No plural éramos um,
No singular, divididos.
Hoje, universos separados,
Tentamos gravitar ao redor.
Registro 719.469 FBN 21/10/2016
Segundo por segundo,
Escuto calado, pelas minhas entranhas,
O ritmo célere das horas tortas
E sinto a vitalidade invadir meu corpo,
Outrora morto,
E a vida fica cada vez mais sem sentido e definitiva.
Quisera poder parar o pulsar dos relógios,
Fazer uma montagem nova do drama da vida,
E assim, caminhar para um final feliz.
A existência pela existência é a saída?
Viver como já tivesse vivido e ressuscitado?
E viver então ao deixar a vida?
Titubeio confuso pelo labirinto da vida.
Talvez o sentido da vida seja nenhum.
Representamos papéis no palco da vida
E nada acrescentamos de pessoal.
Mudamos o figurino, mudaram o cenário!
Mas a trama é a mesma, afinal!
Como guerreiro encurralado, agarro-me à lança da vida
E espero atento a hora da morte!
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Tem um Não dentro do Sim,
Tem um Sim dentro do Não.
Derrotados,
Dormentes,
À espera do Talvez.
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América do Norte.
América sem Morte.
América da Sorte.
América sem Norte.
América com Morte.
América sem Sorte.
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Quantas estórias,
Quantos destinos,
Entrecruzam-se
Nos caminhos
Da vida!
Quantas soluções
São perdidas,
Nos monólogos
(afônicos),
Da solidão coletiva.
Quantas oportunidades
Se vão,
Por não pararmos,
Um instante,
Nos cruzamentos
Da vida!
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Quando a ti eu procurava,
Uma parte de mim faltava.
Ao te encontrar...
Um Sol brilhou,
Dentro de mim
E clareou,
Para sempre,
Teus caminhos.
Fiz com o meu coração,
O que as outras Mães,
Fizeram com o ventre!
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Disse a rosa imponente ao espinho:
- A natureza fez de ti meu súdito
E aos meus pés
Proteges-me, com tua lança em riste.
Respondeu o espinho sapiente:
- Enganas-te, adorável rosa,
Sou apenas a realidade,
Da vida de sonhos que prenuncias.
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Alguma coisa
Perdeu-se,
No início
Da minha vida.
Chora no escuro,
Sem saber a razão.
Busca o futuro,
Mas o tempo é sua prisão.
Ecoa,
Distante e dolorida,
Sem ter como curar
Sua ferida.
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Teu corpo e o teu encanto...
Espaços mortos tua luz inunda.
Na tua dança me levas clandestino.
Em teu corpo ecoam meus desejos.
Ávida de tempo vais em busca do espaço.
Preso a ti, oh! ave branca, danço parado.
Tua teia: o chão, as luzes e o compasso.
Aprisionas a Beleza e eternizas teu cansaço.
Quando a música findar, irão meus sonhos.
De certo, aplausos não dirão o que senti.
Fechando suas asas, o coração ferido,
Sepultará, no breu do palco, vil ilusão.
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Um Pai é estágio propulsor
De foguete disparado
Buscando as alturas
Até ser descartado!
Filha, recém emancipada
Orbite tranqüila, no seu éter inexplorado
Nunca, jamais, volte os olhos
Para o Pai, bólide apagado!
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6
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Duas cores vibram ao pulsar dos tambores,
Samba na ginga do corpo e carícia dos pés,
No asfalto, noite com estrelas de confete.
O sangue deixou meu corpo e está na avenida,
Branco torpor de iminente desmaio é seu par.
As cores ferem o espaço: eis a vida!
O samba fez arco-íris da tormenta,
Acorrentou num só corpo tantas vidas,
Fecundou a paz com sementes de paixão.
São todos irmãos, da mesma mãe Folia,
Dançam e ornam belas fantasias,
Da "Voz do Morro", do Rio bem Claro da alegria!
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Quando
nascem são botões,
Que ao Sol,
Põem-se a desabrochar.
Quando
adultas são flores,
Que nos seduzem
Sem parar.
Quando
amam, geram frutos,
Que nos sucedem
No lidar.
Quando
Mães, apenas sombras
A proteger
Em todo lugar.
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Pode ser que a única certeza seja a dúvida.
Inexplicáveis mistérios maiores que a nossa mente.
Talvez uma fraqueza admitida seja a força maior.
Luta contínua entre o corpo e a razão.
É provável que participemos em todas as arbitrariedades.
Intrincada mega estrutura social ultranacional.
