício da solidão onde se gratinam ilusões regadas
Pelo despertar do silêncio renegado até que um pranto agora
Reciclado eu flerte assim quase, quase embriagado

Um eco mergulhou na solidão que trazes numa
Lágrima correndo pela face deste silêncio sem guarida
Deixa um vasto rasto de ilusões comedidas, acantonadas na
Noite ferida e tatuada por palavras que sucumbem tão desnutridas

Façamos uma ponte para que nossos suspiros se unam
Endoidecidos estreitando as margens do prazer que bebo
Em extases condimentados pela quieta lembrança agora enaltecida

Em cada penúltimo momento traveste-se a noite de coloridas
Memórias recriando a teia de emoções que transbordam na tela das
Paixões instigantes bradando neste edulcorante silêncio tão ensinuante

Frederico de Castro

À bolina dos ventos




Respiro e saboreio cada momento definitivo
Tenho na intuição dos prazeres o reencontro
E a assinatura do silêncio quase coercivo gotejando
Entre a solidão e os deleites de um sonho tão bem nutrido

Na horta das minhas ilusões planto a esperança
Que renasce esgotando o cálice onde deposito cada
Lágrima de júbilo escorrendo na face do tempo fugitivo
Exibindo seu indomável silêncio sempre mais paliativo

Nado num passível momento do tempo onde me afogo
Em cada sufocante maresia bradando intempestiva até
Que as margens do amor se unam para sempre assim interactivas

O vento iça para longe teus perfumes poluindo o oceano de solidão onde
Visto aquela onda uivando à bolina, desaguando cativa, para gáudio
De cada maré sucumbindo a nossos pés tão afoita virtuosa...regenerativa

Frederico de Castro

Um pouco de tudo...igual a nada





Assim se veste a noite de estrelas
Enamoradas, enfeitando a linguística das
Palavras choramingando baixinho...rememoradas

Calcei a esperança que caminha entre olhares
Acariciantes ...abrigo de tantas brincadeiras gratificantes
Pousando no terno poente vestido de luzes tão fulgurantes

Assim recheei meu silêncio com um pouco de tudo
Sugando da noite uma ilusão de desperdícios
Coreografando a solidão condimentada com mil artifícios

Deixei a esperança submergir na reciclagem das horas
Vagas, tão desajeitadas, decorando o púlpito desta fé
Em rebuliço, elevando-se num último e derradeiro grito inusitado

Descomprometida a madrugada verga-se perante a luz
Matinal que agora farejo excitado convalescendo entre o opiário
Dos desejos vagueando em cada brisa que baila assim deleitada

Frederico de Castro

Hipersensível




A manhã esculpiu um gomo de luz hipersensível
Mediu cada distância entre um eco e um lamento
Que além timidamente fluía tão imprevisível

Uma hora provisória entretanto desfaleceu condoída
Emaranhou-se com a esperança perspícua e sapiente
Manuseou cada emoção prescrita numa lágrima saliente

O tempo agora rejuvenesce entrincheirado no advir de
Tantas palavras dissecadas neste verso proficiente
Até se esvair num impaciente silêncio…quase presciente

Frederico de Castro

Apenas...silêncio




Apenas...silêncio na noite obscena
Deglutindo toda a dopamina que se
Esgueira desta solidão tão serena

Apenas...silêncio no hálito de cada eco
Mais fraterno decompondo a luz maternal
Engolida por todas as saudades mais banais

Apenas...silêncio que soa agora a despedida
Deixando a serotonina das paixões estimular
Aquela memória vagueando versátil e dissimulada

Apenas...silêncio surfando as ondas e maresias
Que acostam a quilha dos meus silêncios enjaulados
Até que me emparelhe em ti pra sempre....assim capitulado

Apenas...silêncio em cada palavra vergada a
Esta solidão tão calculada, demais especulada
Transpondo os portões de uma ilusão assaz simulada

Apenas...silêncio e não existo mais senão nos meus
Versos mudos, castrados e vagabundos...oficio de tantas
Lágrimas chuleadas num mísero lamento quase moribundo

Frederico de Castro

Encosto para a solidão




Há metamorfoses no tempo
Há sentidos a divagar sem rumo certo
Apetece-me até rimar com este fio de solidão
Que tirita na manhã resfriada em plena reclusão

Com destreza compus uma ode ao silêncio que
Decorava a sintaxe de todas as palavras enamoradas
Vibrante enfeite de uma ilusão fluindo fluindo revigorada

Deixei depois todos os horizontes desta memória escapulir
No odor da madrugada feliz, unindo as planícies da saudade
Coincidente, reverberante...tão honorada

Imerge a manhã sempre mal humorada agitando a
Desmazelada luz que vagueia neste volúvel sonho,onde
Aquieto a esperança que se acampa ao redor deste silêncio ereto
Que esculpo numa enxurrada de abraços sempre tão diletos

Frederico de Castro

A ante penúltima solidão




De per si o tempo converteu-se num carinho latindo em
Cada hora sorumbática morrendo minuto a minuto
Ao revogar até este silêncio esdrúxulo, absolutamente
Espontâneo divagando...por mim assim tão cutâneo

A solidão nem hora tem de chegada ou partida
Cada instante, num instante quase extemporâneo deixa
Aquela gargalhada interna acrochar-se na engrenagem do
Silêncio lacrimogéneo, excêntrico, retilíneo...tão heterogéneo

A noite vagando mais só ruma a um desconhecido
Sonho bailando lá naquele ante penúltimo beijo atónito
Solidário, submergindo no nupcial prazer tecido e embalado
Numa rejuvenescida emoção glamorosa, implícita...matemática

Sobram os sorrisos da manhã que desperta excepcional para acalento
Dos meus lirismos mais artesanais onde como empreiteiro da poesia
Reconstruo dos cacos a felicidade colmatada, desinibida embebedando
Estes versos debruados com palavras de amor intrépidas e bem supridas

Frederico de Castro

Cavalgando pelo silêncio




Descalço e vadio o tempo cavalga pela madrugada
Solitária e atrevida, desnudando-se em gomos de
Uma sensualidade quase inescrutável

Nas veias do tempo descarrila minha solidão
Sempre inadiável abraçando-se a uma saudade
Que tanto, tanto anseio assim insaciável

Foram estas cruéis ausências que desmemorizaram
Minha clemente fé qual confidência de todos os actos
De amor que lavro nestes sedentes versos marginalizados

Neste bailado de finas consoantes reverbalizo um verbo
Apaixonado, seduzido, embalando o hiato silêncio palatizado
Pelas vogais que conjugo neste tempo passivo, infinitivo...sincronizado

Os aromas que nos são fiéis jorram agora da noite perdida
Numa alegórica solidão, antítese de um inconsolável desejo
Altruísta que fermenta e leveda seduzido por um beijo quase inescusável

Frederico de Castro

Olhar de longe...




A tristeza partir
As palavras digerir
Uma lágrima sóbria aferir
Depois de muitos silêncios deglutir

Olhar de longe...
As memórias expandir
Até que a noite se deixe despir
E nós nos amar-mos até a morte surgir

Olhar de longe...
As sombras que se esgueiram por fim
A escuridão por muito que queira subsistir
Morre aqui de vez sem lamentos repartir

Olhar de longe...
O amordaçar do silêncio sempre a retinir
O murmúrio dos nossos beijos a flertar e assentir
Em toda a solidão que incólume por fim se quer demitir

Olhar de longe...
A casta sumarenta dos desejos a fluir
Até nos embebedarmos pra sempre numa
Caricia incomum, imponente sem sequer mais discutir

Frederico de Castro

Esculpimos solidões




Degrau a degrau trepa esta solidão
Acantonada no beiral do tempo quase
Decapitado, sempre cordialmente velado

Esculpida no basalto do silêncio domestico
Estas palavras extasiadas repintando o tapume
Das minhas ilusões mais premeditadas

Aspiro da manhã suaves brumas excitadas
Vestem com balalaicas elegantes a fatiota das
Mil emoções qual epidemia de beijos sobrepujantes

Ainda que respire devastada acolho a saudade
Mais pungente e contagiante deixando uma artística
Lágrima esgueirar-se pelo leito do tempo assim de rompante

Frederico de Castro

Para além da distância




Com efeitos curativos a noite esvazia-se
Na escuridão, adormecendo a malandrice do silêncio
Que nos apetece...aromatizando o dia que nasce
Impaciente e de esperanças se reabastece

O ponteiro marca cada hora deambulando pelas
Esquinas deste tempo impaciente, perdido num coktail
De solidões onde me embebedo em cada beijo tão subserviente
Aprisionado naquele calafrio de desejos tão coniventes

Do alto do precipício pulam as palavras apoteóticas
Planam no planalto das ilusões aliciantes deixando no quociente
Do amor a aritmética de mil desilusões escalando este silêncio
Mastigando todo o prazer displicente...quase narcótico

Mitigo nesta lágrima um pouco da saudade em mim enclausurada
Recupero num fôlego aquele abraço recriado com muita elegância onde
Não existem mais distâncias, apenas e só a confidente circunstância desta
Ausência escapulindo consumada na reeleita esperança escorada com Tamanha exuberância

Frederico de Castro

Quão suprema é a solidão




Incendeiam-se as manhãs polvilhadas
De alegria farejando cada palavra cifrada
Embebedam caricias inventariando a luz quase
Estéril que rejuvenesce assim mais acurada

Em cascatas graciosas de luz morre este delicado
Verso esgarçado num silêncio momentâneo
Escorre das entranhas e elegantes montanhas
De desejos tão ternamente perpetrados

Quão suprema se tornou até a solidão pendendo
De um fausto e sumptuoso sonho bem esmiuçado
Deixando hordas de saudades a perdurar assim atiçadas

No escabelo das minhas memórias repousam
Lembranças percorrendo com malicia cada naco de
Ilusão bem dissimulada pousando a teus pés tão delicada

Frederico de Castro

A sexta onda




Atarantada e tão assustada eleva-se numa vaga
Mais anárquica e depois mergulha mar a dentro
Até se perder entre margens que tagarelam numa orgia
De oceânicos prazeres tão titânicos

Numa inferneira polifónica e esganiçada escuda-se
Num banzé de desejos náuticos corrugando todos os
Marítimos momentos icónicos e tântricos onde aportam as
Paixões indubitavelmente mais arquitectónicas, mais semânticas

Ali vai ela a sexta onda na proa dos ventos seguindo a
Quilha deste silêncio que freme até se esbardalhar
Num chinfrim de brados e lamentos contristados

Imiscui-se entre pacíficos olhares de ternura onde pulsam
Brisas quase alienígenas soprando no anemómetro do tempo
Oh, inolvidável tsunami chapinhando naquela onda tão instável

Frederico de Castro

A dinâmica do silêncio




Entre a dinâmica do silêncio perpetua-se um eco
Heterogéneo, tão frágil, tão absoluto e homogéneo
Incontinente como a chuva desagua além um sonho erróneo

Desfibrilhante a luz reacende um sussurro um afago instantâneo
Paulatinamente o dia pulsa, inquieto, faminto e tão cutâneo
Não mais abdico de um desejo contagiante, fraterno e consentâneo

Ainda que efémera a solidão captura um felino breu estático e subcutâneo
Assim se dilui a noite algemada a cada minuto estéril, volátil e espontâneo
Das minhas entranhas soergue-se somente um lamento viril e conterrâneo

Frederico de Castro

Desaguando entre o silêncio




Fechei as persianas a este silêncio
Que teima violar a partilha de palavras
Cordatas, deixando às apalpadelas aquela
Solidão, dúbia , dolorosa trajada de mil mazelas

Intensa mas intranquila a noite recria sua
Escuridão sempre emancipada, aprimorando
Cada inflexível murmúrio sorrateiramente encorpado
Com desejos ferozes, implacáveis...quase dopados

E assim desaguou todo silêncio juntinho às margens
Daquele riacho estridulando veementemente até que uma
Onda periclitante adormeça no leito do tempo capitulando

Destilam pela madrugada embebedados gomos de
Prazer sempre ensurdecedores adornando meus devaneios
Sibilando entre a conivência de tantos beijos tão apaziguadores

Frederico de Castro

Memórias unilaterais




Geme a alma, carente, castigada esculpindo o ser

Fugitivo que forjo neste destino excursionando pelos atalhos
Deste mundo primitivo guarnecido por versos insanos e instintivos

Ao anoitecer chega o silêncio quase petrificado
Deixando no ar as essências da sua escuridão inibitiva
Contristada acamando meus ais e lamentos mais receptivos

Domei cada hora calcorreando o dorso da solidão
Deixando sob disfarce aquela ilusão patenteada por
Um pasmo e devorador desejo ali cativo

Lenta, lentamente embebedo-me da manhã despontado
Invulgar e depurativa standartizando todos os beijos casuais
Sussurrando nos becos da minha solidão insatisfeita e factual

Recreio-me pelos pastos alados projectando nos céus
Virtuais um vassalo silêncio rumando à catedral das
Minhas memórias onde a fé imerge imperativa e unilateral

Murcharam os lamentos vindos desses olhos tristes
Caiando nosso jardim com mil perfumes primaveris
Numa rara embriaguez saborosamente submissa e viril

É tempo de nos emanciparmos desta meiga ilusão peregrina
Empoleirada nas crinas da solidão centrifugante por onde cavalgo
Desatinado pilhando o tempo proscrito, alucinado...protuberante

Na catedral deste mundo poético exponho a fé que celebro num
Rito sagrado , ajoelhando as rimas modeladas, supracitadas com mestria
Qual incenso vagando pelo altar das palavras assim empolgadas

Morreu por fim o silêncio...enterrei-o de vez...rigorosamente
Numa elegia de festejos pincelando o jazigo onde se extingue
Também a noite esgotada, taciturna...transladada...integralmente

Frederico de Castro

Minúsculos suspiros




Ardem estes versos até que se queime
A noite presa ao rastilho do tempo sucumbindo
Entre a centelha de luz ateada ao
Minúsculo suspiro ali se esvaindo

Incauta a noite despe-se perante a plateia de
Estrelas que de esguelha espreitam toda sensual
Convergência das nossas sombras domadas,
Unindo-se aprumadas...consensuais

Qual oferenda para as minhas ilusões virtuais
Encerro a madrugada recheada de inoperantes memórias
Cárcere dos pensamentos mais pendentes onde em sigilo o
Silêncio penteia uma lágrima desaguando qual oceano convergente

O mar agora tornou-se o túmulo das minhas palavras
Nele descerro uma lápide onde se lê:
- Afoguei-me nos arremedos de uma onda tão submergente

Frederico de Castro

Desejos imperceptíveis




Foi-se a solidão quase eterna rejuvenescer-se
De uma indomável saudade aqui a intrometer-se
Deixa nos andaimes do tempo uma hora restaurada
Felina a esgueirar-se

Em submissão dormitam meus sonhos embrulhados numa
Tão turgida e cinginda luz escorrendo pelo tejadilho deste silêncio
Qual plataforma da memória e dos desejos mais imperceptíveis

Por baixo do viaduto do tempo escorre escondida a tristeza
Mais imprevisível abastecendo o naipe de lamentos distantes
Impacientes onde por conveniência algemo a madrugada mais
Vulnerável e irredutível

Consumidas repousam agora as noites tão hábeis
Sempre flébeis, confinadas ao subúrbio da vida toda ela
Feliz a escapulir-se subtil, urgente e tão fiável

Frederico de Castro

Emoções inquantificáveis





Na paisagem do tempo amanhece um
Mar de transbordantes ilusões
Abrigam emoções trazendo aquele incomparável
Silêncio agasalhado ao dia que desponta indecifrável

À mesa da solidão deixo um repasto de miseráveis
Horas encurraladas ao rigor da saudade às vezes
Tão irreparável, mesmo que a esperança rejuvenesça
Da insanabilidade impressa em cada oração mais inescrutável

Exalo agora da madrugada teu perfume delicado e inesgotável
Deixando no ar uma atmosfera de alegres e irrefutáveis palavras colorindo
As orquídeas do meu jardim enrolado num verso convicto...inelutável

Adiantada a noite trepa pelo silêncio in loco pousando nas agonias
Do tempo que desperta neste frenesim de desejos mais degustáveis
Saciante e cúmplice sinfonia de furtivos beijos tão críveis e inquantificáveis

Frederico de Castro

Mausoléu dos silêncios




No recado da solidão desliza o tempo
Inseguro, sombrio, abandonado e obscuro
Nesta jornada da vida agora em quarentena
Subsiste a fé e a esperança sempre mais serena

No mausoléu dos silêncios um trágico breu
Percorre o antro da escuridão que fenece inexorável
Estatela-se num assolapado lamento sempre combalido
Deixa cicatrizes na alma e neste verso tão contundido

Frederico de Castro

A volumetria do silêncio




Atónito perdeu-se o dia embebido num pavio
De solidão ardendo, ardendo tão coibida pois
Tamanha é esta desmazelada esperança displicente e intuitiva

Redesenho nossas inquietudes lavradas num mar de lamentos
Amedrontados sempre, sempre impassíveis e contristados
Abocanhando a tristeza indiferente inamovível e manietada

Isolado numa ilha de escuridões quase perpétuas mutilo a noite
Cruel defenestrando toda a luz elegível deixando a rastejante
Solidão alimentando a volumetria deste silêncio em reclusão

O toque da luz salpicante e luminescente acorda o dia
Escaldando numa sofreguidão quase irresistível e convincente
Calando aquelas transeuntes carícias que sacio tão delinquente

E assim planam meus sossegos em cada instinto efervescente
Impregnando uma onda de beijos contagiantes, quase dementes
Gemendo, gemendo naquela gargalhada, digital, atrevida e seducente

Para lá do inalcançável horizonte acalmo os ventos rasgando
As sobrancelhas do tempo aquiescendo o pestanejar dos
Prazeres degustados nesta exilada brisa que chega pra nos cortejar

Frederico de Castro

Apesar de tudo...




Apesar de tudo encontrei a serenidade
Dormitando entre gargalhadas que embebedavam
Aquele breve silêncio hereditário pleno de cumplicidade

Apesar de tudo escuto o ritmo afinado das folias latentes
Nos nossos corações quase dementes navegando além amar
Até que o mar nos afogue de amores e maresias tão proeminentes

Apesar de tudo rectifiquei a solidão que provinha de um
Complacente eco bêbado tão dissidente definitivamente um martírio
Revelado nos afagos dos teus desejos em constante delírio

Apesar de tudo a luz renasce do breu e busca na lamparina
Do tempo as luminescências sigilosas da radiante madrugada
Chegando tão exorbitante e grandiosa

Apesar de tudo ainda espreito o recôndito da alma alimentando
O pecúlio dos meus versos, qual património desta fé que irrompe
Numa transfusão de silêncios explodindo frugais precisos...caudalosos

Apesar de tudo abro as janelas do tempo e defenestro a solidão
Que ainda medra impulsiva, muda, quase prodigiosa deixando vadio e
Depressivo meu insaciável coração subitamente persuasivo...devidamente cativo

Apesar de tudo neste enorme arsenal de palavras que invento
Ficam no paiol da esperança todas as rimas letais e hegemónicas
Desbravando a serôdia noite suspirando numa gargalhada tão platónica

Apesar de tudo a noite sentada à soleira desta descuidada escuridão
Pernoita em nós tão jocosa e malograda, deportando a luz agora desmascarada
Estatelando-se na retórica desta ilusão tão esmerada, metafórica, bem aprimorada

Frederico de Castro

Declínio do silêncio




Desceu a noite pelo desfiladeiro das minhas solidões
Atrofiando a luz cozinhada numa luminescência tão desvairada
Desamparante e banal desejo enviuvado naquele assertivo abraço
Onde chuleei a vida apaladada, cativa deambulando sempre esquiva

Quão restritiva deixei esta missiva numa lerda rima embaraçada
Arrulhando cada palavra pendurada neste glutão silêncio esquivo
Ao aplainar a memória desembocando contemplativa a cada guloso
Beijo que recordo entre os detritos da saudade mais retentiva

E enquanto boca a boca respiram nossos desejos degusto aquele
Sorriso inesperado atapetando um murmúrio tão exclusivo, desenhando
O prosaico verso alimentando o alfarrábio deste amor quase imperativo

Jaz heróica a noite arejando o enredo intimo desta estrofe confinada
À elegância das tuas gargalhadas bem articuladas, atordoando o dia
Que se avizinha blindado a esta ilusão tão minuciosa...tão resignada

Frederico de Castro

Longos dias tem este silêncio




- quando o absurdo deixou de ter limites...

Longos dias tem estes silêncios mais indescritíveis
Matam a chama da alma madrugando no pavio das solidões mais
Imedíveis...minguando como a lua nos seus quartos secretos e iludibriáveis

Morrem por fim os adjectivos mais funestos deste silêncio
Quase imperial e irreconciliável tão voláteis quanto o voo da libélula
Desaparecendo pelas sombras do dia sussurrando inflexível e inolvidável

Abstêm-se todos os surdos gritos sentidos no sigilo da madrugada
Tão irrevogável para assombro da luz que ateio à chama mortiça
Ainda que perplexa, tão ígnea, fatal, tangível...até o silêncio enfeitiça

Esvaem-se todos os silêncios no fado do tempo que me é tão imprescindível
Pecúlio da fé que ainda alimento em cada reavivante verso apetecível
Exposto à fúria de uma hora que morre lenta, lentamente irresistível

Frederico de Castro

Penúltima hora...último silêncio




Assim ficou acabrunhada a solidão que se
Perdeu no penúltimo silêncio desmentido
Na penúltima esperança a renascer expedita

O penúltimo sonho vibrando acossado iludido
Na penúltima hora comovida que se esgueira naquela
Penúltima felicidade a dois maturando corrompida

Dois dedos de conversa na penúltima
Noite a diluir-se qual abreviado eco surpreendido
Perante a penúltima rima acontecendo descabida

Um verso persuadindo a penúltima
Existência dos meus lamentos comovidos
Jazendo no penúltimo beijo quiçá depois tão aplaudido

Agita-se o mar brandindo a penúltima onda que se
Despenca na penúltima maré destemida...desaguando
No horizonte como um scotch bem bebericado e desinibido

Fica meu penúltimo silêncio acantonado nesta vil solidão
Esculpindo cada obsoleto gesto tão abatido pichando o muro
Adornado com meus últimos lamentos grunhindo resignados

Frederico de Castro

Repiques & chiliques




Como uma brisa suave ondulando ao relento da manhã
Desdobra-se com docilidade um sorriso configurado no miolo
Daquele lamento algemado a todo aromatizante sonho que abrigo
Como prioridade das memórias e loucuras que agora coligo

Despi este poema de todos os trajes da solidão que
Sustinha uma hora ardendo no vocabulário em reclusão
Até que debulhando o tempo decreto com açoites a solidez
Destas palavras refinadas só na minha imaginação

O dia extasiado prenhe de salamaleques enfeita-se para
Nós decretando outras tantas lunáticas gargalhadas, umas chiques,
Outras aos salpiques deambulam entre os berloques e frenicoques da vida
Que Subscrevo em cada alínea deste súbtil sorriso quase me dando um chilique

Dorme pra sempre a madrugada, branda conquistada tão cacique
Chilreando enraizada a tantos horizontes que dormitam no mais pleno clique
E conjugal momento de amor onde na empena do sorriso desenho a repique o
Sonho consumido num ápice de prazer desde que a criatividade sempre justifique

Frederico de Castro

Silêncio à la gardère





Remota e longínqua refugia-se a solidão entre
A folhagem deste exílio que se esconde tão proscrito
Alimentando e cutucando os ardores poéticos desta mísera
E afinada ilusão serpenteando todo o silêncio em reclusão

O silêncio à la gardère recrudesce integro e despojado
Sempre mais atrevido colorindo a lingerie da noite que agora
Se despe brandindo tanta emoção suspirando quase depravada

Os ventos em surdina trazem outros perfumes acocorados ao
Tépido semblante da memória onde rastreio tantos desejos enamorados
Aplaudindo a academia das saudades onde te guardo sempre tão obcecado

Desbaratei a formusura de cada paixão convertida num pranto exaltado
Premeditei até este silêncio que permanece pelejando mais recatado
À la gardère até que a noite flameje pra nós assim robusta, vistosa...resignada

Frederico de Castro

Silêncios de mim




Entrou o silêncio em mim
Encravou-se nas prateleiras do tempo
Onde arrumo, palavras dóceis arquivadas
Na memória ávida balouçando cativa e avivada

Quando quero evoco outras lembranças adornando a
Oficina da minha poesia qual alimento desta mecânica solidão
Que trafega num mar de ilusões repentinas ressuscitando para
A vida enfeitada de doces alucinações tão genuínas

Mui precioso e confidente se tornou este silêncio pois
Nele me embrenho sempre mais reincidente emprestando
À airosa madrugada este verso que em ti se exila inapelavelmente

Caminho pelos labirínticos sons da noite que desabito
Abruptamente buscando a essência da esperança que
Assim depois caduca tão absurdamente

Frederico de Castro

A centímetros da solidão




Os dias escorrem pelo vão das longas madrugadas
Enquanto o ressequido silêncio invade os restos de
Uma solidão vagando em cada lacuna desta tristeza
Corroída, vulnerável...subjugada

Pelas sombras da noite revela-se o murmúrio despojado
Deste olhar que sustenta o divagar do silêncio acoitado entre
As silvas do tempo ausente e aviltado onde indolentes
Pernoitam os lamentos atados a nós umbilicalmente complacentes

Nutri cada ausência mais reveladora e empolgada
Deixando por indemnizar aquela solidão que em nós
Se refastelava, mais implacável...tão bem propagandeada

Tirei as medidas ao tempo alimentando cada comprimento
Da saudade com mil centímetros destas memórias carentes
Espreitando pela fresta dos inconfessáveis desejos mais latentes

Frederico de Castro

Calendário da solidão




Fecunda-se o dia em madeixas de luz quase eterna
Polvilha-se o olhar que desliza por obséquio
Ao longo do caule deste tempo submisso
Prolóquio da solidão aqui calendarizada e remissa

Procuro decifrar as formas digitais do tempo
Enquanto joeiro a solidão caindo numa lágrima
Tão magoada latejando a cada hora subtil e atordoada

Ao colo da madrugada adormecem cânticos abençoados
Entoando às nereidas apaixonadas todas as delicias de
Um sonho que guardo na paisagem deste silêncio tão galardoado

Ficou despida a solidão deixando ao léu o corpo da saudade
Despovoada e indiferente, bordando nas palavras um vendaval
De suspiros saborosos encastrados a este desejo quase medieval

Frederico de Castro

Por um fio




Em muitos mil quilómetros de solidão
Pousam tantas horas presas a um
Filamento de tempo em reclusão

Drenam irremediáveis silêncios macios
Intensos, delicados, presos por um fio a cada
Sonho feito epitáfio de tantos desejos que alício

As memórias dos tempos idos deambulam pelos
Beirais da saudade, amainando cada hora elegante
Alimento para tantas ilusões perplexas e acutilantes

A noite consome todos os silêncios quase devorantes
Esculpe em cada lamento uma oração prostrada neste
Altar da solidão onde aquieto minha fé mais reconfortante

Ficou inoperante aquela brisa consumida numa hora
Errante velada pelo vendaval de gargalhadas cativantes
Palpitante e solene partilha de desejos sempre tão estimulantes

E assim equidistantes desmoronaram-se as manhãs fitando
A luz envelhecida pelo tempo que se embebeda deste enrubescido
E derradeiro beijo...quase um queixume feliz e mais apetecido

Frederico de Castro

Silêncio complacente




Entre a noite e o dia repousam muitos
Silêncios tão castos tão sublimes
Alimentam tantas melancolias unânimes
Numa absoluta bebedeira de ilusões tão uniformes

De madrugada lá despertam solidões poéticas
Protótipo de muitas memórias eminentes, escritas
Num rascunho de emoções arfando, arfando
Extraordinariamente complacentes

No mundo dos meus silêncios navegam tantas
Maresias dissidentes deixando um balbuciante
Lamento rendido a este promiscuo desejo quase demente

A manhã ainda convulsa, regurgita um gomo de luz
Tão incipiente, tatuando a alma com caricias intactas
Sustidas e sedimentadas numa palavra tão estupefacta

Frederico de Castro

Burburinhos no silêncio




Subindo eu aos ramos mais altos desta solidão
Empoleiro-me naquele frondoso e perfumado
Fruto da ilusão onde invento gomos de luz que
Permanecem indivisíveis, majestáticos...imperecíveis

A noite presumivelmente estática na sua escuridão
Quase indiscernível alimenta uma assombrosa sintaxe de
Beijos loucos incivilizados, mas convictos e bem optimizados

No pantanal dos dias amordaçados deixo retóricos
Abraços cavalgando qual trote de um fagote bem
Orquestrado...assim como um scotch prazeroso e eufórico

Na ressaca da noite sigo o burburinho do silêncio tão
Meteórico onde cada eco sufraga a vida que palpita num
Tenor prazer colorindo com alaridos meigos e inalienáveis
As caricia longânimes, lúbricas, sempre, sempre inimagináveis

Frederico de Castro

Concílio dos silêncios




Dobrando a esquina do tempo o tempo
Reconcilia-se com a solidão tão arrogante
Extasia-se e acaricia a maresia vadia e flamejante

No concilio dos silêncio grassam orações tranquilizantes
Alicerça-se a fé congregada por emoções exorbitantes
Confinam-se tantos bramidos divagando tão dissonantes

A pairar no cadafalso do tempo enfurecido e errante
Resplandece uma luminescência quase feroz e inebriante
Toda ela aliada deste amblíope silêncio mais e mais litigante

Frederico de Castro

Ecos aliados




Com tacto desnudo um Sol maior
Faço do solfejo um despido LA reverberando
Em MI(m) deixando no comité da noite um
Cântico serpenteando o cardume de desejos
Aliados a um DO inexorável...sempre em festejos

O horizonte do tempo depois, tingiu-se
De prantos adocicados
Desarrumou cada brisa que sopra
Entre acólitos e açoitantes ventos quase embriagados

Dentro da alma esperneia a solidão mais desfalcada
Deixa desolado aquele cais ao abandono na hora da partida
Eis que choro então deixando a saudade em frangalhos
Repentinamente abrupta, desesperadamente ininterrupta

Num ímpto quase soez a noite resgata cada prazer
Esquecido na memória mais corrupta embebedando
O ego deste silêncio implacável, déspota...intocável
Réplica para tantos ais que inalamos num sonho tão irreplicável

Frederico de Castro

Ergometria do silêncio




Alvoreceu quase imperturbável esta melodia do tempo,
Alimentando a ergometria do silêncio numa triste e aveludada
Palavra residindo na nomenclatura de uma rima, subtil que em
Festejos depois incondicionalmente ali eclodia

Pontiagudas ficaram as estalactites da minha solidão
Namorando cada ressaca dos sonhos que se estilhaçam
Pelo tempo hipnotizado, arguto, refrescando cada desejo metódico,
Absoluto onde descalço o tédio de tantos lamentos apátridas e astutos

Murmuram as fantasias repletas de gigantescas alegrias
Percorrendo as veias e artérias dos meus desasossegos onde
Cirurgicamente me refaço num recobro excêntrico petiscando
Com achego este sonho que em nós se orquestra assim saçaricando

Pudesse eu ofertar a luz que flui dos meus silêncios mais
Prolongados e decerto iluminaria todo o teu ser egocêntrico
Que reveste os aposentos do amor mais geocêntrico medindo cada
Quilómetro de desejos que quero ainda saborear de modo mais excêntrico

Frederico de Castro

Seguindo o luar




Esquecido ficou o silêncio quase dissolvido
Num pranto insolente e vadio
Lascivo amanhecer este que rompe a lúgubre
Solidão entre subtis abraços e desejos tão reabsorvidos

Desperta a manhã com gestos embriagantes
Alheia e dispersa num vago luar ruiu uma hora
Banal, cortês...vagante, empoleirada a sinfónicas
Caricias que se aninham em minh'alma assim quase rogante

Segui noite dentro ténues vestígios de um luar
Doce e apelativo mastigando a solidão
Que se apieda de nós assim indiferente...oh desilusão
Por quem sois, senão mais uma ilusão a apaziguar

A madrugada cuidadosamente esculpida por beijos
Perpétuos recobra o sedento desejo do amor fluindo
Entre dois corpos...dois pensamentos que purgam das
Palavras apaixonadas um silêncio qual fogo fáctuo nos consumindo

Frederico de Castro

Meiose apoteosis




Com pingos de mel adocicas o palato
Dos meus silêncios
Amamentas o imperativo desejo tão evidente
Naquela gargalhada vadiando furtivamente

Escorres adocicante dos favos da minha solidão
Onde ocorre a metamorfose gratificante de tantos
Beijos em comunhão

Polinizas as pétalas das ilusões mais tonificantes
Entreabrindo os estames dos meus desejos onde
Fecundo os esporos ávidos...germinando refrescantes

Reproduzes a vida que acontece expressivamente
Aguda, vorazmente...herança explicita qual meiose
Das nossas células apaixonadamente expeditas

Quero-te assim satisfeita, ígnea, halófita desaguando
Nas minhas maresias solícitas até que uma onda
Prodigiosa nos cubra numa fusão de marés tão graciosas

Frederico de Castro

Perfil da escuridão




Na densa escuridão baila um breu
Elegante e subtilmente dissimulado
Aninha-se à noite que efémera
Sucumbe surpreendida e despojada

De perfil, o tempo esquadrinha a beleza
Contígua às sombras que camufladas
Escondem uma luminescência enamorada
Que ali resigna quase que de mão beijada

Frederico de Castro

24ª hora



As nuvens vadiando pelos céus escurecidos
À 24ª hora fenecem num breu quase inimaginável
Deixam na moldura do tempo uma lágrima caindo
Nos braços desta devoradora solidão tão interminável

Ensaio nos meus versos uma rima que percorre
Todo o altar destes imutáveis silêncios deixando como
Despojo um fadado lamento caído acolá de rojo

E ficámos nós...mais a sós bebericando com
Raiva cada memória perdida dentro do báu de
Muitas lembranças quiçá insaciáveis

Esquadrinho pela manhã toda a luz esfomeada
Saltitando em cada intervalo de tempo infindável
Esculpindo alguns dos mais ardentes desejos inflamáveis
Arabesco de prazeres afagantes, indiscretos e irrecusáveis

Frederico de Castro

Emoções descarriladas




O que sustinha o silêncio explodiu numa
Delicadeza de ecos festivos escapando apaixonados
Deixou na soleira do tempo uma assoalhada
De prazeres que viçam alegres...bem validados

Tragou a solidão num gole voraz ao embebedar
As brasas daquela paixão tão insubordinada
Indeferindo todos os sonhos indecifráveis colorindo
A contra capa desta ilusão ao abandono...quase depravada

Sem recursos ficou a noite emigrando na escuridão
Sempre tão indisciplinada deixando em jejum nossos
Desejos sempre ludibriados onde se desenrolam outros
incubados desassossegos...quase sempre negligenciados

Sem fim a madrugada patrulha minha solitária ilusão
Quedando-se sequiosa e enfeitiçada perante aquele instantâneo
Momento de tempo despindo a luz entrando pela fresta matutina
Das nossas emoções descarrilando fiéis e tão repentinas

Vou ausentar-me para além do além deixando na lonjura do tempo
Um naipe de memórias resguardadas, telepáticas massacrando a
Saudade incrédula, ostentando uma hora atarantada onde me
Embriago no frisson de um sedento e alagado beijo requintado

FC

Adornos do silêncio




Aglutinam-se em mim comovidos gomos de
Luz tão ávidos e fraternos que cicatrizam
O dia que nasce feroz, dissolvido em gratas
Esperanças, fidedignas...eternas

No seu espectáculo magistral adorna-se todo
O crepúsculo deliciando a sinuosa amanhã que
Reverbera com uníssonos beijos tão levianos e coesos

E foi ali que supus este silêncio que patinava na
Minha solidão quase astuciosa elevando místicas
Palavras trajadas de poesia subtil e ardilosa

Dormita assim toda inspiração que recrio nesta
Noite tão surpresa e cautelosa, antes mesmo que
A solidão trote em mim de forma tão caudalosa

Frederico de Castro

Beijos da meia noite




Respiro da noite coincidentes gomos de luz
Que adormecem exilados na memória deste tempo
Tão dissidente deixando no artesanato da poesia
Sílabas e rumores do coração, batendo, batendo estupefacto

Traguei de uma só vez todos os lamentos embebedando
A antropofagia desta solidão quase impudente deixando
Alucinações boiando num mar de desejos diria, quase evidentes
Oh...irada hora inutilmente repetitiva...nitidamente aflitiva

As insónias por vezes recorrentes deslocam-se entre
Metáforas perplexas esboçando na madrugada a magia
Que filtro a cada luar, alado majestático, quase glorioso

Impus à razão toda a minha fé firme e cortês deixando
Que as leis do amor governassem o estado de emoções tão
Verazes regendo a orquestra de beijos e afagos cada vez mais audazes

Frederico de Castro

Palavras e sentidos




As palavras com seus significados
Bebo-as inteiras sem mastigar ou sentir seu tacto
Engulo-as devoradoramente até mitigar de facto
Cada lamento, gostoso, apaparicado...a levitar...estupefacto

Vigio-as de noite, agregando-as em rimas expostas
Desnudas galgando desejos e paixões que se imolam
Na oralidade de uma palavra terna desfragmentada
Onde pernoitam as minhas solidões tecidas no desvelo
De uma madrugada que morre tão suavemente desapontada

Com palavras besunto o amor que caustico num
Beijo fiel e derradeiro
Deixo o rito de tempo macerando em sonhos corriqueiros
Inconfessáveis, atarantados...cochilando assim desordeiros

Derramo sob o mar dos meus versos todas as
Palavras que outrora me afogavam num aguaceiro
Prenhe de rimas forasteiras, esbravatando todo verbo
Carente, manietado, ululante, desaguando lesto nesta
Maresia de palavras apaixonantes e matreiras

Ficou só uma noite escassa, perdida no vão de um
Comovido silêncio, calcorreando todas as colinas desta
Minha solidão aventureira, consumindo a luz que agora amaina
Tanta escuridão, ousada, nefasta contorcendo-se perante a
Dissoluta vida, feita utopia num incontido bramido tão absoluto

As palavras estendem-se pelo tempo, letra por letra
Soletrando ilusões que despertam até deglutir o ténue
Poente que reverbera pela serenidade de tantos sorrisos grogues
Apaixonados, plicando os sentidos dançantes entre os estuários
Da vida, ambulante, aventureira...ovacionada...enfeitiçante

Frederico de Castro

Caçador de silêncios




Ao longe farejo a noite qual perdigueiro
Caçando as geometrias da luz que enfeitam
Sombras apaixonadas, agachadas entre as
Melancólicas alegrias que nos saúdam às gargalhadas

De perto, ou de longe precinto qualquer coisa que
Nos envolve na crista de uma onda bem escrachada
Lapidando o oceano rebolando pelos mares nunca dantes navegados

Cortei o sonho em fatias finas bem dissimuladas amarinhando
Pelo tempo que arfa estridulando ao ritmo do amor sempre coligado
Rumor deste silêncio marado deambulando pelos repiques
De qualquer mugido palpitando bem homogeneizado

Qualquer coisa...e tudo acontece assim desbaratando a noite
Escorregando orgulhosamente pela negrura da solidão acurada
Enxuta hora amadurecendo subtil na proveta desta ilusão mais regalada

Frederico de Castro

Calafetando a solidão




Súbtil foi a hora amamentando o sorriso de vigia junto
Aos pátios da minha esperança irrequieta, quase uma orgia
De felicidade onde esteio as lembranças escoradas e calafetadas
Numa caricia que se traja de mil gargalhadas tão premeditadas

Ainda que adie um lamento seus ecos em silêncio
Crepitam na alma recostada às vidraças do tempo
Onde se comunga e dessemina aquela paixão que
Depois permutamos em surdina

A noite gloriosa matiza esta íngreme escuridão
Qual suspiro tão pervertido consolando uma terna ilusão
Abstracta, queixosa...anteparo destas minhas palavras escondidas
Na penumbra pacata de um silêncio correndo em cascata

Alonga-se a madrugada numa indiferença quase arrebatadora
Perpendicularizando cada gotícula de chuva caindo ladeada
De açoitantes ilusões conspirando estupefactas e tentadoras
Embebedando o ventre da terra ávida, ofegante...conciliadora

Frederico de Castro

Nos subúrbios do tempo




Encontrei algures espaçada entre as
Cortinas do tempo aquela brisa esvoaçante
Orlando o horizonte quase embriagado pela
Melodia comemorativa de um dia rompendo extravagante

Plantei cada palavra no jardim da poesia expectante
Onde se noivam as rimas dos meus versos mais semânticos
Onde se adoçam os lábios com beijos tão petulantes
Onde raia a aurora impregnada de superlativos abraços galantes

Sossego a noite que se deita em lençóis sedosos iluminando cada
Gomo de luz fascinante e escancarado, confortando todo aquele silêncio
Solene, subtil reentrando em cada sentido desvairado vadiando pelos subúrbios
De uma manhã carente, entulhada num dócil e religioso silêncio inebriante

Caminho agora sob toda a tenda da solidão inquieta pendurada nos
Cavaletes da minha saudade prostrada, obsoleta, depondo aos pés
De tão meigo sorriso uma rejubilante e enamorada carícia
Transformando cada desejo unívoco num verso mais embelezado e recíproco

Frederico de Castro

De que cor são as memórias




É urgente inventar o silêncio
Lá fora, imune ao ruído ele reverbera
Aos pés da solidão quase impune

As memórias coloridas espraiam-se pelo
Ventre da terra deixando no museu do tempo
O retrato das tranquilas madrugadas por ali
Divagando tão inexactas

Serena e tão formal a noite desnuda-se perante a
Assembleia das minhas ilusões impregnando um subtil
Gomo de luz macerando na escuridão obsoleta e intáctil

Ficam as impressões digitalizadas no semblante deste
Silêncio imemorável, flagelando cada longa hora ancorada
Ao luto que velo nas minhas tristezas desconsoladas
Pingando entre tantas, destelhadas solidões bem enclausuradas

Frederico de Castro

Finalmente...




Despojei-me dos sonhos cifrados na noite polvilhada
Por desejos matreiros, manufacturados com ímpeto
Desenvencilhados com mestria até que este telepático
Silêncio reitere um eco conivente e incinerado

Finalmente reencontro os cacos deixados no fanico
Do tempo catando cada pedacinho de imarcescíveis tristezas
Onde inventario nossas solidões ali cativas tão árduas e assíduas
Calcinando o longílineo momento minguando numa trégua tão contigua

Finalmente o sossego preciso e corajoso, fitando o espectro da noite
Expressiva, calculista calcorreando as vestes expectantes de um olhar
Sumptuoso morada dos nossos seres instigados, imputados ao elegante
Séquito de prazeres pousando entre nós...assim colmatados e agregantes

Sinto as mãos delicadas do tempo treparem no vão
Das minhas ilusões fraternas tateando aquele silêncio que agora
Paira em cada abraço mais musculado deixando um buquê de prantos
Ofegantes e debilitados prestigiar um verso doloroso, urgente...desconcertado

Ah...servil existência que me intentas tão diligente alimentando
A catástrofe das mais simbólicas e tamanhas saudades plangentes ao enferrujar
A fardada madrugada que se entranha felina em nós para farejar e deglutir a
Cambiante luz mortiça, tão requintada onde finalmente queremos nos realojar

Desfez-se o vento perfumando generosamente o silêncio ecoando qual sobremesa
Celestial, depois de incinerar a intangível chama que lacrimeja arrestada por
Uma oração quântica e reveladora onde blindamos esta fé tão irredutível feita confissão
Extravagante, aclamada neste compromisso indissolúvel, apetecível...consumado

Frederico de Castro

Latin lovers





- para João Bosco um músico formidável

Nos quebros e requebros da vida desengonço um bailado
Felino por entre as coxas do tempo zurzindo pelo desfiladeiro
Do eruptivo lamento , resvalando por ti em labaredas bem destiladas

Pernoito rejubilando nos braços desse amor latino
Maquilhando as sombras da noite que se entregam a nós
Assolapadas, sedutoras e bem estriladas

E mobilando o silêncio anexo à paixão os ecos
Dos desejos mais desenfreados para deleite das caricias
E beijos arquitectados na amalgama dos sentidos assim aliciados

Embalados pela madrugada conspiram nossos corpos ressarcidos
Noite a dentro enjaulados num suspiro sassaricando...ah tão incontrolado
Que o desejo depois refilando se entrega farto, feliz... abilolado

Despindo a pele à blusa da solidão entranho-me todo nas
Mais internas fantasias deglutidas e assolapadas embebedando
O adágio de uma carícia, profana que nos enferniza quase amuada

A ilusão em contra mão autuou-me a razão arpuada no ardor destes
Versos espanejando as labaredas de uma paixão exacerbada e latina
Onde armadilho uma dócil e assanhada lembrança que a ti se destina

Enquanto qual cometa percorrendo a via láctea do teu sorriso deixo
Na escuridão o lastro dos teus beijos dormitando no flanco de um desejo
Refastelado, esvoaçando até aos confins do prazer tão bem burilado

Frederico de Castro

Versos em clausura




Assim se desnuda cada latido dócil
Enfeitando nossos sentimentos esborratados
Num mavioso ronronar pulsando assim recatado
Sob aquele pungente abraço melodioso...agora colmatado

No murmúrio dos ventos recostei-me entre as brisas
Passageiras desbaratando toda a saudade inquebrantável
Latente, bem aquilatada e matreira até que o toque
Da tua sombra assoalhe o lajedo de tantas memórias forasteiras

No vazio dos dias preenchi as horas varejando pela cumeeira
Das mesmas palavras corriqueiras conjugando a semântica dos meus
Versos unânimes, enclausurados numa paixão deveras tão derradeira

Estanquei no baldio dos meus silêncios o acto de solidão que transbordou
Em cada migalha de luz tateando o momento resoluto onde nos entregamos
Condolentes, intoxicados...quase absolutos, mais contundentes...pacificados

Frederico de Castro

Demolidora solidão




Prisioneiro de tantos atordoados silêncios
Suspiro a leveza desta noite que navega
Em suplícios tristemente sintonizados naquele
Revelador momento de tempo tão vulgarizado

Dúbias madrugadas renascem espontâneas
Decompondo a negrura da escuridão quase inutilizada
Eureka! Engravidou-se a luz esguichando beijos
Tantos quantos uma gargalhada feliz e anarquizada

Assim inflexível a solidão deixa um arguido lamento
Caminhar ao ritmo de uma ilusão quase fanatizada
Engolindo as dores da saudade implacavelmente hostilizada

Sobrevive no tempo e na memória, aqueles ensurdecedores
Gestos da alma latindo de tristeza tão breve, quase bajuladora
Adornando até mil oitavas da minha dor ecoando demolidora

Frederico de Castro

E depois...bebericar-te




O tempo despediu-se da solidão tragando
Cada gesto comovido alimentando a indecisa
Ilusão estatelada no vão da noite indivisa

Trago comigo a madrugada estilhaçando cada gomo
De luz ecoando indivisível surrando cada molécula de amor
Onde me refastelo num apogeu de desejos quase imprevisíveis

Suspiro cada ousado perfume que baila na taça dos meus
Silêncios depois de bebericar-te até me embebedar no teu
Ser, assim definitivamente...tão absolutamente

A noite nos longos atalhos da escuridão abre um roço
Na solidão quase impossível onde fundo o alicerce da esperança
Insaciável despindo cada hora ensurdecedora, furtiva...inexplicável

Frederico de Castro

Até tu...silêncio !




Na lezíria do tempo desnudo todo
Sossego disperso numa lamúria acantonada
Nesta esperança conversa nutrindo o global
Momento de solidão ali imersa e bem escrutinada

Até tu, silêncio ceifas da noite uma ilusão tão sórdida
Peregrinando pela escuridão que agora se desfaz num pranto
Abocanhando até o sonho pontual e convalescente
Enlutando o dia convincentemente complacente

Até tu, silêncio retiras-te e entranhas-te no cântaro das
Minhas solidões onde o tempo tão permeável e flagelado
Se acoita nos breus da saudade padecendo desolada

Até tu, silêncio, agonizas soberano e triste... mais dissimulado
Injectando nas memórias o regenerado desejo de tantas veladas
Palavras timidamente lacrando a vetusta hora morrendo violada

Frederico de Castro

Vestígios do silêncio




Emaranhada nas teias do silêncio a solidão
Deixa escoar um gomo de luz tão afável
Mascara a manhã com um volúvel eco imutável

Paira no tempo um silêncio carente e versátil
Pesa quase uma tonelada esta solidão além asilada
Emoldura cada lágrima caprichosamente dissimulada

Derramada sobre um espesso silêncio a solidão
Jaz esmagada, inútil e definitivamente embriagada
Pudesse eu preencher todas a lacunas da tristeza fustigada

Frederico de Castro

Esqueleto do silêncio




Na estrutura óssea da noite cai um vertebrado
Silêncio apendicular e dormita entre os fémures desta
Solidão urdida na cartilagem do tempo quase desmembrado

Nas tíbias da memória sustento esta cervical ilusão
Apavorada até a medula da emoção mais famigerada
Oh, invertebrada hora perdida nas falanges e falangetas fracturadas

Entre ligamentos e tendões rotulianos inflama-se esta madrugada
Lesionada, emplastrada entre os glúteos que se amotinam até
Suturarem o endósteo momento da vida que recobra mais sarada

Subindo pelos ilíacos da saudade articulo uma caricia que
Se esvai pelo maléolo do prazer mais ferrenho até que, ao colo
Do útero se fecunde o occipital sonho gerado na epífise emoção tão brutal

De cúbito ficou a noite prostrada e amancebada alimentando o tarso e
Metatarso da luz fugindo pela escápula do tempo onde simétricos beijos
Se articulam até ao axilar silêncio gemendo entre bíceps tão atléticos

Pelo esfenóide deste murmúrio faço uma ressonância magnética
Preenchendo todas as mucosas da solidão mais obstétrica, by pass para
Um adiposo e musculado amor traumaticamente enfermo e ulcerado

No recôndito das meninges escorre uma ilusão fracturante, deixando
Um hematoma no cárpico silêncio que se bifurca neste libidinoso e vascular
Momento de paixão irrigando as carótidas do prazer...ah, tão intramuscular

Frederico de Castro

Quanto à solidão...





Quanto à solidão...apregoei-a quando ainda era saltimbanca
Reabilitei-a depois de muitas gargalhadas briosas vestindo
A manhã encarcerada num lambuzante, majestoso
E esmerado sorriso tão aromatizante

Quanto à solidão...embrulhei-a numa sombra que pasta no meu
Silêncio mais energizante quando a ilusão da noite, chegando
De mansinho, apazigua a vida, revelando-nos um sonho
Vassalo bordado com cores suaves, aprazíveis e gratificantes

Quanto à solidão...desempacotei-a de vez alimentando omissas
Páginas desta desilusão exorbitante e ditatorial deixando
Frente a frente nossos desejos, teimosos egotistas...mas essenciais

Quanto à solidão...alimentei-a, submeti-a aos prazeres mais radicais
Até que os ecos mágicos do amor nos sufoquem num marginal e
Psicotrópico momento desta serena existência tão crucial

Frederico de Castro

Implante do silêncio




Túrgida desperta a manhã velando a
Quietude que veste o semblante de todas
As carícias tão estimulantes, encharcando
A flocosa luz que irradia tanta euforia jubilante

Os sabores perfumados da manhã despontam deglutindo
Cada gargalhada tatuando os odores que aplaudem
O carretel de felicidade saltitando entre estes insaciáveis versos
Escritos num implante de tempo sempre tão apelante

Sem deixar cicatrizes o silêncio feriu a noite exalante
Resvalando num amontoado de solidões espevitadas e itinerantes
Premeditando este destino barricado em mim assim de rompante

E por fim doei-me todo furtando até aquela ilusão retida nesta
Fé tamanha que se ergue subtilmente, vigiando pelo periscópio
Da saudade este poema cordialmente todo o amor expiando

Numa nesga de tempo decorei a anatomia dos nossos beijos
Quando descortinei aquele segredo tão incandescente vestindo só os
Sussurros esquecidos no epicentro de um sonho tão deleitado e convincente

Frederico de Castro

Acasos e coincidências



Respira-se e saboreiam-se momentos
De uma intuição embebedada de silêncios
Remasterizados com cânticos solenes e inebriados

Dissolve-se o tempo num cálice de prazeres
Misturados num sorriso meramente aditivado
Com sonhos escapulindo neste meu silêncio privado

Enfeitada assim a solidão retira-se para o aconchego
Das minhas saudades colorindo os horizontes solenes das
Planícies etéreas deixadas de infusão no perfil da noite perene

Abro o link das memórias e lá me infesto com todos os acasos e
Coincidências agitando a escuridão agreste onde pululam vultos solidários
Com a minha solidão colectada numa enxurrada de ilusões mercenárias

Frederico de Castro

Acolá dormita o sol




Põe-se o sol a jusante de uma noite
Que chega rotunda deixando cada muda
Lágrima despedir-se da luz que fenece profunda

Acolá sei que dormita o sol volátil e entristecido
Deixando como fiança todas as luminescências
De um dia prestes a perpetuar-se assim rejuvenescido

Sonolenta e muito constrangida a noite recupera
Sua lânguida e fantástica escuridão, enquanto nós limamos
Todas as arestas a este silêncio quase incandescido...em reclusão

Enquanto além dormita um sonho hospitaleiro, enveredo
Pelo matagal das minhas memórias mais sorrateiras
Filando com toda a hostilidade uma rima que invento tão bisbilhoteira

Quão fácil é arquitectar a magia saltitando entre oníricas palavras
Sempre prazenteiras navegando pela flotilha das paixões, onde sem
Estribeiras aquartelamos mil caricias muito, mas muito certeiras

Exijo a cada hora uma pausa no tempo, qual armistício para
Tantos dos meus desassossegos rotineiros, libertando de uma assentada
Muitos dos ecos e lamentos praguejando intempestivos e derradeiros

Frederico de Castro

As layers da solidão




Abundam em mim tantas dúvidas, tantas expectativas
A fé morando lá fora reveste-se de mil desesperanças
Introspectivas...solícitas, emprenhando cada memória vagando
Célere pelas orações resignadas e retroactivas

A natureza das coisas aguarda silenciosa entre as moitas
Do tempo uma oportunidade para parir aquela tempestade
De desejos que crescem fluidificantes, apelativos deixando
Em off exaustivas solidões urdidas, sem pé nem cabeça

Foi aquela utopia afoita redesenhar a arquitectura
Da felicidade repousando entre os destroços de um
Sorriso perdido, contrito...tão substancialmente furtivo

A alma flanando, deixa um clamor de lamentos instintivos
Varrendo todo o horizonte da esperança onde se despe e despede
Aquele poente imortalizado numa lágrima desabrigada...supurativa

Em nome deste sonho desapropriado, inacabado, desabotoei toda
A vastidão de palavras acomodadas nas layers coloridas desta escravidão
Povoando a leda manhã acantonada nos bastidores da minha solidão

Frederico de Castro

Entre a cegueira e a escuridão




Perdeu-se este silêncio na cegueira de uma
Noite deambulando entre os olhares da
Escuridão mais apetecida
Foi como um apagão na retina das palavras desfocadas pela
Míope ilusão de uma dioptria ilusória acromática e reincida

Por entre os olhares tântricos da escuridão pernoita minha solidão
Incansável desfocando todos os ecos de uma esperneante madrugada
Convalescendo nas brumas daltónicas da manhã chegando irrecusável

Pestaneja todo estéril silêncio moído na fábrica de tantas
Ilusões qual artífice da arte poética engravidando as palavras
Icónicas , fatídicas, frenéticas...hegemónicas

Trago em mim enferma a tristeza que saboreio num cálice
De desejos tão estafermos deixando a noite entregue à macieza
Da luz depenicando cada sussurro contemplado com tamanha ardileza

Frederico de Castro

@ Silêncio.com




Em @ silêncio.com escondi minha solidão estética
Até que dia desponte computando a caligrafia
Das minhas inspirações divagando tão cibernéticas

Informatizei a existência das palavras que
Digito no écran do tempo alimentando o domínio
Do silêncio que ilude a tristeza ainda sob escrutínio

Servidor da realidade virtual realojo-me no fórum
Dos eventos mais banais deixando em span cada
Mensagem vulnerável...textual

E assim migrei procurando outros servidores
Checando este e-mail em @ silencio.com
Protocolo da solidão escondida nos meus bastidores

Por fim formato o portal onde codifiquei a esperança
Usuária de tantas e tamanhas ilusões em tempo real
Pregão anexo ao perfil de um hacker desbloqueando
A chave do amor definitivamente tão viral

Frederico de Castro

Colinas de alfazema




Como fantasia o dia descortina uma brisa
Suave que por ali caminha
Ressuscita uma palavra cúmplice bailando
Lívida entre imoladas saudades aqui cochilando

Entre as colinas de alfazema a luz perfuma
Todas as corpóreas brisas sulcando os céus
Imensos e virtuais até que a memória reescreva
A história nesta devoradora solidão tão inusual

Flama a madruga no dorso deste silêncio quase
Magistral aplacando o rédito dos lamentos confinados
Ao reduto do tempo que se extingue em fragmentos

São muitos os minutos que fenecem numa hora
Indivisa deixando um sonoro desejo apartar-se delicadamente
Após a solidão se exorcizar daqui...assim meticulosamente

Frederico de Castro

Holografia da solidão




Subtraí ao silêncio um gomo de luz ecoando
Pela madrugada que chega agora tão apressada
Atropelando o dia travestido de ígneas luminescências tão ousadas

Num suspiro sustive o perfume sereno onde bebericamos
Uma acossada hora fenecendo até se vindicar aquela
Milimétrica solidão fugindo coalescida e devassada

Algemei o tempo que lavro neste destino desamparado
Deixando em cada eco um vazio disperso...quase dilacerado
Sucumbindo naquele ardente minuto vagando, senil e compenetrado

Filtrei todo silêncio decantado na vindima da vida
Incubando uma lágrima maturando na adega das ilusões amenas
Quando nos embebedamos atufados num desejo quase obsceno

Chispa o entardecer, morrendo depois entre as colinas
Fronteiriças daquele silêncio repisado, ratificado, sorvendo
Da noite toda a quietude ateada a este verso hibernando apaixonado

Estica-se o infinito céu tão sedutor tocando suas madeixas
Meu sonho mais codificado assim que penteio o tempo barricado
Na pústula e viçiante ilusão onde corrompo a solidão assim triplicada

Na holografia da madrugada reproduzi nossas sombras que
Se esgueiram pela galeria da noite deixando um matrimonial desejo radiante
Recolher toda a monotonia que repousa no semblante do teu sorriso itinerante

Sem mais estardalhaço beberico cada rima reconfortante alimentando
A serenidade das palavras adiadas, petrificando aquele subtil minuto insinuante
Sossegando o crepúsculo grácil, irreverente...inexplicavelmente dócil e arrebatante

FC

Um momento mais...




Fugiu de mim o dia fluindo flutuando
Sonolento e suave esmorece o cântico
Da citara num abraço insinuando um momento
Mais enquanto estremece a noite nas vésperas
Do dia caindo ameno e pachorrento

Freme o silêncio que amamenta de mansinho
O rumor esmaecido do tempo e se entranha em
Mim ostentando a esfíngie das sombras mascarando
As ausências dementes,vazias engolindo aquele farrapo
De saudades tão irreverentes

Um momento mais ali subjacente onde alimento
A boémia embrulhada em ilusões omniscientes
Uma cascata de solidões mugindo a luz trançada
Num aliciante desejo doendo....doendo contundente

A esperança vestiu-se desbotada...esfarrapada
Pincelou a indumentária do tempo soterrado em
Meigos silêncios onde reciclo e perfumo os poros desta
Estrofe insolvente palpitando encurralada num quieto
Refrão solene madrugando naquele adeus esgotado
Pelo sonho murmurando algures triste e solitário

Frederico de Castro

Brinde a um sorriso




Guardo nas memórias o brinde de muitos sorrisos
E gargalhadas temperadas e curadas com o perfume
Intenso e audaz que trazes no regaço das palavras
Sempre tão enamoradas

O silêncio com passos firmes e sagazes amordaça
O tempo fugindo na poeira de um dia voraz, tão
Fatal quanto estes versos impressos em toda a minha
Solidão discreta, imensa...que tanto me apraz

Tenho na madrugada esta visão estupenda da luz
Escapulindo do leito deste silêncio ébrio e servil onde com
Engodos e sorrisos te assanho de desejos safados e expeditos

Degluti o límpido horizonte perante o dia que agora se refaz
Depois de tantos lamentos tão contundidos esbarrando no
Frenético desejo vestindo a anatomia deste verso mais compungido

Frederico de Castro

E depois...nós




Pensar, divagar, emprestar ao
Olhar a matriz deste silêncio quase
A naufragar...e depois, nós escravizados
Num momento de tempo tão eternizado

O tempo matou uma hora radical
Deixou pestanejar toda esta solidão
Perdida entre os penhascos do tempo
Onde me atirei outrora com tamanha prontidão

Medita minha alma entre as vigílias da noite
Profunda e cordata habitando aqueles sentidos
Soçobrando quase dementes...quase irreverentes

Hoje alimento cada eco que serpenteia a ousada
Florescência de uma caricia mais contundente até que
Em nós fertilize um beijo, ou um desejo mais premente

E depois nós... mais que apaixonados, absolutamente
Reincidentes, quase incriminados

Frederico de Castro

Passadiço do tempo




No passadiço do tempo caminha a vida implacável
Ali se replica cada hora absolutamente insaciável
Sucumbe num espasmo de silêncio quase inexplicável

No passadiço da solidão esboroa-se um lamento
Hostil, volátil e dissimuladamente intocável
Desmaia esquecido numa imensa memória irreplicável

Frederico de Castro

Quase sobrenatural



Traço no tempo cada efemeridade da nossa
Existência ao redesenhar nos quadris de uma
Hora intemporal suculentos prazeres condensados
Num beijo, diria quase sobrenatural

A noite numa letargia estonteante abriga-se no
Aquário deste silêncio tão integral, qual símbolo
Do amor festejado, almejado assim de forma unilateral
Prisioneiro desta absoluta solidão tão abismal

Embebeda-se o dia com magistrais azuis celestiais
Saúdam coloridas brisas pastando entre emancipados
Prados perfumados de uma beleza sempre jovial

E assim desponta a manhã num primor de sensualidades
Geradas na fimbria de uma alegria quase tridimensional
Degustando desejos assim tão delicadamente viscerais

Frederico de Castro

Solitáriamente




Arrumei um gomo de luz que pendia
Desta ilusão madrugando pela calada do dia
Afagando todos os rumores da escuridão flectindo
Em cada expressiva e majorada hora em reclusão

Sempre solitário rondei depois a noite que me entrava
Janela adentro desmaiando entre as madressilvas que
Trepavam pelo nosso jardim perfumado de endoidecidos sorrisos
Tecidos e vincados com abraços estou certo, bem ressarcidos

Andei léguas pelos caminhos das solidões carenciadas e
Esquecidas deixando em desalinho aquele endócrino desejo
Mais audaz, urdido num inábil minuto que fenece depois
Enfurecido e tão voláctil

Vou partir daqui para o refúgio dos silêncios e de lá
Só sairei quando a esperança içada sob a bandeira da coragem
Ressuscite toda a inusitada oração que cochila numa intocável
Fé cilindrada com fervor quase inexplicável

Frederico de Castro

Tédios e demências




Mudam-se os ventos frenéticos
Alisando cada duna onde subtilmente
Sossegam todos os marasmos deste tempo
Interminavelmente hipotético

Espessa como o nevoeiro a luz sorri anexa
A uma brisa enfrascada em ténues e subtis
Perfumes quase morféticos deixando em euforia
Nossos seres escudados naquele beijo mais estético

E assim vaidosa a madrugada sorri-nos
Espreguiçando-se em macios abraços tão eloquentes
Desabrochando numa estonteante hora profética e conivente
Ficando o poente dormitando nos meus tédios mais dementes

Deixei meu vocabulário embriagar-se de ti num minuto
Longo de paixão, confortando todo o desejo apaladado e
Insolente, mixando pra sempre nossas almas
Numa ilusão ostensiva e tão premente

Frederico de Castro

Ébria escuridão



A luz premonitória e ébria desmonta a escuridão
Que fenece ante o dia chegando sem sarcasmos
Deixa no templo da alma o emplastro da solidão
Sepultada na esperança agora mais que espevitada

Ali antevi toda a saudade guarnecida por ilusões
Tão incitadas, vestido a fresca memória onde decorara
Meus sonhos ponderados, convertidos àquela emoção
Cavalgando assim insinuante, intrometida, muito intimidada

Dissimuladas no tédio do silêncio esquivam-se as horas
Trotando quase aniquiladas desenhando nas avenidas do
Luar uma tímida brisa que se enforca à solidão tão protelada

Pelas penumbras do tempo esvai-se este Setembro
Fugidio deixando no presidio da vida, mui gráceis e esguias
Lembranças rodopiando pela mente fértil e tão volátil

Frederico de Castro

Em tons de azul




A luz dos meus silêncios repousa na galáxia
Das solidões mais telepáticas
Ascende degrau a degrau alinhando a luz que viaja
Pelo tempo alcatifando os sonhos mais abnegados

Com seus efeitos colaterais calculo cada
Distância que vadia adestra toda geométrica
Ilusão eufórica, tão intemporal , tão simétrica

São tons de azuis integrais ferindo a manhã
Que agora desponta infestada de folclóricas
Alegorias mais sublimes, magistrais...quase bucólicas

No vazio da noite respondem todos os ecos solitários
Vestem as estrelas arraigadas a cada luminescência
Sempre mais ovacionada até que categórica a escuridão
Tão serrada adormeça minha solidão quase apoteótica

Frederico de Castro

Lamentos intemporais




É fervorosa esta brisa erguendo nos ventos
Seu espampanante e caudaloso perfume deixando
No ar a ementa da suculenta solidão por excelência

Na viçosa planície da minha esperança rego o horizonte
Com azuis magistrais acariciando a luz aprazível que respinga
Do teu olhar opulento, conivente, despertando seduzível

Esvai-se a memória como um rio bravio aconchegando suas
Margens a jusante dos meus lamentos intemporais e vazios
Onde me quedo cada noite, neste entroncamento da vida...a ver navios

Imagino nas ternas madrugadas onde cada ilusão profana se acoita em
Mim a florescência do silêncio ébrio e tirano que imortalizo num verso
Dissimulado em cada odor vinculado num beijo que nesta rima explano

Trago no paladar todos os sabores mastigados num desejo diria
Excessivamente vertiginoso vasculhando o palato dos secretos
Queixumes mendigando um abraço completamente absurdo e fogoso

Frederico de Castro

Noites excêntricas




Vesti cada palavra com ritmos excepcionais
Colori todos os vocábulos com um lirismo purificado
Na mais plena rima toda excêntrica...toda ficcional

Embandeirei em arco este verso embebedado até à
Última gota semântica que dessedenta uma estrofe soluçando
Completamente afoita, desesperadamente acutilante e astuta

Vou por caminhos solitários espevitando a memória confortada
Banhada em tantas lembranças reclusas na epiderme deste
Silêncio tão inconsequente...quase sempre delinquente e atordoado

O tempo perdeu sua meninice entrou numa adolescência
Tão eloquente engravidando aquela meiga escuridão onde
Inquieta e mais pungida, repousa esta minha tão cruente reclusão

Airosos e tão pirómanos deixei todos os meus heterónimos ateando
Fogo a cada verso que desembainho da minha enciclopédia anónima
Onde se alforria aquele desejo convalescendo romântico e bem revigorado

Frederico de Castro

O dia de todos os silêncios




- às horas náufragas,arquitectadas num imenso e triste silêncio...

Profundo como este silêncio é o vazio
Que resvala pelo abismo do tempo fugidio
Onde mergulham palavras e gestos arredios

Foi mais um dia de todos os silêncios estúrdios
Quantas vezes intolerantes e consumíveis
Tantas outras inconsolavelmente devastadores e imperceptíveis

Na esquina das desolações desequilibram-se
Muitas solidões, amenizam-se razões perdidas no tapume
Das horas expostas a tantos dissimulados lamentos inaudíveis

Morre a silhueta de uma sombra milimetricamente irredutível
Calam-se os silêncios num imenso eco ecoando de improviso
Embebedando a noite que chega vestida de negro e tédios irremovíveis

Frederico de Castro

Dentro das tuas lágrimas




Existe um poço profundo e dele
Retiro cada lágrima vagando numa
Saudade imune à solidão quase
Enfeitiçante...quase redundante

Dentro das tuas lágrimas oiço o choro de um
Grito soluçante algemado a um punhado de
Gigantescas saudades morrendo indigentes,
Fulminantes, com tanta volatilidade

Dentro das tuas lágrimas encontro um
Vazio tão profundo como o abismo deste
Silêncio tão abissal...e ali mergulho qual
Naufrago vadiando numa solidão tão colossal

Dentro das tuas lágrimas encontro o adeus da partida
Fechando as portas a esta masmorra de ilusões onde
Enterro de vez a antiguidade de todas as memórias ampliadas
Pela dor que desenho pra mim com tamanha assiduidade

Dentro das tuas lágrimas jaz um sorriso atlântico
Hibernando no aconchego deste oceano pacifico onde
Pra sempre me banho nessas infinitas maresias quânticas
Serpenteando entre ondas tão palpitantes...tão semânticas

Frederico de Castro

Privado silêncio




Varri da madrugada tantas visões suspirando tão subjugadas
Ornando a matiz da solidão cada vez mais vergada
Recostei-me no travesseiro do tempo até que este me vista a saudade
Dormitando ao colo de uma solidão comutativa...bem petiscada

Ao longe chora um violão deixando no ar acordes
Tristes reféns de uma lauta desilusão empoleirada
Na pauta destes versos quase renegados que destilo
Timbrando a manhã pintada de emoções tamanhas e empertigadas

E a noite desfragmenta-se boiando na maresia da escuridão
Tão bem massajada embebida num punhado de rumores festivos
Boémios, bailando na luminescência trépida de um desejo tão coercivo
Descarrilando casualmente num poente enamorado e privativo

Nas águas dos meus silêncios cavalgam ondas majestosas
Desaguando em ti devagarinho mugindo cada finada hora
Sedenta, pastorando esta descuidada solidão...aparatosa
Constantemente consecutiva...sempre tão escrupulosa e interativa

Frederico de Castro

Silêncio em cacos




Deixei a noite em cacos completamente despida
Fechada hermeticamente numa escuridão esculpida
Abandonada no bueiro da solidão mais corrompida

Escrevo cada verso com a alma tão dolorida
Deixo que flutuem no semblante do tempo
Tantas, tantas lágrimas copiosamente bem carpidas

Em apuros a noite sitia cada breu abissal e profuso
Descongela as emoções que além pelejam constrangidas
Ardente visão ressuscitando nesta fé jamais oprimida

Frederico e Castro

Tenho que ser...




Fui um eco avulso, sem indulto morando junto
Ao pecado reduzido a cinzas e pó...sepultado ao
Lado da solidão recheada de tenazes versos em reclusão

Fui silêncio em dia de festa engolindo cada lamento mudo
Tamborilando entre vigorosos fragmentos de um sisudo sorriso
Aconchegado à felpuda noite fenecendo sem mais constrangimentos

Fui escuridão nesta noite de um breu quase incalculável
Desabando em mim toda a luz malabarista e imolável
Argamassa dos meus versos perdidos numa hora lentamente maculável

Fui geometria da tua aritmética precisa e sistemática vasculhando
Cada semi-recta onde pernoitámos embrulhados num desejo incansável
Esquadria para tantos beijos multiplicados com um sabor quase inquestionável

Frederico de Castro

Close-up




De ecos deslumbrados renasce cada silêncio
E entre a penugem da manhã redesenho este
Fascinado sorriso quase indisciplinado

Na palma da mão a vida ateia uma palavra
Enamorada e depois adorna a esperança arfante
Triunfando entre os paramentos da fé mais suplicante

Frederico de Castro

E depois do por do sol...




- para Tônia...

Neste dia restam pequenos tons de tristeza
Desaguando num murmúrio sentado à soleira do sol
Mixando o horizonte com suaves e voláteis sonhos em simetria

De tantas lembranças abrigadas entre os rabiscos de um
Sorriso que tanto prestigias fica o vestígio dos teus perfumes
Vestindo a indumentária de uma gargalhada trajada de tanta euforia

Frederico de Castro

Os vícios do silêncio




Vicio-me em cada memória
Percorro a saudade repenicada
Em cada momento do tempo
Quando nas ruas o silêncio atento deambula
Por entre uma carícia colossal...bem rubricada

Embalo este improvisado verso numa colorida
Matilha de desejos bem entrosados, encavalitados em
Cada fragmento de tempo divagando acossado
Retocando uma madrugada espreitando pela frincha
Da vida que se refaz e compraz...bem emancipada

Ímpios se tornaram os dias esquecidos...vacilantes
Pincelando todas as margens dos meus desassossegos
Errantes até que minh'alma habite pra sempre uma soltitária
Lágrima caminhando pela descampada existência tão extenuante

Neste pretérito silêncio embalo cada eco das minhas
Dores e lamentos amedrontados, cimentando a solidão
Desconhecida que se acerca subtil rasurando esta estrofe
Infestada de ilusões insaciáveis e litigantes

Frederico de Castro

Anónima fragilidade




Sob disfarce o dia alia-se à luz ténue adormecida
Entre as asas de um sonho que despeja seus trinados
Subtis ao chegar da aurora quase alucinada e gentil

Devolvo às marés suas ondas intempestivas
Até que recobre juntinho da praia ardentes beijos
Navegando no paladar de cada silêncio consecutivo

À noite o céu bordado de estrelas insufla a solidão
Com perscrutantes lamentos em reclusão até que a
Madrugada deságue na foz do amor em plena exaltação

Nada mais resta que um verso talhado com esmero
Tão afectivo como a virtualidade do tempo e da esperança
Hoje inabalável...amanhã decerto inescusável e cheia de pujança

Frederico de Castro

Matriz do silêncio




Na cintura do tempo adelgaçou-se este
Silêncio, deixando os mamilos da solidão
Expostos ao desejo da noite em reclusão

Sob os olhares da madrugada duplico cada
Eco informal sumindo na escuridão impaciente onde
Se curvam as sombras dos meus lamentos tão latentes

Duas margens dividem a saudade que prospera
Nesta severa matemática das horas indivisíveis
Pois ali alimento a matriz de tantas memórias intangíveis

No cubículo do silêncio suam as palavras gritando de
Tal forma vulneráveis, que o dia depois feliz desperta
Debruçado numa longa e encarcerada ilusão boquiaberta

O monitor das minhas memórias apagou aquela imagem
Que a luz envergonhada sempre flerta, velando
Todos os gestos e caricias implodindo em cada hora mais deserta

Deixo a alcunha dos meus lamentos estampada na mordaça
Dos sonhos breves...intransponíveis até estrangular, de vez
A insólita lágrima caindo...caindo encoberta e perecível

Rude caminho este onde palmilho cada lembrança
Eufórica diluída nas boulevards do tempo embriagante
Ternamente filtrado numa bruma matinal e tão retumbante

Frederico de Castro

Em prisão domiciliar




Fiquei como prisioneiro no domicilio
Da noite, suspirando cada eco do seu
Silêncio tenebroso...já tão rotineiro

Amontoei na manhã gratos gomos de
Orvalho tristemente abandonados na
Soleira do tempo desaguando ali sorrateiro

A esperança acomoda-se entretanto numa
Saudade que deixei indecisa...indiferente
Suspiro das minhas ousadias perenes e submissas

Latejam memórias que antes se estatelaram entre
O vão de muitas lembranças ostentosas, vivendo
Pra sempre naquela utopia quase, quase portentosa

Frederico de Castro

Suspiros serenos




Alimentando a galáxia do tempo
Semeio tantas constelações de alegria
Onde a poesia luz na paisagem agraciada
Pelas pétalas de solidão mais aliciada

E neste predestinado momento de ilusão
Flamejam em nós singulares memórias que a
Saudade gigantesca apadrinhou, deliciando a
Manhã insaciada que uma brisa feliz esquadrinhou

Reencontrámos no vento os perfumes que se
Engalfinham na alma inquieta e acanhada deixando nossas
Silhuetas diluídas num suspiro sereno...bem caprichado

Balouça a madrugada neste silêncio tão coalhado
Enquanto beberico uma chávena de solidão bem apetrechada
Ficando a noite prenhe de adornos luminescentes e esmerilhados

Frederico de Castro

Caprichos




De tantos lacerados lamentos saiu um
Eco absorto e nostálgico colorindo a noite
Plácida, despojada, muito, mesmo muito desalentada

Tenho meus olhos fixos nos teus
Tal como o dia na luz que reaparece
Depois da escuridão que em nós convalesce

Tenho caprichos repentinos e fecundos onde
O tempo fenece depois de embater nas curvas
Sinuosas e volúveis dessa solidão tão astuciosa

Fez-se uma vénia à madrugada refém de uma
Gargalhada luminescente, espigando cada gota
De orvalho caindo bajulada e complacente

Vesti com organdis a memória que agora
Singra nestas maresias quase concupiscentes
Peleja para toda uma saudade que irrompe adjacente

Cada onda do mar enrola-se neste tempo caindo
Assim entorpecente deixando opulentas caricias
Desaguar em nós, decerto tão lamurientas

Frederico de Castro

Rumores da chuva




Arde o poente inflamado de cores enfáticas
Ignifica-se a madrugada deixando um rasto
De luz animalescamente fantástica

Com artesanais silabas desenho este poema
Embebedado com rimas enigmáticas refractando
Mil luminescências caindo na escuridão emblemática

Nos rumores da chuva escuto a pluviosidade do
Tempo tempestuoso, atulhando meus ais que
Decoram toda a solidão sempre entusiástica

Devoro todo este silêncio que povoa a mente
Qual úbere onde sugo memórias estanques e apáticas
Vidradas num boreal momento de fé tão carismática

Frederico de Castro

Tear dos meus silêncios




Resvala a tristeza estampada
Numa solidão quase esfarrapada
São vícios de tantas lágrimas esquecidas
Em plena luz do dia que fenece tão desolada

Corre apressada a noite até se acoitar entre as
Moitas e breus deste tempo senil e encabulado até que
Descortine uma faúlha de esperança adocicando a saudade
Esculpida no tear dos meus silêncios sempre conformados

Assim mergulha a memória em tantos fadados ecos
Consternados entretendo esta ilusão onde beberico uma
Enxurrada de gemidos submissos, escassos ais intensos e excelsos

Dispersa mas acalentada a madrugada suborna estas
Palavras intrusas em cada rima mais ardilosa deixando na paisagem
Laços indissociáveis de uma eternidade que almejo primorosa

Frederico de Castro

Indecifráveis desejos




Corre um silêncio para mim
Desagua nas margens do tempo
Cerzido e vivificado por lembranças
Outrora fugazes e tão indecifráveis

Alimenta todos os diálogos fraternos
Gravados na memória mais vulnerável
Onde gratuitas esperanças despertam
Inabalavelmente loquazes e mais afáveis

E se pintasse a alma deixava na tela
Da sua solidão um derradeiro suspiro
De ilusão flamejando entre os neurónios
De muitos insensatos desejos em reclusão

Vesti a manhã com palavras pulsando
Desinibidas e intocáveis embalando este
Imenso silêncio quase abissal onde anexo
Uma oração incansável, perplexa...intemporal

Frederico de Castro

Véu da noite




Perpetuada a noite vagueia agora
Pelos trilhos deste silêncio dissimulado
Entre os véus sedosos da noite que
Amarinha pelos céus invictos e emancipados

Em queda livre a madrugada irrompe renegada
Apoquentando os pequenos burburinhos que
Fluem na escuridão absurdamente tarada

Deixo meu destino remoto nas mãos da solidão
Que tão deprimida acotovela a memória angustiada
Onde mitigo um gomo de esperança ainda que extraviada

Dentro do tempo resguardo estéreis silêncios que
Planam num isométrico momento de ilusão obcecada
Até que, translucidas as sombras reclusas despoletem
Para a vida indubitavelmente apaixonada e profusa

Frederico de Castro

Detritos da solidão




Borrifa a luz seus gomos de prantos tão indiscretos
Rabujam entre as tristezas mais absortas e obsoletas
Abocanham a vida lentamente povoando o
Antro de cada lamento ou palavra mais inquieta

Inaugurei o silêncio que pulsa no anfiteatro da vida
Deixando cada detrito da solidão tão desamparada,quase
Derrotada, erguendo os muros desta reclusão derradeira
Onde sei plantaria minha poesia erguida numa
Palavra fiel e tão verdadeira

No leito do tempo adormeci estirado entre os
Lençóis sedosos da saudade que agora expira
Espalmando todas as memórias peneiradas, joeiradas
Num pleno e inconsumível silêncio assim enladeirado

No quiosque das diversões compro cada verso editado
No semanário das mil e muitas ilusões alimentando com
Malicia a noite que se despe nesta estrofe trajada de tantas,
Artilheiras palavras expostas no escaparate da vida
Fecundada num murmúrio costurado com doçura tão matreira

Frederico de Castro

Abismo dos silêncios




Dos penhascos da solidão saltou para o
O abismo dos silêncios esterilizados um eco
Penalizado, além onde arde o tempo sincronizado

Mergulhou bem fundo pintalgando aqui e além uma
Onda que ficou à deriva tão bem navegada até inundar
A noite tecida em macias maresias quase embriagadas

Imóvel perante a escuridão sonegada, engalfinham-se
Em nós duas caricias empolgadas, alimentando
Somente uma golfada de luz sumptuosa e bem aconchegada

Absurdamente escancarada desponta a manhã, invadindo
Displicente este silêncio tão hostilmente planejado
Adubando todo o desejo que trepa em nós assim acossado

Fere-me duramente esta solidão quase esclerosada
Conectando sentimentos e ilusões secretamente plasmadas
Ao processar cada palavra gemendo absolutamente apaixonada

FC

Roçagante ilusão




Bóiam nos silêncios marítimos
Fragmentos de memórias infinitas
Até se perderem numa onda que neste
Mar navegando, em cada hora temerosa levita

A solidão perdeu-se no descalabro de um minuto
Revolto e afrontado que se estatelou rigorosamente
Acabrunhado qual exultante saudade ciscando
Aquelas memórias que hoje apascento cordialmente

Dia após dia roçagam em nós tantas ilusões tão
Bem ornamentadas vestindo o mui singelo silêncio
Acomodando cada signatário beijo sempre agigantado

No limiar dos tempos mais subversivos falece
A solidão carimbando a noite atapetada de mágoas
Incisivas vergando até a serviz deste silêncio quase compulsivo

Frederico de Castro

Ah...quem me dera



Sim quem me dera nunca estar numa despedida
Quando o barco na hora da partida deixar afundar
A ancora do tempo ou uma palavra ecoando comedida

Quem me dera nestas imensas fronteiras do silêncio
Algemar um eco substancial escapulindo pela fresta
Da solidão engavetada numa ilusão quase torrencial

Quem me dera inverter a saudade que num trote louco
Germina em lamentos memoráveis, deixando só uma
Mecla de caricias tão ígneas a sussurrar de forma inolvidável

Ah, quem me dera sentir o pulso a cada sonho cinzelado
Entre silentes luminescências acontecendo tão exponenciais
Até que pouse na manhã a lívida lágrima escorrendo cordial

Frederico de Castro

Horda de silêncios




Ao longo do tempo demarcam-se
Duas horas intempestivas, deixando
Cada periódico segundo agoniando congestivo

A noite miseravelmente escura e triste
Esconde-se no vão de um lamento tão
Caricato indubitavelmente comutativo e estupefacto

Deixarei a negritude de todas as solidões sitiar
A memória que hoje se descoloriu ao sepultar
A horda de ilusões, quase macabras, ali a locupletar

Oh, como longos são estes dias acomodados
Neste meu silêncio tão endurecido deixando os pêsames
À impetuosa madrugada refastelada com drinks bem destilados

Fiquei a centímetros de uma lembrança sempre
Reverberante e incendiária quando me amordacei a
Tantas anárquicas saudades empoladas e arbitrárias

Numa subtil indiferença a manhã descobre-se altiva
E solidária desfolhando gomos de luz para um céu que
Depois se acende com palavras de uma beleza tão totalitária

Frederico de Castro

Inebriante silêncio




- para Ivan uma voz doce...quase inebriante

Sem pudores a noite desnuda-se sensual
E altiva permitindo que uma hora senil
Vagueie emancipada e consensual

O oceano pacifico remanesce integro
Dissolvendo cada onda que desequilibrada
Nos afoga constrangida e escarpada

À volta do tempo imerge um segundo
Florescente e esquartejado percorrendo
Cada sombrio sonho sempre esfarrapado

Inebrio-me agora com a madrugada
Bem extirpada conjugando todos os verbos
Do amor de forma quase obcecada

Em vagas doloridas e fadigadas acoita-se
Este silêncio tão encrespado cogitando entre
As mortalhas do tempo um lamento febril e apupado

Refugio-me por fim nos flancos da aurora
Matinal onde as sombras cantarolando embebedadas
Adormecem ao colo de póstumas saudades emancipadas

Frederico de Castro

Espartilhada ilusão




Tateando o dia ancoro o sorriso que desliza
Encorporado ao teu colo deixando cada aresta do
Silêncio árduo, copioso, escorrendo suavemente majestoso

E assim dissemino e encharco cada desejo que incubo num eco mais
Auspicioso farejando a latitude de todos os beijos e carícias acuradas
Abandonadas num obsceno momento de solidão tão maliciosa e esfarrapada

Num flash magistral a madrugada despontou em socorro da luz
Indefectível e harmoniosa, regando e perfumando os poros a cada ilusão
Espartilhada em gomos de sofreguidão tão graciosa...bem salvaguardada

Avivo a esperança que de rompante perfilho incorporando todas
As sílabas do amor vestindo-se destas homologadas palavras deliciosas
Até que,em privado te corteje faminta, cúmplice...quase infecciosa

Frederico de Castro

A luz...




