Foi assim
Foi assim
Sugaste tudo que eu tinha de melhor
O amor que era minha estrutura
Fizeste dele mera cabana de palha
Qualquer ventania sacode as paredes
De barro e areia o alicerce
Estou a mercê de cair a toda hora
Desde que voce foi embora
Os caminhos que rodeiam os jardins
Hoje meros corredores sem flores
Na verdade nunca existiram
Foram criados na minha imaginação
Ali onde me juraste amor de verdade
Vejo agora a arvore da mentira
Frondosa balança cheia de vida
JamaveiraRELIGIÃO
RELIGIÃO
Se entrelaçam uma na outra
feito briga de galo,
o motivo:
Cata ao fiel,
não importa a raça, crença ou posição,
o importante
é a criatura no salão.
Promessas de toda natureza
bombardeiam os cidadãos.
Desnorteados com tantas orientações,
comandados por elementos preparados
transvertidos por seres tocados
são presas fácies a espera do perdão.
Uma legião de doutrinados
crentes da verdade
saem pregando desesperados
a palavra da salvação...
Zumbis de olhos arregalados
fazem tudo que são mandados
não percebem na sua credulidade
que estão sendo enganados.
Arrebanhados com facilidade
seres humanos que nem gado
o sofrimento e descaso
portas abertas para charlatão.
Com ofertas e dízimos
ostentam riquezas e poder
homens sem escrúpulos
transformando em vítima: Você!
Jamaveira®
O ser observa
O ser observa
Ver defeitos é obra de arte
Um quadro de Picasso
Curvas ao quadrado
Seu andar procurando prumo
Travado que nem aço
O quadril lá embaixo
Afunilando o fundo
Ultrapassado sem compasso
Amargos pensamentos rondam
No reflexo do espelho
Fleches de lágrimas reluzem
Escondem os rebocos
Triste sorriso marca o rosto
Cabelos tinturados
Embaraçados traços
Lembrança do passado
Passo a passo
Juventude, auto-retrato
Quanta trapalhada
Ah! Essa melhor idade...
É tão pouco o tempo
Logo chega eterno abraço
Que saudade...
Jamaveira®
A flor do medo
A flor do medo
Sobressaltei de madrugada
Olho assustado pros
lados
Aquele olhar de justa
causa
Faz-me tremer de
medo...
A razão chegava
sem-hora
Marcando em juízo as
provas
O leito agora minha
alcova
Todas as sombras
aflitas
Ecos escapam pelas
frestas
Correm em direção
certa
Buscam perdão
comunhão
Os olhos arregalados
espreitam
No parapeito gato
preto
Seus gemidos sinfonia
fúnebre
Meu coração triste
regência
O vazio é tão grande
Vejo todos os sonhos
caírem
O tempo túnel escuro
Pensamentos em
purgatório
Clamam perdão em
agonia
Vampiros malditos
sugam o lirismo
Resta apenas a
realidade
Na ventania gélida se
foi à utopia
O inferno abrigo pungente.
Jamaveira®