manoelserrao1234

ILHOSES [Manoel Serrão]



Feito alma.
Feito carne.
Feito dor.
Feito santo criador?

Oh! Desatam d’alma os nós das personas quão os opostos da incônscia, ó bardo?
Azo a sós, dê-se em essência parido, teces, opilas pelo bico da Parkinson jângais (dê) versos idem léxicos que os alinhavais a ponto perfeito?

Não o ranço? Não o vil escárnio que o encana entoado, vertendo rimas, esputa versos em escarros.
Oh! A de não tê-las n’outras cartilhas o verbo ser-dor sido purgado, alma arreboza para sê-la carne?

Vês? Vês que dor se for [do que duvido!] por não saber-se dor e não saber-se o nada, não é dor purgada a dor quê não se guarda: não é verbo conjugado; nem anima sofregada para
sê-lo arte encantada.


Vês? Vês que dor se for (do que duvido) não é dor para sê-la cria;
Não é carne para sê-la afim;
Não é alma autista para ser às sós: nem verbo cavo, martírio que não se faz.


Feito dor.
Feito verbo.
Feito carne. 
Feito alma malcriada?

És preciso tu, ó Narcísico [a], espelha rasa aquém do útero, fragma d'um Eu despedaçado, venera estampa, refugo da carne afeada, que o pensa sê-lo: o "nell'oblio" remido; o frame ali por um segundo: o mito no rito da punga, a gira; a blague imaginária para o desengano; o verbo tosco, opaco, ultor? Ó sede vós além dos umbrais ancestrais dos vossos avós.

És preciso tu, ó Escárnio infame, escória que o pensa sê-lo, mais que tudo: o Deus, o Verbo e o Nada? Sido purgado, verbo ser essa dor; alma e carne depurada; poesia para ser arte? Ó sede vós além dos nós alinhavados dos vossos ilhoses.


Então, ousas a ti dizeres, ó bardo? Ou é-me essência parida? Ou de fenestra a ambrósia dos mortais.


*"nell'oblio" [Língua itáliana = esquecimento]


Comentário: Inês de Castro intelectual e fotografa.



Date: Mon, 24 May 2010 09:38:56 -0700

From: [email protected]
Subject: câmbio...câmbio...
To: [email protected]

Caro amigo Esse bate papo é muito legal. Percebo, porém que meu ritmo não acompanha o seu. Vc se comunica com muita gente. Eu não. To vivendo enclausurada no Arpoador, é mole?

Vou tentar passar uma mudança que percebi nos teus textos. Ñ é uma análise literária, apesar de eu ter estudado letras na USP (ñ me formei, é claro).achei engraçada a sua mudança de estilo e norma conforme o veículo. Foi nesta ordem que as percebi:· Na poesia vc se expande.  Vc fala na interseção dos planos universal/individual. Seu inconsciente (Junguianamente falando) se apodera de suas línguas, de sua palavra, de sua parole (Saussure) que são lançadas nas ondas reais e virtuais da grande rede. Aqui a norma ñ é culta nem inculta, aqui vc é Serrões. Vc as declama tb, nas tertúlias da Ilha?· Nos e-mails, vejo o advogado formado no Recife: norma culta, plano universal, formal, barroco quase pomposo, um discurso imponente e impressionante aliada a uma certa malandragem de comerciante que eu já havia ouvido, mas nunca lido. Lembre-se que o pai de minha filha era um pernambucano comunista e político que, aos 15 anos ganhou um concurso de oratória da Assembléia Legislativa de Pernambuco com o tema da prostituição, defendendo as putas e concorrendo contra políticos adultos conhecidos. E olha que eu acho os meus e-mails formais demais (rimou).· Não sei como se chama aquela conversa escrita on-line que nós tivemos. Pois, é. Ali eu reencontrei o velho Serrão que eu conhecia de ouvido com sua linguagem cotidiana por um lado muito maranhense, por outro trazendo outras vivências e uma pitada das formas acima descritas, tudo isso no plano individual e informal. É coloquial, regional, mais a pitada de apuro.  Eu sei que sou lenta e complicada, mas não tinha, até então, me aberto com ninguém. Tenho esta trava com "autoridades constituídas que me atrapalha muito.  Serrão, responde, vai!Bjs,Inês 

NOTA: Na imagem [Inês de Castro, João Batrista do Lago e Manoel Serrão] às margens do Rio Una, Cidade de Morros [MA] .



Valmiro Silva "Monstro"....vc! Uma pena, q o usuário do FACE só enxerga fotos. Se fosse uma foto teria umas 300 ou mais curtidas. Agora, uma MAGNITUDE dessa, no máximo, umas 10 curtidas...😪 Fazer o q De quem é a culpa ! CALMA!! Não estou lhe agredindo meu poeta!! Sei q vc é uma ESTRELA e q apenas se diverte com nossa ingenuidade... [Comentário Facebook – Dia 09 de outubro de 2019].
 

D’OSGEMEOS [Manoel Serrão]


https://c1.staticflickr.com/3/2065/1806802918_e66c0b96cb_z.jpg?zz=1

Ó “Poseidon” -, D’us dos Mares -, Guardiã das Águas profundas e das marés rasas.
Ó tu imortal que ao sal das vagas emerge das entranhas líquidas, que desaba em fúria severa sobre o tombadilho, e quão um punho em brasais, esbatia-se contra o rochedo do "Náutilos": arremessa-o contra o tempo pelo eterno; desafia-o num só gesto à morte; e, atormenta-o nos interiores pelos seus contrários o mundo ao redor.

Ó inda que mal traçada a rota pelo azimute, acaso D’us, viste-os vencidos? Vês são bravos “Vernes” rumo às “Ilhas” desérticas de suas almas etéricas. Vês, lá d’onde o homem-criança [os bons], reinventa o mundo, povoa-o, fecha-o e nele em claustro na caixa Nau se encerra, e a tornar-se retina viajante, é a mesma Nau que, de leve, afagam infinitos e causa amiúde partidas.

Ó Bendicto! Não vês? São heróis mortais sem desonra -, escutai-os e guardai-os só para vós no coração: por que não poupais os bons e os maus mandem-nos a purga de Hades? Ó se até o “Celeste” que outrora fora ao pique em cresta e brasa, nem à cais do porto – o destino -, a Sagração o salvara? Ó se até o “Bateau ivre” de Rimbaud, a exora, nau que se dissera “eu”, e, liberto de seu banker, fizera do Homem-pequeno homúnculo das sombras, passar de sua caverna a uma sublima alma poética?

Ó vês, inda que suprima da matéria o homem e deixeis a nau às sós: nada escapará ao ectoplasma, nem mesmo o mais remoto esférico e liso dos Universos infinitos.

Então, espiais? De Gaia, o Ponto virá a ti...

Ó "Eólio" -, D’us dos Ventos -, ó tu imortal de os teres consigo a soprar-lhe as vê-las do reino humano até voar: o vento suão; o furacão; o temporal; o vento gélido; a tempestade; e, o vento cáustico às vossas erigidas ameias aos céus do Olimpo ruiu - o destino – virara estrelas encarnadas e a imortalidade quebrando as madrugadas o alcançara.

Ó D’us que o indago e proclamo ser teu aliado: e que homem sem sonhos aos céus pode chegar? Por que não haveria de vagar pelos campos à colheita do sonho? Nossos sonhos são como um sopro dos ventos, mais que tudo precisão: a própria vida do Ser que se quer ser existido.

Ó imortal, como me vos desfizestes! Não vedes que nós, mortais são-nos destinos, e nossos dias de imortais são-nos contados.

Então, espias? De Gaia, Urano virá a ti...

Ó d’osgemeos” fúria do vento e do mar, entre - humanos e divinos – os diferentes, urge-te do estro unguento da poesia quão o sábio Gilgamesh o mais antigo que o Dilúvio – o épico do poema. Sim! Aquele que tudo vira que singrou os mares, que soubera de todas as coisas, e fora aos céus pelos ventos.

Então, espiais? De Gilgamesh, a Poesia virá a ti...

Ó dize-o tu, severo Mito? Por que acusas os mortais dos sonhares e do mal que há imortal no homem não vos dás a cura? Acaso vós sabeis dos mares vindos da corrente que os arrastam para longe, para sempre, a rota de voltar à morte para a vida, o caminho?

Acaso vós sabeis? Sabeis? Ó severo Mito, assustado, sabeis dos reveses que vos afliges quão o rito de mantê-lo à tona vivente no presente revivido?

Então, espiais? Do Rito, o Mito virá a ti...

Ó d’osgemeos dos mares e dos ventos, acaso procurareis vento no meio dos ventos? Água no meio dos mares? Ó se ali Deus imortal dela vos serás; morto ali o homem em vão dela não serás.

Ó D’us imortal “Poseidon”, agora que somos vida para amar. Ó D’us imortal “Eólio”, agora que somos sonhos para sonhar.

Ó que sejamos Vida e Sonhos, não vês? A Vida no “Berçário da Evolução” a ti virá dos Homens!
Mas dos Homens que devemos aprender a morrer para o que somos, e renascer pelos sonhos.

Então, espiais? Só assim, de Zeus, o Olimpo virá a ti...



 

 



 

 

ÓCIO [Manoel Serrão]






Ócio... Ócio...

Ócio só é dócil se conciso.
Senão: vira ópio, negócio,
Divórcio ou caso de hospício!



SES’SEN’TA [Manoel Serrão]




Ó qu’eu por amor à ti vida, não fiz?
Se por ti me fiz uma janela aberta sobre o mundo fechado afora;
o verbo errado para o acerto da borracha; quão o verso avesso arriado aposto à rima do Parnaso.
Se por ti me fiz busca além dos edifícios de concreto sujo e das minhas ruas descalças pela absolvição do cadafalso; o silente dorido que sofre, cala e berra, quão a diferença do ser que É ser-de-pois-quê, o ser que fala.
Se por ti me fiz verdade quase impotente para mentir? Quão o dom do ser criador, o dom que faz do desejo, sacrifício; o gosto desconhecido de água e sangue sem sabor, meu próprio gosto de ser existido;

Ó qu'eu por amor à ti vida, não fiz! Se por ti me fiz o sono leve, o sonho, e o pesadelo; a luz e a sombra. Se me fiz pouco a pouco a paz e a escuridão sem medo da noite;  

Se me fiz o Sol, o céu preclaro, o sal, o cio, dias rútilos –, sementes; plantei-me em ipês de floradas amarelas. Se me fiz o modular do bem-ti-vi cantador, e o revoar do colibri  beija-flor.

Águas... águas de abril, chuva benta, rios correntes, me fiz o vaivém das ondas e dos mares n'áreia: me fiz oceanos e os litorais. me fiz o protoplasma d’onde advém ao mundo: o homem.

Se me fiz creu, increu, o São Thomé descrente;  a rocha fraca, o riso forte, o fogo-fátuo. Se me fiz o sulco-do-cenho, a lepra da face quão a cura no amor que grassa.
Fiz-me a [I]mago, a purga de Hades, o ósculo amagor, o Eden-, Fiz-me o Pai, o Filho, o Espírito, o Santo belo da dor.
Construção... obra em curso: o ninguém por merecer, valer a pena conhecer-, Fiz-me a essência, o existir do ser acontecer. Fiz-me prantos e revoados cantos, os “Todos” e os “Nenhuns” do meu onthos, - fiz-me o apego, o liberto, o desejo e o desapego. Ó incompreendido? Fiz-me ser a compreensão do Ser que se descobre até no aquilo que aparece como já tendo sido. Ó  vida, tenho pressa.
Tenho pressa? Não vês que o tempo urge para o quê me resta?
Não vês que pó pra sê-lo uma só prece no poema é o que me presta?  
Não vês que todo o homem não é mais que um sopro, tenho pressa? Ó tempo, diz-me: o que me resta? O que me resta?
Ó nada há mais são na minha carne, mas devora-me a carne? Nada há intato nos meus ossos, mas quebra-me os ossos?
Inda débil, couraça coberta de pelos e as cãs povilhadas de neves... Ó tempo, perguntas em aberto: o futuro? É o hoje! Ó não dei voltas, não escondeis da vossa face o oblívio da morte! Ó tempo, eu juro, à fé em D'us, sem pressa aos ses’sen’ta chega árdego sem espera! Ó onde nada mais se repete, já me pesas! 

 



Esta obra, ora analisada, dispõe de um palavriado ‘alienígena’ muito pertinente às ideias diferenciadas de Serrão, em sua construção lírica. Até, muito pertinentes às escritas por Gaston Bachelard: "O exterior e o interior formam uma dialética de esquartejamento, e a geometria evidente dessa dialética nos cega tão logo a introduzimos em âmbitos metafóricos. Ela tem a nitidez crucial da dialética do sim e do não, que tudo decide. Fazemos dela, sem o percebermos, uma base de imagens que comandam todos os pensamentos do positivo e do negativo". 
 
Isto é, Serrão é grandioso em sua construção e desconstrução pseudo-oníricas quase perfeitas, como cirrostratus: (Ó qu’eu por amor à ti vida fiz-me o verso a borracha, a escrita poesia, o corpo e ánima: [a] fala e o Sujeito com a palavra. Fiz-me o zéfiro, a tormenta, a bonança e os temporais; o sono, o sonho e o pesadelo, o ruído e o silêncio, a luz e a sombra, a rosa dos ventos. Fiz-me pouco a pouco a paz e a escuridão sem medo da noite. (...)” . / Construção... obra em curso: o ninguém por merecer, valer a pena conhecer-, Fiz-me a essência, o existir do ser acontecer. Fiz-me prantos e revoados cantos, os “Todos” e os “Nenhuns” do meu onthos, - fiz-me o apego, o liberto, o desejo e o desapego. Ó incompreendido? Fiz-me ser a compreensão do Ser que se descobre até no aquilo que aparece como já tendo sido. Ó  vida, tenho pressa. (...)”.

A beleza da obra de Manoel Serrão da Silveira não diz respeito, apenas, à solidão reencarnada de Horácio ou à metafísica do inconcluso construtiva ou desconstrutivo de Bachelard. Mas sim, na forma portentosa da criação, onde fatores ortográficos acabam não se misturando com o fator temático, quase que tecendo uma lírica sob efeito de uma – dialética (que) nos cega tão logo a introduzimos em âmbitos metafóricos - como escreveu esse filósofo e poeta francês em A POÉTICA DO ESPAÇO, pg. 215.  

Mhario Lincoln                                                                                   
Presidente da Academia Poética Brasileira                                          
Curitiba, 14.02.2018.


Mhario Lincoln é editor-sênior da www.revistapoeticabrasileira.com.br - Acredito eu que a POESIA e a Literatura especificamente, deveriam ter um tratamento mais razoável neste País chamado Brasil. Que não só os folhetins novelescos repetitivos e enfadonhos a se perpetuar, cada vez mais, no ilusório coletivo. A poesia deveria (como estamos tentando fazer em nossas publicações) ter um lugar especial. Por exemplo, Antonio Candido de Mello e Souza, sociólogo, literato e professor universitário brasileiro, estudioso da literatura brasileira e estrangeira, pensa igual: 'A literatura é pois um sistema vivo de obras, agindo umas sobre as outras e sobre os leitores; e só vive na medida em que estes a vivem...'. Então, se não há produção literária, não há leitores e não havendo leitores, não sobrevive, por si só, a literatura.(...)" #domeulivro ML

Mhario Lincoln é editor-sênior da www.revistapoeticabrasileira.com.br






CANTEIROS [Manoel Serrão]






Em canteiros de versos ensolarados,
Plantei um jardim de poemas.

ALGUÉM ME DISSE! [Manoel Serrão]



 
DEDICO-O IN MEMORIAM DO MEU PAI             
[AGAMENON LUCAS DE LACERDA]
 
Com o arco-íris que não sonhei pensar...
Alguém me dissera: um dia as cores iriam mudar.

Falou-me que as haveriam de desbotar.
E deu-me um sábio conselho:
Cumpre-a com amor e ternura, e haja o que houver, honre-a, custe o que custar.

Cego de mim não "ouvir" e sequer "encarei" seu terno olhar.
Duvidar do que o Homem dizia? Duvidara!
E a vida rio ao mar,
Me fez saber pelos braços do destino, caminhar...
Hoje sem poder abraçá-lo, e, sem duvidar do que o Homem dizia:
De saudade choro até soluçar!




 
 
 

 

O DESDÁ-O-NÓ [Manoel Serrão]




Qu’inda à escave.
Qu’inda à esterque.
A vida, mais que tudo:
É sempre O ater-se,
E nunca O atar-se.



Esta obra, ora analisada, dispõe de um palavriado ‘alienígena’ muito pertinente às ideias diferenciadas de Serrão, em sua construção lírica. Até, muito pertinentes às escritas por Gaston Bachelard: "O exterior e o interior formam uma dialética de esquartejamento, e a geometria evidente dessa dialética nos cega tão logo a introduzimos em âmbitos metafóricos. Ela tem a nitidez crucial da dialética do sim e do não, que tudo decide. Fazemos dela, sem o percebermos, uma base de imagens que comandam todos os pensamentos do positivo e do negativo".  

Na minha interpretação geral, como pintar uma tela com um milhão de cores invisíveis, porém, com a sensibilidade indelével de se fazer notar a olho nu. Leia: 

“Qu’inda à escave./ Qu’inda à esterque./ A vida, mais que tudo:/ É sempre O ater-se, / E nunca O atar-se.”. 
Este é Manuel Serrão que Thomas Stearns Eliot deveria ter conhecido, se em carne e osso ainda aqui estivesse. Talvez reforçaria a sua frase ódica mais lembrada entre os poetas: 

“Um clássico só pode aparecer quando uma civilização estiver madura, quando uma língua e uma literatura estiverem maduras; e deve constituir a obra de uma mente madura. E a importância dessa civilização e dessa língua, bem como a abrangência da mente do poeta individual, que proporcionam a universalidade. (...)”. 