A luz da solidão pernoita acordada
Delira constante, metódica, diligente
Urdida num incomensurável momento urgente

A luz esbate-se pela madrugada fora e
Desemboca voraz no cais dos silêncios prepotentes
Oh, pudesse eu, inspirar-me sempre com palavras coerentes

A luz apaga-se um dia e noutro desperta ígnea desejada
E tão luzente,deixa à tangente da nossa existência um
Cardume de adocicados abraços prolíficos e coniventes

A luz esmaecida e reverberante delira entre mim e ti
Despista-se nas vielas da noite inócua e quase insolente
Adormecendo num incabível silêncio, remoçado, incauto...veemente

A luz num êxtase magistral encobre suaves gomos de alegria que
Se dissolvem num eco matinal,cauteloso e emoliente para que,
Dessedentem cada sombra vagando nesta escuridão quase decadente

A luz toma de assalto todo eco e lamento que grita copiosamente
Alonga-se em lascivos desejos desesperadamente estridentes
Embebeda-se num cálice de vendavais caricias quase transcendentes

A luz pincela todas as ilusões derradeiras mas aconchegantes
Empoleira-se entre a occipital razão de todos os amores
Até se esmagar nas falanges de tantas solidões às vezes tão asfixiantes

Frederico e Castro

Em cada ciclo de silêncio




Regam-se os ecos entardecendo
Na varanda do tempo
É como bordar subtis palavras aprumando
A solidão que chega ainda convalescendo

A cada ciclo de silêncios canto a saudade
Que anoitece entre as frestas de uma memória
Convincente, gora e sempre, até que a fé prevalecendo
Se erga renovada, escancarada...recrudescendo

Robusta se tornou cada hora de solidão
E eu já nem tenho mais como inventar um verso
Agora sei-o em completa reclusão

Como ondas afagantes o dia brota garridos gomos
De luz que se desfolham suavemente entre os
Primeiros raios de sol chegando gradativamente

Frederico de Castro

Em cada ramo do silêncio



Em cada ramo do silêncio, um eco, um lamento
Inescrutável...tantos desejos pernoitando na fria
Laje do tempo onde murmúrios se soterram
Brutalmente inimputáveis

Em cada ramo do silêncio, deixo meus sonhos
Embrulhados numa metáfora despertando inimaginável
Até que uma brisa bravia se desnude em mil ternos
Afagos tão inexoráveis...

Frederico de Castro

No exílio da noite




Emaranhados no horizonte dos tempos
Amadurecem grãos de luz silenciando
Todos os ecos e devaneios predestinados

Descansam em soltas partículas de solidão
Espanejando outras lembranças que trago na
Baínha das memórias em reclusão

Regateio da madrugada oclusa toda a negrura
Da noite profusa decapitando aquelas emoções
Sonolentas trazidas pelo silêncio de muitas comoções

Cansada e só a saudade retira-se para o divã das
Minhas fiéis prelecções amorosas ao acudir um
Verso sustido em suspiros e palavras tão fogosas

Numa proposta indecente o dia roubou-me
Aquela hora meticulosamente medida e apaixonada
Estimulando os adornos sensuais da alma ofegante e alucinada

Instável e perene a solidão desgarrou-se no labirinto de
Todos os meus desassossegos complacentes ao patentear
O exílio onde sem lacunas fenece o tempo quase demente

Frederico de Castro

O léxico do silêncio




- para Whitney...

Fiquei sentado à beira destes socalcos do silêncio
Enquanto o tempo bordava todos os lamentos
Deambulando por uma brisa feliz que sulcava
O léxico de muitas palavras perenes e enfáticas

Sem alicerces ficou a madrugada deixando a luz
Da solidão entrar pelas fendas desta enorme e tão sádica
Ilusão sempre subjugada...oh ergonómica e redimida
Noite costurada com as mais fiéis caricias bem destemidas

Pendem pelo vão dos meus silêncios uma anatómica
Lágrima comedidamente lânguida e comprometida, deixando
Até a noite mais anémica...presumivelmente coagida e polémica

A suspirarem felizes reabrem-se as pétalas de luz matizando o dia
Que galopa enérgico e esbaforido até que se reencontrem lépidos e nobres
Brados da imensa alegria que jaz em ti , assim intrépida e compadecida

Frederico de Castro

Rogado silêncio




A solidão desabou sobre o tempo como
Uma intempérie de angustias desoladoras
Devorou todo o silêncio emaranhado a uma
Impermutável hora chegando tão predadora

Em reclusão deixei a marinar um quilograma
De memórias refastelar-se na balança da noite
Onde se diluem depois todas as centésimas partes
Do silêncio migrando tão rogatório

É só mesmo esta ausência maltratando os sonhos
Inacabados ruindo no ambulatório da tristeza crivada
De desassossegos sempre inquisitórios

Em fuga para a frente fiquei a um passo do abismo obrigatório
Caindo estatelado na tacteante solidão que não mais recua
Pois respira-me anseia-me reclusa-me assim retaliatória e abrupta

Avante lá vão todas as marés morrendo na praia
Sedenta de tantas lágrimas peremptórias e corpulentas onde sei,
Não viveremos mais ausentes daquelas maresias mais lamurientas

Todavia ainda amamento aquele gomo de luz explicito colorindo
Todo o cenário da madrugada prisioneira, sugando astuta
A pulcritude da vida que renasce imperiosa, intimista...absoluta

Frederico de Castro

(Des)conexões




Longa é a espera pela noite bordada no breu
Do tempo que remanesce solitário e constrangedor
Flui imerso num sonho proscrito e comprometedor

Gemem calados os dias desolados, balizando aquele
Silêncio repercutido num lamento quase avassalador
Mordendo só um gemido triste que ali ecoa tão pacificador

A sussurrar baixinho chegam as brumas da manhã apartada
Penetram no esqueleto da solidão onde a indiferença depois
Nos abraça, enlouquecida, meticulosa...arrebatada

Corroídas ficam as memórias num simulacro de tantas horas
Perdidas, egoístas, quase odiadas onde a espera arquitectou
Um desejo mirando as sombras que felizes um beijo eternamente conectou

Frederico de Castro

Água Viva





Renovada a manhã lastreia-se num

Tridimensional silêncio sempre opulento
Rega cada gota de alegria que cai
Neste aguaceiro magistral..quase quizilento

Assim descarrilada a memória adula cada
Palavra esbelta e sedenta, rebelando-se
Depois nesta estrofe emaranhada com rimas
E gargalhadas tão espevitadas

Frederico de Castro

Por um drink de solidão




Nula hora captada num imperdível
Silêncio medido neste incasto momento
De tempo pernoitando pendurado na galopante
Luz jardinando o pasto das solidões mais dopantes

E assim vaidosa se vestiu a noite derradeira traçando
Geométricos gomos de ilusão à esbatida saudade que
Se empoleirou em todas as lembranças que deixei
Palpáveis, vigilantes e tão inexoráveis

Fiz-me à estrada alongando a lasciva madrugada
Serena, pontual, vulnerável, embebida num cálice de desejos
Tão cobiçados...quase manipuláveis e tão bem esmiuçados

Ali, no profundo retiro dos meus silêncios, ignifico aquela predadora
Escuridão viciada em tantos drinks de solidão até que ensurdeça a
Delicada gargalhada vitima de tantos queixumes em reclusão

Frederico de Castro

Xícara de ilusões




Apressado o tempo escorre espreguiçando-se
Na ampulheta da vida que reverbera contenciosa
Geme tão efémera e displicente desaguando na
Madrugada que chega tão prodigiosa e complacente

Bebo agora uma xícara de ilusões deliciosas
Embebedo-me num verso quase ludibrioso
Imprimindo aos silêncios estas solidões que cadastro
Em cada murmúrio genuinamente seduzido e meticuloso

Preciso só que a saudade siga sua procissão
Homenageando todos os beijos que deixámos a
Conjecturar no baldio do tempo quase indigente navegando
Em mil ecos e lamentos sobejamente contundentes

Preciso que o vazio me encha a alma e transborde
De amores perfumando cada migalha de luz ofegante
Até que o dia a montante se espraie em nós algemando
Pra sempre todo este silêncio que acaricio ali a jusante

Frederico de Castro

A supremacia do silêncio




Com imaginação a luz transcende a escuridão
Repleta de emoções quânticas que batizam o dia
Qual musa dos meus versos latentes e românticos

Já enferma a solidão retoca-se no camarim dos
Meus silêncios atlânticos, afogados além-mar onde
Regurgitam as ondas suas maresias tão aromáticas

Espreguiça-se a manhã, vaidosa, deitada sob um
Manto de brumas deleitosas, até tingir a soleira das minhas
Saudades com coloridas memórias sempre apetitosas

O Outono chegando farto e prenhe de desejos faustosos
Deixa um legado no tempo que reverbera espaventoso
Elevando ao cubo o espectro das minhas emoções mais caudalosas

Em supremacia o silêncio desnuda-se num eco estrondoso
Acorrentando com arte e engenho as palavras charmosas
Abrigando brisas loucas, avassaladas…ah, mas tão garbosas

Invisível e perversa sinto a minúscula hora fugir-me penosa
Semeando perversos lamentos onde crepitam ilusões
Reflorindo toda a esperança impressa numa rima afectuosa

Frederico de Castro

Estávamos tão perto




Com suavidade a noite sútil esconde-se entre a
Farta escuridão feminil, radiante, tão juvenil
E nós ali num brutal momento de tempo adocicámos
Os desejos que comungamos num abraço sempre gentil

Estávamos tão perto...e quanto mais perto,mais se punha
Entre nós a lonjura da madrugada infinita, ausente, reservando-nos
Uma bebericante e corposa taça de silêncios quase congénitos e eremitas
Corroendo a paisagem da solidão subjugada,proscrita, furtuita

Devagar, muito devagar ergo a queixosa hora adiantando os
Ponteiros da tristeza a divagar pelos pútridos sonhos mais contenciosos
Onde em luto morre o tempo desacertado, indiferente...sequioso

O rio acordou na sua correnteza fiel amansando suas margens
Com beijos caudalosos desaguando pelo córrego da solidão frondosa
Espanando a luz emaranhada ao ritmo desta navegante ilusão tão vigorosa

Frederico de Castro

Este meu suficiente silêncio




A noite suporta a escuridão porque o dia
Infeliz se acoita num montículo de solidão que jaz
Dispersa num breu profundo e quase perverso

Este meu suficiente silêncio é só meu
É destro, ambíguo e tantas vezes controverso
Que deixa até um lamento ali mais submerso

Este meu suficiente silêncio por vezes tão
Insuportável deixa pendurada num candelabro
A saudade suicida e irrefutável...de que tanto me gabo

Descalça-se e corre, corre mar a fora
Acudindo cada onda que amarinha de mansinho
Pela alma a dentro até fenecer assim qual denguinho

É epopeia que deixo como epitáfio neste meu silêncio
Tão sorrateiramente profano, tão embriagado e ufâno
Por onde deslizam os amores reconciliados e insânos

Na longa ladeira do tempo deixo meus sonhos rondar
A longarina dos desejos mais levianos soletrando todos
Os beijos transados neste silêncio quase soberano

Frederico de Castro

Labirintos do destino




Deixei o silêncio por obséquio esquecer-se de nós enquanto

A noite some displicente , delicada a render-se a embebedar-se de
Tantos desejos que ficaram em nós bolinando desesperados...a afogar-se

Com ganas de ti ficou a madrugada espanejando a luz
Pulsando instintiva elegante arrojando-se ante os céus que
A nossos pés desmaiam em tantos azuis agora a desvanecer-se

Banalizado ficou o destino que em nós carboniza lentamente depois
De um flamejante acesso de ígneos sonhos a aprazer-se...extirpe de tantos
Beijos exclusivos anexos à essência da nossa cumplicidade agora a rejubilar-se

Em banho-maria ficou mais só a solidão timbrando os perversos
Silêncios a congratular-se perante a vénia da estática saudade respaldada
Entre a cumeeira do tempo roendo o perímetro de cada hora a esvair-se...a consumir-se

Vou por fim envernizar a esperança desencaixotada e tecida com bebericantes
Momentos de ilusão qual praxe do amor esculpido na alfaiataria dos meus
Prazeres redigidos num verso desembocando no poente de todo amor em combustão

E antes que a noite acumule todos os breus dentro de si algemo um gomo
De luz adquirido no shopping das luminescências gentis para te ofertar
Com carinho ensopado na grandeza de minh'alma que quero em ti enxertar

E latiu a madrugada espoliando a luz que minguava na borda do tempo
Desertou daqui para sempre encobrindo um desnudo lamento tão absoluto
Presa desta ingénua solidão crescendo na metamorfose do silêncio que agora desfruto

Frederico de Castro

Lesta hora de solidão




Granjeiam-se os desejos domiciliados ao colo
Desta esperança tão maternal onde se procriam
Ávidas ilusões multiplicando o parto das nossas alegrias
Pujantes, eternamente contagiantes

Implícito e incitante rompe-se o olhar silenciando
O pestanejar da noite que chega mendigado uma
Vaga de tristezas perdidas naquele subtil e milimétrico
Momento de solidão tão hostil

De frente para a solidão acomoda-se a tristeza vestida
De trapos esfarrapados qual andrajoso e contorcionista
Lamento chorando incrédulo perdido no labiríntica
Existência sempre mais perplexa, pesarosa e oportunista

Purga a luz suas sombras infiltradas numa negrura imensa
Tão omissa tão decadente implodindo incrédula em cada lesta e
Esmiuçante hora bulindo este silêncio ileso que desagua por entre
A solidão mais concisa coroando a noite que desvanece tão expressiva

Frederico de Castro

No meu caminho



No meu caminho vadiam emoções sigilosas e enamoradas
Em cada sótão da vida resguardo nelas minhas saudades revigoradas
Ali as memórias e divagações atingem proporções sempre encorpadas

No meu caminho deixo a vida fluir e pernoitar em cada escuridão apartada
Sorvo das horas etéreas a milionésima prece adocicada, feliz e corroborada
Nos céus viçam e medram gargalhadas e palavras absurdamente imploradas

Frederico de Castro

Aqui, num lugar distante




Em estado de graça ficou a madrugada
Depois de uma noite conjugada com as mais
Fiáveis caricias quase coaguladas

Regresso para agasalhar a noite que treme de
Frio e desolada...aqui num lugar distante onde
Deixo no alpendre da alma a vida recostada no
Mais fiel verso que soluça qual gargalhada bajulada

Regresso àquele lugar distante onde pernoito recostado
Num leque de aromas tão apaixonáveis, despindo pétala a
Pétala esta ilusão que mora em mim vergada...em reclusão
Imanando da sedenta paixão tantos beijos em plena comunhão

Em qualquer lugar do horizonte me perderei deixando
Que as manhãs ali transpareçam intocáveis e travessas
Até que o amor sedimente estas minhas palavras confessas

Frederico de Castro

Pelas frinchas desta solidão




Entreabre-se no tempo uma hora tão solitária
Acoita-se entre os vales desta ilusão excedentária
Aninham-se num silêncio inescrutável fugindo pela frincha
Da solidão selvagem quase inevitável...quase inimputável

Pelas frinchas da noite escapuliu um gomo de luz
Deixando na ruptura da alma uma subtil fenda instável
Bulindo esta solidão estilhaçada...incontestável

Manobro como quero até as palavras mais carentes
Elixir ou dopamina dos meus desejos virtuais ou
Tónico ardiloso que transpira das nossas dermes tão latentes

Esgueira-se aquele horizonte vestindo o vulto da noite
Com tenazes gomos de luz engolindo a escuridão ali adjacente
Até que se mate de vez este silêncio, versátil...complacente

Frederico de Castro

Precário silêncio




Descubro o véu do silêncio banhando
O dia reverberando arguto...quase satírico
Enquanto brame faminta a solidão impotente
Perante esta audaz ilusão categórica e omnipresente

Com fogosidade o tempo esmaga cada hora
Inerte, urgente, avassaladora
Desmonta o trapézio do silêncio onde se
Equilibram solidões tão devastadoras

Enamorada a noite bamboleia-se sensual e
Dengosa neste prazer devasso e boémio tão carente
Deixando à tangente uma paixão diluir-se na dialéctica dos
Nossos beijos nunca censurados antes e sempre mais comburentes

Ostento agora a luz que a madrugada roubou ao precário
Sonho onde nos expusemos inadvertidamente
Pátria do amor feito inquisição desta fé ruindo abruptamente
Até que fine uma hora senil mergulhada num lamento
...assim indubitavelmente...


Frederico de Castro

Algum dia, de alguma maneira, de alguma forma…




Prescrevi ao silêncio uma dose de ilusões
Tão multifacetadas adormecendo uma hora
Que deambula pelas solidões mais exaltadas

Algum dia implantarei no tempo esta eternidade
Encarcerada no ventre das minhas memórias
Içadas pelos desejos mais nobres e requintados

Débil esperança esta que escorrega entre muitas
Fantasias tão precárias deixando até mais vulneráveis
Quaisquer saudades proscritas e sempre prioritárias

De alguma maneira ficaram vulneráveis todas as
Paisagens onde moraram estas pegadas de gratificação
Sempre impregnadas e nutridas de uma sumária solidão

De alguma forma espreito e nutro a penumbra onde moram
Nossas almas mais pacificadas deixando uma desperdiçada
Hora fluir nas palavras delicadas, rimando quase obcecadas

Frederico de Castro

Horas coagidas




O rosto em lágrimas molhado de prantos deixa à
Deriva um silêncio quase bravio tecendo a esmigalhada
Solidão que dormita esguia e elástica entre os ecos de um
Lamento disperso perscrutando todo suspiro mais sedento

No turbilhão das memórias mora uma saudade corrompida
Embebedando cada lauta hora mais hispida aninhando os fardos
Que carrego aos ombros da vida definhando quase coagida

Tatuo cada verso com palavras sempre em sintonia
Desperto aquela rima que antes inibida agora enaltecida
Pela fé grita, grita, grita, urdindo uma oração bem ressarcida

A noite mordisca impetuosamente a escuridão tão frágil
Tão apetecida degustando cada beijo que hiberna em nós depois
Enternecido aquietando toda lágrima jazendo letal na face do
Tempo à tanto tempo penando esquecido e fatal

Frederico de Castro

Ao sumir a noite...




Ao sumir a noite sei que nascerá mais além
Uma manhã viril e infindável deixando o sistema
Nervoso do silêncio a decompor-se num eco admirável

Albergo nesta ilusão farta de tanta adrenalina, uma
Abalroante fé que me guinda sempre para a quilha
Das emoções mais quânticas, emproadas e semânticas

Frederico de Castro

Dois mundos




Tão fiel e sublime se escancarou cada tom
Do teu sorriso delicado formoso premeditado
Fluindo pelas paredes do tempo deixando mil
Crepúsculos atónitos e apaixonados

Tão árduos se tornaram estes silêncios que agora
Apenas sinto o crepitar da penúltima solidão atapetar
Tua ausência quase interminável lavrando cada página
De ilusão abarrotada de lamentos sempre mais insanáveis

Nestes dois mundos paritários sucumbimos engolidos
Pela noite mais incontornável cobrindo o dorso a cada silêncio
Que se estende neste Outono indubitavelmente inexpugnável

Abriu-se depois a madrugada a cada lembrança que provinha de um
Insustentável desejo ancorado à esquina das saudades inscritas no perfume
Gentil que trazes encurralado às nossas plenas e inflantes cumplicidades

Frederico de Castro

Minuendo e subtraendo o silêncio




Desta manhã restam pequenos tons de alegria
Desaguando num murmúrio sentado à soleira do sol
Mixando o horizonte com suaves delicadezas em simetria

De tantas lembranças abrigadas entre os rabiscos de um
Sorriso que tanto prestigio fica o vestígio dos teus perfumes
Vestindo a indumentária do amor sustido com beijos e abraços em euforia

E no decorrer da madrugada morrem muitas lágrimas tristes
Atapetando a soleira das minhas solidões que coabitam dentro das
Páginas do tempo que se esboroa e ausenta sem mais objecções

Adormeço por fim encochado ao útero do silêncio deixando por diluir
Uma gota de saudade até expluir todas as palavras submissas e confinadas
À abcissa das minhas inquietações que burlo ávido, lesto, omisso

Tão excedentários e profícuos se acantonaram os desejos no calendário
Dos ecos felizes e apaixonados, alimento para toda a esguia ilusão
Engrossando o debilitado e minuendo segundo morrendo tão solitário

Resta somente compaginar as emoções sempre mais insubordinadas
Colorir a melanina das paixões escrutinadas num desejo vadio ludibriando
A noite coberta de morfínicas e fartas escuridões tão bem ornadas

Frederico de Castro

No calabouço do tempo




Faço um chake-up à solidão e absorvo da manhã
Mil perfumes imperceptíveis elegantemente debruando
A janela onde pousam seduzidas palavras tão
Cúmplices...tão compatíveis

Gargalhadas graciosas temperam a noite fechada
No calabouço da escuridão
Mordiscam a luz ofegante perambulando pelas
Oitavas desta solidão indizível e divagante

No bailado felino do tempo farfalham tantas horas
Imensas e embriagantes
Coligam-se na máscula e afectuosa sedução
Dos desejos tatuados num lambuzado prazer roçagante

Cavalgam pelos ventos uivantes diminutos silêncios
Quase submissos...tão fustigantes,
Dando azo a uma permuta de beijos soletrados à
Esquadria de um bravio desejo mais retumbante

Frederico de Castro

Ao sabor de uma brisa




Cada nuvem impelida por uma brisa ofegante
Estende-se apaziguada na orla de uma duna extasiada
Pintalga cada sonho com cores quânticas e anestesiadas

A manhã fecundada por luminescências elegantes
Acasala-se com esta imensa ilusão absurdamente retumbante
Ao longe sob os beirais da solidão dormita um eco inebriante

Lá no céu um aguaceiro gratificante embebeda uma nuvem
Consumida por este temporal de emoções tão insinuantes
Ali onde reinam sussurros exaustos e mais aconchegantes

Frederico de Castro

Induto silêncio




Mudam-se frenéticos os ventos desfolhando a cumeeira
Desta destelhada solidão saudando em slow motion toda a subtil
Aparição do silêncio triste anexo a este perscrutante verso palpitando
Doloroso num clamor que ali persiste...e resiste tão pesaroso

Atreve-te e espreita pela frincha do tempo
Indaga aquele lamento cativo semeado e
Colhido num furtivo olhar astuto e gentil
Saudando a tristeza sob disfarce,tão volátil...tão subtil

Lampeja nos céus um flamejante raio de luz esculpindo a
Infausta e negra noite, qual agouro da solidão incauta e reluta
Embebedando o semblante de uma treva reclusa, tão lauta...tão induta

Pulula pela manhã aquele pueril silêncio desnudando o ignoto
E fausto momento de tempo onde de imediato me abandonei nos
Braços desta inata prece que renasce matura cordata,ingénita mais astuta

Frederico de Castro

Subtis metamorfoses




Mudas e entristecidas despedem-se
As memórias mais subtis ao eclodir
Um nobre silêncio expectante
Quase...quase flagrante e a transgredir

A noite penetra em mim tenebrosa sempre
Tão fulgurante sedando todas as fragrâncias
Da escuridão escapulindo ardilosa e dilacerante
Onde jaz aquele abraço fecundo...tão preponderante

Num baldio extenso e abandonado repousa toda
A solidão desiludida...quase devorante
Forjando uma lágrima oriunda deste tântrico
E rendido verso cada vez mais insinuante

Instigante e sóbria a madrugada perdura agora
Numa hora dócil e tão quântica, saciando réstias
De uma ilusão esfomeada , exultante...romântica

Frederico de Castro

A ponte




A ponte…
Suspensa no silêncio, liga as margens do tempo
E da esperança, atravessando rios e riachos da vida
Trajada com coloridas e insuperáveis perseveranças

A ponte…
Deixa passar este rio que sossegadamente navega
Pra montante,galgando os sensuais atalhos do tempo
E desagua no estuário das maresias mais além a jusante

A ponte…
Que tão esbelta se ergue altiva sobre o rio
Serpenteia a solidão que caminha pelos viadutos
Deste silêncio vagabundeando em reclusão

A ponte…
Sob a laje de pedra ergue-se qual arco sustentado
Nos pilares da fé, numa dinâmica de forças e
Tensões suspensas pelo aço da estabilidade tão quântica

Frederico de Castro

Desejos ariscos




Há tantas indisfarçáveis solidões alojadas no
Ermo das utopias escrupulosamente aprazíveis
Amadurecem fecundas clamando quase imperceptíveis

Há um silêncio tendencioso espreitando pelas
Frinchas do tempo e traz nas memórias elásticas
Saudades ariscas assim com a noite que fenece enfática

Sem mais rotas a percorrer a solidão alfabetiza todos
Os meus desossegos suspensos na fina luminescência
De uma lágrima descendo pela tarja da tristeza tão expensa

Caprichosa a noite despe-se com tamanha graça
Que à mostra fica seu cangote em quais súbtis todos
Os beijos e abraços felinos dei de capote

Assim esfoliando cada bruma envergonhada a vida
Se enleva e gesticula tão intensa e assanhada colorindo
Cada átomo que se desintegra explodindo acarinhado

Frederico de Castro

Sem palavras...




O tempo na sua longínqua obliquidade refloresta
A solidão mais engenhosa deixando no marasmo
De cada brisa um sonho que se queda tão pasmo

No parque dos meus silêncios estaciono a saudade que
Paira no vagante olhar das minhas relutantes memórias
Tecendo a noite com escuridões prenhes e mais sensórias

Em seu recanto a madrugada pendura as ilusões num afável
Murmúrio perdido na penúltima hora ressonando e ressoando
Até que acalme meus ais e dormite em mim sempre tão fiável

De surdez feneceu o silêncio deixando uma bagatela de
Palavras embebedarem-se daquele dócil e conivente desejo
Que multiplicámos enquanto crentes...enquanto carentes

Sem palavras ficou uma sombra impassível alimentando
Contemplativos versos que amadurecem tão pungentes
Pigmentando uma rima que espreita sensual e quase insolente

Frederico de Castro

Trigonometrias no silêncio




Reergue-se a manhã perfumando
Intermináveis silêncios tão confidenciais
Súbita lágrima caindo incólume entre ledas
Sombras obturando a luz quase penitencial

À tangente a noite triangula a escuridão
Sempre astuta...em reclusão vestindo a nudez
Da solidão tão desemparada e resoluta
Desmaiando em cada hora,ferida,marginal,abrupta

Fiz a trigonometria dos silêncios mais absolutos
Obra prima para tão matemáticos beijos onde radiantes
Repousam os senos e co-senos de um cateto tão apaixonado

Em convergência o tempo deambula por todas as
Hipotenusas bem escalonadas qual agrimensura para tantos
Desejos topografados num viril abraço bem equacionado

Frederico de Castro

A bordo da solidão




Fiz uma resenha de palavras debruadas
E embebedadas de prazer deixando uma
Curvilínea hora a circundar o tempo remendado
Com ciclos de desejos tão enamorados

A bordo das tristezas navegam meus lamentos
Engodados pela saudade nunca antes blindada
Mas reaberta à memória tecida em cada holocausto
De prazer bem fecundado

Ah, se pudesse sedava a solidão com beijos
Nunca antes deslindados até que toda a alma
Se refugiasse num dedal de caricias tão aveludadas

Afrontava a noite antes dela morrer sequer num
Gomo de escuridão senil e malfadado deixando as
Agruras deste silêncio, fluindo, fluindo bem salvaguardados

Frederico de Castro

Além adormece a noite




Aplaina-se a noite que murcha alada
Jorrando nos céus seus últimos ecos
De luz exsudativa e bem velada

Na escuridão evolam silêncios núbios
Dormitando numa ladainha de memórias
Algemadas a um poente mais contristado

E enquanto lá longe chora a noite refilando pelos
Beirais da solidão quase engaiolada, alvejo cada
Caricia ou gargalhada decerto bem estimulada


Com cautela escudo a memória que uiva capitulada
Enquanto cofio uma ilusão desgrenhada, ungida de
Fragorosos desejos filados na noite além encurralada

Frederico de Castro

Halo do silêncio




Assento-me naquele lamento
Deixo em detrimento do tempo
Um silêncio cativante em deferimento

Suaves e celestiais acasalamentos fluem
Pelas ilusões que acolá estremecem
Em intermináveis fragmentos

Aos sons serenos cantam ecos sonolentos
Deixando vespertinos cânticos delirando em
Tantos pas de deux em descarrilamento

E enquanto na alma gemem e choramingam
Aveludados silêncios de arrependimento, ilumina-se
O halo da solidão enclausurada neste sentimento

No cinábrio dos tempos brilha a luz espasmódica
De tantos, tantos beijos de entretenimento, carcomidos
Pela hora já adiantada que envelhece sem consentimento

Frederico de Castro

Lágrimas camufladas




Como se tornou apócrifo este silêncio
O dia já mais não é que um montão de escuridões fechadas
No invólucro do tempo que dormita encostado ao cacifo da vida
Onde se despe o espólio de tanta solidão que por nós assim levita

Deixo as sobras desta proscrição amontoadas e enterradas
No sarcófago das memórias onde guardo ainda tantas quedas
Palavras remendando esta diáspora ilusão assaz tão acirrada

Entre os químicos da minha solidão beberico esta envenenada
Ilusão contida entre dois drinks de loucura...deixando uma nódoa
De tristeza esborratar-se nos bordos da saudade quase empanturrada

Nos despojos da madrugada reescrevo cada microscópico silêncio
Deambulando lascivo entre os ecos da noite, que amarfanhada
Fecha as pálpebras às minhas lágrimas, quase póstumas, bem camufladas

Frederico de Castro

Marcas do tempo




O tempo num momento decisivo filtrou a
Solidão mais latente, cismada e tão frequente
Bebericou cada luminescência colorida e latente

Absurdo e vil o tempo desmemoriza o reportório
De saudades tão clementes, absolutamente pungentes
Fenece brutalmente confinado a esta hora abrangente

A manhã agora engalanada de poesia sempre ardente
Dissolve-se em brandas maresias fluindo mais coniventes
Para ali converge todo um oceano de emoções tão atraentes

Frederico de Castro

Velando o silêncio




Um límpido silêncio envolve o manto
Da noite ocultando a solidão que polui
Cada amordaçado gomo de luz em reclusão

Em delírios a lua povoa a saltimbanca treva
Que irrompe no tempo acrobático num exilio quase
Insustentável, cruento, ecoando aos solavancos

Apascento agora o rebanho das minhas ilusões tão
Servis balindo lunática e gentil como genial frapê
Servido num beijo refrescante e marginal

Em falência a madrugada morre encostada ao palanque
Dos odores matinais que despertam devoradores e excepcionais
Impenitente hora acomodada neste silêncio tão intencional

Arquivo minhas memórias perante aquele pelotão de
Saudades fuzilando um verso inerte e banal latindo
Num êxtase substantivo...engenhosamente magistral

Deixo intactas as lembranças de um tempo ido
Fecundo e lírico momento para cada emoção tão crente
Onde desperto de uma amnésia ocasional e irreverente

Frederico de Castro

A um passo da maresia




No fulcro do silêncio bate uma hora
Engalfinhada no tempo quase imóvel
Insatisfeito, insaciável, imprevisível...inexorável

Dos fragmentos da solidão deu-se a erosão
Em cada lamento magmático escorrendo
Qual lava da vida amachucada, dorida, desfalcada

A um passo da maresia banham-se as palavras que
Invento agora tão bem diagnosticadas, pousando
Depois entre as caricias de um longínquo verão ali evocado

A noite esfacelada pelas saudades enterra cada gomo
De luz mais conspurcada anestesiando quaisqueres
Silêncios ressoando numa brisa feliz e embasbacada

Frederico de Castro

Assim agoniza a noite




Procuro no significado dos silêncios
Um eco ou lamento débil regando este tempo
Trajado de fertilizantes solidões tão estimulantes

Confinadas à periferia da frágil madrugada a luz
Repercute uma imensidão de palavras suplicantes
Até se perderem na imune e ténue ilusão assim estonteante

Traçado está o destino de uma hora morrendo sem fulgor
Pois agoniza ainda a noite mais fulgurante num ápice,
Expropriando-me os sonhos improváveis e inquietantes

Na aura do tempo resplandece a vida mais rebelada
E relutante arrumando todos os enclausurados desejos
Que deixámos coniventes, inapelavelmente latentes

Frederico de Castro

Cello




Entre o velcro do silêncio musica-se uma
Hora amordaçada, grudando todos os tendões desta
Ilusão musculadamente repetitiva mas bem afinada

Abdicando da escuridão o dia empoleira-se nesta
Nudez bem esboçada, debruando a luz repercutida
Num corpo excepcionalmente orquestrado

Frederico de Castro

Ecos de um kissange




à minha áfrica...absurdamente linda

Breve como o tempo chega o dia

Trincando e alimentando a luz matutina
Incendeia os silêncios e seus subtis ecos
Ensopados de caricias tão traquinas

Sem fim reluz a manhã iluminando o diadema
Que sorri na adornada ternura dos teus olhos batucando
E namoriscando cada desejo mais complacente

é neste airoso e saboroso poente que floresce uma
Prece titânica, tão confidente consolando a alma
Com uma meiguice de afagos tão benevolentes

Revejo na madrugada todas as sombras
Adormecidas num fragmento de solidão indolente
Reportam à saudade como se ceifam as memórias
Quais ecos de um kissange sensual e irreverente

Frederico de Castro

Procura-me...




Encontro nas maresias do silêncio uma
Légua de solidão, tão embebedada,
Quase molestada e tão consternada

Em pleno êxtase a noite colide com as
Partículas de ilusão mais apaixonadas qual
Infindável hora enlanguescida fenecendo chacinada

Procuro e encontro só a solidão indefinível
Incorrigível e tão obstinada...e até sei como ela
Por mim se aventura sempre profusa e refinada

Procura por mim e acharás decerto todos os
Contornos do tempo escorrendo numa mescla
De pungidos lamentos quase geminados

Das entranhas da noite senil divagam palavras
Tão lúdicas, tão concubinas deixando todo meu
Tétrico ou tântrico desejo suando até às estopinhas

Procura por mim num vácuo de silêncios traquinas
Pune-me com ausências agora tão fatais
Recosta-te na minh'alma ornando-a de alegrias quase geniais

Vai ...procura e encontra-me escondido entre a penugem
De muitas emoções bailando numa brisa tão confortada
Perscruta o tempo e traga-me de vez nesta rima mais excitada

Vai afaga-me os sonhos e encontra aqueles beijos perdidos no
Cântaro da solidão onde nas profundezas dos nossos instintos
Orbitámos cada aprazível vicio feito maná do amor jamais indivisível

Vai e emprenha-me a razão de todas as minhas saudades e te darei
No último sopro de vida...minha vida tremulando seduzível, no émulo
Momento final onde as sombras se desnudam num bailado inconfundível

Embebeda e deseja-me até ao cúmulo de todos os cúmulos...absolutamente
Goza-me até ao estertor dos nossos seres...no pretérito mais que
Perfeito qual lânguido e bárbaro momento vivido freneticamente

Frederico de Castro

Entre os degraus da solidão




Brilham épicos gomos de luz
Despem a solidão desfolhada
Em pétalas de amor e ilusão

Saúdam a caprichosa manhã
Seduzida pelos embriagantes
Perfumes massivos...quase alucinantes

Teçe a saudade horas de melancolia
Resignada e tão alienante que nem mais refuto ao
Coração esta memória que acontece tão aglutinante

Pastando na lezíria do tempo deixo um andarilho
Pensamento pernoitar lá no sótão dos prazeres
Hidratantes, quase litúrgicos...quase litigantes

Sem mais temer a noite cada sombra desnuda-se ante
Os olhares sorrateiros da lua voyeur vasculhando todos
Os esconderijos de uma emoção tão bisbilhoteira tão tailleur

Puída e triste a noite derrama suas lágrimas e lamentos
Mais brejeiros embebedando todas as alquimias de uma
Paixão abarrotada de gemidos lisonjeiros

E agora assim desguarnecida a solidão nunca cicatrizada
Sustenta o pavio dos silêncios pungidos e suplicantes
Súmula deste verso derradeiro, foragido,insinuante

Frederico de Castro

Curvas e contra curvas




Murei a curva das minhas memórias
Aboli do coração histórias idas, rigorosamente
Distorcidas mascando do calendário, anos,
Dias, horas tão enfurecidas

Revivi no tempo existências que foram ressarcidas
Bebi da solidão ferozes lamentos mapeados
Nos nossos seres subjugados em palavras
Amáveis e bem amadurecidas

Vadiam duas rectas paralelas até se unirem-se no infinito
Deixando um maiúsculo e matemático beijo cartografar
O desejo contido em cada algébrico silêncio mediático

Recorto da noite seus contornos sensuais e carismáticos
Até que o dia irrompa mais profiláctico saudando o rito
Dos amores deambulando no jardim de um prazer galáctico

Frederico de Castro

A textura da solidão




A luz morna e subtil suspira esquecida e resignada
Eureka! Descobri no silêncio nómada, tantas
Palavras perfeitas, inspiradoras e desatinadas

A noite assombrada sacia-se com este luar
Quase mágico…tão inflacionado, consumindo cada
Mísera hora que fenece impotente e abandonada

Em trânsito a madrugada pavoneia-se toda
Escurecida quase benzida pela emoção que
Apetecida, saúda minha fé absolutamente comprazida

Inalterável ao silêncio que se sitia numa hora
Complacente o dia renasce agora submisso deixando a
Fanfarrar mil caricias merecidas…que tanto quis subornar

Frederico de Castro

E.T




Traçada ficou a simetria do tempo e

Nele naveguei até à plenitude astral

Onde o silêncio se inflama quase espectral


Ousaria eu palmilhar todo espacial sonho

Porque ali se permutam ilusões estratosféricas

Gravitando a inocência que sorri delicada e feérica


Frederico de Castro

En passant...



A maré regurgitando suas ondas espevitadas
Reencontra-se por fim no leito de todos os meus
Silêncios recatados deixando mais frívolas, aquelas
Saudades bradando às rútilas manhãs bem sedadas

Sepulcros de uma dimensão enorme
Afogam-se numa maresia fluindo despojada
Até que as sombras se acoitem na solidão
De toda a alma carente e desolada

Deixei as memórias abandonadas num baldio
Qualquer quando engoli a noite asquerosa alvejada
Por lamentos apalavrados na madrugada tão melindrosa

Num canteiro deste jardim sussurram as flores com um
Pesar sempre doloroso até que o silêncio en passant acoite o
Pejorativo eco hilariante lubrificando vícios loucos e mais insinuantes

Frederico de Castro

O pescador de sonhos




A noite redimida e fluorescente
Sucumbe ali tão reluzente
Circunscreve na escuridão uma
Memória bravia, conversa e resiliente

À deriva flui uma maresia complacente
Contorna todas as margens do silêncio
Onde dormita um embasbacado breu divergente
Converge feliz ao longo de um sonho tão complacente

Frederico de Castro

Boulevard dos sonhos desfeitos




Nos limites do tempo corre uma hora
Milimetricamente solitária
Aninha-se entre os seios desta minha ilusão
Temperamental...quase hereditária

Remo mar afora e fico à mercê de muitas ondas
Ancoradas no galeão das saudades defuntas
Destino ou rota de mil memórias vagando
Pelo dossel do tempo obviamente tão fecundo

Vou pelas boulevards do mundo lajeando
Meu silêncio magmático até que se pavimente
De vez o cordato e eflúvio sonho tão cabalmente

Sob o manto da noite rastejam lamentos ou sussurros
Vagabundos quase reaccionários vestindo o corpete
Destas lágrimas pinceladas com desejos mais solidários

Frederico de Castro

Numa brisa...




Ronda-me este silêncio sem tréguas
E tão pútrido consumindo todas as
Inquietações sedutoras e destemidas

Chega pela madrugada uma brisa incontida
Caiando a escuridão com perfumes aliciantes
Engolindo o breu num trago feliz e radiante

Sem paralelo a manhã reaparece bramindo
Quase contundida pela ilusão acampada ao redor
De uma caricia insuperavelmente bem concebida

Sem dilemas a memória desperta deste abismo
Enorme onde desolados se aquartelam os desejos
Mais musculados, nestes versos sempre bem dissimulados

Frederico de Castro

Matar a sede




Sede de beber….de viver…de pensar
Tantos sonhos ornamentar
Embebedar-se de cada sorriso ou de
Muitas palavras repletas de rimas a adornar

Matar a sede e reinventar o tempo com goles
De alegria sequiosa , ávida de tanto acalentar
Uma gargalhada prestes cada eco adentrar
Mesmo que o silêncio fique quedo e prestes a rebentar

Sede de amar…de orar e apaixonar
Açucarar os dias com festejos e cânticos lunáticos
Matar a sede à fé cada vez mais enfática
Colorir todas as alvoradas com beijos…ah tão fanáticos

Frederico de Castro

Catalisando a saudade




No torpor da noite que se avizinha deixo
Um desusado silêncio pernoitar ao colo daqueles
Aromáticos e bem arquitectados lamentos já esclerosados

Sei como tudo se tornou provisório quando a alma
Já cansada se algema a um punhado de eclipsadas
Solidões, algozes, consumidas pela tristeza tão arrasada

E assim aos poucos se esboroa a manhã deixando a
Saudade num exilio quase improvisado,embalando desejos
E caricias ardendo quais archotes na noite fria e crispada

Um fio de luz atrofiado despovoa agora a negrura da solidão
Alvorecendo catalisada por beijos loucos e confessados até que,
Nas cinzas do tempo perdure uma ou mais palavras bem ousadas

Plissando a manhã costuro nas bordas do silêncio aquelas
Imagens de um sonho imbuído de tamanhas e raras insanidades
Aventura embriagada pelo amor vestido de ternas cumplicidades

Frederico de Castro

Folhas caídas




Sinto no hálito do tempo uma hora
Esvair-se, tão irreversível, quase previsível
Pura essência de uma brisa chegando invisível

Caiem as folhas com um silêncio tão inexprimível
Que a manhã, toda ela, deglute a harmoniosa luz
Defenestrada pela solidão sempre incompreensível

Jamais se inadiam as palavras livres e leais
Jamais se algemam sonhos irredutíveis e reais
Até que este verso viceje numa rima compatível e surreal

Quase inconcebível deixei minha saudade a marinar
Num odre de memórias tão inconrruptíveis embebedando
Com caricias minh'alma codificada nesta estrofe tão credível

Assim transborda a beleza dos teus olhos fechando
As pálpebras aos meus silêncios irrespondíveis
Até que se restaure a plenitude de um carinho inexcedível

Deixo por fim estampado na noite um açoite, em eco
Inconfundível perdendo-me na mutação de um beijo
Clonado, tão expressivo...sempre imperdível

Frederico de Castro

Morabeza

















ao Soares e Roberto,
porque a mizade pode ser eterna...

Sentado no tempo observo o dedilhar
De cada som esbelto e irreverente decorando
Aquelas silhuetas envoltas em mil sombras
Tão profilácticas... tão telepáticas

O chorinho vai e vem até o por do sol onde
Embebedo palavras trajadas de amor e paixão
Clonadas na amizade tecidas na mais pura
Maresia ondulando, ondulando até à exaustão

A tarde caiu de mansinho e de solidão
Em solidão as ilusões agigantam-se pelo
Poente nutrido com caricias tão bem aferidas

Perfumo cada verso encorpado de rimas
Ardentes deixando na noite vultos de nós
Embalando o culto do amor remido e diligente

Frederico de Castro

Onde surfa uma prece




Nas ondas de sonho surfa uma prece intensa e peremptória
A dançar quase que embriagada flutua a manhã mais premonitória
A maresia silenciosa e indestrutível amara ali feliz…sem escapatória

No trapézio da vida equilibra-se qualquer gargalhada aleatória
Num ritmo frenético inunda a alegria convertida numa fé rogatória
Desarvoradamente a solidão ruma ao templo das marés conciliatórias

Frederico de Castro

Reset ao tempo




Fiz um reset ao tempo austero e implacável
Sempre tão inflexível até que o silêncio refrigere
Cada aroma ensurdecedor escalando uma oitava
Dos meus silêncios avassaladores

Se pudesse manipulava esta escuridão que em mim
Pernoita sempre de prontidão
Sorteava a solidão numa tombola de esperança para
Que a sorte prevaleça bramindo, bramindo em profusão

Sem gorjetas deixei madrugada esfolada, corrompida, pedindo
Esmolas a cada hora lacaia que se estilhaça numa vénia tão cordata
Portadora de uma palavra gentil, atrevida...quase estupefacta

Depois de vandalizar cada faminto e grato verso crucial, infesto os
Céus com silêncios sempre bem ressarcidos e cerimoniais...alardeando
Cada momento de tempo bisbilhotado num eco resplandecendo genial

Frederico de Castro

Covil das memórias




Envelhecem as sombras da madrugada
Desfrutada na óptica do utilizador, enquanto
Além se espreguiça a solidão recauchutada

Descontroladamente esperneiam as horas
Quase electrocutadas deixando em cacos
O silêncio e as palavras mais matutadas

Ao longe ouço o ensaio musical decantado
Numa brisa feliz e arrebatada qual comício
Da vida purgando minha poesia assim excitada

Nos covis da memória talho uma altiva saudade
Escalo qualquer ilusão pendurada nas estalactites
Do tempo insipido, ausente, brutalmente acossado

Em queda livre a noite seduz-se no néctar das
Luminescências apaixonadas até se perder na
Fecunda solidão, imperiosamente confeccionada

Frederico de Castro

Um dia...depois do adeus




Eu sei, assim será decerto...um dia, depois do adeus,
O assombroso anoitecer que acontece distraindo até o supremo
Silêncio doloso, factual, porventura, inútil, viciante ... textual

Um dia...depois do adeus qual gota de orvalho desprendo-me
Das pétalas da solidão escorrendo licorosamente ladeira abaixo
Revitalizando este tempo enfeitado de desejos magníficos e irreverentes

O silêncio paralisado atiça a sonâmbula luz agora utente deste
Sonho indissolúvel dormitando no berçário da madrugada descrente
Onde pernoito contemplando o refinado e esbelto sorriso reincidente

E ficarei quieto nesse dia...depois do doesto adeus degustando todo inefável
Momento ciclónico que passa desvairado, subserviente alagando o mar
Dos teus prantos num maremoto de afectos omniscientes, convictos...repletos

Frederico de Castro

Além do amanhecer




Dispersa mas sublime desponta a manhã
Fluindo pelas planícies deste tempo confinado ao
Regime ditatorial do amor quase abusivo e fascinado

Insubordinado deixo um perene e retórico desejo
A marinar ali onde patrulho a memória azucrinada
Parodiando a vida repleta de gargalhadas concubinadas

Assim se reedita a solitária saudade bebericando no
Esquadrão do meu léxico fascinado, cada esbelta palavra
Aprimorada neste silêncio que se esgueira agora ressuscitado

A chuva fria e invernosa cai sossegadamente na janela
Dos meus lamentos tão contaminados, regando com desvelo
Os cumulonimbus deste amor vorazmente alucinado

Assim proscrita, a solidão hospeda-se nos jardins da memória
Esperneando amofinada até que a esperança resgate no tempo
E no atol das lembranças, a vida eternamente ovacionada

Crispada a noite acoita-se de mansinho sob sete saias
Apaixonadas, rebolando lânguida pelos beiras das minhas
Mui ternas ilusões avidamente escancaradas

Num esgar imenso e profundo boceja depois a madrugada
Costurando um amanhecer que além chega inolvidável
Deixando em nós uma caricia…oh, como brada ela implacável

A sós no cárcere da minha solidão demarco cada hora
Permeável sublimando o pregão dos desejos vergados à
Nomenclatura do silêncio quebrantado, visivelmente embriagado

Frederico de Castro

Bem-aventurada solidão




Espreito pelos olhos da noite toda a escuridão
Chegar e asfixiar este pranto ou lamentação
Deixando um mandato de captura para a solidão
Tatuada numa prece fiel, lavrada com tanta emoção

Teço meu tédio em fios de seda esparramada entre
Lençóis e desejos consumados, assim como quem
Costura um sudário de silêncios além sepultados

Renasce prematuro o dia alimentando o cântaro
Do tempo que assim se esvai lentamente difamado
Deixando em luto qualquer sonho agora vitimizado

Arisca e bem-aventurada a luz desponta aprumada
Corroendo cada hora, cada minuto mais blasfemado
Invídia para todas as memórias perdidas no débito da
Vida amordaçada, domada, mas sempre tão inconformada

Frederico de Castro

Resquícios de uma sombra




Dispersos num dissonante silêncio
Um lúdico lamento subjuga a manhã
Que insólita esgravata esta saudade acólita

Quais resquícios de uma sombra solitária
A memória sapateia entre luminescências inóspitas
Até se fundir numa brisa garimpeira e indómita

O dia passarinhando neste convalescente murmúrio
Desagua anónimo pelos subúrbios da solidão que
Parasita pela ecuménica oração assaz tão erudita

Além a jusante fenece um poente desapontado e eloquente
Contenta um titânico e iridescente silêncio que fervilha
Entre a sensualidade de tantas sedosas caricias quase dementes

Frederico de Castro

À sombra da escuridão




À sombra da escuridão dormita a noite algemada à
Vigésima hora escrutinada, inoxidável e tão enamorada
Na peugada do tempo transfunde-se uma prece aprimorada

À sombra da escuridão o céu enche o vazio do horizonte impalpável
No ermo da solidão indefesa, indesejada e tão inexoravelmente afável
Reverbera a madrugada, impaciente, hemorrágica e quase indecifrável

Frederico de Castro

Silêncio periclitante




Mora neste espaço a escuridão pavimentada
Num momento de liberdade inquietante até se
Desfragmentar qual silêncio subtil e expectante

Velo a solidão presa num arame farpado onde
Se escondem túrgidos lamentos exultantes
Vestindo este verso com uma rima quase debutante

Anseio pela manhã que sei chegará breve e periclitante
Escondendo cada bruma que vadia neste silêncio resiliente
Até submergir numa maresia absolutamente emoliente

Nas ancas da solidão sossega uma ilusão saliente
Faz até corar toda aquela caricia adolescente que
Desabrocha no leito do prazer qual estupefaciente

Frederico de Castro

Sol da meia noite




No silêncio intimo da noite
Converge para a alcova da solidão
A luz que respinga seus últimos raios
De sol acalentados com tanta emoção

Respiro os derradeiros momentos de
Ilusão com uma intuição quase excitada
Saboreio cada brisa metamorfoseada
Por palavras e caricias tão abençoadas

À meia-noite em ponto o silêncio castra
Uma hora que mergulha na escuridão funesta
Repleta de lamentos e memórias quase indigestas

Escapa pela maresia entristecida uma fiada de lágrimas
Alimentando cada onda que navega entorpecida, até
Embebedar a noite para gáudio desta rima bem guarnecida

Frederico de Castro

A cércea da solidão




A luz da vida cambaleia e estatela-se pesarosa
Deixa no aterro da solidão a penumbra do silêncio
Fluindo pelo cordame da vida que fenece ao algemar
Mil fardos de caricias gentis e generosas

Vadia lá longe além dos céus condescendentes
A cércea desta minha solidão sempre dissidente
Adormecendo entre os rails da memória o espectro
Dos nossos sonhos agora mais confidentes

A sós a noite inventa tantas sílabas apaixonadas
Suspensas num glacial lamento onde se mutilam
Expressões rugindo numa palavra sempre aliciada

Quiçá o dia ribombasse de luz bem emulsionada
Parindo sob o frio lajedo do tempo um verso ardente
Temperamental ressoando de felicidade tão concludente

Frederico de Castro

Antes de dizer adeus...



Antes de dizer adeus saiu a noite pela
Porta discreta do silêncio majestoso
Sem intervalo o tempo reduzido a um
Montão de segundos desdenhosos
Hibernou camuflado em palavras virulentas,
Mortíferas, dolorosas e tão opulentas

Antes de dizer adeus consumo num trago
Estas escuridões fiéis e facciosas
Esquadrinho cada ai clamando no leito das
Lágrimas intensas e viscosas
Ali resistem tantas horas silenciosas, apáticas
E absolutamente assintomáticas

Frederico de Castro

Tela do tempo




Alimento todo este silêncio com ecos de
Uma nova esperança sincronizada em muitas
Gratuitas gargalhadas além fertilizadas

Desfaço cada curva do tempo e nele me
Embrenho mais homogeneizado regando a alegria
Quase gigantesca, tão geométrica, bem enraizada

Além no futuro esvoaça a solidão prenhe
De tristezas tão profundas e cabe-me embebeda-las
Com memórias ilustres, clementes...tão galvanizadas

Manietei a madrugada e fundi-a na tela do tempo
Roubei até todas as tranquilidades que um beijo antes me dera
Até gizar por fim uma caricia, jurada, amenizada, potencializada

Desamparado o céu esconde-se no seu breu imenso
Monopoliza cada gota de luz canonizada num verso bem
Vasculhado..ali onde desaborreço a saudade sempre hostilizada

Frederico de Castro

Haja luz...




Acende-se o dia consolado por deflagrados
Gomos de luz felizes e saciados
Forjando nos filamentos do silêncio um
Desejo ternamente felino e enamorado

Haja uma bendita luz além da escuridão para que,
Na soleira da manhã se recolham pedacinhos de
Sol à mercê desta solidão inerte, muda, esvaziada
Amplificada por um abissal silêncio tão falsificado

Aos encontrões as palavras reverberam implodindo
Num verso astuto e desaforado, até reencontrem
Uma rima que rime desesperadamente chanfrada

Vem chegando de mansinho uma brisa defenestrada
Pela solidão, impávida e serenamente depurada
Ficando mais que erectas tantas, tantas caricias desvairadas

Frederico de Castro

Promissório silêncio




O silêncio num perpetuante divagar amealha
Todos os inimagináveis lamentos generosos
Absurdamente apaixonantes intensamente prazerosos

Umedecida ficou a noite agachada entre as maresias embriagantes
Bailando na maré primorosa e esculpida qual prefácio de tantos versos
Ondeando pelas tuas margens sumptuosas, atrevidas...quase asfixiantes

Numa atlântica noite serena, ignífico aquela onda que em nós se espraia
Religiosamente provisória, serenamente estimulante e promissória
Enamorada sereia que em meus mares se deleita tão peremptória

Tomara eu acordar no seio deste silêncio horrivelmente ditatório
E musicar pra sempre aquele reportório de desejos fecundando
O gineceu dos amores que gestam bem exsudados e conciliatórios

FC

Brisas extasiadas




Oprime-me este silêncio bravio
Abandonado numa espessa hora
Tão mortal...quase fatal

No casulo da minha solidão soletro uma
Rima flamejando tão incendiada, até que
Irrompa uma esperança deveras sempre aliada

Num instante se perfumam nossas almas
Carentes, inebriadas pois de um taciturno
Desejo almejo tuas caricias chegando extasiadas

Fico à varanda da madrugada contemplando
A luz esmorecida e doce desertando pelos ecos
De uma manhã tão clarividente irrompendo saciada

A paisagem agora reluzente explode aliciada
Por tantas brisas contagiadas pela luz que
Perpassa, ígnea, suave...complacente e anestesiada

Frederico de Castro

Mente maravilhosa




Uma fluorescência excedentária pousou no parapeito
Do tempo organicamente fiel, altruísta e gregário
Cada hora alimenta uma iguaria de preces solitárias

Dois imensos universos expandem-se na obliquidade
Do silêncio etéreo, magnânimo…quase,quase totalitário
Ali a esperança sei que cobiça um eco matreiro e sumário

Ah…cheia de gula a memória uiva e farfalha tão solidária
As saudades latentes usurpam esta solidão quase hereditária
Dilui-se a fé ajoelhada aos pés das palavras preciosamente prioritárias

Frederico de Castro

Olha a onda...




Que parte para o infinito estatelando-se
Ao comprido e depois elegantíssima, deixa
Seu marulhar desenrolar-se tão apaixonadíssima

Olha a onda...
Que vai e vem de mansinho até
Arrotar a solidão que se espraia circunscrita
Pelas entranhas da alma sempre proscrita

Olha a onda...
Fiel e inspirada convertendo cada
Verso no verbo amar fecundando
Todos os desejos e caricias a sublimar

Olha a onda...
Que de longe, muito longe desfalece e
Por fim, no estuário do tempo perfuma cada
Gota de silêncio além revolto e aprumado

Olha a onda...
Enamorada e embevecida bordando nas suas
Margens a noite vestida de luares tão legitimados
Até que o dia irrompa solene, festivo e consumado

Olha a onda...
Palmilhando léguas e léguas deste imenso mar
Deixando na maturidade da vida uma bênção que
Flutua na maternal e tão excessiva saudade abismada

Olha a onda...
Que nos rodeia com impropérios purificantes
Deixando no açude do silêncio cada píncaro
De ilusão reverberando tão, mas tão gratificante

Olha a onda...
Que gota a gota fecunda o leito dos amores
Mais refrescantes desintoxicando aquela anónima
Memória que este verso baptizou assim quase sufocante

Olha a onda...
Ardente e perpetuamente magnífica, tão concludente
Afogando-nos numa esplendorosa caricia nupcial
Qual feroz brisa rugindo num murmúrio sempre passional

Olha a onda...
Rugindo tristíssima, envergonhada mas digníssima
Clamando quais açoites nesta noite que ainda pranteia
E todo silêncio mais que possesso assim escamoteia

Frederico de Castro

Debaixo da ponte




Debaixo da ponte esconde-se o silêncio
Vergado a uma escuridão tão benevolente
Ampara esta maresia perfumada e excedente

Debaixo da ponte vagueia uma maré coincidente
Afoga cada lamento que desamparado colide com
Os pilares do tempo além no oceano encarcerados

Debaixo da ponte a solidão sucumbe, aliciada por uma
Hora em pânico, deixando em calafrios a noite que chega
Vestida com um poente desalmado, quase conformado

Frederico de Castro

Ecos de cumplicidade




Vou rabiscar estes versos peregrinos
Sentados à soleira do tempo onde o sol
Madrugando opulento saúda a vida ritmada
Com carícias e palavras bem emancipadas

Arguta a manhã remanesce dócil e quase domada
Emoldurando cada estrofe que levo a bordo deste poema
Maturando em nós assim mais esmerado, salivando só o
Desejo que teço dentro deste silêncio escancarado

Soletro cada tom perfumado dos teus sorrisos
Tilintando entre os lençóis da solidão onde desenho todos
Os famintos sonhos adornando o amor agora e sempre aprimorado

Arfando quase lasciva a luz da manhã sem interferências
Esbarra num sensual eco que sobrevive à nossa cumplicidade
Escorregando pelo corrimão do tempo intocável...subitamente implacável

Frederico de Castro

Portas do mar




De frente para as portas do mar ruge uma maré
Alimentada por quânticas ondas tão multicoloridas
A luz coada espreita entre as frinchas de cada hora persuadida

De longe chegam suculentas brisas quase surpreendidas
Gemem provocadoras quais emoções tão descomedidas
Debruçam-se à janela onde passeiam preces mais esclarecidas

Na grandeza da esperança que em palavras esta fé declama
Ajoelha-se a fé mesclada de sonhos e lembranças aplaudidas
Assim se respira um dilúvio de eternas gargalhadas divertidas

Frederico de Castro

Rumores da tristeza




Geme além um rumor triste e indigno
Escapa pelas frestas de um eco quase maligno
Estatela-se na calçada do tempo que fenece fidedigno

Indomável possante e enraivecida a noite vagueia
A bordo de um pranto indecente, árido e enraivecido
Saboreia cada fétido lamento viciado e escarnecido

Ao longe ouço desintegra-se aquele silêncio entristecido
A escuridão exposta a esta imensa solidão quase esquecida
Adormece nos braços de um endurecido sonho tão enfurecido

Frederico de Castro

Voando sobre um ninho de silêncios




É fértil este silêncio escondido no seu ninho
Acolhe os filhotes da solidão quase maliciosa
Onde sem artifícios se abrigam palavras tão ciosas

Voando pelo tempo alimento a fonética e sintaxe
Destes versos por vezes ludibriosos extravasando
Cada rima que acalento e amamento assim apetitosa

Resguardei um pouquinho dessa ilusão que reabastece
Toda a minha saudade estrondosa espreitando uma
Brisa serena afagando minh'alma de forma quase escandalosa

Ausento-me agora desta madrugada que esparge seu silêncio
Medonho e tão sigiloso elevando a dimensão do amor
Pralém de toda fusão quântica, apaixonada, vigorosa...romântica

O mar ainda reprimido deambula pela oceânica ilusão onde
Por arrasto descansam ondas de reverberação, aconchegando
Os seios a este silêncio que jaz inerte e em plena exulceração

Frederico de Castro

Brisa forasteira




O sabor das manhãs vadias encarceram
Uma brisa luzidia, descobrindo em cada
Olhar um sorriso, uma caricia cheia de ousadia

Assim fugidio o dia, empoleira-se num gomo
De luz altivo, pleno de luminescências que
Renascem mágicas... cheias de melodias

Deixemos as memórias resguardadas
Numa saudade quiçá escorregadia, mas
Renovada a cada esperança mais sadia

Fechadas no invólucro dos mais nobres
Sentimentos é hora de libertar as inocentes
Palavras, sentidas, absolvidas…enaltecidas

É tempo de esterilizar a solidão, solidificar cada
Interminável emoção, deixando na retina do silêncio
Ardentemente inusitado, um beijo deveras tão cogitado

Frederico de Castro

Pluma flutuante




Como plumas flutuantes caiem na noite
Retunda dóceis lamentos escravizados
Respirando rumorosas caricias bem gizadas

Nos trilhos do tempo cavalgam horas tão
Desalentadas quais brados de prazer perverso
Alimentando a acústica de tantos beijos conversos

Alicio na madrugada a memória reflorestada
De perfumes ardilosos ignorando cada forasteiro
Silêncio que degustamos assim tão bisbilhoteiros

Jaz por fim em toda a minha ilusão a sombra
Da alma empanturrada com esta tamanha solidão
Onde só eu a esmo grito de todo o meu coração

Frederico de Castro

Staccato




No solfejo da manhã deixo um bemol escalando
A pauta da minha solidão tão lesada até que, na
Harmonia das minhas memórias eu sinta a dissonância de
Cada tempo sustenido na clave dos sonhos compungidos

Na tablatura da noite soa um alaúde apaixonado
Masterizando todos os sons orquestrados entre os
Trastes desta solidão afinada e em reclusão
Qual uníssono lamento fremindo, fremindo de feição

Com seus ritmos improvisados batuca
A madrugada num timbre esbelto e irisado
Colapsando o silêncio ternamente ousado

De staccato em staccato a madrugada cantarola uma
Ilusão além musicada com esmero e paixão, deixando
Uma colcheia de silêncios a reverberar de emoção

Frederico de Castro

Súbito silêncio




Chamei a solidão para romper todos
Os grilhões que atam solidamente cada
Momento de ilusão chegando tão avidamente

Num súbito silêncio a noite enrosca-se à
Escuridão felina que luta galhardamente com
Aquele breu fluindo além espalhafatosamente

Aos olhos da saudade perpassa uma memória
Indubitavelmente serena…tão alucinógena
Mais cruel que a morte chegando quase patógena

Vai a enterrar o silêncio…silêncio que alvitro
Agora onde acalento abarrotados sentimentos
Estrangulando um grito feito eco dos meus lamentos

Frederico de Castro

Um pixel de silêncio




Condimento as memórias com um pixel
De silêncio harmónico e solitário
Foi importado daquele mágico momento
Digitalizado num verso livre...sem destinatário

Enquanto no dia assoma a luz peregrina mas
Tão prioritária, lá longe esconde-se uma ilusão
Quase tridimensional confinando ao monitor dos
Desejos um breve e adocicante prazer tão excepcional

Filtro do tempo linhas imaginárias, meço cada polegada
Da memória com um milhão de cores esplendidas embebedando
Aquele JPEG impresso na saudade proporcional e bem urdida

A cada hora que passa rastreio o bitmap deste silêncio
Quase aturdido reproduzindo na plotter da vida
A miniatura de cada imagem saindo bem scâneada e atrevida

Frederico de Castro

Horizontes infinitos




Sobe pela haste da noite um breu
Quase ignominioso
Transforma cada sombra num
Belo pas de deux tão plumoso

Deambula pelo horizonte infinito
Alimentando o dialecto das paixões
Corporizadas numa onda bolinando
À deriva deste oceano mais audacioso

A madrugada bêbeda e solitária vomita
Na rua desejos tão causticantes
Deixa entre parenteses aquele beijo unificante
E rogado numa caricia sempre provocante

Descansam no sudário da minha solidão
Tantos sinuosos lamentos, malgrado esta
Inesperada saudade carcomida por remorsos
Lícitos, contagiantes, desesperadamente pujantes

Frederico de Castro

Ausente silêncio




Ausente o silêncio plastifica um abstrato desejo prolífico
Com astúcia o tempo recupera cada segundo magnífico
Em sintonia adormece a luz e um uivo franzino…tão honorífico

Ausente o silêncio transparece num pálido afago soporífico
Roubou-me das memórias o saudoso ego e um sorriso frutífico
Emergiu juntinho a cada lamento urgente, ousado e tão pacífico

Frederico de Castro

Flor de ébano




Clarões de escuridão reflectem à silhueta
Toda esta elegância que brilha sob a plumagem de
Uma brisa vadiando com tamanha exuberância

Sem estrelas, ainda assim, a noite brilha
Intensa festiva e muito feminil deixando a luz
Uivar qual loba à beirinha deste silêncio tão gentil

Frederico de Castro

Na senda do silêncio




Deitei-me na esteira do tempo
Adormeci numa ilusão parca e cronológica
Fiz de duas rectas um segmento de silêncios onde
Pernoito numa insustentável leveza quase cosmológica

Estanquei toda a hemorragia que a noite
Ferida teceu vagabundeando em surdina pelas
Ruelas prenhes de tanta solidão onde qual gazua
Se abriam as margens do tempo marulhando de lassidão

Alistei-me no exército da solidão onde pontificam
Os sussurros de tantas brisas marchando sob a cadência
De uma memória interminavelmente fogosa, ternamente fervorosa

Na quermesse dos dias que fluem em sinistros lamentos arribam
Ao mastro da fé tantas coloquiais emoções calorosas deixando
Esquiar pelas palavras etéreas minhas orações sempre vigorosas

Frederico de Castro

O fado e o silêncio




Arqueada vai agora a solidão uivando de fininho
Até que, num pranto colérico e tão insano se revelem
Todos os detalhes de uma fé irremediável e lusitana

Soam guitarras lá longe e o fado triste homenageia
A dor sob o trinado de doze cordas desoladas pois o silêncio esse,
Calou-se, confidente, soluçando,ali pra sempre... inconsolado

Morrer de amor ou de saudade é uma sina que vem acoplada
A tanta solidão aliciada e exilada num naipe de ilusões sempre
Tão extrapoladas e sepultadas na noite enferma, ali estatelada

No jardim dos meus versos planto palavras líricas deixando vestígios desta
Lusofonia numa rima fecunda e tão eufórica, onde rubrico este poema sitiado,
Afogado, na piscina das tuas lágrimas caindo meteóricas e amnistiadas

Frederico de Castro

Comme ils disent




- para Aznavour

Lágrimas caiem tristes pálidas e tímidas
Num adeus intenso e lancinante
Vinculando ao silêncio essa voz
Mágica e deslumbrante

Serpenteiam na noite líricas palavras
Que repousam na voz esbelta e sonante
Fluindo em gargalhadas elegantes
Comme Ils Disent…brillant et intense…

Amanhã ao rasgar do dia vai bruxulear
Pela solidão La boéme , For me formidable
Pois nas memórias decerto...oh la boheme 
Je n'ai pas vu le temps passer…

Hoje despeço-me de ti, Aznavour
As horas passaram pelo tempo, mas o tempo
Imortaliza no calendário da vida o charme revigorante
Dessa voz que além sussurra mais depurante

Frederico de Castro

Manhãs encadeadas




Neste precário silêncio desponta a manhã
Desprotegida de luminescentes solidões
Vive cada hora no prefácio destes versos
Consumidos com tantas infectantes emoções

Como um foragido o tempo algemou-se numa
Brisa passageira, pousando aqui e acolá sem
Mais subterfúgios, deixando um sóbrio desejo
Autenticado na estética de cada retumbante gracejo

Além degenera a arquitectura da noite qual alimento
Para a cartilagem do meu silêncio ainda resistente
Atrofiante escuridão que pleita num relapso carinho latente

Realço a manhã que desponta encadeada de luz
Tão intermitente, deixando erráticas palavras a flutuar
Além onde badalam caricias e memórias que quero perpetuar

Frederico de Castro

No teu poema




- para Carlos do Carmo, a voz...

No Teu Poema todos os silêncios dormitam
Ali onde a tarde entardecia e as palavras em eco
Feliz brilhava e avidamente o tempo resplandecia

No céu aberto surge a Estrela da Tarde iluminando
Aquelas Duas lágrimas de Orvalho onde navegam altivas
E de velas erguidas as Canoas do Tejo com brisas bem supridas

Foste Um Homem na Cidade, musicas-te um Fado da saudade
Acordem guitarras, Por Morrer uma Andorinha não acaba a Primavera
Lisboa, ainda é Menina e Moça, oh varina teus olhos têm ternura purpurina

Nessa Estranha forma de vida, à esquina deste inverno o Homem
Das Castanhas apregoa, quem quer quentes e boas ao desafio
Dá tempo ao Tempo o que não mata a fome aconchega o frio

Frederico de Castro

A moldura




No quadro das ilusões pintam-se tantas
Emoções gigantescas onde um sereno
Gesto desemboca nesta rima tão arabesca

Nas bordas do tempo esquadrinho aquela
Hora final ruidosamente recambolesca comendo
Com gula cada afecto principescamente pitoresco

Na manhã tagarela que nasce vaidosa brilha um
Concupiscente silêncio, quase dantesco, adagio
Para um oboé vibrar, vibrar tão gigantesco

Dos troncos da noite brotam agora pequenos ramos
Desta solidão extasiada e complacente, qual seiva
Escorrendo no perfil de uma caricia sempre convincente

Frederico de Castro

Além do universo




Nas profundezas do universo imenso
Resplandece a luz viajando num radical
Quântico silêncio quase hipertenso

Na mais extensa órbita elíptica gravitam
Ilusões unindo quais forças atractivas
A fé, o amor e a esperança ali tão imperativas

Com um trilhão de emoções brilha o grande
Cometa das paixões intergalácticas, arrastando
Na sua cauda uma subliminar luminescência tão enfática

Frederico de Castro

Desamparadamente




Esvoaçando o dia remanesce encabrunhado
Massajando suas plumagens a cada gomo
De luz absolutamente definhado

Com seu manto sagrado a solidão
Agiganta-se em todos os sincronizados
Suspiros que nos embebedam mais hostilizados

Deixem-me congratular a noite que murcha
No meio desta escuridão tão desumanizada
Absolvendo cada prolífica hora morrendo insubordinada

Com tanta inclemência o tempo apodrece ao fossilizar
Todo este silêncio profuso, hostil, quase eternizado,
Mitigando meu lamento que cai além de bruços...estatelado

Frederico de Castro

Entre as margens do tempo...




Entre as margens do tempo sossegam
Solidões desmobilizadas
Ondulam mansamente melancólicas
Confortavelmente hipnotizadas

Entre as margens do tempo pende um gomo
De luz sensibilizado, estendendo o tapete para
O silêncio que além se espraia feliz e amenizado

Entre as margens do tempo entranha-se uma
Maresia bem perfumada por aquela onda que impelida
Por uma brisa escandalizada, além se estatela
Furtiva e escandalosamente ruborizada

Entre as margens do tempo suam desejos indefesos
Deixando a sós a noite já horrorizada, desaguando
Entre duas almas afogadas em beijos e palavras apaixonadas

Frederico de Castro

Fluidos de luz




Entre as duas da tarde ficou uma hora
Acabrunhada e lívida, descortinando o tempo
Que ressuscitava das entranhas de uma brisa
Envergonhada, genuinamente precavida e amestrada

Sapateou a noite até esmorecer-se o dia preso
A tantos equilibrados segundos morrendo extraviados
Perante a eutanásia de muitos sonhos ferozes e obliterados
Enquanto se assassinavam lamentos tão bem entrincheirados

Acordaram revigorados muitos ecos enérgicos deixando
Em pânico a memória nunca antes lograda ao aprontar com
Malícia uma caricia adornada com fantasias sempre enamoradas

Gótica e ternamente escurecida a noite veste-se de cetins sedutores
Embalando a madrugada numa coreografia tão sensual, qual
Unguento para a inspiração de toda a minha poesia deveras tão virtual

Frederico de Castro

Pelos olhos teus...




