LadyRapeHeart

Lamentações do Diabo


Ensanguentado Ceifeiro tristonho
Guerreiro imerso em saudades,
tome meu espírito, leve-o à sombra dos vales
onde minha Virgem dorme em sonhos.

Pobrezinha, pereceu em tristes feições e a melodia
de Seu andar, percorre minha penitência.
É a sintonia da Morte, minha cantoria.
É o carinho eterno d'uma desonrada inocência!

A Beleza repousante em tão branco caixão,
foi, em tempos de Glória, Senhora de minh'Aurora.
Nossas auras, unidas, já flutuaram por este chão
onde a Morte faz de seu Gozo esta triste hora.

Descoloriu-se, Ela, o veneno de minha solidão,
descoloriu-se, também, com Ela, nosso jardim
de púrpuras margaridas. Do que era Eterno, fez-se Fim.
De lembranças dela, vivem apenas rosas em meu coração.

A Dança dos Mortos


Quando surge teu espírito em meus retratos
Transforma minhas veias em asas de borboleta
Flutuo sobre o lago da Perdição, no Azul de teus laços
Sob o aviso da Eternidade, d'um pôr-do-sol violeta.

A escuridão devora-te em nossos lençóis
E o saboroso branco dos beijos tomam lascívia
Por minhas lágrimas, lutuosas por nós,
por nossa noite, por nossa Lua, doce melancolia.

Em uma vigília cruenta, austera,
Diana, ora chora, ora sorri, condolências exorbitantes.
E assiste, em sua solitária esfera,
à trágica agonia dos amantes.

A contemplar os pingos de vidro seráficos da Noite,
a Senhora nos observa, muito sádica, a Sequiosa.
Os passos epilépticos de um Anjo despido de imagens
semelhante a Cristo pela via dolorosa.