Mhario Lincoln                                                                                   
Presidente da Academia Poética Brasileira                                          
Curitiba, 14.02.2018.



Mhario Lincoln é editor-sênior da www.revistapoeticabrasileira.com.br - Acredito eu que a POESIA e a Literatura especificamente, deveriam ter um tratamento mais razoável neste País chamado Brasil. Que não só os folhetins novelescos repetitivos e enfadonhos a se perpetuar, cada vez mais, no ilusório coletivo. A poesia deveria (como estamos tentando fazer em nossas publicações) ter um lugar especial. Por exemplo, Antonio Candido de Mello e Souza, sociólogo, literato e professor universitário brasileiro, estudioso da literatura brasileira e estrangeira, pensa igual: 'A literatura é pois um sistema vivo de obras, agindo umas sobre as outras e sobre os leitores; e só vive na medida em que estes a vivem...'. Então, se não há produção literária, não há leitores e não havendo leitores, não sobrevive, por si só, a literatura.(...)" #domeulivro ML

Mhario Lincoln é editor-sênior da www.revistapoeticabrasileira.com.br

[EN] CURRAL [ADO] [Manoel Serrão]





DE S EMPREGADO.
S EMPRE-GADO.

O FLUENTE & O CONFLITO [Manoel Serrão]








Para o Amor confluente
?

Até que a morte os separe.
Para o Amor conflitante?
Chá de sumiço!!!!

NEO-TV [Manoel Serrão]





Ora vê, e não lê!
Ora lê, e não crê!
Ora enTreVer
E e
ntreter!

Ora Eu estou aqui,
Ora Eu sou Eu e,
Ora Eu sou você.

Ó quem ti viu, quem ti vê, neo-TV!
A tua "verdade derradeira"?
É paranoica e meia!


NARCISICA [Manoel Serrão]








A beleza está no que é sutil.
Mas se narcisica e espelhada,
Acaba feiosa alma pesada.


 

POR CONTA E RISCO [Manoel Serrão]



Por conta e risco
a
   r
     r
       i
         s
           c
             o
      Um poemA [r]
                      Arisco.





ONTOGÊNESE [Por: João B. do Lago] . [Ao poeta Manoel Serrão].



 


Eu louco sou apenas minha solidão.

Eu louco sou apenas um continente.
Eu louco sou tão somente o homem.
Mas eu louco sou a miséria,
Sou a fome, sou a alegria, sou à distância.
Sou uma coisa solitária.
Eu louco sou o universo,
Sou uno, sou um, sou o outro e o nenhum.
Eu louco sou Luna [Ericsson].
Eu outro Niesztche [Friedrich].
Eu sou serra,
O Highlander... A multidão...
Sou Serrão na amargura das minhas noites.
Nas dores dos meus dias, nas alegrias das minhas infelicidades.
Eu outro sou a ontogênese da desgraça do homem.
Eu outro sou inferno e céu.
Eu outro sou Deus e o Diabo.


Nota: [“João Batista do Lago, maranhense, pode ser considerado, atualmente, um dos mais completos poetas e cronistas do Brasil, haja vista a consciência plural e significativa de sua intuição cultural, fato que o faz passear entre musgos históricos gregos e o modernismo clariciano, espargindo o pensamento poético alemão, americano ou inglês, sem esquecer-se das taças Sab ore antes dos vinhos que inebriaram o cismar dos poetas franceses como BAUDELAIRE (Charles Baudelaire), MALLARMÉ (Stéphane Mallarmé), FRANÇOIS COPÉE (François Édouard Joaquim Copée) e MUSSET (Louis Alfred de Musset) – o poeta do amor. Como eu, o Maranhão e o Brasil também, crêem, se orgulha de João Batista do Lago, uma das maiores expressões literárias do mundo moderno. Fato que, realmente não deixa a desejar se comparado a nenhum dos franceses acima citados”. Marconi Caldas Poeta, escritor e advogado São Luís – Maranhão – Brasil 2007].

 



SIGMA [Manoel Serrão]




                                                                   







EnquAnto 
         AlfA GAma:
         ABeta Ama.

AFAGO POUCO [Manoel Serrão]



Afago que não passa troco.

Afago que sonega o outro:
É poço que afoga o choro.
É vento que apaga o fogo.
É fel que amarga o doce.

Afago, sonegado ou pouco,  
O que há de não fazer no afogo,
quando o afago sonegado ou pouco,
Não o afaga solto?


Ó tanto mais se si ilude!
A troco d'um afagar,
ao se dar se pensa pouco.
O que há de não fazer chorar?





DELIRIUM [Manoel Serrão]








Distorce-me

O real pelo avesso...
Ó delusao? Mentir para o meu“eu”? Não!
Nunca fui (ao) mundo oposto.

SUICIDÁRIO [Manoel Serrão]



Ó Gaia, adeus! Fui escrever uns versos e, à hora em que imortalizaes este poema, espero já estar banido da poesia!

Estou cansado de viver com tanta felicidade o sal das palavras, vou convencer a minha loucura, e a minha doidivana poesia a denunciar-me por violação ao verbo ser contrafeito à hipocrisia do verbo ter.

Assim, além de perpétua e imortalizada, alcanço na fila dos homens sozinhos, a cadeira "elétrica" da Academia.

Ödipuskomplex [Manoel Serrão]





No caráter, fora Hamlet.

No destino, fora Édipo,
Mas no elo do trágico?
Ó fora FREUD!!!!
 

DÊS] . [CENTRO [Manoel Serrão]




Dês] . [Dês
Dês] . [Centro
Dês] . [Cético
Dês] . [Concerto
Dês] . [Concreto

Dês] . [Dês
Dês] . [Juízo
Dês] . [Parâmetro
Dês] . [Julgado
Dês] . [Engano

Dês] . [Dês
Dês] . [...

Dê] . [Dê
Dê] . [D’ modo ético: o alvo, a meta, o plano.
Dê] . [D’ modo o imanente, o urgente.
Dê] . [D’ modo múltiplo, o plural, o singular, o simultâneo.
Dê] . [D’ modo expressão ao potencial inerente.

Dês] . [Dês
Dês] . [Centro
Dês] . [Nó emergente
Dê D o modo D crescente sem cetro [O] crescente.

BEM QUE NOS QUER [Manoel Serrão]






Todo o saber de si,

É o "mal" maior que o bem nos quer.


 

O SINTHOMA COLETIVO DO SUJEITO [Manoel Serrão]



Prometa-se! Prometa-se! Dê-se em recompensas! Dê-se em recompensas antes mesmo que os pequenos caminhos, as veredas e as estreitas sendas se tornem grandes distâncias sem destinos.

Cheia de conclusões e novos começos, o que quer que tenha estado no seu tempo e na sua energia, o que agora acabou está findo. Doe-se a lembrança de honrar no desafio o Sinthoma [Lacan] do Sujeito e todos os demais perigos das escolhas que os rondam. Tu és a vida, a força, a alegria nada pode abatê-lo [a]. Que algum novo possa ter começo.

Só se pode pensar que sim! Se si pode dizer um não! Que não digas. Que não fales. Que não respondas. Não dizer as coisas até o fim? Não se trata de uma resposta para uma pergunta, mas de algo maior do que a resposta. Sabeis, ó sabeis então honrá-los?  “Resta-nos entre “razões” opostas, “extremos” e radicais”, o totalitarismo e o combate [a reação] – a realidade e sua outra cena - o mar de dentro, o mar de fora, há de suster-se no tempo presente – o sim e o não – o destro e o esquerdo – entre - sempre demasiado abismos até o cume alto do onthos, a cadeia montanhosa dos vossos purificados. Exortados a não recuar ante os contrários, subais com redobrada atenção, mas também com veemente leniência e aspiração o pico da existência e de lá contemplais a finitude da “eternidade” de um por do sol.
 
Sim! Vá e – voilá - sem fille-au-pair creia quando por lá chegardes que a vossa compaixão sejais a arte de abater o frio invasor dos corações de neve, e assim, após, o toque fraterno e solidário na tropa de todas as tribos, tangeis infatigável o vosso rebanho rumo ao melhor dos homens.

Quente e úmida, inóspita, tesouro de grande riqueza é o poder da floresta amazônica com sua biodiversidade, o seu látex, o ciclo das águas e dos igarapés, ao penetrares as suas entranhas, beijais a fauna, abraçais a flora, e sob a regente baqueta da eco-band compúnheis uma ode, uma tocata si fonia que fale de amor e de preservação pela mata da vida. No útero, aprofundais vossa conexão com a natureza, com as estrelas, somos, todos, filhos da Terra.
 
Conquanto ao correrdes vossos olhos para o Oriente segue a Vésper, o bando e a constelação da estrela d'alva.

Ó lançais outro olhar sobre o mundo. Em nada reconheceis como verdadeiro. Não esqueceis da caravana ao atravessardes na solidão do homem em converso segue em fila passo a passo e como tal tudo anda e tudo passa, e que junto a si haverá sempre alguém que te acompanhará em demasia. Seja ao menos cigano, nômade, pária!

O seu - eu sou lida e labor que passo a passo
só o perseverante com a astúcia dos bons propósitos e o bom senso da verdade relativa, vence-a com sangue, suor e a cáfila na vastidão do vosso deserto existencial.

Ao visitares os campos das paixões e amores silvestres fazes do Eu - Teu e de Mim o aroma e do buquê ramalhete do perfume a tua morada, assim como fazes da fartura do cardume, o mel do enxame, da penca, do chacho o néctar que alimenta o beija-flor da t'alma.

No planisfério do atlas ao abri-lo só o faças com o espírito e a xacra iluminados, portanto quando falares da paz o faça numa só língua do abecedário. Jamais percamos a conexão com aqueles que amamos.

Finalmente fotografe tudo e grave, registre como um filme na mente para que jamais esqueçam no álbum da vida as lembranças amareladas do tempo pretérito, do tempo presente e do por vir do tempo perfeito que insiste em fazê-lo partir.

Correndo o mundo, cruzando mares, faz de vós um Crusoé, jamais desista, porque não há uma marine e existem batalhões e batalhas, mas também há perto de mim, de ti e de nós a presença divina do Deus Pai onipresente, onisciente e onipotente que vale por todo o exército e todas as batalhas. Não há inimigo tampouco mau que os vença.
 
Já viste teu o D'US pai nosso que está no Universo em forma una - plena coletiva e substantivada em poesias. Afinal, que mundo queremos?

Manoel Serrão da Silveira Lacerda – Advogado – Professor de Direito – Poeta e Escritor.

NA BASTA TER Q.I [Manoel Serrão]







Dali com Freud

Ou contra Kant,
Mas nunca sem
Da Vinci?
Para Picasso,
Dali há quem pinte!

FOXTROTE [Manoel Serrão]





Ainda andaremos ao léu sem mixórdias e retinas de esguelhas curiosas.
Ainda rumaremos de mãos entrelaçadas sob o sereno orvalho das madrugadas. 

Ainda dançaremos a formosura dos quatros tempos de um foxtrote do Sinatra. 
Toma nota ai?
Em banner, outdoor ou cartaz, pus em letras garrafais o amor no opúsculo do meu coração. 
Agora silente vou falar com Deus.
Volto já!

DÂNDI ATÍMICO [O NADA [A] SER VISTO] [Manoel Serrão]




Desbrio cromo, rude anômalo.
Ethos aléxico, nude atímico.
Xeno-imago, anon-imato o atávico.
Divisa enfadonha da psique e da soma.

Neo-autômato, risus sardonicus.
Dândi inseto, desafeito o afeto.
L’infâme do não-ser o afago.
O héxis no desfrute da Távora.

Voro animi, mori o cordi cida? Suicida!
E eis que medra e habita no vacante o Matrix:
O nada ser visto.
O não-acontecido.
O irreal. O invisível.
O silente insidia tornado exílio que apaga o Outro.





Mhario Lincoln adicionou uma foto e um vídeo.

21 de julho às 21:53 · Minha satisfação é imensa em receber um dos maiores poetas vivos da geração 60. ManoelSerrão SilveiraLacerda. Pessoa a quem respeito muito. Ele mandou-me uma poesia fortíssima, dentro dos axiomas que ele bem sabe interpretar, mas para mim, foi deveras difícil acompanhá-los e produzir esse vídeo em cima de sua "DÂNDI ATÍMICO [O NADA [A] SER VISTO]". Tentei. Meu amigo Serrão, seja sempre bem-vindo. Perdoe-me se não foi como o desejado. Publicarei na página da Academia Poética Brasileira os outros poemas.

Mhario Lincoln é editor-sênior da www.revistapoeticabrasileira.com.br - Acredito eu que a POESIA e a Literatura especificamente, deveriam ter um tratamento mais razoável neste País chamado Brasil. Que não só os folhetins novelescos repetitivos e enfadonhos a se perpetuar, cada vez mais, no ilusório coletivo. A poesia deveria (como estamos tentando fazer em nossas publicações) ter um lugar especial. Por exemplo, Antonio Candido de Mello e Souza, sociólogo, literato e professor universitário brasileiro, estudioso da literatura brasileira e estrangeira, pensa igual: 'A literatura é pois um sistema vivo de obras, agindo umas sobre as outras e sobre os leitores; e só vive na medida em que estes a vivem...'. Então, se não há produção literária, não há leitores e não havendo leitores, não sobrevive, por si só, a literatura.(...)" #domeulivro ML

Mhario Lincoln é editor-sênior da www.revistapoeticabrasileira.com.br







O SAL & A CAL [PRÊMIO POESIA AGORA - EDITORA TREVO - SÃO PAULO] [MANOEL SERRÃO]




A safra do sal em grãos farta a lavra encharca o chão.
Safa-se em sacas o grão-patrão, faz do silo farto um cio em Gaia,
E do latifúndio quão o Olimpo um Céu à mão.

A "safra” da cal a cruz, o poial, o caos de Hades, a escuridão.
Purga o servo O Ser-Adão, a servil Eva sem-terra na precisão,
E da fé a dê lírica ilusão d'Asa Branca partir como um "avião".

O Ser a morte antes que o destino por sorte condene-o à morte?
Chora o lamento, agoniza dorido o martírio... Ó maldita agoniação!
E roga o pio, paga a novena em vão, troca o sonho pela unção.
Mas a gleba cava que não lhe augura o pão? Acaba sem-grão!

Ao passo que o fero infenso cego Cabra da peste,
Em dilatada ira, sem “opor-se ao pão”, cede à boca do cano,
Gira mira, nega o feito o vil no peito e odioso aponta...
Mas a conta que arroga o Amo pela "cava" do chão?
O dedo acaba no Cão!




CRÍTICA LITERÁRA POR: Francisca Ester de Sá Marques, ou como é mais conhecida Ester Marques é atualmente professora adjunta do Departamento de Comunicação Social da Universidade Federal do Maranhão. Possui mestrado em Comunicação e Cultura pela Universidade de Brasília. É autora de vários artigos e do livro Mídia e Experiência Estética na Cultura Popular. Faz parte da Comissão Maranhense de Folclore. Ex-Secretária da Culturaa do Estado do Maranhão. Hoje Assessora Especial do Governo do Maranhão.

A cal e o sal


O primeiro sentimento que a poesia a cal e o sal nos
Desperta é o espanto seco e duro que observamos, por.
Exemplo, na obra Vidas Secas de Graciliano Ramos.
Quando expressa um sentimento semelhante sobre a seca
No nordeste. É uma poesia chocante que nos leva a pensar
A dualidade yin/yang da vida. Para que lado, nós queremos.
Ir?
Depois desse choque inicial, a segunda leitura.
Murmura mais leve aos nossos sentidos angustiados e, no.
Mastigar de cada palavra, descobrimos a beleza latente e.
Abrupta que surge em cada verso. É uma poesia crua,
Densa e crítica, mas ao mesmo tempo, intencional e.
Voluptuosa que nos impulsiona a refletir sobre a realidade,
Sobre as desigualdades, sobre a fertilidade que brota Da.
Terra... que brota do homem.
Nesta poesia, o que distingue a criação da criatura? A
Criação é fruto de uma anamnese sofrida, prenhe de amor,
Pronta a revelar-se/desvelar-se que se defronta com um
Criador que se esconde porque a sua identidade o
Incomoda tal como a realidade carente que o rodeia.

Criação e criatura fundem-se, no entanto, na poesia que.
Encanta e seduz, no equilíbrio rítmico das palavras que.
Despertam o nosso imaginário, na simbologia que fere e.
Incomoda.



Comentário de Lustato Tenterrara em 22 maio 2010 às 17:25 Lindo poema, Poeta. Saiba que muito nos honra tua presença em nossas redes sociais.Parabéns pela brilhante inspiração, tão forte, tão febril, tão crua e nua que teu poema Sal e Calcerca-nos, leitores, com a visão sinistra de uma miséria mil vezes dita e que continua muda em face da falta de consciência dos Governos-Estados, dos países dito "ricos". E são ricos não à custa da fome que assola nosso planeta, pois recente estudo oriundo do Gabinete da Presidência da República (Brasil) revelou que com a metade dos recursos "doados" aos grandes bancos por ocasião da crise financeira de 2009, seria suficiente para acabar com a fome no planeta. Uma vergonha que a fome dos desvalidos irá cobrar no Dia do Juízo, de todos aqueles que, dolosamente, omitiram-se ou deixaram de agir.Um abraço. PS.: A gravura de Portinari, além de lindíssima, inteira toda a trama, dá vida, mais ainda, ao holocausto do século 21. Portinari, com sua tela crua; Manoel Serrão, com suas palavras ferinas. Comentário de Lustato Tenterrara ao poema Sal e Cal, de Manoel Serrão.