Pelos olhos teus...
Sinto a madrugada fluir ávida quase violenta
Aduzida por uma magnânima hora tão quizilenta
Triunfalmente erguida depois de uma oração sedenta

Pelos olhos teus...
Degluto a manhã impávida e serena, erguida
Pelas luminescências de uma caricia feliz
Parida e manipulada lá no porão do
Tempo e das palavras bem alfabetizadas

Pelos olhos teus...
Beberico cada breu mais apocalíptico até que,
A solidão reescreva o bendito afago feito matriz
De tantas gargalhadas felizes, aglutinadoras, quase brejeiras

Pelos olhos teus...
Educo cada verso sempre lírico e apaixonado
Recrio a intersecção das emoções legitimas, codificadas
Até devastar cada aresta deste silêncio debutante e conspirador

Pelos olhos teus...
Apaziguo até as monções orientais blasfemando num
Aguaceiro auspicioso soprando qual doce brisa choraminguenta
Oh, pranto que tanto pranteias nesta hora felina e suculenta

Pelos olhos teus...
Incuto na saudade aquela memória aguerrida e opulenta
Que me alenta e embebeda das mesmíssimas maresias
Navegando num sedento momento de inspiração quase virulenta

Pelos olhos teus...
Pousa de mansinho a luz da esperança assim sonolenta
Requebra meus ais e lamentos num monólogo de paixões
Envoltas na razão da minha fé, sempre, mas sempre mais corpulenta

Frederico de Castro

Quase inverno




O inverno sei que chegará tão insubordinado
Congelará este silêncio adormecido entre o
Cachecol do tempo frio…tão frio e desconsolado
Qual ciclo de uma estação que se quer bem agasalhada

O sol ainda envergonhado saboreia as
Derradeiras luminescências de um dia frio
E desolado, cortejando cada imutável e subtil
Silêncio neste inverno que chega quase invulnerável

Frederico de Castro

Nos píncaros do céu





No açude do tempo galgam-se as margens
Deste céu ameno correndo fiel pelo leito
Da esperança, purificada, sedenta, unificada

Lá nos píncaros do céu brilhará aquela estrela
Fulgente e consolada, baptizando na nascente da fé
Minh' alma embutida numa oração deveras inebriada

A noite por fim cerrará as pálpebras ao dia desamparado
Crendo decerto que amanhã dos áureos e primorosos sonhos
A vida noivará cada palavra contida nestes versos impetuosos

Frederico de Castro

Caudal de ilusões



Num caudal de ilusões diagonais o poente transfunde-se neste
Indolente eco egoísta, íntimo, transparente e desproporcional
Petrificada e quase fossilizada a luz geme quântica e tridimensional

Num manancial de sussurros o silêncio apazigua uma carícia epitelial
Sorve ávida todo o diluvioso uivo rimando com um desejo temperamental
Assim se propagam as palavra dormitando numa brisa perfumada…tão passional

Frederico de Castro

A escuridão de dentro



De fora para dentro a escuridão
Repercute este silêncio tão nefasto
Dispersará cada gomo de luz flertando
Este breu absurdamente mais vasto

Cairá além a noite, mortiça, destemida
Delatando muitas emoções impregnadas de
Solidões madrastas, até se dissiparem na caleira
Do tempo tantas coagidas memórias quase anestesiadas

Frederico de Castro

A última Bossa




- Para Jão Gilberto

Ao ritmo do romance baila a Garota de Ipanema
Deambula dengosa pelo violão do Gilberto
Suprindo elegantes notas que me deixam boquiaberto

Qual oferenda perfumada dedilhas Samba de uma nota só
Recrias o Corcovado, deixas Desafinado qualquer silêncio e
Com Água de beber se afogam todas as Águas de Março

Com paixão incomensurável a bossa nasceu um dia
Às mãos do João…que com emoção Jobim, Caetano
Roberto e até Sinatra as cantaram de coração

Um cantinho um violão só mesmo nas tuas mãos
Da janela vê-se o Corcovado e até o redentor, ah, decerto
Cristo gostou e aplaudiu todo esse teu jeito tão sedutor

Mais colorida ficou aguarela do Brasil, Coisa mais linda
Nunca vi pois na pele da Rosa Morena bailam Voçê e Eu
Numa manhã de Carnaval orquestrada em todo seu apogeu

Frederico de Castro

Desejos pirómanos




Gotas de luz incandescentes resvalam pelos céus 
Espessos e tão obscurecidos como lágrimas que se
Esfrangalham além erráticas, quase convulsas

De tristeza sei que chora a noite relapsa, tão
Magoada, tão persuadida solidificando este breve
Crepúsculo que jaz além fronteiras bem expandido

A luz adoeceu e recostou-se na marquesa do
Tempo que regredindo abala desiludido, algemando pra
Sempre uma hora desnorteada, tumultuada…tão ofendida

Languida e esperançosa sangra a sombria manhã
Deixando imensas cicatrizes evocadas no mausoléu do
Tempo hausto, flébil, às vezes profano, outras febril e tirano

Absorvo deste silêncio um eco castrado, quase desumano
Cerco a ebúrnea e fina ilusão num cântico infinito e melómano
Onde tombam os lamentos latejando sempre tiranos…quase pirómanos

Frederico de Castro

Entre paredes...entre palavras



Entre paredes ergue-se um muro de palavras tão enobrecidas
Exprimem numa prece a fé absoluta, apaixonada…unânime
Dormitam à sombra da esperança poética fenomenal e longânime

Entre paredes decifram-se hieroglíficos irreveláveis…tão imutáveis
Na escuridão seus ecos transcendem mil lamentos quase irrefutáveis
Famintos os olhares resvalam a bordo de tantas palavras descartáveis

Frederico de Castro

Na foz do tempo




Perco-me na foz deste tempo escorregadio
Amadurecendo cada hora suada, faminta,
Enxotando o silêncio degustado num lascivo
Momento de prazer que agora pressinto

Recompõe-se a solidão depois de deixar interdita
Outras tantas saudades quase inauditas
Vicia-se destas bucólicas palavras embebedadas
Até ao frémito de mil caricias sempre bem respaldadas

De muitas ambíguas ilusões se converteu a noite
Deixando esfarrapadas quaisquer memórias que depois
Se dissipam pela madrugada ternamente apaixonada

Com um elã fantástico renasce o dia alijado em breves
Sussurros quase assombrados deixando-nos fartos,
Despertos, impunemente carentes...mas tão saciados

Frederico de Castro

Amor absolutista




No descampado na noite floresce um
Breu nefasto tão pessimista, lesando uma
Caricia que ficou senil e quase autista

No vão do tempo perdura uma hora grávida
Tão espiritualista demarcando as fronteiras
Onde o amor absolutista assim acontece

Partículas de emoções quânticas pululam entre
Ilusões hipotéticas e fantásticas, palpitando além
No panteão das palavras caoticamente mais simpáticas

No langor da madruga germina um verso lírico
Serpenteia na fecundidade deste desejo em cativeiro
Até que adormeça enroscado num subtil afago derradeiro

Frederico de Castro

Jornada etérea




Expiro da luz ténues sombras
Encrustadas nesta meiga melancolia
Para que depois nenhuma dúbia palavra
Feneça entre o halo deste silêncio repressivo

Nesta longa jornada etérea caminho léguas
Rumo à doce e peregrina esperança persuasiva
Além onde passeiam caricias ressacadas
Recostadas nesta propicia fantasia tão ostensiva

Supre-me esta noite proscrita toda a solidão abusiva
Mascarando cada hora errante fluindo num eco traquina
Fadado a uma fé e a uma oração decerto mais adesiva

Desliza nas memórias rentinho à saudade uma lesada
Lembrança quase erosiva, deixando um póstumo e inflexível
Silêncio a deambular na madrugada envergonhada e irredutível

Frederico de Castro

Nas asas da liberdade



Nas asas da liberdade vadia a vida e uma prece efervescente
Vicejante enamora-se da fé luminosa, deliciosa e mui delirante
Envaidece a manhã mergulhada na invulnerabilidade do silêncio possante

Nas asas da liberdade o tempo sem lapsos ou tédios imensuráveis
Catapulta aquele eco inóspito, letárgico e contenciosamente inexorável
Deglute-o até este rechaçar toda a solidão embutida numa palavra tão irrefutável

Nas asas da liberdade a esperança brame e apascenta uma rima mais colorida
Apura a mais sublime e insinuante emoção embalsamada nesta alegria comovida
Deleita-se na exuberância e na perpetuidade da liberdade fecunda e descomedida

Frederico de Castro

À sombra do silêncio




Meço a noite que se esconde numa hora
Vergada…tão desacertada, onde o tempo
Dilacera cada segundo sumptuoso fluindo
Pela espessura deste silêncio sempre impetuoso

Cerzidos na cambraia da noite acoitam-se entre
Nós pequenos gomos de luz agora reconciliada,
Qual diapasão para tantos ecos rugindo
E latindo com tamanha sofreguidão

Frederico de Castro

À sombra das sombras




À sombra das sombras repousam
Tantas horas acossadas,
Deixam um quisto de solidões
Tão tumefactas ruir entre
Palavras inconfessadas

Debruçada sobre as memórias
Quase anestesiadas, sossega um
Absoluto lamento assediado
Deixando tresmalhado um sonho
Fiel…quase plagiado

Frederico de Castro

Indulto para a solidão




Restam da escuridão sombras asfaltadas
Numa luminescente manhã desbravada
Insuflam aquela subtil neblina que sem custódia,
Amordaça minha solidão sempre catapultada

Crio versos e sílabas apaixonadas flutuando
Pelos batentes do tempo num vai vem indultado
Inspirando a força das palavras astutas, dotadas
Deixando o silêncio com ganas de gritar quase molestado

Perfumadas pelo olfacto do tempo excitam-se loucas horas
Tão atarantadas, gravitando sob um manto de espessas
Brumas escoltadas por pequenos gomos de ilusão arrebatada

Além, um bando de silêncios exultam bem ostentados
Desmembram emoções que só eu interpreto enquanto
Peneiro a saudade andarilha, latente…desconcertada

Frederico de Castro

Maresia amordaçada




Na penumbra da minha solidão repousa
Um sonho quase encurralado
Fica de vigia durante a noite que se
Entranha pelas frestas deste silêncio dissimulado

Dentro do intimidante olhar perscruto a noite
Que se ausenta ao sabor de uma onda estimulada
Deixo todas as tenras brisas fluir na imutável
Bebedeira de palavras poéticas e bem arquitectadas

A memória ficou inalterável, tão avassalada
Rendida a tanta saudade que trepida arrojada
Até desatar os nós a cada caricia ali estatelada

Jorra do silêncio um mar de lamentos vigorosos
Despertam na maresia que ficou amordaçada
A uma réstia de emoções saborosas e aduladas

Frederico de Castro

Meu cais




Estou junto ao cais acostado às bermas da solidão
Mais frenética, mais astuta, buliçosa e tão hipotética
Deixo a maresia afagar minha prece sentida e poética

No meu cais as marés dormitam afogadas em ondas simétricas
Na quilha dos silêncios ondulam sonhos e desejos aritméticos
Prevalecerá no tempo todos aqueles sorrisos tão magnéticos

No meu cais o poente transforma-se num sedento beijo estético
Alerta e vigilante o tempo simplesmente falece a jusante
O cosmos chorará e amparará cada impercetível lágrima ofegante

Frederico de Castro

Perdido nas brumas do tempo




Conspirador o tempo flutua fluidificante e desleixado
Cada palavra gretada aviva seus ecos felinos e despenteados
Neste silêncio peregrinam tantos segundos imberbes e desgrenhados

Perdido nas brumas do tempo o tempo agora provisório e temporário
Capitula confinado às entranhas de um desejo voraz e tão precário
Afetuosamente remido o silêncio perece, absurdo, esgotado e perdulário

Frederico de Castro

Silêncios indesvendáveis



Desancorada a luz flutua ao longo do horizonte estático
Analógicos são os silêncios fluindo no poente algo enigmático
Só um estóico e obstinado sussurro adormece além subtilmente profilático

Desencaixotado o tempo liberta cada hora resoluta e inabalável
A saudade desempoeira um gomo de solidões genéricas e inevitáveis
Sobre a melancolia de uma prece nostálgica fervilham palavras tão inolvidáveis

Sinto e saboreio a gastronomia das memórias famintas e imperscrutáveis
Farto-me de divagar ao colo das maresias secretas, inconcussas e irrefutáveis
Fecundo toda esta luminescência esculpida numa enxurrada de silêncios indesvendáveis

Frederico de Castro

No vazio da noite




A noite esvaziou-se numa escuridão quase eremita
Desceu às profundidades de cada emoção proscrita
Deixou uma sombra bizarra adormecer ali tão solícita

No termómetro da solidão aquece uma febril ilusão atraída
Doces melancolias amaram á beira da fé agora ressarcida
Uma ríspida brisa desfila ao longo desta prece enaltecida

Pálidas palavras vagueiam pelas caleiras do tempo foragido
Um punhado de lamentos ariscos degola um eco combalido
Rebelde e astuto o silêncio prevalece barbaramente entristecido

Frederico de Castro

Pelas frestas da noite



Crua e cruel esculpe a noite esta escuridão dispersiva
Cada eco prenhe pulverizou uma gargalhada sedativa
Nos olhos imprime-se qualquer lágrima triste e convulsiva

Pelas frestas na noite passeia um luar insuportavelmente comutativo
Na absoluta depuração dos silêncios vagueia um afago competitivo
Assim envelhece a noite dormitando ao colo de um breu tão hiperativo

Regala-se a solidão lastimando a ausência de cada sussurro implicativo
Na sinagoga das preces amaram palavras universais, instantâneas e perceptivas
Enchem a alma com indecifráveis emoções autógenas, deliciosas…tão nutritivas

Frederico de Castro

Silêncios e instantes



Num instante o silêncio colide com uma simbiose
De ecos prenhes, indigentes e tão imprescritíveis
São o soporífero para minhas memórias quase inacessíveis

Uma radical fosforescência vadia pela horizontalidade
Dos céus ígneos voláteis e absurdamente indescritíveis
No index do tempo pairam palavras proíbidas e irredutíveis

Em plena combustão todas as solidões alastram impulsivamente
Na geometria dos desejos traço a esquadria a uma carícia tão permissível
Ali, brandindo o silêncio, a alma recheia cada beijo e cada afago mais irascível

Frederico de Castro

A ser amor...




– A ser amor…
Tínhamos que sentir, sem ter que suportar
Satisfazer nossas almas em silêncio
Mesmo que por vezes incomunicáveis
Ver nelas repercutido nossos beijos insaciáveis

– A ser amor…
Tínhamos que desembarcar
No mar das noites longas
Navegar nas maresias da paixão
Confundindo-nos entre ondas que
Nas margens reverberam plenas de emoção

– A ser amor…
Teríamos que nunca padecer de saudade
Nunca perder nossa razão em razão da verdade
Ser imbatíveis na procura da liberdade
Fertilizar a vida e o amor repleto de criatividade
Com palavras engalfinhadas na serenidade

– A ser amor…
Vamos legitimar cada beijo sancionado
Abraçar a solidão que desabrocha inflacionada
Tempestuosa e prenhe de tenacidade, reerguendo
Na inóspita manhã, intimas luminescências
Ferozes, sagazes, bebericadas com unanimidade

– A ser amor…
Seriamos mais aperfeiçoados
Para nunca sequer conter nossas lágrimas
Assim que estas se debrusçassem  entre lençóis
Confidentes e apaixonados, ateando fogo à
Selva de desejos muito bem esmerilhados

– A ser amor…
Não haveria perdão ou castigo
Porque na mansão do amor se recriaria
Toda esta paixão nobre, fiel e equitativa
Adornando beijos e palavras tão superlativas

Frederico de Castro

Deus o Poeta Maior




Brotam no dia ansiosos gracejos castos
Fazem mil vénias ao silêncio que brada
De repasto em repasto até parir um osmótico
Lamento indubitavelmente farto e apoteótico

Sussurram as nuvens baixinho entre chuviscos
Aleatórios deixando à mercê do tempo uma cerrada
Hora flertando a saudade cuidadosamente encastrada
Entre as reticências da vida vagarosamente adestrada

Raios de esperança legendam
A fé renovada sorvendo cada oração
Madrugando nas gotículas de luz em reclusão

Por ali passarinham salmos e cânticos
Trepidantes colorindo todo o altar do Criador
Qual poeta maior, exuberante e conciliador

Frederico de Castro

Laje do tempo




Sob a laje de tempo ergue-se uma hora

sustentando os pilares da fé, qual dinâmica das
forças e tensões suspensas no aço da
estabilidade tão quântica

Frederico d Castro

Meu infinito silêncio



Neste perplexo e preciso instante do tempo o poente
Embebeda-se com um luminescente e infinito desejo estrupido
Ao sabor do incicatrizável silêncio fenece cada segundo mais insípido

No meu infinito silêncio bradam as alamedas dos lamentos vulneráveis
De ressaca transbordam melancolias tão perduráveis…tão insuportáveis
Em desassossegos o tempo cristaliza o frenesi de palavras quase indomáveis

Fredercio de Castro

Na teia do tempo




Costuradas no naperon de palavras dóceis imerge
Uma teia de memórias versáteis… tão fiáveis,
Qual trégua no tempo deixam duas horas a pairar
No meio de tantos aromáticos sonhos muito maleáveis

Frederico de Castro

(À)cerca da solidão...




Uma hora solitária atropela o tempo
Que morre lentamente no patíbulo dos
Dias gradualmente mais penosos

Além, em segundos e tão debilitada
A esperança esperneia no estertor
Do tempo madrugando qual desertor

Nos ciclos da memória alimento só a
Saudade passageira, costurada em cambraias
Finas enegrecidas pela solidão premeditada

Desbotado o silêncio sangra pelas agruras
Da noite chegando decapitada onde se evapora
No vazio das palavras esta estrofe triste e rejeitada

Na cerca da solidão mais diligente outorgo uma
Caricia quase astuta, promiscua, tão gratuita
Deixada além na trincheira das paixões mais altruístas

Frederico de Castro

Countdown




Horas tóxicas envenenam cada ano que se esvai lentamente
Reencontram tantos centésimos segundos que fenecem
Dilacerados por um lamento…assim tão indubitavelmente

Contrita a manhã espezinha os últimos ecos que se
Reerguem além no paredão das solidões diligentes
Mesmo antes do tempo regurgitar seus ais tão dissidentes

Frederico de Castro

Pelas artérias da noite




Languido como uma onda esperançosa evoco na
Madrugada, um incoercível silêncio que sangra
Rastejando pelo lajedo deste tempo tão passível

Num empíreo momento de solidão passou a morar na
Minha memória uma desconsolada e lauta escuridão deixando
Nas artérias da noite amarar um concupiscível breu em reclusão

Repousa nos braços da manhã revigorada e indiscernível
Flácidos beijos, condecorando a cidadela dos prazeres onde
Estanco com caricias esta ilusão inflamada e incorruptível

De perpetuidades e desejos ardentes revela-se este sonho
Drenado com memórias espontâneas, qual fadário momento
De solidões interligadas…inexoravelmente excomungadas

Frederico de Castro

Realidade paralela




Acomodei-me a este silêncio que foge numa
Nesga de tempo deixando no receituário da vida
Dois cálices desta solidão bem dirimida onde depois
Me embebedo qual doido varrido

Pousou aos ombros da noite esta realidade
Paralela consolidando toda a escuridão quase
Tridimensional, para esta angustiante partida
Num poente deambulando acolá tão extravagante

Deixei a noite fragilizada, em cacos
Caminhei pelos últimos degraus desta ilusão
Quase bárbara e ultrajante, antes mesmo que
A madrugada feneça nesta hora vazia e relutante

São só mesmo um punhado de lamentos esquecidos
Encurralados à silente escuridão onde se aquartelam
Dois centímetros de um silêncio muito apetecido ou a
Génese da amizade que resguardo mais que enternecido

Frederico de Castro

Um em cada cinco...



Um em cada cinco segundos desmorona-se além no
Parapeito das solidões sufocantes, elípticas e viciantes
Caiem em tentação no recobro dos desejos mais emulsionantes

Um em cada cinco silêncios amara no tempo que fenece vacilante
Incansáveis desaguam nas margens poéticas de um verso intenso e insinuante
Colidem ininterruptamente com um fértil e fecundo eco…quase hilariante

Um em cada cinco segredos dispersam-se nas memórias mais mirabolantes
Transfundem ilusões incessantemente apaixonadas, absurdamente inebriantes
Planam naquelas colossais luminescências obsessivas, apaziguadas e sobrepujantes

Frederico de Castro

Além do luar...




O silêncio desvela uma solidão
Elegante…quase prodigiosa
Confunde-se com a noite que
Comovida adormece ao sabor
De um luar tão harmonioso

Tanto luar para uma escuridão
Mui graciosa, sempre contagiosa
Tanto silêncio serenando a anatomia
De muitas palavras quase pressagiosas
Semeadas ao longo de preces audaciosas

Frederico de Castro

Musicando nas nuvens




- para o Ciro e Lucas...meus filhos


Renasce além nas asas do tempo
Um cântico sensibilizado e feliz
Vasculha todo este silêncio mediatizado
Rompendo a alva que chega hipnotizada

Estendido no horizonte das memórias
Estreabrem-se os céus mais virtuais
Algemando e asfixiando tantas palavras que
Resguardo dentro das emoções tão cordiais

Frederico de Castro

Poente nas Astúrias




Como é doce o poente nas Astúrias
Partilhá-lo e amarrá-lo no imaginário
Horizonte de cada eco pujante e mercenário

Escondido no tempo além dormitando cromático
Flutua um dormente silêncio mui tranquilo e automático
Assim se disfruta deste ponte reinventado, flamejante e profilático

Frederico de Castro

Reflexivamente



Abstrato e abruptamente o tempo divaga pelo miolo
De cada segundo inerte desequilibrado e prepotente
Avidamente a manhã espelha sua fluorescência persistente

Reflexivamente cada hora repousa no algeroz das palavras fiéis
Hirto o silêncio ergue-se e rodopia no meio de cada eco consistente
Deixando refletir a luz e todas as gotículas desta fé imensa e mais atraente

Frederico de Castro

Silêncio soporífero




Costurada entre os bilros do silêncio
A manhã segrega furtiva, aquele perfume
Chuleado entre ágeis caricias tão atractivas

Nesta adocicada alvorada fervilham ilusões
Sempre na expectativa, para que superlativas
Emoções aticem orações sempre muito apelativas

No dorso do tempo resiste uma sequela de silêncios
Frívolos, radicais e tão especulativos, alimentando
A estética soporífera de muitos sonhos quase subjectivos

Candidamente o dia reporta à solidão quantos lamentos
Inócuos a memória retém ainda que evocativa e abnegada
Num velório de lágrimas carpidas por palavras tão embriagadas

Frederico de Castro

A duas léguas da solidão



A duas léguas da solidão deambula a maresia resignada
Sem sinais de vida cada onda além perece quase esganada
Sem toscanejar a manhã apazigua uma luminescência desatinada

A duas léguas da solidão dormita a maré de silêncios dominados
Imperturbável o tempo submerge num tsunami de ecos miscigenados
Em pânico desmaia o oceano infetado por um rumor de desejos apaixonados

Frederico de Castro

Descortinar




A manhã descortinou uma luminescência
Estonteante que fluía além tão bamboleante
Deixou à janela uma quietude colorida e ofegante

De vigília a esperança repercute um prolongado
Eco camuflado de sonhos tão arbitrários e pujantes
Aloja-se no meio de palavras prementes e retumbantes

A esperança agora mais viável tinge cada oração
Com cânticos impregnados de amor mais apaixonante
Redime até a solidão escudada num desejo emocionante

Frederico de Castro

Irrefutável silêncio




Sem destino a tardinha irrompe pelo
Silêncio tão pedante, deixando a sangrar esta
Escuridão absolutamente mórbida e intimidante

A solidão rebelde renasce vitoriosa alimentando
Um penacho de emoções muito redundantes
Detentora de intermináveis sonhos tão exuberantes

No ciclo das horas que vadiam pelas almas apaixonadas
Migram caricias indubitavelmente intermináveis
Desfecho para tantas alegrias excessivamente irrefutáveis

O poente saturado e humilde absorve todos os intimidantes
Breus que navegam além numa onda frágil e estonteante
Recosta-se por fim até adormecer aquele derradeiro silêncio excitante

Frederico de Castro

O poderio do cio




Incomunicável deixei todo o meu silêncio
Estender-se pela macilenta noite desfeita em
Erotizantes lamentos tão corpulentos, pronuncio
De turísticas ilusões que um sorriso ainda enfeita

No jardim dos meus sonhos florescem ternas
Ávidas e endoidecidas buganvílias
Dormitam nos cipós do tempo perfumado de
Tantos equatoriais desejos apaixonantes

Desabam em mim quais plumas flamejantes
Indivisíveis momentos de prazer galopando
Até aos píncaros da alma embebedada e pujante

O poderio do cio converte-se agora em tantos
Beijos quase fulminantes e depois manifesta-se
Lá das profundezas do amor assim ofegante

Frederico de Castro

Silêncio iniludível



São tantos estes silêncios quase iniludíveis
São imensas as ondas que além jazem audíveis
Amaram esmagadoras ao longo destas margens aprazíveis

Ao longe submerge o poente tão solitário e indescritível
A noite pondera embebedar-se num felino breu quase corruptível
A escuridão gatinha amparada a esta cúmplice rima sempre irresistível

Frederico de Castro

Tanto mar ali à deriva



Tanto mar ali à deriva…e cada onda castrada pelas
Diabruras de uma carícia imensurável, amara além irrevogável
Acumula-se no tempo um grávido desejo esdrúxulo e indevassável

Tanto mar ali à deriva… e o oceano confinado à abissal profundeza
Dos lamentos embriagados, intoxicados e avidamente obcecados
Acarinha e afoga-se em tantos perversos sussurros quase calcificados

Tanto mar à deriva…e a vida a navegar resoluta, poética e bonificada
Tantas preces ávidas, abarrotadas numa fé imensamente reivindicada
Tantas memórias fluindo na torrente da esperança fiel, zelosa e esterilizada

Frederico de Castro

Albatroz



Flutua além uma brisa escorregadia, enamorada e asfixiante
Nas asas de um albatroz esvoaça a vida gotejando qual
Gota de luz primaveril, quântica, harmoniosa e tranquilizante

Nos céus etéreos, vastos e oceanicamente refrigerantes some
O tempo recheado de perfumes tridimensionalmente exuberantes
De alegria cada nuvem rega minhas preces insaciáveis poéticas e excitantes

Frederico de Castro

Derradeiro silêncio




Invisível ao luar a noite propaga-se infindável
Satura todo o breu adormecido em lençóis de cetim
Convertidos em derradeiros delírios que regozijados
Afagam um latido, um gemido tão arrojado

Imóveis ao luar pestanejam sombras elegantes
Alimentam mil rabiscos de palavras que flamejam
Ao sabor de uma estrofe deveras desconcertante
Além onde a maré adormece marulhando esfuziante

Num derradeiro silêncio quase febril e fragrante
O poente apascenta por fim a noite que além vaidosa
Se estira no camarim desta maresia opulenta e amistosa

Sem estrilhos cada hora adormece ao colo de uma
Brisa conciliadora e portentosa, lambendo com gula
Garbosas palavras sempre inspiradas…sempre zelosas

Frederico de Castro

Leves brisas, leva-as o vento...




Tecida numa manhã arrebatadora
Fluem labirínticas brisas entre um
Passivo silêncio absolutamente devastador

Obsessiva a luz pranteia deixando cair
Duas lágrimas num ébrio eco confortador
Último acto para um lamento tão sustentador

Além sibila uma brisa sempre inspiradora
Perfuma cada verso com uma caricia mitigadora
Escraviza uma rima refrescante e purificadora

Brota da solidão um peregrino silêncio tão
Místico, que a alma ainda que acabrunhada
Encandeia uma hora que breve se inflama assanhada

Frederico de Castro

O que está pra vir...



Flameja o céu e o horizonte de preces condescendentes
A fé ainda que matutina desatina tantas alegrias exigentes
Cada hora encaixa perfeitamente em mil segundos impacientes

Nas falésias do tempo flutuam imarcescíveis silêncios urgentes
Sem alarde seus ecos amamentam o vício dos sorrisos reincidentes
Seus fluidos lubrificam a maresia de palavras cativantes e tão penitentes

Resta à esperança e ao que está pra vir, tatuar a manhã com a beleza
Das gargalhadas indómitas, gigantes, heterogéneas e sempre excitantes
Deixar a chafurdar no silêncio ortográfico este imenso poente mais vibrante

Frederico de Castro

Penumbra passageira




Amontoam-se a jusante conturbadas lágrimas
Solitárias guarnecendo a forasteira noite onde
Anestesio cada palavra decerto tão desordeira

Pela penumbra da madrugada passeia uma caricia
Quase corriqueira deixando lotada a solidão abreviada
Com cânticos de esperança momentaneamente aliciada

Esborratada a memória projecta-se no tempo respirando
Todos os insanos desejos e prazeres mais levianos
Ficando sem autonomia cada beijo travesso...quase profano

Ostentei e aplaudi este tísico silêncio quando vandalizei um eco
De prazer tão tirano, tão esquivo até contornar a imensidão de
Sonhos inacabados, infestados de sentimentos sempre logrados

Frederico de Castro

Plágio do tempo



O tempo plagiou cada segundo inerte e subestimado
Desprezou um decímetro deste silêncio quase inanimado
Projetou no tempo um côvado de lamentos tão exaltados

Incrédula a noite amadurece desnuda, sensual e esfaimada
Ali prazerosamente a solidão resguarda a fé muito mais abismada
Ali se permutam e tateiam caricias apaziguantes e entusiasmadas

O tempo amancebou-se com tantas palavras fecundas e desassombradas
Onde se perscrutam cúmplices ilusões voluptuosamente apaixonadas
Onde se raptam inenarráveis emoções imprescritivelmente sincronizadas

Frederico de Castro

Resignação e serenidade



Neste consubstanciado silêncio esboroam-se tantos
Milésimos segundos impacientes e tão driblados
Sem unanimidade jazem embalsamados em uivos conformados

Apoquentada a noite apascentará toda a solidão submissa e mais anafada
Ali colidirão ebulitivos lamentos tão comestíveis, tão famintos e descartados
Tal qual aqueles energúmenos desejos sempre prenhes e absurdamente desejados

Como ardem e flamejam estas solidões frementes, frenéticas e desassossegadas
A cada hora que passa estilhaçam-se palavras efervescentes e tão massacradas
Furtivas ondulações de preces amaram no oceano de angústias quase mendigadas

Frederico de Castro

Sob brisas sussurrantes




Na fronteira do silêncio esbarrou uma hora
Inconveniente, inoportuna e dependente
Ficou na antecâmara do degredo mais dissidente

Sob brisas sussurrantes a noite pulula numa escuridão
Decadente até ladear uma imensidão de lamentos indivisos
Acobardados nesta minha prece contrita e subserviente

Amortalhados e embebidos num gomo de silêncio
Fenecem dois segundos escrupulosamente
Asfixiados num eco ardendo, ardendo incandescente

Ao longe soam desgarradas canções roendo o
Caruncho das manhãs que chegam sempre iridiscentes
Deglutindo imarcescíveis palavras agora tão coincidentes

A madrugada decresce e apronta-se para o dia
Enrodilhado em obcecados gomos de ilusão surpreendente
Até povoar minha alma com pungentes gargalhadas tão candentes

Por isso faço da poesia minha voz ecoando livre, independente
E não há grilhões que prendam sequer uma destas palavras clarividentes,
Pois dentre os escombros da vida elas ainda e sempre soarão resistentes

Frederico de Castro

Além da luz...




Além da luz morre toda a claridade
Obscurecida por esta solidão latente
Oblíqua e tão omnipresente

Além da luz desfalece dolorosa uma hora
Fugidia tão rigorosa, deixando na osmose dos
Silêncios uma palavra irrequieta e tão medrosa

Além da luz recobra uma ilusão poética e fervorosa
É sedutora, é audaz é viciante e tão glamorosa
Jamais abdica de uma caricia desejada e cheia de prosa

Além da luz amanhece a manhã desvairada e conflitante
Ostenta uma subtil e quântica solidão que se esvai ofegante
Num gentil gomo de esperança apaixonada e muito empolgante

Frederico de Castro

Razão de viver




- para o Lucas com amor

A noite vadia flui num cortejo de lamentos
Às vezes tão acabrunhados
Gravita na rota de um eco erecto suspirando
Absolutamente desdenhado e insurrecto

Tão sôfrega, tão desejada, a esperança
E a fé sacodem cada palavra empoleirada
No altar do amor dando à razão a sísmica
Esperança de viver ainda mais arrojada

Frederico de Castro

Varredor de emoções




Permuta a solidão com o tempo uma hora tão transparente
O silêncio desanuvio inequívoco e acelerado trilha todos os
Lamentos que além se quedam ofegantes, felinos e inoperantes

Nas ruas varre-se a tristeza para debaixo das solidões itinerantes
Inventam-se palavras que perscrutam vícios e prazeres beligerantes
Cavalgam-se emoções platónicas, incendiárias e tão, tão delirantes

À porta do olhar mais sereno fenece o dia voraz e insignificante
Todos os segundos estremecem eruptivos explosivos e errantes
Nos céus o silêncio prolonga a sinestesia das memórias mais divagantes

Frederico de Castro

A dois côvados da solidão




A dois côvados da solidão deambula a maresia resignada
Sem sinais de vida cada onda além perece quase esganada
Sem toscanejar a manhã apazigua uma luminescência desatinada

A dois côvados da solidão dormita a maré de silêncios dominados
Imperturbável o tempo submerge num tsunami de ecos miscigenados
Em pânico desmaia o oceano infetado por um rumor de desejos apaixonados

Frederico de Castro

Lá no céu dormita o silêncio



Bem lá em cima dormita o silêncio pousado num ramo
De luminescências perfumadas, açucaradas…tão enamoradas
De braços estendidos o dia adormece a bordo de uma brisa recatada

Bem lá em cima dormita o céu rugindo num fiel poente embebedado
Repleto de memórias o tempo vagueia sincronizado a um afago mimado
Distante, tão distante ouve-se o rumor de um segundo fluir tão piedoso e alentado

Frederico de Castro

Maré dos silêncios


Um grão de luz insuspeito penetra
Nesta maré exponencialmente
Desejada, até se aconchegar entre
Os cílios da noite agora indultada

Na clarabóia dos silêncios marulha uma
Onda tão grata, tão denodada que me atrevo
A seduzir todo o abecedário de palavras inspiradas,
Impregnadas por esta maresia além conspirada

Frederico de Castro

No limite da noite




Na extremidade do silêncio pernoita
Um eco preso a uma gotícula de luz
Tão meteórica...mais que feliz, quase eufórica

Deixa na arena da escuridão uma palavra
Gladiando cada subtil caricia em festejo
Num drible de rimas que nem mesmo eu antevejo

Sobrenatural a solidão chega de mansinho deixando
Todos os gemidos aquartelados neste sensual
Silêncio luxuriante e muito flagelado

No limite da noite deixo de lamber aqueles lamentos
Onde outrora me alucinava refastelado com beijos vindos
De uma lúcida insanidade quase rebelada

Vou digerir no limite da noite uma recordação fantástica
Deixando no escaparate da vida a cronologia de muitas
Gargalhadas intemporais...sempre tão laboratoriais

Imune ao ignoto tempo que vagueia em cada hora senil
Atulho nas memórias esta fiel ilusão desmazelada clonada
No putrefacto momento de solidão quase acotovelada

Frederico de Castro

Sereno peitoril da solidão



Sem autonomia a solidão encosta-se ao peitoril dos silêncios driblados
Ali exorcizam-se lamentos insuspeitos apocalípticos e excomungados
Devagarinho, de mansinho, escoam e beliscam-se desejos quase esfarrapados

No sereno peitoril dos silêncios o tempo dormita seduzido, esquivo e exumado
A um passo das loucas memórias a saudade traveste um intemporal eco expurgado
Louca varrida é a solidão mordiscando os calcanhares a este verso quase prognosticado

Frederico de Castro

À beira da solidão




A manhã solta uma ventania de solidões agrestes
Flui dentro daquela hora estatelada num segundo
Diria quase funesto, para depois se perder desintegrada
À beira de uma temível emoção tão depauperada

Lacrimeja o dia sombrio, numa enorme comoção
Embriaga-se de tantas lágrimas quase dilaceradas
Fica mudo e quedo ostentando só uma tentação
Refastelada na guarita de muitas ilusões desesperadas

Sem interrogações, exclamações e outras considerações
Seduzo a memória repleta de saudades obsoletas,
Oh, abençoada rima trajada com palavras inspiradas e irrequietas
Onde se acasalam estes silêncios que um eco viril depois espoleta

Frederico de Castro

Ah, essa leve brisa...



Ah, essa leve brisa, que em mim levita e excita tão infinita
Alimenta uma viral pandemia de ilusões virtuais e explícitas
Expulsa e espevita tantas rogatórias palavras quase proscritas

Ah, essa leve brisa, tão levemente ígnea, voraz e incandescente
Unge todo o vocabulário de uma emoção carente…mais urgente
Intocáveis luminescências desmaiam à beira deste silêncio resplandecente

Ah, essa leve brisa flébil, flexível, elástica e absolutamente indigente, 
Valsa pelo horizonte fluidificante, ardente, veemente…tão paralelamente
Como que saudando a metamorfose de luz fluindo, fluindo mais convergente

Frederico de Castro

As formas da água




Rente à manhã renasce a luz do dia tão prenhe tão astuta
Sagaz cada hora encandeia a paz quase infinda, quase absoluta
Ali se batiza a esperança sorrindo e gargalhando mais impoluta

As formas da água são circunflexas, curvilíneas ou complexas
São como obstinadas orações fecundas e absurdamente convexas
Dão de beber à sedenta fé refrescante, apaixonada e tão perplexa

Frederico de Castro

Foi-se o Verão




Fica à espreita o Outono enroscado a este
Silêncio absurdo, ininterrupto e omnipresente
Destila nas veias da solidão pequenas pepitas desta
Emoção que se esvai indiscutivelmente omnipotente

FC

Indigente solidão



Indigente a solidão acontece derradeira e licorosa
Embebeda-se da noite trigonometricamente musculosa
Precisa, concisa e submissa mimoseia a escuridão tão portentosa

Numa cálice de orações inquietas esboça-se a fé mais espirituosa
Volatilizam-se lágrimas caindo no algeroz de uma carícia fervorosa
De corpo inteiro a solidão ordenha cada palavra fecunda e talentosa

Indigente a solidão prostra-se ao sabor das maresias tão melodiosas
Ébria de raiva esmaga-se no litoral das emoções mais artificiosas
Invisível apazigua um lamento contido na sinagoga das ilusões prodigiosas

Frederico de Castro

Por aqui fiquei



Por aqui fiquei… agarrado a uma rocha inerte e fraturada
Enclausurada a solidão a conchega-se à impermeabilidade
Das palavras mais fluidificantes, depurantes e incomparáveis

Por aqui fiquei…indefeso e algemado a cada hora permissiva
Inoculando e transfundindo eufóricas gargalhadas quase laxativas
Apregoando bífidas palavras numa ladainha de sensações tão criativas

Por aqui fiquei…embebedando-me em estáticos ecos insaciáveis
Vestidinho a maresia com arrojadas ondas de ilusões formidáveis
Até adormecer por fim entre os braços de tantos silêncios inesgotáveis

Frederico de Castro

A tentação da solidão




A tentação da solidão é alimentar uma emoção
Visceral, egoísta e ferozmente colateral
Deixa suas pegadas no tempo ruindo literal

Rompendo a imensidão de todas as incertezas
Cronometra-se cada hora fulminante e imutável
Desbrava-se o dia que nasce elegante e inesgotável

Conivente com aquelas brisas que além se desnudam
E oscilam absolutamente irresignáveis gravita a solidão
Peneirando do silêncio toda a plenitude dos sonhos indomináveis

Frederico de Castro

Acesso da noite




Fechado no invólucro do silêncio o tempo drena
Os derradeiros segundos hidráulicos e esdrúxulos
A milímetros da solidão escoam ecos sem escrúpulos

No lajedo da vida flutuam sussurros quase concupiscentes
Umidificam a derme onde pernoitam carícias tão latentes
Alinham as palavras onde se desnuda a caligrafia dos uivos prementes

Sem acessos a noite dormita no vão das escuridões mais recorrentes
Deixam em rodapé tantas desesperadas gargalhadas impenitentes
Içam as velas a todos os desejos, flamejantes, ígneos e contundentes

Frederico de Castro

Além do mar...




Além do mar bramir, escancara-se
De par em par um poente ígneo
Saturado e bem inspirado

Dilacera cada gomo de luz mais
Reflexivo e acurado, navegando na noite
Entre pequenos desejos felizes e regenerados

Frederico de Castro

De cabeça perdida




Entre as brumas do tempo
Desfragmentam-se tantas horas
Frágeis e sumaríssimas,
Envelhecem cada palavra agourenta
E sempre tão excitadíssima

À nora o dia perdeu a cabeça
Deixou-a além decapitada presa
A um sereníssimo silêncio ecoando
Tão resilente e agilíssimo...

Frederico de Castro

Grácil manhã




Terna e tão grácil desponta a manhã agitando os
Látegos ventos que açoitam aqueles entrelaçados afagos
Cingidos ao colo desta metamorfose que em nós eclode e em
Tantos, tantos carinhos num feliz sorriso gravitam e depois, implode

Terna e paciente a noite confunde-se entre os dedos
Da solidão que se esfrega no lajedo do tempo em reclusão
Petrificando a luz divagando intima pela corte dos desejos
Coligados na nossa repintada memória sempre em colisão

Espreguiça-se a solidão colorindo suas ternas fragrâncias
Dissimuladas num matinal momento de vida coagulada
Pincelando cada verso embebedado, delírando tão avassalado

Da nossa existência a saudade desenha um rascunho de sonhos
Temporários emprestando às carícias enfarpeladas o proficiente
Sonho matizado na universal grandeza da fé tão bem veiculada

Frederico de Castro

Grãos de luz




Regenerada a luz injecta no silêncio precoce
Uma balsâmica luminescência tão suplicada que
Se esvai depois pela escuridão e pelas persianas
De uma ilusão tão delicada…quase leviana

Frederico de Castro

Manhãs clarividentes




Com doçura escorrega pelo leito do tempo
Um silêncio etéreo, profuso e quase sideral
Contorce-se entre lamentos fiéis e concludentes
Forjando uma caricia feérica, confidente…colossal

A noite inoculada por ilusões passageiras
Amarinha pela cascata de memórias usurpadas
Contaminando toda a saudade que agora
Vocifera clarividente e encorpada

Inspirada e emancipada a manhã solta sua
Doce luz inocente e bem garimpada embalando
Todas as belas palavras melancólicas e assolapadas

Com um murmúrio infindo fecham-se as pálpebras
À solidão mais esfarrapada qual burburinho que lá vai
Num vento vadio fluindo auspicioso… assim mui devagarinho

Frederico de Castro

À beira do nada




Na estrada larga do tempo vadia
Um silêncio espezinhando tantos
Ecos sem prestígio, para gáudio das
Emoções sempre em litígio

À beira do nada a solidão mordisca
Uma amplidão de lamentos tão polémicos
Dragam tantas lágrimas enquanto as ilusões
Se recriam à beira deste tempo quase anémico

No recinto das memórias vai a enterrar uma
Saudade à nora, deixando perfilada nos umbrais
Da existência sem contestação, a fé indiscutível
Uma oração geminada com um sorriso sempre intangível

Frederico de Castro

Beijo à chuva



Num manancial de sussurros a noite desabou num aguaceiro de
Beijos e caricias tórridas intensas e supramentemente hipertensas
A noite sensual e aperaltada adormece acalentada por delicodoces
Gargalhadas fiéis, flamantes e absurdamente revigoradas

A escuridão caiada de fluorescências notívagas luzidias e petrificadas
Satifaz cada desejo escorregadio, degustado por palavras sobredotadas
Deixa o silêncio impaciente raiar nestas rimas perenes e ludibriadas
Tomba vicejante e saturada nos braços abençoados das ilusões mais delicadas

Frederico de Castro

E depois da meia-noite...




Quão nefasto se tornou este silêncio
Que nem disfarça um eco repudiado
Lamuriando um inculpe tempo
Fenecendo vorazmente renegado

Quão rejeitada a solidão ficou quando
A noite engaiolou a escuridão já banida
E dela se safisfez numa gargalhada
Grunhindo absurdamente aturdida

Alguns minutos para a meia-noite e depois
Todos os breus agora unidos despontam altivos
Apascentando a cordilheira dos silêncios
Onde o tempo sem messas sucumbe sem alarido

Frederico de Castro

Luxúrias na noite



Desregrado luxuriante e pecaminoso o silêncio
Esboroa-se na escuridão sensual flamejante e vertiginosa
Como viça aquela exuberante e abundante carícia endovenosa

Pé ante pé afago a gema de um eco libidinoso caótico  e saboroso
Às claras, descasco cada sussurro fluidificante...tão, tão vertiginoso
Qual gemada apetitosa degusto aquele uivo tântrico e astucioso

Frederico de Castro

Meiguices & maluquices




Tímida a manhã submersa numa neblina
Arisca percorre toda a astronomia de uma
Hora feérica aromatizada com palavras histéricas

No altar do tempo vestem-se as orações enérgicas
Com uma fé tamanha…quase colérica, até deglutir
Um querubínico silêncio, que além vai a repercutir

Com seus meigos sorrisos a memória acantona-se
Entre brisas etéreas, massacrando com acutilância
A solidão alencada nesta caricia grada e cheia e elegância

Renovam-se ilusões à chegada de uma madrugada
Fecunda e mitigada deixando que as meiguices e maluquices
Aconcheguem a alma lambuzada com imensos beijos quais gulodices

Frederico de Castro

Quase outono...



Quase Outono e o dia ali esquecido, paralisado e distraído
Quase silêncio e um lamento estático tinindo numa hora abstraída
Quase saudade esta memória perdida num cativo eco obscurecido

Quase insuperável brilha aquela luminescência feliz e absolvida
Quase um sonho pousando numa apaziguante solidão expedida
Quase uma lembrança abalroando esta faminta emoção redimida

Quase Outono e o tempo desenhando um versátil sussurro repelido
Quase transborda um afago deambulando na serotonina do silêncio estarrecido
Quase um adeus serpenteado pela gramática e o ritmo de cada verso tão foragido

Frederico de Castro

A noite e a escuridão




Estampada na noite a escuridão unta e afaga 
Cada gomo de luar que se esvai até a luz minguar
Enleva-se num eco resvalando pela ribanceira
De um sonho nunca antes revelado

Frederico de Castro

Fachada dos silêncios



Na fachada dos silêncios pintou-se uma negrura tão assustadora
Excretora a escuridão esbarra com uma hora fútil, senil e aterradora
Soberana a solidão esventra cada palavra dissonante e avassaladora

Na fachada dos silêncios, à derradeira e prevaricadora ilusão, rebocam-se
Nas paredes do tempo, rasgados e implorativos ecos tão purgativos
Ao virar da esquina a vida queda-se desinspirada e avassaladoramente contristada

Na fachada dos silêncios quaisquer lamentos personificam sussurros desalmados
Beijam o palato de todos os silêncios imponentes, majestosos e manipulados
Sucumbem por fim no imarcescível leito dos desejos vorazes e quase incivilizados

Frederico de Castro

O que nos resta da solidão




Absolutamente nada! Apenas o silêncio
Deglutido e alimentado pela doideza
De uma escuridão chegando e pousando
Num cacho de emoções cheias de subtilezas

O que nos resta da solidão…
Tudo e aparentemente nada! Talvez a
Incerteza de uma saudade belicosa
Esteio para uma rima insuflada e frondosa

O que nos resta da solidão…
Integralmente tantas palavras escamoteando
O vazio da inspiração que tão gulosa, adocica
Uma estrofe que quis um dia ser apenas prosa

O que nos resta da solidão…
Horrivelmente um hora que fenece desastrosa
Um silêncio incauto perfurando os tímpanos
A cada eco dissolvido numa brisa tão amistosa

Frederico de Castro

Os que partiram



Os que partiram deixaram pra trás suas angustias eternas
Seus desesperos orgânicos, desassossegados…quase titânicos
O tempo que passa, passa veloz, precariamente intimidado e epifanico

Os que partiram descalçaram emoções e lamentos em pânico
Alimentaram andrajosas gargalhadas de tristeza infame e esfarrapada
Quadruplicaram lágrimas que se afogam e esfumam na maré quase sufocada

Os que partiram prorrogaram na manhã toda a solidão sempre obstipada
Enjaularam cada hora perdidamente vagarosa, indiferente e açaimada
Ao longe, subtilmente, a luz entranha-se na quadrilátera ilusão tão esfarrapada

Frederico de Castro

Para lá do horizonte




Cheia de matreirice a noite floreia a
Face do tempo que insinuante perfuma
Aquela maresia colorida e tão apaziguante

Para lá do horizonte antevejo um aguaceiro
Que chegará contagiante, regando a terra que
Ávida se embebeda desta chuva tão excitante

No cortejo da solidão badala uma hora ofegante
Dormita aconchegada a uma sombra caiada de
Silêncios coreografados por este lamento agora saciado

Frederico de Castro

Porquê Outono...




Em servidão o dia recostou-se mansamente
Num tapete de folhas caindo, caindo copiosamente
Nas margens do tempo vejo chegar este Outono
Notificando o silêncio estridulando encarecidamente

Amanhã levantarei meus olhos para o céu e com
Arte pintarei a tela da solidão ardendo na melancolia
Dos dias esporadicamente aplainados nesta ilusão ovacionada

O tempo renasce escondido no abat-jour das emoções
Bem engalanadas deixando coalhar a luz mais refractada
E carcomida pela memória que brota devoradora e enfunada

Porquê Outono…porque sem remorsos as estações
Vão e vêm atolando-nos de saudades alucinantes
Vestem o esqueleto do tempo donde pendem suavizantes
Caricias incinerando o boreal momento com alegrias estonteantes

Frederico de Castro

Barricada dos silêncios




Fechei-me entre quatro paredes
Deixei barricada a solidão até esta
Se refastelar engajada num eco impulsivo
Trepidando na efervescência de um soluço erosivo

No horizonte que além se estende imperativo
Desespera um poente que fenece assombroso
Deixa tão perplexo este silêncio cativo
Potenciado por um sonho sofisticado e esplendoroso

No condomínio dos meus silêncios mora uma emoção
Pujante, poderosa e quase sempre ostensiva
Ah, como te desejo solidão inebriante e intrusiva

Nos lábios da saudade pousou um beijo casto
Perdeu-se despercebidamente num desejo obsessivo
Quedou-se na preciosidade de um silêncio ensurdecendo implosivo

Frederico de Castro

Intangível




De longe o olhar esgueira-se no infinito além
Refugia-se numa percepção que de tão abstracta
Se estatela colorindo cada palavra mais grata

Deixo na face da solidão uma indelével emoção
Desembocar nesta maresia serena e incorrigível
Quais ecos de um sonho fluindo, fluindo intangível

Frederico de Castro

No fulcro do tempo


Absolutamente ausente o tempo escapa pela frincha da
Solidão, estanque, vagabunda e extraordinariamente urgente
Nada impede que o poente feneça, ígneo, intenso e resistente

No fulcro do tempo cada segundo naufraga no leito da maré renitente
Serenamente, tão perplexamente a vida ali dormita quase impotente
Deixarei as preces regarem a fé algemada a cada palavra tão proeminente

Frederico de Castro

Por onde entra a luz




Restos de escuridão poluem a noite
Emparedada numa sintaxe de lamentos
Cada vez mais degradados, mais intimidados

Numa ressaca as palavras bem fecundadas
Embebedam-se tantos lirismos tontos, secundados
Por uma plêiade de silêncios castos, precoces…cordatos

Remendo a madrugada com coloridas brisas perfumadas
Deixando um bravio gomo de luz a marinar por entre
Luminescências assustadoramente obcecadas

Contorno as margens daquela maresia que se hospeda
Num oceano de caricias tão intimidadas, até se preencher
O vácuo das minhas solidões sempre bem navegadas

Frederico de Castro

Somos instantes...



Num instante enquanto existimos
O tempo passa veloz e a eito lá
Nos despedimos da vida porque
Afinal somos mesmo tão imperfeitos

Na ladainha dos lamentos descartados
Desfila o tempo intimista, sempre calculista
Atinge o silêncio com ecos tão gigantescos que
Se esboroam além incógnitos, expeditos e grotescos

Frederico de Castro

Pé ante pé




Pé ante pé marcha o tempo ludibriado
Flui num amniótico silêncio biológico
Calca cada eco reverberando analógico

Pé ante pé os sentimentos mais lógicos
Sucumbem à beira de um lamento cosmológico
Dopam esta estrofe com um verso tão patológico

Pé ante pé alunam até mim ilusões frustradas
Difamam todas as palavras que estrebucham injuriadas
Satirizam a vida ali rumando convenientemente decalcada

Frederico de Castro

Perpendicular à luz




Sem esquemas na memória suprema
Abrevio cada fonena neste poema
Colorido e alimentado pelo quociente
Omnisciente de sons infecciosos e ebulientes

No apótema deste teorema traço um polígono
Regular que vai daqui à perpendicular de
Silêncios verdadeiramente supremos
Tendenciosos axiais e quase blasfemos

Sem tremas a solidão reinventa-se
Deixando uma sequela de matemáticos
Desejos calientes a marinar no caleidoscópio de
Cores  emolientes, carismáticas…tão prescientes

Frederico de Castro

Reflexos e contrastes




Num charco de ilusões banais
O dia reflecte seus gomos de luz
Cordialmente tão virais

São reflexos e contrastes da
Vida fluindo entre enviesadas
Vielas e ruas sempre apressadas

Lentamente o dia regurgita um eco tão
Maravilhado galhardamente pousado
Entre muitos silêncios esmigalhados

Busco entre os lábios da solidão um beijo
Mergulhado naquela caricia detalhada onde se
imploram palavras vivificantes, pungidas e apaixonadas

Frederico de Castro

Sob o manto do Outono




- para o Kady

Incógnito chega Setembro
Despe cada árvore sitiada entre
As ombreiras da solidão adiada

Sob o manto de Outono saltitam
Sublimes luminescências ludibriadas
Adormecem a vida refugiada na alma hipostasiada

Eufóricos silêncios digladiam-se além e com
Subtis afagos apascentam cada ilusão quase aliciada
Tatuando a fé sob um manto de brisas…ah tão saciadas

Frederico de Castro

Tédio itinerante



O tédio nómada e itinerante vadia acossado por tantas
Brisas nutridas nesta solidão uniforme e exuberante
Na paisagem rejuvenesce a vida telepática e devorante

Descendo dos céus flui um aguaceiro felino e tão vociferante
O tempo impotente desenvencilha-se com uma prece regenerante
Veja-se como o silêncio decifra cada eco mais longilíneo e fulgurante!

Frederico de Castro

Túrgida manhã



Túrgida e velada a manhã medra ao sabor de uma prece harmoniosa
Sem arcabouço a luz comprime-se na convexidade de uma hora estilosa
De prosa se vestem todas as palavras resfolegando tão, tão vertiginosas

Submersa num mar de memórias artificiosas a saudade sucumbe dolorosa
Monstruosamente a solidão energiza cada lágrima carente e mais sequiosa
Toda a luminescência sublime além escoa eufórica devoradora e parcimoniosa

Frederico de Castro

À tona do silêncio



Abortou a noite esta escuridão tão viril
Que senil e impugnada assim envelheceu
Enclausurada neste tempo que tanto prometeu

Mas as horas em silêncio ali imergem
Abjurando o léxico de palavras resignadas
Onde prenhes lágrimas fenecem cremadas

Na linha do horizonte à tona da maresia navega
A solidão, tão expurgada, tão mestastizada, finda
A qual, toda vida se regenera depois mais apaixonada

FC

Brisas gentis




Enquanto a manhã se espraia numa brisa
Conivente a luz desnorteada e subserviente
Trespassa um sublime silêncio que pousa
Enternecidamente num gomo de ilusão omnisciente

Ainda perplexa a madrugada destila seus lamentos
Ao longo da escuridão finada e enterrada, onde jaz
Tanta emoção impaciente, sorrateiramente empoleirada
Na destilaria das caricias copiosamente embriagadas

Escrevo para que as palavras não fiquem caladas
Perante o crepúsculo lírico que se adivinha obcecado
Ou para que as réstias deste sol jamais feneçam intimidadas

Numa brisa gentil e desnudada sussurram mansas maresias
Sempre descuidadas, blindando aquela onda que a meu jeito
Perscruto e aconchego à tona de tantos desejos bem fecundados

Frederico de Castro

Meu palco...meu poente



Neste palco o poente espreguiça-se tão meditativo
Estóico geme o crepúsculo delirante e provocativo
Paranóico o silêncio suicida-se num rumor retroativo

Neste palco o poente fecunda a noite com breus massivos
Nos céus expectantes, o tempo fluidifica mil afagos curativos
Entreaberta a madrugada consome tantos tríplices silêncios expressivos

A cada hora que além fenece aparalta-se um murmúrio tão felino
Alimenta todos os côncavos e ígneos desejos quase subversivos
Rasga o ventre das palavras prenhes de arabescos e rabiscos evasivos

Frederico de Castro

O vício do silêncio




Em decadência a madrugada mais fiel penitencia
Cada silêncio esculpido no panorama das
Palavras castas, nobres elegantemente cordiais

Cada sombra amável e crepuscular estende-se
Num mavioso lamento tão carente deixando suculentos
Momentos de ilusão a tinir ali tão estridentes

A luz da manhã espontânea agride aquela colina
Que além acoberta toda a solidão evidente qual
Ornamento delirante para um beijo feliz e conivente

Amenos perfumes vagueiam agora pelas planícies
Desta imensa saudade eivada e decadente até ao confluir
Da mais rutila fé cintilando numa vaga de orações providentes

Este meu vicio de sobreviver em silêncio é que
Me mantém vivo, pois sinto-o, acalento-o, alimento-o
Até que um sereníssimo e brutal eco se volatilize agilíssimo

Frederico de Castro

Porto de abrigo




Condescendente o dia amara agora
Afogado numa imensa maresia estável
É simplesmente um presumível eco vadiando
Ao longo das margens deste rio indomável

E assim vai passando o tempo bolinando
Sobre o dorso de um silêncio instável
Como que ansiando pelos afagos e caricias
De uma onda dormitando ali tão afável

Frederico de Castro

Rascunhos e rabiscos




Serpenteando entre as sombras da manhã o tempo
Embebeda-se num drink de silêncios espoliados
Qual afago regando um aguaceiro quase extasiado

Entre rascunhos e rabiscos caduca uma hora
Amplificada alimentando subtis ecos avassaladores
Contagiados por este perplexo silêncio tão manipulador

Frederico de Castro

Sol dos meus olhos




Dos meus lábios pendem beijos adocicados
Naufragando sem malicias junto àquelas
Maresias soçobrando tão desejadas

No sol dos meus olhos brilha a luz desanuviada
Adiando cada fatigado lamento embasbacado
Que ruindo se encastra à alma derradeiramente sitiada

No sol dos meus olhos desponta a manhã suada
Fantasticamente enxaguada pelos gomos de luz
Travestidos de palavras corteses e abismadas

Além debochada sossega depois a noite tão
Esparramada nos lençóis da escuridão ouriçada
Até que respingue em nós aquela caricia tão cobiçada

Frederico de Castro

Na ruela da solidão




Na ruela da solidão esconde-se uma hora
Impaciente…tão pressionada, deixando em
Conluio este gomo de luz que brota na noite
Agora aprisionada

Na ruela da solidão pavimentam-se ausências
Reconstroem-se palavras sem reticências
Espicaçam-se desejos gemendo com mais eficiência
Ali onde mora a esperança gritando com tamanha evidência

Na ruela da solidão escorre a vaidade efémera e
Tão contundente, subjugando a manhã que se estira
No palco da vida escondida na coxia deste tempo decadente

Na ruela da solidão rabisco um verso absurdo e colidente
Esboço até um silêncio que avivo num sorriso concludente
Rodeado de (im)previsíveis beijos deixados ali por acidente

Frederico de Castro

No limbo da solidão




Em sonhos e lamentos tristes enrodilham-se
Ilusões inimagináveis escaldando os desejos
Que pululam na faminta memória quase alucinada

Vou podar da manhã um gomo de luz ainda amuado
Absurdamente apupado matando depois a minha
Solidão dormitando no limbo deste tempo tão degradado

Algemo até ao limite desta escravidão a clamante alma
Que ressuscita para uma alvorada de alegrias cativantes
Num acto de belos e prognosticáveis beijos tão pujantes

Deixo uma acurada emoção colorir estes versos
Demasiadamente irrelevantes quase implorados e ofegantes
Urdir um silêncio rufando alegre para gáudio da fé mais entusiasmante

Frederico de Castro

Tempo furtivo




Mudam-se os tempos…permanece a vontade
Manobram-se tantas horas austeras e assertivas
Adocicando e adornando palavras sempre furtivas

Atónita a noite deslumbra-se tão dissertiva deixando
Que o vulto do silêncio se esgueire engolido por
Sílabas carregadas de dopamina…tão emotivas

Já abalroada a solidão desaba amarfanhada
Cavalga na quilha do tempo, até transgredir todas
As maresias vagabundeando além achincalhadas

Vergada a esta escuridão gramaticalmente tresmalhada
Esboroa-se a madrugada despida e espezinhada, até
Confortar esta estrofe atordoada rimando com atoarda

Contra a maré que se espraia além atabalhoada
Depura a noite todos os breus mais enfronhados
Adormecendo inquantificáveis lamentos tão enxovalhados

Frederico de Castro

À mesma hora...no mesmo lugar



À mesma hora e no mesmo lugar o tempo solta um
Infame lamento pleno de impunidade, repleto de subjetividade
Na ampulheta da vida resta somente um segundo prenhe de insanidade

À mesma hora e no mesmo lugar o silêncio desnuda-se num hidrófugo
Poente adulador, infeccioso, desassossegado…quase excomungado
Sedada a escuridão prorroga um imenso e manipulador breu tão embriagado

Frederico de Castro

Antes e depois do poente



Antes e depois do poente a escuridão engoda cada
Palavra adormecida ao colo de um ébrio eco estarrecido
Com arrepios e calafrios o tempo gesticula feliz e luzidio

Antes e depois do poente a noite apadrinhará um afago enaltecido
Fecundará num ápice a solidão prostrada à beira de um sonho apetecido
Plagiará e seduzirá todas as palavras renascendo num minusculo silêncio entristecido

Frederico de Castro

Entre as aduelas da solidão




Entre o portão ficam as ombreiras da solidão
Recosta-se a alma envernizando as aduelas
Do tempo fechado a sete chaves, além onde
Aprumo à esquadria um verso trabalhado
Na minha marcenaria

Com o formão aliso uma rima crispada
Com o serrote corto a preceito o cedro ou
Mogno decorando a cenografia do tempo
Onde desfiro marteladas certeiras, guardadas
Na escrivaninha das palavras mais corriqueiras

No design das memórias concebo uma estrofe
Bem mobilada, abrindo o roupeiro da inspiração
Por onde chanfro e freso este poema oblongo
Sem arestas ou ranhuras , quase mondrongo

Frederico de Castro

Imenso mar revolto




De cá pra lá num vai-vem constante o mar balouça
Empoleirado na imponderabilidade de cada onda arrogante
Gratifica a odisseia desta pacifica emoção tão esfuziante

No imenso mar revolto vadiam brisas maviosas e rebeldes
Sem escolta e inextricáveis, diluem-se a bombordo de cada
Apaziguante silêncio submisso, resignado…quase extenuante

A noite improfanável acolhe um breu intuitivo e flutuante
Gesta uma caricia que ali se precipita vertiginosamente
Saca-me toda adrenalina contida na alma…assim selvaticamente

Frederico de Castro

Luminárias da noite




Decifro num gomo de luz uma insinuante palavra

Ondulando pelas luminescências do tempo divergente

Deixam uma nesga de solidão carente, pendurada nos

Candelabros de uma hora derradeira e tão reticente

 

Está assim encenada a noite deixando no camarim

Da vida um teatral silêncio quase promíscuo, roçagando

De mansinho por entre ablepsia  desta escuridão

Irreplicável e desarmada…em plena oclusão

Frederico de Castro

Na penumbra da solidão




Na penumbra da minha solidão pernoita
Um silêncio tão desapontado
Engole a noite que seduzida jorra sua
Escuridão, tão amordaçada, tão atarantada

Assim lânguida a saudade cinzela as sombras
Da tristeza que pousam ao longo de muitos
Labirínticos silêncios que amedrontados
Regam o céu com tantos aguaceiros tão saciados

Traz-nos a manhã que chega uma lembrança
Palpitante tatuando cada gomo de luz que desabotoa
Febrilmente uma caricia ou um afago…ah tão exorbitante

Na crónica dos meus silêncios sintetizo a solidão que
Me é ainda tão relutante, porque a consumo assim exultante
E dela me sacio no aconchego de um lamento mais sonante

Frederico de Castro

Num lapso de tempo




A manhã delimitada por sombras que se
Espreguiçam no divã do tempo, mergulham
Entre os quadris desta solidão tão ambivalente

Vestida de organdi cada caricia resvala pelos
Seios de uma ilusão quase complacente
Farta-se de gemer ao longo de um eco insolente

Badala longamente uma hora que fenece prontamente
Caia de branco o imenso silêncio que por lapso se
Suicidou num longo lamento deveras tão condolente

Tamanhos são os brados desta saudade imergente
Que a memória cativa e atrevida rasteja ali literalmente
Desterrada por uma brutal solidão vagueando erroneamente

Frederico de Castro

Pela estreiteza da noite



Tricotei em silêncio cada gomo de luar tão perdurável
Bordei nas bordas na noite um estrito desejo indomável
Na varanda do tempo colori cada prece feliz e insaciável

Das palavras mais flácidas engorda toda esta solidão inegável
Em desvario vadia uma ilusão tentadora e absurdamente formidável
A musa da minha esperança será sempre esta fé flamejante e irrevogável

Frederico de Castro

Profano silêncio




No submundo dos silêncios um eco lamenta
Seu repercutido verberar, qual vinculo para tantas
Emoções aliviarem uma lágrima ali a vociferar

Na estrada do tempo sem jamais retroceder
A esperança asfalta a fé imensa a desbravar
São faróis iluminando uma oração sempre a vicejar

E assim renasce a manhã sem percalços afugentando
Pequenas brumas que se espreguiçam, até desencarcerar
Uma hora elucubrando um silêncio tão profano, quase tirano

Frederico de Castro

Rara é a noite...




Rara é a noite que não coloco entre os sarrafos
Da solidão uma esperança escorada nesta fé
Resoluta gemendo na alma tão carente, 
Quase imolada e irreverente

Rara é a noite onde com vestes esfarrapadas o luar
Gentil não cobre a nudez de uma ilusão mais burlada,
Deixando exposta esta escuridão tão ríspida,
Tão concisa...tão precisa

Frederico de Castro

Recanto dos sonhos




Ouço ao longe os gritos da lua pendurada
Na fasquia da noite sublevada descalçando
Paulatinamente um gomo de luz sereno e louvado

Erigi no silêncio uma esperança fecunda
Devoradora de cada hora fiel e rotunda
Desaguando qual furtiva lágrima tão moribunda

Um misero e lacerado silêncio ecoa numa brisa
Que chega tão deslumbrada deixando absorta
Aquela caricia inacabável e sempre desassombrada

No recanto dos meus sonhos cinge-se esta solidão
Incólume e bem remendada, timbrando todas as memórias
Obturadas sob uma prece verdadeiramente enamorada

Frederico de Castro

Resquícios da solidão




Qual resquício de uma brisa vadia
A saudade inventaria a memória
Desabrida que pousa à beira de uma
Abençoada solidão tão dolorida

Pelos flancos do tempo calcorreio esta
Esperança que renasce febrenta, ignificada
A uma ilusão que de tão mágica e hilariante
Toda ela se inflama impetuosa e alucinante

A terra árida e ávida deixa beijar-se com
Gotas de chuva tão intrépidas e fragrantes
Alagando cada caricia com um aguaceiro sonante

Imerge além na manhã uma luz quase agonizante
Deixando ambíguas e resignadas preces mergulhadas
Numa oração versátil…ás vezes tão desamparada e volátil

Frederico de Castro

Silêncio em su sítio




Em su sítio o silêncio depura cada sentido
Dormita no enclave das nossas cumplicidades
Cronometrando o tempo trajado de efemeridades

Em su sitio a solidão quase frívola e eluvial
Desagua qual aguaceiro primordial, regando a Terra
Que sôfrega se embebeda de beijos tão torrenciais

Em su sitio cada palavra recobra os sentidos de
Uma estrofe inspirada e sem tutorial, deixando a
Choramingar um lamento absurdamente confidencial

Frederico de Castro

Silêncio indefeso




Adulava eu a noite enquanto a escuridão
Lá fora se despia para o breu esquivo
Tão ternamente sensual e introvertido

Na pauta da solidão escrevinho a caligrafia
Do silêncio exposto ao desdém de uma caricia
Arrebatada literalmente apaixonada

Caprichada a manhã veste-se airosa para
Engalanar os sorrisos agora resgatados
Bailando para a vida que chocalha feliz e excitada

No limiar das horas correndo pelo ermo das
Ilusões supracitadas, engulo todas as plenas
Emoções impressas numa doce caricia exaltada

E assim se tornou abissal este vazio quase flertado,
Quase inusitado, onde o silêncio indefeso madruga
Resvalando pelo vão de um lamento pra sempre obstinado

Frederico de Castro

Sublimação do silêncio


Volátil e tão gasoso o silêncio sublima a solidão
Em estado puro, primitivo e virtualmente lascivo
Despenteado o tempo perpendiculariza um segundo indutivo

Inconsolável e molestado cada lamento convulsa colérico e ofensivo
Ali se refazem e desenham tantos infecundos ecos herméticos e furtivos
Absurdo e quase patético o silêncio anela tantos empilhados uivos coletivos

Frederico de Castro

Uma brisa de feição




Nesta capicua de silêncios vagabundos
Germina o tempo gatafunhado e fecundo
Dá asas à ilusão que ali trafega esgravatando
Esta solidão imensa e tão moribunda

Vomita a noite em breu imenso e felino
Calcorreando o andrajoso caminho deste
Imenso silêncio sempre, sempre tão pegajoso

A maresia emerge numa onda bolinando de feição
Uma brisa fresca e despretensiosa até naufragar
Entre as dunas da saudade mais contenciosa

Paralelas às emoções tamanhas e dengosas
Reage um explosivo sorriso que depois se
Agiganta ilusionista e pomposo, além onde baila
Um devaneio subtilmente coeso e generoso

Frederico de Castro

Virtuosa negrura




Cada palavra piedosa mais rigorosa e sumptuosa
Relincha portentosa, prazerosa e subtilmente preciosa
Cavalga sem freios na escuridão hermética e engenhosa

A negrura deste crepuscular silêncio alinhava os peitoris da
Noite trotando solitária, audaciosa, espalhafatosa…tão dengosa
A nu fica um breu maldoso, necroso, esplendorosamente grandioso

Frederico de Castro

A garça




Com sua plumagem alva migra
Para junto deste silêncio tão escasso
Pousa de mansinho ao redor de um eco
Que além se extingue apático e quase devasso

No dia cinzento e gélido a luz flui labiríntica
E sussurrante, deixa na calçada do tempo
Um trilho de palavras absurdamente empáticas
Para que a garça se vista com elegância tão fleumática

Frederico de Castro

À janela com a solidão




Entre brisas vadia a manhã que
Se espreguiça alimentando uma
Mixórdia de palavras quase promíscuas

Espevita a luz que renascida namorisca
Mil e uma caricias tão profícuas…oh doce dengo
Desarrumando tantas paixões quase iniquas

No apogeu dos tempos a esperança habitará
A alma ainda que muito carente e mais sedenta
Pois a fé essa é-me intrínseca e tão opulenta

Frederico de Castro

Além navega a solidão




Tomba pela face do tempo uma lágrima
Vencida, castrada…quase irascível
Deixando enlutada esta noite que fenece desprezível

Na parada da madrugada desfilam tantos apetecíveis
Lamentos imprescritíveis, que a escuridão depois
Abarrotada de tristezas, desnuda-se num pranto tão indescritível

Caiada pela imensa solidão a manhã desponta abrupta
Embriagada e insubstituível desbravando todas as calmarias
Embebedadas por maresias que se despem numa imensa gritaria

Entre as brechas do tempo sucumbem horas e desejos
Tão absurdamente inexprimíveis, que estes versos agora
Somente se satisfazem com palavras prenhes e inflexíveis

Frederico de Castro

As portadas da minha janela




Num silêncio atravancado range a
Couceira solitária, transformando cada
Gomo de luz numa emoção autoritária

Entre as portadas do tempo escondem-se
Emoções quase hereditárias, deixando uma
Carcomida ilusão a crepitar tão sedentária

O dia veste sua indumentária sublime e lustrosa
Escancara-se gentil e totalitário, até pousar quase
Embriagado num eco que além dormita tão prioritário

Escorregando pelo corrimão da saudade suicidam-se
Tantos lamentos arbitrários, deixando a memória algemada
Às aldrabas de um franzino silêncio tão excedentário

Frederico de Castro

Brisa imarcescível




Sem equívocos a manhã liberta-se
Desta escuridão que desterrada
Apascenta toda uma emoção bem narrada

A maré airosa pesca aqui e além uma luminescência
Ainda envergonhada, até sarar a memória
Ferida por uma permuta de saudades enamoradas

No cume do tempo uma hora vacila exasperada
Dilui-se entre muitos silêncios, que transparentes
Perscrutam cada palavra ladeada por uma rima idolatrada

Cavalgando livre e imarcescível o dia flutua numa brisa
Esparramada no leito das emoções escancaradas, até
Acolchoar mil ilusões coloridas com gargalhadas tão revigoradas

Sombras frias consomem a solidão que geme pendurada
Na moldura do tempo expirando exonerado, qual acto
De brandura naufragando num mar de beijos ali encarcerados

Frederico de Castro

De coração para coração




De coração para coração geme uma palavra lisonjeada
Cerceada escuta, sonoriza e desbrava a manhã esfomeada
Deixa no empedrado destino uma hora vazia, ávida e decapitada

De coração para coração geme e sussurra uma carícia bem delineada
Enfeita todo o planalto das emoções poéticas e tão desenfreadas
Irriga a eternidade dos silêncios reconquistados…bem pleiteados

Frederico de Castro

Indomável hora matreira




Nas hortas do tempo planto mil horas matreiras
Pintalgo a dimensão do silêncio deixando uma sequela
De felicidade a bordejar além sorrateira até que, no regaço
Da vida patinem felizes aqueles sonhos sempre em festejos

Roem-se as horas velando cada segundo sem fim
E por fim o silêncio em fuga suspira ameno alimentando
Este tempo, desequilibrado, desidratado…ah, tão indomado

Enquanto a noite se remenda num gomo de luz envergonhado
A solidão castra cada sombra vagando neste breu vergado e
Embutido na anátema de silabas e palavras que esquadrinho empolgado

Na ventania que sopra pela madrugada desfilam sussurrantes
Lamentos renegados, encobrindo as encostas das minhas
Ilusões mais sofisticadas, deixando o anti corpo dos desejos a navegar
Em nós, tão insano…quase embriagado…Deus meu tão profano

Frederico de Castro

Palco da solidão




No palco das emoções ardentes e deslumbradas
Caminham sob o estrado da solidão tantas palavras
Marulhando vividas, bem-aventuradas…tão apaixonadas

Neste formoso crepúsculo que além se fecunda o mar
Adormece e ternamente afaga todas as andarilhas maresias
Coloridas de ilusão onde meu coração depois feliz descarrila

Frederico de Castro

Quarto crescente




Entre duas assoalhadas estende-se o tempo
Viril, vigoroso, instintivamente delicioso
Ali se esculpe e acalenta todo este luar auspicioso

Mais cobiçável a solidão tatua na memória um
Sonho trajado de tantas maiúsculas saudades rigorosas
Cabendo tudo numa minúscula emoção estrondosa

Frederico de Castro

Que pena...este silêncio




Desabito o tempo esvoaçando pra longe
Até que, sem pestanejar a ilusão elegante
Sacie este silêncio de cetim quase ludibriante

Empresto à carcaça das horas conciliadoras
O esqueleto da esperança onde se equilibram
Sonhos férteis e palavras mais apaziguadoras

Que pena…este silêncio tão caluniador
Fertilizado num quântico momento galanteador
Deixando a parasitar cada verso sempre escrutinador

Fica somente por envernizar esta noite assustadora
Onde os ais e lamentos se asfixiam conspiradores
Limando cada aresta a milhões de desejos regeneradores

Frederico de Castro

Rumor vermelho




- para a minha filha Noemi

Sem palavras pinta-se um verso colorido e elegantíssimo
Seduzem-se rimas trajando todo este lirismo felicíssimo
Na paisagem movediça escancara-se o tempo apaixonadíssimo

Ali os sonhos pintam-se com muitos sorrisos sereníssimos
A primavera quando brota é tal qual um tsunami de preces fidelíssimas
A esperança, toda ela regurgita pétalas de luz incandescentes e excitadíssimas

Frederico de Castro

Uma noite...




Uma noite…e tanta escuridão contida
Num breu imenso e acossado
Morre ali finalmente ausente e arrasado

Uma noite…uma solidão desgastada
Um silêncio prenhe e devassado
Roendo-me a memória assim tão molestada

Uma noite…e um silêncio sequestrado
Um delírio desesperado fervendo na canícula
Dos dias que se esboroam numa brisa devassada

Uma noite…alada castrando do tempo qualquer
Hora tão débil e empanturrada, desabrochando
Entre meus versos bramindo numa prece tão ousada

Uma noite…agora finalmente embriagada bombeando
Sílabas e palavras pra sempre bem entrosadas, até
Cadastrar a saudade embutida numa caricia feliz e apaixonada

Frederico de Castro

Assim no céu como na terra




Esconde-se no horizonte longínquo
Uma abreviada luminescência perpétua
Adorna todas as insinuantes palavras ainda
Que dementes mui solidariamente proeminentes

No céu e na terra espelham-se azuis
Absurdamente divergentes e até colidem
Com tantos cumulonimbus vadiando indolentes
Quais frugais aguaceiros caindo sempre incontinentes

Frederico de Castro

Concavidade




Na elíptica forma do silêncio dormita um
Gomo de luz enamorado, herdando toda
Esta ilusão brilhando tão revigorada

Na concavidade do tempo entranham-se
Muitas horas emboloradas açoitando
Aquela brisa que chega pela alvorada

De corpo e alma a noite implora um
Silêncio que acolá ecoa desolado
Amainando este lamento triste e aniquilado

Já encurtada a madrugada desmemoriza
Aquele breu profundo e impertinente que
A alma antes aconchegara assim docemente

Frederico de Castro

Jamais se muda o tempo




Acende-se a chama inesquecível da manhã
E a luz entusiasmada aperalta-se para receber
O dia absolutamente diluível, jactante e empolgado

Alheias, as horas fluem pelo vão do silêncio grado
Sepultam memórias que tateiam uma ilusão passageira
Decretando o armistício para esta tristeza tão rotineira

Jamais se muda o tempo porque cada ausência se torna
Quase sempre uma longa eternidade deixando sem vestígios,
O passado, o presente que ficam para a posteridade

No calendário das memórias demarcam-se impressões
Digitais gravadas numa saudade embusteira que depois se
Fecha nas trincheiras do tempo tridimensionalmente corriqueiro

Ridículas e hostis as palavras deambulam desatinadas
Escoltam o destino das mil solidões desconsoladas e só batem em
Retirada após deglutirem as sobras de uma hora morrendo revoltada

Frederico de Castro

Mar vermelho



Na orla marinha navega uma singela
Onda exuberante e tão avermelhada
Estatela-se além cintilante e maravilhada

Mergulha em silêncio ao longo das margens
Desérticas onde prolifera a vida qual osmose
De uma metáfora poética e inolvidável

Do cativeiro e escravidão o povo hebreu se libertou
E sob a liderança de Moisés o exército egípcio
Derrotou e junta toda uma nação em êxtase festejou

Frederico de Castro

Ponto...e virgula




Num pictograma diacrítico arquitecto e

Desenho palavras banais, alimentando a génese
Do tempo onde toda a panorâmica do silêncio
Se estatela entre o ponto e a virgula de
Uma esperança indubitavelmente dinâmica

Frederico de Castro

Silêncio vilipendiado




Negasse-me o dia a luz e eu decerto
Morreria na doce escuridão generosa
Antecipando o funeral à memória que tão
Amedrontada, arqueja ofegante e pesarosa

Sem celeuma o dia cobre-se de negro seguindo
O cortejo da solidão dominadora e esclerosa
Deixando muitos, tantos, mas tantos lamentos
Andrajosos a vaguear na memória grada e rigorosa

Numa hora feliz, galharda e calorosa resumia num
Segundo toda esta esperança que nunca adiada
Se esmaga calada, recalcada…teimosamente assediada

Encarcerada no tempo que geme absolutamente adiado
Esconde-se a tristeza tão assolapada tão esmifrada, que as
Brisas solitariamente oscilam pelos outeiros do silêncio vilipendiado

Frederico de Castro

Tanta gente...e solidão




No caos da escuridão esconde-se uma sombra
Desmesurável, passeando pela avenida, qual palavra
Errônea, incomensuravelmente olvidada e desguarnecida

O tempo esquecido e desacertado alinha-se a
Qualquer hora mal-amanhada impondo à mofenta
Solidão uma instintiva palavra bradando sedenta

Assim bailam no tempo tantos sinónimos de
Uma memória em reclusão, pois além
Caminha tanta gente…em solidão

Frederico de Castro

À beira do mar...




Ondulam além solventes maresias
Encaracolam-se na areia sonoramente
Felizes deixando no tempo uma
Parestesia de emoções sensoriais e fugidias

À beira do mar rebola uma maré grata e esturdia
Fazendo um looping na solidão que barafusta
Encardida de silêncios e palavras acídias
Oh, mar que te recreias numa brisa eterna e vadia

À beira do mar rebentam emoções gigantes
Em grande picardia expondo nas margens do
Tempo uma hora bolinando rebelde e baldia

Sem pressas acosta ao cais das saudades uma
Memória afogada em sonhos dissidentes, bordejando
Oceânicas maresias apaixonadas e irreverentes

Frederico de Castro

Bioquímica da dopamina




Sem cadastro a noite afaga a melanina
Deste silêncio feito minha dopamina
Oiço-a respirar profundamente tão Intensamente
Dançando na corda bamba assim precipitadamente

Frederico de Castro

Entre ondas



Lá vai uma onda entre ondas elegantes expressivas tão massivas
Amortecem o silêncio navegando a bordo de tantas brisas intuitivas
Sulcam os oceanos implodindo à beira das maresias deslumbrantes e erosivas

Entre ondas a manhã flui fluidificante oxidante e petulantemente divagante
Nos céus a rebate, orquestra-se uma fecunda carícia mais e mais sensitiva
Amordaça-se esta infinita hora esquiva, expansiva, inebriante e tão permissiva

Frederico de Castro

Imponderabilidade do tempo




Nas margens da noite abriga-se uma maré harmoniosa
É simétrica à esperança que alimenta a fé navegando
Num oceano de orações tão minuciosas…tão esotéricas

Nos seus últimos torpores a escuridão esventra
A solidão sublimada num lamento astucioso
Deixando indeléveis ecos verberar um grito mais furioso

Do negrume da noite restam somente pequenos
Gomos de luz a levitar na imponderabilidade do espaço
Onde o tempo sonolento dormita grandioso no meu regaço

Frederico de Castro

Incógnito silêncio



Ah, sabe-me tão bem este silêncio tão incógnito tão
Dissimulado, expectante, errante e quase congénito
Sem heterónimo abraça um soluço nómada e lacónico

Ah, como sabe bem desvendar da escuridão cada breu insólito
Flertar dos céus este plumoso sussurro vibrante e tão melódico
Sucumbir entre os detalhes mirabolantes de um afago intenso e atónito

Frederico de Castro

Intuições




Entre os sedimentos do tempo recupero
Aquela memória intemporal e matreira, tão
Inevitável quanto a intuição que desolada
Se estira no catre de mil emoções dissimuladas

Nas trevas da noite, sei que ainda imperam
Muitos lamentos degradados e por mais audíveis
Que sejam, fenecem depois entre muitas
Lágrimas abaladas e incorrosíveis

Frederico de Castro

Minha maré




Lá vai a minha maré saturada de ondas alucinantes
Deslumbrada a manhã alimenta tantas luminescências
Apaziguantes e apetecivelmente extravagantes

A jusante a vida flutua a bordo de mil brisas dissonantes
Seus odores apascentam a orla das memórias constantes
Seu altar são todos os imarcescíveis silêncios sussurrantes

Na minha maré navegam preces ígneas felinas e rogantes
Em cada molécula de vida pairam fecundos desejos tão chocantes
Dão guarida a uma explosão de sorrisos absurdamente contagiantes

Frederico de Castro

Noite Resplandecente



Resplandece na noite suave uma brisa fraterna e imprevista
Sua negrura vai a roçagar além pousada na escuridão anarquista
Seu declínio acontece juntinho a um imenso sussurro quase autista

Lá vão os silêncios à deriva colidindo com uma gargalhada chauvinista
São a caricatura de uma felina palavra tão mirabolante e narcisista
São a melancolia desta solidão repleta de memórias poéticas…tão malabaristas

Frederico de Castro

Onde dorme a lua




Pela calada da noite que além dormita
Serena feliz, petulante e tão escancarada
Brilha este luar quase excomungado, trocando
Beijos e abraços com este silêncio tão embargado

Onde adormece a lua se deixará que a noite plácida
Felina e homologada enterre de vez toda aquela tristeza,
Expurgada, fatigada, até se desnudar a alma esquecida no
Recanto da minha esperança…oh tão rogada, quase enlouquecida

Frederico de Castro

Seguir por onde vim



Passos firmes e seguros seguem adiante
Pavimentam o silêncio que espontâneo
Se transfigura qual eco rectilíneo e percutâneo

Vou seguir por onde vim e de novo espicaçar
A alma que se queda vorazmente extasiada
Deixar que a fé se eternize mais e mais desejada

Ao alvorecer creio na esperança que ali
Caminha indultada, deixando somente escoar
A luz tépida de uma manhã fecunda e inebriada

Frederico de Castro

Além depois do infinito


Além, depois do infinito estatela-se o tempo quase espavorido
Sua comorbidade infecta até o silêncio voraz, felino e dolorido
Amnésico ensombra cada eco solitário inquieto, absoluto e híbrido

Além, depois do infinito as horas tão corrompidas e desnutridas
Amaram inconscientes junto ao jazigo das emoções preteridas
Só um lúbrico silêncio embala e adormece minhas preces indeferidas

Além, depois do infinito todos os poentes fenecem arrogantes e aturdidos
Sem alarido desnudam palavras que chuviscam na caleira dos afagos coloridos
A noite indefesa transborda num tsunami de sorrisos atordoados e persuadidos

Frederico de Castro

Copy



Copiei todas as palavras elegantes domesticáveis e inebriantes
Deixei sangrar todas as emoções rubras, poéticas e deslumbrantes
Despi todas as rimas que se querem sensuais homologadas e desconcertantes

Plagiei da vida a súbita e inspiradora solidão viciada, súbtil e contagiante
Com malandrice aldrabei um verso enclausurado numa estrofe expressiva e errante
Conivente flertei a simbiose lírica dos desejos apoteóticos e absurdamente extravagantes

Frederico de Castro

Destino...ou desatino




Sem segredos a madrugada dilui-se num vulto
De luz sombrio quase decapitado até demolir de vez,
Este silêncio despojado entrópico…tão premeditado

Lá longe no anonimato dos céus longínquos esculpo
Este verso rodeado de palavras rejeitadas, enfeitadas
Pelo léxico das memórias nefastas, hoje ressuscitadas

Suspensas na saudade mais açoitada vacila uma hora
Sistematicamente enjeitada por um míssil de solidões
Explodindo no porão das minhas memórias quase decapitadas

Entretenho-me a descortinar com quantos tédios enfrentarei
Esta imensidão de lamentos barricados no pântano do tempo que
Sem destino fenece e desatinado me agride à traulitada

Extingue-se na noite um milimétrico segundo tão amofinado
Esgueira-se pela cripta do silêncio mais profuso deixando
Que uma hora se extinga de vez, assim ardentemente obstinada

O adeus está mesmo ali entreabrindo aquela implacável
Saudade prostrada no patíbulo do tempo irreplicável, vitimando
Apenas a memória irrecuperável, absolutamente implacável

Frederico de Castro

Fomos ver o por do sol




- para a Carla

Cada vez mais vazio o dia esfuma-se
Numa hora sempre mui graciosa
Amarinha juntinho ao poente que inebriado
Exala num derradeiro gomo de luz extasiado

Entrelaçada à noite que chega de mansinho
Uma caricia inebriada, trinca um eco embriagado
Seduz a escuridão que graciosa e apaparicada
Desliza docemente neste horizonte tão purificado

Frederico de Castro

Fosforescências




Ainda que decrépito o silêncio esponja-se no

Lajedo deste tempo decadente e marginal
Deixa a fumegar uma fosforescência
Exaltada…tão sensorial

Esmorece além o dia e cai depois devagarinho,
Alimentando este decímetro de solidão derradeira
Que arde sem alarde furtiva e desordeira

Frederico de Castro

O Vírus do silêncio




Dormita agitada esta noite reemersa num
Silêncio, fraterno e extasiado
Acalenta os disjuntores da solidão electrizada
Qual elo fraterno fenecendo electrocutado

Ostento num sonho espevitado uma lacerada
Ilusão quase contrafeita…quase corriqueira
Oh, intima e explosiva emoção que sublime
Te bamboleias entusiasmada e batoteira

Com um olhar distante e sobranceiro ouço o
Pestanejar da noite que chega fofoqueira, saudando
A grandeza das palavras snifando sempre perdigueiras

De não querer mais despedidas disto-me no tempo
Deixando a saudade fluindo à deriva, pelo vírus deste
Misantropo silêncio rebelde, favorito, digno de um piropo


Frederico de Castro

Os segredos da luz



Em segredo a luz apascenta a maresia sempre aromatizante
Cada onda além bolina no meio de uma brisa tão predominante
De passagem o tempo afoga-se neste oceano casto e lubrificante
Escutem o marulhar de cada prece fiel esdrúxula e apaziguante!

