Um dia acordaremos
E depois do sono profundo a realidade se fará outra.
Um dia os primeiros raios de luz ofuscarão em seus olhos
As gotas de orvalho de uma manhã doce escorrerão entre
Seus dedos dos pés. Você vai olhar para frente e seguir
Em direção ao oriente e lá poderá gritar de calafrio.
Um dia você vai acordar e do nada vai abrir a janela
E assistir a grande marcha para o oriente. Estenderá
Sua visão para 10 mil quilômetros à frente e atrás
E não verá nada além de pés marchando, uma grande
Marcha, e então ouvirão sussurros e gestos marchando
Para o oriente.
No meio do caminho a chuva cairá fina e lentamente sob as cabeças
E fará poças rasas onde se sujarão os meninos pobre
De cada nação. O que era disperso vai se tonando solido.
Não a motivo para se cantar apenas uma vez, gritar apenas um grito,
Dançar apenas um coro, insultar apenas um canalha vamos em frente
Marchando até o oriente que lá o levante se fará constate.
Um dia acordaremos completamente
A luz de uma ideia distante iluminará nossa mente
O sol aquecerá nossas vertentes e toda cidade cantara o hino
Feito para o planeta inteiro, para todos, cantara em coro
O hino da liberdade, o hino do levante, o hino a caminho do oriente.
E todos marcharão contente para o esplendor de uma conquista pós outra.
E então derrubaremos as velhas formas de domínio
Os velhos medos,
Os velhos gritos de guerra,
As velhas lutas que se fizeram inútil ao longo dos anos,
A velha sede insaciável.
Desvendaremos um novo jeito de bradar
Daí se levantará todos àqueles que dormiram além da conta.
O oriente despertara se todos marcham
Marchem para o oriente!
Marchem para o oriente !
Um dia vamos sentar e conversar
Mas hoje quero apenas silêncio.
Sinto necessidade de mais vazio
Você nunca sentiu essa vontade gritante de silêncio?
Acho que você não conhece a língua do silêncio.
Fazer com que as coisas sumam,
O tempo pare repentinamente
Diante dos seus pensamentos vagos.
O medo vai embora
O peito largo acomoda bem o vazio.
A solidão é como um amanhecer neblinado
Em que a frieza do pensar te conduz para bem longe
Para distante de tudo que te reduz.
Neste momento só o silêncio me constrói.
Tomar café as sete para começar a tecer o dia.
As oito de bicicleta até a biblioteca municipal multiplicar saberes
Dez e meia ainda na biblioteca lendo Thoreau e imaginando Pessoa
As onze e meia fazer o almoço enquanto Pink Floyd toca a meia altura
Uma hora depois de almoçar apreciar um delicioso vinho, o mais barato
Como de costume aqueles com gosto de simplicidade.
14h tentar escrever um poema vulgar e melancólico ou
um poema solidão depois de chorar meia dúzia de palavras enxutas
As 16h 30min estender no varal o poema pronto para quarar
18h comprar o pão quentinho
19h 30min esquentar a água para o mate de Saché, não sou do sul mas gostaria de o ser.
21h ler o poema do livro de cabeceira dos versos que me enobrecem 'meu amanhecer vai ser de
noite'
22h continuar a ler o mesmo livro 'no fim de tarde, nossa mãe aparecia nos fundos do quintal: Meus
filhos, o dia já envelheceu, entrem pra dentro'
23h Saborear outro delicioso vinho enquanto todos dormem tranquilhamente
00h assistir algum programa na TV ate o tedio começar a nascer e se estabelecer
2h fechar os olhos para sonhar com o tempo em que a vida seja tão mais
Intensa quanto os versos de Ilíada.
Estou triste porque este será meu último século
Estou triste pelos objetivos mal conquistados
Estou triste porque a história não condiz aos fatos
Estou triste porque o verbo amar se tornou insustentável
Estou triste porque nunca chorei quando foi necessário,
Nunca se quer despejei uma lágrima sem importância.
Estou triste pelo fim de uma geração e revoada de outra
Indiscreta, mal sabedora das vertentes giratórias em nós.
Estou triste por ter certeza que meu pai foi e continua sendo
Um herói e nunca juntei coragem suficiente para lhe dar um abraço.