Bom dia,

O Prêmio Poesia Agora - Primavera 2019 recebeu, no período de 16 de julho de 2019 a 16 de outubro de 2019, mais de 3.000 inscrições de todo o Brasil. A Editora Trevo informa que recebeu da comissão julgadora, no dia 24 de novembro, a lista protocolada dos candidatos classificados no processo seletivo. 

Parabéns. A sua poesia foi classificada e fará parte do livro, “Prêmio Poesia Agora – Primavera 2019"! 

Para confirmar sua publicação, responda este e-mail confirmando o nome que deseja assinar no poema (seu nome artístico) e o endereço, com CEP, para a entrega dos exemplares. 

Em breve, uma lista dos classificados será divulgada em:

http://editoratrevo.com.br/ premios/ poesiaagoraprimavera2019/

Lembrando que a Antologia Poesia Agora é uma coleção que produz com muito carinho e como outras edições, bem como nossos outros livros, pode ser conferida nos sites:  http://editoratrevo.com.br  e  http://www.benfazeja.com.br. 

Muito obrigado mesmo pela participação!

Seu Editor,
Luís Nogueira

 

Copyright © 2019 *Editora Trevo*, Todos os direitos reservados.

Nosso endereço:
Editora Trevo
Rua Delmar Soares, 65
São Paulo , SP 02625-160
Brasil


Nota: a imagem tela "Retirantes" de CÂNDIDO PORTINARI.




 




O'HARA [Manoel Serrão]





Um píxel na imensidão,
A anos-luz te espero... 

Virei pedra, o elo, o souvenir de borracha.
A "partícula de D'us", o big bang...
Virei a matéria, o ectoplasma,  
O'hara? E tu não passas!!!!

ORELHAS al 'sdɛntes [Manoel Serrão].




Ouça! Ouça! Escute sempre, converse com os olhos até bater com as orelhas nos dentes.







 

O MITO DA SECA [Manoel Serrão]


Na sesma o sol estia, torra, tisna, estila, assola, opila, recrudesce o árido.
Seca a lavra, a sebe, a parelha, o estipe, a húmus, o barro e dissipa a mata.
Na sesma o sol na pedra lasca, o esterco seca, o calhau e na tapera resseca a palha.

Na sesma o sol cego, ceifa a gleba, o perau, queima a roça tocada a fogo pela “coivara”. Seca a bilha, roga a fé, reza a novena, ferra a boca, cala o berro, arrebenta a fome e estorrica a couraça.
Na sesma o sol subjaz do cacto o espinho do mandacaru a flor, e na serra o poial quebrar-se racha.

No latifúndio a chuva abunda, rega d'água o cio o grão que semeia o pasto.
É gota "santa" que faz dar a benta ração para a engorda no curral ao rebanho castro.
No latifúndio a bátega é dádiva que aduba a fécula para o festo lauto do repasto farto.
No latifúndio o dilúvio farta o clã, o feudo e do vil metal a fecunda para o jugo imposto da prata.
É dominus secular imperado pelo grão-senhor da terra; o feudatário que berra: "O Estado aqui sou Eu!”.

No latifúndio a “joia da coroa” é dote "podre" sem igualha, dívida imoral que ceva em saca o silo da safra,
Engorda a díade do amo oligarca, sacia a corte e o legado primitivo da casta.

Na sesma o sol flagela, impõe a dor, o martírio, o claustro, e na caatinga adusta do ser a honra, impõe a penúria, ceifa vidas, ceifa sonhos e amordaça o homem sem Pátria.
São nó e laço que cata e apeia o peão no passo. Cala o berrante, o aboio, e faz Asa Branca adejar sem grão um piar sem graça.

Na sesma o sol faz do pau Ipê cipó cavo sem polirrizo, das folhas restolho que enxameia a terra, e de toda a porção rasa sem chão mão-de-obra escrava.
Na sesma o sol a pino pune na canga - cruz - que pesa como purga à rês do canzil,
Divisa entre cancelas vidas secas tangendo para o êxodo o homem “invisível” retirante sem terras, Ó desterra-o!

Na sesma, a seca é cão sem braço nefasto que mata a soco de côvado sem abraço, e a golpe de língua a morte chega de antevéspera, e anuncia-se!
Na sesma o sol da sexta parte é martírio do corpo e d'alma que descarna da pele os ossos e da "grei" miúda a nervura até que no juízo final o separe, jaz na cova e acaba!

E eis, que entre.
Pedras e cactos.
Destinos e sorte.
Entre
O pó e a cal.
O sol e o sal.
Entre
A luta e a fome;
O martírio e a sede;
O sacrifício e a fome;
A bravura e a sede.
Entre
A servidão e a fome de uma raça qu’inda não receberam da Vida senão a dor, e os restos de migalhas...
Na sexta parte onde a forca da fome demora, o destino é a morte.·. 
  
Imagem: Tela Retirantes Nordestinos - Vidas Secas - Cândido Portinari.




GRAFITE [Manoel Serrão]




Na Selva grafitada...
Ecos de S.O.S nas ruas...
Berram muros!
A vida de lá é bruta!

CHAPEUZINHO VERMELHO & O LOBO MAU [Manoel Serrão]


Ouso aqui divergir da estória infantil intitulada -  Chapeuzinho Vermelho e o Lobo Mau [MAU, o contrário de bom, é adjetivo – portanto sempre acompanha um substantivo –  e tem o feminino má  (plural: maus e más] - sob vários aspectos  sobretudo por ser um grande mal [MAL tem por antônimo a palavra bem e pode ser: [1] advérbio de modo; neste caso fica invariável e no mais das vezes acompanha um verbo ou um adjetivo; [2] substantivo; [3] conjunção] exemplo para todos nós que logo aos primeiros passos do entendimento e do ater-se ao mundo, isto é, aos primeiros raios do processo cognitivo e de assimilação escutamos dos nossos pais, seja na escola, nas pracinhas, nas rodinhas de amiguinhos e por ai afora.

Personagem de ficha policial de longa e vasta quilometragem, o denominado "clínico geral” inconteste, o - psicopata vampiresco - por tantos crimes praticados impunemente no contexto das estórias infantis. A periculosidade deste bandido não poupa ninguém, vai da Vovozinha ao Chapeuzinho Vermelho até chegar nos Três Porquinhos. 


Em primeiro lugar, ao contrário do que possa parecer, a fábula nada tem de inocente tanto no seu conteúdo, como no seu aspecto jurídico e moral, mormente, no que diz respeito aos valores que despertam nas crianças, além de um enredo, em versões mais antigas da história da Chapeuzinho Vermelho, em que a figura do lobo era substituída por seres humanos. Omitia-se, assim, a metáfora do animal para fazer uma alusão direta à perversidade de algumas pessoas.e principais personagens envolvidos no mundo da fantasia. Portanto,  embora pareça apenas a história de uma menina inocente que atravessa a floresta para visitar levando doces e guloseimas a vovozinha e acaba por escapar da armadilha de um lobo malvado, Chapeuzinho Vermelho é uma história infantil que transmite o que lhe parece mais não é exatamente o que lhe parece, senão vejamos:.


O PEDIDO DA MÃE DO CHAPEUZINHO VERMELHO.

Um certo dia, a mãe da menina preparara algumas guloseimas das quais a avó gostava muito, porém, quando acabara de prepará-las, estava tão cansada que não tinha mais sequer ânimo ou forças para andar pela floresta e levá-las para a vovozinha.
Então, chamou a filha:
— Chapeuzinho Vermelho, vá levar estas broinhas e guloseimas para a vovó, ela gostará muito. Disseram-me que há alguns dias ela não passa bem e, com certeza, não tem vontade para os afazeres domésticos. 
— Vou agora mesmo, mamãe.
— Tome cuidado, não pare para conversar com ninguém e vá direitinho, sem desviar do caminho certo. Há muitos perigos na floresta!
— Tomarei cuidada, mamãe, não se preocupe. A mãe arrumou os doces e guloseimas em um cesto e colocou também um pote de geléia e um tablete de manteiga. A vovó gosta de comer guloseimas e  broinhas com manteiga fresquinha e geléia.

DA ANAMNESE DOS FATOS

Chapeuzinho Vermelho pegou o cesto e foi embora estrada afora. A mata era cerrada e escura. No meio das árvores somente se ouvia o chilrear de alguns pássaros e, ao longe, o ruído dos machados dos lenhadores.

A  menina sem ater-se ao perigo que lhe espreitava seguia firme no seu caminho quando, de repente, aparecera-lhe na frente um lobo enorme, de pêlo escuro e olhos brilhantes, assediando-a e perseguindo-a  em face da atração sexual que sentia por menores com o intuito de molestá-la, praticando atos libidinosos de toda natureza na presença do Chapéuzinho. A figura do lobo, nessa fábula, representa o papel de um ser perverso, selvagem e com más intenções. Hoje em dia, seria representado por delinquentes e criminosos que se aproximam buscando uma chance para cometer um crime. Para tanto, em síntese, trata-se a história já bastante conhecida de todos: uma menina vai visitar a avó doente e precisa, para isso, atravessar uma floresta perigosa. No caminho, ela encontra o lobo mau, que lhe pergunta aonde vai e a convence a apostar uma corrida até a casa da avó. Em algumas versões, entretanto, o lobo recorre à beleza da paisagem e às flores para desviar a menina do caminho original. O lobo, tão mal intencionado quanto esperto, ensina Chapeuzinho Vermelho um “atalho” que, na verdade, é o caminho mais longo. Ele consegue, então, chegar antes, devorar a avó de uma só vez e se disfarçar com suas roupas para enganar o Chapeuzinho, e assim, também, devorá-la.

DA RESPONSABILIDADE DOS PAIS

Em primeiro lugar, a questão intrigante que nos vem à baila a ser argüida é por que os pais do Chapeuzinho Vermelho haveriam de forma desidiosa e irresponsável permiti-la, sendo uma infante impúbere, frágil absolutamente só, desacompanhada de uma pessoa adulta que pudesse dá-lhe a devida proteção, completamente refém do acaso e dos perigos inerentes que habitam uma floresta de mata densa, cheia de armadilhas e embustes tivesse acesso apenas para levar à sua querida vovozinha guloseimas e docinhos?

Logo de pronto determina o artigo segundo da Lei 8.069, de 13 de julho de 1990, que dispõe sobre o Estatuto da Criança e do Adolescente e dá outras providências que: “Considera-se criança, para os efeitos desta Lei, a pessoa até 12 anos de idade incompletos, e adolescentes aquela entre 12 e 18 anos de idade”

Na norma consagrada pelo sistema pátrio vislumbra-se no artigo quarto da supra citada lei que:

“É dever da família, da comunidade, da sociedade em geral e do poder público assegura com absoluta prioridade, a efetivação dos direitos referentes à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao esporte, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária".

O artigo 5º do mesmo diploma legal, garante que:

“Nenhuma criança ou adolescente será objeto de qualquer forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão, punido na forma da lei qualquer atentado, por ação ou omissão, aos seus direitos fundamentais”.

Ora é evidente que de acordo com o comando normativo supra citado e transcrito em vigência os pais do Chapeuzinho negligenciaram na proteção e segurança da menor a partir do momento que permitiram de forma propositada que a infante cumprisse o desiderato da mãe, tudo com a mais absoluta anuência do pai, enfim, relaxaram com a segurança, com a vigilância e nos cuidados básicos e indispensáveis a que estão sujeitas e a que tem direito todas as crianças,  portanto, devendo ambos responderem por tal na forma da lei.

Aqui cabe aos pais, o seguinte: Não descuidar das crianças por mais segura que uma situação possa parecer. Por mais que a mãe tenha dado claras advertências à menina, isso não evitou que a vida dela ficasse em perigo. É importante destacar, então, que os pais não devem nunca tomar como certa a segurança dos filhos, por mais responsáveis e independentes que eles possam parecer. “Os pais não devem, em circunstância alguma, tomar como certa a segurança dos filhos”

DO ASSÉDIO E DA TRAPAÇA DO SR. LOBO MAU PARA COM O CHAPÉUZINHO 

É fato notório de que esse elemento de promíscuo a perversão entre uma e outra psicopatia, transita livremente no universo das fábulas. Primeiro foi o assédio de pedofilia [pedofilia - substantivo feminino - perversão que leva um indivíduo adulto a se sentir sexualmente atraído por crianças] à Chapeuzinho Vermelho.

Com efeito, dêsse episódio, só por si, prontamente, a caracterização por conta do comportamento nefando do Sr. Lobo Mau a tipificação de acordo com o artigo segundo da Lei 8.069, de 13 de julho de 1990, que dispõe sobre o Estatuto da Criança e do Adolescente e dá outras providências de ilicitos praticados pelo mesmo, senão vejamos, que: no âmbito estritamente jurídico, a pedofilia é comumente conceituada como o abuso sexual de crianças e adolescentes, ensejando inúmeros crimes previstos tanto no ECA, quanto no CP.
 
Assim, temos no CP os crimes contra a dignidade sexual, possuindo capítulo específico acerca dos crimes sexuais contra vulneráveis:
 
Art. 217-A do CP – estupro de vulnerável;
 
Art. 218 do CP – mediação de menor de 14 anos para satisfazer a lascívia de outrem;
 
Art. 218-A do CP – satisfação da lascívia mediante a presença de menor de 14 anos;
 
218-B do CP – favorecimento da prostituição ou outra forma de exploração sexual de criança, adolescente ou vulnerável.
 
O ECA também trata de crimes envolvendo a pedofilia:
 
Art. 240 do ECA – utilização de criança ou adolescente em cena pornográfica ou de sexo explícito;
 
Art. 241 do ECA – comércio de material pedófilo;
 
Art. 241-A do ECA – difusão de pedofilia;
 
Art. 241-B do ECA – posse de material pornográfico;
 
Art. 241-C do ECA – simulacro de pedofilia;
 
Art. 241-D do ECA – aliciamento de menores.
 
O art. 241-E do ECA trata-se de norma explicativa dos crimes previstos no art. 240, art. 241, art. 241-A a art. 241-D do ECA.
 
Art. 241-E. Para efeito dos crimes previstos nesta Lei, a expressão “cena de sexo explícito ou pornográfica” compreende qualquer situação que envolva criança ou adolescente em atividades sexuais explícitas, reais ou simuladas, ou exibição dos órgãos genitais de uma criança ou adolescente para fins primordialmente sexuais.
 
DO ATAQUE GERONTOFILICO DO SR. LOBO MAU PARA COM A VOVOZINHA

Depois do grave assédio de pedófilia com cena de sexo explícito diante da infantil menina, vem o ataque gerontofilico à vovozinha, donde se conclui claramente a toda evidência a personalidade deste meliante ao invadir a residência da mesma e sobretudo por tentar manter realaçoes sexuais contra a votade da anciã indefesa, e que aos berros anunciava-lhe que caso não conseguisse o seu intento, não pouparia a vida da pobre da vovozinha,  senão vejamos:

A gerontofilia refere-se à atração sexual dos não-idosos pelos idosos. Pode ser a atração sexual de um homem jovem por uma mulher madura (graofilia ou anililagnia), ou de uma mulher jovem por um homem maduro. Pode ser uma atração sexual e erótica hétero ou homosexual. Muitas vezes se observa que tal relação, mais que uma imposição libidinosa, tem outras motivações, como interesse econômico, busca de proteção, carência afetiva, complexo de Édipo ou complexo de Electra etc.O interesse amoroso exclusivo por pessoas em média 40 anos mais velhas e o desejo sexual por características físicas próprias da velhice --como cabelos brancos e pele flácida e enrugada-- podem ser sinais de gerontofilia. A atração patológica é uma parafilia --categoria de distúrbios psíquicos que se caracterizam pela preferência por práticas sexuais incomuns, como o sadomasoquismo e o voyeurismo. "A diferença de idade por si só não caracteriza o transtorno. A gerontofilia é diagnosticada quando existe uma discrepância vulgar --como no desejo por crianças--, e o indivíduo não consegue ter relações com pessoas de faixa etária próxima à sua", afirma Ricardo Barcelos, da ABP (Associa... - Veja mais em https://www.uol.com.br/universa/noticias/redacao/2015/11/13/desejo-sexual-por-idosos-pode-ser-um-problema-entenda-a-gerontofilia.htm?cmpid=copiaecola

A LEI.
Diferentemente do desejo sexual por crianças, a simples atração por pessoas da terceira idade não configura crime. Porém, a violência sexual contra pessoas com mais de 60 anos é um agravante de qualquer ato criminoso. Qualquer ato contra a integridade do idoso resulta em um acréscimo de um terço sobre a pena original. Para denúncias, o Estatuto do Idoso, juntamente com a Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República, disponibiliza o canal Disque 100 --além das delegacias especializadas. Segundo dados do Disque 100, cerca de cem casos foram registrados no Brasil, em 2015.... - Veja mais em https://www.uol.com.br/universa/noticias/redacao/2015/11/13/desejo-sexual-por-idosos-pode-ser-um-problema-entenda-a-gerontofilia.htm?cmpid=copiaecola

Nota bene:

I - À atracção sexual que um adulto dirige primariamente para crianças púberes ou pré-púberes ou perto da puberdade apelida-se de pedofilia, uma variedade de parafilia, estado psicológico que se queda, na esmagadora maioria dos casos, por um desvio da vida sexual normal, sem atingir o grau de verdadeira psicopatia sexual.

II - O abusador sexual só desce ao mundo da psicopatia quando a conduta é praticada com requintes de malvadez, sendo-lhe absolutamente indiferente o mal causado, experimentando prazer com o sofrimento alheio, mostrando-se carente de escrúpulos, apresentando-se imune à crítica e à recomendação de atitudes correctas.