Frederico de Castro

Silêncios inquantificáveis



Entra pela noite dentro uma lufada de silêncios
Tão indeléveis…quase inquantificáveis
Cartografam a alma que lentamente se aconchega
A tantas, muitas, ardilosas emoções irrefutáveis

Calafetadas ficam as memórias espontâneas
Deixam em sintonia aquele lamento que parasita pelo
Imponente silêncio encarcerado, visivelmente exagerado
Confinado ao poente que além reverbera tão apaixonado


Frederico de Castro

Silêncios meus




Cada abrupto silêncio, marginaliza a
Solidão que se esconde desprezada
Até desconectar cada emoção hostilizada

Em cada pedacinho do céu estira-se uma nuvem
Pormenorizada, alimentando a terra com um
Aguaceiro de luminescências muito apaixonadas

Pela noite escorre um vazio abissal tão hipnotizante
Interdita todo o qualquer silêncio meu, que faminto
Alastra pelos solitários beirais de um eco quase extinto

Frederico de Castro

Vestígios da solidão




Em cada rabisco de silêncio desenho
Um lamento tão arbitrário, tão solitário
Ali sucumbe cada eco faminto, subtil e autoritário

Esta brisa audaz e tranquilizante ameniza
Todos os vestígios de solidão mais desguarnecida
Esfacelando cada hora fenecendo tão enfurecida

Ancoradas no leito do tempo vadiam emoções
Emudecidas por um aguaceiro de beijos enternecidos
Embebedam-se em gotas deste amor sempre apetecido

Nesta doce terapia de ilusões apaixonantes cada
Palavra decifra e gratifica todos os corações flamejantes
Resvala em silêncio num mar de lágrimas amiúde tão suplicantes

Frederico de Castro

Arrimo para o silêncio




Os olhos da noite reflectem sua escuridão para
Dentro da alma que suspira, suspira esbaforida
Enquanto as palavras ainda que transfiguradas
Se atrelam à solidão romanticamente fértil e maturada

Deixo como intróito na noite um verso desbravado
Esvoaçando sobre os ciprestes deste silêncio acurado
Ali onde agoniza um lamento desconsolado
Arrimo ágil para palpitantes desejos quase desnaturados

Em sete véus o dia desponta dançando nas brisas sensuais
E acaloradas, deixando as sombras numa osmose quântica
Esponjar-se nesta ilusão tão prenhe…nunca censurada

Nas suas ressonâncias mágicas e solitárias a maresia
Estatela-se nas nossas praias caricaturadas por beijos
Eternos…qual efémera gargalhada equórea, feliz e jurada

Frederico de Castro

O pastor




Leva cada rebanho de silêncios ali a pastar
Aconchega a solidão nos seu braços e com
Ela dormita no aprisco da esperança apaziguada

E quando a noite de mansinho se põe além
Num acto sublime de amor recolhe, uma a uma
No cortelho da esperança persuadida e almejada

Com sua samarra bem aconchegada acoita-se
Do frio e da brisa ventando na refrega do desgarrado
Sonho balindo cabalmente fecundo e combalido

No diâmetro de uma solidão tão vagabunda
Domestico cada eco que se expande no tempo abolido
Oh, ruminante ilusão regurgitada neste silêncio expedito

Frederico de Castro

Sinais do sol




Acorrentada a cada luminescência fragrante
A manhã desponta altiva…quase embriagante
Ali as palavras em espiral exprimem todo um
Bailado de sorrisos e emoções mais purgantes

Todos os sinais do sol ressuscitam o
Silêncio agora tão predominante
Iluminam a esperança infinita e instigante
Consomem cada memória intima e devorante

Frederico de Castro

Súbtil serenidade




Passou de relance a noite escoltando uma
Hora sublime e inspiradora até desembocar
Na trilha de prolíficas palavras quase bajuladoras

Numa praxe intensa e desafiadora a luz deforma cada
Gomo de escuridão mais usurpadora que acossada se
Perde no calabouço da solidão tão dominadora e asfixiada

Nas alvas asas de uma luminescência matinal desliza uma
Brisa tão apaziguadora debulhando aquele imperdível sonho
Que além navega aninhado num sorriso quase imprescindível

E assim, por fim, se embrenha na alma uma toada de
Caricias sempre arrepiadas, qual lasciva e subtil serenidade
Iluminando os castiçais da esperança com tamanha sagacidade

Frederico de Castro

Assim te vestes ó linda manhã




...junto ao cais das colinas

Com um olhar suburbano alimento o dia descendo na
Haste deste silêncio tão implícito, deixando na guarita do
Tempo um gesto, um desejo…um instinto tão solene e preciso

Pois assim te vestes ó linha manhã sempre excitável
Bebericando com requinte um sonho chegando indecifrável
Até te perderes em cada maresia que sussurra quase indomável

Frederico de Castro

Ciclos de solidão




Ciclos de solidão amontoam-se entre
As frinchas do tempo mais calculista
Cercam cada hora que fenece efusiva
Paz à sua alma que jaz ali tão passiva

Ciclos de solidão amamentam palavras
Escritas com memórias sempre obsessivas
Achincalham todos os silêncios mais excessivos
Onde simétricos afagos calcetam amores impulsivos

Ciclos de solidão embaralham-se num lamento
Sempre conclusivo, absolutamente decisivo
Alimentam os dígitos do tempo vadiando difusivo
Preenchem a alegoria da vida num gesto sempre dissuasivo

Frederico de Castro

Curvilínea




Teço com os versos uma curvilínea imagem
Enlaçada nos degraus desta vida dopando
O tempo e cada hora culminando tão longilínea

A geometria arisca do silêncio desespera indignada
Ante o axioma destes matemáticos desejos subindo pela
Cartografia das ilusões e da solércia das palavras emancipadas

Arfando com uma euforia fantástica a memória desamparada
Deglute cada gomo de saudade, ainda que indesejada
Absolutamente apetecida, bem urdida e planejada

Com um toque suave e subtil a noite beija a escuridão
Defenestrada lá do trapézio das emoções mais traquejadas
Expiando a fisionomia desta ilusão que delira regozijada

Frederico de Castro

Fui ver o pôr do sol...




Desmascarado, o dia regurgita seus
Últimos e derradeiros gomos de luz
Deixa na corda bamba um silêncio
Enaltecido, engolido por cada penumbra
Seduzida pelo vulto deste poente
Ah…absurdamente enaltecido

Frederico de Castro

Panorâmica da solidão




Uma lágrima muda vagueia pelos
Escombros deste silêncio exasperado
Até se fundir na noite que além tão
Lívida e volátil desaparece dilacerada

Num monograma artístico arquitecto e
Desenho versos banais alimentando a génese
Inicial da vida onde toda a panorâmica da solidão
Se estatela entre a derme de uma caricia balsâmica

Telegraficamente a memória deixa como fiança
Uma saudade eufórica…sem equívocos, apenas
Perpetuada por uma lembrança, fiel e sempre categórica

A poesia que nasce de mim, oferto-a ao mundo
E não mais me pertence pois circula numa brisa telúrica
Embalando a alma num tântrico silêncio quase sulfúrico

Frederico de Castro

Pedra filosofal




- para a Carla

Brilha na noite um luminescente breu efusivo
Simbiose perfeita colorindo a alquimia de
Muitas ilusões se promiscuindo tão compassivas

Paira nesta escuridão magistral um manto
De fluorescências tão harmónicas, quase platónicas
Profética eternidade para tantas caricias tão icónicas

Em mil fanicos a luz veste toda esta imensa emoção
Orla o céu fantasmagórico com luminescências deslumbradas
Até enxugar duas lágrimas saindo na peugada da noite ali prostrada

Frederico de Castro

Plumas semânticas




Caiem entristecidas pela tarde duas
Lágrimas guarnecendo a saudade
Que ficou sem palavras, enaltecendo
Esta solidão, tão pluvial…quase versátil

Prestes a morrer ao longe o dia esconde-se
Num fantástico e sussurrante poente volátil
Além onde deliram as arquitecturas de muitas
Tantas caricias que se desnudam assim vibráteis

Adormecidas no palacete do tempo sossegam
Temperadas memórias seduzidas pela hospitalidade
Daqueles teus beijos infligidos com tamanha agilidade

No baldio dos sonhos ainda jaz a esperança dez mil
Vezes apregoada, subscrevendo nas palavras semânticas
Todo meu romantismo mais autentico…tão quântico

Frederico de Castro

Sem tempo para brincar




Com astucia a tristeza escancara um
Olhar ainda que meigo e abalado
Tão inocente, tão encurralado

No olhar repousa um algoz silêncio calado
Subtilmente atribulado pela solidão
Transladada numa lágrima quase mutilada

Sem tempo para brincar a inocência escolta
Cada lamento empolado, sempre desconsolado
Tatuando na memória um sonho jamais desvelado

Frederico de Castro

Apenas um abraço




Escuta, ao longe ruge um silêncio pontual
Unge a manhã com uma soberba luz
Celebrando cada palavra reverberando de emoção

Apenas um abraço, um afago, ou uma caricia sei-o
É quanto basta para escudar e eleger este extraordinário
Momento de ilusão a pedido do meu coração

Em comunhão plena cada memória ainda que contrita
Expande-se agora cobrindo a esperança exorbitante
Consagrada pela fé, insinuante, periscópica…operante

Fita-nos a noite irrequieta pendurada no parapeito
Das emoções tridimensionais, além onde desenhámos no
Estandarte da vida tantos desejos às vezes tão irracionais

De linho se vestiu esta acabrunhada solidão ensaiando
E domando todo o lirismo buliçoso qual emplastro para
Estes versos assentes na maturidade de uma rima audaciosa

Frederico de Castro

Flauta encantada




Entre um pardo anoitecer bate a rebate
Uma hora desolada restituindo ao silêncio
Aquele indefectível cântico bem inspirado

A cada sopro os sentidos unem-se
Travestindo com lisonjas um indisfarsável
Eco personificado num lamento pungido e inolvidável

Brota assim das entranhas da solidão a mais
Pura ilusão ungida com perfumes silentes, salpicando
Aqui e ali o ecoante esgar da tristeza quase condolente

Cravados no seio da noite os sonhos deambulam esquecidos
Profusos, deitando-se depois na horizontalidade do tempo
Que baila entre as penugens de uma brisa tão entorpecida

Frederico de Castro

Indulgência




Na frota do tempo circula a vida
Sedenta e alucinada, desabotoando
Devagarinho a alegria suprema e fascinada

Pela noite dentro sequestro tantos acústicos
Silêncios que uma brisa apaixonada depois
Disseminará feliz e inanimada

A alma nua, em transe, soletra uma palavra
Quase indecifrável até se alimentar de esparsos desejos
Muito pretendidos…tão dissuadidos, sempre aplaudidos

Como muita prosopopeia o tempo discursa por
Este silêncio caído ali, quase inanimado, deixando
Perplexo o tanger de um eco mais legitimado

Nas noites cálidas e brandas flutua um luar viril
Beijando cada gomo de escuridão tão esfaimada
Para que a noite nos acoite intacta e bem escorada

Fenece a arfar uma saudade frívola e intimada
Deixa a memória a decímetros de uma ilusão confinada
À lembrança que além se queda pasma e chacinada

Frederico de Castro

Inútil silêncio




Quão inútil se tornou este silêncio
Que frágeis ecos tanto, tanto acalentou
Para cada lamento que o tempo sedimentou

A lua afagando este luar tão mágico
Inspira meu verso que um afago desencantou
Embebido nesta lágrima que a tristeza ornamentou

Brota além no céu uma brisa mistral perfumando
As encostas deste inútil silêncio tão ancestral
Camuflado entre as plumas de uma caricia quase viral

Comovida a noite choraminga acossada por esta
Solidão absurdamente escultural, até tragar
De vez todo este hostil silêncio quase sobrenatural

Frederico de Castro

Kuzas di Korason




- para o Ildo... uma voz brutal e imensa

Foi-se a voz e depois doendo,
A solidão desembrulhou seus lamentos
Sempre dilacerados...em reclusão

Despenteio meu lirismo num
Verso saudoso, apaixonado
Deixando encabulada a noite
Que além vagueia triste e exonerada

Enferrujada a memória repinta a saudade
Áspera e vibrante, deixando na vitrine do
Tempo nossas lembranças tão esmeradas

Olhei pelas pupilas da solidão e lá encontrei
Essa voz imensa dormitando num eco desaforado
Dragando aquele sonho aconchegado a esta morna
Renascida, divagando pelo silêncio que além paira deteriorado

FC

*(do krioulo de Cabo Verde - Coisas do coração)

Livres instintos




Caminho pelo tempo escondendo minha
Sombra entre os cedros da solidão além
Fatigada, esquecida no colóquio daquelas
Horas que reiniciam um lamento tão entorpecido

Agoniza expectante a madrugada quase
Escarnecida, deixando estéreis as saudades
Matemáticas...surpreendentemente apoteóticas
Infinitamente elásticas e muito, muito românticas

O instinto é livre e esvoaça entre ágeis brisas
Que palpitam conflituantes e drásticas escorrendo
Pelo véu da noite fechada, hermética...apaziguante

As sombras nuas ramificam-se pelas ilusões mais
Flutuantes e acampam ao redor do meu silêncio
Inseminado até às mais longínquas lembranças inebriantes

Frederico de Castro

Nos pátios da noite




Nos pátios da noite vadia a escuridão inanimada
Ensombra o silêncio que faminto deglute cada
Gomo de solidão reprimida e horrivelmente difamada

Nos pátios da noite murmura um último suspiro intimado
Locomovem-se no perímetro do tempo um grosseiro
Breu oculto na disritmia deste lamento tão corriqueiro

Nos pátios da noite cultivam-se e decoram-se caricias
Planificam-se sevicias e estas, evidentemente propicias
Alimentam emoções que se tornam sempre vitalícias

Nos pátios da noite sob a derme de um enorme silêncio
Ocultam-se malfeitores, prescrevem-se crimes e delatores
Enferruja-se o tempo cheio de remorsos e predadores

Frederico de Castro

O que arde...queima




Num ritual ardente e mágico queimam-se dois
Corpos apaixonados tão arrochados
Deixam salientes uma chama única…complacente

O que arde, queima, flameja numa tocha radioactiva
Tão proeminente, ignificando duas almas para
Sempre apaixonadas e colidentes

O que arde, queima, inflama-se iminente
Reage qual comburente dos desejos mais inconscientes
Flamejando, flamejando até ruirem tão fogosamente

O que arde, queima…em câmara lenta neste
Fogo fátuo faiscando de prazer mais demente
Archote que arde na noite apaixonada…quase insolente

Frederico de Castro

Passadiço dos silêncios




No passadiço da solidão esvai-se um poente
Qual lamento rechaçado pela ilusão tão mercenária
Até desfalecer numa hora quase centenária

Indolor o silêncio afaga um eco quaternário
Musicando um naipe de oitavas arbitrárias
Dançando numa rima feliz e tão gregária

Extraordinariamente enamoradas duas caricias
Circundam o leito onde a noite marcha num
Silêncio demasiadamente autoritário

A dois quilómetros da solidão qualquer sonho
Estrebucha numa falida memória quase reaccionária
Deixando parida uma saudade excessivamente totalitária

Frederico de Castro

Planando no poente




Planando no poente lá vai o dia esconder-se
Lírico sereno e muito resplandecente
Desvela todo este silêncio pousado num
Cacho de luminescências tão efervescente

Restos da solidão mais genuína desesperam
Alinhadas numa hora que fenece eminente
Onde com ímpeto se queda esta emoção latente
Tal qual um eco tão apócrifo, irreal e divergente

Frederico de Castro

Plano inclinado




No plano inclinado da existência pende para lá
Da emoção uma sombra matematicamente nublina 
Consumindo este verso vadio sempre coreografado
Na expressão mais plena de uma visão quase felina

Frederico de Castro

Réstias de luz




Entre as paredes do tempo resguardo
Aquele silêncio desalinhado e vagabundo
Deixando atordoada qualquer hora gravada
Numa multidão de memórias tão gradas

De Mozart a Vivaldi ecoa uma catarse musical
Purgando e purificando os sentidos num dramático
Lamento substantivamente sinusal, qual overdose
Para o coração batendo, batendo de forma bestial

Em desordem a noite sacode esta escuridão
Quase funesta e abissal onde impera a emoção
Mais introspectiva efémera e colossal

Restos de luz persistem emaranhadas num breu
Felino, quase acidental até ensopar a saudade que irrompe
Pela alma carente, faminta…admiravelmente irreverente

Frederico de Castro

Stand up




Neste poente ecoa uma catarse musical
Purgando e purificando os sentidos num dramático
Lamento substantivamente sinusal, qual overdose
Para o coração batendo, batendo de forma cordial

Restos de luz persistem emaranhados num céu
Felino, quase acidental até ensopar uma hora que irrompe
Pela alma irreverente, faminta…absolutamente carente

Frederico de Castro

Subtil serenidade




Passou de relance a noite escoltando uma
Hora sublime e inspiradora até desembocar
Na trilha de prolíficas palavras quase bajuladoras

Numa praxe intensa e desafiadora a luz deforma cada
Gomo de escuridão mais usurpadora que acossada se
Perde no calabouço da solidão tão dominadora e asfixiada

Nas alvas asas de uma luminescência matinal desliza uma
Brisa tão apaziguadora debulhando aquele imperdível sonho
Que além navega aninhado num sorriso quase imprescindível

E assim, por fim, se embrenha na alma uma toada de
Caricias sempre arrepiadas, qual lasciva e subtil serenidade
Iluminando os castiçais da esperança com tamanha sagacidade

Frederico de Castro

Conversando com um chuvisco...




O céu alarmado abriu as comportas
Do tempo e delas desaguou um chuvisco
Tão radiante…emancipado e viciante

Perguntei a uma nuvem por aquele
Aguaceiro que além pinga e perfuma
Toda a solidão cada vez mais esfoliante

E respondeu-me de pronto afogando o imenso
Silêncio que respinga gota a gota e farta a Terra
Sempre ávida, cordialmente feliz…mais reconfortada

E chovem assim tantas gotas de chuva consolante
Regando e embebedando esta fé gerúndica e anestesiante
Oh, tamanha gentileza que a alma assim recorda tão aliciante

Frederico de Castro

Desabrigo da solidão




Por mais de uma noite abrigo a solidão
Espreitando deste sentimento quase estrangulado
Encobrindo o tempo que arde num archote
Crepitante...tremendamente flamejante e empolado

Continuou a chuva lá fora, alimentando a terra
Ressequida, mas arregalada embebedando-se com
Todas as gotas deste silêncio em mim mais atolado
Oh, lágrima enclausurada no degelo desta hora quase degolada

Vestida com arrepios de prazer ficou a noite assim
Esfarrapada galopando rua acima até que lá do alto
Se defenestre uma saudade ainda franzina e avassalada

Endoidecidos moram em mim, tantos desejos que prevalecem
Sempre dissimulados convalescendo nos peitoris de uma brisa
Que passa acoplada a esta caricia esquecida, mas bem adornada

Frederico de Castro

Dois pingos de silêncio...




Dois pingos de silêncio eclodem
Na noite rebelde e cativa
Ficam algemados numa tumultuária
Solidão blasfemando tão mercenária

Escolta a noite uma escuridão quase
Ordinária, desfragmentando aqui e além
Um breu fraudulento empoleirado num choro
Embargado…sem acalento, quase condecorado

Dois pingos de silêncio completamente
Virulentos infectam as memórias pestilentas
Encorpadas por tristezas extremamente corpulentas

Dormitam na madrugada um ciclo de solidões
Quase funestas, deixando explícitas o vestígio de
Tantas lágrimas tombando ininterruptas e lícitas

Frederico de Castro

Em queda livre



Sem paraquedas o poente despenca
Da colina dos silêncios e estatela-se
À beira da solidão que tanta emoção elenca

Entre brisas celestiais esvoaça agora a
Escuridão tão marginal, quase ilusionista
Truque de prestidigitação para uma palavra iluminista

Réstias de muitas ilusões ainda acalentam a
Esperança fiel e tão perfeccionista, abalroando toda
E qualquer lembrança do qual sou o protagonista

Ao longe a luz coando um silêncio indestrutível
Flameja entre loucas caricias quase irrascíveis
Até por fim se diluir num desejo perene e aprazível

Frederico de Castro

O luto e o silêncio




Vestiu-se de negro a noite
Mastigou um encardido gomo
De luz que fenece tão aturdido

Despediu-se a alma da vida
Até deixar corroídos todos
Estes silêncios muito contundidos

O luto e o silêncio fazem as pazes
Acomodam-se a um perpendicular lamento
Ruminando uma súplica deveras tão marginal

Diluem-se algumas lágrimas ante o púlpito
Desta solidão que chega quase tridimensional
Enterra-se um inconsútil eco tão extra sensorial

Sorvo da tristeza pequenas verticalidades contidas
Num lamento desproporcional, até que, na ressurreição a
Eternidade devolva a vida que anelamos de forma tão passional

Frederico de Castro

Silêncio grandioso




Entre as trevas da noite renascem tantas
Escuridões, abominosas, quase ardilosas
Pranteiam sobre uma casta rima mais facciosa

As luminescências que assomam além esbatem-se
Na fronteira das lágrimas caindo lamentosas
Navegam a bordo das tristezas sempre tão cobiçosas

Quando o silêncio ecoa e se torna grandioso com
Suaves cânticos a noite apazigua uma hora milagrosa
Eternizada por uma gargalhada feliz e prazerosa

Quando o silêncio apregoa a solidão o tempo
De mansinho embrulha-se num redemoinho de
Emoções gigantescas... sempre em desalinho

Frederico de Castro

Um rasgo de mar




Um rasgo de mar navega entre as
Folhas da vida transladada

Um tonelada de ilusões amaram além
Livres e apaixonadas

Cada letra soletra uma onda de preces
Intensas, ígneas e abençoadas


Um rasgo de mar perfuma as páginas
Das paixões endoidadas

Seus ventos de feição alimentam a oclusa
De esperanças enfatizadas

Ao longe sussurra a fé navegando num
Oceano de paz bem aromatizada


Frederico de Castro

Bebericando a luz




Inatingível, a luz cambaleia além rodeando
O dorso do silêncio quase extra-sensorial
Apaziguando a noite que fenece tão ditatorial

Sem timoneiro cada maresia desagua entre
As margens de um oceano quase imperial para
Júbilo de muitos beijos a prorrogar tão cordiais

Nos imensos céus virtuais fluem flóculos de
Plúmeas nuvens, que rechaçadas eclodem numa
Brisa tão crente, paulatinamente amordaçada

Coibido o silêncio comunga cada emoção estilhaçada
Resplandece na noite vestida de linhos e cambraias bem
Ornadas, qual comenda para uma caricia tão enfeitiçada

Frederico de Castro

Coligação das almas




Desancorei uma hora fundeada na baía da
Solidão que madrugava numa onda relegada
Banhando o tempo com uma caricia bem alagada

Ferrada ainda num sono profundo a noite tece
Uma ilusão aconchegada a um idílico silêncio que
Instigado, se esquiva num célere beijo tão rogado

A putrefazer-se quase excomungado cada lamento
Suporta uma tonelada de emoções tão intrigadas
Qual cordial e empírico afago avidamente desejado

Na coligação dos sentidos um eco masoquista
Fomenta desenfreadas memórias que telúricas
Abalam a saudade de forma tão expurea

Emana da manhã um refrescante perfume conivente,
Onde se maquina uma cabala de paixões sempre latentes,
Onde se apaziguam duas almas que se unem tão complacentes

Frederico de Castro

Cores e emoções




Em estado de graça o dia engravida
Aquele gomo de luz majestoso que banha
Uma emoção complacente e amistosa

Do corrimão do tempo escorre cada hora
Semeada num eco tão portentoso
Estancando todo o silêncio que brota crepitoso

E assim aparatosas as sombras cavalgam uma
Tremenda luminescência apetitosa, alimentando
Cada fogosa emoção relembrada no coração

Frederico de Castro

De que padece a noite




Acende-se no pavio do tempo
Uma doce luz felicíssima, qual
Preambulo para a solidão
Convalescendo agilíssima…

Nesse momento implode um silêncio
Quase esfarrapado, deixando até
Amedrontados, tantos ecos
Pecaminosos e emancipados

Nesse momento de consternação,
Abraço uma escorregadia saudade,
Nunca dissipada, pois as memórias,
Essas, continuarão em mim bem firmadas

Padece a noite de um breu quase
Estapafúrdico alimentando frustradas
Horas além fluindo alorpadas, num manancial
De brandas melancolias medrando alucinadas

Frederico de Castro

E depois do caos




A noite atropelou a solidão e dela
Se alimentou até à exaustão
Deixou um caos de lamentos calcorrear os carris
Deste silêncio alimentado com tantos padecimentos

Contemplei na tela do tempo uma hora
Esvair-se tão abatida, tão coagida
Descoloriu qualquer ilusão recriada na
Efeméride de uma caricia chagando ludibriada

E assim despercebida a madrugada irradia seus
Suculentos breus, quase letárgicos, velando a
Escuridão que à soleira do tempo fenece repatriada

Ficou alojada na memória uma brisa assediada
Camuflou a solidão de tal maneira que a manhã
Sitiada renasce…com a breca!…Absolutamente saciada

Frederico de Castro

Expressões no olhar




- para a Noemi

Aos pés da manhã sorri a bonita

Face na menina dos olhos meus
Deleita-se consolada adormecendo
Os cílios à noite apaixonada por um luar
Recém-chegado, absolutamente afagado

Frederico de Castro

Noutro cais



Num outro cais a maré acosta serena feliz e receptiva
Ali cada pigmento de luz amara à beira de uma onda furtiva
Extingue-se o dia indigente paparicado por uma ilusão dispersiva

Num outro cais o tempo afoga-se numa gargalhada tão massiva
Afetuosamente sepulta todos os vestígios de uma hora introspectiva
Semeia na orla marinha uma palavra solidária fluidificante e provocativa

Num outro cais cada despedida espraia-se numa prece mais criativa
Cada suspiro um adeus sedimentado em lágrimas preciosas e afetivas
Um derradeiro silêncio conectado à imponderabilidade das palavras instintivas

Frederico de Castro

Parapente(silêncios confidentes)




A manhã ao léu desprende-se no horizonte
E suspira feliz sugando da luz mortiça e sensível
Uma luminescência quase alucinada e tão apetecível

Desabotoando o silêncio que resvala pelo tempo
Cada brisa egocêntrica seduz uma caricia hipersensível
Até se decomporem num eco quase incorrigível

Assim esvoaça além um solúvel sonho transcendente
Deixa aquela nesga de saudades ainda memorizar uma
Pendente hora ardendo num fogo fátuo tão, mas tão confidente

Frederico de Castro

Poder dos céus




Namoro cada gomo de luz airoso
Escorregando neste silêncio vigoroso
Ribomba além rebelado enfeitando um
Lamento contido e desmazelado

A noite engrandecida rói a memória
Emaranhada num montão de solidões
Interpeladas…nunca antes desveladas
Deixando nos céus esta escuridão flagelada

Frederico de Castro

Desfragmentações



Condenada por uma escuridão profunda
A noite expõe-se nua e decapitada perante
A solidão ilimitada, tremendamente despeitada

A guilhotina do silêncio fatia um eco extraditado
Calando cada surdo lamento mais espevitado e dissidente
Contorcendo-se perante a luz envergonhada, tão inocente

À beira mar rebolam acolá duas ondas marginais
Deixam mudas as maresias sussurrando efervescentes
Até que o mar as engula feliz, reivindicado…complacente

Em sigilo as horas deambulam pelo tempo que além
Se dispersa displicente até desorbitar uma onda de caricias
Que deixei como pecúlio dos meus desejos mais convincentes

Movendo-se radiosa a alma desfragmenta-se num punhado
De luz absurdamente incandescente, deixando com vertigens
Uma ilusão cintilando na felpuda emoção…assim sorrateiramente

Frederico de Castro

O tempo também medita




Luminescências translucidas abalroam a manhã
Que se esvai numa meditação quase entorpecida
São restos de sombras que fenecem enfurecidas

Rompendo a imensidão do tempo expectante
Lá vai a solidão cogitando densa, subtil e empalidecida
Até pousar num ciclone de palavras bem ressarcidas

Oscilam além tantas horas amordaçadas a um hiato
De tempo quase desgovernado e puído...tão absurdo
Insano e astuto, qual lamento que nem mais refuto

Frederico de Castro

Plano de voo



Eleva-se além uma brisa elegante
Plana neste silêncio quase sagrado
Flui vagarosamente num eco tão domesticado

Nas asas do tempo, no limite dos céus virtuais
Em cada ilusão reina uma esperança esmerada
Liberta no horizonte a fé fincada numa oração confortada

Nos planos deste voo estende-se a solidão quase domada
Silenciam cada lágrima que migra numa onda sussurrante
Dormitando feliz ao longo das margens deste silêncio depurante

Frederico de Castro

Suave calmaria




Garimpo nas memórias aquela pepita de
Silêncio brilhando tão magnífica …tão unívoca
Ilumina cada penumbra que desmaia na calmaria
E deliquescência de uma palavra tão inequívoca

Na tara do tempo peso cada emoção evocativa
Que me é tão cordial para que em cada estrofe
Descubra a essência de um verso tão filosofal, qual
Suave caricia que me alimenta assim de forma visceral

Frederico de Castro

Entre duas lágrimas




Sobe pela haste do silêncio uma hora
Delirante quase fantasmagórica onde
Suprema a solidão repousa metafórica

Então categórica a memória enferma
Extingue-se nas miríades de pensamentos
Acampados ao redor da saudade tão estaferma

A noite ruindo numa hecatombe de ilusões
Tamanhas, fermenta e nutre aquelas libações
Onde se celebra a vida trajada de mil emoções

Sem repúdios póstumos um lamento dilacerado
Vagueia no palíndromo silêncio estupendo, deixando
Um másculo desejo ali a amadurecer tão tremendo

Pendem nos olhos do tempo duas lágrimas consecutivas
Minuendo subtractivo e gradual neste cântico tão crente,
Gemendo em todas as minhas murmurativas palavras furtivas

Sobram dos risos, tantas angustias qual improviso para
Estes versos introspectivos sedando a leda manhã
Que além renasce cingida de luz sublimada e paliativa

Frederico de Castro

Essa luz



Maravilhada e aromatizante a luz degusta a delicadeza
Das palavras contidas e mescladas numa rima tão egocêntrica
Horas e segundos reflexivos flutuam ao longo de uma prece excêntrica

Fluidificante saltitante e sublime a paz renasce brilhante e enfática
Deixa suas sequelas em qualquer intensa e absurda carícia mais mediática
Adormece junto ao paraíso das solidões insinuantes, maturas e tão lunáticas

Frederico de Castro

Momento de liberdade




Resta em cada luar uma luminescência
Altiva que crepita especulativa…tão primitiva
Alimenta a fonética de tantas palavras à deriva
Abandonadas no parapeito deste silêncio cativo

Num momento de liberdade genial soltam-se
As amarras de mil emoções sempre na expectativa
Abarbatam-se tantas ilusões fluindo num luar
Absorto, que sucumbe nesta memória tão intrusiva

Neste ciclo de esperança renovada, a fé acantona-se
Numa oração generosa, aprovada…objectiva
Até fecundar a alma com uma caricia serena e atractiva

Entre suspiros e lamentos viris a manhã revê cada hora que
Desfila no passadiço do tempo, deixando irrequietas saudades
Alimentar cada estrofe mergulhada numa inspiração predilecta

Frederico de Castro

O corpo do silêncio




Em silêncio o corpo sonoriza uma
Emoção cantarolando tão emotiva
Toda a harmonia ali subtilmente
Reina fascinada, eufórica e selectiva

Duas notas orquestram agora um
Cântico sustenido num eco colectivo
Trinam as cordas pelos trastos da guitarra
Afinando e vibrando com cada tom apelativo

Frederico de Castro

Quanta luz na escuridão




Ficou tão oco este silêncio
Deixou tantas horas mortas a
Vadiar na noite mais amorfa

Na memória oculta murcha uma
Lembrança quase xenófoba
Mordisca cada palavra mais ímproba

Em duelo com a escuridão a luz
Tépida da madrugada esconde-se
Numa indolente rima quase empolgada

Na peugada da manhã aventura-se
Agora o dia tão embasbacado, até se
Esfumar num eco subtil e ressacado

Cai na cisterna do tempo um aguaceiro
Deveras tão encharcado, inundando a
Alameda dos meus sonhos sempre aplacados

Frederico de Castro

Que mania




Que mania esta, da manhã se estender
Na espreguiçadeira do tempo e de lá sair
Só depois de duas lágrimas deixar a carpir

Que mania esta, do silêncio repercutir cada
Eco engalfinhado numa emoção derradeira
Perdurando em cada lágrima…sem dar bandeira

Que mania esta, de tantos lamentos se refugiarem
E vasculharem a intranquilidade de cada eco obsoleto
Onde só eu sei moram muitas noites de solidão e desafecto

Frederico de Castro

Tridimensão dos desassossegos




Como é difícil confortar o silêncio quando os gritos do
Tempo eclodem em nós vestindo de tristeza toda uma
Melancolia que na hora cada lamento eu biografo e espolio

No regaço da vida agrafo a existência que chora
Recostada naquela sonâmbula tridimensão de tempo
Onde sem esquivas nos entregámos até á exaustão

Numa súplica quase vã a saudade brota à bastonada
Rebobinando minha memória entregue a esta madrugada
Tingida de desassossegos e angústias bem confeccionadas

Deixo os pincéis da minha solidão pintar cada paisagem
Desta fria e selvagem noite delirando assim aprisionada
Refazendo cada pegada de uma carícia curiosa e inflacionada

Frederico de Castro

Um gomo de luar




Qual presságio subtil e supremo caindo sob
O peso de uma solidão tremenda o destino
Tomba além vergado neste silêncio tão sucinto

Avalio atentamente cada gomo de luar nascendo
Na noite quase sempre falsificada por uma
Luminescência triste, complacente…em debandada

Numa patuscada de silêncios enamorados a saudade
Deixa indecifráveis memórias pintando aquele
Quadro de emoções tão sensoriais…tão inexplicáveis

Frederico de Castro

Da minha janela...




O dia estava assim…
Vazio, amedrontado, parasítico
Rasgando com ímpeto a memória esborratada
Num silêncio agreste…tão paleolítico

Da minha janela
Caía uma chuva Inconfundivelmente enigmática
Estancando todas as hemorragias da solidão
Feita de gímnicas palavras quase profiláticas

Frederico de Castro

Equestre silêncio




Sobre as crinas da solidão cavalga
Este silêncio cordialmente fogoso
Galopa, galopa ansioso, até se
Perder juntinho ao poente tão grandioso

Na sela das emoções fascinantes relincha
Uma ilusão assustadoramente admirável
Lidera a cavalaria de valentes potros
Cavalgando um equestre sonho insaciável

Frederico de Castro

Hoje nunca é tarde




Amanhã o silêncio desmoronará a jusante
De uma solidão absolutamente paralisante
Calará o crepúsculo ali, estendido e pulsante

Hoje nunca é tarde….amanhã quem saberá?
Entre o bem e o mal desperta uma hora aviltante
Porque ao abandono se deixou uma ilusão desconcertante

Hoje nunca é tarde quando ao longe irromper a
Manhã repleta de esperanças mais pujantes e a fé
Satisfeita ensopar toda a alma com beijos exorbitantes

Frederico de Castro

Infima parcela de tempo




Cabe numa ínfima parcela de tempo um
Eco devastador, entorpecente e arrebatador
Renasce na plenitude de um sonho sustentador
Fecunda um psicotrópico silêncio tão aglutinador

Nos céus imensos, brisas gigantes bramem destemidas
Enaltecem e perfumam a solidão dormitando no enclave
De tantas auroras boreais apaziguadas e ressarcidas
Onde cíclicas emoções se algemam pra sempre bem remidas

Frederico de Castro

Luar ancorado




A luz fria e sedosa da noite chuleia cada espasmo
Desta ilusão penetrando pelos peitoris da escuridão
Repercutida num galhardo silêncio atordoado e em reclusão

Revigora-se cada gomo de luz além daquela sombra
Que galopa feliz tamborilando na maresia que flui
Pasteurizada na esperança derradeira e enamorada

Frederico de Castro

Onde está o dia



Cheia de efeitos inebriantes a noite estatela-se
Numa dezena de horas vadiando pela escuridão
Voraz e harmoniosamente omnipresente

Onde está o dia? Sumiu, tão transparente tão
Galhardamente que a solidão ainda debilitada
E confrangida, acode esta rima assaz tão inibida

Impingiram-me ontem esta ilusão sempre ríspida
Senti no peito instalarem-se tantas memórias intensas
Num caudal de palavras que não morrem à nascença

À indiferença de cada hora ruindo ali sem licença
Escuto o rumor da luz apascentando a manhã que
Se banqueteia com emoções em plena convalescença

Além na foz deste rio caudaloso desagua a esperança
Qual avença para esta fé tamanha e desenhada à abcissa
Da alma matematicamente indizível e cheia de perseverança

Frederico de Castro

Porque Deus fez isto...




Para arregalarmos os olhos
Deixar o coração aos pulos
A alma feliz por este crepúsculo

Deus fez isto bordando no seu
Regaço um poente inspirado, pano
De fundo para um sorriso coroado

Deus fez isto para que a fé e a esperança
Se incendiassem e palpitassem ante Sua
Criação de harmonias e cores abençoadas
Dando-nos esta paz como uma caricia almejada

Deus fez isto, porque em breve, na alvorada
Da vida no palco da eternidade, o amor pra
Sempre vindique cada oração sentida e
Alimentada com muita, muita longanimidade

Frederico de Castro

Silêncio sem fronteiras




Com uma escuridão perfeitamente simétrica
Aquele breu sangrando na noite tão tétrica
Deixa sem métrica este verso repleto de
Palavras absurdamente histéricas

Vai além a enterrar todo este silêncio
Sem fronteiras…tão cadavérico, que a noite
Pintada com escuridões coléricas, embriaga-se
Nas minhas emoções férteis…quase estratosféricas

No epicentro da madrugada a luz mortiça empoleirada
Nos castiçais da saudade, deixa prevaricar cada
Caricia despoletada pelo sabor de um sonho pacificado

O todo é apenas a parte das memórias fechadas quais
Relíquias escondidas no baú das lembranças aninhadas na
Noite que desperta sob o domínio da solidão tão acanhada

Frederico de Castro

Alinhavando a solidão




Costurada numa cambraia alva, manuseio
O silêncio quase planisférico e lunático
Colorindo todos os estáticos lamentos
Alinhavados por um eco tão simétrico

Sob custódia a noite venera a escuridão
Que na urna das solidões deposita seus breus
Atribulados até fenecer ali horrivelmente
Vítima de um silêncio tão lubrico…tão abruptamente

Pelas fendas da memória desamarram-se emoções
Soltam-se paixões trajando um vocabulário quase lascivo
Atiça-se o fogo onde dormita aquele desejo que nem adjectivo

Nas suas fiéis translações a Terra embelezada
Por ilusões quânticas e disruptivas apadrinha a esperança
Que compulsiva esmifra cada gomo desta fé tão paliativa

Frederico de Castro

Encosta-te aqui...




Encosta-te aqui…
E olha além a madruga fluindo pedrada
Regando a escuridão branda e rogada
Bordando subtis palavras sem
Custódia e ternamente empolgadas

Encosta-te aqui…
E revê a vida plantar um jardim de
Emoções silvestres, despindo sem pudores
A manhã que chega suspirando escancarada
Até se afogar de mansinho numa oração abnegada

Encosta-te aqui
E sonha comigo um sonho sepultado na memória
Mais grada, bailando pelas sensuais lembranças
Impulsionadas neste silêncio, ausente, fremindo repicado

Encosta-te aqui…
E busca-me, tateia-me, encontra-me…acha-me alfabetizado
Nos beijos tão bem afagados nestes versos velados
Numa caricia poética desmaiando prenhe, feliz e mitigada

Encosta-te aqui…
Ó solidão embriagada, acessível e predadora, deixando
Fugir à socapa um gomo de luz imaculado, luzindo dentro
Da alma passarinhando entre baforadas de desejos tão arrojados

Frederico de Castro

Frenética escuridão




Na exacta proporção a noite perfuma
A escuridão escondida nas caleiras
Do tempo, deixando decifrar uma
Hora açoitada, implorada, obcecada

Descansa sobre os beirais do silêncio
Um empedernido chuvisco tão desamparado
Perfeito preâmbulo para um cântico aromático
Vestindo um sorriso admiravelmente profilático

Quão frenéticas se tornaram as emoções
Quão permeáveis ficaram estas lágrimas
Caindo a cântaros no coração, onde a noite
Vorazmente ali perece com tamanha precisão

Frederico de Castro

Horas mortas




A hora morreu neutra e enjeitada
Desquitou-se da noite que bêbeda e
Discreta, suspira tossindo enferma e debilitada

No exilio do tempo condimento minhas ilusões
Com poções mágicas, apimentando o discurso das
Paixões e das nossas caricias sempre aos encontrões

Rumino cada bago de silêncio deixado na trepadeira
Dos dias e das horas abandonadas, além onde late e
Rosna a solidão desengonçada…tão assustadora e indignada

Num fiapo de palavras corteses desposo a madrugada
Rendilhada de bilros elegantes, bebericando todas as
Maresias cirandando o lustral sorriso cada vez mais extravagante

Frederico de Castro

Indo para não sei onde...




Indo pra não sei onde, a escuridão feliz, indolente
E marota desembarca numa hora refastelada
Qual esperança que marcha feliz e estimulada

Indo pra não sei onde, as palavras chibateiam as
Memórias assolapadas, aniquilando de vez a tristeza
Escorada num sorriso recauchutado e bem velado

Indo pra não sei onde, a manhã descalça um lamento
Além flagelado, e pavimenta a saudade que se agiganta
Num resquício de solidão que tanta, tanta dor quebranta

Indo para não sei onde…vou na mesma, deixando
Embrulhada no tempo uma compulsória ilusão esfarrapada
Um acrílico eco pintado com palavras passionais...quase embriagadas

Frederico de Castro

Na rota dos candeeiros




Na rota dos candeeiros acende-se uma
Escuridão estratificada que deambula na
Perfeita junção deste silêncio notável onde
Fluem palavras ali bem barricadas

Suga a noite todas as luminescências
Nunca antes vindicadas pois boquiaberta
Ficou a saudade repleta de instantes memoráveis
Festejando cada lembrança poeticamente inexorável

No palco do tempo entra em cena uma oração
Sempre imprescindível, vestido a fé declamada
Em palavras doces e tão inigualáveis

Desamordaçada e feliz a manhã atiça um gomo de luz
Arisco e indefectível, qual coreografia para as nossas
Almas renascendo bem entrelaçadas e incorruptiveis

Frederico de Castro

Na vanguarda da solidão




Com um suave retoque a manhã renasce
Exorbitante, sempre serpenteante
Colide com aquela fluorescência que
Navega a bordo de uma caricia desnorteante

A solidão sempre tão vanguardista rejuvenesce
Cada dia deixando ziguezagueantes sensações 
Aportar o cais onde navegam tantas felizes emoções
Quais dispersas brisas tatuadas com muitas afeições

Escorregam pelo corrimão do tempo tantos lamentos
Sempre controversos,aninhando-se em cada degrau deste
Silêncio quase absurdamente perverso antevendo a noite
Que chega em cada eco além submerso

Frederico de Castro

Onda de afectos




Peneirenta e elegante lá vai uma onda intumescida
Submerge ao longo deste imenso oceano desconhecido
Resfolega e marulha oculta num fluidificante eco aturdido

No frescor da maresia ambulante sedosa e esplêndida
Degusta-se o perfume de muitas marés persuadidas
Onde toda ela, todinha… adormece feliz e surpreendida

Frederico de Castro

Onde dorme a noite?




Cheia de efeitos inebriantes a noite estatela-se
Numa dezena de horas vadiando pela escuridão
Voraz e harmoniosamente omnipresente

Onde dorme a noite? Acolá, tão sossegadamente
Tão furtivamente, que a solidão ainda debilitada
E confrangida, acode esta rima assaz tão inibida

Frederico de Castro

Onde o tempo desaparece



Sob escolta o poente beberica um drink
De solidão até desaguar num blasfemo
Silêncio algemado a este lamento supremo

Guardei na algibeira da solidão tantas memórias
Inimagináveis, sinónimo que as lembranças, essas
Nunca, mas nunca se tornam inimputáveis

Onde o tempo desaparece iludem-se horas inexistentes
Enfeitam-se emoções por vezes inescrutáveis,
Acolhem-se ilusões de tantos sonhos quase inolvidáveis

Frederico de Castro

Pelos trilhos da noite



No quintal do tempo recreiam-se pequeninas
Sombras apaixonadas actuando no palco das virtudes
Que cortejadas desenham caricias tão bem dissecadas

Pelos trilhos da noite escorre uma escuridão
Sanguinolenta, deixando no hematócrito da solidão
Uma patológica angústia sangrando de emoção

Tecido no ocaso da alma o silêncio desvenda-se
Quase ultrajado, alimentando os preliminares de
Tantas caricias gemendo absolutamente arrojadas

No regaço de cada hora freme um segundo revoltado
Sustém e manipula a vida que saciada e sem artimanhas
Reproduz ávidos ecos que vadiam pelas minhas entranhas

Frederico de Castro

Poente fecundo




De súbito a noite castrou a escuridão que
Bêbeda se refastelou num longo breu danado
Sorveu do silêncio todos os ecos capitaneando
A solidão desmazelada, absurdamente rebelada

Milhentas brisas vagueiam em pleno céu que
Domesticado, irrompe qual aguaceiro pacificado
Bons presságios navegando a bordo de muitos
Beijos coniventes, reincidentes, tão empolgados

As manhãs suspensas na haste do tempo brotam
Esbaforidas, expurgando da alma qualquer lamento
Confinado a uma indelével rima quase aturdida

Rebentam as águas da solidão que se afoga
Entre a placenta dos sentidos mais vagabundos
E todo este silêncio lambendo cada ávido desejo tão fecundo

Frederico de Castro

Sombras curvilíneas




Incógnita e serena a noite apascenta
Uma escuridão deveras tão agoirenta
Leviana e sorrateiramente amamenta a solidão
Tão prepotente, ininterruptamente sedenta

Acutilante a madrugada sorve todos os breus
Reincidentes, pois que as maresias ainda
Embebedadas por emoções complacentes
Amansam famintos desejos tão proeminentes

Rodeada de memórias bem planejadas a saudade
Aduba uma oração crente, diligente…ah tão cortejada
Que a fé airosa e feliz, traveste a alma de mão beijada

Enchendo a manhã de luminescências elegantes o
Silêncio sutura cada gomo de luz bocejando fragrante
Escoando das brumas matutinas um sorriso sempre mitigante

Frederico de Castro

Cada degrau




Cada degrau range em silêncio quando
Pisamos a fasquia do tempo esquecido
Ali onde mora uma hora carcomida…tão fatídica

Cada degrau range devagarinho pois o
Caruncho da solidão impensada corroeu
Cada lance da ilusão sitiada numa palavra aliada

Passo a passo subimos e não chegamos
A lugar nenhum porque no corrimão dos silêncios
Mora uma saudade erecta e em plena obscuridão

Preso aos balaustres da vida, do subterrâneo até
À mansarda vislumbro cada lancil onde as pegadas
Do tempo pousarão por fim felizes e homologadas

Frederico de Castro

Cascata de luz




Freme além na noite um rio de
Luz tonificante e apaziguado
Ah, danado silêncio que desmascarado
Aplacas a ira a este luar quase reconciliado

A escuridão feliz e aperaltada dormita nos
Longos braços do tempo mais pacificado
Inspira a poesia parida com palavras apaixonadas
Cura a paisagem com caricias quase exaltadas

Frederico de Castro

Gotículas subtis




Em gotículas subtis e apaixonadas o céu
Desagua por fim a meio da manhã tão
Delicada, deixando uma peregrina ilusão
A vadiar categoricamente apaparicada

A mística das manhãs reside em deixar fugir
Todos os raios de sol inadvertidamente desatinados
Para que se semeie na fé essa gentil esperança
Ressuscitando, apaixonada e plena de pujança

Frederico de Castro

Malmequeres




Sorri o dia enquanto à janela
Um ramo de malmequeres matura
O silêncio recostado aos beirais
De muitas ilusões intemporais

Esbatida entre sombras endógenas
A solidão decifra um eco fogoso
Enquanto a manhã se estatela
Contemplativa, avassalada e dengosa

Frederico de Castro

Maresia sem itinerário




Em trânsito a maré navega ao sabor
Dos ventos sulinos, deixando amarrotadas
Tantas ondas insinuantes e acalentadas

As maresias sem itinerário afogam-se entre
As margens deste silêncio tão rupestre
Dissolvendo um gomo de luz quase extraterrestre

Frederico de Castro

Nos trilhos da noite




Esboroa-se o dia e estatela-se entre
Penumbras subtis que aqui e acolá
Adormecem à luz deste silêncio tão gentil

São incomensuráveis as memórias
Assanhadas e urdidas nesta noite
Indubitavelmente volátil e aturdida

Nos trilhos morfínicos do tempo veleja
Uma hora voraz fulminante e abnegada
Cai além de madura oh, tão ofendida e subjugada

Em delírios a noite despista-se nas ruelas
Desta escuridão empertigada, deixando tantos
Imperdíveis lamentos a devanear sempre embriagados

Frederico de Castro

O efeito borboleta




Dentro do casulo do tempo eclodem
Silêncios bem metamorfoseados
Simbolizam a dilação de cada eco
Partitivo e bem escareado

Permeiam a noite duas gotículas de solidão
Além pousadas no semblante desta
Escuridão agora em plena remissão, pois
De joelhos a fé reverbera com muita comoção

A larvar neste silêncio quase dilatório sai da
Pupa amadurecida uma adulta ilusão radiante
Batendo suas asas daqui para um lugar distante

No meu jardim chegarão depois coloridas borboletas
Aos milhares, polinizando a esperança premente
Embelezada neste habitat da vida bruxuleando avidamente

Frederico de Castro

O léxico do silêncio




Sob um parabólico silêncio distende-se
A noite cravejada de emoções autênticas
Desvela cada hora que excêntrica mendiga
Resignada uma palavra esbelta e tão egocêntrica

Nas suas alegorias nocturnas a esperança vocifera
Entre o léxico linguístico e esta fé audaz e teocêntrica
Cobrindo com cânticos veementes o altar onde
Repousam lembranças infindas…preces nunca desavindas

Frederico de Castro

Resiliência




Entre os carris do tempo enferrujado
Cresce uma flor trajada de solidões despojadas
Aparafusam e desaparafusam muitas horas algemadas
A tantas emoções que chegam solícitas e regozijadas

Frederico de Castro

Rústico anoitecer




Entre labirínticos silêncios cada hora
Rústica estimulada e tão bajulada
Anoitece mansamente congratulada

Deixa além uma colectânea de emoções
A reverberar sempre dissimuladas
Impossível adiar a noite que chega emulada

Frederico de Castro

Silêncio apaziguador




No sarcófago da noite dormita um silêncio tão
Indigesto e heróico que resiste a uma rara hora
Indignada, resignada, tragicamente finada

Não há supremacia ante a solidão nem eco que bem
Repercuta um lamento quase sempre alucinado, basta
À razão de viver, velar este silêncio agora mais apaziguado

Frederico de Castro

Splash…



- para os meus filhos Ciro, Lucas e Noemi

Saltitante o dia contorna o charco onde
Se espelham ilusões insólitas e inimagináveis
Imortalizam todos os silêncios mais inescrutáveis

Splash…
Enfeitiçante e apaziguada a luz da manhã
Renasce além a jusante de cada hora vulnerável
Alimenta-se de um predestinado sorriso tão inescusável

Splash…
O tempo volátil, algemado a um punhado de
Segundos absolutamente insofismáveis , divaga
Ao sabor de tantas alegrias outrora incomparáveis

Frederico de Castro

Contrastes




Insinuante a manhã vestida de luminescentes
Contrastes esvazia a escuridão tão intima
Serenando este silêncio que legitimo, migra
Até fenecer ante a penúltima hora inspiradíssima

São os contrastes deste tempo infindo, fluindo
Em muitas labirínticas ilusões, onde as maresias
Capturam tantas ondas reverberando de emoção
Até acostar meu porto saudoso e em comoção

Sob a alçada das memórias a saudade revela-se
Cáustica, deixando na estatística dos tempos uma
Palavra pleonástica ou rústica cheia de estilística

Ficará por remasterizar no silêncio, um cântico
Mais esperançoso, pleno de fé e erigido num
Sonho administrado neste verso quase constrangido

Frederico de Castro

Entrada gratuita



Na soleira do tempo o tempo à distância quase que estagna
A solidão petrificada jaz inerte à beira da maresia ali despejada
Na última hora o poente sucumbe entre cada onda mais confortada

Gratuito o silêncio esboça uma trivial palavra tão bem esterilizada
Sem atalhos a luz amara numa premeditada carícia quase aperfeiçoada
Intocável a memória uiva , sussurra e desmaia ao longo de uma prece exacerbada

Frederico de Castro

Inacabada e imperecível solidão


Dançam ao entardecer mil luminescências
Divagantes, deixando uma inacabada solidão
Vadiar entre tantas expectantes caricias exacerbadas

Indiferente à noite que se acerca de mansinho
A escuridão imerge solitariamente, absurdamente
Alinhavando cada breu que fenece horrivelmente

Num hiato de tempo que fugiu desesperadamente
Pálidos e simétricos silêncios diluem-se até nascer
O dia tão repleto de vida que reverbera vorazmente

Num escasso lamento desliza pela solidão, uma tão
Matemática ilusão que palpita frenética…explicitamente
Até que uma complacente palavra me inspire, assim cordialmente

Frederico de Castro

Lua de Outono




Debaixo da lua de Outono escondem-se
Luminescências fragrantes
Deixam um prefácio em todo este silêncio que
Transborda numa maresia de palavras tão regenerantes

Cada gota de luz rega e ilumina a noite que se
Esvai oculta num condoído lamento quase devorante
Onde tantas brisas despertam renovadas, seduzidas…beligerantes
Divagando num calafrio de silêncios gemendo tão delirantes

Frederico e Castro

Metamorfose de murmúrios




Desintegrou-se a manhã numa metamorfose
De silêncios sempre afáveis…quase suplicantes
Amansam aquelas brisas que ronronam tão pujantes

Cada resquício de solidão cogita uma redenção
Quase desesperada, torneando a espessura de
Muitos lamentos deixados ali em escravatura

No fim dos tempos sei que permanecerão
Intactas tantas memórias entusiásticas, deixando
A arfar muitos silábicos beijos tão empáticos

Sem protestos cada hora deixa um promiscuo
Minuto silenciado, para que numa oração compungida
A fé alimente esta esperança esplêndida e estrugida

Frederico de Castro

Palavras desatinadas





Deixo que os aromas primaveris revitalizem

Todos aqueles perfumes costurados em

Naperons de palavras tão apaixonadas

Colorindo os cílios da manhã chegando desatinada


Deixo a luz jorrar ainda que póstuma, refinada

Ainda que imatura, elegante e fascinada

Embrenhando-me depois na manhã loucamente

Indecifrável…absolutamente indisciplinada

Frederico de Castro

Pesar




Lá se vai na noite aquele lamento enjeitado
Submerge na maresia de lágrimas tão espatifadas
Calçando a escuridão com uma negrura quase sufocada

De pesar esconde-se a face numa tristeza que chega
De emboscada, levita no hospício dos silêncios massificados
Até se afogar de vez num pranto decadente…tão resignado

Frederico de Castro

Sereno aguaceiro




Abriu-se o invólucro dos céus e de lá
Despencou um aguaceiro sereno
Molhou de mansinho o corrimão dos silêncios
Para que a noite depois sucumba feliz e tão amena

A escuridão imune a tanta solidão deserta num
Eco vagabundo, quase patogénico
Acoita-se na guarida do tempo uivando desafinado
Deixando irrequietos segredos a flertar tão obstinados

Ausentou-se na madrugada marejada de lágrimas, uma
Reminiscência desta fé plantada na toillet das palavras
Corteses, atrevidas, absolutamente ágeis e comovidas

O aguaceiro caindo serenamente rega minha memória
Quase desatinada, deixando pegadas de cumplicidade
Além desarrumadas nas prateleiras onde mora só a saudade

Frederico de Castro

Time out




No rebordo da maré flui uma hora dissimulada
Traja todos os meus lamentos e… quase mais nada
Humidifica-se a maresia que subtilmente escorrega
Pelo leito de cada onda que por ali divaga

O tempo parou a dois centésimos de segundo
Que feneceram demasiadamente solitários
Infestaram o silêncio tão macabro e enegrecido
Pousando amortecido por um eco quase enlouquecido

Frederico de Castro

À beira Tejo




- ao Tejo imenso, amado e bem navegado

À beira Tejo repousa uma canoa
Convertida numa caricia comprometida
Estira-se além numa maré feliz e redimida

Entre as margens do silêncio desagua
De mansinho um doce afago que inadvertido
Traveste cada sonho naufragando tão combalido

Frederico de Castro

Coisas que só o silêncio escuta




Ensurdecida pelo silêncio lunar
A noite vagueia agora empoleirada
Num luar casto, elegante e majestoso

Sob um implante de emoções marginais
Esgueira-se um eco trémulo e embevecido
Até absorver todo este brutal silêncio encarecido

Pelas dunas do tempo escorre a escuridão trajada
De negras vestes envaidecidas, além onde cada
Alma se queda convertida, espairecida e bem cortejada

Frederico de Castro

Devaneios da alma




Respinga de tristeza um aguaceiro intermitente
Reflecte no lajedo do tempo que desfalece uma
Submissa excitante caricia quase remissa

São os devaneios da alma carente adormecida
Entre o ócio dos dias e das horas caindo impotentes
Qual empatia para tantos intuitivos afagos tão eminentes

Padecendo de uma solidão quase impenitente a
Saudade balouça e sucumbe no meio da manhã colorida
Por silêncios e muitas luminescências tão clementes

Rodeiam-me agora brisas perfumadas que se dissipam
Além numa maresia assustadoramente irreverente para que
Não mais usurpem e corrompam minhas meditações tão latentes

Frederico de Castro

Farol da noite




Online e em toda extensão do silêncio
Esta escuridão furtiva, ficou embutida num verso
Casto, emotivo e repleto de presságios

Subtilmente a luz desnuda-se fiel e esplêndida
De nada valendo à escuridão que além sobeja
Insinuando um nardo desejo bem perfumado

Apanágio desta hora tão tirânica e em pânico
O silêncio percorre a torcida do tempo qual flâmula
Luzidia e icónica, deixando uma tépida emoção
A fibrilar entre palavras tão atónitas

Frederico de Castro

Fonte de luz




Entrando pacificamente pelas frestas do tempo
Desagua a luz intrusiva, sensitiva e tão confidencial
Sublima o tempo que adormece mais preludial

Miríadas de caricias alinham-se no horizonte genial
Deixam o cárcere onde antes cada palavra gemia bestial
Onde a noite nascia perversa, invisível e ditatorial

Pela fonte desta luz escoa a escuridão rechaçada
Um eco monótono e indiscritível flutua além impulsivo
Rega um impávido e minúsculo silêncio arrebatado e definitivo

Frederico de Castro

No precípicio do tempo




O tempo queda-se ali à beirinha do
Precipício onde o silêncio quase surreal
Intimida cada lamento implacável e visceral

A solidão já condenada à pena capital
Esperneia perto do cadafalso, onde cada
Verdugo de forma brutal desfere o golpe fatal

A noite condenada à faxina das emoções irracionais
Adula a escuridão encapuçada, horrivelmente real
Acomoda-se entre as margens de uma hora que fenece desleal

Frederico de Castro

Que pena...os teus olhos choram!




Que pena…os teus olhos choram?
Que solidão ou pranto corroboram
Que silêncio e lamentos revigoram

Que pena…os teus olhos choram?
Que sedenta tantos breus exploram
Cada emoção de mim lograram

Que pena…os teus olhos choram?
Além tantas lágrimas escoram e de muitas
Ilusões e esperanças se enamoram

Que pena…os teus olhos choram?
Se duas gotas de solidão se evaporam
E tantas caricias ávidas imploram

Que pena…os teus olhos choram?
Quando muitos gritos na noite ignoram
E num ápice a maresia teus beijos ancoram

Frederico de Castro

A ponte e o Tejo




Enquanto a noite serenamente navega numa
Maresia singularmente elegante a ponte sobre o
Tejo dormita graciosa e cintilante, até deixar no
Estuário do silêncio uma onda zarpar dali tão mitigante

Frederico de Castro

Após o por do sol




Após o por do sol a maresia retira-se inundada
Por ondas incandescentes, felizes…em debandada
Comemora-se a solidão dormitando fecundada

Após o por do sol estagna uma luminescência longínqua
Instiga a escuridão que ali se acoita medonha e intimidada
Bebe cada palavra que se afogou nesta maré quase sedada

Após o por do sol cada hora fenece solitária e refastelada
Reinventa e revive toda a caricia que se estilhaça endoidada
Desperta no apogeu de ensurdecedoras gargalhadas desvendadas

Frederico de Castro

Bela e vaidosa



Soergue-se a manhã escandalosamente bela e vaidosa
Agnóstico o tempo reflete-se numa hora hipertensa e grandiosa
Sem prognóstico a solidão fenece indiferente, desiludida e vigorosa

Sem contracepções a luz fecunda uma nascitura carícia sumptuosa
Torna-se anfitriã das emoções embebedadas no lagar da fé mais minuciosa
Completa o puzzle de palavras farfalhando impávidas…serenas e harmoniosas

Frederico de Castro

Contemplando e reflectindo




O que vês ao longe parece-te um cântico
De fé reverberando destinto e animado
Pode ser só uma oração trajando este
Verso desesperadamente consternado

O que vês ao longe amigo impregna o
Silêncio com ecos quase excomungados
Solidifica a solidão tão prenhe tão
Repleta de lamentos mais dissimulados

O que vês ao longe é uma luz que gradativamente
Possui-me até ao âmago de muitos desejos que
Intempestivamente se desfragmentam numa
Colossal emoção…assim tão inexoravelmente

Frederico de Castro

De que padeces ó alma...




Quão fácil é desintegrar um átomo e deixar desunida
A alegria, o regozijo apenas num único sorriso
Se os olhos mostrassem o interior da alma que padece
Decerto choraria amordaçada à dor e pranto que além fenece

E assim aviltado envelhece o tempo, uns gemem
Outros de alegria cantam, enquanto atarefado
E comovido cada lamento prolonga a comoção que permanece
Anafada… ó alma que em prantos padeces quase espatifada

Frederico de Castro

Do outro lado do tempo



Do outro lado do tempo fervilha um
Crepúsculo ígneo e flamejante
Exila-se em silêncio até por fim
Flertar o poente intimista e hidratante

A solidão faminta e deslumbrante desagua
Absurdamente apaziguada cabendo toda
Ela entre as margens da maresia depurante
Onde aquela brisa trauteia uma canção apaixonante

Frederico de Castro

Luzeiros da manhã




Sob o efeito da solidão bordada
Por uma luminescência tão grata
A manhã desponta altiva e espalhafatosa
Até clarear a esperança tão amistosa

O céu repleto de inflamáveis cores
Reinventa uma gargalhada iluminada
Esgueira-se entre vernáculos e castiços
Silêncios inspiradamente brandos e submissos

Frederico de Castro

Mastro do tempo




A subir pelo mastro do tempo
Embandeira-se uma hora inactiva
Aprisiona um penacho de luz que
Ondula pela maresia tão exsudativa

A solidão mutilada estende-se ao
Longo deste silêncio irreversível
Excomunga da memória qualquer
Lembrança absurdamente imprescindível

Embalo entre minhas mãos a noite esquiva
Enfeitiçada por escuridões quase cativas
Entrelaçando-se entre sombras matreiras e exclusivas

Sem rumo cada breu disforme e instintivo pernoita
Entre uma cachoeira de lágrimas tão supurativas
Quais maciças caricias sedentas e mais coercivas

Frederico de Castro

Nas margens da solidão




Enquanto amadurece a manhã cada hora
Por mais inútil que seja engrandece esta
Ilusão que peleja feliz e toda a alma elastece

Aprecio o estado de graça deste tempo
Fecundado entre as trompas de um silêncio
Que fenece além tão inanimado

Ilusória e lastimável deixo a memória burlar
Cada lembrança comovida e improvisada
Até algemar uma pusilânime caricia tão ousada

Com acordes vorazes e elegantes o silêncio
Prostra-se junto às margens de um desejo mitigante
Oh, doce ninar daquele sonho avidamente inebriante

Frederico de Castro

Noite apaziguada




Em prantos, a noite ajoelha-se à sombra desta
Escuridão imensamente apaziguada
Resvala pelo tempo sulcando cada maresia
Perdida entre os braços de uma onda extenuada

Cada breu transfunde um silêncio quase inviolável
Costura a escuridão rendida a esta fluorescência Divinal
Desemboca nas margens da esperança onde a maré pernoita
Qual marulhar de um eco prestidigitador e quase criminal

Frederico de Castro

Palavras renegadas




Da retina dos meus olhos flui o tempo impregnado
De lamentos achincalhados qual preambulo para o
Silêncio coabitar nesta ladainha de desejos bem adornados

Preserva a noite sua escuridão quase esganada
Deixando fantoches ilusões pousarem na planície
Das minhas palavras visivelmente amarfanhadas

As horas em fúria cicatrizam cada decímetro desta
Solidão quase encarquilhada, até que breves brisas
Renegadas perfumem nossas almas agora mais engalfinhadas

Embatem na fachada das memórias momentos amordaçados
À saudade desesperadamente desatinada, deixando à
Deriva meu instinto, irreverente, selvagem…emocionado

Solta por fim a manhã um suspiro profundo, convidando
O verbo amar, a alastrar pelas caricias tão bem escrutinadas
Sem jamais defraudar a vida que além desponta assim insubordinada

Frederico De Castro

Sacrário dos silêncios




Um grão de luz insuspeito penetra
Nesta escuridão exponencialmente
Indesejada, até se aconchegar depois
Entre os mamilos da noite agora indultada

Envolto num profano silêncio a solidão em
Prantos peneira cada lágrima caindo pelo
Semblante da saudade mais cogitada, até
Deixar na tardinha uma caricia, oh tão ostentada

E assim resvala o tempo sonolento e molestado
Embebedando cada hora esquiva e desapontada
Despenteando esta ilusão extravagante e espevitada

Na clarabóia dos meus silêncios brilha um luar tão grado,
Tão denodado que me atrevo a seduzir-te todo o abecedário
De palavras inspiradas, impregnadas com um sorriso tão sacrário

Frederico de Castro

Sem tempo para brincar II




Mudam-se os tempos e as vontades
Mas a voz lenta e embarcada ultrapassa
A barreira do som num lamento quase envergonhado

Verga-se até o semblante de uma face fatigada
Onde se consomem mórbidos silêncios
Teimosamente plantados numa esperança subjugada

Frederico de Castro

Surto de silêncios




Acolhedoramente a maresia estatela-se ali
Abraçada a uma onda acoplada à solidão
Condenada, desvirtuada…tão deturpada

Num surto de silêncios absurdamente estereofónicos
A manhã desvela um eco que reverbera subsónico
Até aliviar tantos ais trajados com desejos harmónicos

Em pousio está agora a memória desalojando
Saudades alimentadas nesta imensa trilogia
De versos clonados por uma rima sinfónica

Entre as nuvens pintalgando o céu imenso
Converge a esperança demasiadamente sincrónica
Embebedando cada oração colorida e tão atónita

Frederico de Castro

Deste coração...até lhe dói a alma




O silêncio pisoteado estende-se na ladeira do
Tempo desvinculado até deixar qualquer hora
Morrer absurdamente inacabada

Deste semblante que dói até ao fundo da alma
Flui uma súbita lágrima corroborada, qual sussurro
De palavras dolorosamente enclausuradas

Frederico de Castro

Dor da alma




O silêncio pisoteado estende-se na ladeira do
Tempo desvinculado até deixar qualquer hora
Morrer absurdamente inacabada

Deste semblante que dói até ao fundo da alma
Flui uma súbita lágrima corroborada, qual sussurro
Fluindo nas palavras dolorosamente enclausuradas

Frederico de Castro

Pra lá da cerca...




Para lá da cerca dormita a noite feliz
Persuadida e tão imponentemente apaziguada
Ao longe entre as brumas deste silêncio odorífero
Fenece a escuridão vítima de um lamento soporífero

Os ecos das emoções mais e mais resilientes gravitam
Ao redor daquele breu que se esgueira tão minguado
Decompõe cada gomo silêncio além encafuado
Fecunda estes versos sob a batuta de um cântico apaixonado

Frederico de Castro

Profundo azul




Nas profundezas do tempo navegam tantas
Luminescências azuladas, deixando afogar estes
Silêncios numa ressaca de ondas dissimuladas

Esguicham as noites suas escuridões magnificas
Suspiram palavras inspiradas com uma flexibilidade
Inexorável, até apascentar um eco pleno de serenidade

Na poeira dos dias mais permeáveis entrelaçam-se
Saudades quase insanáveis…oh grácil manhã fragrante
Que insana te doas a uma caricia tão depurante

Colhi da solidão tantas lágrimas reverberantes e até
Pincelei nas memórias uma colorida lembrança que se
Aninhou entre meus delírios esfomeados e quase dementes

No profundo azul navega uma maresia tão complacente
Dissolve-se entre o leito do tempo e todos os vácuos
Deste silêncio que se dilui intensamente contundente

Frederico de Castro

Remake do silêncio




Aleatoriamente a manhã despiu-se da
Escuridão que até então a nutria avidamente
Fez um remake ao silêncio ali radicado até
Imergir após alimentar um lamento delicado

Exausta a memória degusta cada gole de
Solidão embebedada e entorpecida
Navega pelas margens da maresia que requintada
Desagua no leito de uma caricia sempre contentada

Incógnita nasceu a esperança bem sedimentada
Elã para muitas orações corteses, calcorreando
Com afagos cada palavra obviamente muito acalentada

Reclinada numa hora marginalizada as emoções
Fascinam tantas ilusões atarantadas até se afogarem
No meio de uma onda além dormitando extasiada

Frederico de Castro

Silêncio amistoso




O mar trazia de longe o perfume
De muitas maresias bem navegadas
Rasgando o oceano com palavras apaixonadas

No prefácio do tempo coloriu-se uma hora
Decerto muito contenciosa, porque os dias
Fenecem a uma velocidade tão letigiosa

Procuro nas memórias mais sequiosas
Um verso, uma rima que seja vaidosa
Vestindo-a depois com caricias tão sumptuosas

Arde quase febril o poente majestoso
Flameja na haste deste silêncio muito fogoso
Perdendo-se depois num eco inaudível e amistoso

Frederico de Castro

Sonâmbulo silêncio




À noite a escuridão tomba freneticamente gentia
Escorrega pelas sombras para não mais amnistiar
Aquele breu que além divaga, divaga tão escanifrado

Em seu sonambulismo furtuito cada hora alberga
Uma solidão sempre indignada e deixa sem pestanejar
Todo este silêncio que soçobra ante um eco tão desamparado

No meu imaginário incorporam-se memórias solidárias
Agitam-se palavras roçagando uma utopia imaginária
Constrói-se um poema feito de rimas absolutamente arbitrárias

E assim deixo a alma a meditar, recostada no divã de uma
Saudade que sei tão autoritária como quem pressente um
Afago demente…ou uma caricia omnipresente e totalitária

Frederico de Castro

Em pausa



Em pausa o tempo desfila ao longo de um lamento inerte
Converte cada eco num inspirador silêncio tão depurativo
Ressuscita até cada sonho poético, lírico e mais introspetivo

Em pausa as horas driblam todos os segundos ansiosos e degenerativos
São como um malabarismo de grunhidos bramindo num sussurro possessivo
São a biblioteca onde fecundo o formato de cada beijo intenso e excessivo

Em pausa a solidão amara ao longo deste silêncio anquilosado e seletivo
Namora toda a ladainha de sorrisos banais, virias e quase provocativos
São a reminiscência asfixiante de um imperturbável e íntimo afago furtivo

Frederico de Castro

Memorial dos silêncios




Sobre uma serena sombra repousam os claustros
Deste silêncio contemplativo…tão intensivo
Pressurizam até aquele eco fluindo ostensivo

O tempo expedito e incansável apascenta a
Manhã vergada por uma poderosa ilusão sensitiva
Incide nesta solidão contida numa rima tão passiva

Após se desembaraçar de uma hora intrusiva
As memórias dinâmicas, eficazes mas erosivas
Resguardam tantas redentoras saudades expressivas

Frederico de Castro

Morfologia da solidão




Quando na madrugada uiva o silêncio
Todos os ecos sussurram baixinho com
Medo de acordar a alma que além acocorada
Sossega monitorada por esta tristeza apavorada

Quando na madrugada a escuridão se esvai
Até se perder numa hora absurda e desaforada
As sombras travestem a solidão que dormita numa
Brisa escorrendo na memória impaciente e revigorada

O saboroso gosto das saudades é o mosto que
Embebeda toda a nossa existência, deixando hemorrágicos
Silêncios fundamentar tantos lamentos quase autofágicos

Resgatada a manhã aprimora cada gomo de luz
Pintalgando os filamentos desta solidão sempre analógica
Até estancar a felicidade desta narcisa gargalhada tão morfológica

Frederico de Castro

Rivederti




A luz cambaleia triste e borda cada gomo
De solidão mais vetusta, até abraçar a beatitude
De cada palavra agrilhoada fluindo no meu alaúde

O olhar vazio, olhando além do estuário da vida
Bajula esta ilusão qual pluma esvoaçando entre
As brumas da manhã, esfrangalhada e dissonante
Até se desvendar a noite obsoleta ferida e vigilante

No painel do tempo adentram a alma tantas horas
Saltitantes, tecendo em nós as insígnias do amor
Para que unam eternamente cada incoercível,
Cada inalienável silêncio mais incorrosível

Nos bastidores das memórias abrem-se as cortinas, e de
Lá se encenam lembranças para uma plateia aplaudir cada
Acto trazido à ribalta no proscénio da vida ali a eclodir

Frederico de Castro

Sessenta segundos



Na face do silêncio brilha o tempo narciso, preciso, tão conciso
Abstém-se cada eco de sorver um embriagado afago sem juízo
Mais íntimo e definitivo se tornou este adeus inflexível e incircunciso

Na face do silêncio cada hora reporta sessenta segundos decisivos
Cada palavra digitaliza tantos dolorosos lamentos absurdos e omissos
Sufocantes e quizilentos todos os breus renascem perenes e submissos

Frederico de Castro

Breu farsante




Há gotas de luar que regam a memória
Repleta de saudades insubmissas
Arremessam palavras sempre travessas
Deglutindo a noite que chega quase possessa

Entregues a este breu farsante, desnudam-se
Tantas luminescências apaixonadas, deixando
A madrugada encabulada de tão estimulada

Da escuridão mais flagelada resta uma sinfonia
De cânticos tão travessos e apaixonados
Deslizando pelo silêncio sempre tão profuso e excitado

Frederico de Castro

Brisa hipersensível



O tempo submerso numa caricia invisível
Eriça todos os sentidos que saciam um
Desejo absurdamente indivisível

Em teus braços a manhã espreguiça-se num
Longo afago sempre insubstituível e dissolve-se
Depois numa brisa supostamente tão hipersensível

E assim saciado, um pequeno eco remanesce
Além embriagante, expansível e litigante, colidindo
Com a maresia que dormita feliz e tão mitigante

Frederico de Castro

Curvilíneos silêncios




Nesta imensa maresia repousa uma onda
Imune a este silêncio safado quieto, recatado
Pois além se debruça um bem-aventurado oceano
Pairando no tempo incorruptível e empolgado

Decifro num gomo de luz uma insinuante palavra
Ondulando em todos os luminescentes estados
De prazer mais petulante, deixando uma nesga de
Solidão debruçada no beiral deste tempo tão migrante

Detecto na aragem dos dias resquícios de um perfume
Inebriante que alimenta todas as curvilíneas nuances de um
Desejo arfando entre silábicos e extasiados ais mais ofegantes

Está assim encenada a noite deixando no camarim da vida
Uma teatral saudade quase promíscua, roçagando de mansinho
Por entre o marulhar deste silêncio irreplicável e desalmado

Frederico de Castro

Erosão do tempo




No solo do tempo escalda esta
Solidão quase comburente, até sedimentar
A crosta deste silêncio tão interferente

Erosivo cada lamento dilapida uma emoção
Passageira, deixando nos detritos da saudade
Cada lembrança rugindo com muita cumplicidade

Neste colapso de silêncios muito ecológicos
Desertificam-se ilusões, decompõem-se horas
Que depois tombam no enrocamento de mil paixões

Na laguna da manhã espirra uma maresia esquizofrénica
Desfragmenta-se no areal dos sonhos mais erosivos, até
Deixar uma fissura homogénea neste sorriso tão expansivo

Frederico de Castro

Gingando pela noite




O corpo da noite esculpido num eco
Abismado beberica cada gomo de luz colhido
E santificado num bruá majestoso e sofisticado

Escasso é este silêncio quase hagiológico deixando
Um halo de esperança iluminar e desabar nesta oração
Fanática peregrinando pelo altar da vida mais fleumática

Frederico de Castro

Lá vem o dia...




Numa enxurrada de luz a manhã
Desponta introspectiva,
Lá vem o dia…para iluminar a esperança
Prescrita entre a fé saltitando no meio de
Uma oração veementemente explicita

A terra ávida e apreciativa enrodilha-se de
Ecos e silêncios absolutos espreitando por entre
As curvas do tempo onde se simulam
E cativam as palavras mais argutas e convictas

Frederico de Castro

Luares do Tejo




A lua despontou disseminando na
Noite luminescências sempre elegantes
Deixou a escuridão aperaltar-se tão extravagante

Lisboa adornada por sorrisos ternos
Apascenta o Tejo navegando apaixonado 
Numa onda fiel, suturna e bem emulcionada 

Além, qual brisa plena de candura
Queda-se este luar tatuando a noite que
Se esvai com tamanha brandura

Frederico de Castro

Refulgências na noite




De noite as emoções distendem-se apaziguadas
Calibram muitas horas que espúrias veneram estas
Escuridões vadias, adulteradas…quase extenuadas

De noite o luar prenhe e vistoso refulge insinuante
Boceja sonolento antes de se aconchegar sobre o
Manto de neblinas semânticas e tão esfuziantes

De noite a solidão corrói cada triste lamurio
Augúrio meu enquanto adormeço ao som
De cânticos algemados a um eco tão perdulário

Frederico de Castro

Sob as garras do tempo



Sob as garras da noite a escuridão espeta
Suas unhas num breu quase defunto
Morre ali juntinho a este lamento tão adjunto

Sob as garras do silêncio uma farta solidão
Escova a memória sempre despenteada
Retendo na alma cada caricia fiel e patenteada

Sob as garras de uma gargalhada alteada
A manhã reverbera numa lassidão ali refastelada
Transfigurando uma lágrima caindo desenfreada

Sob as garras do tempo cada hora imerge falseada
Refina a liberdade que traquina, laqueia as trompas
A esta imensa saudade tão prenhe…tão esfomeada

Frederico de Castro

Único silêncio




Sentada no cadeirão do tempo uma hora
Sossega e apascenta aquele segundo tirano
Sempre escravizado, até vestir de branco
A briosa manhã chegando tão branda

Amarrotadas memórias subsistem ainda
Milagrosas, lambuzando os cílios à solidão
Que esporadicamente se acoita entre
Cada imutável segundo aclamado com emoção

De manhãzinha as nuvens arrotam um aguaceiro
Fino debruando cada gotícula de água com uma
Fé exorbitante, intrínseca e cada vez mais solicitante

Na calmaria dos meus silêncios vagueiam tantas
Maresias perfumadas e revigorantes deixando depois a
Jusante uma imensidão de beijos inteiramente reconfortantes

Frederico de Castro

Além rasteja a noite




Descalçam-se mil memórias expectantes
Ladrilham a solidão que desmaia entre
Dois milésimos de segundo tão litigantes

Descobre-se a noite rastejando pelo areal
Da vida agora mais vasculhada e intrigante
Embebedando doces palavras quase dissonantes

A luz da manhã ainda mortiça e pontiaguda
Socorre a saudade além estagnada numa lembrança
Poética, quiçá aconchegada nesta caricia tão desatinada

A cada nascer do sol exulta a alma quase fascinada
A cada silêncio remasterizam-se ecos tão ovacionados e a
Cada inequívoca emoção explode um sentimento quase danado

Frederico de Castro

Alma de mim




Alma de mim, sonda-me este silêncio
Que entra furtivamente qual intimo
Lamento e se afoga num ai tão legítimo

Alma de mim, acalenta-me a solidão que
Nesta hora furtivamente toda ilusão alenta
A noite amamenta qual escuridão mais opulenta

Alma de mim, ornamenta-me a memória para
Que lembre com saudade aquela caricia feita
Vestimenta para um verso que cada beijo fomenta

Alma de mim, ousa-me ou recusa-me este
Silêncio que alimento até aos píncaros de um
Desenfreado eco desordeiro…tão embusteiro

Alma de mim, perscruta-me este aguaceiro imenso
Navega-me por entre tantas frentes frias, adornando
Cada gota de chuva, caindo além com plena simetria

Frederico de Castro

Aqui jaz...