Não é difícil que a civilização esteja involuindo.
Padrões de valores herdados sem questionamentos.
Tento gritar contra isto, mas o som não fere o ar.
Tento escrever contra isto, mas a luz não navega mais.
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As emoções retidas em indeléveis registros,
Não serão esquecidas, quando perderem significado.
Os amigos, inimigos e parentes são estimados,
Para que possam alterar meus ocorridos.
As grandes lições, obtidas da vida são úteis,
Para mostrar minha insensatez, ao serem revistas.
As grandes paixões, que não foram correspondidas,
Agradeço, pois seriam mortas pela vida a dois.
Os sonhos que não foram meus realizei,
Aqueles que me estimularam, continuam esperança.
Assim, entre o quase certo e o pouco errado prossigo,
Lutando até tornar esta vida improvável, numa morte de fato.
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A alma sangrando tristezas,
Corpo exalando pobrezas.
Os braços só sabem pedir:
Tudo! Pois o nada os habita.
Crianças jogadas como dados
Viciados, do jogo da vida.
Esboços de vidas, crucificadas nos semáforos,
Sorridentes...
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O frio e a chuva fustigam meu corpo,
Mas trago no bolso um óculos de sol.
O juiz da partida é um filho da puta,
Enquanto não soa o apito final.
Meu sonho, sem encantos, entrou em liquidação.
O céu acabou de se por no horizonte
E uma lágrima de fogo escorreu,
Afinal!
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O dia se mexe, no ventre da noite.
Seu brilhar, então dormente, espera.
Quietude...
Nas trevas, magos projetam o caos.
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A cadeira vazia marcará seu lugar.
A poeira do seu quarto,
Falará da sua ausência.
Os brinquedos da sua infância,
Chorarão seu abandono.
Em tudo! o nada que ficou
Só lembranças...
Pedaços de um espelho que quebrou,
Que remontamos em desespero
Mas jamais refletirão sua imagem.
Em vão insistiremos em imaginar,
Como seria se não tivesse sido.
Em vão tornaremos a nos encontrar,
No mesmo ponto do nosso labirinto.
Nos retratos de sua infância,
A ilusão de que tudo vai recomeçar
E a sua ausência,
Apenas uma brincadeira
Que já vai terminar.
A vida é livro em branco,
Que se estende ao infinito.
Preenchemos, às vezes em prantos,
Mas só por nós deverá ser escrito.
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O esperar é verde.
O desesperar amarelo.
O amar é branco.
O desamar preto.
O sonhar é azul.
O realizar cinza.
O querer é vermelho.
O poder furta-cor.
O viver arco-íris.
O morrer: sem luz.
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Tem dias:
Que quero ser tatu,
Noutros gaivota.
No entanto, em tantos,
sou.
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Os olhos,
Vagando no espaço,
Perdem-se.
Em seu lugar,
Fragmentos da vida,
Visões do passado,
Surgem.
E a vida,
Aguarda indiferente,
Num canto.
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A decisão foi difícil,
Mas o vento que me açoita,
Mantém minha lucidez.
A paisagem escorre no espaço,
Como fugindo de mim,
Agora mais solitário do que nunca,
Mergulhando no vazio...
Contenho o pânico,
Para me manter atento,
Enquanto a queda,
Me mantém livre.
Sequer deixei bilhete,
Pois o tenho escrito,
Desde que nasci:
Minha alegria
Foi maior do que a realidade
Pode me dar.
O chão me acolhe num abraço.
Trevas.
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Em auroras pálidas de um azul oculto
Brotam dádivas divinas do fim do Mundo
Que deixamos inertes, ao anoitecer...
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Eram motivos de experimentos,
Apesar de tantos lamentos.
Viviam reclusos,
Por motivos confusos.
Sofriam maus-tratos,
Que não constam nos relatos.
Serviam à Ciência,
Com total inconsciência,
Do que a eles acontecia.
A multidão em fúria doentia,
Invadiu o Instituto Royal,
Etecetera e tal.
Todos nos sentimos mal,
Ao ver que a verdade,
Aparecerá só mais tarde,
Quando os Beagles roubados,
Estejam todos adotados.
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Palavra,
Prostituta!
Possuo-te no lençol alvejado,
Da folha ainda vazia.
Assumes sentidos caleidoscópicos,
Quando minha pena te acaricia.
Deixas tua morada,
Nas filas do dicionário,
Para ser minha namorada,
Paga em numerário.
Em orgia,
Busco mais palavras
Para criar minha poesia!
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