III - As estatísticas revelam que o perfil psicológico do contraventor sexual numa percentagem entre 80% a 90% não apresenta qualquer sinal de alienação mental, sendo penalmente imputável; desse grupo cerca de 30% nem sequer apresenta qualquer transtorno psicopatológico de personalidade, denotando uma conduta sexual no quotidiano aparentemente normal e perfeitamente adequada; só um grupo minoritário de 10 a 20% padece de graves perturbações psicológicas com características alienantes - cf. Ballone, GJ, Delitos Sexuais (Parafilias).

Personagem de longa e vasta “ficha” policial, o  chamado "clínico geral" inconteste, o - serial - por tantos crimes praticados impunemente no contexto das estórias infantis.
 
A altíssima periculosidade deste bandido não poupa ninguém,  vai da vovozinha ao chapeuzinho até chegar aos Três Porquinhos.

Um verdadeiro maníaco e psicopata. Um facínora nocivo, um gângster que há muito é figurinha carimbada perambulando livremente pela magia encantadora do mundo das fábulas.
 
Para quem não sabe, a fábula é uma história narrativa que surgiu no Oriente, mas foi particularmente desenvolvido por um escravo chamado Esopo, que viveu no século VI a.C., na Grécia antiga. Esopo inventava histórias em que os animais eram os personagens. Por meio dos diálogos entre os bichos e das situações que os envolviam, ele procurava transmitir sabedoria de carácter moral ao homem. Assim, os animais, nas fábulas, tornam-se exemplos para o ser humano. Cada bicho simboliza algum aspecto ou qualidade do homem como, por exemplo, o leão representa a força; a raposa, a astúcia; a formiga, o trabalho etc. É uma narrativa inverossímil, com fundo didático. Quando os personagens são seres inanimados, objetos, a fábula recebe o nome de apólogo. A temática é variada e contempla tópicos como a vitória da fraqueza sobre a força, da bondade sobre a astúcia e a derrota de preguiçosos.
 
A fábula já era cultivada entre assírios e babilônios, no entanto foi o grego Esopo quem consagrou o gênero. La Fontaine foi outro grande fabulista, imprimindo à fábula grande refinamento. George Orwell, com sua "Revolução dos Bichos" (Animal Farm), compôs uma fábula (embora em um sentido mais amplo e de sátira política).
 
Por cá Monteiro Lobato habitou o mercado brasileiro de literatura infantil com tipos de fábulas tropicais, misturou cultura nacional à universal, salpicou moralidades menos caretas e injetou doses cavalares de fantasia à fórmula. Foi contra a corrente dos textos para criança de seu tempo, marcados pela  linguagem complicada e pelos personagens estrangeiros em ambientes estranhos à cultura brasileira. Numa recente manifestação, a psicanalista Betty Milan deu a chave do tamanho da vitalidade e atemporalidade do Sítio do Pica-pau Amarelo em nosso imaginário: “À criança européia o adulto ensina com Chapeuzinho Vermelho a não desobedecer e com Pinóquio a não mentir, à brasileira ensinamos com Emília, personagem de Monteiro Lobato, a fazer de conta”.
 
Que murmurem os descontentes! Mas sob o ponto de vista  jurídico e moral não há como resistir o conto sob comento mesmo a uma descuidada e superficial observação, bastando, para tanto, apenas uma leitura focada sob a luz do direito para logo de prima facie subtrairmos do exame do texto hostilizado uma enorme gama de delitos praticados, isto é, crimes previstos e atualmente tipificados no Código Penal Brasileiro e demais normas jurídicas que regulamentam a matéria. Inaceitável a espécie.

DA INVASÃO DO DOMÍCILIO DA VOVOZINHA PELO SR. LOBO MAU [INVASÃO DE RESIDÊNCIA]

Por outro lado ainda mais nefanda é a conduta do meliante Lobo Mau pela enorme gama dos crimes praticados pelo mesmo no malfadado conto. Destacamos o fato de o facínora além de assediar a Chapeuzinho, invadir, adentrar o lar, violando assim a casa, e, portanto, a residência da vovozinha, cometendo a ilicitude tipificada e com previsão legal inclusa no artigo 150 do Código Penal Brasileiro, que assim reza:

“Entrar ou permanecer, clandestina ou astuciosamente, ou contra a vontade expressa ou tácita de quem de direito, em casa alheia ou em suas dependências: pena: detenção, de um a três meses, ou multa”.

Atenção! O local onde a vovozinha morava era um bosque, uma floresta, portanto, local de acordo com a norma considerado ermo, e neste caso de acordo com o parágrafo primeiro do art. 150 do CPB assegura que:

“Se o crime é cometido durante a noite, ou em lugar ermo, ou com o emprego de violência ou de arma, ou por duas ou mais pessoas: pena: detenção, de seis meses a dois anos, além da pena correspondente a violência”.

Também violou o inciso XI, do art. 5º [quinto] da Constituição Federal, que determina:

“a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela podendo penetrar sem consentimento do morador, salvo em caso de flagrante delito ou desastre, ou para prestar socorro, ou, durante o dia, por determinação judicial".
 
É de se atentar que de acordo com a legislação supra transcrito o Senhor Lobo Mau violou normas de elementar cumprimento, in casu, a que garante ser o abrigo, o lar um local inviolável, assim, como também violou a Lei nº 10.741, de 1º de outubro de 2003, que Dispõe sobre o Estatuto do Idoso e dá outras providências.

DO CRIME DE TENTATIVA DE HOMICIDIO DO SR. LOBO MAU PARA COM A VOVOZINHA

Não bastasse o delito supra apontado, o Senhor Lobo Mau também violou o comando normativo do inciso II artigo 14 do Código Penal Brasileiro ao tentar comer a vovozinha, pois ao iniciar a execução do crime, este não se consumou por circunstâncias alheias à vontade do agente, já que o calhorda, o facínora do Lobo Mau foi flagrado no ato pelos caçadores que intervieram salvando a pobre idosa das garras do meliante. Sendo assim, a pena para o caso tipificado é a mesma pena correspondente ao crime consumado, diminuída de um a dois terços.

DO DANO MORAL E DANO MATERIAL

Alfin, a morte em si é medo. Medo da finitude do ser, medo da exigüidade de tempo de uma vida causa profundo trauma imposto abruptamente à grei humana.

O dano moral, espécie de dano extrapatrimonial, é comumente definido como a lesão a um dos direitos da personalidade, como a honra, imagem, nome ou identidade. Em outras palavras, pode ser compreendido como o abalo no estado anímico do indivíduo, capaz de incutir sentimentos como dor profunda, vergonha, vexame, constrangimento e humilhação.


A tutela jurídica sobre o dano moral não é antiga em nosso Ordenamento Jurídico. No Brasil, foi apenas com a Constituição Federal de 1988, em seu art. 5º, incisos L e X, que a proteção finalmente encontrou abrigo, preenchendo tardiamente uma lacuna que já gozava de ampla disciplina no Direito Comparado.


O dano moral, espécie de dano extrapatrimonial, é comumente definido como a lesão a um dos direitos da personalidade, como a honra, imagem, nome ou identidade. Em outras palavras, pode ser compreendido como o abalo no estado anímico do indivíduo, capaz de incutir sentimentos como dor profunda, vergonha, vexame, constrangimento e humilhação.


A tutela jurídica sobre o dano moral não é antiga em nosso Ordenamento Jurídico. No Brasil, foi apenas com a Constituição Federal de 1988, em seu art. 5º, incisos L e X, que a proteção finalmente encontrou abrigo, preenchendo tardiamente uma lacuna que já gozava de ampla disciplina no Direito Comparado.


Destarte, cabe à vítima vovozinha buscar socorro na esfera do Direito Civil para ter assegurada à reparação do constrangimento a que foi submetida através de uma ação de indenização pelo dano moral sofrido, e até mesmo, uma indenização por dano material se algum prejuízo ocorreu em decorrência dos atos praticados pelo autor [Lobo Mau] se comprovada a existência de algum dano à bem material.


Acompanhando a inovação constitucional, de suma importância o tratamento dispensado ao dano moral pelo Código Civil em vigor hoje, que traz em seu artigo 186 o reconhecimento expresso da existência de dano moral ao dispor, ver bis: "Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito" [grifo nosso]. O supracitado artigo, em conjunto com o artigo 927 do referido diploma legal encerra qualquer argüição existente sobre a não reparabilidade de dano reputado como moral, constituindo-se em verdadeira inovação em nosso ordenamento.

 
A propósito, conforme ressalta o Professor José Afonso Da Silva: “A vida humana, que é o objeto do direito assegurado no art. 5o, caput, integra-se de elementos materiais (físicos e psíquicos) e imateriais (espirituais). [...] No conteúdo de seu conceito se envolvem o direito à dignidade da pessoa humana [...], o direito à privacidade [...], o direito à integridade físico-corporal, o direito à integridade moral e, especialmente, o direito à existência.”
 
E continua o Mestre:
 
“A vida humana não é apenas um conjunto de elementos materiais. Integram-na, igualmente, valores imateriais, como os morais. A Constituição empresta muita importância à moral como valor ético-social da pessoa e da família, que se impõe ao respeito dos meios de comunicação social (art. 221, IV). Ela, mais que as outras, realçaram o valor da moral individual, tornando-a mesmo um bem indenizável (art. 5o, V e X). A moral individual sintetiza a honra da pessoa, o bom nome, a boa fama, a reputação que integram a vida humana como dimensão imaterial. Ela e seus componentes são atributos sem os quais a pessoa fica reduzida a uma condição animal de pequena significação. Daí por que o respeito à integridade moral do indivíduo assume feição de direito fundamental.” [sem grifo no original].
 
Portanto, enraizada, a reparabilidade do dano moral no sistema normativo brasileiro e na própria Carta Política, têm-se como certa a sua aplicabilidade em face de qualquer “lesão injusta as componentes do complexo de valores protegidos pelo Direito”, como necessidade natural da vida em sociedade, conferindo guarida ao desenvolvimento normal de todas as potencialidades de cada ente personalizado.

DO DANO MATERIAL

Por dano material deve-se entender aquele perceptível pelos sentidos, ou seja, que se pode ver e tocar. É qualquer lesão causada aos interesses de outrem e que venha a causar diminuição patrimonial a esse outrem.

Como pode ser comprovado, o Sr. Lobo Mau causara grandes preju[izos de ordem material ao patrimônio da Vovozinha, conforme consta do apurado e respectivos comprovantes de avaliação, portanto, deve o autor indenizar a vítima.

DOS CAÇADORES - DO PORTE ILEGAL DE ARMA DE FOGO DE USO PERMITIDO - ART. 14 LEI nº 10.826 de 22 de Dezembro de 2003.

De acordo com a versão dos irmãos Grimm, menos cruel e explícita que as anteriores, a menina quase teve o mesmo fim que a avó, se não fosse os caçadores que salvam ambas, tirando a avó de dentro da barriga do lobo.

Igualmente na esfera penal devem ser punidos também os lenhadores e caçadores por infrigência à lei que regulamento o porte de armas, pois mesmo figurando como heróis na mencionada fábula todos portavam armas de fogo sem qualquer adequação ao rol enumerado que poderia autorizá-los a portá-las, configurando assim no caso ora em tela o uso do porte ilegal de arma, devendo responde de acordo com o Artigo 14 da Lei nº 10.826 de 22 de Dezembro de 2003.

Art. 14. Portar, deter, adquirir, fornecer, receber, ter em depósito, transportar, ceder, ainda que gratuitamente, emprestar, remeter, empregar, manter sob guarda ou ocultar arma de fogo, acessório ou munição, de uso permitido, sem autorização e em desacordo com determinação legal ou regulamentar:

Pena - reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa.
Parágrafo único. O crime previsto neste artigo é inafiançável, salvo quando a arma de fogo estiver registrada em nome do agente. (Vide Adin 3.112-1)
Disparo de arma de fogo.

Do exposto não bastasse o aspecto de ordem legal há também o aspecto de formação moral.

Inadmissível que uma historieta aparentemente inocente contenha elementos de altíssima negatividade, tanto para o crime como para o mau exemplo, induzindo à violência, a astúcia, a mentira, a perspicácia, a falta de respeito, a negligência e sentimentos contrários ao altruísmo humano, já que é comum a prática de adultos, pais, etc., locupletarem-se abusando e explorando crianças inocentes e desprotegidas, e o que é mais grave, em muitos casos chegam as mesmas a pagarem com a própria vida.

Com tantos Lobos Maus por aí, prevenir é melhor do que remediar, pois caldo e canja de galinha não faz mal a ninguém.

Em estrita obediência às normas jurídicas que regem os direitos autorais, peço vênia para a transcrição ipsis litteris do texto abaixo, extraído da página - Contos de Fadas - origem Wikipédia - a enciclopédia livre e bibliografia, senão vejamos:

Diferentemente do que se poderia pensar, os contos de fadas não foram escritos para crianças, muito menos para transmitir ensinamentos morais (ao contrário das fábulas de Esopo). Em sua forma original, os textos traziam doses fortes de adultério, incesto, canibalismo e mortes hediondas. Segundo registra Cashdan (2000, p. 20):

““ Originalmente concebidos como entretenimento para adultos, os contos de fadas eram contados em reuniões sociais, nas salas de fiar, nos campos e em outros ambientes onde os adultos se reuniam - não nas creches. ““

Mais adiante, Cashdan (2000, p. 20) exemplifica:

“ É por isso que muitos dos primeiros contos de fada incluíam exibicionismo, estupro e voyeurismo. Em uma das versões de Chapeuzinho Vermelho, a heroína faz um strip-tease para o lobo, antes de pular na cama com ele. Numa das primeiras interpretações de A bela adormecida, o príncipe abusa da princesa em seu sono e depois parte, deixando-a grávida. E no conto A Princesa que não conseguia rir, a heroína é condenada a uma vida de solidão porque, inadvertidamente, viu determinadas partes do corpo de uma bruxa”.

Ainda conforme afirma Cashdan (2000, p. 23), "alguns folcloristas acreditam que os contos de fada transmitem 'lições' sobre comportamento correto e, assim, ensinam aos jovens como ter sucesso na vida, por meio de conselhos. (...) A crença de que os contos de fada contêm lições pode ser em parte, creditada a Perrault, cujas histórias vêm acompanhadas de divertidas 'morais', muitas das quais inclusive rimadas". E ele conclui: "os contos de fada possuem muitos atrativos, mas transmitir lições não é um deles" (2000, p.24).

São Luis [MA], 16 de outubro de 2019.
 
Manoel Serrão da Silveira Lacerda.
[Advogado - Poeta e Professor de Direito]

ALCÂNTARA (APÓLOGO) [Manoel Serrão]






I - ALCÂNTARA ÁFRICA QUILOMBOLA

Ó Deia negritude Odara! Raça de toda a mais bela quão eterna a noite inteira escura de Ébano que não se acaba!

Ó umbrae noite, q'nda é turva noite escura, Odara! Noite enegrecida, sangria sem tranca que não para; noite iguais àquelas sem a luz do sol oculta nas trevas.

Noite de hasta ferro que os marca; noite cativa sem a alforra que os mata; noite sem consolo e esperança que não se basta!

Noites tempestivas de céu fechado; noites negras noites tão eternas de inferno, noites de negros enforcados na praça. 

Noite por todo o mau nesta terra, Odara? A noite há-de morrer pelo punho da nação sufocada! 
    
Ó há-de morrer sufocada! Há-de morrer pelo braço "servil" dessa raça; há-de ser livre, ser a causa dos filhos 
esquálidos dessa pátria; cúm'lo do martírio escravo e dos grilhões pesados: que mata de morte matada; que mata de morte cansada; que mata de morte escrava. Noites sem dias assim? Por todo o mau, odara! A noite há-de morrer sufocada!

Ó há-de morrer, e toda a nação unida, à luz do sol cintilante, há-de vencer! Ó quão brava gente tu és em teus mártires e heróis contra o açoite, Odara; cum'lo da chibata na carne dilacerada; ferida n'alma; ferida na honra e na liberdade; ferida aberta, inda morte viva que não sara!  

Ó quilombola, Odara! Diviso chão da cafua escrava; cum'lo do passado imutável dos filhos do furor das senzalas sem perdão, toda luta verá a sua luz nascer da escuridão.

II - ALCÂNTARA AMERÍNDIA 


Ó amerindia tribal do tupi e dos naturais de Tupã.
Ó pátria guerreira dos tupinambás livres e leais, que d'ante os arcabuzes, com suas azagaias valentes rasgaram de flechas o céu da ganância sem alma.

Ó Tapuitapera das tabas,
aldeiota saqueada! Tribo da terra dizimada. Ó maldito sejas tu, "civilizador das matas"!

Ó amerindia amantética, a mais formosa Índia da raça. A mais bela dos encantados das matas. Ó nativa, derradeiro vestígio da caça! Ó maldito sejas tu Homem Branco, destruídor! Ó arredais! E jura Tupã: há de trovejar d'outro lado do mar, ó maldito sejas tu, "colonizador das raças"! Ó dá-nos as nossas tabas!

III - ALCÂNTARA LUSA


Ó Lusa realeza d'alva saia! Riqueza do luxor áureo; legado barroco da coroa e d'arte afresco colonial. Ó "Presépio" de opulência poética, ancestral esplendor imperial. 

IV - ALCÂNTARA ERMIDA DE PEDRA & CAL

Ó exuberante, vós que tão logo o sol desponta sobre o golfão, oscula o  Atlântico! Vós que antanho entre ermidas de pedra e cal, vira erguerem-se imponentes casarios, sobrados e moradas; fachadas marcadas por mirantes, sacadas guarnecidas, beirais e portadas.


V - ALCÂNTARA LUAU DE MONTELLO

Ó majestosa que nas noites trigueiras sob o luau de Montelo se revela, e que ao toque das campas tu'alma pujante, nua, levita das torres sineiras, espraia-se ao zéfiro sonhando com o Rei acordada; e quão por encanto das ruínas entranhas, renascerdes vós inda mais bela "como o rosto do céu"!