Aqui jaz
este silêncio moribundo
ecoa abatido junto àquele cais
onde de imediato mergulho
minh’alma transbordando ondas
lúcidas de mim
convertidas em marés, vagas
e sois diurnos, apaixonados por ti

Aqui jaz
um imenso oceano de solidão perversa
todo este mar ovacionando ondas que beijam
o estuário dos meus lamentos e pieguices
desaguando quais oferendas afagos ou meiguices


Aqui jaz
a noite rasgando a órbita avassaladora
de uma noite impregnada de cumplicidades
de mim…de nós
mais resignada por uma caricia inflamada
feita promessa tão conciliadora e alucinada

Frederico de Castro

Azul da cor do céu




Olhando para o céu vislumbram-se além azuis
Ornamentais acomodar-se na orla do tempo artificial
Quem sabe seja só mar a afogar-se em tantas
Castas maresias felizes e tão essenciais

Cada brisa borrifa este silêncio ainda em liberdade
Circunavega as minhas inspirações mais irrequietas
Entrelaça-se a ondas de ecos efervescentes e inquietos
Colorindo o céu de azuis quase boquiabertos

Frederico de Castro

Brisas extemporâneas




Ainda atordoada a manhã despe-se dos
Últimos breus que suspiram em simultâneo
Induzem cada silêncio que boceja consentâneo

Cada hora transfigurada traga aquela luminescência
Quase estilhaçada mesmo defronte da solidão que
Enfeitiçada se estira entre os lambris da memória atiçada

Mantem-se viva a maresia perfumando os contornos
Sinuosos deste oceano mediterrâneo além onde conterrâneas
E frágeis brisas pulsam ofegantes quase extemporâneas

Frederico de Castro

Entre a lua e o sol




Entre os corpos celestiais acendem-se nas profundas
Escuridões espaciais, toda a fusão do amor galáctico, unindo
Esperanças que gravitam imponentemente excepcionais

Contornando estes céus que brilham na noite
Absurdamente magistral, vadiam poeiras mágicas detentoras
De um quântico lampejo de luz…quase tridimensional

Entre a lua e o sol ecoa uma solidão tão racional
Desintegram-se na penumbra do tempo quais meteoritos
Caindo incandescentes no meio deste silêncio tão restrito

Na órbita do universo vagueiam e conspiram emoções
Gigantescas deixando na inércia espacial, indolentes ilusões
Prostradas sob a força de uma fé sempre equivalente e incondicional

Frederico de Castro

Entre as dunas da noite




Entre as dunas da noite que vorazmente se
Alimenta desta escuridão iníqua, deixo no arquivo
Do tempo uma palavra desvairada e ventríloqua

Pelos nós da memória desatam-se saudades tão
Obliquas e até desentalamos aquele silêncio que
Indiferente excursiona pelo deserto da alma tão carente

Frederico de Castro

Hora miraculosa




Hoje a manhã solidificou a solidão que deixa
Impunemente prescrever esta hora vadia, qual
Efémera palavra que pulsa reverente e fugidia

Lágrimas de um lamento incontido abrigam-se
Entre as pálpebras de tantas emoções incontroláveis
Repintando nos painéis do tempo mil ilusões inimagináveis

Deixa cada desejo um rasto de silêncios tão incisivos
Apogeu para minha prosa inspirada numa estrofe invasiva
Capitular ante absurdas rimas que degusto de forma tão dissuasiva

Guardei na gaveta das minhas lembranças, memórias
Deveras tão permissivas, que as saudades, descontroladas
Se esgueiram roçagantes pelo palco de mil caricias desveladas

Frederico de Castro

Neste fecundo silêncio




Sedosa a manhã ilustra a solidão que
Se exila além num montão de lamentos
Remando na maresia dos meus desapontamentos

Um fiel gomo de luz deixa sua primogenitura entregue
A um fecundo silêncio que nasce quase ensurdecedor
Aconchegando este verso tão enamorado e inspirador

Abro a mochila dos meus desejos e reconstruo a
Memória escorregando pela madrugada acolhedora
Até se afogar numa onda singrado tão pacificadora

Descalço o poente aninha-se agora a uma escuridão
Refrescante e avassaladora, ungindo cada palavra
Que resvala numa rima absurdamente arrebatadora

Frederico de Castro

No reposteiro da noite




Finou-se aquele arisco silêncio quase impio
Deixando na fria laje da noite uma hora inquieta
Vacilando no lusco-fusco da escuridão tão obsoleta

Desassombrada e ríspida sinto a solidão rugir e
Acondicionar-se em mim sob a tutela de uma emoção
Indefectível irrequieta e abruptamente irascível

Ao chegar o crepúsculo matutino desfilam na fimbria do
Tempo tantos suspiros inéditos deixando qualquer supérfluo
Silêncio a pairar neste sonho onde tão somente me incluo

No reposteiro da vida esconde-se a solidão encapotada
Evocam-se memórias supracitadas para que no domínio
Da esperança a fé recobre toda a sua razão exaltada

Frederico de Castro

O vazio da minha cidade




No vazio da minha cidade passeia o
Silêncio inquietante…quase transcendente
Deixou de quarentena a solidão perdida
Na calçada dos lamentos mais contundentes

Cada hora cercada por gemidos bravios
Vadia agora qual queixume sempre plangente
Deixa omisso qualquer sorriso tão herético
Esmifrando o tempo que ali fenece quase epiléptico


Frederico de Castro

Revelação dos silêncios



Os silêncios em fuga colidem na escuridão quase irredutível
Sua fisionomia maviosa serena a noite lírica e tão impreterível
Chegam até às entranhas de um lamento conivente e irrepreensível

Cada brisa colorida em tons de anis, encharca este verso acalentado
Aquieta o céu e o horizonte embebedado de breus tão assustados
Sem pudores fotografam tantos sussurros uivando e ganindo desaçaimados

FC

À tona




Acomodada a solidão ressurge dissimulada
Deixa na beira do tempo um disruptivo eco
Navegando à tona de cada palavra capitulada

Doces beijos afogam-se na maresia imaculada
Encarceram uma hora tão amante, tão estrangulada
São caricias serpenteando a alma agora e sempre bajulada

Frederico de Castro

Alquimia de emoções




Como um bibelot fino e elegante a manhã lustra
E espartilha o silêncio com luminescências fragrantes
Está pousada na estante das minhas memórias
Alinhavando a saudade agora e sempre depurante

A solidão envolta numa alquimia de emoções
Quase translumbrantes aconchega-se a um
Eco demasiadamente vibrante, além onde decerto
A maresia sussurra absurdamente delirante

Frederico de Castro

Butterfly




Já saciada a escuridão dá à luz
Uma luminosidade incandescente
É a noite já rendida suplicando beijos a esmo
De mil afagos se entranhando em mim mesmo

Sob o efeito de hilariantes gargalhadas
A solidão espezinha uma brisa oriunda do além
Onde além a alma se metamorfoseia apaixonada
Qual corte de caricias pairando ali tão bem adornadas

Frederico de Castro

Desamparo




Confunde-se a manhã com uma tristeza
Tão esmiuçada, deixando até indiferente
A solidão que ensurdece escancarada

Desamparada e triste encosta-se no
Murete das lamentações descolorindo cada
Uivo ou lamento trajado de reverberações

Traiçoeira a vida olha-me com desdém
É egoísta, deixa-me à margem do silêncio que
Chicoteia a alma espezinhada por um eco masoquista

Ficou assim blindada e faminta uma lágrima declinada
Apalavrou e sitiou a solidão que exulta danada, alimentando
Cada palavra enterrada no condomínio da emoções amofinadas

Frederico de Castro

Enquanto o sol se põe




Enquanto o sol se põe peregrinam além
No imenso céu tantas emoções marginais
Contagiam minha inspiração trajada com
Palavras fragrantes, subtis…tão tridimensionais

Enquanto o sol se põe fecundam-se
Beijos frementes ,cosméticos e excedentes
Sublimam-se afagos brilhando na fulgura de
Um luar casto, elegante, frenético…quase magnético

Frederico de Castro

Espectro do silêncio




Quão mágica se tornou a luz
Destronou dali a escuridão que conturbada
Se acoita numa palavra quase agoniada

O espectro do silêncio desbasta cada
Hora enorme e revoltada, deixando
Algures uma lágrima a chorar tão indesejada

A noite esvoaçante acaricia aquela brisa
Chegando perfumada…quase enfeitiçante
Até nos embriagar com desejos sempre meliantes

Numa sinfonia fantástica a manhã regenera-se e
Apronta cada neurónio de alegria exuberante para
Que uma infinita caricia em nós se eternize mais pujante

Frederico de Castro

Estandarte do tempo



Adormeceu a maresia a dois palmos da solidão em potencial
Confidencial a manhã multiplica sua luz e sua fé tangencial
À escuta e sem pestanejar clono e fecundo uma prece crucial

No estandarte do tempo trepa a vida repleta de palavras reverenciais
Na retina dos olhos flutuam lágrimas sossegadas, definitivas…substanciais
De véspera, a esperança regenera tantas luminescências inauditas e essenciais

Frederico de Castro

Flores silvestres



No jardim nascem flores silvestres, serenas e esplendorosas
Seu perfume vai além colorir a paz de mil preces calorosas
Em sigilo cada hora imortaliza tantas esperanças tão vigorosas

Com seus uivos silenciosos a manhã espreguiça-se mais habilidosa
Apetecer-me-ia bebericar na fonte das palavras sempre miraculosas
E desaguar ao longo das maresias perplexas, infindas e frondosas

Frederico de Castro

Infinito...tão distante




Enquanto a noite se embebeda de breus
Nocturnos, de mansinho unifica toda esta
Galáxia estirada no leito de uma onda desvairada

Enquanto a noite solidifica uma ilusão excitada
Espirra além um gomo de luz que premeditado se
Esgueira tão temerário…literalmente velário

Enquanto uma hora cada um dos seus segundos nina
Bolina pelo oceano uma brisa empolgante
Esparramando no silêncio um eco embriagante

No infinito distante sangra a solidão que hereditária
Se revela numa sinfonia de lamentos circunavegantes
Até se afogarem naquela hora tão empolgante

Frederico de Castro

Luar indomável




Pintalgo no tempo a dimensão do silêncio até
Deixar uma sequela de felicidade a velejar além
Sorrateira no regaço de uma maresia que
Baloiça, baloiça tão buliceira

Enquanto a noite se remenda num gomo de luz
Indomável, a solidão castra cada sombra vagando
Neste luar vergado e embutido em silabas e
Palavras que esquadrinho empolgado

Frederico de Castro

Memórias intangíveis




Com destreza a manhã escorre lentamente
Por um fio de solidão radicada numa
Gargalhada amistosa, não fosse a luz
Embebedar-se de uma ilusão tão majestosa

Sob o riacho do silêncio flutua uma brisa
Imarcescível, deixando a centímetros da saudade
Uma memória repleta de desejos quase intangíveis

E além vagueia solitária a esperança incendiando a fé
Que se deseja cada vez mais brutal, até ao desabrochar
Da vida vadiando neste afago tão visceral, quase imortal

Fiquei isolado no cárcere das minhas solidões quase
Extra-sensoriais porque na clausura dos silêncios
Ainda reverbera um absoluto eco tão fenomenal
Incendiando cada maiúsculo sonho ultra radical 

Frederico de Castro

Na fuselagem do silêncio




O silêncio tranquilo e ali instalado
Amnistia uma brisa que encapuçada deixa
Germinar pelos céus a esperança tão almejada

Pintalga as asas do tempo mais melancólico
Transforma cada ruido num amontoado de
Silêncios agora absurdamente emancipados

Na fuselagem do tempo esvoaça a solidão
Infiltrada nos ailerons do silêncio até estabilizar
Aquela derradeira hora num eco além a eternizar

Frederico de Castro

O olhar do silêncio




Range uma hora faminta entre as
Dobradiças deste silêncio tão abismal
Oh solene suplica quase criminal

A manhã desponta a olhar para todo
Aquele silêncio demasiadamente penal
Deixando este verso condenado à pena capital

Em bicos de pés a solidão empoleira-se
Em muitas, tantas, emoções passionais
Qual réquiem para mil desejos sensacionais

Atulhada em escuridões que quase putrefazem
Um breu felino e marginal, delira além esta
Avassaladora fé, que é me assustadoramente essencial

Frederico de Castro

Perpendicular ao tempo




Treme o poente vendo a noite chegar
E cada gomo de sol ilustra bem a solidão
Pousada além no parapeito de um fotográfico
Silêncio quase, quase caindo desamparado

Perpendicular ao tempo que conspira
Desfasado a escuridão chegará paralisada
Lambendo uma hora que se esvai opulenta
Quais réstias de uma promissora caricia suculenta

Frederico de Castro

Sombras cativas




Tenho o silêncio cativo nestas sombras
Além suspensas num gomo de luz refractado
Semeiam na escuridão tantas rectas acidentalmente
Geométricas…resplandecentemente simétricas

Quão enorme se tornou esta noite deixando no
Edifício das solidões a saudade colérica tão extenuada
Alimento para bárbaros silêncios noctívagos desidratarem
A memória já de si histérica, sulfúrica e atarantada

Mordiscadas ficaram as horas mais desorientadas
Porque decerto lastimam todas as partidas, todas as
Ausências dolorosas e inexoravelmente acicatadas

A manhã renasce altiva e deambula deslumbrante pelas
Planícies da vida arquitectando mil ilusões apaixonadas
Abrilhantando as palavras inebriantes, possessas…suplantadas

Frederico de Castro

Tarde triste




O silêncio deambulando além quase conflituoso
Filtra as últimas e derradeiras luminescências indomáveis
O Deus que habita em minh’alma alimenta esta fé quase
Esfaimada e adorna todos os sentimentos mais mitigáveis

Na tarde triste que por fim escorrega trepidante e graciosa
Sucumbe uma hora poética, inspiradora e auspiciosa
Preenche todos os exíguos silêncios quase incrédulos
Autentica e fecunda toda e qualquer caricia tão contagiosa

Frederico de Castro

Além mar




Fecharam-se as cortinas a este silêncio abominável
Desejaram-se tantos beijos avidamente insaciáveis
Desenharam-se caricias supremamente memoráveis

Na rota do tempo, além mar vadia uma hora
Que imutável apascenta tantas emoções vulneráveis
Colide com meras solidões convergindo tão inexoráveis

Sobre o poente ígneo e majestoso repousam muitas
Lembranças inalienáveis quais sussurros navegando
Por uma brisa que dormita pelas maresias inescrutáveis

Frederico de Castro

Brumas suspensas




Entre as brumas da manhã docemente
Suspensa numa vivida luminescência grandiosa
Escorre uma hora purificante e melodiosa

Apazigua cada gotícula de luz mais invisível
Flutua pela plumagem do tempo tão irredutível
Ornamenta tanta ilusão abençoada e inexprimível

Entre as brumas suspensas o céu resfriado
Desagua num aguaceiro de emoções imarcescíveis
Impregnando a vida de beijos e caricias imprescindíveis

Frederico de Castro

Dá que pensar...a solidão




No meu dicionário nem encontro palavras
Que preencham o vácuo de todos os vazios
Contidos num lamento massivo…tão esquivo
Pois a noite esconde-se num breu mais persuasivo

Na várzea das solidões habita um eco intempestivo
Deserta pelo horizonte da memória mais cativa, até
Que o silêncio coe cada lágrima sempre depurativa

Dá que pensar…a solidão tatuada numa ilusão inactiva
Pintalgada de emoções que na expectativa, se convertem
Numa fé, penetrante, incisiva…mais vindicativa

Frederico de Castro

Em lenta combustão




No templo da solidão esfuma-se a noite quase ocluída
Capta cada luminescência benevolente e obstruída
É a combustão lenta da alma que arde e flameja possuída

O tempo irreverente amplifica este silêncio ali pendente
Enfuna e tresmalha uma brisa tão afrodisíaca, tão confidente
Emulsifica a escuridão que além adormece esporadicamente

Frederico de Castro

Embebedei-me ao pôr do sol




Sem vírgulas e sem subterfúgios a manhã
Calafeta este silêncio que deixei em epígrafe
Qual anágrafe para uma palavra convalescendo
Entre o leito desta emoção sempre encabulada

O dia descaradamente embebeda-se da luz que
Chega ferina e despótica, enjaulando aquele breu
Gesticulando num milimétrico segundo que fenece
Atribulado, delirando sobre um lamento coagulado

Frederico de Castro

Espectro da noite




O poente além rasura a escuridão
Com um breu profuso e feliz
Engaveta no espectro da noite um naipe
De mágicos silêncios tão ensurdecedores

Qual rascunho para uma solidão acolhedora
Uma hora alada retira-se para os confins do
Tempo onde um furtivo eco bem gizado e condoído
Estatela-se na orla do mar marulhando interactivo

Frederico de Castro

Horas entediadas




As manhãs andarilhas vadiam a bordo
Do tempo, que extraviado revigora um
Lamento tão mandrião…tão assediado

As horas entediadas recobram na marquesa
Deste silêncio absolutamente enfastiado
Remoendo memórias e desejos quase asfixiados

Frederico de Castro

Leves brisas...lava-as o vento




Tecida numa manhã arrebatadora
Fluem labirínticas brisas entre um
Passivo silêncio absolutamente devastador

Obsessiva a luz pranteia deixando cair
Duas lágrimas num ébrio eco confortador
Último acto para um lamento tão sustentador

Além sibila uma brisa sempre inspiradora
Perfuma cada verso com uma caricia mitigadora
Escraviza uma rima refrescante e purificadora

Brota da solidão um peregrino silêncio tão
Místico, que a alma ainda que acabrunhada
Encandeia uma hora que breve se inflama assanhada

Frederico de Castro

Luminescências nocturnas



A noite sei que chegará envolta num
Profuso silêncio quase perfeccionista
Deixará ali reflexos de um olhar dormitando
Num eco acolhedor e tão ilusionista

O luar terno e caloroso, apascenta toda
Esta escuridão pousada entre as ombreiras
De uma ilusão absolutamente primorosa qual
Silêncio migrando numa luminescência tão esplendorosa

Frederico de Castro

Malabarista celestial




Em perfeito equilíbrio a noite esconde-se barricada
Numa escuridão magistral, deixando todos os decibéis
Do silêncio agonizar ali de forma tão escultural

Em subtis malabarismos fertiliza-se a fé
Com uma destreza absolutamente surreal
Onde cada oração se queda neste espaço sideral

A luz qual iô iô vai e vem empoleirada na via láctea que
Arde qual tocha flamejante, deixando a alma arquejante
Gravitar neste enorme silêncio galáctico…tão pujante

Frederico de Castro

O design do silêncio




Sombras supérfluas escondem-se entre
As frinchas deste silêncio quase estridente
Iluminam o esconso néctar de luz que ali
Adormece ao sabor de uma caricia tão evidente

O que dista daqui até à solidão são léguas de
Lamentos apaixonados apascentando cada emoção
Explicita, implícita numa lágrima caindo tão cordial
Entre os cílios do tempo corriqueiro e tão banal

Frederico de Castro

O sorriso que me dás


O sorriso que me dás escapa à socapa
É detentor dessa audaz e eloquente
Gargalhada em êxtase, tão arguta
Com aquela candura própria de
Uma meninice sempre astuta

A manhã tatuada de fluorescências
Magnificas deixa em clausura, todo este
Silêncio imerso em pequeninos gomos de
Doçura bailando numa rima cheia de mesura

Frederico de Castro

O trem que passou por aqui...



O trem que passou por aqui…levou-me as preces mais lúbricas
Mais ígneas, mais resvaladiças, mais intensas e comunicativas
Descarrilará além após todas as escuridões sucumbirem tão intuitivas

O trem que passou por aqui…levou-me o tempo e tantas horas atrativas
Bafejou os céus com um manto de aguaceiros, vorazes e depurativos
Infiltrou a paisagem com sorrisos e afagos tão preciosos e tão intrusivos

O trem que passou por aqui.. converteu todos os lamentos mais evocativos
Em mil gotículas de fé fluidificantes, fecundas, mais delicadas e furtivas
Mimoseou todas as preces convictas, derradeiras e absolutamente apreciativas

Frederico de Castro

Onde está o erro?




A escada solitária presa ao corrimão
Do tempo, ali não mais está
A porta de esguelha fecha-se quiçá
Ao lado de cinco degraus mais acolá

Com elegância e delicadeza se desenha
Esta obra prima qual pantomina estilística
Estatelada entre as couceiras e a maçaneta
De uma engenhosa arquitectura tão heurística

Frederico de Castro

Onde mora a lua ?




Pendurada entre os castiçais da noite a
Lua sedimenta seu luar majestoso, numa
Conjugação plena de silêncios tão impetuosos

Onde mora a lua mora a saudade portentosa
Apaziguando a escuridão que se recreia entre
Tantas maresias grandiosamente charmosas

A paisagem da esperança retempera-se e
Perscruta toda esta solidão arquitectónica
Vadiando pelas brisas tão hegemónicas

A madrugada dormitando na alcova deste
Silêncio polifónico, galga as margens do tempo
E acode a fé sublimada num gomo de luz tão icónico

Frederico de Castro

Que Dó...




A sublimação da musica e da poesia quando ressuscitam
Ali inexplicavelmente até o silêncio indelével suscitam
Onde um eloquente eco e tantos sonhos depois coabitam

Que Dó será este que piamente a alma aconchega
As lágrimas em gotículas caindo serenas, felicita e depois
Bem depois, a alma apazigua de forma tão solicita

Cada gomo de luz debruçado à janela das emoções afáveis
Enamora-se deste cântico nobre, enlevado e confortável
Ó Sole mio brilhando num verso suspirando alegre e irrefutável

Frederico de Castro

Além deste mar...




Na varanda da solidão um poente
Vertiginoso espreita por entre as
Frinchas da noite, onde a maresia
Apaixonada se estira feliz e ovacionada

Além deste mar, existem tantas ondas
Navegando ao sabor de uma brisa abonada
Existe uma esperança consignada pelos
Estatutos desta fé agora e sempre inflacionada

Frederico de Castro

Aqui jaz...




Aqui jaz
este silêncio moribundo
ecoa abatido junto àquela praia
onde de imediato mergulho
minh’alma transbordando ondas
lúcidas de mim
convertidas em marés, vagas
e sois diurnos, apaixonados por ti

Aqui jaz
um imenso oceano de solidão perversa
todo este mar ovacionando ondas que beijam
o estuário dos meus lamentos e pieguices
desaguando quais oferendas afagos ou meiguices

Aqui jaz
um breu rasgando a órbita avassaladora
de uma noite impregnada de cumplicidades
de mim…de nós
mais resignada por uma caricia inflamada
feita promessa tão conciliadora e alucinada

Frederico de Castro

Às mãos do mar




Às mãos do mar me entreguei escrevendo
Na maresia imensa e intransponível um verso
Afogado num manto de silêncios imprevisíveis

Às mãos do mar amarou a solidão repleta de
Sensações imperceptíveis, joeirando cada lágrima
Caindo no colo de mil emoções tão imperecíveis

Às mãos do mar o oceano arrota uma onda dormitando
No leito marinho, quase impassível, até banhar aquele
Poente que fenece às cavalitas de um sonho submergível

Frederico de Castro

Brisas virtuosas




As brisas virtuosas e elegantes afagam todo
Este demolidor silêncio malandro e empolgante
Perfumam os sonhos embevecidos por tantos
Sorrisos iluminados e verdadeiramente fragantes

Em movimentos sincronizados e sublimes o sol dança
Homogeneizado com a planície anónima e deslumbrante
Deixa a solidão sem pseudónimo a chorar rendida a cada
Oração inspiradora desta fé agora mais resplandecida

Frederico de Castro

Cacilheiro submerso




O silêncio apoquentado confraterniza com
A solidão afrontada…quase desapontada
Inunda a manhã submersa num nevoeiro
Que pegajoso, orna cada eco mais ardiloso

Entre olhares subtis uma hora apascenta
Esta luminescência sempre tão preguiçosa
Intersecta cada sombra que se dilui ali tão rigorosa
Transborda numa maresia de palavras afectuosas

Frederico de Castro

Curto-circuito




No atrito de belas luminescências faísca
A escuridão remanescendo quase inesgotável
São curto-circuitos na noite que fenece inevitável

Inexoravelmente apaixonada a luz tempera
Esta solidão absurdamente insuportável
Deixando o silêncio maturar qual eco inimitável

Frederico de Castro

LOGIN




Sem username, sem password
O tempo fechou-se na redoma do
Silêncio do qual sou tão usuário

A noite alimentada por um servidor de
Ecos intangíveis fez log out e adormeceu
Entre os arquivos dos desejos mais compatíveis

Na perífrase do tempo a solidão exponencialmente
Recriada, insolúvel e quase denegrida, cadastra
E credencia cada restrita caricia tão bem digerida

Introspectivas e ilusórias todas as palavras memorizam
O palavra-chave onde as emoções abstractas diagnosticam todo
O softwere dissimulado, virtuoso…tão maliciosamente assediado

Frederico de Castro

Luar embriagado




Percorro com carinho todo o semblante da noite
Aconchegada a este luar quase embriagado, deglutindo
A enamorada escuridão tão implícita e consumada

Emolduro cada luminescência com ecos
Vastíssimos e apavorados, despindo o olhar que
Adormece na alcova deste silêncio consolado

Dançando descalço e ébrio este lamento fugidio
Ainda alberga tantas escorregadias rimas vadias
Felicitando um resquício de saudades cada vez mais irradias

Repousa ali no relicário do tempo uma hora deveras tão
Baldia que nada mais curará este silêncio que não a força
Da esperança coabitando a alma e cada palavra reconfortante

Frederico de Castro

Morfologia de um lamento



Morfologicamente a solidão acoberta o poente plenamente
Corroído de ilusões e saudades emergindo tão astutas e latentes
Pensativas e convergentes hibernam todas as marés tão intermitentes

Assim fenecem de hipotermia todas as escuridões persistentes
Assim desaguam no horizonte quânticas palavras mais penitentes
Refrescantes caricias temperam uma onda de lamentos tão pungentes

Frederico de Castro

Na minha jogada...




Com dois dribles simulo uma jogada empolgante
Remato forte com palavras bem abalizadas
Deixando em off side aquela finta desajeitada

Na marcação de um penalti pulsa a esperança
Porque a claque em suspense…por fim grita pujante
Goooloooo...explodindo numa alegria excitante

Frederico de Castro

No silêncio das árvores




À sombra de silêncios alheios cresce
Uma árvore imensa, cujos troncos se
Espreguiçam entre brisas auspiciosas e altivas

No feliz bafejar das folhas ondula um batuque
Exuberante impregnando a paisagem que além
Medra feliz, adornando sorrisos em plena peregrinação

Frederico de Castro

Odores da primavera




Depois de parir tantas pétalas deste silêncio colorido
A manhã ginga ansiosa entre cada gomo de luz sem alarido
São odores da primavera destilando perfumes tão desabridos

Num suave e doce burburinho a solidão irrompe expectante
Empresta à esperança uma conhecida oração sempre crepitante
Rechaça cada eco vivido nesta fracção de segundo palpitante

Frederico de Castro

Onde dormita a solidão



Mordisco cada gomo de luz deslumbrante
Alimento em delírio todas as palavras que
Latejam em mim assim de forma contagiante
Despenteando cada verso que freme feliz e pujante

E assim prudentemente a solidão dormita
Confortavelmente imperturbável, deixando
Que desejos ardentes derrapem sempre intratáveis
Pela derme de muitas caricias tão formidáveis

Abri todas as janelas e o silêncio penetrou
Fundo nas entranhas da alma, tal qual um
Um beijo seduzido e apaixonado vadiando pela
Serotonina dos nossos seres vibrantes e emocionados

Frederico de Castro

Para além da via láctea




Os olhos da noite
Vêm para além do tempo mais explicito
Desvelam o breu, gelado, absorto numa
Heresia de escuridões quase promiscuas

Os olhos da noite
Despertam palpitantes luminescências edílicas
Reflorestam a via láctea com estrelas brilhando
Na suavidade de uma coreografia celestial
Quase suplicia

Frederico de Castro

Pensando...em silêncio


Hoje a manhã solidificou a solidão que deixa
Impunemente prescrever esta hora vadia, qual
Efémera palavra que pulsa reverente e fugidia

Depois de um aguaceiro incontido abrigam-se entre
As pálpebras de tantas emoções incontroláveis
Mil e tantas reflexões quase inimagináveis

Pensando…em silêncio o dia enamora-se
De um afago tão elegante e airoso, inspirando
Cada verso que perdura num eco tão carinhoso

Frederico de Castro

Por outros caminhos




Existem outros caminhos, novos horizontes
Tantos destinos felizes em pleno burburinho
Do presente ao futuro cada sonho ali esquadrinho

Existem outros caminhos moldando a memória imperativa
Intuitiva, mais cativa toda ela muito, muito construtiva
Tudo em mim vadia a bordo da mesma fé superlativa

Outros caminhos trajados de esperança tão combativa
Ali cada oração repercute a vida colorida e infinitiva
Degrau a degrau até alcançar a plenitude da alegria apelativa

Outros caminhos outras manhãs flamejando gustativas
Adocicam cada luminescência brilhando intempestiva
Além navega o rumor da maresia marulhando contemplativa

Frederico de Castro

Silêncios submissos




Há gotas de luz que regam a memória
Repleta de saudades insubmissas
Arremessam palavras sempre travessas
Deglutindo a noite que chega quase possessa

Resguardo aquele eco submisso e cruel
Açambarcando todo o lamento selado
Entre astutos beijos deveras tão arrojados

Entregue à noite farsante, desnudam-se
Tantas luminescências apaixonadas, deixando
Um calafrio de caricias a marinar além tão estimuladas

Encabulada a madrugada perfila-se no horizonte
Dos meus silêncios mais flagelados até ficar em
Sintonia com este gemido travesso e avassalado
Oh mãos atrevidas que deslizam neste silêncio tão excitado

Frederico de Castro

Subtis neblinas matinais




Escuto em silêncio o marulhar das ondas
Que gritam assustadoramente até desbravar
Cada maresia que navega além tão confortavelmente

Subtis neblinas povoam a manhã que ainda se
Espreguiça entre os lençóis da solidão impávida e serena
Tecendo em cada hora uma palavra uma rima tão amena

Num hiato de tempo as emoções recuperam a memória
Que avolumou em si recordações sempre ciclópicas, ante
A grandiosidade da fé e da esperança quase psicotrópicas

Incólume e transparente o silêncio gravita num póstumo
Sonho feito protótipo de muitos ecos anónimos
Oh leda solidão confinada a um lamento sem pseudónimo

Frederico de Castro

Além de um sorriso




- para os meus filhos com amor...

Sentou-se o sorriso além sobre as
Sobrancelhas de um silêncio casto
Bailou, bailou colorindo cada palavra,
Cada gesto chegando sem sobressalto

Numa brisa faceira a manhã se empoleira
Espreguiça-se na soleira do tempo onde com
Doçura um devaneio serena a luz arando o
Pasto de muitos sorrisos tão bagunceiros

Frederico de Castro

Arlequim




Neste silêncio farsante feito de retalhos
Quase exuberantes, cada pincelada dispersante
Entristece o semblante do tempo fluindo a jusante

Escondida numa monstruosa solidão suas emoções
Colidem com uma hora prenhe e farta de ilusões
São fantasias de tantas egocêntricas divagações

Frederico de Castro

Em queda...



Em queda livre o corpo distende-se no lajedo
E no vácuo do tempo feroz aleatório e disruptivo
Ao redor de cada segundo perdido esfarela-se
O fluido de tantos, tantos lamentos cognitivos

Em queda a solidão encurva o vazio dos desejos esquivos
Desassossegados os sonhos amiúde alvitram um verso lascivo
Indigente extingue-se um grito anónimo, egoísta e tão intuitivo
Descalço cada uivo baila pelas artérias do silêncio mais inofensivo

Frederico de Castro

Entre o arvoredo da solidão




Entre o arvoredo da solidão pavimenta-se
Uma esperança poética…em ebolição
São como despojos de tantas palavras
Inspiradas e quânticamente hipnotizadas

Na redoma onde se esconde o silêncio
O tempo com arte engenho e requinte
Escraviza uma hora exaurida, tão execrável
Ali juntinho a um insolúvel lamento indomável

No território mais restrito das emoções
A manhã cresce e apascenta um verso
Uma estrofe inapelavelmente formidável
Qual cardume de prazeres tão inescrutáveis

Frederico de Castro

Escuridão coagida




Fitei de perto a madrugada desnudar-se
No meio da escuridão desprevenida onde
Se enlaçam caricias namorando tão unidas

Hospedei-me numa hora solitária catando
Cada sonho vergado e empedernido que
Bronzeava o silêncio exímio e muito atrevido

A manhã viril e satisfeita escarra um gomo
De luz tão carcomido, até desmantelar de vez a
Escuridão encaixotada numa solidão sempre coagida

Ensaboei os céus com um aguaceiro esbaforido
Até desaguar num prazer milhões de vezes suprido
Que se afoga num cativo silêncio agora bem remido

Frederico de Castro

Interiores




Em contagem progressiva o tempo esconde uma
Hora abarrotada de ilusões tão permissivas
Tal a odisseia de emoções sempre mais expressivas

De véspera as memórias renovaram a esperança
Temperada com mil e uma orações compassivas
Enlace audaz para tantas luminescências exclusivas

No interior da solidão mais resignada e cognitiva
Brisas indeléveis amordaçam qualquer silêncio lesivo
Imprimindo na alma um desejo divagando tão expansivo

Frederico de Castro

Luar sem paradeiro




Ao longe o luar apascenta os derradeiros gomos
De luz além entrincheirados…sem paradeiro
E neste imenso silêncio volátil e ordeiro a noite
Depois adormece ao som de um eco corriqueiro

As palavras contidas numa dicção de emoções
Quase inexoráveis deixa um recital de rimas
Coalescer no meio de estrofes intensas e insondáveis
Qual piquenique de ilusões dispersas…quase imutáveis

Frederico de Castro

No mar da noite




No mar da noite navega-se à luz que
Se escapa à socapa de um bisonho
Breu, acanhado, dissolvido num adelgaçante
E sináptico silêncio empírico e tão excitante

No mar da noite remendam-se palavras
Corteses, rimas atónitas, selvaticamente afoitas
Catacrese para um verso dissonante
Bailando sinfónico feliz e sempre alucinante

Frederico e Castro

Silêncio amordaçado




Como é difícil abolir a solidão quando
Aflito e em ebulição cada eco escapa
Pela frincha deste silêncio em recessão

Ainda turva a manhã sacode seus gomos
De luz que bocejam tão ressequidos, até se
Alimentar de tantos gemidos estarrecidos

Subitamente o silêncio é meu anestésico preferido
Alienando da mente o excesso de loucura com
Que nino cada verso no qual eu me confesso

Num exacto minuto o tempo jamais recupera aquela
Hora desperdiçada, porque anteontem morreu de
Vez um pouco desta esperança sempre amordaçada

Frederico de Castro

Silêncios cruciais




Pela caleira dos silêncios escorre a vida num
Aguaceiro ameaçador e torrencial , coando cada
Gota de insolúveis memórias por vezes tão cruciais

Odeio a noite chegar porque me rouba a luz
Que me é quase essencial, deixando qualquer eco
Sem pretexto, sem voz, neste silêncio tão pericial

Frederico de Castro

Sustentação




Nos céus imensos ecos ecléticos e gigantes
Sacolejam aquela hora quase dissuadida
Enaltecem cada ilusão que dormita no
Vácuo de um vazio restritivo…tão destemido

Além bem sustentada e acudida
Gravita a luz e o tempo suspendido em
Tantos segundos plenamente contundidos
São apenas lamentos inadvertidamente bem difundidos

Frederico de Castro

Velejar ao luar




A noite deixa a lua enfunar um luar ascético
Navega em cada nuance da esperança
Que veleja mar adentro de forma tão estética
Até se afogar entre os pêndulos de uma hora herética

Frederico de Castro

Além rasteja o luar


Descalçam-se mil memórias expectantes
Ladrilha-se a solidão que desmaia entre
Dois milésimos de segundo tão litigantes

Descobre-se a escuridão rastejando pelo luar
Da noite agora mais vasculhada e intrigante
Embebedando doces palavras quase dissonantes

A cada anoitecer exulta a alma tão fascinada
A cada silêncio remasteriza-se um eco ovacionado
A cada emoção explode um sentimento quase danado

Frederico de Castro

Depois da hora marcada




Depois da hora marcada o poente estendeu-se
Subtilmente sobre cada onda efémera e apaziguada
Ao longe escuto aquele imarcescível eco fundir-se
Com a solidão persuadida, delirante e sobrepujada

Depois da hora marcada a noite reentra subtil e maleável
Atropela aquele breve instante de tempo que fenece interminável
Deixa sem abrigo a escuridão, impulsiva, atrevida…inacabável
É hora de adormecer cada silêncio fruto de uma caricia tão insaciável

Frederico de Castro

Esfuma-se o tempo



Esfuma-se o tempo nas poeiras de um sonho
Anónimo, plagiado inflamável, sempre amnistiado
Vai a encriptar o poente tão poeticamente mais saciado

Esfuma-se o dia abalroado por um esquizofrénico silêncio
Rega-se a escuridão com esbeltos breus notívagos…quase asfixiados
Entre nós descongela-se um sussurro quântico esbelto e apaixonado

Frederico de Castro

Insurrecto silêncio




Na madrugada vadia e felina flui um
Cortejo de lamentos tão acabrunhados
Gravitam no eixo de um eco erecto que suspira
Absolutamente desdenhado e insurrecto

Um coro de incensos e perfumes audita
Minha solidão além engalfinhada onde
Retumbantes e explosivas emoções
Afagam minh’alma tão esgadanhada

Incontido e feliz despenca dos céus
Aquele aguaceiro aninhado em gostas
De silêncio que caiem sob o tecto da
Minha solidão tão bem escançada

E assim se inunda a esperança e a fé
Tão sôfrega, tão sísmica, sacudindo cada
Palavra empoleirada no altar do amor denodado
Razão de vida exultada num sonho mais espicaçado

Frederico de Castro

Luz imprescindível




O dia lisonjeado, incendeia-se 

Pulsa ansioso, latejante e bem iluminado
Condensa num clarão de luz a química da 
Felicidade chegando ladeada por impreteríveis
Gomos de luz intangíveis e fascinados

Frederico de Castro

Meu inesquecível silêncio




A saudade empoleirada numa prateleira
Da solidão namora aquela lembrança
Trajada de amor, fé e muita perseverança

Este silêncio inesquecível pranteia até
Encobrir cada penumbra da noite que além
Estrangula a escuridão farta e rapinante

Gomos de luz ainda atrofiados, escondem-se
Num luminescente momento de prazer alucinante
Qual archote de emoções ardendo, ardendo flamejante

Acostada à beira da maresia que nos afoga assim
Tão extravagante, espero pacientemente aquela onda
Que marulha carinhosamente ali tão silenciosamente

Na morada dos tempos idos recordo aquele sorriso
Escondido numa hora amordaçada, batendo em retirada
Após endoidecer o coração repleto de palavras desvairadas

Frederico de Castro

O pastor dos silêncios




Um silêncio quase místico deambula
Pela planície do tempo correndo desatinado
Até deixar pequenos sonhos alimentar uma
Catarse de ilusões comovidas e refinadas

A memória ruiu ladeira abaixo, embalando
Um lamento contristado e tão maltratado
Deixando no redil das palavras tantos ais
Pastando um desejo literalmente sequestrado

Vem o dia agora infestado com uma luz felina
Convidando o perfeito silêncio a desfraldar a
Esperança que mora numa fé imensa e aquilina

Por fim extingue-se toda a solidão e nós encrustados
Numa ilusão efémera e bem confeccionada,
Amarfanhamos esta hora que desfalece, veloz e desapontada

Frederico de Castro

Olha pra mim




Por entre a melancolia do silêncio encurralado
Flutua todo o semblante a solidão que além
Jaz entre os cílios dos meus olhos pranteando
Qual segredo desvelado…tão esfarrapado

Olha pra mim agora e indulta comigo
A tristeza que desagua furtiva para se sentar
Depois na poltrona de uma ilusão exilada e afectiva
Onde mora toda a inocência…sempre expectante e cativa

Frederico de Castro

Palavras rasuradas




Com suas lamentações luxuriantes a solidão
Profana e opulenta consome um milimétrico
Segundo que arde, arde sempre tão truculento

Espraia-se além a jusante desta ilusão macilenta
Aclopa cada hora embebedada e sonolenta
Rasura cada palavra desinspirada e peneirenta

O silêncio quase hipnotizado, pavimenta um
Hercúleo suspiro quase dilacerado e depois,sorve
Vagarosamente cada queixume absolutamente (in)desejado

Frederico de Castro

Passageiro da noite



Passageira e notívaga a escuridão passarinha degustando
Toda esta solidão excêntrica profusa, absoluta e simétrica
Glosada a noite estende-se no divã de cada prece geométrica

Ao relento o silêncio esboroa-se num eco funesto e tão incisivo
Ensombradas palavras regurgitam um breu parentérico e furtivo
Sem redenção o tempo castra seus derradeiros segundos mais desnutridos

Perdido no prefácio dos lamentos ardentes cada sonho jaz além introspetivo
Doces brisas adentram a madrugada calejada de emoções e sussurros latentes
No vazio impotente dos silêncios recria-se este verso meditativo e tão contundente

Frederico de Castro

Quadrados desencontrados


Quadrados desenquadrados desenham
No espaço círculos quase quadriláteros
Alinham-se pelo corrimão pousado no
Trapézio do tempo geometricamente abstracto
FC

Tempo de liberdade?




O silêncio lá fora jaz algemado à liberdade por chegar
Será ela inequívoca, inevitável…ou descontrolável?
Cada réstia de esperança flui no tempo remanescente
Até desconfinar uma hora expedita e impermutável

FC

Tempo eterno



O tempo é eterno fecundo e coreograficamente real
Encorpora e algema a plenitude da nossa fé em potencial
Sua autonomia consome cada hora faminta, volátil e intemporal

Nos céus magistrais uma nuvem desfragmenta-se neste silêncio visceral
Sonolenta dormitará balouçando numa emoção ávida, voraz e excecional
Seus aguaceiros são o tempero de cada prece, ígnea latejante e sensacional

Frederico de Castro

Uma colher de ilusões




A noite chega de mansinho em colheradas
De solidão fumegando com imensa emoção
Até coabitar na imutabilidade do tempo
Que se pôs em fuga…numa outra dimensão

Repetitivos e dissonantes os sonhos vegetam
Encastrados numa pluviosa sonoridade, além onde
Os aguaceiros despencam felizes e cheios de serenidade
Até que exaustos se afoguem com plena amabilidade

A noite apaixonada desperta odores poéticos e aveludados
Desenha no altar do amor uma luminescência cordata, até
Tragar cada gomo de luar que se ergue nesta escuridão tão grata

Trago as mãos sedentas de palavras que escrevinho a eito
Arquitecto-as a meu jeito, revivo-as sem ser insuspeito e depois,
Enfeito-as colorindo a vida fluindo, fluindo a preceito

Frederico de Castro

E lá vou eu...




A luz flácida espreguiça-se tão habilidosa até
Se empoleirar suculenta e rendosa entre o
Poliéster dos silêncios mais aveludados e charmosos

São incontáveis as horas que ficaram retorcidas entre
Os escombros do tempo e delas, inalo apenas um estético
Silêncio que se estende neste verso confidente e frenético

Frederico de Castro

Entre as curvas da maresia



Numa curva oblonga a maresia vagueia arredondada
E elipticamente fluida ao longo da maré tão devassada
Assintomática a solidão persiste, persiste e persiste tão grada

Nas margens suaves do tempo cada hora regurgita uma
Onda de preces intensas, melódicas e absolutamente prolíficas
Excessivamente fecundo o silêncio amara encriptado a palavras tão pacíficas

Entre as curvas da maresia a paz embebeda-se da manhã além desmascarada
Sem destino o horizonte transmuta toda a ilusão carente magnífica e refinada
Sinto possuir-me o unguento de cada caricia apaziguante rechonchuda e indomada

Frederico de Castro

Flores da solidão



Com anuência do tempo impresso numa
Hora dormente e vadia, silencia-se o último
Suspiro dissimulado introspectivo e planejado

As flores pousadas num cume da solidão
Ali emparedada contemplam a colorida sacada
De todas as emoções mais enamoradas

Frederico de Castro

Maresias vulneráveis




Fecharam-se as cortinas a este silêncio abominável
Desejaram-se tantos beijos avidamente insaciáveis
Desenharam-se caricias supremamente memoráveis

Na rota da silêncio vadia uma hora que imutável
Descredibiliza tantas emoções sucumbindo vulneráveis
Colide com meras solidões convergindo tão inexoráveis

Sobre os caixilhos das lembranças repousam muitas
Saudades inalienáveis quais sussurros amamentando
Aquela brisa que navega em tantas maresias inescrutáveis

Frederico de Castro

Noite lacrimosa




A noite estridentemente opaca escapa sorrateiramente
Pela escuridão indulgente lacrimosa e tão benevolente
Aninha-se entre os lençóis dos silêncios litigantes que urdem
Todo este imenso mar de lágrimas divagando quase descartáveis

A preludiar o tempo enfeitado com caricias destras
Unem-se todos os horizontes coincidentes e subjacentes
Onde com volúpia e fervor alivio as mágoas irrevogáveis
Onde sinto a loucura aportar os meus desejos tão insaciáveis

Frederico de Castro

O pólen da luz



O pólen da luz espalha nos céus um trilião de
Ilusões esbeltas, desvairadas….quase apaixonadas
Seu perímetro orbita a envergadura de cada emoção hereditária

O pólen da luz perfuma a periferia e o perfil de um relâmpago imaginário
No amperímetro do tempo cada segundo esvai-se eletrizante e precário
A virtualidade espacial concentra-se num fiel e derradeiro silêncio extraordinário

Frederico de Castro

O que fazes aí



O que fazes aí…sentada cabisbaixa tristonha e solitária
A manhã nasceu e ainda inacabada além fenece sedentária
Triste, tão triste se tornou qualquer emoção prantiva e consternada

O que fazes aí…olhando para o tempo oscilando num tsunami
De lamentações poéticas desassossegadas e absurdamente sumárias
Deixa que alma penetre do âmago das melancolias mais prioritárias

O que fazes aí…esquecida num centímetro de silêncios tão usurários
Sem forças para reanimar tantos amargurados e arbitrários ecos imaginários
Galga tuas angústias e reconstrói as pegadas perdidas na multidão de sonhos autoritários

Frederico de Castro

Orgânico silêncio



Lá no fundo do ventre espreita todo
Este silêncio orgânico, tão intimidante
Quase lisonjeado…sempre inquietante

Nua e esfarrapada a noite sucumbe
Deveras tão debilitante, deixando esta
Escuridão amadurecer feroz e expectante

Entre as caleiras da solidão escorre um
Aguaceiro integralmente desinfectante
Claudica ante um lamento tão vacilante

Sob os andaimes do tempo erguem-se horas
Contenciosas e conflituantes e deixam escorrer
Para a sarjeta dos silêncios tantas agruras revoltantes

Frederico de Castro

Pintando a noite




O tempo envelhecido, fechou as cortinas
À solidão que se escondia entre as sombras
Da madrugada brejeira, cobrindo inexoravelmente
Cada gomo de luz que ali dormita pachorrentamente

Cada hora algemada a um lamento exasperado rega
Todo este silêncio rolando triste e calado fluindo ao
Longo da viela iludida e tão degradada, até que, sem
Rédeas, a manhã renasça altiva, elegante…consolidada

No trapézio da vida, lá no cume dos píncaros do
Estendal dos tempos voarão mil esperanças grudadas
À fé que ainda alimento na pátria da poesia bem fecundada

Faço por fim uma vénia a cada memória que resguardo
Entre estilhaços de lembranças e saudades quase sedadas,
Pintando a noite vestida com traje a rigor…tão apaixonada

Frederico de Castro

Silêncios melódicos




Entre a maresia e o tempo escorre
Esta solidão matreira e esdrúxula
Desbrava cada emoção que além
Renasce faminta e tão crepúscula

Qual gota de luz faminta e que flama
Entre as cutículas desta ilusão polifónica
Deixo um acorde de ecos melódicos
Saborear em uníssono cada beijo mais icónico

À boleia chegou uma brisa travestida de
Perfumes tão hegemónicos, temperando mil
Caricias que se esgueiram sensuais e tão hedónicas

Nasce a manhã ressacada de drinks sinfónicos
Regurgitam silêncios que supersónicos, semeiam e regam
Sorrisos que imergem num desejo exuberante e platónico

Frederico de Castro

Sombras voláteis




O olhar da noite despe a escuridão que nua
Afaga cada breu volátil e carrancudo, anunciando
Que o silêncio além pousará aconchegado e rechonchudo

As palavras essas, deixo-as deslizar pela minha
Inspiração às vezes tão sisuda, onde sem reticencias
A solidão esperneia eternamente complacente e carrancuda

Lá longe, na imensidão do mar mais longínquo navega
Uma maresia afoita…tão redentora, que uma onda feliz
Nela se espraia, ondulando, ondulando, deveras tão sedutora

Sobre o horizonte contrito e violáceo esvai-se num estertor
Um gomo de luz tão desertor, até dilacerar o poente sedimentado
Em tantos, muitos, insinuantes desejos esperneando afrontados

Frederico de Castro

À beira da Ribeira




Tarda o dia esquecido no poente a sul
Cativo no espaço o tempo não tarda anoitece
Incansável e viçoso o silêncio agradece e prevalece

Da Ribeira pra lá navega um rio esbelto e elegante
Perdido de afetos marulha apaixonado e fluidificante
Sorrateiramente converte cada palavra numa prece sonante

Frederico de Castro

A escuridão que afaga a noite



Expandiu-se a noite e dilatou toda a
Escuridão personificada num breu atrevido
É a maresia petulante e descarada fecundando
Os núcleos cromatídeos deste silêncio plasmídeo

Provavelmente a solidão navegará além
Tão extasiada, deixando irisados todo os lamentos
Ziguezagueando pelos oceanos bem propulsados
Num último acto de amor absolutamente apaixonado

Frederico de Castro

Afagando um gomo de luar




Afaguei um gomo de luar escondido entre
As luminescências da noite extrovertida
Pernoitei nos seus aposentos enquanto uma
Palavra sonâmbula vivificava uma hora aturdida

A esperança desentorpecida amanhece e além
Desagua no leito de uma maresia intrometida
O silêncio reluzente e apaziguado fecunda cada
Gotícula de fé ainda mais cobiçada e comprometida

Empoleirada na noite elegante, chega uma brisa 
Estupefacta , incrédula…quase, quase abstracta e na
Sua trajectória imarcescível serena o universo com caricias 
Intactas resvalando ao sabor da maré quase acrobata

Frederico de Castro

Circunvalação




O dia deambulando pela circunvalação do rio
Amara tranquilo, recluso deste silêncio profuso
Sepulta um eco que se afoga ali tão intruso

Inesgotável a solidão encastra-se num lamento
Volumoso, pujante e demasiadamente viçoso
Regala o céu que dormita exuberante e generoso

Cobre esta maresia uma copiosa emoção deliciosa
Toda ela quântica e instintivamente astuciosa, regando
A luz que se desfragmenta embebedada e tão miraculosa

Frederico de Castro

Dupla perspectiva




Na hora exacta bate em retirada
O tempo defunto e embriagado
Atónito alinha-se a cada minuto
Repleto de infinitos segundos esmagados

No amplo silêncio desconchavado, badala
A vida repleta de ilusões quase obsessivas
De hora a hora maquilha a solidão que
Sem prazo, progride imensa e tão possessiva

Frederico de Castro

Entre as margens deste rio...




Entre as margens deste rio flui um silêncio
Intemporal, que marulha e sussurra qual ode
Frenética, até se perder numa palavra mais estética

Entre as margens deste rio navega o tempo
Assim esterilizado colorindo cada civilizado
Gomo de luz pernoitando ali tão bem matizado

Entre as margens deste rio desaguam a jusante
Tantos afectos claustrofóbicos e humanizados
Pintalgando todos os sonhos idos mas eternizados

Com letras maiúsculas se tatua uma impertinente saudade
Acostando a foz de todos os silêncios sincronizados, até
Se afogarem numa onda de prazeres bem homogeneizados

Frederico de Castro

Fragrantemente




Fragrantemente o dia renova seus perfumes
Risonhos, castos e nada enfadonhos
Deixa mil gotículas de solidão a lacrimejar
Até excretar todos os silêncios mais medonhos

Fragrantemente cada sombra espreita pelo
Universo das emoções sempre tão fraternais
Anseia inquieta por todas aquelas caricias que
Estimuladas unificam e ingerem olhares mais intencionais

Fragrantemente na pacatez desta esperança tranquila
Cada ilusão pedinchona e irrequieta maquilha o tempo
Que se transviou numa hora vorazmente obsoleta
São mistérios da vida vadiando anonimamente discreta

Frederico de Castro

Indisfarçavelmente...



Sibila a solidão indisfarçável meteórica e benevolente
Plena de empatia a manhã amamenta sua luz tão indulgente
Cada hora servil e voraz disseca o meu silêncio quase absorvente

Indisfarçavelmente o tempo cabe todinho numa prece benevolente
Urde seu destino contido em memórias afoitas, prazerosas e efervescentes
Os sentimentos partiram e deixaram na derme da solidão tantos sonhos inconfidentes

Frederico de Castro

O medo de todos os medos




O medo fundiu-se com um silêncio
Tão infame, tão vil…tão espontâneo
Inexplicavelmente colidiu depois com
Um eco substancialmente percutâneo

O medo de todos os medos polui o tempo
Precário, insano, infecto e tão reaccionário
Sem subterfúgios alenta a escuridão pousada
Num cacho de lamentos sempre mercenários

Frederico de Castro

Para lá do tempo



Para lá do tempo que sussurra triunfante
Ecoa um silêncio trajado de gotículas delirantes
Fecunda a terra que ávida se deleita tão refrigerante

Para lá do tempo contenta-se uma caricia
Regando a solidão mais delicada e minuciosa
É o perfume da maresia ondulando mais dengosa

Frederico de Castro

Peitoril dos silêncios




Entre cada penumbra pousada no peitoril do
Silêncio flutua a silhueta da solidão encabulada
Ali onde se descortina a manhã chegando desagasalhada

Sob a égide de um sonho feliz e muito arrojado o
Tempo medido à esquadria de uma ilusão desencalhada
Hiberna numa catarse de emoções quase desamparadas

Frederico de Castro

Perfume dos sonhos




No perfume de cada sonho existe a esperança
Oculta na meninice sempre a regenerar qual
Fecunda ilusão que se quer tanto acalentar

Além deste sonho expectante e indelével
Reinventa-se uma hora delicada a ornamentar
Tantas são as brisas que a manhã quer ambientar

No perfume dos sonhos contempla-se a cordial luz
Do dia nascendo atrevida, jovial… jamais extinguível
Caminhando algures no leito deste silêncio imperceptível

Frederico de Castro

Quando éramos meninos




Quando éramos meninos a vida fluia deslumbrante…tão refrigerante
Ao nascer um novo dia o tempo namorava cada viral fantasia reconfortante
Bailando as palavras poéticas propiciavam mil gargalhadas exaustantes

Quando éramos meninos as lágrimas caiam prenhes de alegrias viciantes
Fecundavam esperanças casmurras, mas singelas, vorazes e excitantes
Alimentavam ingénuos sonhos absurdamente felizes, festivos e contagiantes

Frederico de Castro

Silêncio...tamanho XXL




Como medir um eco desmesurado
Como esvaziar o vazio ultrajado
Como calar o silêncio segredado

Como escrever um poema ansiado
Prenhe de inspirações animadas,quando
No intimo toda a alma se prosta inanimada

Na grandeza do silêncio tão tamanho
Rompem-se os tendões da solidão clamada
Adormecendo qualquer rima feliz e enfunada

Deixemos que os primeiros raios de sol se
Espreguicem e convertam a manhã sublimada
Em mil luminescências despertando tão inconformadas


Frederico de Castro

Subitamente...silêncio




E subitamente o silêncio fez-se ouvir
Empestou o dia com lamentos quase
Invisíveis, até deixar deserta a memória
Que serenamente ali adormecia impassível

Subitamente…silêncio e cada detrito de
Luz adentra um frémito breu tão cínico
Alimentando um escanzelado eco impenitente
Oriundo do mais vagabundo sonho presciente

A serena manhã apronta-se quase irreal e aliciante
Namora e fecunda todas as artérias do amor por
Onde circula a milagrosa esperança sempre insuficiente

Navegando em todas as calmas maresias que além
Vagueiam tão subservientes afogam-se serenas brisas
Intermitentes, ornando a fé maiúscula, audaz…omnisciente

Frederico de Castro

Talvez noutra manhã…




Talvez prescinda a noite da escuridão
Que até ali se acoitara com tanta prontidão
Anuindo feliz porque a manhã já lá vem fria
Regurgitando gargalhadas com tamanha ilusão

Talvez eu nem escute mais aquele silêncio fecundo
E recíproco, presumindo que todos os ecos
Sem excepções verticalizem a esperança
Debruçada na varanda das minhas emoções

Frederico de Castro

Vai...e mergulha




Vai e mergulha…neste oceano de
Luminescências quase espaciais
Navega naquela brisa que imponente
Se confunde na maresia deveras tão conivente

Vai e mergulha…nesta vagabunda solidão que
Se recosta no sofá dos sussurros dementes
Oh insustentável ilusão diametralmente saliente
Que além mergulha numa onda inexoravelmente eloquente

Frederico de Castro

(Im)profícua solidão



Um silêncio curial abrange a manhã
Que se desnuda da profícua solidão
Discreta apascenta a saudade suspensa
No altar da memória ainda mais extensa

As palavras mimadas até à exaustão
Trepam pelo corrimão do tempo que
Propenso escorrega nesta emoção tão imensa
Num doce trinado de caricias sempre propensas

Retorna ao mar aquela onda imarcescível
Deixa um rasto de moleculares maresias que
Desaguam entre moribundas lágrimas inconfundíveis
Traga a noite fenecendo quase obscena e intangível

Frederico de Castro

À deriva




Veleja pela noite uma brisa fragrante
Impregnada em perfumes tão vibrantes
Entrelaça-se na maresia que carente se
Abraça a este oceano rugindo reverberante

À deriva navega o tempo quase aviltado
Plota uma emoção desenhada e colorida
Por esta ilusão apaixonada, onde a maresia
Desagua depois furtivamente emocionada

Frederico de Castro

Brisas sensuais




Ouço uma canção vadiando pelas brisas
Sensuais deixando uma semi-acústica
Deambular num doce solfejo quase feérico

Afagando a manhã que além desponta enérgica
A luz enxagua todo este silêncio exíguo, mesclado
Por um resiliente eco, assombroso e inebriado

A solidão resgata da memória um tempo ludibriado
Aconchega-se entre muitas emoções desvairadas
Até catalisar cada hora sufocante e espoliada

Como se tornou profundo este silêncio indesejado
Como é demasiadamente feroz a noite fenecendo ultrajada
E como zomba de mim um ignoto lamento tão revoltado

Porém farei da esperança o alvitre da minha fé
Deixando em transito uma oração consolada embebida
Em pequenas gotículas de uma ilusão, toda ela extasiada

Frederico de Castro

Correntes de liberdade




Fluidificante e substancialmente lubrificante
O dia liberta cada fluorescência provocante
Aluna na verticalidade do tempo traficante

Permitindo e deglutindo uma delicada fé marcante
Viça crepitando numa centelha de ilusões unificantes
Traga todas as inquietudes lânguidas, híbridas…tonificantes

A liberdade religiosamente universal e reivindicante
Desacorrenta o silêncio disperso, abalado quase claudicante
Como se em mim se ateasse o fogo desta esperança vivificante

Frederico de Castro

Cubículo do silêncio




No meu canto gizo a trigonometria dos
Silêncios mais espontâneos, ali onde duas
Rectas paralelas e axiomáticas encaixotam
Tantos teoremas rectilíneos e simultâneos

Neste cubículo cada intuição matemática
Afoga-se num metro cúbico de solidão
Topografam palavras geometricamente rigorosas
Projectam no espaço tantas emoções vertiginosas

Frederico de Castro

Horizontes infindos




Uma brisa impregnada de luz flutua ao
Longo de cada emoção tresmalhada
Do nada surge a esperança esvoaçando
Nas asas de muitas orações tão bem adornadas

Enquanto aquele poente dormita acalentado
A solidão engolida por esta luminescência atrevida
Fecunda e soletra cada palavra mais imperceptível
Flamejando neste horizonte quase, quase indescritível

Frederico de Castro

Jardim do tempo




Inflacionada de luz a manhã rasga todos
Os horizontes paralelísticos e elegantes
Absorve das brisas muitos perfumes coniventes
Embrulham ecos que além se amarfanham contundentes

No jardim do tempo plantam-se emoções apaziguantes
Colhem-se ilusões violentamente complacentes
Atam-se ao silêncio, feixes de sensações inebriantes
Apascentam-se palavras iluminadas e incandescentes

Frederico de Castro

Lá vai a rosa de negro...




Lá vai a rosa de negro vestida, tão desacreditada
Farta e excessivamente licitada qual estéril
Lamento alinhavado num eco sempre decapitado

Lá vai a rosa de negro, de negro pintada
De negro a noite mais negra açoitada
De breus vestida e com palavras enjeitada

Lá vai a rosa de negro sem escolta ao relento
De véus funestos traja um infando breu premeditado
Que se esconde nesta escuridão deveras tão rejeitada

Lá vai a rosa de negro de negro tão denegrido
No átrio do tempo um lôbrego silêncio deixa falido
Oh, nefário lamento escoltando um triste ai tão combalido

Frederico de Castro

O fascínio dos desassossegos




A solidão que até então permanecia opiácea sucumbiu
Na imensidão cósmica, percorrendo a via láctea onde
A luz depois empalideceu numa escuridão quase cretácea

É este o fascínio dos meus desassossegos…
Nada mais é la vie en rose ,porque o futuro tragicómico
Resigna de vez no alter ego de um clamor anónimo

Mescla-se assim a rubra solidão muito dissimulada
Com uma memória mastigada, debochada, recheando
Minha saudade devoradora de emoções tão equivocadas

Perdido num silêncio inacabado cada lamento fenece
Desgarrado, deixando na penúria a alma divagando
Sob o efeito de um brado clamando quase esventrado

Frederico de Castro

Password



Deixei o silêncio trancado e fechado a sete chaves
Iludi a verticalidade das minhas preces alimentando
Todas as memórias labirínticas, sinuosas…enclíticas

Sem senhas e sem códigos a solidão programa-se tão massiva
Sem autenticação toda a caricia exala uma quântica ilusão intuitiva
Assim se armazenam palavras manipuladas, pesquisadas…discursivas

Sem antivírus a vida embrenha-se numa maliciosa luz tão atrativa
Infetada cada emoção ali se infiltra ilícita, gratuita e mais apetitiva
Hostil e intruso assim prolifera todo algoritmo fiel, furtivo…quase obsessivo

Frederico de Castro

Poderes dos céus II




Nasce além uma noite quase perversa
Deixa uma minúscula hora em reclusão
Depois de tanto regar este tempo repleto
De palavras e desejos tão selectos

Com estrondo rasgam-se os poderes
Dos céus, iluminando a escuridão flagelada
Vadiando pela calada da noite, onde mora
Minha inspiração deambulando refastelada

Frederico de Castro

Poente sofisticado



Em versos e palavras dispersas
Adormece este poente regado
Com luminescências tão convexas

Bailam mais além duas brisas anexas
Ao silêncio promissor e perplexo, qual
Sentimento gritando frenético…tão circunflexo

Nas memórias aleatórias dormitam sonhos
Amplexos a uma melodia deveras mui cordial
Peregrina ao cair da tarde que naufraga em diagonal

FC

Sem tempo para brincar III




Ainda perplexo o tempo destila seu lamento
Ao longo da tristeza impaciente, sorrateiramente
Empoleirada na destilaria dos silêncios tão endividados

Escrevo para que as palavras não fiquem caladas
Perante o crepúsculo lírico que se adivinha obcecado
Ou para que as réstias deste sol jamais feneçam intimidadas

Frederico de Castro

Silêncio esquecido



Já esquecido o meu silêncio rasga o céu desta solidão
Tempestuosa intimamente insidiosa e tão resistente
Contempla todos os limites de um lamento felino e eloquente

Por esquecer ficaram as palavras imprevisíveis e coniventes
Por recordar estão notáveis preces imensuravelmente convergentes
Por orquestrar estão estes silêncios esquecidos tão hábeis, tão potentes

Boquiaberta e fascinada a manhã estende-se nesta luminescência ardente
Traveste o horizonte paralelístico com um sussurro casto, subtil e dolente
Amordaçado o tempo debulha cada derradeiro segundo embriagado abruptamente

Frederico de Castro

Vinil




Ao som de um vinil encantador embriaga-se
O tempo alimentando a alta-fidelidade deste
Silêncio fiel e absolutamente arrebatador

No long play da vida desliza o tempo
Transformando um radical e fonográfico
Cântico num mavioso eco tão coreográfico

Na face A gravei uma colectânea de emoções
Autenticas e na B remistorei todos os sucessos
E canções qual antologia tão pitoresca

Frederico de Castro

Brisas de cetim




Quanta melancolia existe ao sabor de uma brisa
Quanta emoção embala um gomo de luz delicioso
Nunca o infinito se tornou tão perto e mais rigoroso

Em retalhos de cetim o tempo espaneja toda a
Solidão que exuberante agrilhoa tanta ilusão curiosa
Ali saúdam a vida cintilando ao rubro, eufórica e tão saborosa

Despenteando a manhã que acorda bradando imperiosa
Espreguiça-se uma caricia suplicante e pegajosa
Aceita navegar ao sabor de cada maré altiva e portentosa

Frederico de Castro

Entre cada hora...




Entre cada hora fútil o silêncio esvai-se tão expansivo
Pormenoriza a quadratura do tempo que fenece inactivo
Castra cada segundo diluído nesta emoção gradativa
Cobiça a memória amaldiçoada por uma estrofe tão permissiva

A solidão ainda que disforme desenha no espaço um
Abúlico lamento ansioso e indubitavelmente capcioso
Degenera numa luminescência dopada por um eco sinuoso
Destila este consternado tédio grosseiro, aflito e tão vigoroso

Frederico de Castro

Este inesquecível silêncio




A saudade empoleirada numa prateleira
Da solidão namora aquela lembrança
Trajada de amor, fé e muita perseverança

Este silêncio inesquecível pranteia até
Encobrir cada penumbra da noite que além
Estrangula a escuridão farta e rapinante

Gomos de luz ainda atrofiados, escondem-se
Num luminescente momento de prazer alucinante
Qual archote de emoções ardendo, ardendo flamejante

Acostada à beira da maresia que nos afoga assim
Tão extravagante, espero pacientemente aquela onda
Que marulha carinhosamente ali tão silenciosamente

Na morada dos tempos idos recordo aquele sorriso
Escondido numa hora amordaçada, batendo em retirada
Após endoidecer o coração repleto de palavras desvairadas

Frederico de Castro

Estilhaços de solidão




Suspira em silêncio um eco atordoado
Orquestra no tempo uma hora reverente
Estilhaçada pela solidão quase indiferente

Protagoniza este cenário de ilusão, um
Instante quase recorrente, enfeitiçando a
Madrugada tão desagasalhada tão irreverente

Entre o limbo e a esperança alicerçada na fé bem
Enquadrada, deixo a divagar no imaginário do silêncio
O manifesto de muitos, tantos desejos incendiários

Mal pestaneja o dia e a luz airosa, defenestra-se pela
Janela da ilusões mais reaccionárias, clamando lá dos
Penhascos do tempo e das fantasias mirabolantes e salafrárias

Frederico de Castro

Jazigo dos silêncios




Sedenta a luz embebeda-se pelas penumbras
Que além bailam ao sabor de tantas
Luminescências, loucamente tresmalhadas

Deixa em cada duna de saudade minha alma
Ruir enfronhada numa memória enxovalhada
Qual noite sombria que chega tão desdenhada

Uiva além o vento tristonho…quase envergonhado
Coalha cada lamento radicado num eco cismado
Absoluto suspiro divagando, divagando humilhado

Sentada à beira de um silêncio vadio uma brisa
Desabotoa esta solidão tão corrompida, até encobrir-se
No jazigo onde mora um pouco de esperança quase arguida

Frederico de Castro

Marés efervescentes




Num vai vem constante a maresia
Estende-se no areal de silêncios
Tão complacentes, até inspirar cada
Palavra avassaladoramente magnificente

Imagino o frenesi do poente escapulindo
Pelas fosforescências de uma ilusão matura
Genuína e absurdamente efervescente
Enchendo o mar de beijos curativos e latentes

Frederico de Castro

Maresias vibrantes



Arrogante esvoaça no tempo esta emocionante
Maresia, conflitante, insolúvel…ah, tão vibrante
Entranhou-se no âmago do silêncio que vigoroso
E retumbante amara além tão sussurrante

Oculto numa escuridão concomitante o silêncio
Errante vagueia solitário beirando um eco dissonante
Deixa em faxina todas as palavras rebeldes e beligerantes
Mergulha em todas as profundidades desta maresia divagante

Frederico de Castro

No meu cativeiro




Ausente naquela manhã algemada a este
Silêncio distante e selecto vagueia a liberdade
Pousada numa pétala de sonhos tão redundantes

Na plenitude dos lamentos sempre latentes
Regam-se todas palavras mais apaziguantes
Desabotoam-se sonhos ávidos e irreverentes

Em cativeiro balouçam memórias tingidas
De emoções arbitrárias e amarfanhadas
São cópias de tantas saudades tão achincalhadas

Ao longe suspira um cântico desgarrado
Beberica cada translucido silêncio esbugalhado
Eclipsa-se a bordo de um lamento sempre desdenhado

Frederico de Castro

O cântico dos silêncios




E depois do silêncio a noite sitia a escuridão
Quase inexprimível, além donde pende um eco
Navegando numa maresia imperceptível

No centro do coração dois lamentos
Cruéis enxugam as lágrimas imperecíveis
É uma confissão repleta de memórias inflexíveis

Quando nos é conveniente o silêncio deixa
A noite encolerizada e semeia numa brisa
Esta espontânea solidão vigorosa e hostilizada

Qual arauto dos meus silêncios quase canonizados
As emoções pecam por tardias, enquanto nos
Sonhos se apascentam saudades sempre tão vadias

Frederico de Castro

Pegadas no silêncio




A manhã envolta numa bruma volátil
Deixa tantas pegadas desmaiando vulneráveis
Enfeitam o dia engalanado com brisas tão maleáveis

A maresia elegante e ruidosa banha agora as
Margens da minha solidão sempre confortável
Qual devoluta onda fenecendo além quase descartável

Duas lágrimas imensas naufragam desalentadas
Esbanjam palavras impelidas por tantas rimas desconcertadas
Desfilam exaustas ao sabor de mil caricias assim exaltadas

Mastigo os derradeiros silêncios que famintos, desfilam
Diluídos num aguaceiro emoliente e revoltado, qual aventureiro
Eco remasterizado num cântico fiel, destemido e tão matreiro

Frederico de Castro

Pluma esvoaçante




Flutuando espalhafatosamente pela manhã elegante
Chega uma indomável e altruísta pluma esvoaçante
Imprevisível aconchega-se a cada afecto mais poçante

Desperta ousada esta luminescência quase indisciplinada
Adoça o silêncio que se transfigura feliz e tão arrojado
Ali chilreia o tempo esplêndido e definitivamente resignado

Frederico de Castro

Poente perene



Com doces poções mágicas a manhã
Condimenta a solidão cozinhada e refugada
No caldeirão das ilusões perenes e inesgotáveis

O tempo em fuga rói cada hora que se desunha
De forma absurdamente insuportável e capitula
Para sempre ao redor daquele silêncio quase irretractável

Lá longe porém já suspira o poente hidratando uma
Maresia avidamente excitável, deixando entre as dunas
Da memória a saudade alimentar esta fé tão inquebrantável

A nu e despida de preconceitos a noite aperalta-se perante
Um luar sereno, casto e inescrutável, ali onde se esboroa o
Silêncio e cada rima escrutinada por uma caricia tão confortável

Frederico de Castro

Reflexos




Duas luminescências confluem no
Horizonte infinito e esvoaçante
Ali pálidos reflexos alheios aos silêncios
Soerguem docemente o dia ainda soluçante

Na espiral radiosa desta luz quase periclitante
Estende-se o tempo intempestivamente flamejante
Deixa uma ressonância de emoções a bolinar nesta
Brisa cintilando no etéreo e ígneo silêncio gratificante

Frederico de Castro

Sombra remissa



Despeço-me da noite miudinha e frágil
Nadando em tantos desafectos até que a
Madrugada nos engula com gula e muito afecto

Semeadas num adeus imenso e burlado
Despedem-se de mim duas lágrimas apaixonadas
Morrendo além indigentes, anónimas…consternadas

Infiltradas nas horas sedimentadas e senis despertam
Palavras gentis, incontrolavelmente submissas e escritas
Na inexorabilidade da vida integralmente remissa

Frederico de Castro

Transmigração lunar



Migra o luar agasalhado à noite e a um breu alheatório
A escuridão sem destino esfarrapa-se num silêncio contraditório
Nos céus galopa a lua franzina, abençoada por palavras premonitórias

Sem dó nem piedade emerge na noite um flutuante afago impetuoso
Perniciosos são até os sussurros deambulando pelo peitoril do tempo rigoroso
Ali se dá a transmigração de cada sonho intruso e passionalmente escandaloso

Frederico de Castro

Vagas ao luar




Duas vagas ao luar desaguam no rochedo sedento
Pernoitam no leito das ilusões mais vibrantes
Alimentam caricias vindas de um longínquo eco a jusante

A maresia varrida por palavras castas e bem supridas
Repercute a imagem da esperança navegando desabrida
Cobrindo a noite com uma escuridão absurdamente esbaforida

Frederico de Castro

A decadência do tempo




Em decadência o tempo envelhece intuitivo
Deixa tantos lascivos silêncios coando cada
Breu tatuado com lamentos introspectivos

Numa inefável memória que fenece absurdamente
Tropeça a inquietação expressivamente intrusiva
Além onde balouça uma indesejável hora decisiva

A noite mutilada por tantas escuridões incompreensíveis
Entorpece cada sonho escrito e parido pra meu desespero
É a poesia afagando a alma e um verso que ressuscita com esmero

Frederico de Castro

A retórica do silêncio




Busquei no tempo infinito uma hora
Matematicamente certa e substantivamente
Dogmática, para que eu, sem pejos, desbrave
A solidão amordaçada num hiato silêncio dramático

Avolumam-se nas palavras verbos corteses
Versos e perífrases mais virtuosas que suturam
Rimas deambulando em estrofes tão sumptuosas
É um ciclone de sílabas apaixonadas e impetuosas

O poente deliciosamente casto e transparente
Flutua gravitando pela maresia tépida e tão sinuosa
Delimita as margens do tempo que em surdina
Cantarola e repesca uma caricia voraz e acintosa

Frederico de Castro

Entre parênteses




Esconde-se a luz entre sombras elegantes
Quase inertes, deixando sangrar a noite que altiva
Se afoga numa lágrima profundamente asfixiada

Ocultas numa solidão quase ecuménica ficarão
As maresias dos meus lamentos sempre corteses
Flutuando naquela epífise memória entre parênteses

Frederico de Castro

Hoje choro eu...e velha Xica




- para Waldemar...

De Cabinda ao Cunene choram todos os
Poentes ígneos, flamejantes e apaixonados
Embebedam-se do silêncio que esperneia magoado

Perdeu-se no tempo uma hora delirando dramática
À beira do Cuanza afogou-se um sonho tão cromático
Na passada colorimos um semba emocionante e galático

Resta a saudade e a memória da nossa Velha Xica
Terra rica Angola és livre, sempre foste minha namorada
Da Muxima colorida colho pra ti uma pitanga apetitosa e revigorada

Das acácias floridas chegará uma brisa elegante e fanática
Depositará no Cuanza as cinzas do teu ser poético…tão aromático
Cantará alegremente zumbindo qual marimbondo feliz e selvático

Frederico de Castro

Horas sinuosas




Na calada da noite uma sombra esmaga
Aquele breu sinuoso, esguio…monstruoso
Calafeta a escuridão contagiante e assustada
Renascendo apaziguante e tão dissimulada

São sinuosas horas vadiando pela ampulheta
Da solidão inescrupulosamente descontrolada
São sonhos vasculhando o silêncio empolado
São ardis do tempo convalescendo encurralado

Frederico de Castro

Noite virtuosa




Limando cada aresta do silêncio
As palavras mendigam uma caricia
Suspirando fascinada até inundar
Cada sorriso rejuvenescendo alucinado

Desacorrentada a luz banha a noite
Chegando veloz e aparatosa, carimbando
Cada beijo com aquela doçura deleitosa
Própria de uma rima feliz e virtuosa

Nas asas do tempo deixo que infindas lembranças
Suportem a memória gulosa, convertendo em
Afagos cada lágrima poeticamente ardilosa

Das alturas celestiais reluz uma estrela solitária
Saúda com pompa e circunstância a noite que
Chega debruando cada colorido silêncio garboso

Frederico de Castro

Planando




Plana no céu uma nuvem presciente e exaltada
Beberica do tempo cada hora agora mais intrigada
Alimenta tantos ciclos de ilusões tão desejadas

A bordo das memórias navegam emoções inspiradas
Tatuam milésimos de segundo tiquetaqueando eclipsados
Amaram entre melancolias e silêncios tão arrojados

Frederico de Castro

Quando ressuscita a noite




Esta noite , ressuscitou e perdurou neste
Silêncio enraízado a mil pedaços da memória
Insubordinada, sempre on-line, até que, fascinada
Se renove toda a esperança cada vez mais refinada

A noite enluarada e saturada da escuridão
Liberta todos os breus algemados, concubinados
Com a solidão que ali chafurda amofinada, num
Flagelado lamento absolutamente espezinhado

Em gotículas subtis e apaixonadas o céu desagua
Por fim a meio da meia noite tão delicada, deixando
Uma peregrina ilusão a vadiar categoricamente apaparicada

A mística das manhãs reside em deixar fugir todos os
Raios de sol inadvertidamente desatinados para que se
Semeie no amor esse gentil sorriso ressuscitando apaixonado

Frederico de Castro

Sereno Espaço




Pinga a luz uma luminescência fragrante
Colhe no seu regaço cada emoção correndo
Pra jusante desta solidão tão refrigerante

Dentro do espaço corre o tempo delirante
Acomodado numa brisa elegante, deixando
Uma escassa hora a delirar, assim itinerante

Ouço além o silêncio a desfazer-se em pequenos
Tufos de ilusão, para que nenhum eco esbaforido se
Abeire do abismo e depois feneça mudo e desprevenido

Frederico de Castro

Simetrias na maresia




Em perfeita paridade a maresia
Acosta-se à quilha deste silêncio
Navegando impávido e sereno

Da simetria à analogia das palavras
Dista apenas uma rima elegante onde
Graciosa cada onda adormece ofegante

Frederico de Castro

Solidão unilateral



Com galanteio a solidão namora este
Silêncio unilateral, até sugar da poesia
Cada palavra, cada rima feliz e liberal

Do profano ao sagrado a distância dilui-se
Embalando minh'alma que alucinada abotoa
Dois suspiros desta fé supremamente escrutinada

Acoitada entre a penumbra da noite que chega numa
Escuridão quase chacinada, vadia uma caricia
Egocêntrica mordiscando gargalhadas tão desatinadas

No jazigo do tempo repousa uma maresia justaposta
Alimentando contíguos silêncios que marulham além
Onde o poente reverbera num eco imenso e profícuo

Frederico de Castro

Voar com o silêncio



Arrepiada e empolgante desperta a manhã tão despenteada
Na sua trincheira espreguiça-se a luz carente e profanada
Belisco a derme onde dormita aquela caricia feliz e replicada

Sinto voar nos silêncios uma hora tão impacientemente volátil
Nos cílios dos meus olhos amara uma lágrima prenhe e pulsátil
Inexorável o tempo crema cada palavra insólita, inusitada e versátil

Frederico de Castro

Aqueduto dos silêncios




Escorre pelo aqueduto dos silêncios um fino
Aguaceiro transparente, corriqueiro…irreverente
Afaga a vida deambulando fugidia e matreira
Até dormitar no regaço de uma palavra brejeira

Coabita em solidão o tempo e a esperança arredia
Baldia, absurdamente indiferente e tão escorrediça
Onde o negrume da noite se confunde na vastidão
Quântica de muitas...tantas ilusões radicalmente vadias

Frederico de Castro

Brisa forasteira




O sabor das manhãs vadias encarceram
Uma brisa luzidia, descobrindo em cada
Olhar um sorriso, uma caricia cheia de ousadia

Assim fugidio o dia, empoleira-se num gomo
De luz altivo, pleno de luminescências que
Renascem mágicas… cheias de melodias

Deixemos as memórias resguardadas
Numa saudade quiçá escorregadia, mas
Renovada a cada esperança mais sadia

Fechadas no invólucro dos mais nobres
Sentimentos é hora de libertar as inocentes
Palavras, sentidas, absolvidas…enaltecidas

É tempo de esterilizar a solidão, solidificar cada
Interminável emoção, deixando na retina do silêncio
Ardentemente inusitado, um beijo deveras tão cogitado

Frederico de Castro

Dentro do interior




Uma hora vitalícia repleta de
Emoções tão gentis vagueia além
Enlaçada ao luar tão excêntrico

Alimenta um empírico silêncio
Confinado ao interior deste geométrico luar
Onde adormece um breu profundamente feérico

A solidão impetuosa transfunde um eco majestoso
Deixa ininterruptos lamentos a bailar na maresia
Dengosa, qual breve e flutuante onda levitando amistosa

Frederico de Castro

Há palavras que nos beijam




Há palavras que nos beijam com ternura
Que sugam da alma mais que a esperança e brandura
Uma fé tamanha que eternamente depois perdura

Há palavras que nos beijam com tanta lisura
Vasculham o código postal dos silêncios inconsumíveis
Dormitam entre os lençóis dos lamentos imprevisíveis

Há palavras que nos beijam quando hipnotizadas e
Se entrelaçam às emoções assustadoramente escravizadas
Onde cada verso jorra uma imensidão de palavras apaixonadas

Frederico de Castro

Infinito paradoxo




Germina a escuridão no horizonte infinito
Esgatanha cada breu fútil passarinhando esquecido
Intimida este verso que suspira, suspira entorpecido

Trancado a sete chaves cada lamento transfunde-se
Num eco esdrúxulo, excêntrico e demasiadamente enaltecido
Além onde se dá a derrocada de tantos segundos enlouquecidos

As memórias ainda que sobrenaturais cogitam um
Gomo de felicidade que esbraceja teimoso e fortalecido
Infiltra-se no seio deste universo poético sempre mais elastecido

Frederico de Castro

Manhã translúcida




Transversal à solidão o silêncio percorre
Todas as avenidas desta ilusão confinada
A tantas versáteis emoções indisciplinadas

Invocando a manhã que chega translúcida cada
Sombra pintalga o tapume do tempo onde resguardo
Cada caricia ovacionada, cada gargalhada afortunada

Numa simbiose de súplicas tão fascinadas e com
Requintes de uma malvadeza indiscriminada, inspiro
Cada palavra personificando a vida gritando apaixonada

E assim se alimenta o desejo ardente da poesia
Transcrevendo em cada verso, estrofe ou rima os vocábulos
Que aliciam a alma e os sonhos mais esdrúxulos

Na linha do tempo viajam memórias esplêndidas
Deixam o coração a palpitar com saudades descomedidas
Emprestam à esperança uma impetuosa fé quase sem medida

Frederico de Castro

Meu sol poente




Num bailarico intimidante o sol esconde-se
Entre as saias do silêncio mais escaldante
Ali reina o poente quântico e tão elegante

Ao sabor da maresia marulhando expectante
Navega um eco repleto de emoções apaixonadas
Esconde-se num recôndito afago cativante

A noite mais pujante, dócil e aconchegante
Acalenta uma faúlha de esperança excitante
Ausenta-se ao sabor de uma lágrima tão embargante

Frederico de Castro

Música no bosque




A manhã ousada desbrava cada silêncio açaimado
Alinhava casuais palavras perfumadas com a seiva de
Silêncios exuberantes desaguando quase devorantes

O vento também compõe musica e até orquestra
A solidão que além se propaga harmoniosa e esfaimada
São como doces melodias anelando uma caricia tão inflamada

Um imenso suspiro sequestra uma hora cantarolando reanimada
Dá-me Dó ver este Sol fremir acantonado num Lá difamado
Quando o tempo dentro de mim se dispersa feliz e indomado

Frederico de Castro

No leito da noite




No altar do tempo reúnem-se orações arbitrárias
Esquadrinham a fé que confiante e profética
Instila na alma toda a esperança ainda mais poética

No leito da noite dormitam luminescências tão estéticas,
Embebedam-se de horas vagabundas e exasperadas
Encarcerando tantas palavras astuciosas e enamoradas

Entre os escombros da solidão o dia reabre as pestanas
Ao silêncio que dormita num mísero gomo de luz dilacerado
Até se asfixiar num lamento, tão intimo, tão etéreo, quase adulterado

A cada pranto a saudade desengaveta uma lembrança emperrada
A cada emoção retrato uma caricia absurdamente desvairada
A cada dois drinks embriago-me numa brisa tão…tão apaixonada

Frederico de Castro

Os frutos do meu silêncio




Cada hora abarrotada de esperanças viciantes
Fecha-se num hermético lamento tão inebriante
Fecunda cada píncaro de um afago intimo e excruciante

Os frutos do meu silêncio coloriram o tempo cravejado
De lamentos açucarados com imensos ecos ludibriantes
Mesclaram-se com a metamorfose de emoções quase esfoliantes

Intuitivamente a manhã renasce esplendorosa e desafiante
Mergulha e embebeda-se de gargalhadas tão hilariantes
Mitiga todas as angustias outrora demasiadamente contagiantes

Frederico de Castro

Palavras cruciais



Na enorme teia de silêncios ficou algemado
Um lamento, distorcido, quase desfigurado
Além o céu relampeja inquieto e revoltado
Alimenta o vórtice de um sonho mais grado

Sobre um manto de brumas quase invisíveis
O dia temperará estes meus beijos excepcionais
Regurgitará todas as luminescências matinais
Ao som de muitas palavras corteses e cruciais

Frederico de Castro

Para onde foi o mar




Numa onda imponente, feliz e graciosa
O mar levou a maré estendida no leito de
Todas as minhas mais fiéis ânsias tão sequiosas

Ausente naquela maresia distante o silêncio
Marulha tão excitante, quase que encarecidamente
E regurgita um pranto que se esboroa ali integralmente

Na infinitude das emoções agora mais latentes
Calaram-se todos os ecos inócuos e incipientes
Onde dormitam suculentas marés tão irreverentes

Frederico de Castro

Porto seguro




Debruçada na beira da maresia cada onda ronda
Minha melancolia e depois estende-se apaziguante
No leito do tempo onde sussurra a vida mais excitante

De prevenção fica sempre a maré quase indivisível
Mima a solidão suspensa no marulhar do silêncio que
Impassível, jorra um verso inspirado e tão imperceptível

Sensível e dócil o poente desabrocha flamejante
Esquadrinha cada pedacinho de alegria refrescante
Acosta meu porto seguro infinitamente sereno e exuberante

Frederico de Castro

Praia negra




Sobre o areal repousa uma extensa
Maresia mais quântica, mais intensa
Deixa na encruzilhada do tempo uma
Esperança tão imensa... tão semântica

Na negritude da noite escurecida por
Este esbelto luar, fina-se de vez um eco
Versátil coalescido por sonhos voláteis
Onde todas as marés se afogam imutáveis

Frederico de Castro

Sussurro aquático





Réstias de uma brisa percorrem todo este
Oceano de silêncio, enquanto a maresia
Adulada por ondas gigantescas se estatela
Triplicada por caricias imensas e principescas

Um sussurro aquático imerge efervescente
Esfumando-se depois a léguas de uma maré
Inexoravelmente complacente até banhar o
Regaço do tempo recrudescendo tão displicente

De contentamento a manhã renasce embriagada
Numa luminescência sempre resplandecente
Acoita em si pequenos afagos tão ávidos, tão convincentes

Num ritual de gargalhadas quase extraterrenas
Marulham num sussurro aquático, perenes silêncios
Ondulando entre duas lágrimas caindo tão serenas

Frederico de Castro

Um rasgo de luz




A manhã alagada de luz, decifra uma
Luminescência desbragada, retocando aqui
E acolá esta brisa, frágil, faminta e embriagada
Qual réplica de uma caricia feliz e bem arrogada

Com um drible de emoções tão quânticas
Tão semânticas, encena-se um cântico
Inconfundivelmente ensurdecedor e romântico
Sob a batuta de um verso felino e transatlântico

Frederico de Castro

寂靜之丘 – Morro silencioso




Os morros silenciosos além dormitando dispersados
Embarcam numa coreografia de palavras apaixonadas
Plagiam até a saudade escrita, transbordando deslumbrada

O poente quase encabulado vigia a solidão arreliada
Esboroa-se enlouquecido num eco tão complacente
Põe-se à garupa de um sonho cavalgando mais efervescente

Sem remorsos o tempo deglute uma hora endodérmica
Incorpora um encefálico silêncio felpudo e endémico
Causa à memória um sururu de emoções quase blasfémicas

Frederico de Castro

Dois compassos de solidão




Em dois compassos a musica flui pela
Manhã elegantemente lisonjeada, até
Emudecer cada ritmo feliz e desejado

Correntes verticais ascendentes galgam
Aquelas brisas intemporais e prepotentes
Até remasterizar o silêncio intenso e contundente

Em Mi menor orquestra-se uma luminescência
Arrogantemente bela e irreverente como que
Plagiando um beijo esperado e tão latente

Frederico de Castro

Entre os rios




Ficou por desenhar na longa
Margem deste rio aquela saudade
Veemente, indesejável e premente

Entre os rios navega um barquinho
Sulcando as arestas deste silêncio diligente
Afoga-se a jusante de cada cascata imergente

Frugais luminosidades flertam a manhã
Que avidamente se empoleira nos galhos
Do tempo descontroladamente indulgente

No gavetão das memórias já empoeiradas
Inundam-se tantas horas com interjeições poéticas
Ali onde late uma milimétrica caricia tão estética

Frederico de Castro

Inópia solidão




Se motivos existem para chorar
Deste olhar apetece-me uma lágrima penhorar
Desta face tuas lágrimas aconchegar
Da indigência um abraço acolher e confortar…

No desamparo dos dias, só e desabrigado
Mendiga o menino esticando a magreza do
Silêncio feito arrimo da solidão com tamanha pobreza
Oh, noite que minguas na escuridão com absurda destreza

FC  - (In estados da alma)

Latidos em silêncio




O silêncio contundente fere a luz da manhã
Que além desponta triste e estridente
É um terramoto de emoções construídas
Intrinsecamente ao redor de um sonho dissidente

Ao som de premeditados latidos coincidentes as
Palavras alimentam breves lamentos transcendentes
São como uivos espontâneos e indeléveis que amaram
Ao longo da solidão brutalmente ferida e concludente

Frederico de Castro

Onde te escondes ó lua?