Estou triste pelas nascentes que morrem, pelas arvores que caem
Estou triste pela formiga que trabalha sem cessar
Estou triste pela joaninha que caiu depois de quebrar as asas e atrasou seu voo.
Triste pelas vidas que não se firmaram
Triste pela cor cinza do seu desespero
Triste pelo mendigo que tem nas mãos a liberdade e não sabe usar
Triste pelo pedaço de pão jogado no asfalto
Triste por aqueles que só sabem atirar pedras e por aqueles que
Não sabem o valor de uma vida, seja ela qual for.
Estou triste porque ninguém nunca me encontrou
Estou triste por ser triste
Estou triste porque poeta que sou envaideço-me com nada
Estou triste pelo findar de cada momento transformado em passado
A tristeza me corresponde fielmente
Um semipoeta da solidão mochileira
Um poeta que ouve as montanhas
E sente o peso de cada rejeição.
Estou triste porque nunca soube ser diferente.
Estou triste porque ser triste é ser diferente.
Ando meio fora de foco
Se pelo menos entendessem
Minha necessidade de tempo.
Deem-me tempo pra pensar
Minhas lembranças apagam-se
Aos poucos.
Prometo que voltarei a habitar-me
Prometo abraçar o arrependimento
E chorar em uma tarde fria de inverno.
Prometo estar aqui antes do próximo
Entardecer, antes mesmo de mim.
Prometo, mas
dei-me tempo...
Uma
Coisa
É
Certa
Temos
Um
Interesse
Em
Comum
Logo
Nada
Temos
A
Perder
Vamos
Em
Frente
Ao
Invés
De
Brigarmos.
Porque
Não
Nós
Amamos?
Não, homens não choram!
Mas quantas vezes já chorei na imensidão escura do meu ser
Nas horas livres de investigação da alma;
Na fatia triste de algumas canções de Pink Floyd;
Como não chorar com “wish you were here”
Nas próprias cenas acidas do filme “O império do sol” onde o valente
Garotinho com seu kadilac prata caçando a porteira de sua gaiola.
E como o valente garotinho do filme aprendo uma nova palavra todo dia
Ponho-as em práticas e sufoco a mim mesmo
Aprendo a sonhar desaprendendo a viver
Sou ilustrador do tempo incomum,
incabível em mim mesmo corro todos os dias para o ponto de partida
o tiro não soa, então retorno ao santuário dos sonhadores.
Um dia era manhã ensolarada um passarinho apossou-se de mim,
Mas não era nada, avisou-me que para possuir asas
era preciso saber equilibrar-se nas alturas do mundo.
Um dia eu chorei, era noite de lua um cisco estelar entrou em meus olhos
Eu todo alumbrado naveguei em prantos.
O imaginário transgredindo alavancando as horas, trabalhando sem cessar
O mundo a dois passos da destruição e um homem não pode chorar.
Um pedaço de mim ainda é pranto o outro é solidão
Dos espaços que ainda não construir.
As ruas gritam depressivas
De nada servem os sinais ao meio dia
Todos querem ir e voltar rapidamente.
Um jovem em sua motocicleta espatifa-se
Um grito maior
Ecoa no peito de um pai
Que perde
Que chora
Que ora
A dor escorre em
Saudades de uma vida
Em inicio de construção.
No caminho para o trabalho
na madrugada quando o sono não bate na porta
no banheiro quando o chuveiro chove
em qualquer lugar quando a mente ligeiramente se distrai
essa é a rotina do pescador de palavras.
A inspiração começa percorrendo tímidas linhas
Foge do nada
E em algum lugar inesperado ela aparece
E se torna magistralmente bem vinda.
No ritmo da palavra certa
Seguindo o som aberto das metáforas ocasionais.
A poeira da imaginação vai te levando
Te levando até o limite dos pensamentos
Tornarem-se fetos e ganharem vida.
A grande gravidez do poeta.
Carrega por alguns meses a inspiração viva
Os sentimentos e os resguardos de viver
E a necessidade de parir, a dor do parto
Faz-se em qualquer lugar, inesperadamente.
Então, eis ai o nascimento.
Eis a dor
Eis a cria.
Vou dizendo aos poucos.
porque tudo se faz aos poucos
com cada coisa em seu lugar
posso ser alguém descrevendo-me
posso ser outro alguém vivendo-me
posso ser mais ou menos
posso ser mais
posso ser menos
vou dizendo aos poucos.