VI - ALCÂNTARA DIVINO ESPÍRITO SANTO & OS APÓSTOLOS DO CENÁCULO


Ó guardiã do luxo e veste da corte, que o devota, e sobre o manto d'alcativa persa, o cetro ostentas; ó vós que entre ruas, largos e praças peregrina o séquito em multidões sobre a cantaria. Ei-los todos reunidos numa só fé e devoção, por celebrar sobre os Apóstolos do Cenáculo a descida do Divino Espírito.

VII - ALCÂNTARA DIVINO ESPÍRITO SANTO E AS CAIXEIRAS

Ó Venusta senhora, que ao toque das caixas - rufam-se os tambores, saúdam o Eterno, e assim, em uníssona a voz ecoam de improviso rimários de desafios, quão em cantos solenes de ladainhas ao Divino louvores.

VIII - ALCÂNTARA DOCES DE ESPÉCIES & LICORES DE AMORES 
 
Ó vós soberana realeza, que co'a alegria flamante à sombra de uma fecunda história, revela-se de açúcares e de beijos -, sabores em doces de espécies; e quão entre novenas ofertais prendas e licores de amores.

XI - ALCÂNTARA DIVINO ESPÍRITO SANTO & APÓLOGO 


Eis aí! Eis o momento! Contando a essência final desse apólogo de fé e devoção ao povo de Alcântara, ver-se ornado de frutas e amanho de murta e flores, erguer-se o mastro por celebra a corte, e lá do alcândor a pomba no lábaro é o ícone supremo da deidade no estandarte: onde se abraçam o rito que saúda o mito, e se eternizam divinos no tempo.

X - ALCÂNTARA SALVE O ESPÍRITO SANTO.
 
Eu o conto aqui, bem sei a quem. E tenho dito o mesmo: o Espírito Santo falará por todas as bocas e por todos os homens! Ó salve o Espírito Santo e a Pomba do Divino! E viva Alcântara consagrada dama imperial!


Nota 01 - Fundada em 22 de dezembro de 1648, Alcântara está entre as mais antigas cidades maranhenses, precedendo até mesmo a capital do Estado – São Luís. A promessa de visita de D.Pedro II, que nunca se concretizou, gerou uma competição entre Barões para construir, o que chamavam de, o mais belo Palácio para hospedá-lo. Daí o requinte e ostentação da arquitetura original da cidade, que chegou a ser capital da província.
Nota 02: A festa do Divino Espírito Santo no Maranhão é um dos muitos festejos que fazem parte da cultura popular do Maranhão, destacando-se como um dos mais importantes, por sua ampla difusão e pelo impacto que tem sobre a população. Hoje, existem dezenas de festas do Divino espalhadas por todo o Estado, levando adiante uma tradição viva e dinâmica.















TORTUOSA [Manoel Serrão]




ToRtA. 
AsSimÉtRicA.

       I
          n
             c
                l
                   i
                      n
                         a
                             d
                                A...
        A culpA dEsconstrói A verdAde,
                            E constrói  A desculpA.
                            É O desconstruir-do-mais-que-perfeito!


Comentário: A “Tortuosa” dialética do exterior e do interior do Ser esquartejado por
© DE João Batista do Lago:



Comentário de João Batista do Lago [“João Batista do lago, maranhense, pode ser considerado, atualmente, um dos mais completos poetas e cronistas do Brasil, haja vista a consciência plural e significativa de sua intuição cultural, fato que o faz passear entre musgos históricos gregos e o modernismo clariciano, espargindo o pensamento poético alemão, americano ou inglês, sem esquecer das taças saboreantes dos vinhos que enebriaram o cismar dos poetas franceses como BAUDELAIRE (Charles Baudelaire), MALLARMÉ (Stéphane Mallarmé), FRANÇOIS COPÉE (François Édouard Joaquim Copée) e MUSSET (Louis Alfred de Musset) – o poeta do amor. Como eu, o Maranhão e o Brasil também, creio, se orgulham de João Batista do Lago, uma das maiores expressões literárias do mundo moderno. Fato que, realmente não deixa a desejar se comparado a nenhum dos franceses acima citados”. Marconi Caldas Poeta, escritor e advogado São Luís – Maranhão – Brasil 2007].

A inserção do poema, ou do poeta, num determinado campo literário é algo complicado, posto que, quando o Poeta produz o faz a partir da sua - e somente sua - cosmovisão, ou ainda, da sua mundanidade ou mundidade representacional, ou mais especificamente, do seu universo holístico. Contudo, por mais que não queiramos, a literatura exige que encaixemos o texto num determinado discurso. Apesar disso, ouso aqui não intentar, para esta belíssima obra de Manoel Serrão, uma Escola Literária para, assim, fixá-lo nela.

"Tortuosa" é um poema que traduz uma carga de significados excepcional. Mas não só isto: o poema traz, em si, ainda, o conteúdo de seus significantes (também!). Ao inferir este pensamento quero, desde logo, chamar a atenção para o campo teleológico, ou seja, do argumento, conhecimento ou explicação que relaciona um fato com sua causa final. 

E o que é que se relacionam neste poema? Ouso responder: a dialética dos universos "externo" e "interno", que se traduzem e re-traduzem na concretude de entes que se digladiam na extensividade da dialética do sim e do não, aqui entendidos como a construção e a descontrução do discurso do poema-de-si. 

É muito interessante, e salutar, perscrutar este poema mínimo porque, de cara, ele nos revela e desvela uma questão fundante: não é preciso um trem de palavras para se atingir o fato com sua causa final. Neste caso, por exemplo, Manoel Serrão não precisou mais que dezoito palavras para atingir, belíssimamente, a causa final: a tortuosidade assimétrica da “verdade”. 

E essa constatação se torna efetiva na mesma proporção em que o sujeito que fala no poema se internaliza tanto no espaço externo quanto no espaço interno, dialetizando a verdade pelo viés da culpabilidade.

E de posse da "culpa", uma característica da essencialidade da "verdade", produz-se o processo da construção e da desconstrução do Ser e do não-ser: não é à-toa que a palavra "inclinada" vem grafada verticalmente.

Ora, isso nos sugere uma tipologia de torre (seria a Torre de Babel?) construída e desconstruída assimetricamente, isto é, há uma relação de correspondência desse corpo, seja na forma, seja na grandeza, assim como na localização entre as partes existentes de um lado e do outro de determinada linha, plano ou eixo.

"O exterior e o interior formam uma dialética de esquartejamento, e a geometria evidente dessa dialética nos cega tão logo a introduzimos em âmbitos metafóricos. Ela tem a nitidez crucial da dialética do sim e do não, que tudo decide. Fazemos dela, sem o percebermos, uma base de imagens que comandam todos os pensamentos do positivo e do negativo" - (BACHELARD, Gaston, in A POÉTICA DO ESPAÇO, P. 215).

Porventura, não é de fato um esquartejamento visceral dessa verdade "inclinada" se movimentando de um lado para o outro como se fosse um pêndulo sustentado por um fio metafórico ou a representação pessoal da mente do sujeito que fala no poema? É claro que sim!

Mas, quem é que está sendo esquartejado, construído e desconstruído, na verticalidade “inclinada”? É o “O” do último verso.

Eis, pois, aqui e agora, o Ser da construção e da desconstrução. E quem é esse “O”? É exatamente o Homem (homem/mulher), que se auto constrói e se auto desconstrói, numa tentativa desesperada de se fazer sentido, de se dar sentido como o Ser de significados e significantes.
__________
Curitiba – Paraná
11/fev./2009

 

 

MARIA CELESTE [Manoel Serrão]



Ó baixios d’areias, em que poças deságuas o alcanças?
Em que tormentas fustigas, ou borrascas o decolas?
Em que piras o inelutável fogaréu o devoras?
Em que quarto de horas o Celeste náufrago o afogas?


Ó Deus? Avistei destroços a bombordo e esbirros partirem-se no convés;
Avistei botes sem "hóspedes" quão corpos devorados a estibordo;
Avistei corsários entre acenos de S.O.S e lamentos quão almas inflamas através do fogo cruzado!

Deus! Deus! Ó Deos onde estavas que o destino fatal cuspiras em ardentes chamas a nau em águas de abrasado sal?

Ó Deos! Deos onde estavas que avistei em bravo prélio o Celeste brunir em ferro indo da purga ao inferno?
Ó Deos! Diz-me: onde estavas Deus? Onde estavas? Onde estavas que avistei da meia-laranja aos olhos nus de uns para outros rasos d’agua: o medo; o pânico; e, o brado clamor do assombro perpétuo? 
Ó Deos! Ó Deos! Aqui nest'hora? Quedo-me impávido, e, de joelhos aos prantos, sob o plúmbeo céu plissado pálio da Sagração? Ressoar impusente a voz do silêncio distante, quão d'ante o páramo o espectro da nau peregrina solta ao zéfiro; 

Ó juro-vos avistá-la d'ante o mar esbraseado, rubro-corado o quente revérbero da nau invisível  - o fantásmico Celeste -, ardente em chamas, apagar-se, regido pelos sussurros das vozes humanas, os últimos cantos e labaredas nos porões se perder ao longe, à  distância, mergulhar na eternidade de seu sono eterno... 
Ó juro-vos avistá-la d'ante o mar funéreo d'um março o naufrago, a nau sem âncoras perdida entre saudosas lembranças.
A nau vertendo lágrimas, acenando-me adeus... Ó D'us, quão vestuta ausência de tudo!


Ó Deos! Ó Maria Celeste, imortal t’alma solta ao tempo, viverás eterna por barcas à flor das águas, navegantes mares na memória dos homens.  



NOTA: O Maria Celeste foi um pequeno navio cargueiro de propriedade da Companhia de Navegação São Paulo, construído em 1944. Em 16 de janeiro de 1954, o navio foi atingido por um incêndio durante a operação de descarga de combustíveis em São Luís, Maranhão, e afundou após queimar por três dias consecutivos, deixando 16 mortos.



Comentário de João Batista do Lago: Belíssimo poema [A NAU CELESTE]: As imagens que o P. nos sugere são imensas e inacabáveis. Fiquei com a sensação de estar presente àquele cais, assistindo ao desespero de todos aqueles que, de fato, ali estavam, e nada puderam fazer. O grito, do Sujeito do poema, revela a dualidade de um inferno real e de uma metaexistência de esperança que jamais se concretizará em qualquer futuro. Ainda hoje as almas pensam por ali. Olhem o cais à noite e verão corpos boiando agora num mar de asfalto.

Nota sobre o autor do comentário:[“João Batista do lago, maranhense, pode ser considerado, atualmente, um dos mais completos poetas e cronistas do Brasil, haja vista a consciência plural e significativa de sua intuição cultural, fato que o faz passear entre musgos históricos gregos e o modernismo clariciano, espargindo o pensamento poético alemão, americano ou inglês, sem esquecer das taças saboreantes dos vinhos que enebriaram o cismar dos poetas franceses como BAUDELAIRE (Charles Baudelaire), MALLARMÉ (Stéphane Mallarmé), FRANÇOIS COPÉE (François Édouard Joaquim Copée) e MUSSET (Louis Alfred de Musset) – o poeta do amor. Como eu, o Maranhão e o Brasil também, creio, se orgulham de João Batista do Lago, uma das maiores expressões literárias do mundo moderno. Fato que, realmente não deixa a desejar se comparado a nenhum dos franceses acima citados”. Marconi Caldas Poeta, escritor e advogado São Luís – Maranhão – Brasil 2007].


  

PULSÕES [Manoel Serrão]






Quando a Vejo!
         Sou o Ver do olhar

Atravessando-lhe inteira!

Depois, invoco-a!

 
As
     so
          vio
                 em
                        vi
                             va a Voz d’boca
                                           ao pé do
                                    ouvi[N]do
                                           O silêncio da terceira                                  Orelha.                                                       

BICHOS-DA-SEDA [Manoel Serrão]


Belo afã, sedosa lã d’um só novelo.
Tricô d’fleur que a traça não rói.
Veste amorosa que o tempo não desbota.

Ó deu-nos D'us, teceu-nos a vida na roca.

E deu-nos a roca linha ao amor tecido em ouro na borda.
E deu-nos a roca linha aos fios d’almas afins e beijos à porta.
E deu-nos a roca linha ao elo à dois por um amor eterno que nos conforta.

Inda larvas do bicho-da-seda, ostes no casulo d’ alcova.
Inda infinitos fios pr’os teares e eternos corações pr’os teceres.
Anelo, afã! Lã d'um só novelo num só emaranhado de nós.
Ó não sem dous sãos ciosos amantes?  E deu-nos D'us, teceu-nos eternos destinos na roca.

MESSIÂNICA [Manoel Serrão]





Ó tivéssemos! Tivéssemos... Inda tivéssemos as epopeias homéricas – a ilíada e a Odisseia – a visão olímpica da existência, a expressão do deus Apolo de Delfos. Tivéssemos o modos respeito à efígie, o sujeito ético não objeto, a "justa medida" – a valorativa proporção  em comedida porção por todas as fases da vida.

Ó tivéssemos! Inda tivéssemos... Tivéssemos a sertaneja epopeia  – a saga d’a Pedra do Reino -, a visão dual sobrenatural, a expressão de Dom Pedro-Quaderna. Ó tivéssemos o modus sublime de olhar por meio da imago o universo popular. Tivéssemos os dois rochedos a sangue humano regados. Tivéssemos os fiéis sacrificados feito todos poderosos imortais ressuscitados. Ó tivéssemos! 

Ó tivéssemos! Tivéssemos... Ó tivéssemos salvos os povos das florestas; Anastácias, Dandaras das cafuas, Luíses da Gama e os Zumbis da escravidão. Ó tivéssemos  a dessedenta do Nordeste: a sebastiânica redenção. Tivéssemos dado cabo aos filhos da servidão. Tivéssemos as Cabras da Peste, o Rei do Cangaço -, Virgulino Lampião à sua imagem e semelhança. Ó sim sinhô! Tivéssemos Catulos, Vitalinos, Machados e Suassunas. Tivéssemos Joões do Vale, Patativas, Lobatos, Amados e Brennand's. Tivéssemos Montelos, Sousândrades, Gullas, Nauros e Gonzagões! Ó inda tivéssimos!!

Ó tivéssemos! Tivéssemos... Inda tivéssemos  o drástico da tese; a cura pura para a incúria da peste; a norma culta menos culta distraida informal; o oblio obus para os corruptos e perversos! Tivéssemos o perplexo insano, os dês perfeitos, o imorredouro perpétuo!

Tivéssemos O átimo d’um tempo qualquer. A asserção metafísica! O eco da vibração quão a realidade uma aparente ilusão. Ó tivéssemos compreendido as partes, antes, para compreendermos o todo! Tivéssemos nós O Eu = o sujeito comido = o verbo transitivo = nosso bolo predileto = o objeto direto. Tivéssemos uma nova era "na terra onde canta o sabiá", o neo-concretismo no pós Gullares!
 
Tivéssemos! Ó tivéssemos o quê de tudo vê onde mais se queda, a despressurizarão para um pixel invisível no chão. Sim! Apenas um deles: o Sentido, o Nada, o Sirf, o Espelho e a Espada de Proteu acolá.
Tivéssemos o hard, o soft, o bew: a Santíssima Trindade. O homo-cyber ultor urdindo a IA
que ‘stá por chegar. Ó sic? Tivéssemos!

Tivéssemos inda do artista o autismo! O toc sem pânico do bipolar: o sorrir no chorar, um prazer sem gozar no prozac e na eurritmia um cantar. O saber sem lugar inda por não saber o ser criar e d’arte: o recriar. Ó tivéssemos além das inquietudes e desgraças, de novo encenar em cada poema a intimidade do eterno nascer. A liberta da carne  reinventar no pó o homo do barro.
 
Ó Tivéssemos! Tivéssemos Moisés... Francisco... Ratzinger... Tivéssemos Lutero... 
Agostinho... D. Helder e Mallarmé .
Tivéssemos Os “5 Solas” recristianizados. Pedro à Cristo jamais por três vezes negado. Tivéssemos mil vezes Deos a Enoc arrebatado. O clero de indulgências afogado. Tivéssemos dos profetas os dízimos exorcizados.

Tivéssemos O absurdo, a reponta, a eutimia. O absoluto em estado gasoso e todos os demais [sãos] relativos sonhando acordado. Ó Tivéssemos! Tivéssemos no Ser-ser existir os molambos dês feitos os farrapos...   
 
Ó Tivéssemos no mundo que se enuncia na ordem social a consolidação da harmonia, o Bem para os códigos da justiça. Um lugar onde nenhuma importância a cor da pele nem do arco-íris tristeza tivesse, só alegria! Tivéssemos como os homens da Hélade as prédicas apolíneas: "Nada em excesso" e "Conhece-te a ti mesmo": Ó "Reconhece que não és um deus". Tivéssemos!!

Ó tivéssemos o Caos, os infinitos maiores do que outros e o reencontro do ser sem o consumo desejado que habita e modela o sonho. Tivéssemos! Tivéssemos o chilrear matinal dos pássaros; o arrulhat dos pombos toda a verdade e dos lábios o oscular sem mentir um calar. Ó inda tivéssemos dos Djins o encanto e o quebranto mais benfazejo!
 
Ah! Tivéssemos cultivado os afetos quão os DÊScomportados por todos abraçados. Tivéssemos DESobedecido as comunas -, até Cuba, Deus meu, até Cuba! E a fúria incontida do capital sujo. Tivéssemos!  Tivéssemos o após sem podê-los usar contra todos buscando a quem devorar. Ó tivéssemos descartado a dúvida convertida em dívida quão a conveniência do descartesianismo -, o descogito: não penso - desconheço -, logo existo. 