Onde te escondes ó lua, a noite solidifica
E beatifica cada emoção dissimulada
Seduz a escuridão agora totalmente manipulada

Onde te escondes ó lua, a solidão recobra
Entre os braços de um lamento especulado
Flutua no meio de um eco dormente e bajulado

Onde te escondes ó lua, toda a poesia reflecte-se em
Palavras castas mesclando beijos quase estrangulados
Enfeita meus versos com perfumes subtis e apaixonados

Frederico de Castro

Pintar o Tejo




Lá vai um barquinho sulcando o Tejo
Suas margens pintalga de laranja flamejante
Corre de aldeia em aldeia até que exuberante
Desagua nas margens de Lisboa arfando tão pujante

Se eu pintasse o Tejo era com cores rumorejantes
Além onde as águas sussurram sempre inconstantes
Polvilhava o céu de gaivotas esvoaçando à beira
Da maresia vestida de fado e guitarradas cativantes

Frederico de Castro

Silêncios colossais




O silêncio é colossal e só de pensar até dói
A solidão é magistral e de lamentos se reconstrói
Toda ela é voraz e felina minuciosamente tudo destrói

A noite gaseificada de ilusões borbulhantes
Desfragmenta-se em gotas de seiva estonteantes
Alimentando a raiz de tantos afagos contagiantes

Lágrimas chorosas fecundam a osmose dos
Silêncios abstractos e quase caóticos, deixando
Endoidecer todos os ecos escorregadiços e narcóticos

Frederico de Castro

Ah...felicidade




Ah… felicidade, sorridente, escancarada
Espreguiçando-se gargalhada
Ah…felicidade transbordando de enxurrada

Com afectos e caricias nasces enamorada
Pintalgas qualquer emoção que chega desgarrada
Inspiras minha poesia qual palavra faminta e açucarada

Sacias a alma quando carente e dilacerada
Serenas aquela maresia inquietante quase exasperada
Ah…felicidade que apascentas a fé e a esperança revigorada

Frederico de Castro

Dancing in the sunset




- Para a Noemi, filha primeira

Sonolenta pujante e congratulada
A escuridão desvela este poente sem alarido
Perpetua as últimas luminescências que
Valsam sobre as arestas deste silêncio contido

Frederico de Castro

Dentro das minhas lágrimas




Dentro das minhas lágrimas existe uma
Amargura obsessiva, excessivamente constante
Salgam os cílios dos meus olhos que lacrimejam
Emaranhados numa solidão devoradora e palpitante

Dentro de cada lágrima navegam emoções
Indefesas, acabrunhadas e sempre tão coesas
Irrigam as pálpebras do tempo qual alimento onde
Desaguam tantas ilusões abarrotadas de incertezas

Dentro das minhas lágrimas a noite indefesa sucumbe
À beira de uma escuridão periclitante, mas tão exultante
Acanhadamente apascentará o silêncio peregrino e ardiloso
Alegrará com cânticos o tempo miraculosamente mais generoso

Frederico de Castro

Dont Walk




Silenciado cada segundo ansioso
Pare, escute e olhe… e avance cioso
Decerto seu sonho crescerá audacioso

Afagando a manhã que se empoleira
Entre os semáforos do tempo astuto e vicioso
Ilumina-se a esperança verdadeiramente preciosa

Em cada centímetro da razão enxerga-se ao
Longe a radiante fé patrocinar esta minha
Oração reverberante e plena de emoção

Servida numa bandeja de sorrisos fartos
Apascenta-se esta ilusão tão ambiciosa
Até se deglutir cada inimaginável caricia grandiosa

Frederico de Castro

Emoções glaciares




Bebericando as derradeiras luminosidades
Do dia a solidão pousa entre o glaciar frígido
E platonicamente impetuoso onde depois
Se sincronizam memórias e palavras sumptuosas

Na húmida textura de todos os silêncios atrevidos
A noite enrosca-se num breu arrojado e aturdido
Propaga-se no meio da escuridão farta e temida
Lambuza-se de caricias implícitas…bem consumidas

Frederico de Castro

Mistura de ambientes




Nesta mistura de ambientes poéticos desagua o
Tempo colorindo cada lance de escada mais frenético
Desliza pelo corrimão da vida onde se iluminam os
Sonhos cintilando absolutamente extravagantes

Arrebatador e quase compulsivo o silêncio desabotoa
Lenta, segura e inexoravelmente cada ilusão esfuziante
Alimenta uma ténue emoção insana e indomável
Entranha-se sem rodeios entre cada desejo mais insaciável

Frederico de Castro

Odores da maresia




O poente divagando numa onda itinerante
Adormece afogado num fulgurante silêncio saturado
Os odores da maresia carente e apaixonada colapsam
Além no doce marulhar da maré submissa e ovacionada

O mar dormitando no langor da solidão maciça desata
A escuridão algemada a cada luminescência ainda intacta
Recosta-se entrançada a todo este fascinado desejo arisco
Envaidece e seduz um breu felino, sedento e espantadiço

Frederico de Castro

Percepções virtuais




Com seu endereço virtual a manhã conecta
Tantas ilusões quase letais numa indizível
Bebedeira de emoções tão esculturais

Simulando um poente jovial cada penacho
De luz acocora-se entre as penumbras
Do dia que fenece absurdamente irracional

Em diagonal os céus desprendem-se em
Gotículas de chuva irrigando a terra que num ritual
De amor se embebeda desesperada…quase passional

A noite requintada de escuridões electrostáticas
Peneira aquele gomo de luz telepático deambulando
Pela nudez de um fantasmagórico silêncio enigmático

Frederico de Castro

Poente submerso




Escapa à socapa este silêncio sempre acossado
Dormita feliz entre os lençóis da maré que irisada
Tece uma palavra tão impensada e efervescente
Antes da noite adormecer além mais resplandecente

Épica e pontual cada hora flui pelo calendário
De muitas, tantas emoções inspiradas e clementes
Qual extensão suprema das minhas orações
Deambulando além piedosamente reverentes

Cada brisa serena e aveludada percorre a derme da
Solidão tão expectante, que de tão fanática imerge
Lunática entre uma caricia pertinente…quase selvática

Olho para além e vejo o poente submerso num mar
De luminescências aromáticas, adormecendo depois entre
Aquela maresia marota, atrevida, tão grávida, tão vívida

Frederico de Castro

Sigiloso recantos dos silêncios



No sigiloso recanto dos silêncios desabrocha uma
Hora imensa felina e absurdamente apaixonada
De mansinho a manhã acorda feliz e quase embebedada

No sigiloso recanto dos silêncios a solidão aguça uma
Prece esmerada, ensurdecedora e tão resguardada
Nos céus a luz aconchega-se a uma palavra mais emocionada

No sigiloso recanto dos silêncios a paz amara ali bem enxaguada
Qualquer poética carícia escolta um uivo e um queixume segredado
Assim se sacia e degusta um sedutor desejo felino, voraz e abnegado

Frederico de Castro

Aguaceiro solitário




Nas bermas do lago passeia este

Aguaceiro aborrecido e atribulado
Desfaz-se em gotas de chuva que de mansinho
Escoa pelos beirados do tempo redimensionado

Embutida numa solidão tridimensional cada brisa
Pomposa, ovacionada e assombrosamente mitigante
Esquadrinha o tempo que brame feliz e estonteante
Regando a terra ávida…enlouquecidamente embriagante

Frederico de Castro

Entre margens




Entre margens circula uma hora sem prerrogativa
Unidas na ressonância de uma prece contemplativa
Duas brisas díspares inundam toda a solidão apreciativa

Entre margens todas as brumas da manhã amparam o
Silêncio viajando pela diáspora das emoções imperativas
É hora de galgar o viaduto onde dormitam maresias paliativas

Entre margens a vida quando esquecida afoga-se no leito
Lacrimoso e regurgitado das ilusões sempre na expectativa
Impotente a saudade evapora-se no meio de memória ali cativa

Frederico de Castro

Interiorização do silêncio



Interiorizei nas palavras o dom mágico e sublime
Da silêncio tão arrebatadoramente crente e longânime
Deixei resvalar uma maré de preces quânticas e unânimes

Interiorizei tantas horas perdidas na alameda da fé mais ampliada
Prognostiquei nestes versos uma rima tão enfeitiçada…quase sedada
Fiz da inspiração a amaragem perfeita para cada esperança nobre e abnegada

Frederico de Castro

Poente empolgante




Nas curvas do tempo gira uma emoção
Temperada com lágrimas inescrutáveis
Viajam por tantas lembranças vulneráveis

Corroem a memória qual saudade imutável
Deixam um terço da esperança cavalgar
Uma fé, uma oração, deveras tão irrevogável

Segue seu destino aquele silêncio imaturo
Rasga, dilacera e mastiga toda audaz palavra
Que se desnuda ante este lamento muito prematuro

Enlaça-se lá longe este gomo de sol com um poente que
Empolgado, deixa um póstumo sorriso perfumar uma
Brisa desmiolada clamando eufórica e quase adulada

Frederico de Castro

Prelúdio ao vento




Pousa de mansinho sobre a maré regenerada
Uma onda de emoções bem impulsionadas
Alimenta a placenta da manhã até fecundar
A esperança chegando mais e mais apaixonada

Um eco imenso e clandestino vagueia a
Bordo daquela luminescência felina e venerada
Ruge no extenso silêncio agora apaziguado
Revigora e inspira cada sedutor sorriso emocionado

Frederico de Castro

Riacho da noite




Pelo riacho da noite escorre um silêncio
Exorbitante que reverbera tão tenaz
Tempera a escuridão que dilacerada
Se refugia em cada sombra obliterada

Brisas vadias reencontram-se numa virtual
Ilusão prostrada nos algerozes deste
Silêncio absurdamente eficaz, até resgatar
Um gomo de luz ondulando além tão pertinaz

Frederico de Castro

Um arco Íris no bosque




Ladeira abaixo alimentando a solidão
Telecomandada por esta ilusão combalida
Segue a vida prostrada no catre dos
Silêncios mais descartáveis, quase infindáveis

Porém surge no bosque um arco iris elegante
E tão inescrutável, degustando na quietude dos
Silêncios o sabor desta emoção inimaginável, onde
Cada hora decifra um segundo que fenece inexorável

Frederico de Castro

Velho alpendre




Velho e apodrecido, escorado entre
Pedras cimentadas pela solidão
Pende o alpendre repleto de comoção

Entre as aduelas do tempo, três vigas
Sustentam os escombros onde dormita
Sossegada cada saída e cada entrada

Com a argamassa da memória unem-se
Saudades jamais repudiadas, até ao ranger das
Dobradiças apoiadas numa emoção apaziguada

Frederico de Castro

Ilusões intuitivas




A noite astutamente eclipsada por este breu magnânimo
Fecunda um insaciável silêncio esbelto e iludibriável
Une todos os cacos da solidão trivial, isométrica…vulnerável
Desenha no espaço toda esta côncava dimensão do luar
Fluindo, fluindo absurdamente inexorável

Frederico de Castro

Nas margens do oceano




Nas margens deste oceano navegam
Solidões apaixonantes, acolhendo no
Atol das profundas emoções coligadas
Tantas maresias imperturbavelmente subjugadas

Nas margens deste oceano vadia um fictício
Silêncio quase empertigado, afagando as dunas
Daquela praia onde desaguam ondas desafugadas
Sussurrando entre brisas perfumadas…ah tão intrigadas

Frederico de Castro

Noite exorbitante




A noite exorbitante apascenta um luar
E uma escuridão absolutamente redundante
Alimenta até este implacável silêncio
Esgravatando um breu felino e intimidante

Ao relento dormitam luminescências quase
Fantasmagóricas, deixando no epicentro
Da alma um lamento ruir tão alegórico qual
Osmose de prazeres colossais e meteóricos

Frederico de Castro

Poente das acácias



A manhã alagada de luz, decifra uma
Luminescência desbragada, retocando aqui
E acolá esta brisa, frágil, faminta e embriagada
Qual réplica de uma caricia feliz e bem arrogada

Com um drible de emoções tão quânticas encena-se
Um poente inconfundivelmente ensurdecedor
Quase transatlântico, pintalgando a paisagem sob
A batuta de um verso felino e romântico

Frederico de Castro

Rumores(im)perturbáveis




Anda rondando esta solidão uma
Angustia, uma emoção quase sedutora
Engole a maresia caiada de ondas redentoras

Perdida na invisibilidade do tempo a loucura
Alicia uma hora deveras tão constrangedora
Pernoite à beira desta escuridão quase aterradora

Tenho como aliado todo este silêncio caluniador
Apraz-me seduzir um eco absurdamente pecador
Removo cada lágrima caindo na face do tempo sem rumor

(Im)perturbáveis e assustadoramente fiéis todas as
Palavras despertam uma imensa emoção esfrangalhada
Apelam à alma que jaz ali cabalmente desamparada

Frederico de Castro

Vem, que se faz tarde




Vem que se faz tarde e deixemos a maresia ainda incandescente
Estatelar-se nas beiras desta solidão imensa e tão entorpecente
Até a última luminescência encarquilhar a noite que chega fosforescente

Vem que se faz tarde, antes que as horas desvairadas desinspirem todas
As palavras e rimas plagiadas, salpicantes, irrequietas e displicentes
E os silêncios sobrevoem os céus sufocados por poentes tão efervescentes

Vem que se faz tarde e tarde o tempo sucuamba inerte,frágil e inocente
Mesmo que ariscas brisas debruem a derme das ilusões mais latentes
Transladando dos meus olhos todas as lágrimas carentes, poéticas e clementes

Frederico de Castro

À deriva




Veleja pela manhã uma brisa fragrante
Impregnada em perfumes tão excitados
Entrelaça-se na maresia que carente se
Abraça a este oceano rugindo alentado

À deriva navega a solidão quase aviltada
Plota uma emoção expressivamente colorida
Além donde emanam muitas ilusões acalentadas
Por desejos e caricias furtivamente cogitadas

À deriva deixei a maré rebolar nas areias
Do tempo que fenece desconcertado
Até me abrigar no porto deste silêncio deportado

Sussurra o poente desquitando uma hora que
Antes acasalara um segundo etéreo e debilitado
Afogando-se neste lamento febril e tão emocionado

Frederico de Castro

Dons da natureza




Desagua no solo movediço um eco extasiado
A escuridão descalça rebalsa-se na noite que
Judiada suspira a dois milímetros da solidão aliciada

Um sopro Divino perfuma aquela brisa ludibriada
Quase autofágica, fluindo além mais hemorrágica
Desejos indigentes premeditam uma oração tão mágica

Numa paragem cardíaca cada emoção descompassa e fibrila
Apazigua todos os corações regidos por um sistólico afago narcótico
Onde enfarta meu ego fecundado no leito do silêncio tão amniótico

Frederico de Castro

Lanternas vermelhas




A escuridão brinda a noite
Com uma cintilação elegante
São as resplandecências de um
Gomo de luz gracioso e itinerante

Rutilante e sagaz cada sombra
Reflecte um nevoeiro de silêncios nobres
Propagando-se num breu inconstante
Com a nitescência de um silêncio vibrante

Frederico de Castro

Na mente do tempo




Na mente do tempo rola uma hora
Incauta, abstraída, quase irascível
Mordisca todo o silêncio que vadia
Camuflado num lamento tão invisível

Na mente do tempo a escuridão unta a
Solidão com lembranças quase imperceptíveis
Degola a saudade metastizada pela memória
Que ainda convalesce esperançosa e receptível

Na mente do tempo a cada fracção de segundo
Desfalece este silêncio que agoniza quase indefectível
Definha e hiberna velozmente num breu tão indivisível

Aninhadas numa oração fragrante a manhã escorre
Silenciosamente pelas caleiras desta solidão inacessível
Até deixar uma desmazelada emoção afogar-se num eco iniludível

Frederico de Castro

Num momento...



Num momento de tempo o tempo sucumbe algemado
A este colossal silêncio decadente…oh tão indulgente
À superfície das emoções emerge uma hora quase inclemente

Num momento de tempo a vida refloresce harmónica e conivente
De sorriso em sorriso escancara-se uma gargalhada tão afavelmente
De prece em prece a fé aperalta o altar dos sonhos mais transcendentes

Num momento de tempo a música baila ao sabor de uma carícia fremente
Corteja e flerta a luz da manhã que renasce intemporal, e tão peneirenta
Além um desejo vagabundo e eloquente desfragmenta-se numa rima evidente

Frederico de Castro

O efeito Borboleta




- Para a Noemi minha filha primeira

Dentro do casulo do tempo eclodem
Silêncios bem metamorfoseados
Simbolizam a dilação de cada eco
Partitivo e bem escareado

Permeiam a noite duas gotículas de solidão
Além pousadas no semblante desta
Escuridão agora em plena remissão, pois
De joelhos a fé reverbera com muita comoção

A larvar neste silêncio quase dilatório sai da
Pupa amadurecida uma adulta ilusão radiante
Batendo suas asas daqui para um lugar distante

No meu jardim chegarão depois coloridas borboletas
Aos milhares, polinizando a esperança premente
Embelezada neste habitat da vida bruxuleando avidamente

Frederico de Castro

O perfume da invisibilidade



Invisivelmente o tempo submerge ao redor de
Uma surpreendente fluorescência quase, quase irreal
Banal, tão banal a manhã traja uma prece mui consensual

Invisivelmente cada hora propaga-se num milésimo segundo real
Sua plenitude amara juntinho àquela lágrima infeliz e substancial
Em cacos ficam todas as palavras rimando com um desejo tão exponencial

Invisivelmente toda a solidão além borbulha esquecida e confidencial
Venda seus olhos a cada corroída esperança empalidecida e trivial
Disfarça-se numa fiel, embriagante e impermeável loucura quase visceral

Frederico de Castro

O pranto do pesar




Uma hora litigiosa pranteia sentindo
O agror das lágrimas caindo amofinadas
São lamentos flagelados e inquietantes
São suspiros das almas que fenecem litigantes

Sugando cada silêncio mais profano a manhã
Embala uma penumbra choramingando lancinante
Cai rendida aos pés da solidão ali a atormentar
Fina-se e enterra-se no jazigo na solidão mais rudimentar

Frederico de Castro

Onde o tempo desaparede




Sob escolta o poente beberica um drink
De solidão até desaguar num blasfemo
Silêncio algemado a este lamento supremo

Guardei na algibeira da solidão tantas memórias
Inimagináveis, sinónimo que as lembranças, essas
Nunca, mas nunca se tornam inimputáveis

Onde o tempo desaparece iludem-se horas inexistentes
Enfeitam-se emoções por vezes inescrutáveis, qual
Açoite calcorreando o itinerário de uma caricia memorável

De mãos vazias o silêncio ainda faminto amacia uma
Oração inspiradora e imutável deixando um côvado
De esperança encher o bornal da fé ainda mais irrevogável

Frederico de Castro

Quem suspeita do silêncio?



O silêncio é suspeito, duvidoso incerto e imperfeito
Enfurecido entranha-se em cada lamento tão escorreito
Expande-se num eco viril, másculo, esdrúxulo e putrefeito

Esquivo plana e flutua no horizonte contrito, resignado e liquefeito
Emaranha-se no leito da cada silêncio bramando ferido e rarefeito
Espreguiça-se nos braços de uma súplica sedutora e embebedada a preceito

Frederico de Castro

Só comigo...e mais ninguém




Só comigo ficou toda esta imensa solidão
Em convívio deixei cada pranto fluir de emoção
Onde hipócrita definhava um devaneio ali de feição

Fico sozinho…comigo e mais ninguém
Embelezo tantas palavras plenas de gratidão
Faço e refaço cada oração urdida com sofreguidão

Frederico de Castro

Sol poente




Sem rumo e perdido no tempo
O poente soberano, estendem-se
Ao longo da escuridão ali tão latente

Ode imortal a cada luminescência
Que se desvela no leito da noite desabando
Agora mais abençoada, arfando tão apaixonada

Frederico de Castro

Assim Deus pintou o poente




Com retoques mágicos de sabedoria e amor
Deus pintou o poente a seu bel-prazer
Rodeou a vida com preces sempre a satisfazer

Com sua maiúscula habilidade Divina coloriu
Nossa esperança agora muito mais incontestável
Susteve cada lágrima retida no cântaro de tempo inadiável

No varandim dos céus horizontalmente arrogantes
Espreita toda a alegria viçando espalhafatosa e refrigerante
Deixam à soleira da alma uma gargalhada renascer suplicante

Frederico de Castro

Cântico das águas




Urdiu o tempo um aguaceiro
Fascinante e apaixonado
Escoltou cada oração sustentada
Por palavras sempre conciliadoras
Dormitou aos pés de uma fé
Absolutamente apaziguadora

Frederico de Castro

Insubordinável silêncio




Viajei pelo tempo virtual
Deixei alegrias e dissabores
A navegar em maresias nunca
Dantes navegadas

Consegui alimentar todo este
Insubordinável silêncio que madruga
Em cada hora arrependida e expugnável

A memória ainda entorpecida por todas
As lembranças indetermináveis, vinca um
Lamento coeso, promiscuo e tão insanável

Curvo-me perante os instintos da manhã
Que agora renasce indominável, até parir
Um eco faminto e esteticamente inimaginável

Frederico de Castro

Montículo de areia




Sobre um montículo de areia repousa
A fé ali estirada e quase indomada
Ronda um pequeno gomo de luz que desagua
Entre cada duna da esperança mais aprumada

O silêncio assim peneirado vivifica a alma
Que dormita no aconchego da solidão esfaimada
É como se fosse o chamamento Divino adornando
E afagando o tempo e cada lamento sempre inconformado

Frederico de Castro

Solidão excomungada




A solidão excomungada, impune e renegada
Estira-se além na maresia da vida que sussurra
Carente, infiel e indubitavelmente embriagada

Nos trilhos do tempo fluem tantas horas
Hirtas e empertigadas, alimentando a hegemonia
Deste silêncio fluindo numa lágrima desfigurada

Como pesam em mim estas mil toneladas de solidões
Absolutamente renegadas e como se veste a noite
De escuridões, viciantes absurdamente intrigadas

Espio entre a madrugada coesa e marginalizada aquela
Imperceptível caricia vadiando nas entrelinhas de uma
Soberba brisa, tão matura, tão contundente, tão rogada

Frederico de Castro

Tempo(de)pendente




Ininterruptas, as horas calcorreiam o
Tempo tão indigente…tão dependente
Alagam toda esta maresia sempre excedente

Mendigando quase esquecida a solidão
Resigna sobre o estrado do silêncio aviltado
Esquecido, envergonhado, quase encabulado

A noite em declínio vertiginoso escorrega
Pelo corrimão do tempo meu confidente até
Adormecer nos braços de uma brisa tão condescendente

Frederico de Castro

Unguento para a noite



Qual unguento para a noite a escuridão apascenta 

um breu intenso e apaixonante

Pincela a via-láctea com seduzidas  e intensas

fluorescências divagantes

Suas cores fecundam o genoma das palavras mais

acalentadoras e inebriantes

Frederico de Castro

À luz do farol




Ao longe a luz do farol revela um feliz olhar
Que amarinha numa onda feliz e destemida
Atentem além naquela brisa que maravilhada
Se estende no cais instantaneamente iluminada

Guiando o tempo que mansinho navega bem bolinado
A bombordo acende-se uma fluorescência magnífica
Projectando na orla marítima este marulhar apaixonado
Até tingir o silêncio com um colorido eco tão ovacionado

A tarde ainda inquieta ilude a solidão que naufraga à
Beirinha de uma volúvel esperança bem apregoada
Ali deambulam emoções absolutamente fatais
Como sombras que acalentam ilusões tão cordiais

Frederico de Castro

As concavidades do silêncio




Nas suas muitas concavidades o silêncio
Esconde uma sinfonia de lamentos subtis
São marcas de ilusões mitigadoras e efémeras
Qual surto de muitas tristezas tão endémicas

O tempo trajado de lembranças subornadas
Vicia a memória que se queda quase consternada
São lágrimas desprezadas vivendo ali numa
Bagunça de emoções e palavras sempre resignadas

Frederico de Castro

As nuances da escuridão




Ventanias soltam-se na escuridão dos
Céus extraordinariamente sensoriais
Porque a noite sem medos vela cada
Breu eternizado em silêncios tão espaciais

Pelo tacto massajo o tempo que se dissipa
Num lamento quase imprevisível e radical
Ali onde casa sombra acicata uma hora
Flutuando algemada a uma fosforescência cordial

Frederico de Castro

Breve por do sol




Em silêncio o dia esvai-se de mansinho
Uma brisa incandescente empoleira-se
Além onde o sol se põe de fininho

Aos soluços a solidão quase deserta numa
Hora violentamente inexorável e alerta
São ecos da alma que cada lamento liberta

Aninhada ao poente tão ígneo e temerário
A noite cabalmente feliz adormece mais saciada
Ao colo desta maresia visivelmente apaixonada

Frederico de Castro

Caleira dos silêncios




Devagarinho, gota a gota, escorre
Da caleira um silêncio profundo
Alenta somente um aguaceiro que
Excessivamente compassivo fenece
Além tão vagabundo e depressivo

A alma farta de penar nesta solidão
Espantosamente colossal divaga agora
Numa súplica trajada de lágrimas graúdas
Onde se saúda esta simbiose de
Emoções tão resolutas…tão astutas

Frederico de Castro

Doce resplandecência




Sob uma resplandecência escorregadia e graciosa
Baila uma hora poética, inspiradora e auspiciosa
Alimenta o tempo reverberante e quase incrédulo
Autentica e fecunda qualquer palavra tão carinhosa

O silêncio enfático pariu assim esta glamorosa luz
Apaziguando todas as palavras mais dengosas
Elege todos os meus assíduos beijos que além
Acariciam a manhã delirando atónita e charmosa

Frederico de Castro

Entre paredes...solidão




A noite possuída por um breu obscuro
Ladeia a solidão embasbacada que reza
A despeito de uma esperança fiel e aplacada

Rabuja além o silêncio divagante e aguerrido
Estremece e tropeça apavorado onde sete mares
Navegando estrondosamente desaguam tão possantes

Entre as paredes da solidão pernoita uma deslumbrante
Luminescência quase eclipsante, morrendo depois sem
Alarde a jusante desse furtivo grito sempre meliante

Entre as paredes da solidão caiadas de tanta emoção
Consumo cada drink de ilusão mais exorbitante, até que
Intimada a alma se entrelace a um sonho quase contagiante

Frederico de Castro

Equidestâncias




A tarde fenece empoleirada num penacho
De luz tão extravagante…quase cambaleante
Flutua qual pluma que se dissipa num eco
Sempre cativante e desconcertantemente pujante

Na fronteira do tempo algema-se uma hora abismada
Perfuma-se uma brisa casta, reverente e sensorial
Fantasia-se o poente que aos poucos dormitará
Ao colo da noite absurdamente feliz e imperial
 
Frederico de Castro

Inacessível




A noite embebedada quanto baste
Beberica por fim os últimos goles
Deste silêncio quase caótico e dilacerado

Deixa inacessíveis tantos ecos
Apoteóticos, qual ode para um
Lamento absolutamente neurótico

A memória ausente espreita um retrato
Esquecido, além estrangulado, acobertando
Este verso escrito de bom grado

Entre as abas do tempo reflectem-se momentos
Corroborados e enclausurados naquela prateleira da
Saudade travestida de solidões integralmente desvairadas

Frederico de Castro

Nos pátios da solidão




Célere o tempo esdrúxulo e extravagante jaz
Adormecido num inóspito lamento quase blasfemo
Absorve do silêncio cada desejo ou carinho supremo

A espaços sinto a fé apascentar o pátio das minhas
Emoções impenetráveis e abruptamente inflexíveis
Perfumando com incensos todos os sonhos ainda previsíveis

Ansiosa e nua a noite escorrega pelo corrimão das trevas vadias
A Solidão indómita e indiscreta sucumbe intacta e indizível
Até o desabrochar de um excêntrico silêncio suspirando imperecível

Frederico de Castro

Olhos nos olhos




Num acto final a vida regurgita um olhar

Extenso, malicioso e forasteiro
Cicatriza a expressão que ferida e matreira
Sensibiliza o empíreo silêncio ainda em cativeiro

Frederico de Castro

Pousio do tempo



Sob um estrondoso silêncio o poente resigna agora
Colorindo a solidão com emoções autênticas
Resvala no leito da noite que ergométrica, pousa além
Dormitando qual caricia excelsa e tão excêntrica

No marasmo da maresia que dormita ali refastelada
Deixo em epígrafe este verso apaziguante e alucinado
Atiçando a alma que desnudada amamenta com acuidade
Os sentidos reverberando neste silêncio sorvido com serenidade

Frederico de Castro

Transumante solidão



Astuta e febril ali deambula a solidão gigante…tão inquietante
Na transumância da vida todas as horas expelem segundos alucinantes
Todas as palavras ruminam, ruminam e regurgitam sensações inconstantes

Por trás da imensidão de silêncios, o tempo escoa inadvertidamente acutilante
Promíscuo aplaca uma miríade de emoções ariscas, pujantes…quase sufocantes
São um ciclone de angústias nómadas, gravitando entre sílabas e rimas tão viciantes

Frederico de Castro

Velho deck



Carcomida pelo tempo a velha passadeira deu
Lugar a uma esquecida esteira de saudades carunchadas
Lembrando ilusões esburacadas…emoções bem dissecadas

Viajam neste deck tantas horas esmorecidas
Despavimentam todas as solidões onde outrora se
Espreguiçavam inconfessáveis palavras apodrecidas

Calcorreio as prateleiras da memória e envernizo cada
Corrimão da saudade onde a táctil fé pincelada com mestria
Deixa acetinada aquela esperança agora e sempre encarecida

No ventre da noite fecundam-se escuridões quase enfurecidas
Mas o dia esse decerto virá reverberante e enrubescido, qual
Dádiva para um sorriso metódico, clemente e esteticamente envaidecido

Frederico de Castro

Cem dias de solidão




Fragmentos de ecos assustadores ameaçam este silêncio
Pandémico, invisível, aniquilador e ferozmente inquisidor
Deixaram um vírus à solta naufragando neste tempo demolidor

Ouço uma turba de lamentos a choramingar desaventurados
A solidão prostrada tenebrosa e absolutamente assombrosa
Debilita a fronteira entre a vida e a morte chegando em polvorosa

No leito engelhado e enfermo alimentam-se cem dias de solidão
Queixa-se uma minúscula esperança ainda a soar beligerante
Jaz entre os lençóis desalentados deste silêncio tão dissonante

Frederico de Castro

Decifra(n)do...




Um crepuscular silêncio estremece sem macular
A luz que perpendicular adormece feliz e espectacular
Ouve-se ao longe o pouso macio de um chuvisco a gesticular

A escuridão adensa-se decifrando cada sombra a reanimar
Fatia um breu mergulhado num triste eco quadrangular
Como quem camufla um verso inspirado numa rima a celebrar

Uma ténue e fugaz fluorescência projecta-se no tempo
Fluindo adestro à minha solidão encafuada numa hora inquietante
Ali agoniza cada palavra, cada desejo insaciável e mais acutilante

Frederico de Castro

Dentro do Outono




Alado e arfando extraordinariamente bailado
O silêncio confina o Outono chegando quase domado
Nas margens do tempo dormita cada sonho tão rogado

Pelo chão as folhas secas besuntam o pavimento onde
A vida sorrindo beliscada consome uma hora desdenhada
Tela perfeita onde se pinta a solidão absurdamente cogitada

Entre os escombros do tempo recria-se a memória contristada
Deglute-se a efemeridade da tantas ilusões sussurrando desbotadas
Alimenta-se a analogia de mil palavras desaguando ali tão apaixonadas

Frederico de Castro

Entre os véus da solidão




Cada véu delimitou uma sombra que se
Espreguiça no divã do tempo, até se encostar
Entre as ombreiras desta solidão tão ambivalente

Vestida de organdi resvalam pelos silêncios
Castos uma ilusão quase complacente, escorando
Uma hora que se esvai num longo eco indolente

Muda e queda a silhueta faminta degusta uma
Emoção marginalizada, deixando a uivar um
Lamento trajado com palavras tão penalizadas

Frederico de Castro

Esse subtil estado do ser



A noite emaranhada num breu profundo
Deixa uma colectânea de emoções anónimas
Exilar-se em subtis gargalhadas tão axiónimas

Sem pseudónimo o tempo vasculha cada hora
Homónima florescendo entre o marasmo deste
Silêncio acrónimo, longânime e quase pirómano

É este o subtil estado do ser fadado ao radicalismo
Das memórias soezes, insinuantes…indecifráveis
Quais resquícios de tantos lamentos inescrutáveis

Deixo que a manhã pesquise nas ilusões matinais
Uma réstia de esperança prosaica e tão graciosa
Alimentando arfantes caricias sempre perigosas

O silencio promíscuo, vicia-se da solidão tão gulosa
Tatua a pele com um enxame de afagos furiosos
É a réplica quase absoluta dos desejos mais saborosos

Frederico de Castro

Frágeis luminescências



Desengarrafei a solidão que borbulhava bronzeada
Beberiquei a luz flamejando enlouquecida e deliciada
Reinventei uma palavra feita prece desta fé desvendada

Orquestrei cânticos ancorados ao bailado felino de noite deportada
Naveguei por ondas de maresias afogadas numa saudade escavacada
Resumi num segundo a distância entre a memória e a solidão tão enfartada

Desengarrafei na noite toda a escuridão desnuda, esquecida e desamparada
Tranquilizei o silêncio tão meridional quanto setentrional, quase tridimensional
Refugiei-me nos penhascos dos céus gigantescos aliciantes e tão…tão transcendentais

Frederico de Castro

Não tão azul




Não tão azul como o mar fluindo perdulário
Mas como uma onda impelida pelo vento temerário
Assim se afoga o silêncio bolinando além tão mercenário

Frederico de Castro

Percentil do silêncio



No timbre de cada palavra solfeja um verso inalterável

Serena e luzidia pressente-se a paz além amarar insaciável
Adorna-se a luz que túrgida e fluidificante adormece inviolável

Indomável a maresia desagua umidificante e tão inexorável
Nas ondas circunavegam desejos incontidos, indomados e imutáveis
Esgota-se o silêncio lânguido, tão insuperável…quase, quase inevitável

No percentil do silêncio mede-se a distancia entre cada segundo irrevogável
Em luxúria a noite atinge o êxtase onde mora uma carícia sempre irrefutável
Réstias do poente colidem em uníssono com um sussurro voraz e tão implacável

Frederico de Castro

Solidão...quanto me apeteces




Enquanto a noite adormece, solidões que me apetecem
Vagueiam entre versos e rimas tão (in)compatíveis, até
Retemperarem a fé que chega sempre imperecível

As emoções ainda que casmurras teimam colorir a
Implacável ilusão, que depois de engarrafada, esconde-se
Numa coreografia de caricias ressarcíveis e bem replicadas

Na biblioteca dos meus silêncios pavoneiam-se palavras
Muito diversificadas para que sedutores afagos acarinhem
A esperança repleta de intemporalidades tão codificadas

Sem mais vacilar o dia aperalta-se de luz que subtilmente
Revela as ancas de uma solidão tão massificada, carimbando
Na tez do silêncio uma tristeza vorazmente replicada

Frederico de Castro

Duas lágrimas




Pudesse eu enxugar-te estas lágrimas juvenis
Para com poesia depois afagar-te a alma que
Se queda faminta, onde cada silêncio se requinta

No limiar dos tempos enfeitaria um verso trajado
De esperança e muita cortesia e até deixaria uma brisa
Debruar a tristeza que um descolorido olhar sacia

Rolam duas lágrimas pela face abaixo
Desencontram-se no divã da solidão e pernoitam
Suspirando, indubitavelmente complacentes

E se pudesse encenava no silêncio um cântico inebriante
Qual sol radioso feito antidoto para iluminar a tristeza que
Além solfeja amadurecida…tão mitigante…quase cativante

Frederico de Castro

Entre hoje e amanhã




Entre hoje e amanhã perderam-se dois segundos
Desta imensa solidão tão ignóbil, quase açaimada
Sem malícias a noite surge pandémica e revigorada

O silêncio sedutoramente embarca numa coreografia
De sensuais metástases absurdamente deslumbradas
Lambe todas as caricias destas almas assim corroboradas

Entre hoje e amanhã a esperança penetrará por
Todas as fissuras de uma fé agora e sempre mais acurada
Fecundará toda e qualquer oração brotando apaixonada

Frederico de Castro

Onde paira a luz



Paira no tempo um segundo preciso
E se preciso floresce depois impreciso
Após um eco se libertar num amplo rugido

São pequenas fluorescências de amor circulando
Pela serenidade do silêncio quase foragido
São suspiros de um sorriso que ali brota atrevido

São suores acantonados nos lençóis dos desejos
Mais pervertidos, logo agora que a madrugada se
Metamorfoseia com um gomo de luz ainda mais compungido

Frederico de Castro

Além deste poente...




Além deste poente existe um silêncio
Oculto na maresia além a reverberar
São rotinas de cada onda por acalentar

Além deste poente expectante e indelével
Reinventa-se uma hora delicada a ornamentar
Tantas brisas frescas que a manhã quer ambientar

Além deste poente saúda-se com frenesim a luz
Do dia que se amordaça a cada sonho mais inextinguível
Onde se lavra uma palavra, um verso ou rima imprevisível

Além deste poente é só deixar a solidão divagar
Divagar ao sabor de tantas ondas desmioladas e intangíveis
O resto é o mar rangendo entre as bermas de um desejo impreterível

Frederico de Castro

Cem silêncios




Tantos milimétricos ecos escondem-se ao redor
Das palavras cúmplices platónicas e simétricas
São cem silêncios acudindo rimas tão periféricas

A um quilómetro da solidão estagna a vida
Ante ontem tão radiante, hoje inconsumível e viciante
No presente, tão vibrante, no futuro absurdamente excitante

Vestida de breus emergentes, frementes e ofegantes
Chega a esperança trajada de caricias quase latejantes
Deixam tantos eruptivos sentidos a gracejar tão pujantes

Cem silêncios abarrotaram a memória em polvorosa
Subtraíram da saudade uma prece incondicional e airosa
Dividiram a tristeza que agora se dissipa muito mais generosa

Frederico de Castro

Cerca dos silêncios




Bordada num luar casto e aprazível a solidão
Apaparica aquela luminescência fugaz e amena
Varre pra bem longe uma sombra noctívaga e serena

No morro, cercado por esta imensa escuridão implicante
Um subtil gomo de luar exacerbado fenece fluidificante
Tempera com afabilidade o silêncio que além ondula lubrificante

Em apuros a noite estatela-se no regaço daquele breu insatisfeito
Acaricia com suavidade o tempo que se desnuda tumefeito
Domestica cada lamento, ressuscitando inusitado…quase perfeito

Frederico de Castro

Infusão d' alegria



Com infusões d’ alegria se preparam gargalhadas gratuitas
Na gramática das palavras coloridas se inspiram preces solícitas
Ali se emparelham esperanças aladas, arrojadas e implícitas

Ingenuamente a manhã estende-se feliz sagaz e tão inaudita
Nos véus da luz despe-se um laivo de gargalhadas imensas e catitas
O tempo é o feitor e arquiteto das minhas emoções embebedadas e eruditas

Frederico de Castro

Quando olhei para o poente




Olhei para o poente e vi a noite felina e voraz pousar
Entre as plúmeas saliências da escuridão inexorável
Vi um eco fenecer perdido entre as entranhas de um breu admirável

Olhei para o poente e senti fugir no horizonte um lamento tão sísmico
Sua luz é como um cataclismo de palavras ferozes, ergonómicas e fanáticas
Ao relento a maresia dormita embebedada num soporífero silêncio quase atónito

Olhei para o poente e afoguei-me em mil carícias quase, quase incógnitas
Ausentei-me na procissão de preces emergentes, tão cientes e mais insólitas
Em cada esquina dos céus brota um aguaceiro de luminescências tão indômitas

FC

À beira do mar...




Encontro a maresia estendida sobre um areal
De silêncios majestosos desenhando em cada onda
Um alucinado eco que naufraga além tão fascinado

À beira do mar estende-se um oceano farto
Lânguido, tão sedento quanto quântico
Afogando cada verso que se esvai tão semântico

À beira do mar esconde-se agora um poente opulento
Adorna cada gomo de sol que espreita solitário
Até que o dia se esconda de vez entre um breu autoritário

À beira do mar, à penúltima hora da solidão encontro
Todas as memórias pernoitando uma maresia sedentária
Para que a alma nos abasteça com uma prece sempre solidária

Frederico de Castro

E subitamente...




E subitamente a manhã descerrou aquele
Silêncio que amarava ciclicamente ao longo
Da maresia sempre homogénea, tão espontânea

Feito o check in à solidão resta moldar cada hora
Imobilizada neste alegado eco que fenece extemporâneo
Ali confinado ao perímetro de cada afago tão cutâneo

E subitamente todas as alucinantes palavras mordiscam
A esperança que se entrelaça à fé mais extraordinária
Onde se tatua a alma com inigualáveis gargalhadas imaginárias

E subitamente cada sonho vadiando numa musculada brisa
Quase incinera minha oração prematura e insaciável
Escorregando pelo leito deste tempo indefeso e imutável

Frederico de Castro

No regaço do poente



Adormece o dia no regaço deste poente quase embriagado
Afagado o tempo adorna um penacho de desejos ali naufragados
Prostra-se ao longo da maresia sacrificada, vandalizada…empolgada

No regaço do tempo excomunga-se qualquer hora infiel e renegada
Deixa-se bisbilhotar a noite que chega tranquila e mais sequiosa
Fecham-se as persianas à escuridão regurgitada numa carícia tão melodiosa

Frederico de Castro

Onde paira o poente



Onde paira o poente paira o silêncio insurgente e devorador
Nos bastidores do tempo cada eco clamará felino e dominador
Sedutora a noite entregar-se-á nos braços de um breu tentador

Onde paira o poente cada hora absorve sessenta segundos difamadores
Deixa a tarde além partir tristonha a bordo deste silêncio indagador
Represa em meus olhos aquela lágrima pousada defronte de um desejo bajulador

Onde paira o poente as palavras fenecem pigmentadas de saudades manietadas
Varrem todo o horizonte com preces poéticas, incandescentes e exaltadas
Peregrinam indefesas ao longo das maresias apaziguadoras, famintas e apaixonadas

Frederico de Castro

Praia deserta




A manhã elegante estende-se no areal
Desta praia agora também em quarentena
Só o vírus do silêncio ensombra a maresia
Que se espreguiça numa hora mais serena

Uma brisa fugaz desolada e introvertida
Deambula pelas dunas do tempo combalido
Abraça-se à doce maré suspirando enamorada
Adentra tantas ávidas caricias ali naufragadas

Frederico de Castro

Solidão (In)discreta




As palavras comovem-me e enchem a alma de
Monótonas inspirações quase (in)discretas
Torturam tantas horas exequíveis e tão secretas

Ao romper de um novo dia vê-se a luz esboçar
Uma gargalhada de contentamento tão inamovível
São simples rascunhos da tristeza oprimida e audível

A solidão bebericando pequenas miragens voláteis
Encorpa e embebeda todos os meus ais insuportáveis
Jaz desfragmentada no regaço das emoções inimagináveis

Frederico de Castro

Solidão omnipresente




Entre as dunas da minha solidão escorre uma
Maresia longínqua, arrotando ondas prenhes de
Reverberação…oh, desalento para tanta emoção

Entre o areal da praia que vorazmente se
Alimenta desta escuridão ventríloqua, deixo no
Arquivo do tempo uma palavra desvairada e iníqua

Pelos nós da memória desatam-se saudades tão
Obliquas e até desentalamos aquele silêncio que
Indiferente excursiona pelas vielas da alma tão carente

A madrugada tímida e envelhecida balbucia entre
Dentes um lamento omnipresente, prensando a solidão
Contaminada pela esperança fundamental e reverente

Frederico de Castro

Sublime metamorfose



Sublimado por uma metamorfose elegante
O tempo desacorrenta o silêncio pousado
Num gomo de luminescências inebriantes

Enquanto há esperança, há vida, há amor
Há sonhos, folguedos eufóricos e contagiantes
Porque se embriagam paixões e desejos flamejantes

A manhã com seu ego inflamado e arrogante
Apascenta um riacho de silêncios quase patogénicos
Até afagar as margens destes lamentos tão frenéticos

Frederico de Castro

Um dia de cada vez




Em cada preludio do tempo enfeita-se o dia
Com um aguaceiro de sorrisos insaciáveis
Unem-se todos os horizontes coincidentes onde
Com fervor se alimentam orações tão inescrutáveis

Um silêncio bizarro acoita-se entre as frestas
Desta solidão aparentemente inesgotável
Ali quase delira a fé encharcada por esta maresia
De emoções tão absolutamente inescrutáveis

Em degredo ficaram as emoções mais incogitáveis
Deixaram as memórias possuídas por uma ilusão inimitável
Secundaram a noite incógnita que fecunda, gerou toda
Esta esperança manuscrita num verso frenético e imutável

Frederico de Castro

A caminho da minha praia




A caminho da minha praia estende-se a luz altiva
E eternizada por uma paz imensa e tão disponibilizada
A noite amarará além sequiosa latente e mais emancipada

A caminho da minha praia vai a solidão ainda estabilizada
Em cada esquina da maresia uma carícia se curvará escravizada
Ondas de diurnas luminescências se afogarão bem homogeneizadas

A caminho da minha praia cada pigmento de silêncio flutuará
Entre os céus senhoriais, fluidificantes e mais longitudinais
Memórias congénitas habitarão intensas e eternas saudades virais

Frederico de Castro

De tanto navegar...




Sem timoneiro o tempo navega ancorado
Numa brisa feliz e perdidamente apaixonada
Num mar sem ondas a solidão amara ali desmantelada

De tanto, tanto navegar a memória precipita-se e
Afoga-se a jusante qual caricia quase rebelada
Reverencia cada gota de luz que fenece mais encadeada

Será o silêncio capaz de sequestrar este poente protelado
Será o mar capaz de afogar-se nesta maresia tão apelada
Sei lá eu, talvez a noite marulhe até naufragar bem temperada

Frederico de Castro

Perpendicular ao silêncio




Perpendicular ao silêncio o poente distende-se entre
A latitude e a longitude esbelta e harmonicamente sedosa
Além seus meridianos navegam a bordo desta maresia graciosa

Em dois hemisférios iguais repartem-se esperanças amistosas
Densa e telúrica e fé traça o perímetro das ilusões vaidosas
Assim diametralmente se equilibram palavras e sensações fogosas

Frederico de Castro

Solidão medieval



Um silêncio medieval enclausura-se nos claustros
Deste tempo errante, voraz, asfixiado e tão neutral
Sustentam as abóbadas de um feroz eco quase abissal

Rumando até aos mais invisíveis horizontes fraternais
A manhã esboroa-se num penacho de preces virais
Sedenta submerge entre as aduelas das solidões mais colossais

Frederico de Castro

Desassombro




A manhã desassombrada flutua abordo
De tantas brisas arrogantes e deslumbradas
Ajeita ardilosa o semblante de cada caricia redobrada

Essas vagabundas horas parem agora um inestético
Silêncio vadiando qual eco absurdamente patético
Confinando o tempo a um tântrico sonho tão poético

Frederico de Castro

Olhos nos olhos




Às vezes a noite dura toda esta imensa escuridão
O tempo fenece atado a um queixume dilatado e
Gatafunhado em pasmadas palavras repletas de emoção

Olhos nos olhos tinjo os cílios da saudade mais
Bolorenta e periclitante, chapinhando entre brisas
Garridas, leve, levemente estrepitantes

Pendem na noite dois tristes segundos etéreos
Acarinhando o meu silêncio encaixotado na devoluta
Solidão onde espremo até ao tutano este desejo tão avultado

Incisiva e elegante sussurra a manhã apaixonada
Cogitando em nós uma caricia deveras desconcertada
Qual soluçante arritmia de palavras torrencialmente exaltadas

Frederico de Castro

Tacto




No casulo do tempo larva a solidão mais severa
Imaculável o dia esfrega-se nesta luminescência austera
Provoca a alma estimulada por uma meiguice tão sincera

Sedenta e predadoramente um eco perscrutador inspira
Meus versos deambulando sorrateiros…quase pecadores
Lisonjeiam-se caricias e desejos absolutamente devastadores

Frederico de Castro

Além da liberdade




Além da liberdade que ali ressuscita elegante
Mordisca a alma toda esta gargalhada empolgante
Alucinará todas as emoções flutuando insufladas
Por uma soberba alegria vadiando por ali agigantada

Além da liberdade flerta-se a esperança ofegante
Arregaça-se as mangas e alimenta-se a fé exuberante
Povoam-se orações com palavras sempre inesgotáveis
Fecunda-se a vida embriagada de ilusões tão inescrutáveis

Frederico de Castro

O poente à minha janela




À minha janela e defronte pra solidão
Estagnou o tempo cheio de cócegas e emoções
Todo ele capitulado fenece prenhe de ilusões

Sob o efeito inebriante da noite que chega audaz
Um insolente eco estatela-se na escuridão falaz
Represa cada caricia, intensa, ígnea e tão voraz

Cada breu desconectado deste tempo perene
Atola-se no meio da solidão inacabável e crónica
Prefaciando cada hora que além flutua virtual e sinfónica

Frederico de Castro

O tempo quis ser livre




O tempo também quis ser livre
Patenteou cada hora que fluía em liberdade
Passarinhou entre mim e o silêncio sempre
Com esta imensa aliada cumplicidade

Quando o tempo quis ser livre a manhã
Mais vulnerável ardia sedada, quase obcecada
Mascarou minha solidão que estrebuchava
Enjaulada nesta panóplia de emoções em debandada

Frederico de Castro

Pousio dos solitários




No pousio dos solitários o tempo até parece que estagna
Ali até a milionésima hora fenece apática, serena e axiomática
Irrequietas brisas deslizam enfeitiçadas, embriagadas…tão fanáticas

Na antecâmara dos silêncios ecoa uma prece feliz e desmamada
A terra sedenta, ávida e cromática pintalga cada emoção fluindo arrojada
Salpica as escarpas das minhas solidões ariscas, sequiosas e emancipadas

Frederico de Castro

Além do espaço...



Além do espaço sem fronteiras existe
Um tempo que se redimensiona tão
Quântico tão dissimulado, sempre fantástico

Além do espaço que flui nos céus sem
Subterfúgios estáticos iluminam-se cânticos
Trajados e diluídos em fluorescências enigmáticas

Além do espaço perde-se a escuridão ardente
Inexplorada…oh absurdamente dramática
Flama entre cada caricia sempre tão simpática

Além do espaço brilham tantos matemáticos
Silêncios deixando infinitos logarítmos calcular a
Precisão do tempo escorrendo linear, dinâmico,extático

Frederico de Castro

Anarquia dos silêncios



Na anarquia dos silêncios sobrevive um eco quase asfixiado
Diacrítico o tempo modula a fonética de cada desejo enamorado
Sem til, acento, cedilhas ou tremas o dia reverbera quase tresloucado

Na anarquia dos silêncios cavalgam palavras e verbos tão fictícios
Adentram o bordel dos silêncios e sussurros vorazes e catalíticos
Renascem a jusante de todos os voláteis lamentos mais apocalípticos

Frederico de Castro

Outros espaços




Outros espaços siderais
Voláteis concisos e marginais
Onde os corpos celestiais namoram
Aquelas luminescências quase colaterais

Outros espaços, outros tempos e ali
Navegam emoções tão unilaterais
Orbitam pelos céus chicoteando a
Escuridão com ilusões quase sobrenaturais

Frederico de Castro

Pinceladas na noite




A esperança pincela a noite tão edulcorante
Separa todas as sílabas tónicas onde amara
A escuridão vaidosa, dengosa…quase chocante

Numa verborreia de palavras elegantes subsiste
Aquela conivente simbiose de emoções latentes
A poesia torna-se espontânea, criativa e penitente

E assim, cada breu utente deste silêncio dissonante
Chilreia entre tantos omissos ecos tão possantes, até
Mitigar mil e uma memórias famintas e contagiantes

Frederico de Castro

Silêncio incontrolável




Das profundezas da manhã fantástica e vibrante
Submerge aquele avassalador silêncio incontrolável
Ao rubro fica a vida deambulando por ali inabalável

Discreta e inconstante a solidão irrompe devorante
Celebra com meiguice a malandrice desta inspiração instável
Que desampara e desfragmenta este verso tão permeável

Num derradeiro suspiro cada brisa desnuda-se apoteótica
Tem como aliada toda esta imensa emoção insofismável
Tão incólume como um breve silêncio que ali se afoga inevitável

Frederico de Castro

Toque surreal




Como me amedronta este silêncio andrógeno musculado e sublime
Como esconder a escuridão que num breu estático se comprime
Ao aromatizar com incensos este eco que somente um afago redime

Como estreitar e retocar esta solidão amistosa eloquente e ostentosa
Como derivar consolo quando a noite saltita pungente latente e dengosa
Até se perder na nudez de cada palavra inspiradoramente charmosa

Entre dormentes e desabrochantes desejos penetra um ilusão graciosa
Deixa que um simples verso sucumba infiltrado numa rima gulosa
E por fim me aconchegue no leito de cada gargalhada arfando tão virtuosa

Frederico de Castro

Valent(ina)monstruosidade



- para Valentina

A noite agourenta e relutante feneceu redundante
Silêncios monstruosos pairam no sopé da solidão
Impulsiva, insana e tão tristemente dissonante
Até domar cada breu absurdamente debilitante

Todo o lamento agora assassinado jaz além
Junto a esta escuridão absurdamente gigante
Deixam no degredo da alma este vil homicídio
Castrar a vida ainda tão juvenil…tão palpitante

Cada lágrima derramada fez-se essência desta
Imensa dor incógnita, obsessiva e aviltante
Em fuga o silêncio rasgou todo ai revoltante, até
Se esboroar no fim deste imenso sussurro inquietante

FC

Além no horizonte




Além no horizonte brilha a escuridão bizarra e
Tão grácil que quase esventrou este silêncio aprimorado
Tão desenvencilhada que quase se embebedava revigorada

Além no horizonte, consumida e hidratada cada hora
Esbanja tantos milhões de segundos assanhados
Alimenta este terramoto de prazeres tão corroborados

Além no horizonte a vida reverbera entre espasmos
E caricias absurdamente cronometradas e de lá se
Rega cada brisa fluindo incandescente e apaixonada

Frederico de Castro

Bem-vindo a bordo




A bordo do tempo desliza a manhã tão deliciosa
Folclórica, perfuma cada luminescência mais graciosa
Além navega a maresia esplendorosamente sequiosa

Na candura inocente da solidão dormita uma
Hora fremente, harmoniosa, quase contagiosa
Assim desabrocha esta ilusão audaz e tão grandiosa

Frederico de Castro

E Deus além adormeceu




Apascentada e moribunda a solidão dormita apaziguada
Permuta com o silêncio toda esperança feliz e reconciliada
Sara qualquer emoção, ainda que ferida…tão perpetuada

Chega a hora do poente se esconder num gomo de luz
Acalentado, além onde o tempo esvanece em ponto rebuçado
E cada sorriso perfilhado repentinamente adormece apaixonado

Que chegue a escuridão elegante, aperaltada, quase esbugalhada
Pra conter dentro da alma uma imensa fé tão maravilhada
Sei que Deus depois adormece ao sabor desta oração ali aprisionada

Frederico de Castro

Silêncios do sul



Ouço um silêncio vindo do sul e nele flutua minha
Prece tranquilamente indiscutível, felina e intangível
As Palavras desvairadas adentram este poente quase invencível

Do sul a maresia navega à bolina de um brisa fresca e irresistível
O oceano vestido de ondas pacíficas amara além fiel é percetível
Dos céus cai uma luminescência miudinha, picuinhas e insubstituível

Pigmentos de solidão mergulham na doce melancolia do tempo remível
A eternidade pare milhões e triliões de horas indigentes e imprescindíveis
Egoísta e temível cada eco infiltra-se no anonimato dos silêncios mais irreversíveis

Ffrederico de Castro

Um raio de sol




Um raio de sol estende-se ao longo
Desta maresia excedente…tão dissidente
Repousará corroída por cada onda conivente

Ao longe o poente inacabado e intransigente
Aconchega minha fé indubitavelmente exigente
Adorna a derradeira escuridão renascendo proeminente

Pulam e pululam além sombras elegantes e aleatórias
Alimentam o promontório de cada caricia mais predatória
Fluidificam a noite castigada por esta imensa emoção expiatória

Frederico de Castro

Universo imaginativo




Escondida entre o arvoredo de ilusões
Todas as luminescências da noite divertida
Colidem com mil sensações tão bem guarnecidas
Colorindo desejos reanimados numa estrofe enlouquecida

Imerge num avermelhado silêncio o tempo conciso
E se preciso, até rodopiando tão imaginativo
Asperge no aquário dos sonhos um cardume de ecos
E ilusões desaguando no estuário das minhas emoções

Frederico de Castro

Visto da janela




Em pleno estertor a escuridão pousa de mansinho
Nos beirados da minha solidão tão acolhedora
Burila esta imensa ilusão desaguando ali consoladora

Um silêncio bronzeado ampliado e desbravador
Alimenta o zumbido de cada eco vivificante e abrasador
Esmerilha o crepúsculo do intenso e Divino poente conspirador

Visto da janela o tempo quase parou e feliz destilou um
Sonho trajado de gotículas enluaradas e sempre dissidentes
Peregrina pela cachoeira das minhas emoções tão urgentes

Frederico de Castro

Poente elegante




Um toque de elegância brada juntinho ao
Poente que além se estatela sem burburinho
Protagoniza a beleza de um afago tão mansinho

Muitas excêntricas emoções amaram tão enamoradas
Explodem e defloram até o silêncio ecoando arrojado
Acalmam o poente assombroso, profético… desejado

Frederico de Castro

Semeando estrelas




Semeio nos céus virtuais aquela estrela
Que a escuridão quer pilhar até vestir a
Noite que teima cada sonho vasculhar

Com luminescências sempre pujantes a luz
Suspira tão fulgente…tão divertidamente,
Deixando uma estrela brilhar assim admiravelmente

Frederico de Castro

Sob a batuta do tempo




Sob a batuta do tempo o tempo orquestra
Um eco possante, robusto, quase chocante
Todo ele se renova, fecundo, farto e jactante

Sob a batuta do tempo cada hora fenece a jusante
Energisa a noite encantadora, sequiosa e devorante
Apascenta cada ai anónimo, constrangido e tão gigante

Sob a batuta do tempo a solidão amadurece irredutível
Inunda nossos olhares resgatados num lamento inflexível
Cicatriza cada emoção empolgada e absolutamente incorruptível

Frederico de Castro

Tão fragilmente...



Tão fragilmente cada oração renasce festiva altiva e renovada
Dilacerada a luz infiltra-se numa solidão carente e rogada
Anónima e sem vestígios coalha uma lágrima tão subjugada

Tão fragilmente o tempo encharca-se de sonhos e desejos coligados
Ao longe vejo sedimentar-se o horizonte de suspiros quase fatigados
Ali, fulgurantemente todos os poentes adormecem felizes e aconchegados

Frederico de Castro

À beira do cais




À beira do cais sussurra a maresia soberba e furtiva
Ondas ternas e apaixonadas esboroam-se ali tão passivas
Algures no horizonte dormitam solidões cálidas e purgativas

Precisa e atormentada cada hora fenece numa sinfonia
De atrativos silêncios dementes ferozes e muito possessivos
Aglutinaria a noite todos estes ecos latentes e expressivos?

Pela escuridão tranquilizante flui o poente quase inquisitivo
À margem da solidão fertiliza-se esta luz imensa e intuitiva
Cada palavra supera e implora pela fé navegando mais efusiva

Frederico de Castro

Para lá das montanhas




Para lá das montanhas estende-se a vida aprisionada
Numa brisa anestesista ali definha uma hora amnistiada
Cada palavra cativante sucumbe de rompante e afeiçoada

Para lá das montanhas o poente adormece caótico
Dos céus brilha um breu esclavagista e tão exótico
O tempo perde-se amarfanhado num eco quase hipnótico

Para lá das montanhas enregela a noite fria e ofegante
Ornamenta-se o cardápio de tantos desejos empolgantes
Ardem abissais solidões fetichistas e tão, tão mitigantes

Frederico de Castro

Passageiro da chuva




Bate bate levemente na carruagem do tempo
Um aguaceiro hospitaleiro, subtil e tão biométrico
Assimétrico sustenta este silêncio quase milimétrico

A manhã cinzenta e coberta de brumas atmosféricas
Atazana tantas solidões holográficas e geométricas
Recriam a prosopopeia de palavras chuviscando tão histéricas

Ao colo da fresca manhã vadiam brisas eternas e frizantes
Imaturas ilusões castram memórias telúricas e escruciantes
Recriam a mecânica de tantas rimas poéticas e estimulantes

Frederico de Castro

Pequeno Jardim




Dentro do cesto germinam emoções platónicas
Bebericam-se ilusões quase impertinentes
Com o diâmetro de tantos ecos tão irreverentes

À janela as solidões calcetam coloridas sensações
Que retêm no tempo e no espaço geométricas
Caricias deambulando além tão simétricas

No meu pequeno jardim a poesia coloriu-se
De tanta esperança e até decantou uma lágrima
Esquecida na retina dos tempos imutáveis e benevolentes

Frederico de Castro

Acordes na escuridão




Na hora marcada toda esta imensa escuridão
Pousa subtilmente num acorde musical tão abrangente
É um intercâmbio de emoções matreiras e atraentes

Um breu decisivo e brutal ornamenta a noite pacificada
Coliga-se com aquela intensa caricia tão persistente
Alimenta cada retalho de solidão amuada e prepotente

Ao longe esteticamente bem orquestrado, cada eco flui
Ameno, mais sereno…tão avido e subtilmente irreverente
Descodifica a esperança contida numa oração tão eloquente

Frederico de Castro

Avenida marginal




Pela avenida marginal circulam emoções absorventes
Insinuam e cativam palavras de todo coniventes
Deixam um rasto de singulares ilusões irreverentes

Sem rumo e colhida por uma feroz escuridão a noite
Galga o leito do rio onde dormita a esperança latente
Breve a memória que obstinada sucumbe mais complacente

Frederico de Castro

Justamente só...




Num derradeiro olhar o tempo vislumbra
Aquele silêncio que medra sob os feitos
De uma bebedeira de emoções promiscuas
Deixa arrítmica quaisquer caricias tão profícuas

Justamente só, a solidão hábil, perita e sagaz
Abaliza uma hora confinada entre as reticências
De uma esperança calorosamente afável e complacente
São os efeitos colaterais de cada faminto desejo conivente

Frederico de Castro

À hora certa...




À hora certa o relógio esconde cada silêncio secreto
Badala triste e sentido pois ali vai o féretro do tempo
Esquartejado constrangido, tão sombrio quanto um eco ferido

À hora certa a noite esbanja todas as suas escuridões introvertidas
Apalpa a melancolia das mil e uma emoções carentes e denegridas
Sangra ferida deixando na alma vestígios de tantas tristezas incontidas

À hora certa cada centésimo de segundo esboroa-se reprimido
Ali reage inerte o tempo castrado, desprezado, quase encardido
Expurga-se o simbólico silêncio despedaçado,subjugado…contorcido

Frederico de Castro

Além deste mar




E assim fomos nós pra lém deste mar navegar
Descortinar nos céus um poente a clamar
E em cada crepúsculo deixar a maresia ali desaguar

Extinta a solidão povoam-se as palavras promissórias
Pincelam-se ilusões coloridas delirantes e propiciatórias
A olho nú descortinam-se palavras e rimas premonitórias

Além deste mar, existe uma maré de ondas celestiais
Todas desembocam algures a jusante de tantas carícias virais
Todas irradiam um tornado de luminescências tão confidenciais

Frederico de Castro

Corpos celestes




À noite a escuridão solidifica todo breu
Estático, glorioso…quase infeccioso
Rasga o tempo que se curva vincado
A um lamento tão feliz e sigiloso

No domínio etéreo da nossa imensa existência
Musculosas emoções fervilham tão assediadas
Uivam alegres a cada cântico fecundo e anestesiado
Escorrem abandonadas neste verso quase saciado

Religiosa e mais prodigiosa a esperança além
Brilha ávida, subtilmente casta e habilidosa
Com seu apetite quase impiedoso alimenta a fé
E todas as luminescências de uma oração sumptuosa

Frederico de Castro

Orgânico




Um silêncio orgânico germina ao longo
Da maresia esbelta fecunda…quase epifânica
A seu bel-prazer adormece aconchegada e catatónica

Na clarabóia do tempo brilha a esperança sedutora
Aplaina a noite e esculpe todo este poente mais sensitivo
Deixa semi-nu qualquer silêncio enclausurado e definitivo

A escuridão sem rasto afaga cada breu explodindo intrusivo
Pavimenta a viela onde jaz o tempo ignorado, esquecido…relativo
Embrenha-se no horizonte apaziguado por este sonho ali cativo

O céu perfumado por um aguaceiro juvenil e contido
Recita ao vento meus versos desertores e combalidos
Até serenar tantos ais soberanos, hidratados…bem remidos

Frederico de Castro

Preto, branco e vermelho




À tona do tempo, na beirinha de cada sonho
Flutua uma colorida luminescência magnificente
Fecunda todo desejo que ali se desnuda esfoliante

Cada cor seduzida pela beleza da manhã exuberante
Calcorreia montes e vales e até enfeita uma prece que divagando
Se desmembra entre os cílios desta quântica ilusão tão extasiante

Frederico de Castro

Silêncio cativo




- para a Noemi, Ciro e Lucas, meus filhos

Nas prateleiras do tempo repousa a vida
Feita de erosões e saudades cativantes
Embalam uma oferenda de palavras excitantes

Sobre a esfinge do silêncio esboroa-se um eco
Sonante, tão borbulhante…quase embirrante
Aquieta cada brisa perfumada e tão latejante

Ao longe nos beirados do horizonte fervilhante
Dormita a memória fecundada na maternidade
De todos aqueles silêncios ávidos e provocantes

A noite agigantada por esta escuridão claudicante
Ronrona sossegada entre os cílios de um olhar incitante
Faz cócegas à alma dissimuladamente feliz e radiante

Frederico de Castro

Tempo perfeito




A noite inculpe e trajada de breus elegantes
Imerge além embebedada de luares divagantes
Sobra um retalho de emoções fluindo tão vociferantes

Neste tempo que marcha feliz e mais possante
Esconde-se uma hora eterna, sublime e calmante
Alaga a planície dos meus versos quase asfixiantes

Ali se bebericam e refrescam solidões sempre revitalizantes
Ouvem-se ecos e estilhaços do silêncio tão lamuriante
Nutrem a esperança escoltada por uma brisa entusiasmante

Frederico de Castro

A tarde é minha




A minha tarde é sempre tão bonita
Cada onda, ávida sussurra e a fé reabilita
Seu bailado minhas preces assim felicita

A minha tarde faz-se ao mar e perde-se
Além no poente bramando feliz e expedito
Cada eco fervilha breve, sorrateiro e solícito

A minha tarde repousa na longarina do
Silêncio e das palavras mais benditas
Ali exposta até minh’alma em frenesim levita

Frederico de Castro

Gestos




Quase no fio da navalha o silêncio esfaqueia
A noite que embebedada fenece…ah tão saciada
Vale um gesto ou mais que uma caricia viciada

Neste frenesim de desejos e afagos desvairados
Despem-se e domesticam-se sonhos potenciados
Quão intermináveis se tornaram tantos beijos aliciados

Na imprevisibilidade do tempo que escorre instável
Engendro um verso apaixonado, subtilmente versátil
Em conluio com um cósmico e apaziguante eco insaciável

Frederico de Castro

No leito da solidão




Amarou além uma onda reverberando de contente
A sós o poente embebeda-se num espasmo de ilusões
Confluentes onde o tempo emprenha nossas emoções imponentes

Na ribalta da noite que chega intermitente aborta-se um
Breu sepulcral, talhado no manto deste silêncio dissidente
Assim se redime o tempo engavetado num sistólico sonho emergente

Frederico de Castro

Brumas submersas




Numa bruma submersa a manhã espreguiça-se fragrante
Deita uma olhadela a cada hora que se esvai tão divagante
Dilui-se paralela a tanta migalha de luz fluindo mais ofegante

Reclusa numa parcela de solidões degradantes toda a emoção
Fulminante debela a saudade eclipsada pela memória excitante
Ali se cinge e ajoelha cada prece aromatizada…quase fulminante

Frederico de Castro

Escapulindo




Serenamente escapulindo por uma fresta de luz
Chega esta fluorescência sensual e estilística
Atropela com avidez cada emoção mais realística

No doce gingar do silêncio sobressai à vista desarmada
O felino bailado de um desejo frenético…quase consumado
Cada eco arrepiado flameja a bordo deste sonho sublimado

Todas as brisas perfumadas, altruístas e regenerantes
Escondem uma caricia penetrante, esplendorosa e delirante
Degrau a degrau o silêncio fossiliza subtil e tão hidratante

Frederico de Castro

Fim de tarde...silêncio




Incógnita e soberbamente apaziguada a tarde
Estende-se ao longo desta maresia perpetuada
Ali é servido um cálice de ilusões tão apaixonadas

Ao fim da tarde decifram-se tantos absurdos silêncios
Insinuam-se amores, paixões e caricias extenuadas
Encena-se a vida tatuada por mil emoções pactuadas

Frederico de Castro

Hora veloz




Escorre pelos carris do tempo um lamento assustado
Dribla o silêncio que infeliz ainda cogita prenhe e consolado
Flui qual lufada de emoções descarrilando tão assanhadas

Palavras desassossegadas deambulam solitárias ao longo
Destes versos flertando a minha imaginação quase desvairada
Tamanha é a contemplação da cada hora veloz fenecendo eclipsada

Pelas ruelas da noite calcetada com ilusões fantasmagóricas
Amarga a vida perdida numa imensidão de tristezas catastróficas
Só me conforta a alma uma mão cheia de esperanças quase eufóricas

Frederico de Castro

Indisfarçavelmente II



Indisfarçavelmente o tempo recua um centésimo de
Segundo ao ruir num excêntrico silêncio descomedido
Canoniza e enaltece aquele eco síncrono e tão ensurdecido

Indisfarçavelmente a noite sucumbe abarrotada de breus fugidios
No cárcere da escuridão dormita um uivo desgrenhado e desnutrido
Crónico será um sussurro pandêmico, quântico e quase, quase dissuadido

Frederico de Castro

Insustentável leveza do silêncio




Um humedecido gomo de luz amara ali
Insustentavelmente feliz e sequioso
Subtil o luar adormece avidamente melodioso

Na leveza da maresia estarrecida e formosa
Um sussurro incalculável flerta a luz mais viçosa
Insaciável a noite plana fluidificante e tão gloriosa

Frederico de Castro

Labirintos da memória




Pelos labirintos da memória vadia a noite
Impregnada de lamentos tão oportunistas
Cada hora degradante fenece senil e anarquista

A escuridão trespassada insufla a emoção capturada
Alimenta versos e palavras inspiradas, tão amestradas
Muscula a solidão confinada a tantas preces desveladas

Resta ao incauto silêncio pavimentar cada eco mais autista
Tatuar no tempo a esperança que se esgueira voraz e egotista
Alimentar as primícias de um sonho rugindo tão narcisista

Frederico de Castro

O lado negro da noite




E assim fenece lentamente o dia quase aparatoso
A perseverança só acampa onde a esperança resplandecer
Onde a vida absoluta e absurdamente feliz endoidecer

Solidões quase delinquentes gotejam pela caleira das
Ilusões incoerentes e substantivamente impiedosas
Assim como a noite refilando entre escuridões gananciosas

Breus levitando em tantos tenebrosos silêncios adormecidos
Vendam um olhar tão doloso dormitando ali quase queixoso
Saltitam escravizados por um tarado desejo tinhoso…tão guloso

Frederico de Castro

Talvez me sobrem palavras




Talvez me sobrem das palavras
Uma inspiração quase indisciplinada
Assim jorre ali cada rima revoltada

Talvez da manhã renasça a vida apaixonada
Toda ela qual terramoto de alegria fascinada
Dando à luz a poesia melodiosamente rimada

Talvez nos silêncios flutue um eco feliz e resignado
Primeiro amanheça confinado a um desejo obstinado
E depois…depois, acalente cada verso devorante e danado

Talvez na escuridão da noite vislumbre uma oração a fecundar
Ao acordar inspire cada sonho frenético pronto a delapidar
Colorindo toda a vida repleta de caricias por deslindar

Frederico de Castro

Ao virar a esquina...