Tivéssemos! Tivéssemos o hoje antes dos gatos tiranos quão o depois do amanhã sem os ratos imundos, tivéssemos! Ó Tivéssemos O politicamente INcorreto, jamais o polido fascista tatuado a ferro.
Tivéssemos no Marrocos, em Alcácer-Quibir, o rei D. Sebastião Ave O Desejado. Ó tivéssemos a messiânica, tivéssemos!
Ó tivéssemos onde o Mundo passa o AMOR peregrino por todos os caminhos... Ó se ainda tivéssemos...

* IA [inteligência artificial]

Ó GAU, CÁ LI ISTO! [Manoel Serrão]



Ora o grés, o grão poejo, o pó poento o Eu “sub” limbo,
o cão pulguento invisível;
Ora o Outro esculpido, a dolo mítico, o indivisível “granito”.

Ora o gris, O pão sobejo, o refolho joio. o Eu gregário, o debuxo osso;
Ora o Outro o genoma, à hachura o fosso.

Ora a grã o vã, a cã, o ego, o elo apego. o Eu Aleteia prosimetron assíndeto;
Ora o Outro omofágo obverso o adejo.

Ora a Gaia, a goma, o gene, o indisruptivo rizoma,
O Eu diverso, o verbo, o adverbio, o adverso plural;
Ora o Outro em nós à servidão entranha.

Ora o dual de polos e de pares opostos,
O Eu maré de cima e maré de baixa.
Ora o Outro uno afeito de causa e causa e efeito.

Ora o todo mental e tudo mente infinita,
O Eu estado acima estando abaixo e acima.
Ora o Outro onde ressoa multi Universos infinitos

Ora todos por todos como essência,
O Eu como essência parte do todo.
Ora o Outro que é tudo e todos no presente nós!

Ora o Eu Ou Ora o Outro.  Os iguais Os desiguais... 
Um Eterno, imutável;
Ora o Outro, relativo, o mutável.

Ora o Eu a parte Eterna mediada pelo variável...
Ora o Outro que deu voz aos ambíguos!...
Ó Gau Ou cá li isto! Ou vire o cálice! Está tudo aí?...




GAU [Grande Arquiteto do Universo].


 

CHAGAS [Manoel Serrão]




Ó chagas essas tão eternas.
Despertai-me, Senhor, os vazios.
Perdoai-me, Senhor, os infiéis.
Libertai-me, Senhor, os cativos. 

Ó chagas essas tão eternas.
Curai-me, Senhor, os inculpados.
Embalai-me, Senhor, os incriados.

Desfraldai-me nos estendais do solário o branco enxágue das minhas verdades derradeiras. 

Ó catarse! Se tudo o que sorrides de mim e do erro sorris é o quer vós fazeis? Por que então choreis a dor do vosso lastimoso pranto? Ó cães! Se tudo o que sorrides de mim e do modus sorrir é o que sabeis? Por que choreis o ébrio que vos abateis o Ebro desencanto? 

Ó chagas essas tão eternas.
Não os deis a saberem do sol que não há.
Não os deis a saberem! Não os deis a luz! Não os deis a saberem do orgulho que ressuma de todas as minhas chagas.

Hás-me de ser – de o mau, e o mal ser belo o bom não saber?
Hás-me de ser - de o bem, e o mal me quer ser o bem querer?
Ó deu-as nas águas ondulantes de Tessália uma profecia anunciada: doravante chagas eternas essas tão curadas.


NÃO NEGO! [Manoel Serrão]






Não sonego, e não nego!
Pago mil beijos eternos.

Ó ÍNDIA-LUSA-AFRO-FRANCA SÃO LUÍS BRASILEIRA [Manoel Serrão]





Ó Índia bela! Bela São Luís das tabas, upaon-açú das matas onde Tupã turgira e o Tupi reinara.
És tu, ó nativa encarnada da pele vermelha, do canto tribal das ocas e de todas as caças.
És tu, ó – antropofágica das clavas, dos arcos e flechas e das zagaias de "hasta ferro" afiadas.
É tu, mãe guerreira dos Tupinambás – chão ancestral dos Maranha guaras: oh! Quanto Céu...
Quanto Sol resplandecente, quanto Mar em vós a Terra hoje triste chora por teus Filhos extintos da Mata!
                                
Ó Lusa bela! Bela São Luís grã-fina, esplendor da corte quão do arrojo dos cristãos novos de Portugal.
És tu, ó divina Atenas -, a’ voz do verso e da prosa de sustê-la na poesia o verbo amar.
És tu, ó verve magnética de imporessina refinada, - a guardiã da plêiade e do panteão dos sábios imortais.
Oh! Quanta beleza deu-te D’us a vós por altiva colossal -, a coroar-te em eiras - mirantes - e beiras quão uma poesia de pedra e cal.
 
Ó Negra bela! Bela São Luís odara, bendicta deidade “negra-mina” da raça.
És tu, ó África do fausto e da gloria do Negro Cosme na luta pela liberta escrava.
Ó sincrética do "averequete" e do Vodu encantado, o mais rico legado de São Benedicto - à Casa de Mina consagrada.
É tu, a voz do quilombo que se levanta contra martírio das senzalas: a resistência da raça que a bravura do filho não tarda.
 
Ó c’roa airosa imorredoura séc’la dos mourejares que se aformoseia ao pé do mar.
És tu, Ilha bela São Luís qu'inda bela ‘stá da pedra d‘alcantaria desenhada.
Ó vetusta ambígua do abraço do novo e do velho pela vida, rosa que nunca se basta.
És tu, ó régia, o elo da tríade, a pétala livre da rosa, a exora étnica unitiva - idílio universal - mais viva das raças.
 
Ó joia poética de fascinar a íris de aquarelas e praias mais belas!  Bela como o azul do céu refletida no azul do mar.
És tu, ó Ilha bela! Beleza orlada de luz e banhada em vivas águas, a ascese mística de Iemanjá.
És tu, ó deia, que só, a vós escrevo e só por vós minh. ‘alma dou-te, e dou-te, porque te amo,
E amo-te, porque preciso amar-te!
 
Ó São Luís encantada das velas rebelas que passeia por esse "Mar'Anhan" do passado e presente.
És tu, ó Ilha de peregrina beleza, onde a vida entre ruas e becos corre-lhes em récitas como os versos do poeta;
És tu, ó onde o ungido Rei Sebastião por vós se fez da ápode encantado, a lenda e o mito atemporal dos magos.
Ó tu que no amanhecer em veste de folhas novas e maresia cheirosa, surges entremeia inda mais bela na brumosa alvorada.
 
Ó enamorada, inda quero-te chegar e aos éditos dos teus mistérios amorosos abraçarem-te!
És tu, ó São Luís do eflúvio das rosas e das gotas de orvalho que escorre pelos galhos cheirosos.
Ó assim, te quero com o sempre azul do céu e do mar anil beijando a cais na Sagração de paz, te quero!
Ó como assim te quero o mar que atravessa o Bacanga e o zéfiro soprando leve um suave murmurinhar.
 
Ó Bela! Bela! Bela São Luís da Praia Grande bela, quermesse de luz, fé e calor. Folgança bela de punga gira e tambor. 
Ó Bela criação tu és como o luar encantado de amor, onde os telhados refulgem como espelhos o luar, 
E as paredes dos teus casarios brilham preciosos de azulejos no rosto das madrugadas tu'alma de fleur.
 
Ó mademoiselle, Minh ‘alma e rainha, ah, minha amada Ilha imortal São Luís meu amor.
Ó filha da vontade poderosa Rei que por coroar-te a cabeça Vossa Alteza te criou;
És tu, ó eternal guardiã dos abraços incontidos das raças a Nova Luz.
E assim, a vós, e somente, a vós cabeis à posse definitiva dos pores-do-sol da nova França.
Oh!  Então que sejais assim amada, por Amor de Deus e de Nós? Eterna Luz, O Novo Sol!

 

 

 

 












ÉRATO & CALÍOPE [Manoel Serrão]








Por Zeus e Mnemósine, ó cria de Urano e Gaia!

Que me-a fizestes?
Que me-a fizestes, ó Calíope?
Que me-a fizestes, ó rainha da epópeia.
Ó Deusa da eloquência e da poesia épica, que me-a fizestes?

Por Zeus e Mnemósine, ó filha de Urano e Gaia!
Que me-a fizestes?
Que me-a fizestes, ó Érato?
Que me-a fizestes, ó musa da lira.
Ó Deusa dos hinos e da poesia lírica, que me-a fizestes?
Deos, que me-a fizestes?

Ó régia de encantar os afetos?
Ó “fleur” delibada de cortejados dons?
Que me-a fizestes?

Tomaste-me às mãos.
Tomaste-me o corpo e as vestes.
Tornaste-me a essência.
Tomaste-me do avesso o inverso.

Não vês que já de pé, se comprazem e se alegram os meus versos?
Não vês que já pulsão, guirlandas de flores adornam-me o coração?
E que pétalas de rosas atapetam a chã d’alma, entorpece-me?

Ó ditosa, tece e ama!
Como desejo onde tu ‘stás, e aqui, devora-me,
Um’ hora, por toda parte a querer-te anseio mais.
Amostrade-mh-a Eros que no céu, d’agora,
No-lo - ás cirros gris nem cerúleo de azul igual.
No-lo - ás decassílabos de versos brancos nem rimas pobres,
Tampouco pranto no imo dantes quão inelutável aguaçal.

Por Pausânias,
Amostrade-mh-a Eros?
Não vês que o arco-íris no porto cais da poesia já não chora a dor sem amor na vida.
Ó vernal primavera de reflorescer a verve.
Ó ambrósia de suster no regalo o verbo.
Ó pôr Deos, que me-a fizestes, ó musa?
Ó oceano aberto, mar sem fronteiras,
Contigo irei até onde navegarem as velas.
Ó que me-a fizestes, Deia?

 

 

 

 

 

ASSEMELHADOS [Manoel Serrão]



















E ei-los ai distraídos!

Anjos belos mais-que-perfeitos,
Ó deixai-os livres, deixai-os...
Vês que às vós e nós se assemelham.

Ó vês, n'almas ocultas, onde a beleza se elabora?
Guardais o elo, os nós, e sê-lo-emos todos iguais e diversos,
Anjos imperfeitos que dessemelham inda mais belos!

 



PÁSSARO SERRÃO [por: Luis Mário Oliveira]








A pressa e o estado inóspito, bem antes mesmo do pássaro de latas voar, faz o homem chegar ao ninho de concreto horas antes do seu revoar.

Figura de beija-flor, colibri furta cor... Não queria suas asas bater, mas já estava lá: Terno, sombrio e contido em sua mala de lágrimas e contos mil. Contos de fados. E quão fados soaram nesses diásporos dias.

Oh! Pássaro ferido que viaja todo o corpo e deixa o coração. Uma andorinha.
Foi assim a despedida. O mundo que criamos acabara naquela noite sem lua. O sonho voou e eu ouvi, ou devo ter ouvido como Gullar em “fotografia aérea” o ronco do avião passar sobre o telhado, anos atrás, em São Luis do Maranhão.

Uma madrugada silenciou sem tangos nem boleros. Somente o ronco do avião interrompera o silêncio desse quarto estreito e de pouca luz que me conserva.

Pássaro do mundo, que em Porto Velho aterrissou em fuga de si mesmo. Pássaro fujão, com o penar amigo, deixa a saudade nessa terra crua e verde o seu canto de Serrão. Decolo o poeta que em mim voara junto. Bico ávido, ouço gorjeio soado, gozado melancólico poema alto. Cheira alfazema e folhas ciprestes esse ato. Alçou vou e em cruzeiro, rasga os céus por essa noite úmida e quente e inesquecível das nossas vidas todas, toadas.

Manhã seguinte em versículo. Meu poeta louco, sano poeta rouco. Um pássaro apenas. Ferido, cá eu no Porto Velho em que me deixas, ouço teu canto longe, porto pequeno, portinho, Madre de Deus. Seu verdadeiro oráculo.

Que tua ânsia e a santa onisciência do teu ser sejam então eternas. Velarei por toda a noite. Longa noite.

Oremos distantes e em terra, olhando aos céus. Em nome do pai, do filho e da grande asa que voa no pássaro que me fizeste enxergar. A última lágrima recai ao travesseiro. Boa Noite. Adormeço, amém...

Porto Velho-RO 20-06-2010

  

Luis Mário de Oliveira - Poeta Maranhense [Livro: Poesias "Amores & Amoras], Cineasta e Ator.

CARAMELO [Manoel Serrão]







Uma existência? Uma existência é como um caramelo que a saliva da vida encarrega-se de derretê-lo. 
Na boca do tempo, quando caba? Resta só a saudade do outro.












COMENTÁRIO por: Joao Batista Gomes Do Lago Lindíssimo, poeta ManoelSerrão SilveiraLacerda. Permita-me este breve comentário, que não tem a intenção de sê-lo uma análise do poema (AP), mas tão-somente uma expressivisibilidade da subjetividade dada que o poema me causa. Como um demiurgo, o Poeta, põe para "dançar" no palco do seu teatro de criação/criador/(in)criado, sob a regência de uma sinfonia delirante - mas ao mesmo tempo extraordinariamente harmoniosa -, o maior de todos os dilemas filosóficos do Homem (homem/mulher): o "Ser" existe ou o "Ser" vive? Nessa dicotomia, os atores (existência, caramelo, saliva, vida, tempo, saudade e outro) dão saltos esteticamente perfeitos uns sobre (e sob) os outros, provocando um imbricamento no "pas de deux" da sua dança poética. Esse imbricamento leva à construção de "saltos" tricotômicos, e até mesmo de caráter de quatro dicotomias, ou seja: sincronia/diacronia; língua/fala; significado/significante; sintagma/paradigma. Lê o poeta ManoelSerrão SilveiraLacerda (infelizmente ainda inédito), aos meus olhos, é sempre um exercitar da mente/imagem/linguagem. Reconheço: não é uma tarefa fácil, pois o poeta é, talvez(!?), nos dias atuais, o mais hermético que se insurge literariamente em terras maranhense e brasileira.

NOTA: João Batista do Lago [“João Batista do lago, maranhense, pode ser considerado, atualmente, um dos mais completos poetas e cronistas do Brasil, haja vista a consciência plural e significativa de sua intuição cultural, fato que o faz passear entre musgos históricos gregos e o modernismo clariciano, espargindo o pensamento poético alemão, americano ou inglês, sem esquecer das taças saboreantes dos vinhos que enebriaram o cismar dos poetas franceses como BAUDELAIRE (Charles Baudelaire), MALLARMÉ (Stéphane Mallarmé), FRANÇOIS COPÉE (François Édouard Joaquim Copée) e MUSSET (Louis Alfred de Musset) – o poeta do amor. Como eu, o Maranhão e o Brasil também, creio, se orgulham de João Batista do Lago, uma das maiores expressões literárias do mundo moderno. Fato que, realmente não deixa a desejar se comparado a nenhum dos franceses acima citados”. Marconi Caldas Poeta, escritor e advogado São Luís – Maranhão – Brasil 2007].

DESCONTROL [Manoel Serrão]


Ucha fina, "baú" high-tech, vício, o poder da luz sem cura. O menu com voz avançada; o mal invisível no infravermelho! O lixo arrebatador à 80HDR polegadas!

A hipnose global do soft lux digital,
Onde o preto é o preto mais preto e o puro é o branco mais branco apuro.
Ei-lo, OLED de contraste infinito: “véu” que cega e os embesta!
Ei-lo, O Smart que aparta no home theate e o separa “da TV” a massa cinza “da labuta” diária.

Sol a sol! Luau a luau! Ó alli 'stá naquele symbol e naquela imago: o “mundo real”!

Ó alli 'stá naquela boca secura, espectro sem cura de incontinência verbal! Há um "novo homem-na-ordem-manual"!
Ao passo que, muito aquém do que seriam na ordem de aparição: jaz n'uma ABC- Colorado sem lamentar-se da Velha Nova Ordem Mundial.








ANEL D’ÂMBAR [Manoel Serrão]





Louv'v 'stá núbil,
‘Stá “Loba” ‘stá úbere.

Lou’v ‘ste útero de fecundado amor,
Lou’v en... Lou’v en teu belo!


Ó lou'v! Lou'v en 'stá sorte!
Lou'v en 'stá serônia chuva.
'Stá serena orvalha, brisa do zéfiro.
'Stá mirra o aroma-rosa o coração fraterno. Lou'v en d’alcácer a libélula ‘alcanfor a mais bela!   

Lou’v  ‘stá ófris ‘stá "Fleur”.

Lou’v ‘stá croma lis buquê d’cor.
Lou’v en 'stá paz.
Lou’v en teu belo!

Ó Lou'v! Lou'v en 'ste amido.
Lou'v en 'stá madura semente o grão. 
'Ste sal no cio do chão.
'Ste néctar humus do Nilo régio.
Lou'v 'stá colheita do afã, ânfora d’farto grão.

Lou’v ‘stá Isis ‘stá flama ‘stá íris.
Lou’v en d’amimo a alma sem dor.
Lou’v en o luau que a ti espero. 
Lou’v en teu belo desejo sonhador!

Ó lou'v! Lou'v en 'sta lira. 
Lou'v en 'ste delibado, o tear do coser, o libar.
'Ste elo infinito desejo sonhador.
'Stá prenda gêmea de junho.
Lou'v en aprus das d’águas de aço. 

Lou’v  ‘stá Déia ‘stá Osíris a que tudo possui.
Lou’v ‘stá glória Atenas do Olimpo.
Lou’v en 'ste amoroso louvor.
Lou’v en teu belo humor!

Ó Lou 'v! Lou'v en 'ste encanto quebranto.

Lou'v en 'stá Boda de Canaã 'ste amor.
'Stá dádiva a glória múltipla a melena.
'Stá núpcia, 'ste porto-marina, 'stá Luz.
Lou’v en o adejo dos colibris pelo céu beija-flor!

Ó lou'v en 'ste soer d'áurea amena, lou’v!
It’s a miracle? Ó D'us... Ó D'us... Ó D'us...
Lou’v en teu belo! Lou'v en! Mas dade-mh-a 
O elo teu eterno anel d’alindado âmbar.
Ó lou'v en teu belo, belo, belo o Amor!


 

 

 








 

 

 

 

 

 

HÉCATE “A DISTANTE” [Manoel Serrão]


Ó d'ímpia Hécate, - A Distante - do ext’rio Olímpo.

Qu’iria-me enfeitiço, restolho rés a te assenhorear?
Qu’iria-me d’salma, a ira cega, despejá-la a rodos?
Vai-te à Hades as trevas, vate retro do meu abrigo.
 
Ó Vede-a lá: cae-te sobre as três face:
Ó virgem, ó mãe, ó velha bruxa senhora.
Tu que deste Circe - d’Lua Nova e d’Negra.
O poder do ser sobre a serpente - chave do renovar.
 
Há-de pôr-me a nu os desejos da íris acima das ilusões.
E vos que te vês, Deusa, nestes desertos areais.
Se ouvirdes cães uivando a noite é sinal.
Sem dar-me ira e enfeitiço? Ó Hécate, mostra-me os caminhos?
 

ANTINOMIA [Manoel Serrão]


Vejo avessa à gangue a tribo. 
Vejo o “avir” do vezo aviso. 
Vejo o vício, o viço, o ambíguo. 
Vejo a Vogue, a Veja, a crise.

Vejo o VIP, a voile, o yuppie. 
Vejo o vil, a van, o viso. 
Vejo o surdo, a Vox, o mudo. 
Vejo o véu, a urb. Um puzzle!!

Vejo o obus, o ópio, o óbolo. 
Vejo o ódio, o óbito, o órfão. 
Vejo o ócio, o óbvio, o óbice. 
Vejo o ópio, o ágio, o opus.

Vejo o arbítrio, o abuso, o brigo. 
Vejo o rito, o mito, o Sísifo. 
Vejo a réstia, o injusto, o grito
Vejo o luxo, a vida acabar no lixo.

Vejo o lombo, o arrombo, o tombo. 
Vejo o vômito, o soluçado, o pânico. 
Vejo o vômer, o “esperto”, o tonto”. 
Vejo o ranço, o ronco, o pranto.

Vejo o Papa, o Bispo, o dízimo. 
Vejo a Toga, o antro, o cancro.
Vejo o Bem, o Mau, o “Santo”. 
Vejo o Rapa, o Mala, o Banto.

Vejo O Pai, o “dolar” – O Nóia. 
Vejo a senha,  o “trovão”, a prova. 
Vejo o tira, o canhão, a pólvora. 
Vejo O "Boca", O berro, O Humano.

Vejo o PIB, o desemprego, o adorno. 
Vejo o perjúrio, o corrupto, o furor.
Vejo o sonho, o engano, vejo a dor!

Vejo claros, vejo pardos e negros.
Vejo magros, caricatos e vermelhos. 
Vejo o todo, vejo o tudo, vejo o nada...
Vejo que não há por detrás dos muros para os homens,
Outros planos! Ó desenganos... Desenganos...

BAND-AID [Manoel Serrão]






Riso não o siso. 

Teu sorriso é “band-aid” curativo.

PIPA SOLTA DA PSIQUE HUMANA (Manoel Serrão)





Empina, l
anceia o Ego, guina o ID
Partiu-se a zero, rompeu-se o elo 
Quebrou-se o Self e poder do Rex. 


Na ronqueira da pipa solta?
O vento zumbe, a incônscia zoa.
E a razão livre da pessona tola,
Cambalhota alta pelo céu avoa...


 

 

 

CALI [FILO] GRAMA - [Manoel Serrão]



Cali grama. 
Cali etimo fragma.
Cali nu xeno anêmico.
Cali etno noso a fago.

Cali trama.
Cali da claquer o cálix.
Cali cine o logo da hoste.
Cali éter o anemo da gag.

Xeno sofo. 
Xeno eco o cosmo.
Xeno oniro. 
Xeno o filo Teo de andro e gino.

Xilo sema.
Xilo o gene e geo.
Xilo o xisto.    
Xilo iso a fos e a tanas...

Ó Cali grama!

Cali O miso radical-grego que maceta os ossos.

Ó cali grama! Cali O caco carcinoma na testa do mito CEO.


Ó D'us? São-nos humanos?
Homens às duras penas acenando, vão-se no adeus!


Ó D'us? São-nos humanos?
Não o ícone necro objeto do ofício!

Ó "Há um mundo lá fora... Vidas... Bocas de comer com os olhos..."



Este é Manuel Serrão que Thomas Stearns Eliot deveria ter conhecido, se em carne e osso ainda aqui estivesse. Talvez reforçaria a sua frase ódica mais lembrada entre os poetas: 

“Um clássico só pode aparecer quando uma civilização estiver madura, quando uma língua e uma literatura estiverem maduras; e deve constituir a obra de uma mente madura. E a importância dessa civilização e dessa língua, bem como a abrangência da mente do poeta individual, que proporcionam a universalidade. (...)”. 

Pois é Sr. T.S. Eliot. Imagina a interlocução (às vezes, desproporcional) entre a linguagem de uma civilização madura e a abrangência da mente de um poeta como Manuel Serrão. Acrescento que até aqui, não houveram tsunamis destruidores; nem da linguagem, nem da lógica de Serrão, pois no fundo de toda essa extraordinária manipulação de palavras, há explícita linguagem humana de um mesmo poeta amante, maldizente ou querençoso. Se não, leiamos: “Cali grama. / Cali etimo fragma./ Cali nu xeno anêmico./ Cali etno noso a fago. (...) O miso radical-grego que maceta os ossos./ O caco carcinoma na testa do mito CEO. / Homens? Apenas homens./ Não o ícone necro objeto do ofício!/ Há um mundo lá fora... vidas... Bocas de comer com os olhos..."

Eis como vejo o trabalho incansável desse obreiro nascido nos idos de 1960, em São Luís do Maranhão, formado em Direito, no Recife, pela Universidade Federal de Pernambuco. Dito isso, cabe a mim, agora, e apenas, fazer meu, um dos versos mais aplaudidos de Horácio: “Carpe diem quam minimum credula póstero.” 


Mhario Lincoln                                                                                   
Presidente da Academia Poética Brasileira                                          
Curitiba, 14.02.2018


Mhario Lincoln é editor-sênior da www.revistapoeticabrasileira.com.br - Acredito eu que a POESIA e a Literatura especificamente, deveriam ter um tratamento mais razoável neste País chamado Brasil. Que não só os folhetins novelescos repetitivos e enfadonhos a se perpetuar, cada vez mais, no ilusório coletivo. A poesia deveria (como estamos tentando fazer em nossas publicações) ter um lugar especial. Por exemplo, Antonio Candido de Mello e Souza, sociólogo, literato e professor universitário brasileiro, estudioso da literatura brasileira e estrangeira, pensa igual: 'A literatura é pois um sistema vivo de obras, agindo umas sobre as outras e sobre os leitores; e só vive na medida em que estes a vivem...'. Então, se não há produção literária, não há leitores e não havendo leitores, não sobrevive, por si só, a literatura.(...)" #domeulivro ML

Mhario Lincoln é editor-sênior da www.revistapoeticabrasileira.com.br





A ROCHA [Manoel Serrão]





COM
P
U
T
A
DOR
O Soft ensina.

ANTROPOCENO [PONTO DE MUTAÇÃO] [Manoel Serrão]




Ó tu que dizimas em torturas a Terra que se consome.
Que subtrai das piracemas a vida contra a corrente.
Que poluís rios, veios d’águas, bicas, oceanos e mares.
Que atiras à rés floresta, matas ciliares e árvores.
Que ceifas aves, insectos e todos os seres criados.

Ó tu que dizimas em torturas a Terra que se consome.
Que baforas dos canos monóxido de carbono.
Que sufoca de fumaça tóxica e metano o Ox dos ares.
Que lanças ao colo Mater: o lixo do luxo do vosso conforto.
Que selas de betume o barro e asfalto a verdejante relva.

Ó tu que dizimas em torturas a Terra que se consome.
Que arranha-céus de concreto e aço enfeando o espaço.
Que alteras os célsius e roazes geleiras avultando os mares.
Que degradas a bioface e a Geo matéria física da Terra.
Que condenas o futuro da era natural gravada na pedra!

Ó tu que dizimas em torturas a Terra que se consome.
Não vês qu'tua sorte contra o tempo e a morte, será apenas lembrança tatuada na pedra lascada?
Ó Ser contra o Sol que se apaga, haverá de vir outro sol se acender?
Ó Ser contra a Lua de Jorge, haverá de vir outra lua por sorte?
Ó Ser contra as forças do Universo, tornarás mutáveis o que são imutáveis?

Ó não vês? Estúpida humana que hecatombes e reboados trovões estão por chegar?
Ó não vês? Estúpida humana, que almas pias serão escravas d'um sistema que se anuncia?
Ó não vês? Estúpida humana, que deveis do mundo cuidar, evoluir e transformar.
A dimensão coletiva do sujeito?

Sabeis! Se dela não vos tendes piedade, dela não tereis no destino, à vossa piedade no futuro!
Há um formigueiro de bocas com Oito bilhões de outros, enramando-se sobre a Terra coberta de pedra!
Sabeis! Se não sabeis! Sabeis que a vossa eternidade não irá de além da curva dos dias,
Como a soma da humanidade em partes sequer resultará num só homem [inteiro].

Ó cioso [a] Deus [A] Universo que tudo sabe, ordena, prevê, defende e repara:
É da Gaia aos humanos o desejo que desses erros, os pudessem perdoar,
E os fizessem da culpa saber que estão perdoados por cuidar.

Ó eia o Xis da questão, onde habita o Ponto de Mutação!
O presente indigente mais que imperfeito está doente...
Ó Gau! E eles não sabem que jazem?

 

 







DÉCOR [Manoel Serrão]





Daquele amor décor, restou:

Alguns mosaicos de xadrez pisado.
Um tapete [persa] puído
E um marrom-Rembrandt surrado.

O resto o tempo levou.

MONTESQUIEU [Manoel Serrão]


 


O QUINTO CONSTITUCIONAL, PREVISTO NO ARTIGO 94 DA CONSTITUIÇÃO BRASILEIRA DE 1988 É UMA VERDADEIRA EXCRECÊNCIA QUE FERE FRONTALMENTE A HARMONIA DOS TRÊS PODERES CONCEBIDOS POR MONTESQUIEU – O AUTOR DO ESPÍRITO DAS LEIS [Manoel Serrão].

Com previsão no artigo 94 da Constituição Federal de 1988, a regra do quinto constitucional prevê que 1/5 (um quinto) dos membros de determinados tribunais brasileiros sejam compostos por advogados e membros do Ministério Público Federal ou Estadual, a depender se Justiça Federal ou Estadual. São os Tribunais Regionais Federais e o Tribunal de Justiça de cada Estado e do Distrito Federal e Territórios. Os integrantes do Ministério Público precisam ter, no mínimo, dez anos de carreira, e os advogados, mais de dez anos de exercício profissional, notório saber jurídico e reputação ilibada. CRFB/88, Art. 94. Um quinto dos lugares dos Tribunais Regionais Federais, dos Tribunais dos Estados, e do Distrito Federal e Territórios será composto de membros, do Ministério Público, com mais de dez anos de carreira, e de advogados de notório saber jurídico e de reputação ilibada, com mais de dez anos de efetiva atividade profissional, indicados em lista sêxtupla pelos órgãos de representação das respectivas classes.

Parágrafo único. Recebidas as indicações, o tribunal formará lista tríplice, enviando-a ao Poder Executivo, que, nos vinte dias subsequentes, escolherá um de seus integrantes para nomeação.

Além dos Tribunais de Justiça e dos Tribunais Regionais Federais, após a Emenda Constitucional nº 45/2005, que ficou conhecida como a reforma do Poder Judiciário, o Tribunal Superior do Trabalho e os Tribunais Regionais do Trabalho também passaram a seguir a regra do quinto constitucional, conforme dispõe os artigos 111-A, inciso I, e 115, inciso I, apesar de o artigo 94 não ter sofrido qualquer modificação pela referida emenda. CRFB/88, Art. 111-A. O Tribunal Superior do Trabalho compor-se-á de vinte e sete Ministros, escolhidos dentre brasileiros com mais de trinta e cinco e menos de sessenta e cinco anos, nomeados pelo Presidente da República após aprovação pela maioria absoluta do Senado Federal, sendo:

I - um quinto dentre advogados com mais de dez anos de efetiva atividade profissional e membros do Ministério Público do Trabalho com mais de dez anos de efetivo exercício, observado o disposto no art. 94; CRFB/888, Art. 1155. Os Tribunais Regionais do Trabalho compõem-se de, no mínimo, sete juízes, recrutados, quando possível, na respectiva região, e nomeados pelo Presidente da República dentre brasileiros com mais de trinta e menos de sessenta e cinco anos, sendo:

I - um quinto dentre advogados com mais de dez anos de efetiva atividade profissional e membros do Ministério Público do Trabalho com mais de dez anos de efetivo exercício, observado o disposto no art. 94;

(...)

Assim, quatro são os tribunais que atendem à regra do quinto constitucional:

a) Tribunais de Justiça;

b) Tribunais Regionais Federais;

c) Tribunais Regionais do Trabalho;

d) Tribunal Superior do Trabalho.

Vitaliciedade, inamovibilidade e outras garantias do judiciário

De grande importância para a tripartição de poderes, as garantias do judiciário asseguram a independência deste poder para decidir livremente, sem a pressão dos demais. A doutrina divide essas garantias em 2 categorias: garantias institucionais, que protegem o poder judiciário como instituição, e as garantias funcionais, que asseguram a independência e imparcialidade de seus membros.

Garantias institucionais do poder judiciário

São garantias do judiciário de ordem institucional a sua autonomia orgânico-administrativa e sua autonomia financeira. Fonte de pesquisa: [GUSTAVO SOUSA é autor dos artigos do Blog de Constitucional. Graduado em Ciência da Computação e Direito pela Universidade de Brasília, foi aprovado em vários concursos públicos, como Técnico em Informática do SERPRO, Técnico Judiciário do STJ e STF, Analista do Bacen e Perito Criminal Federal da Polícia Federal. É criador de método de estudo baseado em "autocoach”].

Isto posto, é ponto pacífico o preceito normativo inserto no bojo do artigo 2º da Constituição da República Federativa do Brasil, ao definir in ver bis que: 

 “São Poderes da União, independentes e harmônicos entre si, o Legislativo, o Executivo e o Judiciário".

Ocorre que na teoria o pré-citado princípio da independência e harmonia da tríade dos três poderes constituídos e legitimados no caput da norma constitucional supramencionada, coube, a Montesquieu, jurista e filósofo francês [Charles de Sécondat, Barão de Montesquieu - 1689-1755], autor do Espírito das Leis, não somente elaborar uma teoria completa da divisão dos poderes como também passou a difundi-la por toda a Europa, tornando-se, portanto, uma das bases mais importantes na organização dos Estados Modernos. 

A teoria de Montesquieu tem estupenda repercussão no âmbito da Filosofia Política e nas Constituições escritas que se promulgaram a partir dos fins do século XVIII, tornando-se o maior dogma da ciência constitucional. 

É de notável saber que o nosso sistema constitucional ampara-se na mencionada tríade, e não poderia ser diferente.

A Constituição Federal prevê que 1/5 dos membros dos tribunais sejam compostos por advogados e membros do Ministério Público. Alhures, na prática por vezes navegam em águas turvas, tomam caminhos que maculam o estado democrático e de direito, confrontado-se  com os preceitos maiores consagrados na Carta Magna, mormente, no que tange a invasiva do Poder Executivo, indo além fronteira do Poder Judiciário, e que aberrante mente resiste ao tempo como uma verdadeira excrescência, que infelizmente ou felizmente, já não mais comporta no Estado  Moderno, donde se concluir que são sobras, restolhos e restos do entulho autoritário, e do fantasma que paira na lembrança e na história recente da política brasileira, que de forma acintosa fere e esgana a toda prova a legitimação do princípio da independência e harmonização dos três poderes.

Por isso, antes de tudo, deve na condição de mancha indelével ser expurgada de vez do nosso ordenamento jurídico. Depende, especialmente, dos nossos legisladores.

Diferentemente do que propõe Montesquieu, a verdade é que por obra e graça de uma legislação caduca, atemporal, cínica, arbitrária – e coisas que tais -, existe uma vinculação legal, que prevista na norma legal, contudo de cunho amoral, imoral diante da promiscuidade em que se entrelaçam o Poder Judiciário e o Poder Executivo.

É de bom alvitre giz ar que ainda hoje o poder executivo, e decerto é assim que funciona o sistema, exerce o poder e a prerrogativa de escolha e decisão na lista tríplice das vagas que por lei pertencem à OAB, ao Ministério Público, destinadas ao preenchimento dos cargos de Desembargadores dos Tribunais de Justiça dos Estados da Federação, dos Procuradores do Ministério Público, tal como ocorrem também para os cargos dos Tribunais Superiores e das Procuradorias a nível federal.

Ora, é de se crer pela obviedade do sistema de escolha que mencionado "escrutínio" é puramente nefando e de cunho absolutamente político. Cartas marcadas que subtrai do ato e da pessoa certa harmonização em face da permissividade de tal escolha sempre favorecer os apadrinhados, os aliados políticos, os partidários, os aparentados, as amizades, os lobistas, etc.  Do que necessariamente, e teria de sê-la assim, por competência técnica, isto é, notável conhecer jurídico, reputação ilibada, honra dês, probidade, etc. 