Ao virar da esquina quedam-se ilusões tão possantes
Improvisam-se palavras inocentes e mais petulantes
Pincelam-se sonhos empoleirados na meninice ainda vibrante

O tempo sempre refém de cada hora imensa e saltitante
Deambula apetrechado de emoções quase beligerantes
Resta à poesia desencalhar a vida feita de rimas tão desafiantes

Frederico de Castro

Gigantesca insignificância




Sobrepujada pelos encantos da escuridão cerrada
A solidão gigantesca viceja, voraz insana e blindada
Cada inquietação da vida jaz ali estupidamente desolada

Na arrogância das nossas emoções mais incitadas floresce
A gigantesca insignificância das almas tristemente molestadas
Sem fé, sem esperança, sem sonhos, as palavras sucumbem marginalizadas

Frederico de Castro

Passadiço dos silêncios




Neste passadiço, quando eu passar
Deixarei pegadas com sabor a mar
Para que o mar majestoso depois
Adormeça além entre as dunas sinuosas
A tempo de remir todas as maresias amistosas

Frederico de Castro

Sem abrigo




Sem abrigo o silêncio fenece e no seu jazigo
Enterra-se o tempo solitário quase rendido
Paz a cada eco funesto e tão arrependido

Sem rosto as palavras enlouquecidas atropelam
Esta hora indomável, ensurdecida e despedaçada
Assim deserta a noite compungida e degradada

A escuridão arrepiada aconchega-se aos lençóis
Da minha solidão absurdamente conformada
Uiva cutucada por cada ilusão contrita e desolada

Frederico de Castro

Sudário dos silêncios




Adormece a noite aconchegada ao altar da solidão
Enquanto rendida viceja uma emoção tão submissa
No labirinto da vida amordaça-se a luz mais movediça

Envolta no sudário dos silêncios a escuridão mumificada
Esboroa-se qual lamento tristonho e intimidante, até deixar
Aquele breu transladado deglutir uma hora volátil e claudicante

Frederico de Castro

Um entre iguais




O dia franzino despertou enregelado
Hibernou entristecido e caiu inanimado
Sobre o gradeamento do silêncio
Ali solitariamente empoleirado

A luz da manhã cativa e descorada
Espreguiça-se tão desvairada
Colhe doces aromas que se transladam
Numa hora roçagando graciosa e admirada

Frederico de Castro

Cascata dos silêncios




Desce pela cascata dos silêncios uma elegante
Torrente de água fluindo refrescante e cordialmente
Amamenta a luz da manhã que brilha voraz e copiosamente

A centímetros da solidão abeiram-se muitas lembranças
Guardadas entre sôfregas saudades sempre esmiuçadas
Alimentam memórias poeirentas e palavras quase eclipsadas

O rio confortavelmente desliza ávido frenético e desassombrado
Amara silenciosamente no leito de um sonho ardente e abençoado
Adormece saciado ao som de um cântico grandioso e enamorado

Frederico de Castro

O astronauta





A bordo de uma fluorescência espacial
Navega a noite quase hipnótica e confidencial
Ao longo da escuridão gravita o tempo feliz e cordial

Atraído pela órbita deste imenso silêncio surreal
Viajo além de todas as ilusões crepitantes e tangenciais
Adormeço na microgravidade das solidões tão sensoriais

No horizonte, fragrâncias recém chegadas esvoaçam
Pelos intensos céus poçantes, ditatorias…quase imperiais
Ali se sustém a imponderabilidade de todos os ecos celestiais

Frederico de Castro

Silêncio quebrantado




No interior de muitos devaneios delira o tempo
Esmagado por um intrínseco silêncio convincente
Desertificou uma hora tão sedenta…tão dissidente

Quebrantada a alma aluna as margens desta solidão
Estupidamente concludente, avidamente comovente
Assim se alimenta um trágico lamento tão contundente

Agora cada emoção sequiosa, atraente e sofisticada
Abalroa minha memória encaixotada na saudade intensificada
Ali se soltam líricas palavras algemadas a uma rima amplificada

Frederico de Castro

Ascensão da solidão




Ascende a solidão deificada por uma oração
Sempre mais enaltecida e tão lisonjeada
Requinta a esperança com uma palavra esfomeada

Ao longe o silêncio repercute um risonho eco
Embeiça-se deste imenso lamento sublime e generoso
Fecunda o tempo nobilitado por um sonho impetuoso

Cada hora aguçada e absolutamente ritualista recria
A memória, fonte de tamanha saudade portentosa
Comovida e curativa, vela tanta emoção angustiosa

Frederico de Castro

Banhos ao luar




Cada instante seguinte esfacela-se num imenso
Sorriso expandido e anatomicamente desordeiro
Ali cai bêbado o silêncio lascivo e tão namoradeiro

Ao luar banham-se brisas domadas sulcando a maré
De palavras plagiadas e inspiradamente aliciadas
Nas veias arde o salitre de tantas carícias conciliadas

Frederico de Castro

Emoções proeminentes




Sempre proeminente o silêncio consola uma
Imensa vastidão de emoções quase gratuitas
A manhã soluçando efusiva espreguiça-se ao redor
De tantas esbeltas ilusões sempre tão fortuitas

Em cada verso escrito, inspirado e restrito
Deambulam líricas memórias infinitas
Refém de um destino longínquo o tempo
Sucumbe entre exorbitantes caricias explosivas

Frederico de Castro

Lá vem a noite...




Debruada com luares ígneos gentis e exaltantes
Chega a noite empoleirada numa escuridão possante
Latidos de um lamento dopante fenecem tão suplicantes

Lá vem a noite chique, elegante, lunática e brilhante
Até ao último suspiro toda ela estremece sonante
Geme envolta numa carícia voraz subtil e anestesiante

Frederico de Castro

Momento poente




Içando uma solidão ígnea e quase indescritível
A maresia feliz adormece desatinada e intangível
Bolina numa brisa prestes a desmaiar quase inaudível

É o momento poente infinitamente ilustríssimo
Apazigua as dores do tempo imerso num sorriso miscível
Confunde-se no leito do silêncio onde mora um eco inamovível

Frederico de Castro

Ponto de luz




Sedenta a luz escapuliu pelas
Frinchas do silêncio tresmalhado
Ruiu, tristonha, envergonhada
Divagando, divagando conformada

Queda-se além espiritualmente animada
Onde a grandeza da fé se mostra consumada
Onde uma oração tem a força da esperança firmada
Onde se ofertam alegrias numa palavra…ah, tão aclamada

Frederico de Castro

Quando a noite chegar...




Quando a noite chegar navegarei mar adentro deixando incólume
Este verso transpirando pelo leito dos silêncios mais magoados
Aprisionarei e navegarei à boleia de tantos oceanos rebelados

Quando a noite chegar musicarei a vida afogada numa onda replicada
Tranquilizarei a escuridão que pousa embebedada…tão requintada
Até o mar transbordar ao som de cada irreverente prece agora revelada

Frederico de Castro

Coisas que só o silêncio escuta




Ensurdecida pelo silêncio lunar
A noite vagueia agora empoleirada
Num luar casto, elegante e majestoso

Sob um implante de emoções marginais
Esgueira-se um eco trémulo e embevecido
Até absorver todo este brutal silêncio encarecido

Pelas dunas do tempo escorre a escuridão trajada
De negras vestes envaidecidas, além onde cada
Alma se queda convertida, espairecida e bem cortejada

Frederico de Castro

Encarcerada




Encarcerou-se extraviada esta solidão inanimada
Gota a gota castigou a tristeza vil ali entrincheirada
Transbordou nas margens da noite mais desertificada

Cada hora sincronizada nesta emoção deteriorada
Alimenta tanta egocêntrica esperança desassossegada
Quase se extingue abocanhada pela escuridão insubordinada

Frederico de Castro

No reino das sombras




No reino das sombras impera esta escuridão natural
Sobre o lajedo do tempo cada hora petrifica-se escultural
A esperança ainda que tardia delira absurdamente viral

No reino das sombras um chorrilho de ilusões trilham a
Planície das palavras diluídas num cântico esbelto e jovial
As memórias afrontam cada saudade enclausurada num eco virtual

No reino das sombras sinto o sentido dos passos ainda combalidos
Cada um deles calçando aquele trapezoidal silêncio destemido
Até ressuscitar com vigor um verso ameno, genuíno…tão gemido

Frederico de Castro

De partida...




Deixei o meu repertório de palavras desgarradas diluir-se
Entre fluidificantes arestas da maré tão bem esplanada
A esperança renovada submerge ali qual bruma feliz e encantada

De partida a manhã confinada a tantas emoções indomadas
Fecunda a solidão flutuando numa cachoeira de ilusões enamoradas
Enleva minh’alma que subtil navega estrebuchando mais alucinada

Num derradeiro olhar aprisiono aquela brisa axiológica e pintalgada
Semeio ilusões na fronteira dos desejos e carícias quase sublevadas
Adormeço aglutinado em quânticas palavras nobres e amnistiadas

Frederico de Castro

Espelho meu




Sem macular um breve silêncio a manhã reflete suas
Derradeiras luminescências, ariscas, brutais e excêntricas
Até um eco incita um naipe de bélicas carícias tão simétricas

A olhar para o tempo ficou uma memória fértil saudosista e aritmética
Díspares e esquecidos sonhos indultam minha esperança mais empírica
Horas corroídas e latentes umidificam cada estrofe voraz e tão lírica

Frederico de Castro

Fértil escuridão




A noite está de luto
Ali jaz um luar tão absoluto
No vazio o silêncio é mais arguto

O luar fértil lapida um breu resoluto
Vulnerável o tempo sucumbe a cada minuto
Cruel a escuridão eclipsa-se num eco diminuto

Frederico de Castro

Infinito horizonte




Despistou-se uma hora senil, litigiosa e envelhecida
Deixou na paisagem a cilindragem de mil ilusões
Fluindo pela quilometragem da solidão quase enfurecida

Na cubicagem das emoções pesou-se e mediu-se um verso
Cujo comprimento e largura anelam a profundidade do tempo
Ruindo despedaçado pela sintaxe das palavras prenhes de insanidade

Neste infinito horizonte  confunde-se a imensidão do silêncio
Com cada eco reciclado, pirateado ziguezagueando embriagado
Na amplidão dos sonhos prosperará a prolixidade de um poente empolgado

Frederico de Castro

Reprogramar o tempo




Prepotente e quase flatulenta a manhã engorda esgazeada
Pesou na balança dos dias um côvado de solidões acossadas
Enamorou-se de mim aquela emoção feliz e engravidada

O tempo reprogramado irrompe inspirado por inigualáveis
Palavras estáveis, amestradas e sempre muito vulneráveis
As horas extenuadas sucumbem ao som de cânticos tão afáveis

Sobre as dunas da solidão escorre uma brisa sonolenta e suada
Tatua o dorso da vida com uma esperança mais apaziguada
Alimenta cada lúdica palavra somada a tantas outras bem badaladas

Frederico de Castro

Arco dos silêncios




Pessoal e intransmissível, a solidão dissolve-se
Ao longo do riacho fluindo combalido e penitente
Deixa um ferrenho e tirano eco balir tão potente

Sob o arco dos silêncios paira o tempo incomunicável
Alenta a manhã pousada numa lágrima quase intocável
Suicida-se empolgada por este lírico verso tão irreplicável

Na esbelta sintaxe de bárbaros vocábulos inexplicáveis
Enamora-se a vida palpitando por palavras aplacáveis
Ali se alimentam tantos, tantos alcalóides silêncios erradicáveis

Frederico de Castro

Arte em movimento




Cada movimento delicado encastra-se com
Suavidade numa brisa que além flui astuciosa
Baila elegante, com toda esta leveza tão graciosa

Saltitando nos céus etéreos, voluptuosos e radicais
Coexiste um cântico despertando num êxtase viral
Orbita num corpo modelado pela beleza tão escultural

Frederico de Castro

Derradeira noite




Na derradeira noite a escuridão açambarcou todas
As sombras notívagas, hostis e desmascaradas
Dentro de mim a solidão desperta convicta mimoseando
Todas as palavras exaradas em tantas lágrimas sobressaltadas

O silêncio inquieto ingere aquele breu agora estigmatizado
Torna-se o veneno mais letal para cada pranto ali inanimado
O tempo leva consigo o mesquinho adeus sempre inconsolado
Deixa na noite um luar funesto, sudorífero e quase esgazeado

Frederico de Castro

Entre as dunas e o céu...




Entre as dunas e o céu estende-se o tempo
Sem rumo, sem destino…oh que desatino
Absurda esta insanidade contida num eco clandestino

Entre as dunas e o céu cada hora é imensa e abreviada
Ai de quem perturbe a calmaria desta solidão ansiada
Toda ela fluindo numa catarata de emoções inebriadas

Entre as dunas e o céu a manhã quase estropiada
Contamina este imenso e absurdo silêncio quase saciado
Ludibria e anestesia cada sorriso centrífugo…quase extasiado

Frederico de Castro

Esfumou-se o tempo...




O tempo sereno, ausente e tão solitário
Suspira na alameda dos sonhos deslumbrados
Descansará à sombra de tantos lamentos prioritários

Esfumou-se a última hora rigorosamente apaziguada
Sitiou as margens onde desagua uma caricia totalitária
Trespassou cada inconsumível palavra tão precária

Frederico de Castro

Inflorescência nocturna




Badalou a vigésima quarta hora e a noite senil
Algemou-se à túnica desta solidão na penúria
Assim se coreografa as vestes de tanta lamúria

Uma inflorescência nocturna assoma na escuridão
Tão taciturna, tão esvaziada…demasiadamente prematura
Ficou sincronizado o tempo e cada hora que o silêncio depura

Para lá da minha esperança cortejo uma fé mais ecumênica
Ali habitam meus sonhos e desejos absolutamente transgênicos
Na vanguarda das emoções fotografa-se a sequela de prantos heterogénicos

Frederico de Castro

Passei por ali...




Passei por ali, onde a escuridão absorta e cirúrgica
Aguça a solidão neurótica desvairada, quase em fúria
Da noite apenas brilha aquela luminescência tão litúrgica

A cada instante ouço o rumor da vida gargalhando divertida
Escrevo impacientes palavras que fecundam esta rima extrovertida
Deixo as mágoas sucumbir plagiadas por uma emoção subvertida

Passei por ali, onde os lamentos mais lancinantes acorrentam
Tão frágeis silêncios gigantes…tão ágeis súplicas refrescantes
A paz sustentará a alacridade de mil ilusões ígneas e gratificantes

Frederico de Castro

Subtilezas




Quão formosas são as flores plantadas pela
Subtileza de tantas emoções requintadas
Pousam de mansinho naquela festa de ilusões
Encorpadas por palavras nobres e multifacetadas

A manhã quase inescrutável alimenta esta paz
Milagrosa, florida e subtilmente acalentada
Encandeia o macio gomo de luz renascendo imutável
Tal qual um verso escorrendo nesta rima tão irrefutável

Frederico de Castro

Brusca ausência




Tão brusca, tão ávida, tão absolutamente ausente
A manhã espreguiça-se e lambuza-se dos meus
Contritos, profanos e chacinados lamentos impotentes

Algema-se a mim toda uma inquietação resignada
Pressente-se a solidão ali estilhaçada, quase exterminada
Ali se aperfeiçoa a imutável fé, colorida, imensa e fascinada

Frederico de Castro

Comigo e com Deus




Esbelta filtrada e brilhando clamada
A noite atrai toda esta escuridão sagrada
Eu e Deus ficámos apaixonados ao vislumbrar
A vida ali acontecer de forma tão abismada

Atractiva almejada e sempre rogada a esperança
Jamais capitula, apenas fecunda minha oração bajulada
Livre e inesquecível toda ela degusta o poderio das
Palavras calcorreando esta emoção tão consagrada

Frederico de Castro

Manda chuva




Mirabolante e convergente assim transpira aquele aguaceiro renitente
Qual brado acanhado gentil e fluente esvazia o silêncio velozmente
Impera além, contudo uma paz sedenta, distinta e tão estridente

Escorrem pela caleira do tempo tantas gotas de um chuvisco dormente
Consola a terra ávida bebericando um ávido lamento delinquente
Naufraga a bordo de um fictício eco esmerado…assim tão docilmente

Frederico de Castro

Melancólica escuridão




É sublime a metamorfose de fluorescências esplêndidas
Sua resplandecência admoesta tantas escuridões expeditas
Um delírio quântico ignifica a noite chegando fiel e inaudita

Resta àquele silêncio amblíope tatear a luz escondida entre
As trincheiras do tempo defraudado e inexprimivelmente flagelado
Resta à escuridão omnisciente fecundar este poente monstruoso e indultado

Frederico de Castro

O fardo da solidão




Curtida e mais despida fervendo deslambida
A solidão paira a bordo deste tempo já falido
Injecta em mim o fardo de cada lamento sentido

Cada hora absolvida pela memória mais dolorida
Sequestra uma palavra purgada, expurgada e iludida
São fonte de inspiração para esta esfrofe agora seduzida

Nasce voluntariosa toda a esperança empolgada e colorida
Deixa cada sonho encostado nas ombreiras fé bem esculpida
Desperta etérea, atada a cada tristeza que além trepida comovida

Frederico de Castro

Para lá da escuridão




Para lá da noite oculta e condoída estrebucha um
Breu inundando o céu de escuridões exorbitantes
Em debandada todos os lamentos latem tão litigantes

Para lá da escuridão entranha-se numa hora ferida
A inexorável e universal fé branda, imensa e axiomática
A negrura trigonométrica da solidão flutua além tão telepática

Frederico de Castro

Altar do tempo




No altar do tempo reza a solidão quase Divinal
A fé adocicada com palavras tão originais
Brota meiga, jovial, absurdamente genial

O silêncio prostrado enxagua uma lágrima imparcial
Quase agoniza a bordo de cada lamento antiviral
É arquirrival daquele sonho delirando tão imperial

A esperança sublimada pro preces francas e incondicionais
Alimenta tantas afetuosas emoções tão tridimensionais
Amamenta-me a alma repleta de alegrias quase insurrecionais

Frederico de Castro

Avassalador




Contida numa exígua luminescência a tarde afavelmente
Deixa sangrar os derradeiros gomos de luz, assim mortalmente
Pra nosso deleite os céus aconchegam-se ali furtivamente

No cimo da montanha a solidão dolosa e copiosamente
Estende-se na longarina do horizonte reverberando grandiosamente
Como me palpita a alma contente, fascinada…tão sedentamente

Frederico de Castro

Bonjour tristesse




Na partitura da tristeza componho versos angustiados
Cada cântico é um DÓ de lamentos desgrenhados
Lá longe solfeja um orquestrado silêncio desquitado

Se minha tristeza desse flores cada jardim choraria
E daria à luz tantas fecundas lágrimas quebrantadas
Vestiriam a noite com escuridões inanes e desapontadas

Algoz a solidão emprenha todas as palavras desengonçadas
A dimensão da tristeza é fiel e matematicamente sofisticada
Só resta uma prece póstuma fecundar esta emoção desatinada

Frederico de Castro

Dons da natureza




Adormece o dia metamorfoseado de luz e uivos audazes
Enxaguam tantas lágrimas incontidas, ávidas e mais fugazes
Mexem e remexem nos meus silêncios ferozes e eficazes

De cada brisa afetuosa rojam esperanças tão coloridas e radiantes
O que me agasalha a alma são sonhos e desejos sempre mais devorantes
Seivoso e gracioso o poente fecunda tantos quânticos afagos gratificantes

Frederico de Castro

Esfuma-se o tempo...




A manhã renascida atropelou a solidão quase idolatrada
Sem fé resmungou e soletrou uma oração ainda inacabada
Falsificou a esperança impressa nesta estrofe inconformada

Plagiou a memória estatelada num fatal poente exonerado
Confinou a saudade disruptiva contraceptiva…lisonjeada
Fecundou esta arisca ilusão tão refinada, tão escrutinada

Esfuma-se no tempo uma hora corruptível e indesejada
Refaz todos os inviáveis desejos quânticos e insondáveis
Municia-me as palavras com carícias selectivas e inexoráveis

Frederico de Castro

Na paz do rio




Comprimem-se as margens do silêncio e cada hora
Apaziguada afoga-se a jusante do tempo camuflado
Quem ousará usurpar a paz do rio ali dormitando encalhado

Despoluído e refrescante todo ele navega feliz e fluidificante
No seu leito repousam sonhos e esperanças tão vivificantes
Neste marulhar sumptuoso ouve-se o murmúrio da fé emergir excitante

Frederico de Castro

Outra meninice




A cada instante a jusante, assim de rompante
Espreguiça-se o tempo numa brisa dançante
Ali se pedincha uma gargalhada feliz e sonante

Cada palavra é sempre mais desconcertante
Ilumina todo este verso que flameja abrasante
Flutua no estuário das emoções tão vivificantes

Frederico de Castro

Pérola lunar




A noite suspirando apaziguada
Desnuda esta escuridão cativante
Uma nesga de luar paira hidratando
Aquele breu esbelto melodioso e pujante

No vasto vazio celestial dormita um
Esborratado lamento latente e desgastado
Ao longe ouve-se um preciso silêncio petulante
Biselar as arestas do tempo inexoravelmente exuberante

Frederico de Castro

Pra lá da noite...




Pra lá da noite quente madura, errante e apetecível
Esconde-se um breu requintado, tímido e imperceptível
No céu ouvem-se os gritos e gemidos de um afago infalível

Pra lá da noite o tempo escoa devagarinho e indefectível
Soletra palavras que rimam com este silêncio irredutível
Penetra na fauna de cada lamento feroz e irascível

Pra lá da noite cada hora elege sua angústia inexorável
No limite acampa ao redor da esperança fluindo imparável
Sua dimensão extrapola toda esta emoção tão inquebrantável

Frederico de Castro

Retiro da solidão




No retiro da solidão repousa a noite ciscando
Aqui e ali um luar casto, solene e tão resiliente
Incontornável, a noite ali dormita feliz e displicente

Ao longe ainda ouço o rumor de cada eco eminente
A paz reina nas beiras da ágil e diluída maresia fremente
Aos soluços o tempo desabotoa a memória cativa e dissidente

A solidão quase mutilada, entranha numa prece clemente
Assim suspira cada palavra serena assertiva e complacente
A poesia adorna todo o brado de esperança ecoando tão imponente

Frederico de Castro

Silêncio sem nexo




Sem nexo o silêncio hibernou no tempo quase estilhaçado
Não existe cura para aquele eco que feneceu tão mediático
Jaz ali, abandonado no mausoléu dos lamentos mais fanáticos

Um incoercível olhar enigmático flui pelo corrimão das
Palavras inconformadas, indivisíveis e alucinadas, deixando
Em cada verso o vestígio de tantas solidões sempre insaciadas

Subsiste no semblante da tristeza esta emoção tão petrificada
Na soma de todas as angústias esvazia-se uma lágrima amuada
De capítulo em capítulo a vida esvai-se agora absolutamente obliterada

Frederico de Castro

Time flies




O tempo voa e distende-se pelos céus num imenso lamento
No alvor da madrugada cada bruma fenece a sós, sem fingimento
Caluda que a noite ainda dorme escravizada…tão rabugenta

Inquietantes e profanas, as palavras estilhaçam-se sonolentas
Deixam arquirrivais rimas desnudarem-se mais avarentas
Tudo nasce e fenece na imutável perfeição das palavras sedentas

Frederico de Castro

Vejo-te do meu olhar




Do meu olhar vejo-te imergir na retina do tempo
Ali flutuando no colírio da vida brilha a esperança
Contida nos cílios perceptivos de um sorriso furtivo

Dos teus olhos se reflectem perspicazes emoções afectivas
Na cósmica imensidão do olhar cobiça-se a fé, orna-se a luz
Onde se namora e perscruta a doce manhã feliz e gustativa

Frederico de Castro

Ali acaba o dia...




O dia acaba além onde a maresia capturada
Adormece fluidificante, solicita e afogada
Toda a luz fecunda e suculenta hiberna camuflada

As palavras em sintonia inventam uma rima consumada
Dão uma cabazada na fonética de qualquer carícia delicada
Espremem o poente nascido à beira de uma gargalhada dopada

Frederico de Castro

Atrás de um poente




Por trás do poente a noite esconde-se decadente
Cada molécula de solidão adormece ali tão indolente
A maresia em suspense deságua quase dissolvente

À beira de cada onda o silêncio amara sempre renitente
Porque recém-chegada a noite sucumbirá argutamente
Intocável a escuridão apaziguará esta emoção tão indulgente

Frederico de Castro

Atrás de uma onda...




Atrás de uma onda, outra onda virá mais ressarcida
Sequiosas apaziguarão a maré que ali se estende entorpecida
Bolinarão a bordo de cada brisa fluidificante e agradecida

Atrás de uma onda todas as palavras se afogarão convencidas
No mesclado de esperanças firmes se alimentam preces encarecidas
Assim se enfeitam todas as manhãs absurdamente rejuvenescidas

Atrás de uma onda vadia o poente solitário e sempre inibido
Gargalhadas deliciosas amaram ao longo desta hora reprimida
Esfomeadas, indultam a epístola de palavras carentes mas enaltecidas

Frederico de Castro

Brisa matutina




Entrou uma brisa e pousou nos beirados
Desta solidão acabrunhada e impaciente
Repleta de si a esperança adormece ali esquecida
Assim se presenteia esta terna emoção endoidecida

Uma dispersa brisa perfuma cada palavra bem suprida
A noite saturada de escuridões quase congénitas e suicidas
Fenece esfrangalhada extravagante e absurdamente contundida
Ao longe ouve-se o debulhar da vida e de cada lágrima caindo rendida

Frederico de Castro

Murmúrios da maresia




Suspira a maresia aconchegada no litoral
Das emoções exuberantes…tão embirrantes
Ali me deleito com brandas memórias sempre galvanizantes

Ouço ao longe o som das marés intensas e desconfinantes
Adentram o leito onde dormitam ilusões mais desconcertantes
Desvendam com carinho todos os olhares que palpitam coagulantes

No planalto dos sentidos mais distintos e quase asfixiantes mora
A saudade repleta de palpitantes e atiçantes memórias conciliantes
Alimentam o cotidiano dos meus silêncios alucinógenos e electrizantes

Frederico de Castro

Outra noite...outro luar




A noite devassada alastra na escuridão imensa e degradada
Em simultâneo e de forma cutânea amordaça a solidão que
Assim extemporânea submerge numa carícia tão consentânea

Do outro lado da lua brilham sôfregas emoções antiderrapantes
Diz meu instinto fertilizando ferozes beijos revitalizantes que do
Restolho dos silêncios agonizantes brilharão luares anestesiantes

Frederico de Castro

Vai à janela




Vai à janela e vê a manhã despir todos os derradeiros
Breus insolentes, frenéticos, absurdamente apopléticos
Vê como ela se empoleira em tantos afagos energéticos

Vai à janela e descobre como o dia vasculha a solidão mais
Lânguida, a tristeza quase sonâmbula, a ilusão mais iludida
Explora os sentidos desopilando nesta fluorescência tão fugidia

Frederico de Castro

Amanhã é tarde demais




A solidão ímpia, fiel, insuspeita e legítima, deixa
No cardápio do tempo um repasto de ilusões
Trajadas de emoções mais sequiosas e autênticas

Maliciosa a noite cisma com aquela caricia palpável
Estupendamente errónea mas tão suculenta
Toda ela venera a escuridão ilusória, fantástica e corpulenta

Amanhã será tarde demais quando o dia arrebatado por um
Fogacho de esperanças famintas, sorrateiramente hibernar, esquecido
E degustado nesta fictícia solidão, autêntica, genuína…tão excêntrica

Frederico de Castro

Montanhas azuis




No palanque celestial irrompe a luz prenhe de
Esplendorosas emoções excelsas e sensoriais
Escorre pela montanha um pachorrento eco curial

Nas encostas do tempo plantam-se metáforas confidenciais
Resvala pelas falésias um vertiginoso lirismo tão torrencial
Desenha a geométrica grandeza de cada carícia quase sobrenatural

Frederico de Castro

Ondas de luz




Ondas de luz espairecem neste silêncio reluzente
Afligem ostensivamente a solidão tão gracilmente
Que a noite enclausurada pranteia tristemente

Ondas de luz divergem pelos meandros de uma
Hora carente vulnerável e muito conivente
Deslumbra-se a vida numa súplica tão pungente

Ondas de luz amaram além fecundas e contundentes
Ao descaso ausentam-se as orações mais prescientes
Moram no silêncio todos os perfeitos ecos transcendentes

Frederico de Castro

Poente dos lunáticos




Vislumbro ao longe a beleza do poente redimindo
Um eco deleitado, fremindo quase, quase desvairado
É a luz aplaudindo o céu bradando mais enamorado

Em clamores mágicos prazerosos e mediáticos
Baila afoita a esperança perdidamente lunática
Sustenta a fé estendida no recobro de uma prece fantástica

Ao longe vê-se o sol apagar-se feliz e tão simpático
Como pluma flutua nas bermas de cada sorriso enigmático
Até dói ver o silêncio aniquilar e consumir-se num breu dramático

Frederico de Castro

Poente esquecido




Estatela-se além este poente quase esquecido
Num parágrafo deixo este verso diluir-se na
Maresia de palavras e sonhos tão apetecidos

Escondida na couraça do tempo uma hora
Revela-se generosa e eternamente aborrecida
Desfralda a solidão instantaneamente envaidecida

O silêncio proibido mas bem suprido costura uma
Panóplia de emoções ferozmente enlouquecidas
Degusta um exército de ilusões brilhando engrandecidas

Frederico de Castro

A noite é nossa...




Reparto entre ti e mim uma panóplia de emoções
Agasalhadas à monotonia dos dias indigentes
Ali até pressinto assombrosos estados de tua súbtil
Presença em mim se imiscuir quase brutalmente

Vou diluir na noite esta escuridão absoluta e irreverente
Colorir a catedral da fé mais fecunda e mais potente
Aplaudir de pé uma oração casta e tão urgente
Fecundar a paz que se quer intensa e pungente

Vou medir a noite e deixar a dois palmos do tempo
Uma hora regurgitar tantos segundos insolentes
Converter tantos breus num brado de alegrias plangentes
Saquear da esperança um naipe de palavras mais eloquentes

Frederico de Castro

Frio bravio




Um frio bravio veste a manhã tiritando inconfortável
Cheia de injúrias a solidão arrefece quase descartável
O tempo esse hiberna pra sempre irremediavelmente inexorável

Num ápice encarceram-se além vagos silêncios imutáveis
Cada hora ainda desagasalhada cai inerte num pranto inexplicável
Sobre um recíproco manto de emoções jaz o dia frígido, triste e insuportável

Frederico de Castro

Na minha partitura




Na minha partitura escreve-se um cântico de esperança
Com habilidade a luz ilumina a clave de palavras enamoradas
Cifra cada silêncio e cada dígito de emoções fluindo agradadas

Num breve e subtil acorde a manhã decifra uma ilusão acossada
Ousada e charmosa alimenta esta estrofe viril e fascinada
Arrogante amplia a solidão tendenciosa…quase solicitante

Em pauta orquestra-se a alegria com preces exultantes
A vida infectada e implorada baila ante uma semibreve elegante
Lambuza-se neste semifusa, ou semínima tão desconcertante

Frederico de Castro

Pelo leito do luar




Pelo leito da noite escorre este luar personalizado
À mercê da solidão fecunda cada lamento inflacionado
Deixa em cacos o tempo soçobrando quase espezinhado

Pelo leito do luar ruborizado vadia embebedado um
Breu substancial e provocantemente transfigurado
Além até a melancolia se esconde num prazer teleguiado

Pelo leito do luar fluidificante desabrocha a madrugada
Toda ela mesclada de fluorescências tão extravagantes
Como me inspiram confiança estas preces mais contagiantes

Pelo leito do luar o silêncio verseja ao sabor da maré purgante
Semeia e encastra nos céus tantos versos líricos e inebriantes
Viçam lentamente ao sabor de mil carícias subtis e desconcertantes

Frederico de Castro

Quiet place




Longe de todas as latitudes e longitudes mora o
Tempo ingovernável alinhado com um inverosímil
Sonho castrado, denegrido e quase delituoso

Nas longas quietudes da manhã pasta esta luz
Enamorada, embutida num genético eco sinuoso
Escorrega pelos invisíveis desejos tumultuosos

O silêncio perfura os tímpanos a cada ilusão combalida
A saudade uterina esmifra minha memória deprimida
Nem mais a emoção reage a tanta, tanta solidão tão temida

FC

Restos de solidão




Brisas esporádicas aleatórias e vibrantes
Sufocam o imenso horizonte de palavras arfantes
São a réplica de muitas preces emocionadas e possantes

Gemendo silenciosamente a manhã espreguiça-se galante
Da noite ainda restam restos de uma escuridão conflitante
Da luz transbordará a esperança qual bálsamo hidratante

Nas sobras de uma hora além regurgitada e sibilante
Faz-se a assépsia a uma carícia infecciosa e oxidante
Mesclam-se afectos tão diluvianos…quase arrepiantes

Frederico de Castro

Silêncio das águas




Com timbres apaziguantes soam cânticos de fé mais pactuante
Cada prece acopla-se a tanta esperança chegando estonteante
Ali as palavras lactantes sitiam todo eco reverberando tão vibrante

No doce marulhar das ondas uivam brisas etéreas e profanas
Fazem uma gincana de emoções serpentear esta maresia deslizante
Lamentos mimados navegam ao sabor das marés mais refrescantes

Frederico de Castro

Simplicitude




Sob uma opaca luminescência purpurina
O dia espreita e abrilhanta uma prece cristalina
Com simplicitude a vida brota delicada e clandestina

Enraizada numa fé inebriante e quase Divina a
Solidão aconchega-se no leito de um sonho peregrino
Ali a esperança prefacia um desejo jubilando tão genuíno

Frederico de Castro

Derradeira luz




Estendida nos lençóis celestiais a noite ruge
Engolida por esta escuridão que fenece sublimada
Só uma exímia caricia ainda sobrevive tão mimada

Fluidificante a derradeira luz expande-se desaçaimada
Digita tantas ensurdecedoras orações conformadas
Entorpece aquele brisa amarinhando por ali inflamada

Sobre o xaile do silêncio choraminga a vida difamada
Aconchega esta solidão furtiva, comovida…reanimada
Prefácio perfeito para qualquer rima ou ladainha indomada

Frederico de Castro

Dos céus caiu




Dos céus caiu este luar quase pasmado
Cristalinas e puras fluorescências degladiam-se
Ao redor da escuridão radical, túmida e umbilical

A centímetros da noite esvoaçam ilusões lunares
O luar súbtil e elegante desliza suavemente naquele
Plano perpendicular às emoções reflectidas aos milhares

Na tenda dos silêncios adormece a paz quase domada
A solidão essa já fintou cada palavra esquecida e abortada
Acaricia-se a traquinice de tantas rimas insanas e tão aldrabadas

Frederico de Castro

Instinto lunático




Um instinto lunático e precoce, percorre a noite estendida
Na fímbria da solidão enfadonha, abolida…tão contundida
Ondas de escuridões silenciosas mergulharão na derme de
Cada lágrima sitiada no rebordo da noite mais desiludida

Frederico de Castro

Ondas e maresias




Deixem-me afogar nestas ondas e marés tão apaziguadas
Deixem-me sacudir esta fé que em mim renasce assolapada
Capaz até de excomungar toda a solidão sempre brutalizada

Deixem-me alimentar a esperança ainda mais alicerçada
Apreciar a fé esvoaçando sobre o altar da vida agora autenticada
Caminhar descalço ao longo da maresia que além se queda deliciada

Deixem-me extorquir a este sorriso uma gargalhada quase improvisada
Plantar nas margens do silêncio o sabor de um beijo em triplicado
Deixem-me dançar ao sabor de cada desejo desbravador e tão enamorado

Frederico de Castro

Onde a maré dormita




Onde a maré dormita ouve-se o marulhar
Do silêncio ali reinante, ali tão divagante
Cada onda misericordiosamente saltita aliciante

Onde a maré implacavelmente navega o poente
ígneo e esdruxulamente inafundável banha as
Margens desta nobre e serena solidão vulnerável

Onde a maré dormita a esperança plena de cumplicidade
Renasce manuscrita em palavras prenhes e caprichosas
A maresia abençoada clama ávida de rimas amistosas

Onde a maré dormita a noite pousará uivando ardilosa
Nas margens da escuridão uma brisa sucumbirá tão preguiçosa
A memória assediada inebria até uma caricia mais meticulosa

Frederico de Castro

Onde predomina o silêncio




Onde predomina o silêncio todos os ecos
Se enamoram de um cântico arguto e sagaz
Equilibram a paz convertida nesta solidão voraz

Onde predomina o silêncio a noite esgravata
Todas as ilusões coniventes e embriagadas
Esmiúça a luz da manhã corroída e tão subjugada

Frederico de Castro

A bombordo




Repousa silenciosamente o tempo juntinho às
Margens da maré frágil tímida e minguante
Extingue-se o poente mariado e ofegante

A bombordo da esperança enfunam-se as velas
Da vida navegando por oceanos de preces pujantes
Do seu leito transpiram ternas maresias elegantes

A estibordo cada hora afoga-se melancólica e abundante
Indiferente a noite chegará repleta de escuridões petulantes
Impermeáveis memórias mergulharão no mar de preces excitantes

Frederico de Castro

A excelência da luz




O inverno ainda que tardio refrigera a solidão
Ali desbaratada…quase sempre estupefacta
Cada prece tão transparente atreve-se tão imediata

Na excelência da luz a manhã escoa feliz e serenada
Orquestra uma caricia, fresca e repentinamente cordata
A vida fecundada saúda cada gargalhada tão psicopata

Transeuntes silêncios conflituosos refinam todas as
Palavras sonegadas pelo lirismo acutilante e pacato
A noite frustrada fenece num hemorrágico eco tão grato

Frederico de Castro

E antes do anoitecer...




E antes do anoitecer os pensamentos mais seletos
Deambulam na extremidade dos ecos prenhes e perpétuos
Doam à alma intensos e brutais afagos ígneos e perplexos

E antes do anoitecer o poente lascivo quântico e benevolente
Apronta a última ceia para esta escuridão que chegará de repente
Nos céus flertam-se e acasalam-se ilusões esguias e tão coniventes

Frederico de Castro

Este meu silêncio tão assíduo



Este meu silêncio tão assíduo confina-me as palavras
Alimenta-me a razão prenhe de memórias tão alegóricas
Depura-me os sentidos fluindo em preces voláteis e mais retóricas

Este meu silêncio tão assíduo confunde-se no horizonte estético
Burla até o calendário onde vagueia e vadia um inerte segundo patético
Ausenta-se naquele sussurro inquietante introvertido e quase profético

Frederico de Castro

Indo com o poente




Lambe-se o poente nestas derradeiras luminescências sequiosas
Para além dos céus vibra afrontada toda esta solidão harmoniosa
Sem abrigo a noite pernoita ali mesmo bajulada e tão imperiosa

Emoções contagiantes singram pela memória mais minuciosa
Despertam e apaziguam mil lembranças hoje quase mirabolantes
Adiam crentes palavras acutilantes, amanhã decerto tão estimulantes

Frederico de Castro

Nitescências




Fenece tranquilamente a luz zelando
O velório da solidão quase pasmada
Resiste somente uma hora luzindo rogada

Assim subtilmente cai a noite e a escuridão
Estatela-se além tão ferozmente apaziguada
Desmaia ao pé da maresia feliz e amestrada

Uma subtil esperança amara mais abnegada
Enquanto a nascitura ilusão se afoga quase subjugada
Serenas e desejadas palavras jazem tão requintadas

Frederico de Castro

Varanda da primavera




Na varanda do tempo pintam-se poemas divagantes
Desconcertantes são todos estes silêncios debutantes
Imarcescíveis são as horas pelejando a bordo de tantos
Tantos intensos segundos discordantes

No estaleiro da vida as cores estucam os alpendres e
Varandins das minhas esperanças mais excitantes
Toda a agreste e inusitada primavera sorve da luz
Um encorpado e interminável afago tão petulante

Nesta panóplia de cores deslumbradas a escuridão
Desnuda-se e esfrega-se no peitoril dos breus mais gentis
Ressuscita até muitos solenes sonhos e desejos subtis
Engendra em conluio com o tempo prazeres ainda mais viris

Frederico de Castro

2ª Vaga




Enfurecida estrondosa e sonante chegou esta
Segunda vaga, temerosa e tão intimidante
Infectou o mar de esperanças diluídas numa
Pandemia letal, destrutiva, brutal e extenuante

A terra aos soluços choraminga quase humilhada
Cada prece expectante ainda revigora a fé devassada
Deixa em confinamento tantas palavras esfrangalhadas
Nos cuidados intensivos gemem vidas sussurrando destroçadas

Frederico de Castro

Luz anestesiante




Aromatizantes ilusões esfregam-se ao redor desta
Escuridão absurdamente fiel e anestesiante
Crocante e tão gritante esfarela-se quase laxante

Entre silêncios floresce a luz plissada e colorida
De provocantes emoções tão relampejantes
Toca a rebate a noite polvilhada de ecos tonificantes

O tempo exorcizado esmaga cada hora asfixiante
Ronda cada sonho badalando num segundo inoperante
É um pequeno detalhe pairando neste devorador prazer atordoante

Frederico de Castro

Quis adiar o poente




Ao cair da tarde o poente inspira uma
Overdose de palavras belas e transcendentes
A noite corrói por dentro tantos breus emergentes

Ao cair da tarde a solidão matura uma hora dissidente
Na fecundidade de nossa fé improvisa-se um sonho tão crente
Desembrulha-se a esperança, audaz, veraz, suada…pungente

Quis adiar o poente mas o tempo divagando desmiolado
Escondeu-se entre as derradeiras luminescências dissimuladas
Fiquei só algemado a tantas caóticas solidões além emuladas

Frederico de Castro

Trilhos e caminhos




O tempo convergiu por diferentes caminhos
Descarrilou em frente ao ininterrupto silêncio orgânico
Deixou na encruzilhada da esperança uma prece balsâmica
Cartografar a vida fecundada por um poente quase tsunâmico

Frederico de Castro

Antecâmara da solidão




Desencontraram-se as manhãs repletas de luz sofisticada
Na antecâmara do tempo as palavras apossam-se de
Mil carícias afagantes, implacavelmente contagiantes

Entre os escombros da solidão estão corroídas ilusões
Extravagantes e dali vejo brotar lamentos tão sincronizados
O céu sereno e galáctico adorna o timbre de um eco insubordinado

Cada brisa prenhe de sonoridades predominantes esgueira-se
Ao longo de tantas túrgidas e húmidas luminescências purgantes
Circunavegam o litoral das inenarráveis emoções tão arfantes

Frederico de Castro

Sinopse do silêncio




Alucinante e breve o poente decapita a escuridão

Navegando a bordo de uma maresia de feição
O tempo ululando inunda uma hora em ebulição

Na orla da praia a luz queda-se frenética e esfuziante
Os céus ainda flamejando ancoram a paz tão abundante
Ali a esperança finca a fé bolinando numa brisa itinerante

Frederico de Castro

Sombra mercenária




Uma sombra mercenária freme ali aprisionada
Ilumina a manhã que desperta eruptiva e autoritária
A solidão indolente naufraga conivente e sedentária

Sem destinatário cada sombra ensombra uma hora
Que servil e estrondosamente fenece viril e tão severamente
Como é ousada a escuridão flutuando e fugindo furtivamente

Um prazer incontido explode num turbilhão de emoções latentes
Argutamente adormece entre beijos e sussurros tão pungentes
Fecunda a sinestesia das palavras sensoriais e mais complacentes

Frederico de Castro

(Des)confinamento




Uma viral luminescência aduba cada hora a reciclar
Assim se alimenta esta infectante pandemia transversal
Em (des)confinamento soam silêncios tão colaterais
Seus lamentos entorpecem muitas palavras por inocular

Frederico de Castro

Depois do Verão...




Um silêncio primordial ancora-se além no
Horizonte esgravatado pela luz tão bifocal
Embala a vida que repousa feliz e integral

Depois do Verão a solidão deixará no tempo
Uma réstia de saudades gigantes e brutais
Selará o túmulo onde repousam memórias virais

Sem abreviaturas, aspas ou reticências a manhã
Engalanada de brisas corteses, elegantes e marginais
Inspirará cada verso colorido com palavras consensuais

Frederico de Castro

Mutatis mutandis




Sentenciada a noite escurece tão revoltada
Além um fanático lamento remanesce aviltado
O medo algema aquele breu introspectivo e exultado

Muda-se o que tiver de ser mudado diz o povo confinado
À virose da solidão abespinhada, iracunda e indignada
O soro de cada lágrima flui pelas células de uma emoção agoniada

Sobram do silêncio restos de um olhar tristemente amedrontado
Enferrujadas as horas comungam excêntricas palavras espezinhadas
Da memória jorram sonhos amarfanhados e gargalhadas tão desalentadas

Frederico de Castro

Sofreguidão




Sôfrega a manhã beberica aquela luminescência apaziguada
Sem atalhos a paz amara ali, perpétua, feliz e enamorada
Numa gota de água cada hora embriaga a vida seduzida e domada

Possuirá o silêncio um eco moldado numa gotícula de luz mimada?
Perfumarão as flores a solidão disfarçada nesta prece abençoada?
Sim, com vigor e prantos febris se inspirarão palavras quase alucinadas

Frederico de Castro

Um simples silêncio



Numa hora tão urgente surge este silêncio felino
Em desatino está o tempo repleto de ecos mofinos
Alcalinos são os lamentos suplicantes e malignos

Sinto na adrenalina das palavras um desejo fluir tão traquino
Sinto a manhã embriagar-se de silêncios másculos…quase clandestinos
Quero genuinamente vadiar numa autoestrada de afagos quase intestinos

Frederico de Castro

À mercê




Fui no tempo pintando teus relevos no vento

Escrutinei os céus em busca dos beijos filtrados
Pelos silêncios ígneos, flamejantes e apaixonados

Deixei as memórias nutrirem unânimes afagos safados
Outros segredos ficaram ali amarrotados…tão cortejados
Onde extasiados concebíamos sedutores desejos corroborados

Domesticamos as esperas, despimos as saudades e até
Ressuscitámos o silêncio onde com caricias exprimimos
Actos consentidos de amor tão ousados e avassaladores

Em cada adocicado poente pintalgámos os sonhos mais
Amadurecidos , tão enfurecidos, que os ecos em euforia
Embebedavam a derme das nossas emoções entorpecidas

À tua mercê as palavras são tatuadas e esculpidas
Com uma elegância inconfundível, quase imarcescível
Para gáudio de cada sorriso empanturrado e imperceptível

Em plena simetria a manhã gelada e fria hiberna num
Intenso calafrio tiritando entre cada hora inerte e imiscível
Quase indivisível e indigente, a solidão expõe-se nua e dispersível

Frederico de Castro

Ancoradouro dos silêncios




No ancoradouro dos silêncios a maresia estagna longilínea
Enfeita-se o tempo que se ausenta na monotonia das horas
Tão retilíneas, ilusórias, incrédulas…perdidas na última alínea

Uma beligerante memória desagua a jusante da solidão penetrante
Agora simplesmente fenece o poente sereno, belo e suplicante
Em sintonia deixo cada prece empoleirar-se nesta fé tão excitante

Frederico de Castro

Antes de dizer adeus...




Antes de dizer adeus saiu a noite pela
Porta discreta do silêncio majestoso
Sem intervalo o tempo reduzido a um
Montão de segundos desdenhosos
Hibernou camuflado em palavras virulentas,
Mortíferas e tão, tão dolorosas

Antes de dizer adeus consumo num trago
Estas escuridões fiéis e facciosas
Esquadrinho cada ai clamando no leito das
Lágrimas intensas e viscosas
Ali resistem tantas horas silenciosas, apáticas
E absolutamente assintomáticas

Frederico de Castro

Caminhos dispersos




As memórias percorrem caminhos imensos, intensos e dispersos
Adornam o lajedo do tempo onde o silêncio palpita tão perverso
Discordante e quase dissonante seus ecos são agora mais pujantes

Ata e desata a saudade embriagada, desamparada e lubrificante
Como que fluidificando cada lamento labirinticamente desafiante
Deambula além no granítico asfalto das emoções quase asfixiantes

Frederico de Castro

Desintegração




Desintegrou-se o tempo em mil porções
De ilusões aterrorizadas…quase engasgadas
Ali deixei min’alma fluir, fluir desatada

Desintegrou-se esta solidão imensa e dissecada
Deixou cada hora a mastigar uma rima fatigada
Engendrou esta estrofe vagueando tão ilibada

Desintegrou-se a esperança sensível e regozijada
Idealizei como se inspira e fecunda uma caricia enamorada
Até confinei este vírus que infecta cada palavra bem tricotada

Desintegrou-se o tempo em triliões de segundos eternizados
A cada despedida ausenta-se a saudade da despedida desalentada
Dos gemidos surdos e sufocantes resta a memória fiel e domesticada

Frederico de Castro

Última caminhada




Sobre o muro dos silêncio ecoa um funesto lamento viral
O coração aflito alimenta uma sístole contrativa…quase mortal
Dos ventrículos flui a vida numa sequência de diástoles tão surreais

Assim caminha esta tricúspide solidão arterial e penetrante
As coronárias já adoecidas auscultam uma arritmia dolorida e arfante
Está pra breve um enfarte agudo chegando silenciosamente dilacerante

Frederico de Castro

Ah...tanto céu e mar...




Cada grão de luz fecunda esta fluorescência esbelta
Inconcebivelmente a solidão brilha ainda mais graciosa
Além uma heteróclita onda fenece docemente saborosa

Vou deixar as palavras navegar a bordo da fé tão rigorosa
Híbridas e fanáticas memórias logram uma gargalhada estrondosa
Os céus flamejando desmantelam cada emoção viçando mais deliciosa

Ah...tanto céu e mar que o silêncio iludido transborda desamparado
Ao longe vejo desgrenhar-se a maresia despenteada, chateada, tão danada
A esperança medra recriando aquela cósmica ilusão fraterna e apaixonada

Frederico de Castro

O que me apetece




O que me apetece é estar ali sentado sossegadinho
Deixar as palavras meus versos velar um eco danadinho
Decifrar cada hora que fenece num segundo tão miudinho

O que me apetece respondem as memórias em surdina
Alimenta-se com benzodiazepina uma gargalhada repentina
Descortina-se a loucura onde se fecunda uma rima concubina

O que me apetece resvala pelo tempo cruel farsante e profanado
É anfitrião de cada lamento astuto, imperceptível mas arrojado
É adrenalina daquele silêncio pérfido, indigente e marginalizado

Frederico de Castro

Olhar além...




O tempo amainado encurta a solidão que além
Pasta muito mais amistosa e satisfeita e até consome
Cada prece onde minha alma à boleia se deleita

Basta olhar além e ver a manhã recostar-se
Nos beirais da saudade que a memória aleita
E sentir amainar o vendaval de emoções quase perfeitas

Cada sentido ressuscitado acarinha uma lágrima desertora
Sublima toda a palavra irreverente, reincidente e sedutora
Esparge no horizonte esta imperturbável rima apaziguadora

Frederico de Castro

Perdido nos pensamentos




Entre as muralhas do silêncio aprisiono um eco castiço e psicótico
Estóico é aquele poente de preces excêntricas vadiando além tão paranóico
Como são cúmplices os lamentos desassossegados, absurdos e antagónicos

Fiquei por momentos perdido entre os meus pensamentos mais eufóricos
Desconstruí o tempo algemado a este verso gemendo doloroso e neurótico
Cada hora abstracta e faminta infecta aquele murmúrio voraz e quase caótico

Frederico de Castro

Reconciliação




O silêncio ainda sonolento espreguiça-se tão deleitado
Melancólico e indigente o tempo extingue-se dizimado
Cada eco esbanjado e tão amarfanhado tomba quase dilacerado

Palavras descalças dormitam no leito do riacho apaziguado
Sedimentam as margens onde marulha um sonho esmiuçado
Refrescam cada gotícula deste silêncio incomensuravelmente enamorado

Frederico de Castro

Solene escuridão




Retornou a noite à escuridão mais solene e faustosa
Destroçou uma fileira de breus acampados nos céus
Traficou numa onda de suplicas deslumbradas e charmosas

Retornei ao mesmo lugar donde a esperança floresce
Aprontei o altar onde o tempo se eterniza e acontece
Acolhi cada gomo de luz invisível, graciosa, mais calorosa

Aguada e fluidificante a maresia convalesce sublimada
No terraço dos céus espreita uma gargalhada sofisticada
Assim renasce altiva e flamejante a vida sempre enamorada

Frederico de Castro

Última maré




Na última maré enrolam-se ondas de preces mais recicláveis
Ali todos os abstratos silêncios nagevam subtilmente afáveis
Ali as palavras semeiam ígneas esperanças quase inesgotáveis

A solidão quando partiu deixou em prantos assíduas lágrimas
Decorando todos os corais deste mar imenso e reconciliável
Todo o rebuliço da vida marulha agora inefavelmente domesticável

Frederico de Castro

A minha metamorfose




A minha metamorfose é intensa, voraz e flamejante
Quisera eu abençoar toda a pluma bravia e excitante
Quisera cada palavra capitular feliz, onírica e reconfortante

A minha metamorfose ocorre nas artérias do silêncio aviltante
Penetra fundo no vazio enlouquecido dos lamentos mais protestantes
Atende cada oração que se ajoelha ali no altar dos sentimentos exuberantes

Frederico de Castro

Concentricidades




Concêntricos círculos flutuam nas bordas
Da solidão sobrepujante…tão fluidificante
Ali amara uma hora castrada e intimidante

Ilusões concêntricas iludem o imaginário espacial
Submergem agonizando no diâmetro do tempo irreal
Seu raio duplica qualquer esperança sucumbindo tão banal

No centro cilíndrico das emoções mais ígneas e sensoriais
Circulam circunscritas palavras tão ferozmente passionais
Assim se interseta a mediatriz dos silêncios matemáticos e consensuais

FC

Entre cascatas




Entre cascatas pasta a vida acalentada por
Uma magistral orquestra de ilusões apaixonadas
Desagua destilada por emoções cordialmente desvairadas

Esquecido nas margens do tempo carente e acanhado
Flui o silêncio absurdo e impreterivelmente asfixiado
Profana cada eco mórbido, flácido e tão rechaçado

Quais artérias deambulando nesta aquífera solidão
A vida recauchutada transfunde no tempo a réplica ímpar
De uma luminescência abençoada, etérea…tão afortunada

Frederico de Castro

Esse indigente silêncio




Esse indigente silêncio navega tranquilamente
Apascenta indulgente aquela onda tão divergente
Festeja a vida fluindo por ali quase dissolvente

À beira da maré que subtil se afoga lestamente
Escorre o tempo alimentado milimetricamente
Por tantas ilusões tão impetuosamente displicentes

Revejo na calmaria das emoções tão glamorosas
O recanto mágico onde as margens deste riacho
Mergulham assustadoramente disponíveis e vigorosas

Frederico de Castro

No topo do tempo




No topo do tempo o tempo com agilidade
Entranha-se naquela hora fugaz e extraditável
Como brame o silêncio confinado a um devaneio indecifrável

No topo do tempo a memória desabotoa a saudade banalizada
É consorte das lembranças esdrúxulas especulativas e fragilizadas
Tinge as palavras tão desfrutáveis, tão apreciáveis…tão inimagináveis

No topo do tempo o céu esvazia-se numa prece quase inimitável
A manhã acorda e espreguiça-se à beira de um silêncio reconciliável
Devora a fé desabrochando nesta imensa luminescência tão inesgotável

Frederico de Castro

Silêncio manietado




Manietado o silêncio sucumbe praguejando asperamente
Escorrega no musgo do tempo uma memória tão caótica
À espreita a solidão ali dormita incógnita e mais neurótica

Assim marcham as horas fúteis ilusórias e quase narcóticas
Palavras destemidas e coesas despertam rimas tão osmóticas
Dão um derradeiro impulso às preces carentes mas apoteóticas

Frederico de Castro

Sobre as ondas



Translado todas as ondas à beira do oceano tresmalhado
Dou-me em comunhão com todos os silêncios intensos e enamorados
Devagar, devagarinho trilho a espinha dorsal dos ecos mais logrados

Sobre as ondas emerge a sinfonia de todos os cânticos aclamados
Solfeja-se um lamento grudado em gemidos e sussurros tão almejados
Sufocam-me silêncios escapulindo em mil desejos poéticos e delicados

Frederico de Castro

A nudez das brisas



Desperta além uma brisa nua prenhe e fantástica
Acolchoada a manhã perfuma cada pétala de luz bombástica
Uma convulsiva e serena solidão alimenta esta ilusão tão elástica

No horizonte casto e paralelístico o silêncio desemboca num eco exímio
Uma carícia voluptuosa e fluidificante afoga-se neste verso sem itinerário
Translúcidas brisas perscrutam aquele desejo ígneo, flamejante e reacionário

Frederico de Castro

Cintilações




Cada gotícula de luz namora a manhã estendida
Entre os flancos da solidão domada e bem perfumada
A divagar cada hora passa descartada ,quase vergada

Ficou a cintilar uma palavra pestanejando (in)decifrada
A meditar meus sentimentos vigiam cada prece prezada
A esperança retém no regaço o espólio da fé tão devotada

Frederico de Castro

Descalço e em silêncio




Descalça a solidão passarinha pelo lajedo
Deste silêncio intransferível, tão imiscível
Ali se perpetua minha emoção quase insuprível

O dia quase incógnito alimenta uma hora desprezível
Abruptamente dilui-se num pranto brutal e inaudível
Na correnteza das ilusões fenece um adeus tão horrível

Frederico de Castro

Empíreo poente




Com mestria e sensibilidade Deus pintou-nos o poente
Radiante, absorvente e extraordinariamente flamejante
A luz ebúrnea e empírica sucumbe mais dissimulada e latejante

Como reagirá a escuridão que chega intempestiva e hidrogenante
Quem acalentará minha solidão inerte e quase incessante
Talvez a fé e a paz repousando na reverência do tempo itinerante

Assim se esconde o empíreo poente afrodisíaco e cativante
Assim se esvai a noite paparicando cada breu mais elegante
De negro se veste uma hora milimetricamente fiel e exuberante

Frederico de Castro

Nas margens do mesmo rio...




Nas margens da solidão navega um rio silencioso e errático
Ondula numa nesga de palavras tristes e tão fanáticas
Azucrina o tempo confinado a um eco genocida e acrobático

Nas margens da solidão cada hora dilacera um segundo antipático
A curvatura do horizonte pacifica o céu prenhe de poentes enfáticos
Ali se desenha a potencialidade de um afago invisível e enigmático

Frederico de Castro

Silêncio circunstancial




Intransitivo e quase predicativo o silêncio flutua
Aconchegado a um murmúrio harmonioso e semântico
Circunstancial e direto o tempo impregna a alma
Com um gesto tão selvático, tão lunático, tão quântico

Num breve instante a solidão febril, insana e opressora
Absorve aquele caudal de palavras e carícias tão redentoras
Entre olhares cogitam-se delirantes preces mais sedutoras
Ali matura e medram rimas quase fanáticas e sempre conspiradoras

Frederico de Castro

Silêncio no sobrado




Junto à sala de sobrado um silêncio intrusivo
Expande-se em cada palavra perene e tão passiva
Complacente o luar imortaliza uma prece quase obsessiva

Com longanimidade a paz permissiva apascenta e
Amamenta as sombras que por ali vagueiam tão persuasivas
Frondosas brisas insuflam todas as solidões quase retroativas

Sobre o telhado da esperança a vida descansa mais imperativa
A seu bel-prazer a fé inunda o caudal de lágrimas tão depurativas
Enchem o odre das emoções lúdicas, sedutoras e interativas

Frederico de Castro

Silhuetas




O poente ígneo, transparente e incrivelmente flamejante
Espreguiça-se ao longo do horizonte desfrutável e inebriante
Ateia na noite um facho de luminescências joviais e aconchegantes

No espaço reproduz-se a silhueta da escuridão terna e petulante
Sem bússola a solidão torna-se absurdamente eficaz e litigante
Fecunda a esperança inquietante insubmissa…quase sobrepujante

Frederico de Castro

Sombras submersas




Desconfinada a manhã escorrega pelo leito do
Tempo suspirando langorosamente imperscrutável
Cada hora paulatinamente enrosca-se num eco imutável

As sombras submersas nesta solidão quase inescrutável
Silenciam cada doce luminescência vagueando tão confortável
Adormece a vida no gueto de todas as tristezas mais inesgotáveis

No doce percurso das emoções refinadas forja-se um verso afável
Em cacos ficarão lembranças tão lúbricas…sempre indubitáveis
Do silêncio emerge a simbiose de tenros afagos quase inenarráveis

Frederico de Castro

(Des)encantos da solidão




Desencantada a solidão sentou-se na beira de um

Vazio supérfluo, necessário e tão inescusável
Assim se desconstrói o tempo num eco irrefutável

Em cativeiro todo o lamento rasura uma palavra impensável
A poesia vagueia a bordo de ininterruptas ilusões insaciáveis
Emprenha a alma com emoções genuínas e quase inimagináveis

Frederico de Castro

A ponte dos teus olhos




Sulca a noite uma maresia de silêncios inconstantes
Sobre a ponte dos teus olhos navega a escuridão viciante
Da madrugada restam preces de um lamento tão sobrepujante

Entre os cílios da solidão pernoita a vida agora mais coagulante
Suas artérias irrompem pelos socalcos do tempo ali tão saltitante
Ao longe ouço um escasso eco diluir-se numa hora eterna e excitante

Frederico de Castro

Ecos inaudíveis




Impalpável a luz aromatiza a maresia invisível
É como um incenso apaziguante e aprazível
Na beira da escuridão navega um eco inaudível

Confinada à masmorra da solidão cada hora inamovível
Queda-se escravizada, duradoura e absurdamente inacessível
Sei que só a noite consolará todo este silêncio grato e imprevisível

Frederico de Castro

Sentimentos cabisbaixos






De tristeza sucumbe a manhã tão molestada
Escondo minha solidão tão bruta e estilhaçada
As horas corroídas espelham o calafrio da alma maltratada

Vão além a vadiar tantos sentimentos cabisbaixos, tão vergados
A face de cada lamento sufoca gemendo após um violento ai resignado
Assim se aniquilam palavras confinadas a um imenso breu excusado

As poucas lágrimas que tenho secaram, ressentidas, ressequidas, indultadas
Sem acalento as preces vestem-se de escuridões poderosas e plagiadas
O dia esmorece combalido apodrecendo numa ladainha de horas tão atraiçoadas

Frederico de Castro

Silêncios sensoriais




Na superfície dos céus plana um esguio silêncio sensorial
Brisas perfumadas migram a bordo de um alíseo longitudinal
Cada hora renovada catapulta-se neste espaço tão descomunal

Cinzento e amargurado o dia fenece castrado e mais debilitado
Um aguaceiro de lamentos inusitados intui todo breu enjeitado
O tempo de olhos arregalados esvazia aquele delírio quase decapitado

Frederico de Castro

Tergiversação do tempo




O tempo em tergiversação e sem escapatória
Adia cada hora profana, iníqua e rogatória
Intumesce a vida estimulada numa palavra premonitória

Em silêncio os lamentos evadem-se quânticos e dilatórios
Pudesse a poesia aportar o cais dos ais mais aleatórios e
Cada segundo se esgotaria na exatidão de um eco transitório

Frederico de Castro

Toca pra mim




Toca pra mim uma canção que seja de esperança
Mesmo que as lágrimas seduzam a solidão mais hostil
E o silêncio feneça apregoando palavras tão subtis

Toca pra mim um cântico trajado de memórias febris
Aconchega-te à partitura das minhas preces quase viris
Para que o dia recupere cada sonho e um sorriso mais gentil

Frederico de Castro

Depois do poente...



Depois do poente…a noite chegará altiva sonante e versátil
Em cada hora alada a solidão navegará lentamente vulnerável
A maré coberta com seu xaile adormece absurdamente inexorável

Depois do poente…o tempo confinado a um miudinho eco afável
Permutará com a escuridão esta erosiva luminescência indecifrável
Soletrará aos meus ouvidos um naipe de palavras poéticas e impronunciáveis

Depois do poente…a vida clonará todas as paixões flamejando incineráveis
Sensações inescrutáveis darão o mote a tantas gargalhadas tão inimitáveis
Dolorosamente o silêncio acontece ali embebedado de rimas quase incontroláveis

Frederico de Castro

Na mansidão da solidão



Na mansidão da solidão esfregam-se elipsoidais silêncios
Profanos, embriagados, gravitando na imponderabilidade
Do tempo sequestrado no proscênio de uma hora atazanada

No travesseiro da noite encosta-se esta escuridão desgrenhada
Toda ela uma miríade de (in)tranquilas preces ígneas e alucinadas
Todas elas ajoelhadas no varandim das minhas solidões mais escancaradas

No plúmeo e notívago silêncio espreguiça-se um desejo tão vagabundo
Deixa moribundo cada eco vadiando pela derme dos lamentos mais fecundos
Atropela com docilidade aquele excelso e flamejante afago tão meditabundo

Frederico de Castro

Onde dormitam os instintos




Todos os instintos alunaram num endoidecido e
Fértil silêncio que por ali tão entorpecido dormitava
No seu cio a noite fecundava um sonho que meu ser cogitava

No apeadeiro do tempo cada hora assume a brevidade
Da eternidade vagueando tão ostracizada, quase cauterizada
Pela colina dos silêncios desliza a solidão carente e tão enraizada

A escuridão pousada no relvado das preces mais sensibilizadas
Ornamenta a noite tão fogosa, tão túrgida, tão galvanizada
Os céus desvendam toda a travessura de uma gargalhada alucinada

Frederico de Castro

Os truques do silêncio




Oportunista a solidão dormita no catre das minhas
Emoções cegas, coincidentes e contorcionistas
Uma exígua luminescência exala desta brisa tão altruísta

Com seus truques o silêncio soterra aquele eco alarmista
Surpreende um incrédulo lamento absurdo e calculista
Devagarinho acordo no dorso de uma palavra quase autista

Mais um dia e ali tantas horas fenecem tão esclavagistas
O tempo impotente e insubmisso desabrocha feliz e repentista
Vejam como e para onde peregrina este poente ainda mais intimista

Frederico de Castro

Silêncio periférico




Na sapata do silêncio marulha a vida correndo
E saltitando pelo algeroz das emoções egocêntricas
Ali desaguam palavras labirínticas eufóricas e excêntricas

Em cascata suas mansas águas inebriam a luz fluindo
Pelo leito do tempo absurdamente estratosférico onde só
Um excluso eco divaga tão profano, tão insano, quase histérico

Frederico de Castro

Silêncios indesvendáveis



Desancorada a luz flutua ao longo do horizonte estático
Analógicos são os silêncios fluindo no poente algo enigmático
Só um estóico e obstinado sussurro adormece além subtilmente profilático

Desencaixotado o tempo liberta cada hora resoluta e inabalável
A saudade desempoeira um gomo de solidões genéricas e inevitáveis
Sobre a melancolia de uma prece nostálgica fervilham palavras tão inolvidáveis

Sinto e saboreio a gastronomia das memórias famintas e imperscrutáveis
Farto-me de divagar ao colo das maresias secretas, inconcussas e irrefutáveis
Fecundo toda esta luminescência esculpida numa enxurrada de silêncios indesvendáveis

Frederico de Castro

Um novo dia...




Ao raiar um novo dia a esperança sequestra
Todas as luminescências felizes e apaziguadas
A li serenam e se reconciliam tantas palavras pactuadas

Ao raiar um novo dia a paz chegando qual pandemia
De preces alucinadas, resgata toda a fé mais obcecada
O coração embriagado seduz cada carícia tão indomada

Ao raiar um novo dia a solidão coerciva e resignada
Descarta aquela inconfundível e viral saudade codificada
Das memórias restam estilhaços de uma alegria dilacerada

Frederico de Castro

Voyeur da noite




Pleno de contrastes gratificantes o luar
Estende-se além viril, suave e tão alucinante
Promíscua a escuridão fenece quase jactante

Quebrantada a noite dormita enroscada a
Um sensual sussurro voraz e dissonante
Assustadora a solidão envelhece tão chocante

Cada hora não mais enxerga aquele segundo
Alimentado esporadicamente pela ilusão reinante
Deixa amblíope o tempo vagueando senil e inquietante

Frederico de Castro

Depois da tempestade




Uma cascata de murmúrios desenham palavras
Melódicas, aromatizantes e incomensuráveis
Assim se sublima uma prece ubíqua e inenarrável

Depois da tempestade o dia adormece inalterável
Ali urde-se a solidão acomodada, robusta e conjeturável
Improvisa-se um sorriso suturado por um eco impenetrável

Serena lasciva e apaixonante a manhã despenteia aquela
Brisa ainda embasbacada boémia e tão absurdamente inalienável
O silêncio abissal engole o vazio navegando num lamento indomável

Frederico de Castro

Ornato dos silêncios




No ornato dos silêncios brilha esta fluorescência cativa
Ali cada esdrúxula prece alimenta toda a fé apreciativa
A manhã enfeitiçada esboroa-se em mil pétalas supurativas

Na derme da luz sussurra uma eufórica paz tão aglutinativa
Palavras prenhes e perfumadas penetram numa lânguida rima paliativa
Como trepida cada caricia jorrando do cântaro da vida fluindo apelativa

Frederico de Castro

Pensativamente




Pensativamente o silencioso alvorece
No tempo factual e intuitivamente genuíno
Cada eco altivo adormece sem alarido
Abandonado amara além tão inofensivo

Frederico de Castro

A dimensão do infinito




A dimensão do infinito não tem medida ou equivalência
Sua equipolência é tridimensional é absurda e extra sensorial
Matematicamente expande-se ao longo do universo colossal

Os céus em reverência ajoelham-se diante do poder transcendental
A luz com sua fluorescência magnifica, ignifica uma ilusão tão imperial
Em silêncio emergem brados e aplausos num eco quase visceral

Frederico de Castro

Apanha-me o sol




Apanha-me o sol antes que a escuridão chegue e se aconchegue
Na partitura da vida musicada e cordialmente reabilitada
A terra farta e feliz hibernará na hospitalidade da noite cristalizada

Apanha-me o poente anfitrião desta negrura tão sincronizada
Deixa o silêncio escorregar ao longo da solidão mais sedimentada
Pernoita em mim desamparada, ávida e absurdamente inanimada

Apanha-me as memórias ainda frescas, repentinas e inconformadas
Amamenta-me a saudade que sufoca repleta de palavras manipuladas
Acoita-me da noite saturada de breus e carícias poeticamente espevitadas

Frederico de Castro

Clausura




Em clausura a manhã apropria-se deste silêncio
Absurdamente sinistro, demarcado e tão restrito
Com desdém a luz escoa por um lamento contrito

No âmago das palavras telepáticas refugia-se o
Tempo rígido, lascivo e quase incomunicativo
Do meu ego alimenta-se um obscuro sonho depurativo

Na suavidade daquela luminescência terna e intuitiva
Expandem-se gargalhadas e palavras tão apelativas e sem
Equívocos a alma ressuscita o ciclo de preces e emoções apreciativas

Frederico de Castro

Nas páginas do tempo




Nas páginas do tempo, o tempo flui desalmado
Suspira apregoando uma ladainha de emoções destemidas
Como se agigantam as palavras quase ferozes, quase coagidas

Nas páginas do tempo cada hora fenece atribulada e retraída
Quedam-se congeladas, hibernando nesta solidão carcomida
Contaminam a memória com saudades corrompidas e tão denegridas

Nas páginas do tempo os silêncios castram os sonhos fugidios
No imenso horizonte vago e vazio só se ostentam lamentos bravios
Não há prazo, data ou termo para o fim destes ais sempre tão vadios

Frederico de Castro

Gestos infindos




Na plena transparência dos silêncios escoa a luz
Horizontalmente etérea, sublime e sem tutela
Na vitrine da solidão cantarolam gestos à capela

Além uma fluorescência diurna umidifica aquela
Brisa que ruma ao infinito ávida e tão espalhafatosa
Só o tempo se perde numa labiríntica hora mais sinuosa

Frederico de Castro

Junto à caleira




Na minha caleira cai a chuva temperada com
Carícias esplendorosamente apaziguantes
Fluidificam o tempo impreterivelmente intimidante
Clonam tantas palavras, sonhos e desejos fulminantes

Um aguaceiro profuso e vagabundo serpenteia o
Telhado da vida onde dormitam ecos gigantescos
As palavras comovidas dissolvem-se quase inaudíveis
Impregnam a manhã de silêncios e preces tão irresistíveis

Frederico de Castro

Liberta-me




Liberta-me e voarei para além do além do céu itinerante
Perfumarei cirros e cumulonimbus coloridos e exuberantes
Ostentarei na alma palavras fluindo desvairadas e refrescantes

Liberta-me das algemas destes silêncios prenhes e abundantes
Para que a vida inteirinha, desate suas gargalhadas sempre vibrantes
E a luz cativa aconchegue de vez requintados berros e afagos abrasantes

Liberta-me desta solidão tentadora apocalíptica e cativante para
Que as memórias consagrem e se dispersem nas saudades possantes
E nos vitrais do tempo cada verso se desnude em lágrimas mais fragrantes

Frederico de Castro

Nocturno silêncio




Dormitam além os corpos celestes, brilhando tão ávidos
O tempo está repleto de imprescindíveis afagos mais grávidos
Cada hora ainda que tardia sustém todo este silêncio comovido

A noite carente, impávida e serena adormece hipnotizada
Com ternura a escuridão fecunda uma prece bem esterilizada
Destemidos breus descortinam uma esperança ígnea e eternizada

Frederico de Castro

Para onde foges




Cada desencontro provoca uma fuga de emoções compulsórias
A solidão quase interplanetária esbarra nestas ilusões tão notórias
É apocalíptica a luz que além prorroga tantas preces rogatórias

Foge a manhã imune a vorazes estirpes deste vírus parasitando
Na fimbria das palavras infecciosas, mais dinâmicas, mais perniciosas
A nomenclatura do silêncio devora um naipe de horas tão sequiosas

Para onde foges, o tempo inventa uma resenha de rimas deliciosas
Em calafrios as caricias desnudam-se ávidas, corteses e maviosas
A poesia habita todas as almas carentes, anuentes…tão astuciosas

Frederico de Castro

Pingo d'água




Num pingo d’água a vida desliza tão sequiosa

Ruidosa e saborosa aquartela-se numa prece charmosa
Seduz a luz jubilando em cada esperança mais deleitosa

Num pingo d’água o tempo sequioso esmorece melindroso
Inquietações e amarguras consomem-se num trago vagaroso
As palavras conciliam a fé barricada neste silêncio sumptuoso

Num pingo d’água a solidão imensa, tamanha e engenhosa
Lustra o lajedo pedregoso onde dormita uma hora ardilosa
Esfrangalhada a manhã jaz mui inconsolável e obsequiosa

Frederico de Castro

Ausente




Ausentes, as horas encobrem sua
Imensa tristeza encabulada

Indesejados lamentos velam toda a
Felina palavra oclusa e regenerada

Até ali, o tempo desfragmenta-se numa
Saudade poética e camuflada


Ausentes, os silêncios rastejam atribulados
Degenerados, quase vergados

Martirizam todos os ecos remasterizados
Num uivo tão extrapolado

Acuram e aprimoram a osmose de um
Desejo flamejante e congratulado


Frederico de Castro

Dentro da noite



Dentro da noite a escuridão refastela-se de breus
Tão despedaçados, infiéis e brutalmente vergados
Quieto em seu exílio o tempo esboroa-se num milhão
De segundos impreterivelmente feridos e tão embriagados

Dentro na noite a solidão esconde-se no leito de um eco intrigado
Deixa a sangrar aquele intrínseco silêncio mórbido e excomungado
É alvo e chacota de tantas gargalhadas futriqueiras e indisciplinadas
É célere a escutar os cochichos escondidos numa emoção carente e contristada

Frederico de Castro

Instintos e perceções




Na curvilínea perceção do silêncio quase devorador
Aguça-se a sensorialidade fluindo no tempo sem rumor
De tristeza fenece cada verso confinado a um exíguo
Eco incrédulo, conspirador, dissimulado e desertor

Escrevo palavras que jorram tantos lamentos em profusão
Acolho prantos num cálice de tristezas aflitas e estilhaçadas
Agonizo como a noite repleta de escuridões insubordinadas
Como me arde a alma algemada ao bafio das solidões esfarrapadas

Frederico de Castro

Luar eloquente




Com enorme elasticidade o luar bajula a noite
Tão subserviente, absurdamente penitente
Sua ductilidade confere mais maleabilidade
A cada breu poluindo este silêncio eloquente

Rendida a solidão ruma ao infinito onde o tempo
Fielmente ostraciza cada segundo viril e urgente
Na profusa escuridão quase corrupta e conivente
Agiganta-se este luar (in)submisso e confidente

Frederico de Castro

Prece matinal



Pousada na ombreira do tempo a luz embeleza uma
Palavra desvendada ondulando nas pétalas do silêncio integral
Cada verso penteado por uma prece surreal, adormece feliz e imperial

Nos jardins da esperança beberico a luz confinada a um pranto sacral
No naperon das memórias borda-se uma página de vida tão confidencial
Sobre mim naufraga um derradeiro suspiro, intenso, inspirado e providencial

Frederico de Castro

Silêncio rasteiro




Rasteiro, junto ao chão nasce este silêncio sorrateiro
A manhã no seu andor apascenta um eco embusteiro
Sem intervalos o tempo declina ávido e tão bisbilhoteiro

Motivos de sobra tem o dia para navegar a bordo deste
Jardim perfumado por brisas malandras e forasteiras
A liberdade renasce travestida de ilusões tão brejeiras

Lenta, muito lentamente a solidão dormita aconchegada
Aos tentáculos de uma hora musculada impetuosa e encurtada
Fica a alma a dissertar palavras corteses e indelevelmente apaixonadas

Frederico de Castro

Silêncios abruptos




Entusiasmante, sôfrega e admirável a luz liberta suas
Perfumadas luminescências febris ruidosas e ofegantes
Assim migram as ilusões caóticas, hipnóticas e contagiantes

Desguarnecida a solidão ainda fibrilando, esboroa-se num
Eco consistente ininterrupto e demasiadamente corrupto
Das palavras adotivas inspira-se todo o silêncio estático e abrupto

Frederico de Castro

A nossa lápide




Jaz sob a lápide do tempo um silêncio profundo
Em fundo a escuridão transborda tão propícia
E num suplício extenso a noite fenece com tanta malícia

Desmascaradas, as angústias seduzem a solidão fecunda
Irrequietas palavras embarcam numa brisa tão furibunda
Em turbulência cada lágrima delira, imóvel,egóica e moribunda

Frederico de Castro

Devagar...devagarinho




Devagar…devagarinho o tempo vadia e converge no
Meio de palavras flamejantes, síncronas e extravagantes
Em fuga o silêncio naufraga junto às maresias tão fragrantes

Devagar…devagarinho a solidão inspira um verso ofegante
Um clamor ou louvor orquestra aquele cântico quase delirante
Nos beirais da memória estendem-se preces prazerosamente exaltantes

Devagar…devagarinho o poente devorará a noite que chega possante
Ao longe a nostalgia varre o horizonte com ondas de desejos tão insinuantes
Além cada eco represa o mais bem urdido dos silêncios quase intimidantes

Frederico de Castro

Incandescência




Incandescente a solidão ilumina um gomo
De luz tão fecundo, absurdamente complacente
Incalculavelmente acariciada, a escuridão ali flutua
Robusta, adocicada, até renascer tão avidamente saciada

O dia em sussurros intensos esbeltos e urgentes
Abriga-se num emaranhado de incandescências coniventes
Deixa o tempo esvair-se sem pio, num inerte eco deprimente
Seus ais têm a dimensão de qualquer silêncio cósmico e eloquente

Frederico de Castro

Luar à deriva




Lá vai a maré à deriva, toda ela embebedada

Toda ela elegante, castiça, profana e acomodada
Ali borbulha um silêncio e uma emoção bem cortejada

O luar embandeirado em arco veleja à bolina de
Uma brisa carente e terapêutica que saiu em disparada
Ininterruptas as horas suspiram, suspiram quase exoneradas

Sem algemas cada eco estilhaça-se na escuridão dilacerada
Atordoada a maresia ainda destila uma prece tão revigorada
Solitariamente a poesia amamenta cada palavra urgente e exasperada

Frederico de Castro

Para onde corre o rio




Para onde corre o rio, corre o silêncio abençoado
Indigente oprime as margens do tempo desvelado
Oiçam aquele sepulcral eco absurdamente ultrajado

Para onde corre o rio, escorre a solidão ainda indignada
Sua luminescência engravida uma palavra mais arrojada
Suas nuas brisas confinam cada carícia tão festejada

Para onde corre o rio a noite afoga-se na escuridão melindrada
Mitigáveis as horas acarinham neuróticas gargalhadas resignadas
Ali se desguarnece a vida desmesuradamente insana e transviada

Frederico de Castro

Silêncios ocultos




No divã dos silêncios jaz o tempo sacrificado

Cada palavra expiada abdica de uma rima aldrabada
A meus pés fenece uma endémica hora quase descartada

Os silêncios mais ocultos descodificam ecos tão alucinados
Ostentam a fragilidade dos lamentos sempre enxovalhados
Nutrem lágrimas que se esboroam no ventre dos desejos coagulados

Desprotegida a escuridão aconchega-se a um gemido imenso e enferrujado
Todas as misteriosas trevas sucumbem num apocalíptico silêncio teleguiado
Cheia de cãibras à noite distende-se na musculatura de um breu apaziguado

Frederico de Castro

Movimentos silênciosos




Com seus movimentos silenciosos o tempo factual e
Finito madruga num eco fingido, tão temido…sem alarido
Adormece abandonado e engolido pelo profano desejo deprimido

Ainda insone a solidão desmaterializa-se numa paz recém-nascida
Seu abrigo é esta escuridão enfeitiçada, soberba e quase entorpecida
Sua luz frágil ensurdece cada hora alada que além sufoca tão ressequida

Frederico de Castro

NOTA ALTA



Numa nota alta solfeja a manhã suas coloridas efervescências
Pula de brisa em brisa orquestrando com tamanha excelência
O bailado sinfónico orbitando numa eclíptica palavra com eloquência

Numa nota alta lá vai o SOL aconchegar-se aos céus voláteis e amenos
Deixa com DÓ a vida esvair-se num LÁ flácido perfumado de uivos serenos
Ali gemem de perSI duas lágrimas pautadas no pentagrama dos silêncios extraterrenos

Frederico de Castro

Assimetrias




Geométrico e tão quilométrico o silêncio
Amara ali tão milimétrico, para que o tempo
Quase tétrico formate um breu mais ergométrico

Assim cronométrico cada sorriso alimenta
O circuito elétrico de um eco sempre isométrico
Qual desejo trigonométrico esbelto e tão simétrico

Com suas fantasias em plena harmonia, já sem
Autonomia, a solidão ali vadia prenhe e luzidia
Com emocionante caligrafia se escreve uma rima fugidia

Frederico de Castro

Caminhos dispersos




As memórias percorrem caminhos imensos, intensos e dispersos
Adornam o lajedo do tempo onde o silêncio palpita tão perverso
Discordante e quase dissonante seus ecos são agora mais pujantes

Ata e desata a saudade embriagada, desamparada e lubrificante
Como que fluidificando cada lamento labirinticamente desafiante
Deambula além no granítico asfalto das emoções quase asfixiantes

Frederico de Castro

No meu presídio




No meu presídio o silêncio é estático e genuíno
É anárquico, sagaz, implícito e tão maligno
Extraditado ajoelha-se junto ao ego desnudo e mesquinho

No meu presídio a solidão naufraga no catre desta
Vida perene, intranquila, desassossegada…quase sufocada
Alimenta o mediastino de cada hora prenhe, irreal e rebelada

No meu presídio a noite aperalta-se de breus depravados
Sua escuridão é apenas o eco de cada lamento embargado
Sem rumo ausenta-se num uivo primitivo e tão esfarrapado

Frederico de Castro

Silêncios esfarrapados




Pendurados e esfarrapados os
Silêncios balouçam engelhados

Soam ao longe como truncados e
Uivados ecos apiedados

Cativam um agigantado lamento tão
Desdenhado, tão abismado


Das minhas dores saturadas o corpo em
Metástases sacode-se quase vergado

E depois das palavras expurgadas o tempo
Fenece num segundo altercado

Quem me lapida estas lágrimas provindas
Deste mesmo breu enviuvado


Frederico de Castro

Banho de vida




A vida banha-se feliz ousada e tão petulante
Em sintonia o tempo cantarola sempre provocante
Sentem-se as batidas do coração, liberto, solidário e pulsante

Aquela luminescência ali tão abundante enxagua a
Esperança ancorada a cada molécula desta fé possante
Nas margens do rio deleita-se o dia regalado e arfante

Frederico de Castro

Com olhos de ver




Com olhos de ver a solidão esvai-se neste

Imenso olhar terno…quase insuperável
Efêmera a luz socorre num sorriso inegável

Com olhos de ver o tempo enxuga aquele eco
Vadiando pelos cílios do silêncio inigualável
Voraz a vida sussurra inaudível e tão indissimulável

Com olhos de ver só as emoções projetam na
Alma aqueles desejos ígneos férteis e irrenunciáveis
São o estimulo dos afagos sensoriais e recarregáveis

Frederico de Castro

Estados da alma



- para o Ciro, Lucas e Noemi

Um brisa doce e perfumada trilha a imponderabilidade
Do tempo despertando numa prece carente e tão esmiuçada
Gracilmente a solidão sussurra por entre cada carícia esfaimada

Na alma um turbilhão de memórias acontecem sempre excitadas
Uma tempestade de palavras ecoam livres, confidentes e lapidadas
No ar sente-se a sinestesia das emoções apaladadas, olfativas e bem expiadas

Frederico de Castro

Horas desfragmentadas




Neste mar de ondas silenciosas cada hora desfragmenta-se
Além a jusante das palavras mais urgentes e graciosas
Sabe tão bem beijar a luz refletida em tantas carícias gananciosas

Sedenta a manhã resvala naquele ocioso marulhar mavioso
Nada perturbará a paz imersa num sorriso imenso e melodioso
A solidão será sempre a fortaleza dos sentidos ávidos e arguciosos

Frederico de Castro

Subterfúgios do silêncio




Com seus subterfúgios cada eco apascenta um
Silêncio eterno, intenso e extraordinariamente denso
Assim se desmascara o tempo queixoso e ali suspenso

À mercê das palavras inacabadas a solidão venda
Seus olhos àquele breu tão prenhe e sempre exacerbado
Na escuridão regurgita-se um lamento sereno e aplacado

Frederico de Castro

Depois do entardecer




Depois do entardecer a vida indefesa e expectante
Degusta o miolo desta solidão imensa e sobrepujante
Até as palavras dissimuladas consomem uma hora irradiante

Depois do entardecer o tempo desvairado iça as velas da
Esperança contígua arrebatadora e extraordinariamente vibrante
A estirpe desta fé é reconciliadora e absurdamente refrescante

Depois do entardecer a noite cairá bêbeda de paixão
Desnudará uivos e sussurros apaixonados e replicantes
Acolherá tantas monstruosas carícias sempre reconfortantes

Frederico de Castro

Entre o céu e o mar




Escoa a maresia junto ao litoral dos silêncios indecifráveis
As ondas bóiam de contente, supridas por brisas favoráveis
Flanqueadas todas as horas afogam-se indefesas e tão imperturbáveis

Pé ante pé a manhã renasce lapidada, brilhante e apaixonada
Sua luminescência aquiesce toda a esperança sempre emocionada
As marés escorrem qual hemorrágica gargalhada feliz e descarada

Entre o céu e o mar fluem azuis resgatados numa pincelada de
Plausíveis ilusões escorregadias, incrédulas e tão reconfortadas
Caducam pra sempre eras e eras de solidões quase indomadas

Frederico de Castro

Quão grande é o mar!




O mar é tão grande que cabe todo ele na sinagoga
Das preces intempestivas…quase superlativas
As horas sem limites espraiam-se ali tão compassivas

A cada centímetro a solidão mede forças com a
Esperança agora descodificada, agora espevitada
Fogosa a maresia recria-se suculenta e acalentada

Na soleira da praia as marés dormitam açaimadas
Depenicam aqui e ali todas as luminescências empolgadas
Camuflam ilusões que se dissipam em mil brisas sensibilizadas

Frederico de Castro

Solidariedade




Saibamos suprir com atos de solidariedade
O compromisso de abraçar sempre com lealdade
E da camaradagem florir a vida plena de afabilidade

Saibamos dos outros enxugar suas lágrimas de verdade
Amparar com brandura, exaltação e sem nenhuma vaidade
Os que sofrem na tristeza, de quem vive nesta orfandade

Saibamos encastrar na manhã as mais belas preces de bondade
Deixar a fé diluir-se nas gargalhadas de esperança e dignidade
Fazer da empatia o recobro das emoções trajadas com virtuosidade

Frederico de Castro

Um abrigo no silêncio



Encontrei um abrigo no silêncio e nele adormeci
Refastelado e abarrotado de emoções acidentais
Inacabado o tempo fenece e jaz ao redor de tantos
Segundos expressivos, rabugentos e bem camuflados

No silêncio da manhã o tempo entrelaça-se a esta
Memória carente, endemicamente carente e insaciável
Irreversível a solidão mutila qualquer palavra irrefutável
Resta o absoluto despojo de um sussurro imenso e inescrutável

Frederico de Castro

Entre os pingos de solidão




Entre os pingos da solidão a manhã comunga seus afetos com
Aquela luminescência aparatosa, inspiradora e espalhafatosa
A bordo das palavras navega uma hora incauta e caprichosa

Nos céus transborda a esperança urgente e mais ansiosa
Qualquer gargalhada interminável festeja a vida sempre deliciosa
Mesmo quando uma tímida gotícula de luz se esboroa tão pesarosa

Entre os pingos da solidão escorre a seiva do silêncio frondoso
Embriaga-se no mosto dos meus lamentos quase impiedosos
Alvorece entre a multidão de ecos inebriantes e tão meticulosos

Frederico de Castro

Na esquina do tempo




Na esquina do tempo o tempo torna-se um
Presidiário da solidão e de um apocalíptico
Silêncio ousado, improvisado…tão aprumado

Na esquina do tempo as noites sucumbem desanimadas
As horas, essas encenam elípticas emoções desgarradas
Todas as gravíticas palavras pairam numa estrofe dispersada

Na esquina do tempo a vida acantona-se no cadafalso dos
Lamentos fiéis, angustiantes e genuinamente equivocados
Um sepulcral silêncio namorisca o epitáfio dos sonhos dizimados

Na esquina do tempo uma fluorescência intermitente contorna
Todas as escuridões poluídas por mil breus ali enxotados
Neuróticos e apoteóticos os pensamentos perduram mais exaltados

Frederico de Castro

Na hora H




Na hora H o poente estende-se enlanguescido, tão robustecido
Sublime e consumado o tempo como que fenece poético e desinibido
No aconchego do silêncio dormita um breu tão casto e estarrecido

Na hora H geme um cântico colorido, vibrante sensual e comovido
Inebria de desejos cada verso escorregadio, arisco e quase seduzido
Fustiga um perfumado alísio refulgindo num aguaceiro ali espargido

Na hora H a vida suplanta com gargalhadas as alegrias mais enérgicas
Calca e recalca todas as luminescências avassaladoras e tão sinérgicas
Em sigilo espreita e corteja a sensualidade das mil escuridões analgésicas

Frederico de Castro

Só da noite...




Só da noite escapam estas escuridões tão masoquistas
Só na paisagem vadiam tantas, tantas horas imprevistas
Só no meu ser dormitam palavras corteses e calculistas

Só do tempo se embebedam profusos segundos revanchistas
Só da solidão emanam preces quase poéticas e fatalistas
Só da saudade divagam memórias eternas e sensacionalistas

Só da noite o silêncio se materializa num eco miserabilista
Só no espaço sideral se alinham estes breus fulgentes e exibicionistas
Só na alma deambula solitariamente este aguaceiro tão inconformista

Frederico de Castro

Trinta por uma linha




Tal como dantes o tempo não perdeu tempo
E descarrilou num labirinto de emoções suburbanas
Todas as horas despóticas sucumbem felinas e levianas

Fiz dos silêncios trinta por uma linha e até superei angústias
Tão céleres, tão destemidas tão verborragicamente tirânicas
Centímetro a centímetro aboli palavras vassalas, lacónicas e profanas

Pelas linhas do tempo desfilam lamentos substantivos e aleatórios
Revigoram a paisagem que se embrenha nas memórias mais paremtórias
A manhã desenferrujada desperta reajustando mil sorrisos comprobatórios

Frederico de Castro

A face do tempo




Embebedou-se o tempo com um irracional segundo assassinado
Cada autômato silêncio, tornou-se banal, absurdo e obstinado
Apenas um breu pleno de pruridos ávidos fenece uivando inquinado

A face do tempo esbelto mas inquietamente predeterminado
Solidifica os desvarios dos meus desejos agora desconfinados
Qualquer hora fugitiva, à socapa, deglute tantos sussurros quase desatinados

Frederico de Castro

Caminhos dispersos




As memórias percorrem caminhos imensos,
intensos e dispersos

Adornam o lajedo do tempo onde o silêncio
palpita tão perverso

Discordante e quase dissonante seus
ecos são agora mais pujantes


Ata e desata a saudade embriagada,
desamparada e lubrificante

Como que fluidificando cada lamento
labirinticamente desafiante

Deambula além no granítico asfalto das
emoções quase asfixiantes


Frederico de Castro

Foi-se embora o poente




Foi-se embora o poente e ficou somente
A solidão na sua corte esbelta e suprema
Rabisco palavras que se afogam além junto à
Maresia de rimas e gestos quase blasfemos

Foi-se embora o poente e a noite assim chegará
Inspirada, apaziguante e tão descomedida
Inverosímeis serão as gargalhadas bem urdidas
Nos céus rumando ao finito vão escuridões tão iludidas

Frederico de Castro

No meio de mim



No meio de mim flutua uma prece corroborante e prolixa
Sucinta toda ela se engalana de palavras corteses e profundas
É o retrato da fé que se esgueira no meio de luminescências fecundas

No meio de mim o silêncio traduz-se num eco casto, esdrúxulo e gentil
É o axioma matemático onde se multiplica um afago e um olhar de perfil
O intratável lamento inequívoco que além se desnuda no meio da manhã tão febril

No meio de mim as sombras apascentam o subúrbio dos sussurros mais literários
Dessedentam todos os medos contidos no interminável ciclo de desejos sumários
Copiam a translação e a imprevisibilidade dos delírios solenes…quase incendiários

Frederico de Castro

Refluxos da maresia




Desliza silenciosamente pelas bermas do tempo
Uma maresia refrescante, harmónica e vibrante
Indiferente o dia asfixia acetinado, colorido e purgante

Com seus refluxos a jusante a maré espraia-se tão frisante
Em cada brisa reflete-se a miragem de uma carícia abrasante
Em cada onda apazigua-se aquela hora eternamente revigorante

Reprimida e deprimida a solidão naufraga além quase extenuante
No ancoradouro da vida cada prece pulsa e flameja trepidante
Assim se embriaga o silêncio, consolado, confortado, tão abundante

Frederico de Castro

Com meiguice




Com meiguice o tempo acarinha o dia que
Nasce esbelto, afetuoso e tão imarcescível
Na textura das palavras a vida dormita
Suavemente apaziguada e imperecível

Da esperança desvendada surge a fé aprazível
Cada prece desfragmenta-se numa rima sensível
Etérea a vida orquestra um eco tão repetível, que se
Ouve no mar dos murmúrios silenciosos e impercetíveis

Frederico de Castro

No colo da noite




No colo da noite dormita o tempo irrequieto e imperturbável
Inculca no silêncio uma voz que sussurra feliz e indomável
A escuridão torna-se a companheira de cada oração inevitável

À mercê da solidão quase persuadida e mui instável, cada hora
Alvitra pra si uma esperança que desperta cuidadosamente venerável
O poeta inspirado semeia nas palavras seu lirismo fecundo e indecifrável

Frederico de Castro

Subindo com a solidão




Uma fluorescência tão cósmica embrenha-se nesta solidão
Quase petulante, absurdamente sonora, conivente e crónica
Dos tentáculos do tempo desprende-se uma hora inerte e afónica

Nesta via rápida das emoções reprimidas e mais catatónicas flutuam
Ilusões e palavras desgarradas, descomplexadas e quase platónicas
Assim se enamoram as gargalhadas provindas de preces tão arquitectónicas

Num canto a solidão sobe cada degrau da esperança inescrutável
Sobre o charco dos silêncios a vida espelha qualquer lamento tão instável
Inalcançável todo o horizonte naufraga saciado, inebriante e confortável

Frederico de Castro

À distância...






Encontro no vazio do tempo um vácuo de emoções escleróticas
Na distância até um adeus refrata e rasura minhas orações mais osmóticas
Até as manhãs confinam o espectro das ilusões subtis e tão procarióticas

Palavras sempre hospitaleiras aclamam desejos e sonhos metódicos
Alimentam o lauto e eflúvio lirismo proveniente de versos tão exógenos
São como devaneios relaxantes, extravagantes, vorazes e alucinógenos

À distância as marés reencontram suas ondas viris e apaziguadas
Obstinadas navegam a bordo de corriqueiras brisas desamparadas
Ali medirão forças com esperanças tonificantes, delicadas e lubrificantes

Frederico de Castro

Fosforescências notívagas




Lá vai a noite ensanguentada de fosforescências flamejantes
A escuridão feliz desnuda uma parafernália de carícias pujantes
É ver só o resfolegar dos silêncios e das emoções mais petulantes

Lá vai a noite travestida de estrelas cadentes…quase lacrimejantes
Os céus esmagados por esta negrura voraz ali fenece felino e apaixonante
Perverso o tempo sepulta cada hora homicida, consternada e ofegante

Frederico de Castro

Silêncios iniludíveis




São tantos estes silêncios quase iniludíveis
São imensas as ondas que além jazem audíveis
Amaram esmagadoras ao longo destas margens aprazíveis

Ao longe submerge o poente tão solitário e indescritível
A noite pondera embebedar-se num felino breu quase corruptível
A escuridão gatinha amparada a esta cúmplice rima sempre irresistível

Frederico de Castro

Antes de dizer adeus...




Antes de dizer adeus saiu a noite pela
Porta discreta do silêncio majestoso
Sem intervalo o tempo reduzido a um
Montão de segundos desdenhosos
Hibernou camuflado em palavras virulentas,
Mortíferas, dolorosas e tão opulentas

Antes de dizer adeus consumo num trago
Estas escuridões fiéis e facciosas
Esquadrinho cada ai clamando no leito das
Lágrimas intensas e viscosas
Ali resistem tantas horas silenciosas, apáticas
E absolutamente assintomáticas

Frederico de Castro

Esboroar da alma



Indomáveis brisas planam na epiderme dos silêncios
Corteses, serenos, afáveis e absurdamente formidáveis
Assim se esboroa a alma sincronizada aos desejos inenarráveis

Além uma gigantesca gargalhada flui solitária e inimputável
Vagarosamente traveste a vida num par de segundos inexoráveis
Na penumbra dos dias resplandecem palavras famintas e insaciáveis


Frederico de Castro

Pixel-a-Pixel




Pixel-a-pixel as palavras desenham a silhueta da
Escuridão tão negra, notívaga e sempre desejada
Em flagrante delito a luz algema uma hora felina e amuada

Pixel-a-pixel cada sorriso acetina uma carícia mais rogada
Contempla a profana solidão inerte sob o turíbulo da paz tão grada
Degeneradas caem todas as lágrimas flébeis, sensíveis e embalsamadas

Frederico de Castro

Pixel-a-Pixel




Pixel-a-pixel as palavras desenham a silhueta da
Escuridão tão negra, notívaga e sempre desejada
Em flagrante delito a luz algema uma hora felina e amuada

Pixel-a-pixel cada sorriso acetina uma carícia mais rogada
Contempla a profana solidão inerte sob o turíbulo da paz tão grada
Degeneradas caem todas as lágrimas flébeis, sensíveis e embalsamadas

FC

Sombras dançantes




Sombras dançantes abeiram-se do cume deste silêncio
Inócuo, inofensivo e sempre absurdamente extensivo
Em degradé a escuridão pintalga-se de breus tão erosivos

Além os lamentos fazem a necropsia da solidão adesiva
Suas odoríferas palavras perfumam uma carícia decisiva
Dormitam no mausoléu das minhas preces intensas e efusivas

Sombras dançantes renascem no lajedo das emoções conclusivas
Evocam memórias incoercíveis e platonicamente excessivas
Abreviam meus versos trajados de esperanças e rimas sucessivas

Frederico de Castro

Arabescos




Desenhado e esculpido à esquadria do tempo ali paira
Um singular sussurro inamovível e tão sofisticado
Nas paredes silenciosas esquadrinha-se um verso acariciado

Fresca e rocambolesca a noite embrenha-se numa hora desnaturada
Um lamento conivente acontece a centímetros de um segundo inexorável
Incógnita a luz encobre a fachada daquele desejo espasmódico e inesgotável

Frederico de Castro

Com olhos de ver



Com olhos de ver o tempo furta sessenta segundos voláteis
Consubstancia cada hora despida de sussurros tão portáteis
Enxagua o horizonte adormecido no meio de ilusões mais versáteis

Com olhos de ver a solidão consuma o assassinato de cada breu retrátil
Algema toda a escuridão alimentada pelos despojos da noite pulsátil
Escorrega pela seiva do silêncio imarcescível, hospitaleiro e tão táctil

Frederico de Castro

Templo dos silêncios



No templo dos silêncios escorre a escuridão assim docilmente
Na vagueza de uma brisa a solidão perscruta o tempo tão divergente
Lado a lado saltitam gargalhadas cúmplices explodindo furtivamente

No templo dos silêncios um montão de ecos retocam um cântico narcótico
Bebericam o amniótico desejo fecundado no útero de um afago quase caótico
E de tanto arfar adormecem no dorso altruístico de um meigo poente apoteótico

Frederico de Castro

Em Kiev...



Em Kiev o tempo consome cada hora que se esboroa
Entre as entranhas das lamentações esfomeadas…tão cáusticas
Sem resgate cada segundo volatiliza-se numa palavra arrática

Na periferia do tempo todos os lamentos povoam a epístola da
Mais inspiradora fé convertida nesta visceral esperança deteriorada
Aprisionada a luz colide com uma arrepiante escuridão em debandada

Em Kiev abriu-se o invólucro dos gemidos nunca antes desvendados
E de lá saíram todos os bombásticos uivos desamparados…tão acalorados
Enclausurou um silêncio que ali jaz sequestrado, desalentado…quase, quase degolado

Frederico de Castro

Imensamente...silêncio



Neste imenso silêncio o tempo estagnou quase olvidado
No meu esconderijo o dia fenece no pantanal de ecos degradados
Apenas um olhar furtivo deambula pelas vielas de um breu exsudado

Neste imenso silêncio cada ósculo afaga todo o palato de palavras desvendadas
Traz a alvorada a recordação de mil luminescências tão ígneas, bem aveludadas
Aconchegam-me as carícias declamadas por emoções vestidas de gargalhadas apaixonadas

Frederico de Castro

Onde caminha o mar...



Caminha o mar sobre as margens da maré tão alta, tão paliativa
Numa amálgama de palavras marulha a maresia ainda mais afetiva
Além uma elástica prece apascenta a fé que brada domada e depurativa

Nos caminhos do mar o tempo navega à bolina de uma brisa exaustiva
Irradia aquele reboliço de ilusões coloridas por ondas de afetos imperativos
Quando intransigente cada hora flerta e lisonjeia um enamorado segundo furtivo

Frederico de Castro

A transitoriedade dos silêncios



Transitoriamente o silêncio mascara a noite que além
Flutua numa metamorfose de luminescências tão enamoradas
Tediosa a escuridão idiossincrática dilui-se entre palavras mendigadas

No cancioneiro do tempo orquestram-se segundos tão espezinhados
Açambarcam das solidões, toneladas de lamentos e sussurros altercados
Desconstroem uma paródia de gargalhadas suspensas num verso volátil e asfixiado

Frederico de Castro

Onde flutua o silêncio



Onde flutua o silêncio flutua o poente ígneo, intenso e irrevogável
Hidrata a derme dos céus com um maremoto de palavras prorrogáveis
Incandesce o dia inundando cada hora com sedentos desejos vulneráveis

Onde flutua o silêncio flutua a margem de um riacho sereno, casto e domesticável
Arqueia os cílios àquele olhar vadio, miscigenando a planície com sonhos tão afáveis
Imigra mui lentamente pela diáspora dos silêncios vibrantes, balsâmicos e incomensuráveis

Frederico de Castro

Depois...pode ser nunca



Depois…pode ser nunca quando o tempo judiado e inadiável
Fenecer junto aos beirados deste silêncio intrínseco e indominável
Quando no recrudescer de uma hora felina se sentencie cada segundo instável

Depois…pode ser nunca quando as palavras se desperdicem numa rima implacável
Quando a manhã banzada se despir junto aos resquícios de um lamento inimaginável
Quando as memórias circuncisem as curvas sensuais e marginais de um eco inconsolável

Depois…pode ser nunca quando duas lágrimas se aconcheguem a intrépidos uivos domáveis
Quando um promíscuo silêncio se estenda entre a derme das carícias quase intermináveis
Quando na sinagoga da esperança se dispersem mil murmúrios ali esquecidos e irrecuperáveis

Frederico de Castro

Deu-me a preguiça...



- para o Ciro, Lucas e Noemi

Deu-me a preguiça e fiquei por ali dormitando entre
Os címbalos de um silêncio majestoso e aromático
Num sussurro quântico o dia esboroa-se num eco simpático

Deu-me a preguiça e deixei o tempo sucumbir tão acrobático
Em euforia imaginei o ronronar de uma gargalhada simpática
Enfardei a alma com palavras tão, tão absurdamente profiláticas

Frederico de Castro

E no meio de tanta gente...



Silêncio e tanta gente, esquecida numa multidão de ecos imprecisos
Uma rima castrada apunhalada por silêncios macabros e narcisos
Ver esfumar-se na fronteira do tempo sessenta segundos tão indecisos

E no meio de tanta gente queda e muda, espatifam-se palavras moribundas
Deambulam pelo calabouço das horas impreterivelmente furibundas
Improvisam a indigência das memórias agrilhoadas às noites tão vagabundas

Frederico de Castro

Entre Novembro e Dezembro



Entre Novembro e Dezembro os dias fenecem ali tão tresmalhados
Emancipam um emaranhado de ecos e silêncios quase acabrunhados
Capturam da escuridão todos os felinos e voláteis breus sempre espezinhados

Entre Novembro e Dezembro o tempo sequestra todo os segundos envergonhados
Interceptam as fronteiras dos céus onde dormita um sussurro sereno e mal-amanhado
Perdura e nutre toda a eternidade da solidão acossada e arrasadoramente e amnistiada

Frederico de Castro

Nosso mar



No nosso mar desaguam carícias e maresias, assim afavelmente
No estendal do tempo o silêncio amara além tão discretamente
Na berma da praia lavro as mais belas e ardentes palavras complacentes

No nosso mar embrenham-se tantas luminescência vorazes e penitentes
Diluem-se entre marés e um arrastão de desejos bolinando numa brisa confidente
No poente gritam sufocados e aflitos versos à mercê de um breve entardecer tão indulgente

Frederico de Castro

Resgate



Nas profundezas da noite uma onda fenece quase banida
A escuridão ousada, intrépida e absolutamente coagida
Afoga-se no breve e felino marulhar das marés tão esbaforidas

Sobre a maresia frágil, o silêncio ecoa faminto e indecifrável
Em anexo escrevo o epílogo de um sussurro indiscreto e irresistível
Ali aplaco e afogo cada lamento compadecido, delirante e imperceptível

Frederico de Castro

À Cata do SOL



À cata do SOL a manhã desnuda-se numa prece tão sensorial
Além uma penumbra suave e subtil amara nesta estrofe escultural
Deixa um solfejo de palavras musicar a luz que renasce tão transcendental

Nas entrelinhas do tempo escorre a seiva de um sorriso sempre portentoso
Orquestra-se aquele instinto meigo perdido na estratosfera de um eco delicioso
É a total confraternização dos prazeres contidos num poético sonho tão precioso

Frederico de Castro

Indulgente luminescência



Resvala pelo silêncio a manhã tão meiga,tão carente,tão estética
Qual maná caindo dos céus sua luz flutua comovida e antipirética
Febrilmente cada hora desagua à beira da maresia tão profética
 
Indulgente e mais benevolente intimida-se um uivo tão selvaticamente
Nas encruzilhadas do destino a vida pincela-se de ilusões tão convergentes
Urgente é inspirar as palavras quânticas, frenéticas e mais coniventes

Frederico de Castro

Infinito paradoxo




Neste infinito paradoxo ausenta-se a lógica e a antítese
Dos silêncios paralelísticos, linguísticos e tão contraditórios
Resta à intuição lúcida e incoerente redesenhar as mesmas
Discrepâncias contidas em tantas palavras impugnadas e irreverentes

Neste infinito paradoxo a convexidade de um eco plana à superfície
De mil centímetros espelhados no imaginário do tempo real e perplexo
Abaulado cada segundo esconde-se no meio de intrincados uivos unisexos
São como projeções ortogonais planando na verticalidade dos desejos em anexo

Frederico de Castro

Infinito tempo de solidão



Neste infinito tempo de solidão a manhã escorrega em
Cada degrau dos lamentos mais ferrenhos…tão obstinados
Transforma o dia num sussurro pleno de relapsos ecos abalados

No meu mundo os silêncios são cânticos de prazer resgatado
As palavras bailam sincronizadas a rimas carentes intensas e atiçadas
Urgente será a esperança gravitando num conluio de preces apaixonadas

Frederico de Castro

Terna é a noite



Terna é a noite escondida na penumbra das sombras oscilantes
Breve o silêncio que pernoita no felino ondular da maresia delirante
Magnifica a escuridão que se alimenta de elípticas ilusões gratificantes

Terna é a noite aconchegada às minhas preces serenas e extasiantes
É Infecciosa como mil sussurros pandémicos, vorazes e intimidantes
Dolorosa como a ténue luminescência que além fenece periclitante

Terna é a noite desaguando nas bermas de um breu fugaz e sonante
Por um triz deixa uma hora escapulir pelas frinchas das solidões oxidantes
Sucumbe no apogeu notívago das palavras que deliram num adeus tão relutante

Frederico de Castro

Entre chuviscos



Entre chuviscos o tempo liquefaz-se num desejo impiedoso
No limbo das palavras só o silêncio jaz radiante e suntuoso
Sem pestanejar a dia queda-se entre famintos afagos maviosos

Entre chuviscos a solidão encastra-se nos lençóis de um sonho sedoso
Nos píncaros da noite a paz enleva-se no mastro dos sussurros assombrosos
Cada breu é um bálsamo fértil e faminto prostrado entre silêncios tão meticulosos

Entre chuviscos a vida renasce no estampido precário de uma emoção vertiginosa
Explode na prenhe fertilidade criativa e inspiradora de uma palavra tão parcimoniosa
Perfuma a grandeza de cada caricia mais conivente, mais telúrica…mais contagiosa

Frederico de Castro

Entre dois mares



Entre dois mares flutua um sereno oceano de poentes
Corteses luzidios e tão inexplicavelmente indescritíveis
Alimentam preces embutidas num montão de palavras invisíveis

Entre dois mares o tempo afoga-se numa trilião de desejos egoístas
Esparge cada reflexo dos meus silêncios inefáveis e tão iniludíveis
Tamborila sobre um cardíaco eco que ecoa sôfrego felino e insensível

Entre dois mares navega a solidão decomposta, infrutífera e esbanjada
Expletivo o dia emaranha-se numa tonelada de ilusões quase supérfluas
Ora diz ou desdiz uma atulhada e ociosa colisão de emoções estroinas e arrojadas

Frederico de Castro

Lágrima pendente



Uma lágrima pende dos cílios da solidão além carente e asilada
Na negrura da face escorrem sentimentos de uma dor jamais domada
Assim confraterniza o universo onde brilha uma lamentação tão exaltada

Nas palavras que então bocejam apaziguantes e mais regeneradas
Confessa-se uma lágrima desabando errante, solitária e estrangulada
Na melancolia de uma inocente ilusão flerta-se a tristeza aqui tão penitenciada

Frederico de Castro

Nos prados celestiais



Nos prados celestiais vadiam azuis infinitos e quase sufocados
Na mezzanine do tempo empoleiram-se sonhos tão extasiados
Consubstanciam o tempo dissertando em tantos segundos camuflados

Nos prados celestiais os poentes rugem na calada de um eco deslumbrado
São o mais breve e felino atalho onde se escoram os desejos tão empolgados
A profusa claridade deslizando pelo horizonte dos sussurros quase mumificados

Nos prados celestiais o dia asperge perfumes no dorso das palavras ressuscitadas
Eclodirá entre as migalhas nostálgicas de uma efémera solidão recém-chegada
Planará entre hábeis brisas surfando um tsunami de ondas tão, tão bem apascentadas

Frederico de Castro

Rosa caída



No charco do tempo caiu uma rosa rubra
Volátil e tão despojada
Desvela o doce mandriar de uma
Luminescência enamorada
Pintalga nos terraços do céu uma serena
Carícia tão, tão abreviada

Sem mais espalhafatos o dia tatua cada silêncio
Esdrúxulo e bem sedimentado
Lava meus olhos tolhidos com as lágrimas
Depositadas no odre de um eco ousado
Passarinham pela tempestade mais intrépida
Dos meus desejos quase asfixiados

Frederico de Castro

Êxtase intangível



Flutuando pela desordem dos silêncios esquecidos aviva-se
O pavio da escuridão e de um lamento fetichista…tão intimista
Rabisca-se com precisão aquela luminescência carente e estilística

Num êxtase quase intangível o tempo enlaça-se à solidão masoquista
Sufoca lenta e dolorosamente a bordo das palavras perniciosas e fatalistas
Suspira as assepsias da noite tão cirurgicamente aperaltada de chamas terroristas

Frederico de Castro

Extra-sensorial



Um silêncio extra-sensorial flui na plumagem do tempo marginal
Qual flâmula luzidia flameja irreal, acidental...tão crucial
Já amadurecida a solidão plagia um intenso sussurro quase fatal

Este silêncio extra sensorial ausenta-se num lamento tão factual
Nutre a derme de minh’alma derramada num harmónico desejo viral
Ressuscito algemado e tatuado a cada palavra felina e confidencial

Frederico de Castro

Imagino...silêncio



Imagino…silêncio
E o silêncio amarrotado jaz anémico
Adormece estirado no catre dos lamentos mais boémios
Em delírio o tempo entranha-se em cada segundo glicémico
Imagino…silêncio
E cada lamento transplantado num desejo epistémico
Ostracisa um ínvio eco vadiando no vendaval de lamentos epidémicos
Imagino...silêncio...

Frederico de Castro

MIRAGENS



Numa louca miragem a noite desfragmenta-se num breu imensurável
Povoa com imortais sussurros todo este silêncio, fraterno abissal e inesgotável
Boquiaberta a solidão espreguiça-se num imenso oceano de palavras reconciliáveis

Desentorpecido e impermeável o tempo flutua fluidificante ameno e domesticável
Fidedigna a negritude apascenta o horizonte flatulento extruso e felinamente inconsolável
Abeira-se de um maligno e moribundo silêncio estilhaçado, tão enferrujado…tão dispensável

A bordo desta escuridão enfurecida esvoaça a noite puída, trespassada…quase asfixiada
Debrua e tempera as margens territoriais onde dormita uma fluorescência tão excitada
Deixa que férteis restos do tempo irrompam e saqueiem cada bruma lasciva e atordoada

Frederico de Castro

Nas profundezas de um instante



No vasto abismo de silêncios hibernam sussurros tão prolépticos
São como latidos de um eco tão irreverentemente esquiço e epilético
O defenestrar de cada gota oceânica fluindo no algeroz dos uivos herméticos

Num instante de tempo todos os instantes colapsam incógnitos efémeros e complacentes
Açucaram a tempestade de palavras tão maviosamente intemporais e prepotentes
Desenham o periélio de cumplicidades amarando a jusante das maresias tão reverentes

Frederico de Castro

Ressuscita-me o silêncio



para sempre Gal

Entre complacentes murmúrios o tempo crepita flamejante e altruísta
Encurva-se saudando a manhã que desperta tão saudosa e reformista
Ressuscita-me este silêncio incrustado no parapeito das preces imprevistas

Qual bálsamo transcendente duas brisas perfumam essa voz tão pacifista
Na infinita metamorfose de luz fecunda-se um adeus sereno e coreografista
Assim se apascenta cada hora esvoaçando algemada a um sussurro calculista

Cada segundo magoado ressuscita num amontoado de desejos tão enamorados
Açoitam os paramentos do silêncio ajoelhado no púlpito deste lamento calamitoso
Investem eloquentemente num flamejante e fátuo sussurro sempre auspicioso

Frederico de Castro

Busto da solidão



À esquadria de qualquer lamento grita cada hora
Mais prenhe mais vegetativa, inquietante e tão apelativa
Um segundo reptiliano ziguezagueia entre palavras adversativas

No busto da solidão está solidificado um eco quase pejorativo
Penosa a luz sucumbe entre tantos breus carentes, felinos e esquivos
Esculpido num desumanizado silêncio todos os murmúrios fenecem aflitivos

Frederico de Castro

Luz na escuridão



Uma luz nesta escuridão flutua imarcescível e glorificada
Imprevisível a solidão esconde-me incompreendida e esfarrapada
Em rodapé fica uma palavra carente, amblíope e bem homogeneizada

Qualquer luz na escuridão contorce-se no meio de um breu alucinado
Qualquer lamento sussurra entre cada silêncio quântico e tresloucado
Todas as horas omniscientes fenecem na berma de um desejo além sitiado

Frederico de Castro

Pela penumbra do tempo



Pela penumbra do tempo entra esta solidão tão prenhe, tão convergente
Terna e grácil a manhã descerra a lápide a cada luminescência quase estridente
Aventura-se dentro das fragrâncias daquela brisa além esvoaçando tão imponente

Pela penumbra do tempo todas as horas decoram a lápide onde repousa um eco comovente
Assim se espreguiça a vida tatuada com gemidos e gargalhadas felizes e efervescentes
Assim se sorve dos dias uma molécula de paz sussurrando mui maviosamente sorridente

Pela penumbra do tempo flutuam réplicas da memória ainda saudosa e conivente
Provocam estrondosos arrepios ao silêncio que flui fluidificante sereno e transparente
Fecundam na poesia toda a semântica latente no lascivo rascunho de palavras indigentes

Frederico de Castro

Pelas frestas da luz



Pelas frestas da luz choraminga o dia pestanejando
À beira de um riacho de murmúrios tão inconsolados
Assim se descarta o tempo em sessenta segundos afortunados

Pelas frestas da luz flutuam duas lágrimas gentis e lisonjeadas
Realçam a solidão pousada entre as caleiras de uma hora excitada
Enquanto tranquila e naufragante adormece cada brisa tão pavoneada

Pelas frestas do teu olhar apascento um tsunami de luminescências enamoradas
Aconchego-me nos teus braços que abraçam as mais felinas caricias exasperadas
Irradiando em silêncio um tão perplexo sussurro clonado pelas palavras afeiçoadas

Frederico de Castro

Pelo brilho das estrelas



Sigo o brilho das estrelas e da sua luz beberico o mosto 
Das ilusões mais fantásticas…tão absurdamente inexoráveis
Assim se embebeda o cosmos vadiando por breus tão afáveis

Sigo o trilho da noite e encontro nos céus aquela
Escuridão quase espampanante, prisioneira de fé exultante
Tão imortal quanto as palavras algemadas ao altar do tempo palpitante

Frederico de Castro

Próximo do horizonte



Próximo do horizonte navega um luar belo e enamorado
Deixa cada guloso olhar a flutuar sereno, feliz e ilibado
Sensibiliza todo o rastejar da luz e de cada sussurro obcecado

Próximo do horizonte o tempo enraíza-se num segundo asfixiado
Degela os mais nobres azuis fluindo, fluidificantes e emancipados
Perfuma a beleza charmosa dos céus felinos, quânticos e requintados

Frederico de Castro

Guardo nas lágrimas



Guardada numa lágrima cada gota de orvalho
Escorrega pelos cílios deste silêncio que tanto acarinho
Num marulhar aveludado o rio desagua além de mansinho

Guardei na pureza dos horizontes a luminescência da manhã enamorada
Fecundei num sorriso o despetalar da vida prenhe de palavras empolgadas
Abandonei-me no vão das horas pranteando tão exuberantemente fascinadas

Frederico de Castro

Incompletude



Pousa nos céus quase incandescentes esta inconsumível
Solidão ladeada por lamentos e sussurros tão intangíveis
Infiltram o breve estatuir dos meus silêncios absurdos e inaudíveis

Incompleto o poente navega à bolina das brisas quase imperceptíveis
Alimentam o fadar predestinado das palavras carentes e irremovíveis
São o mais belo prenúncio da luz etérea que além amara auspiciosa e impassível

Frederico de Castro

Profunda lágrima



Escorre por esta profusa e profunda lágrima
A solidão esquartejada, tão esmagada, tão alagada
Deixa nas lágrimas o sabor adocicado de uma dor homologada

Nesta profunda lágrima soluçam palavras quase trespassadas
Até à última gota a solidão embebeda-se de tristezas tão amarrotadas
Desnorteada a manhã deambula ensopada de prantos e gargalhadas abreviadas

Frederico de Castro

Silêncios enamorados



No jardim dos meus sonhos pintalga-se a solidão
Com inúmeros silêncios enamorados…quase conspirados
No espelho do tempo ficam refletidos dúcteis ecos tão domados

Da embriagante formosura dos céus chuviscam palavras harmoniosas
Orquestram a nona sinfonia da fé rodopiando no meio de preces virtuosas
Ali pulsam e suspiram intensas brisas avivadas por gargalhadas sempre preciosas

Frederico de Castro

A camuflagem do silêncio



A camuflagem do silêncio é esbelta, serena, pacífica e reverente
Forja da luz subtis fluorescências tão alucinantemente omnipresentes
E de olhos nesta solidão candente amara além o céu vibrante e transparente

A camuflagem do silêncio dilui-se no tempo e em cada hora prenhe e irreverente
Dormita no leito das palavras onde cada sonâmbulo sussurro se esvai, assim docilmente
Onde naufraga cada olhar perdido na imensuralidade das memórias tão convincentes

A camuflagem do silêncio aconchega-se entre duas lágrimas perplexas e plangentes
Percorrem a viela onde vagueiam todos os amanheceres tão mágicos, tão coniventes
Onde se lambuza uma cachoeira de carícias lenitivas e inebriantemente convergentes

Frederico de Castro

À meia-luz



À meia-luz a noite balda-se num sussurro hermético
Sela um enigmático eco dormitando além tão estético
Sem rumores a escuridão apascenta cada breu felino e poético

À meia-luz cada hora sepulta a noite que fenece volátil e frenética
Bons ventos perfumam este luar aconchegado a uma prece profética
No periélio do tempo o tempo orbita sua mais inóspita ilusão aritmética

À meia-luz a solidão transversal circunavega o silêncio quase genético
Deixa nos murais da vida cada sonho desenhado com um uivo epilético
Tatua na alma a junção gigantesca de tantos, tantos sonhos anestésicos

Frederico de Castro

A serenidade dos silêncios



Vi-me dentro da bolha dos ternos silêncios estáticos
Deixei a alma fundir-se com todos os lamentos axiomáticos
Deixei as palavras exprimirem sua raiva contida num uivo selvático

Na serenidade dos silêncios flutua a manhã convertida num eco apático
Perdido na serenidade do tempo esvai-se um segundo bravio e matemático
Bolhas de luz borbulham no meio de tantos, tantos sussurros tão telepáticos


Frederico de Castro

Horas andarilhas



Horas andarilhas sufragam um naipe de palavras poéticas e harmónicas
Ali todos os ébrios silêncios apaziguam o farfalhar sedento dos céus sinfónicos
Amaram no colo opulento e maiúsculo de tantas indescritíveis emoções polifónicas

Numa hora andarilha flutua o tempo monótono, corroído, quizilento e deprimido
Atrelado à manhã reverbera um estereofónico eco tão magistral, tão compadecido
Emoldura cada devaneio solitário prospetado por um suculento desejo nunca ressarcido

Frederico de Castro

Metamorfoses



Transformou-se o silêncio nesta metamorfose de ecos incandescentes
Além cada vertiginosa palavra energiza mil ilusões sempre tão prescientes
Na grandeza do universo a luz amara nas pétalas dos sussurros mais eloquentes

Transformou-se esta solidão num verso insaciável, improvisado e confidente
Homogeneizou todas as palavras fecundadas pelo genoma de uma rima atraente
Gota-a-gota deixou despencar na alma uma caricia feroz, felina…ah, tão urgente

Frederico de Castro

No pasto dos meus silêncios



No pasto dos meus silêncios renasce o dia frondoso e emancipado
No alfobre das palavras guardo cada centímetro de um sussurro enamorado
Em todos os vácuos do tempo meço a distância entre cada vazio aromatizado

No pasto dos meus silêncios alimenta-se a diabrura contida em cada rima reconciliada
Algema-se a memória tão fecunda e tão prenhe de palavras voláteis e remasterizadas
Ali desaguam numa cachoeira de dóceis gargalhadas fugidias, arrojadas…tão domesticadas

No pasto dos meus silêncios vadiam inclementes aguaceiros de ecos sobredotados
Rondam os horizontes celestiais onde flutuam cristalinos lamentos tão sincronizados
Transformam a metamorfose de cada afago num apaziguante sossego quase insubordinado

Frederico de Castro

O sorriso de DEus



para a Carla, Ciro, Noemi e Lucas

Formoso flutua o sorriso de Deus juntinho
Ao poente absolutamente incandescente
Apadrinhou toda a luz ali navegando à beira
Da maresia fecunda, exuberante e iridescente

- Olhem como brame o tempo que se afoga
Numa onda felina, selvagem e complacente


Frederico de Castro

Passadiço do tempo



Caminho pelo passadiço do tempo deixando no pavimento da vida
Sílabas que se entreabrem num felino croché de palavras deslumbradas
Provocam no silêncio o breve balbucio de uma carícia quase, quase asfixiada

No passadiço do tempo os dias escorrem finitos, voláteis…tão conformados
Alimentam a promiscuidade de cada desejo fluindo fluidificante e empolgado
Aninham-se no limiar de um encriptado verso tão pacifico, tão intimo tão embriagado

Frederico de Castro

Plagiando o tempo



Plagiei do tempo um naipe de palavras esbeltas
Adormeci apaziguado por um ininterrupto eco ecoante
Naufraguei entre os suspiros e sussurros de uma hora emigrante

Em cada ai e lamento pisoteado o tempo naufraga quase mendicante
Segreda-me aos ouvidos a melodia de um cósmico desejo edificante
Desamordaça cada segundo tão íngreme, tão acutilante…tão extravagante

Frederico de Castro

Solidão a dois



Nesta solidão a dois esbraceja o dia prenhe de uivos rudes e insensíveis
Coesos, todos os lamentos vadiam a milímetros da solidão tão horrível
Sem guarida as palavras embebedam-se no mosto dos silêncios indefiníveis

Nesta solidão a dois o tempo deixa ruborizados todos os beijos ainda impossíveis
Com destreza e valentia afaga as lágrimas caindo qual colírio das horas remíveis
Sibila com a elegância hiperproteica das palavras fluindo num etéreo segundo inaudível

Frederico de Castro

(In)constante silêncio



Neste (in)constante silêncio viaja uma imensa solidão generosa
Em epílogo escrevo minhas preces intensas e portentosas
O que me devora é esta carente e flamejante ilusão tão pegajosa

Neste (in)constante silêncio o dia embala ao som de cânticos ruidosos
Ali cai a meus pés o tempo repleto e prenhe de segundos rigorosos
Ali se ostentam todos os lamentos tão perplexamente impetuosos

Neste (in)constante silêncio cada eco choraminga e uiva tão melodioso
Assim de afogam duas lágrimas no lagar das palavras quase embriagadas
Em cada desassossego se consomem putrefatas horas esquecidas e inutilizadas

Frederico de Castro

Biblioteca do tempo



Ao colo da noite nutri a escuridão boquiaberta e voraz
Acorrentei cada breu divagando, divagando felino e sequioso
Andrajei a alma com farrapos de um lamento quase insidioso

Pela face dos céus escorre uma lágrima agourenta e auspiciosa
Despedaça-se no desfiladeiro das palavras carentes serenas e maviosas
Assim se faz o abecedário poético das carícias ardentes, famintas e grandiosas

Na surrealidade dos desejos temporãos algema-se uma prece tão ansiosa
Na biblioteca do tempo resgatam-se todas as horas deslumbrantes e contenciosas
Ali jaz um esfaimado e suculento silêncio perdido na lividez da noite senil e cerimoniosa

Frederico de Castro

Cruzando o luar da noite



Cruzando o luar da noite a solidão emerge num breu felino e imarcescível
Imperecível, imutável e insensível a escuridão fenece serena e impreterível
Nos céus a lamparina do tempo reacende-se até se embebedar num afago inesquecível

Ao cruzar o luar da noite cada sussurro expurga uma palavra apaixonante e incorruptível
No lagar dos silêncios flutua um compêndio de murmúrios sinópticos eletrizantes e indescritíveis
Entranham-se no culto mais lânguido e etéreo de um deslumbrante e prolixo uivo imperceptível

Frederico de Castro

E fez-se luz...



E fez-se luz depois desta escuridão quase estridente e compulsiva
E a noite depois de despida acoitou-se no berço de uma palavra cativa
E o silêncio depois do silêncio jaz esquecido, estilhaçado e corrosivo

E fez-se luz depois de uma hora morrer além castrada e introspetiva
E a solidão indomável e grotesca imortalizou um breu quase consecutivo
E a saudade carente embriagou os neurónios a esta memória subtil e furtiva

E fez-se luz depois da combustão de preces ígneas flamejantes e depurativas
E no horizonte duas lágrimas enchem o odre das lamentações tão cumulativas
E no mar todo o meu olhar afoga-se nas margens das maresias aladas e compassivas

Frederico de Castro

Numa doce brisa



Sinto nas memórias os beijos de cada brisa aglutinante
No cume dos céus regam a vida colorida intensa e fragrante
Afagam o silêncio assobiando no dorso suave de um sonho palpitante

Numa doce brisa a solidão predestinada reproduz-se num eco inalterável
Na tela das memórias pinta-se uma carícia tão ígnea, flamejante e indomável
Vivificam a manhã empoleirada nas persianas do tempo acontecendo inadiável

Frederico de Castro

Por onde vagueia o tempo



Por onde vagueia o tempo vagueia esta solidão movediça e versátil
Mutável e vacilante cada palavra apregoa uma emoção tão subserviente
Em cada estrofe impera o notável lirismo de um sussurro quase convincente

Por onde vagueia o tempo os ecos tenebrosamente concupiscentes vadiam
Pela orquestra de harmoniosos uivos psicotrópicos, apaziguados tão docilmente
Assim como quem se lambuza de um desejo sôfrego e faminto…assim vorazmente

Frederico de Castro

Rascunho da solidão



Fiz um rascunho da solidão e lá escrevinhei os meus
Lamentos apaixonantes e absurdamente desassossegados
Deambulei pela caridade dos silêncios mais desengonçados

Fiz-me à estrada e calcetei os passos de uma memória melindrada
Deixei nas esquinas do mundo uma prece esdrúxula e tão requintada
E em cada milionésima hora pastoreei minha fé fluidificante e refrescada

No horizonte paralelístico e desesperadamente apaixonado escondeu-se esta
Imensa tristeza patinando no roda-tecto das emoções ígneas…quase teleguiadas
E de súbito, sem subtilezas, a noite domesticou todas as palavras assim pressagiadas

Frederico de Castro

Silêncio recém-nascido



Recém-nascido o silêncio implodiu num eco tão impetuoso
Na mais íntima e fecunda solidão desvelou um breu carente e fogoso
No mais paradisíaco sussurro inoculou um devaneio castiço e vaidoso

Recém-nascido o tempo espelhou um narciso desejo tão pegajoso
Musicou a metamorfose de lamentos tão ígneos…quase artificiosos
Harmonizou as metástases dos mesmos silêncios prepotentes e infeciosos

Frederico de Castro

Trem cósmico



Viajando neste trem cósmico a noite ausenta-se no periélio
Da escuridão mais espampanante…mais e mais unissonante
Entre o côncavo e o convexo espelha-se todo este silêncio petulante

Depois de capitulado, cada segundo adormece lisonjeado e ofegante
Aprouve desenhar ele estes versos ardendo no archote de um eco retumbante
E nos céus, por fim, alvorecer um sussurro vindo de mil breus tão desconcertantes

Frederico de Castro

A megalomania do silêncio



Expande-se o silêncio codificado por um
Transeunte olhar majestoso, sereno e confidente
Qual sniper atira certeiro no cílio das palavras insurgentes

A noite megalómana circunda a retórica de um uivo atraente
Venera a escuridão pousada na haste das preces mais urgentes
Aconchega-se ao colo dos murmúrios quânticos fecundos e plangentes

Frederico de Castro

Brisa indomada



Plissada e franzida a vida espreguiça-se numa bainha
De silêncios sensuais, indomáveis…quase esganiçados
Onde couber a solidão alinhavam-se todos os afagos enamorados

Vai além a manhã cerzir uma prece incandescente e formidável
Vai uma fluorescência psicótica iluminar cada palavra viril e intocável
Vai a máquina dos sonhos fabricar todas as brisas garridas e indomináveis

Frederico de Castro

E...num breve instante





E…num instante o tempo amara junto à romaria de palavras transcendentes
Suscita ao silêncio um bruá enamorado ecoando no útero dos desejos proeminentes
Pincela os céus metastizados de azuis felinos e esculturalmente incandescentes

E num instante…num breve e subtil instante, o dia fenece implosivo, quase imarcescível
Embrulha-se sofregamente no manto luminescente de um assombroso poente imperecível
Perfuma com carícias tão ígneas todos os psicotrópicos murmúrios enamorados e indulgentes

Frederico de Castro

Fui entrando...



Fui entrando devagarinho, sozinho e de mansinho
Sem espalhafatos seduzi cada desejo com tanto carinho
Assim amadureceu o tempo algemado a tantos segundos mesquinhos

Fui entrando pelos pórticos da solidão tão esquecida…quase abominada
Deixei subir aos céus os mais maviosos murmúrios candentes e arrepiados
E para lá de cada hora vislumbrei uma toada gigantesca de silêncios tão desafinados

Fui entrando suavemente pela derme de todas as caricias mágicas, etéreas e enamoradas
Nos labirínticos olhares algemei a manhã que sorria renascida, faminta e despreocupada
Ali tão distante distam as minhas preces furtivas, adormecidas entre os tentáculos da luz obsidiada

Frederico de Castro

Os itens do silêncio



Cada item do silêncio é peculiarmente extravagante
Empola todos os desvairados lamentos quase delirantes
Agrega em si os mais absurdos e estapafúrdios ecos insinuantes

Num ínclito sussurro a manhã desvela-se tão abrasante
Rega todos os desejos estrondosos, mirabolantes…tão divagantes
Profana a solidão pousada no timbre fantástico de um afago itinerante

Sorve a metamorfose das luminescências bailando e fluindo de rompante
Apascenta-me a liberdade ajoelhada junto à sinagoga das preces excitantes
Dou por mim estendido ao redor das súplicas repercutidas em palavras pujantes

Frederico de Castro

Para além do silêncio...



Para além do silêncio…resta um hora raquítica e solitária
O esbanjar de uma palavra mirrada, enferma e tão precária
O intimo apascentar de uma caricia carente, voraz e necessária

Para além do silêncio…resta uma devoradora escuridão mendigada
Resta medir cada centímetro deste silêncio divagante e emancipado
O respirar de mil fragrâncias beijando o palato de um desejo consumado

Para além do silêncio…flutua esta tépida luminescência quase indecifrada
Alimenta a mais displicente e irreverente gargalhada supurativa e enamorada
Retém pra si um mero instante de tempo que se esvai numa emoção abismada

Frederico de Castro

A minha metamorfose



À míngua o silêncio desmembra-se num efémero eco compadecido
Ao longe escuto a sonambulidade de cada sussurro sereno e bem mugido
Assim se dá a metamorfose dos sedutores e quânticos sorrisos tão redimidos

A escuridão consumida por esta angústia voraz, jaz além engolida por um breu foragido
Apascenta as falanges do tempo onde cada segundo se acoita sereno, sagaz e extrovertido
Desperta entre as mais apaziguantes margens do meu subconsciente poético quase endoidecido

Frederico de Castro

Com fair play



Com fair play o silêncio repousa à sombra daquela
Brisa perene, vestida de fluorescências quase extraterrenas
Cativa cada palavra pestanejando absurda e elegantemente serena

Com fair play o poente percorre tantos labirínticos sonhos majestosos
Ali todos os ínvios ecos se apiedam daquele vendaval de lamentos queixosos
Desbravam rumos sem destino, desmascaram versos quase clandestinos

Com fair play o tempo deseja e enlouquece cada segundo vagabundo
Declama em silêncio a ode dos sussurros mais quânticos e concubinos
Descodifica e perfuma o poente embalsamado por viçosos devaneios extrafinos

Frederico de Castro

Esquiço



Num geométrico espaço arisco desenhei a solidão
Pousada no mais pincelado e esbatido breu sereno
Ali se algemou o dia emaranhado num sussurro ameno

Projetada à esquadria do tempo cada hora fenece asfixiada
De afogadilho beberico um licoroso e prenhe desejo tão indisciplinado
Deixo na mais plena anarquia um naipe de palavras por mim patenteadas

Num esquiço elaboro o perfil e a nudez da escuridão tão apavorada
Deixo a piançar a solidão retida nas artérias de uma carícia bem apalavrada
Ali num hausto e profuso silêncio rebolam as sinapses de uma gargalhada bem ornada

Frederico de Castro

Fitando o tempo



para o Lucas

Fitei o tempo onde um frio e conciso silêncio dormitava
Exibi, incuti e quase impingi à solidão aquela ilusão
Bebericada na mais fluorescente escuridão que ali capitulava

Escorreguei pela planície das emoções cristalinas e devotadas
Abeirei-me da auréola da alma que tiritava sedenta e tão enamorada
Redescobri no tempo todo o masoquismo sequestrado numa palavra rejeitada

Não fora estes silêncios e os murmúrios soariam quais uivos devastados ou sopitados
Cavalgaria juntinho à armada de palavras escondidas do fulcro dos afagos subjugados
Partilharia todas as alucinações tão infecciosas, intimidantes e agora ressuscitadas

Frederico de Castro

Numa flâmula...



Numa flâmula brilha a noite tão frenética e incandescente
Chispa na escuridão uma palavra delicadamente complacente
Estrangula cada hora que depois fenece fatalmente conivente

Numa flâmula desperta a luz das preces mais e mais urgentes
Beijarão todos os amanheceres apaziguantes, poéticos e eloquentes
Abençoarão o longo tsunami de murmúrios devastadoramente indulgentes

Frederico de Castro

Tempo sem destino



Neste tempo labiríntico e sem destino vagueia a noite saltimbanca
Impostora, hipócrita e comediante sorri a toda esta negrura tamanha
Farsista e acrobática desnuda-se numa gargalhada que em mim se emaranha

Neste tempo sem destino os silêncios assim colossais sangram num eco lascivo
Transpiram pela derme de um imberbe lamento tão tristonho…tão intuitivo
Quase que sentenciam um esbelto breu que além fenece agonizante e inofensivo

Frederico de Castrto

Ao olhar, olhei…e vi vestígios da solidão



Olhei de soslaio e vislumbrei na cúpula do tempo
Um segundo desvirginar a ladeira da solidão ali pendente
De súbito um pênsil murmúrio sustenta toda esta ilusão ardente

Ao olhar, olhei…vestígios da solidão e assim num manto de preces
Invisíveis ornamentei a sinagoga da esperança onde mora esta fé confidente
Num momento de prazer deixei a verve de palavras escrevinhar um eco estridente

Mordendo e sorvendo cada carícia prosaica, poética, lírica e tão omnipresente
Deixei sucumbir um verbo bordado no naperon dos sussurros luminescentes
Todo ele apascenta um lambuzado desejo vasculhado por ofegantes afagos reincidentes

Frederico de Castro

Lá no meio do céu...



Toquei na ponta dos céus e de lá escorreu uma gota de
Luz tão voraz tão sagrada e imarcescívelmente conivente
Abriu-se o horizonte e choveram azuis tão, tão irreverentes

Nos jardins do tempo debutam preces quase incandescentes
No planalto da manhã colho os mais belos silêncios reverentes
Toda uma eternidade preenche o safari de esperanças eloquentes

Frederico de Castro

Luz na escuridão



Uma luz nesta escuridão flutua imarcescível e glorificada
Imprevisível a solidão esconde-me incompreendida e esfarrapada
Em rodapé fica uma palavra carente, amblíope e bem homogeneizada

Qualquer luz na escuridão contorce-se no meio de um breu alucinado
Qualquer lamento sussurra entre cada silêncio quântico e tresloucado
Todas as horas omniscientes fenecem na berma de um desejo além sitiado

Frederico de Castro

Manhã esquecida



Nesta manhã esquecida embrenha-se uma brisa asfixiada, quase inebriada
Apunhala o silêncio que se desmembra e fenece numa acaricia arrepiada
Serpenteia a luz que entre neblinas anestesiadas, eclipsa-se numa palavra extasiada

O tempo algoz vadia pelas caleiras da solidão docemente incrustada numa hora saciada
Invade as penumbras da memória onde mora a saudade tão delirante…tão seviciada
Onde se cerze um murmúrio desvendado e embalsamado numa gargalhada ali barricada

Frederico de Castro

Na quilha do silêncio



Na quilha do silêncio o dia amara esbelto felino é longânimo
Magnânimo cada eco estende-se sobre um freático afago anónimo
Impávido e sem heterónimo o tempo pincela meus sonhos mais ergonómicos

Na quilha do silêncio as marés repousam flácidas, embriagadas e apaziguantes
Entre os dedos a luz escapa-se caligrafando todas as palavras voláteis e hilariantes
Em rodapé deixou escrito o epitáfio das minhas mais fiéis memórias tão empolgantes

Frederico de Castro

Noite volátil



Senil e cáustica a noite infecta aquele breu dissimulado
Com palavras famintas orquestra-se uma homilia em prol da
Fé que ígnea volátil e flamejante, renasce ávida voraz e aconchegante

De boca em boca a escuridão beija o palato à luz que fenece asfixiada
No fio da navalha a noite refugia-se nas prateleiras de uma rima enamorada
Tépidas e indeléveis brisas perfumam a derme de cada hora fluindo aclamada

Frederico de Castro

O pavimento do silêncio



O pavimento do silêncio assoalha a solidão com palavras urgentes
Sublime e dolorosa a luz requenta todas estas emoções estridentes
E doidamente dormita nas mais notívagas paisagens de um sonho impertinente

O pavimento do silêncio é flutuante e assente numa manta de sussurros fluentes
Calçam os passeios com empedrados e basálticos lamentos mais coniventes
Afagam o lajedo do tempo onde caminham incólumes segundos tão repelentes

O pavimento do silêncio asfalta a manhã que além fenece lírica e dissolvente
Vadia pelo passadiço da vida onde comovidas palavras amaram tão amavelmente
Onde brejeiros desejos algemam com delicadeza um desejo voraz…assim ardentemente

Frederico de Castro

Onde mora o tempo



O tempo mora algemado a sedentos segundos inadiáveis
Entranha-se no futuro devagarinho…assim extraditável
Dura o intervalo de uma ininterrupta solidão tão inabalável

O tempo reside nas ruas e avenidas deste mundo instável
Confunde-se e transfunde-se no meio de um silêncio indomável
Envelhece no intemporal presente imperativo de cada Ser admirável

Onde mora o tempo? Além algemado à ampulheta dos dias inesgotáveis
Vive ininterruptamente volátil, levitando entre tantas palavras indecifráveis
Desliza na imponderabilidade das horas que fenecem perpetuamente intermináveis

Frederico de Castro

Penumbra sensual



Escondida numa penumbra sensual a noite
adormece mais extasiante
Num sussurro remanesce cada sombra volátil,
imarcescível e tonificante
No riacho dos silêncios navega aquele lírico afago,
tão…tão absurdamente provocante

Frederico de Castro

Sol e sombras



Nesta metamorfose de palavras flutua um eco volátil e extasiante
Resgata a cada hora sessenta segundos letárgicos, flácidos e asfixiantes
Demarcam a nudez da solidão cintilando entre o fulgor de um poente itinerante

Entre o sol e as sombras adormece o dia num ápice, bocejando feliz e reverberante
Serpenteia os caixilhos solitários onde se debruça um sequioso afago hidratante
Arrepia a derme da alma que se digladia com um eufórico brado hipertenso e contagiante

De pesar soluça o tempo que além fenece aconchegado a um murmúrio tão apaixonado
Caloteia cada hora que agoniza afogada num tsunami de desejos e sussurros camuflados
Descerra um incrédulo e exíguo breu resignado…à mercê do silêncio que dormita embebedado

FC

Tatuagens no céu



Deus tateou nos céus Seu sempre eterno poder e Divindade
Num instante fortificou a fé a esperança brilhando de verdade
Do silêncio gerou-se um imperturbável sussurro recriado e
Desenhado com esmero, meiguice e absurda criatividade

Frederico de Castro

E depois da guerra...




E depois da guerra… a vida esvai-se esventrada, quase excomungada
Em plena escuridão escorrega um absurdo breu deprimido, derrotado
Ali peleja um abrupto lamento, qual clangor ou gemido não acudido
Apavora um silvo doloroso, quase perpétuo, fluindo tão contundido
E depois da guerra…vagueia um triste lamento asfixiado…quase aturdido

Frederico de Castro

És-me essa luz



És-me essa luz que afaga a alma e a solidão qual prece renovada
O mais belo clamar da maresia recostada nesta luminescência domesticada
O serenar dos murmúrios acabadinhos de adormecer numa hora quase eternizada

És-me essa luz apaziguando a derme das palavras que se revezam numa rima amnistiada
O despertar fecundo de um silêncio que chilreia algemado à manhã serena e resgatada
O felino policiar dos sentimentos bisbilhoteiros escorrendo num quilómetro de preces ponderadas

És-me essa luz entrando pelas couceiras das memórias roçagando num murmúrio ultra-revigorado
A licorosidade adocicada de uma brisa despertando num caos de imensas gargalhadas anarquizadas
O enlouquecer compadecido dos murmúrios embebedados por um axiomático silêncio capitulado

Frederico de Castro

Esquiço do silêncio



Fiz o esquiço do silêncio desenhando em cada palavra a arquitetura
De uma fluorescência projetada num murmúrio voraz e opulento
Degluti sem reticências o tempo regurgitado por cada segundo bafiento

No redil das palavras apascenta-se a manhã abarrotada de poéticos afagos sedentos
Decreta-se o estado de sítio a todos os lamentos uivando pelas frestas de um eco macilento
Além no infinito seduz-se o silêncio onde jaz aquele friorento aguaceiro tão, tão lamuriento

Frederico de Castro

Noturno Instante



Neste noturno instante velo a escuridão abarrotada de
Palavras condescendentes, serenas…escritas entredentes
No imenso caos de desejos deliram estes breus tão confidentes

Neste noturno instante o tempo entorpecido jaz além judiado
Alinhava e costura cada lamento, desbotado, vagabundo e repudiado
Refugia-se num milimétrico segundo que se esvai impotente e odiado

Frederico de Castro

Sereno silêncio




- para uma amiga que partiu...

Neste sereno silêncio peregrina a luz da manhã
Tão arguta, tão perspicaz, quase felina e audaz
Da noite restam vestígios de uma prece quase voraz

Neste sereno silêncio recorda-se um olhar apaziguante
Fica como atenuante um adeus vagaroso e embargante
São as sequelas deixadas na saudade tão imensa e pujante

Frederico de Castro

Solitariamente



Solitariamente descansa a noite ali esquecida e abandonada
Sessenta segundos são um desgosto para cada hora consternada
O assustador eternizar da solidão uivando à deriva…tão destroçada

Solitariamente o tempo jaz confinado a um breu quase congelado
Tinindo em meus lábios cada sussurro pesa uma tonelada de ecos contristados
Sem espaço o vazio preenche todos os vácuos onde cabem os lamentos asfixiados

Frederico de Castro

Tens-me aqui à mão...



Tens-me aqui à mão…junto ao dorso deste silêncio aclamado
Dormito se preciso for entre os cílios do teu pestanejar enamorado
Rego com lágrimas dóceis os beirais onde desemboca um eco desenfreado

Tens-me à mão de semear…bem perto de cada gentil abraço tão prolongado
A cada hora amamentar-te as palavras que tateiam o olhar mais corroborado
Perder-me no armistício dos murmúrios aguerridos, vorazes e quase atarantados

Frederico de Castro

Tudo passa...até o tempo



Tudo passa…até o tempo por uma fresta de solidões inesgotáveis
Quando entardece dentro da alma o silêncio fenece absurdamente degradável
Desamparam-se pecados e deixa-se alma lavar-se no odre de cada prece lastimável

Tudo passa…até o tempo esquartejado por trilhões de segundos deploráveis
Palavras ardentes são a sequela de tantas desilusões amarguradas e recicláveis
Desagua dos céus um aguaceiro de ecos sorrateiros, atónitos e inconsoláveis

Tudo passa…até o tempo e o mais infecundo sussurro desesperado, hostil e lastimável
O mais furioso tsunami de uivos delapidados pela improficuidade do silêncio incensurável
O latido felino de cada olhar feito arrimo da alma empanturrada de ilusões insaciáveis

Frederi co de Castro

Amo o silêncio



Amo o silêncio e quanto mais íntegro melhor
Gosto de o cultivar semeando-o no mais exímio e
peregrino eco que além ecoa…feliz e silencioso
Gosto de o manipular e amiúde dar-lhe plena exclusividade
Já me converti a ele definitivamente sem omitir um latido objetivamente
Valorizo-o enquanto ele ecoa de mansinho no mais diminuto sussurro copiosamente
Desenho-o à tangente esquizofrênica das palavras caladas, resignadas…silenciosamente

Frederico de Castro

E o tempo passa...



E o tempo passa e cada segundo fenece e jaz além indubitável
Uma manto de andrajosas luminescências amara feliz e vulnerável
Empedernida a solidão desnuda-se numa palavra carente e formidável

E o tempo passa e o silêncio espartilha-se num milhão de ecos inigualáveis
E a manhã em surdina acaricia o patamar dos sonhos mais e mais inimagináveis
Em sintonia cada gota de luz rega e perfuma todas as gargalhadas felinas e perduráveis

E o tempo passa e a inspiração frustrada engaveta a minha tristeza tão perdurável
E numa fresta de ilusões labirínticas algema-se esta hora entristecida e imutável
Em cada encarquilhado silêncio um indelével sussurro ressuscita destemido e admirável

Frederico de Castro

Entre as mãos...o silêncio



Um anárquico murmúrio dessedenta a luz da manhã que renasce
Tão altiva, tão absurdamente compassiva, mui anónima e tão viva
Sorve do tempo um madrigal eco que se esboroa numa prece altiva

Entre as mãos…o silêncio reflete-se num reflexivo sorriso bem hidratado
Faz até chorar e corar de prazer um lamento esquivo gemendo manietado
Faz cócegas à alma algemada a cada cardíaco prazer felino e enamorado

Entre as mãos…o silêncio escorre pelas artérias da ilusão quase ardilosa
Alimenta os mais sorrateiros desejos ecoando numa carícia tão deliciosa
Esparge nos céus um aguaceiro de cristalinas fluorescências mais sumptuosas

Frederico de Castro

Escuridão intimidante



Nesta escuridão intimidante cada breu jaz acabrunhado e excitante
Pernoita no algeroz dos mais infinitos e apaziguantes ecos pujantes
Envolve-se num ritual de palavras ardendo no crematório dos desejos asfixiantes

Nesta escuridão intimidante as sombras deambulam pelo parapeito das tristezas urgentes
Transmutam a cada breve segundo um naipe de inconscientes memórias tão eloquentes
No limiar da vida fecundam todo um derradeiro e movediço uivo impetuoso e indulgente

Nesta escuridão intimidante o tempo sucumbe na orla de um lamento serpenteante
Divide com a noite esta hospitaleira fluorescência notívaga, volátil e emulsionante
Esconde-se no reposteiro dos meus mais hábeis silêncios graúdos imutáveis e intimidantes

Frederico de Castro

Guardo no silêncio



Guardo no leito dos silêncios as palavras aleatórias e coniventes
Na abdução de cada eco suturam-se todos os lamentos subservientes
Rapta-se e seduz-se as escuridões fluindo pelo gargalo dos dias convergentes

Guardo no silêncio a saudade repleta de encontros e desencontros reincidentes
Pintalgo nos céus as mais elegantes fluorescências explodindo numa hora irreverente
Imagino a mais bela tempestade de tsunamis desaguando em cada prece omnipresente

Frederico de Castro

Ao longo deste caminho



Ao longo deste caminho descobri como apascentar uma hilariante rima irrevogável
Descobri como reforçar os alicerces da vida, dos sonhos e desejos mais renováveis
Dos mais assaz e delicados murmúrios reguei-os com brados de alegria tão inimagináveis

Ao longo deste caminho encenei e brinquei com meu lirismo impoluto e infindável
Transportei entre sóis um gomo de luz brilhante, flamejante e absurdamente excitável
Com todo o primor adubei, acariciei e apaixonei-me por uma palavra sempre indomável

Frederico de Castro

Ascenção do silêncio



Ascende o silêncio pela haste das palavras mágicas elegantes e litúrgicas
A sós a manhã profana todos os horizontes onde dormita a luz tão telúrica
Assim disfruta a maresia de sedentas ondas de preces serenas e cirúrgicas

Ao som de cada eco ouve-se o estampido de um breve sussurro enérgico
No esteio destes versos ampara-se uma rima escorada num desejo alérgico
Estala em todas as horas o látego de um silêncio cavalgando voraz e sinérgico

FC

Cheguei esta noite



Cheguei esta noite pra sentir o marasmo de um luar
Tão casto, sereno, subtil e além emaranhado
E até indaguei cada breu indescritível e tão inefável

Cheguei esta noite e amamentei a escuridão etérea e magnífica
Descodifiquei a beatitude de cada carícia tão soporífera
Colori a fluidez das palavras apaixonantes que o luar além petrifica

Frederico de Castro

De viés para a solidão



Em diagonal e quase de viés o tempo confina um
Oblíquo silêncio imaturo, desenfreado e tão inseguro
A luz ofuscada desata os nós a um breu fiel e maduro

De viés todos os segundos dominam uma hora prenhe e lasciva
Olhem como se esconde aquela escuridão intima e possessiva
De soslaio ficou a vida vivida com esta absurda intensidade regenerativa

De viés para a solidão as palavras amordaçam um eco senil e furtivo
Além um dueto imaginário de lamentos adormecem castrados e pensativos
Todos os instintos mais labirínticos fertilizam meus silêncios ilógicos e erosivos

Frederico de Castro

Ecos do silêncio



No vácuo do vazio vibra um abismo prenhe de réplicas efusivas
Num minuto esmagam-se sessenta segundos esventrados e convulsivos
No rascunho dos céus desenho aquele esfomeado desejo quase primitivo

Ao redor dos lamentos vasculho cada murmúrio gemendo carente e recidivo
Em cada recanto da alma replica-se a solidão repleta de uivos egoístas, ali cativos
Amordaça-se o poente tão empanturrado de poéticos e implosivos ecos infinitivos

A esmo esvaiem-se as horas caçoando daquele definitivo lamento mui esquivo
Assim se esquarteja uma luminescência enamorada de platónicos afagos persuasivos
Dos céus jorra o poente um esbelto e tão inconfessável aguaceiro de desejos interativos

Frederico de Castro

Escaler



Flutua pelo horizonte esta luz felina 
carente e oleaginosa
Navega de mansinho numa profusão 
de ondas endovenosas
De tarde transfunde-se numa brisa amena 
colorida de sóis serenos expatriados e sumptuosos

Frederico de Castro

Naufrágio ao luar



Naufragou este luar emborrachado por um licoroso eco semântico
Foi o prelúdio das palavras aconchegadas a um negróide desejo apoteótico
Foi o derradeiro espasmo deixado no velório de cada sussurro tão osmótico

Nas vastas planícies da noite escorrega a maresia tão bêbeda, tão impotente
Deixou em cativeiro um verso faminto fluindo neste ventríloquo uivo impaciente
Trilhou a incomensurável fluorescência vadiando pelas caleiras do silêncio mais veemente

Frederico de Castro

O meu Pastor



Lá vai o Pastor rodeado por uma bailado de ávidos balidos silenciosos
Aquieta a paz caminhando entre pestanejantes clamores tão ansiosos
Apascenta a ladeira do tempo que além desliza sereno virtual e gracioso

Lá vai o Pastor adormecido no doce esbracejar de uma luminescência glamorosa
Resguarda cada hora algemada à infinita e assombrosa prece tão valiosa
Soletra os mais clandestinos e asfixiantes lamentos pulsando nesta solidão contagiosa

FC

Osmose de palavras



Na osmose de palavras esfuziantes traveste-se um luminescente
Silêncio orquestrado pela harmonia de um afago tão condicente
Sem malícias nas minhas mãos escorrega a escuridão mais eloquente

Nas páginas do tempo ressurge o desenho de uma prece tão paciente
No âmago da alegria uma gargalhada jaz além quase, quase indecente
No meu mundo poético cada hora que se esvai eterniza um silêncio tão plangente

Frederico de Castro

Somente mais um poente...



Ali fenece o dia emaranhado num silêncio chuleado
Apascenta a hipálage de cada sonho fluindo enamorado
Amordaça aquela brisa peneirada por um sussurro bem proseado

Somente mais um poente...e a noite se estenderá no catre dos desejos atiçados
Violentará a escuridão com uma flamejante e felina luminescência sobredotada
Nos odores exsudados do silêncio afaga-se uma carícia ardente e hipostasiada

Frederico de Castro

Talvez em Abril...



Talvez em Abril o dia fotografe aquela luminescência
Tão tosca, tão inacabada…quase sempre inimputável
E numa cilada algeme cada sorriso tântrico e insaciável

Talvez em Abril eu esconda das palavras uma rima mais viril
Sinta o rito das minhas angústias orquestrar cada eco febril
E à porta do céus duas lágrimas desabem num aguaceiro tão gentil

Talvez em Abril os cravos renasçam livres, mágicos tão esfomeados
Ali um heroico sussurro, desmantelará um rubro afago assoreado
Exuberante incitará o tempo a eternizar cada desejo, cada beijo enamorado

Talvez em Abril eu pincele os céus de azuis tão plissados, coloridos e afáveis
Num relance melódico cada hora apascente todos os imperdíveis sonhos imutáveis
E num close final faça adormecer o silêncio detido no antro das palavras inimagináveis

Frederico de Castro

Toquei na alma



Toquei na alma e pressenti na derme dos silêncios
O tinir e vibrar de uma fluorescência tão desodorizante
Ali um eco periódico esboroa-se felino, volátil e sussurrante

Toquei na alma e reconheci nas palavras a doce licorosidade
Que apascenta o pleno esvoaçar do tempo alucinante, tão sibilante
Assim amadurece cada hora inquieta, solitária…perdida num segundo divagante

Resta mitigar uma lágrima escorrendo pelos cílios de um lamento dissonante
Resta musicar o buquê de circenses palavras fluindo e vibrando a cada instante
Resta ludibriar o tempo e um desejo aliciado pela epopeia de gargalhadas divagantes

Frederico de Castro

Apsiquia do silêncio




A noite esvai-se flutuando num breu elegante…quase meliante
Flerta e clona aquele sopro de luz que subtil desmaia juntinho
À derme das palavras absolutamente vorazes e excitantes
E depois amamentam a metamorfose de silêncios onde esvoaçam e
Sibilam as mais famintas e apaixonantes emoções tão relaxantes

Frederico de Castro

Espumante



para a Carla

Espuma a noite sua escuridão flamejante e tão fluidificante
Agiganta-se ao tocar a soleira dos teus sussurros gratificantes
Tatuam cada brisa que além deambula, faminta farta e suplicante

Na selva luxuriante dos murmúrios adormece uma hora inadiável
Planta neste poema um lírico e apaixonante silêncio tão infindável
Aromatiza uma saraivada de gargalhadas maiúsculas e inesgotáveis

Frederico de Castro

O MEU PÔR DO SOL...



No meu pôr do sol o poente desvanece dolorido grácil e extemporâneo
É a despedida nómada e vagabunda do tempo judiado ébrio e instantâneo
É o despencar de mil brisas perfumadas por um extenso sussurro tão cutâneo

No meu pôr do sol o tempo ajoelha-se junto à sinagoga das preces coniventes
Deixa nas entrelinhas da solidão tantas palavras corteses, poéticas e concludentes
Em calafrios energiza esta incontida e singela luminescência que fenece discretamente

Frederico de Castro

O que fazes aqui...



O que fazes aqui sentado, sozinho, cabisbaixo e melancólico
Neste tempo sombrio dói ver-te encastrado num silêncio metabólico
Meu verso chora metamorfoseado por um eco carente e tão hiperbólico

O que fazes aqui esquivo, pensativo e cruelmente incomunicativo
Vejo-te e sinto-te absorver o mais profundo a absurdo lamento definitivo
Perdido num tempo opaco e labiríntico cada segundo fenece desmazelado e corrosivo

Frederico de Castro

Pilar dos silêncios



Entre o pilar dos silêncios dormita um silêncio sereno e enamorado
Nas (in)quietudes de cada hora badalam sessenta segundos resignados
São a mais bela sinapse dos neurónios vadiando num facho de luz delicado

Na janela da alma abeiram-se emoções defenestradas pela solidão embalsamada
Circundam a elíptica palavra desenhada entre os escombros de uma prece desnudada
Escondem-se no mais recôndito eco resvalando pela docilidade de uma gargalhada asfixiada

Frederico de Castro

Trago o silêncio no paladar



Das minhas veias escorre um silêncio sereno e triunfal
Trauteia uma melodia velejando nesta escuridão escultural
Traveste a noite maquilhada por esta luminescência descomunal

Trago no paladar este silêncio tão frágil, tão volátil, quase vulnerável
Apascenta a mais magnânima prece desenhada num luar imensurável
Algema todas as palavras vagueando no colírio das lágrimas tão indecifráveis

Às duas por três o tempo expande-se a cada segundo felino e resignado
Adormece na cripta da solidão estendida no dorso de um olhar sacrificado
A rogo e em souplesse o silêncio amplia cada eco feérico, fecundo e adocicado

Frederico de Castro

Vou conversar com o silêncio



Vou conversar com o silêncio e dizer-lhe quanto estimo o seu silêncio
Deixar que cada indisciplinado segundo além feneça sereno, senil e obstinado
Deixar indiferente um lamento que naufraga a jusante daquele breu acetinado

Vou conversar com o silêncio e aprontar-lhe o leito onde sucumbirá tão apaziguado
Deslizar por um sequioso sussurro desnudo, inquietantemente arisco e camuflado
Imobilizar o tempo que finda transladado por um sereno e tridimensional eco desatinado

Vou conversar com o silêncio e fletar-lhe a solidão chegando subtil, cortês e afável
Rastejar ao longo daquele vassalo desejo que pragueja no seio das palavras tão insaciáveis
Apascentar os gemidos incógnitos, desvendados pelas memórias absurdas e indubitáveis

Frederico de Castro

Algum lugar do tempo



Em algum outro lugar no tempo as palavras depositarão
No confessionário dos silêncios um lamento nobre e dissimulado
Tatuarão o infinito horizonte com geométricos desejos quase emulados

Em algum outro lugar no tempo cada hora fará uma vénia ao poente alado
Alcatifará o marulhar das preces onde repousa a fé e se ajoelha o dia tão enamorado
Resvalará pela licorosidade de um lutrido mussitar em estado de graça…aqui e agora desvelado

Frederico de Castro

Daqui até aos céus...



Daqui até aos céus…dista este silêncio milimétrico atrativo e simétrico
Abunda no seio de um obstétrico e mavioso bailado de breus isométricos
Banha o mais pluviométrico aguaceiro desenhado entre felinos uivos geométricos

Perpetua a absurdidade de cada silêncio parido nos rascunhos de um afago planimétrico
Assedia a luz sitiada no cume de cada quântico lamento sereno osmótico e volumétrico
Anima a perpetuidade do tempo que bendito, madruga tão lauto, tão eflúvio e aritmético

Frederico de Castro

Esfumou-se o silêncio



Esfumou-se o silêncio numa ode de preces voláteis e tão coniventes
Assim se ovaciona a escuridão pairando à superfície das rimas complacentes
Uma enxurrada de sombras baila entre suculentos e inadiáveis desejos urgentes

Esfumou-se um lamento bailando lá nos píncaros das emoções indulgentes
Quão possessivo se tornou o silêncio esquecido, resignado e brutalmente crente
Em fuga desacorrenta-se o féretro de uma brisa pintalgada de gargalhadas eloquentes

Frederico de Castro

Fait accompli



Consumou-se a noite num carrasco silêncio redundante e supérfluo
Tão melífluo quanto aquele breu perdido no cardápio do tempo dulcífluo
Tão pérfido quanto um lamento permutado por angustiantes uivos impudicos

Consumado o tempo alimentou as entranhas desta solidão imensa e indulgente
Amamentou e engravidou cada palavra abarrotada de sussurros reprimidos e urgentes
Escorregou entre muitas ladainhas de mil serenas gargalhadas quase, quase dissidentes

Consumou-se cada segundo que além jaz atrelado a um transeunte silêncio estridente
Pousa no cenário de tantos azuis celestiais, onde se tatua cada prece felina e paciente
Onde cada hora hemorrágica se esvai no mais dissoluto e indolente eco tão, tão renitente

Frederico de Castro

Entre os rios



Entre muitos rios vadia a manhã tão reflexiva, tão extática, quase translativa
Nas bermas do tempo as horas incógnitas refinam cada palavra tão hiperativa
Expiam todas as emoções fecundadas pela homogeneidade de uma caricia conspirativa

Entre muitos rios desaguam impressionantes azuis celestiais, aliciadores e imortais
Lambem o estupefato frenesim de gargalhadas tão ávidas e tão extrassensoriais
Adentram os palato da luz fluindo no ziguezaguear dos silêncios devastadores e umbilicais

Frederico de Castro

Gemidos




Ali se esvai uma angústia indisfarçável
Um silêncio macabro e quase deplorável
Nos olhos, duas lágrimas fluindo 
Pelas crateras de um gemido 
Desolado, pesaroso e inexorável…

Frederico de Castro

Lua semi-nua



Com beijos sedutores a noite desnuda-se num cacho de fluorescências majestosas
Na clarabóia celestial brilha uma escuridão negróide, tão ofuscante e infecciosa
Em êxtase todo o universo conspira ajoelhado no altar das emoções mais prodigiosas

Nesta lua semi-nua dormita o tempo confinado à fecundidade das palavras cerimoniosas
Irrompe desbravando todos os horizontes asfaltados com carícias serenas e primorosas
Algema a luz refletida num laivo sofisticado de eternas gargalhadas tão, tão grandiosas

Frederico de Castro

Pelo pedúnculo da via látea



Pelo pedúnculo da via láctea a noite hasteia sua solidão inconformada
Nos céus um nubente silêncio amara junto ao caule de uma carícia enamorada
Em brilhantes estilhaços a luz explode tão intensa e pluviosamente pasmada

Pelo pedúnculo da via láctea o tempo desagua num incontrolável sussurro indignado
Pelas mãos na noite massaja-se a escuridão pousada num limítrofe eco bem trajado
Nos beirais dos céus rodopia um breu convertido num belo trovão de uivos tão, tão grados

Frederico de Castro