Os membros, os conselhos das instituições indicam e/ou escolhem e/ou votam numa lista sêxtupla, contudo, no tríplice quem dar a palavra final, quem bate o martelo, isto é, quem escolhe e decide se um membro de outro poder, in caso, do Poder Judiciário, assume a vaga destinada para o mister, é simplesmente o chefe do Poder Executivo, Excelentíssimo Governador do Estado, ou em outras situações, ainda que os sabatine o Senado, o Excelentíssimo Senhor Presidente da República.

Com efeito, não bastasse à feiura do imbróglio, da ingerência, da ferida imposta e do arranhão à autonomia e independência do Poder Judiciário, ainda prevalece à barganha, o favorecimento do toma lá dá cá, pois confesso que o dedo indicativo do Executivo na mencionada escolha, isto é,  de um cidadão do seu foco e universo político para ocupar um cargo no Judiciário é de lamentável aberration, o que certamente compromete não só a lisura, porém, mormente, a legitimidade e a imparcialidade do referido servidor para o exercício e transparência da sua nobilíssima missão.

A impertinência tem cheiro e aroma de favores que certamente e sem demora algum dia lá na frente ou num futuro bem próximo haverá de ser correspondido, quão precisamente devolvido, sob pena de configura-se o sentimento da ingratidão por parte do agraciado. É uma verdadeira promiscuidade entre poderes contrários aos seus verdadeiros propósitos e fins a que se destinam e a sociedade como um todo.

A ex-presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), Carmen Lúcia, foi indicada pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (2003-2010) e tomou posse em 21 de junho de 2006.

O ministro Ricardo Lewandowski foi indicado por Luiz Inácio Lula da Silva (2003-2010) para integrar o STF e tomou posse no dia 16 de março de 2006.
O ministro Gilmar Mendes foi indicado ao STF pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (1995-2002) e assumiu em 20 de junho de 2002.

O ministro e atual presidente do STF Dias Toffoli foi indicado ao STF por Luiz Inácio Lula da Silva (2003-2010) e assumiu em 23 de outubro de 2009.

O ministro Luiz Edson Fachin foi indicado para o STF por Dilma Rousseff e assumiu o cargo em 16 de junho de 2015.

O ministro Luís Roberto Barroso foi indicado por Dilma Rousseff para ocupar uma vaga no STF e tomou posse em 26 junho de 2013.

O ministro Luiz Fux foi indicado ao STF pela ex-presidente Dilma Rousseff e assumiu em 3 de março de 2011.

A ministra Rosa Weber foi indicada ao STF por Dilma Rousseff e assumiu em 19 de dezembro de 2011.

O ministro Marco Aurélio Mello foi indicado ao STF pelo ex-presidente Fernando Collor (1990-1992) e assumiu em 13 de junho de 1990.

O ministro Celso de Mello, membro mais antigo do STF, foi indicado pelo ex-presidente José Sarney (1985-1990) e tomou posse no dia 17 de agosto de 1989.

O jurista Alexandre de Moraes foi indicado pelo presidente Michel Temer e teve seu nome aprovado pelo Senado em 22 de fevereiro de 2017. Ele assume a vaga deixada por Teori Zavascki, morto na queda de um avião em Paraty (RJ).

É do conhecimento de todos, que ao distinguir os três poderes, Montesquieu sintetizou as razões pelas quais eles devem estar separados:

 “A liberdade política somente existe nos governos moderados. Mas nem sempre ela existe nos governos moderados. Só existe quando não se abusa do poder, mas é uma experiência eterna que todo homem que detém o poder é levado à dele abusar: e vai até onde encontra limites. Quem diria? A própria virtude precisa de limites. Para que não se abuse do poder é necessário que pela disposição das coisas o poder limite o poder".

E complementa o seu pensamento expondo Montesquieu quer: “Quando, na mesma pessoa ou no mesmo corpo de magistrados, o Poder Legislativo está unido ao Poder Executivo, não há liberdade, pois é de se esperar que o mesmo monarca ou assembleia faça leis tirânicas e as execute tiranicamente. 

Não há também liberdade, se o poder de julgar não está separado do Poder Legislativo e do Executivo.

Se aquele estiver unido ao Poder Legislativo, o poder sobre a vida e a liberdade dos cidadãos será arbitrário, pois o juiz será também legislador. 

Se o poder de julgar estiver unido ao Poder Executivo, o juiz terá a força do opressor. 

Tudo estará perdido se o mesmo homem ou a mesma assembleia de notáveis ou de nobres ou do povo exerce os três poderes, o de fazer as leis, o de executar as resoluções e o de julgar os crimes ou dissídios dos particulares". [Op. cit. e loc. cit.].

 “Eu sirvo, tu serves, nós servimos" - assim reza também aqui a hipocrisia dos governantes. “E ai quando o primeiro amo não é mais do que o primeiro servidor” [Assim Falava Zaratustra - Friedrich Nietzsche].

Manoel Serrão da Silveira Lacerda – Advogado, Poeta e Professor de Direito.

 







   

DESSEDENTA [Manoel Serrão]



 



Dessedentas a língua
E o céu da boca!
Cuspis o velho,
E salivais o novo.

VÍCIO [Manoel Serrão]





O meu amor
tem sempre um vício:
As vezes reclama do conforto;
Outras, conforta
o egoísmo.


VENTOS SUÃO [Manoel Serrão]






Coisas sãs, e nós loucos.
Coisas são, e vós poucos.
Coisas vão, e nós soltos.
Coisas vãs, e vós corpos.
Coisas são O quê da vida muito vós sabeis!
Coisas vão O qu'eu louco sem os nós ainda não sei!
Ventos suão para o norte e todos nós [A]vis!


TRAVESSURAS (Manoel Serrão)


Era um quintal; 
Era um terreiro; 
Era um lugar de correr e pular.
Era uma vida de empinar pipa amarela e cantares;
Era bela! Bela! Bela! Uma vida tão bela de peripécias e sonhares.

Assim,
desde bem pequenininho, 
sujeito-criança do verbo conjugado imaginar,
a que se cria O D'us encantado?
Hoje olho a vida pela brecha da paisagem morta,
E não vejo o Mundo vivível sem (o) ferrolho na porta.

COMUMENTE [MANOEL SERRÃO]







ComuMente distraída!

A paixão chegou contente
E partiu deMente.

VERSOS DE PLÁSTICO [Manoel Serrão]



Na lauta do almaço, resenhados versos arranhados, são malucos andarilhos descalços.

Na lona do circense mago, desbotados versos amontoados, são obus apontados de chumbo pesados.

No trapézio (a)rriscado, desequilibrados versos descalibrados, são metáforas de plástico que pululam quebrados.

Eia, hoje tem espetáculo? Tem, sim sinhô. E o aedo manco de quem é? É do Palhaço das letras-de-plástico!E a poesia sonhadora de quem é? É do poeta maluco do pé.

O DIZER NÃO [Manoel Serrão]



Dizer...
Dizer que...
Dizer que não...
Dizer que não pode.
Dizer que não o quer.
Dizer que não pode.
Dizer que não...
Dizer que...
Dizer...
Mas saber dizer NÃO é saber!

FRÁGIL [Manoel Serrão]





Cuidado, frágil!
O lado da vida para cima.
 

MINUANO [Manoel Serrão]







Fiel, e leal tu és
Como o vento minuano,
- frio e seco –, quando chega?
Derruba meio mundo!
 

 

NICOLAU COPÉRNICO [Manoel Serrão]








Nicolau provou.

A terra em torno do sol,
Roda a baiana.

CARCINOMA [Manoel Serrão]








Ora o perfeito sem defeito.

Ora o mais que perfeito a imperfeição.
Ora o mortal mais que defeito.
Ora o sujeito imortal a perfeição.
Ó imperfectível carcinoma?
Doentes não atingem metas!...

 

QUARENTENA [Manoel Serrão]


E cai-me às mãos entre os dedos
A pena veza que sublima os meus versos.
Cai-me!
E salta-me aos prantos
O destino com os lenços nos olhos.
Salta-me!
E assalta-me o peito o desapego dos desejos,
E a fé naquilo que não vejo.
Assalta-me!
Ó abraça-me! Vês? À todos peço-lhes perdão! 
Eu... Logo eu pálido Deus que já fora
Estima sem pecado nas lameiras d’um caminhão.
Eu... Logo eu que condenado ao Cristo levado à "crucificação" quão Pilatos lavara, não posso ao mundo lavar às mãos.
Eu... Logo eu que condenado a Papillon, ser banido à perpetuação,
Não posso à dor do exílio dar termo a solidão.

Ó amém! Rezarei a quem?
Quisera Deus, que entre minha'alma e mim pudesse encontrar todo o perdão no coração.
Quisera Deus, qualquer Deus, que pudesse ao encontrar-me no amor;
devolver-me a noite; desfraldar-me os sonhos; e, devotar-me à luz do sol toda gratidão.

Ó D'us! À  todos peço-lhes perdão!
Eu... Logo eu pálido Deus indigente que fora paz e guerra, alvo na mira dos aviões!
Eu... Logo eu pálido Deus sucumbente que fora napalm, obus na boca dos arcabuzes!
Eu... 
Logo eu pálido Deus que fora à quarentena de febre e delírio... delírio... delírio... Ó D'us! Rezarei a quem?


BEIJA-FLOR [Manoel Serrão






És Sol.
És Luz. És Amor. Mas Eu como Tu, borboleta azul que não sou? Sou o colibri beija-flor!

 


 



 

ANDRÔMEDA & ANDROMAQUE [Manoel Serrão]


Oh Deosa de Cefeu -, Andrômeda da Etiópia -, Gioconda, Odara. Ó vós que d’alli em d’oira hora vira Zeus -, fleur do Olympo – anunciada florescer.

Ó Nubae em veste d’alva saia qu' entre as Ninfas de Nereu foras por Cassiopéia a mais bela de todas proclamada. Ó vós que por Poseidon o ânimo em fúria desperta por Nereu ao teu belo, o fragelo, foras n’uma rocha açoitada.

Ó Grega que de Cetus e de Phineus por Perseu com as cãs da Medusa foras salva, e quão por amour fou  deu-lhe o destino, a quem o herói se casara. Ó vós Bem-Aventurada, que por Atena – a culta e sábia - ungida à galáxia foras eternizada. 

Ó Andrômeda spectac’lo de Bengala! Ó sê sábia, que doravante ninguém tema na mais escura noite, que se apague da esp'rança o último clarão da vossa face.

Ó quasar sê sábia, escutais a queixa silenciosa das coisas... Ó escutais!!! Doravante
quando silente s’espalhar a solidão que a poesia por cá aquietai-nos n'um só instante e povoai-nos os corações de amor e paz. Ó sabeis, silenciar é a forma de melhor dizer a vida que há e aquela que está por vir. Sim que o silêncio ao homem se fale! Nunca o silêncio estulto que o Outro apaga.


Oh! Andrômaca troiana, paixão insana de Pirro, rainha apeada levada ao claustro. Ó vós que d’alli do Époro, - o plasma de Aquiles -, a Orestes por inveja à Heitor em trágica hora a cria lh'a fez cair nas mãos e co' as fúrias à morte, - o vil - ordenara.

Ó Andrômaca dos versos alexandrinos de Racine!!! Obra de raro engenho, de ardor acendido, exclamo-a: Por que té' gora só dest' ao herói a luta em vão o fado, e por destruí-lo uma paixão sempre o acaba?

Ó Andrômaca dos versos trágicos de Corneille!!! E di-lo o herói: ó mal sabeis Andrômeda, o trágico, dono do próprio destino, aqui é maior que a própria sorte.

Não vês – Inda agora: Ó Andrômaca à luz de Barthes! Não vês que sois o elo num só anel de fogo, poal e água -  Ó são terras áridas entre o deserto e o mar, a sombra e o sol fulgor - E o mar? O mar importa como utopia de fuga do realismo ingênuo.

E ei-la [a] de Barthes: um só nada vazio sem pejo, um desvaler, mas sempiterna aberta preenchida e significada.

Ó n'umas justas a gloria merecida: Sejais vós Andrômada o mito ou Andrômaca casta como o trágico a metáfora é o laço maior da liberdade. Não  vês, a poesia é  o risco de arriscar-se a perder o rumo aonde quer que nos leve, sim: será sempre o lugar certo. 

Vede, entre presságios, se não credes no que o oráculo de Perseu predissera: ó mal sabeis como são corna musa sem métricas os meus versos de aprendiz sem estética. Mal sabeis! Mas lá 'stão! Lá ‘stão além d’ eles a plêiade sem temor e tod’alma d’ ave-grou em verbo e carne.

Ó Andrômaca, vós que habitas em fulgidas mansões siderais e todos... Ou nas hecatombes a grei do silêncio à voz da poesia nem os blazares as calara! Ó vês, sem visar a verdade, o poema, chega, a outra verdade: à verdade de sê-lo apenas Belo. Então que ressoem as harpas e as parkers dos Bardos e seremos todos tantos uma só odisseia rumo a um só lugar onde o que se vê raras vezes é o que se vê infinito.

Ó vim dizer-to: consola-te, pois, com as vossas estrelas, como silentes, incriados e eternos à busca do além no fazer poético, os poetas catam palavras em versos devotados escritas nas poesis ao Universo endereçadas que transformam o Mundo, e a dimensão coletiva do Sujeito!





 
  

 

QUEBRA NOZES [Manoel Serrão]



 



Nem Nerd
Nem Sherlock.

Dele não se foge!
O Amor quebra nozes.··. 





EX LEGE (Manoel Serrão)


Dão-no por tempestivo, bem concebido, recebido (cor)respondido, e bem preparado.
Ó vê-se não quadram reparos! E subira ao "reino" (ao) encantado.
Daí acolhido do verbo o Apelo e do verso o Acórdão: decidiu-se (o) poema?
De resto, cumpre ao poeta, e o faz, valer-se da poesia salvante a beleza do mundo.
Mas decidido, se não constar haja, na forma do coração!
Sem custas ex lege.



FADA SININHO [Manoel Serrão]




      Ó
         pó
               de
       
           p
        i
    r
  l
    i
       m
           p
       i
     m 
        p
           i    
              m,
                  trás a branca de neve para mim?

 


 

BALA ABALA [Manoel Serrão]


Bala à bala?
Bala é Bala!
Bala não cala bala.
Bala bate.
Bala abala.
Bala abate!


Bala à bala?
Bala obus cala.
Bala "trem bala" passa...
Bala doce acalma.
Bala... Bala... Bala traçada basta?..
Bala [ , ] para que te quero? Bala!

 

FIGOS [Manoel Serrão]




 

Vão-se as favas.
Vão-se os vícios.

Vão-se os
Discos.

Mas ficam os livros,

E os versos livres!

AXIOMA DE AZEITONA [MANOEL SERRÃO]






Meu axioma não agrega e nem soma... Meu axioma?

O meu axioma é puro genoma de oleosa azeitona.
É xucro azorrague alma de abobrinha que azucrina.
É gumma de beiju com angu, pirão de puba que assoma.

Meu axioma que não soma e nem adiciona... Meu axioma?
O meu axioma é ázimo, aziago de azinhavre; e
spique negresco de azevinho;
brinda de zinabre venosa que fermenta a vida com azia.

Meu axioma é azedume de conserva; picles de alho com pimenta; ruge e batom de urucum; o meu axioma é pó compacto de amido com maizena.

Meu axioma que não sonha com o pincel da Faber-Castell,
É rímel, míssil atômico no céu anil da babel.
É azo fétido de arroto azebre, vomito, baba de quiabo, golfa de babosa com conhaque da Barra.

Meu axioma é bafo ofídico, fermento e bacilo no iogurte de Baco.
É lata velha sem ABS e air bag automático, é quão pitiu de sovaco e morrinha bactéria sem Minâncora de bácoro.
Meu axioma é premissa necessária axiomática, verdade auto evidente e oculta que não se demonstra, mas escarra-me demente!

É cusparada nauseabunda de “razões” opostas que dessemelham.
Oh! E quão toda axiomática ilusão: meu axioma é inverdade real
no prato da necessidade...
Ó meu axioma, é não ter axioma nenhum!

 

 

 

 

 

 

 

 

 

GRAVIDADE [Manoel Serrão]


Bela! Bela!
Bela  anca. 

Bela  bunda.
Bela  dança rabo-de-saia! 

A

g
      r
a
      v
i
      d
a
      d
e

Ainda
vai quebrar tua cara! 

MADAME MIM [Manoel Serrão]








Ó foi pó de Madame Mim.
Abracadabra!
      A paixão é mágica!

GUARDANAPO [Manoel Serrão]





Partiu... Puiu-se a cambraia.
Inda o linho a sentir-se retalho, sujidade coagulada? Sobre o
pano enriado, os "restos" de tuas marcas:  Um batom...
Um aceno... Um adeus... E nenhum
Amor de sol e luau
p'ra mim! Ó mas fui
do infinitivo além:(O) eterno contigo!..

POROROCA [Manoel Serrão]







Sabe aquele tsunâmi 

De paixão que invadira o meu coração? Virou pororoca!

 

EK-SISTIMOS [Manoel Serrão]






Ontem f
ora a chuva.
Hoje o rio, amanhã o mar.
Depois leve sereno em versos livres para o céu revoar.

CAMOMILA [Manoel Serrão]





Camomila

E chá de canela pra PM! 
Senão? Mate [O] Leão.
E pipoca [M] bala "menta”.
 

 

AMORES SEM ESPERA [Manoel Serrão]






Ó da ‘e de Urano o Céu.

E de Gaia da ‘e a Terra.
Mas aos corações de amores?
Da'e os [a]mares sem espera!

O PANÓPTICO [Manoel Serrão]


Sempre simples doce vazia, 
Sempre sonante melódica.
Sempre simples “mãozinhas pra cima”, 
Sempre letra garapa melosa.

Sempre simples "pedra de toque", 
Sempre esponja feiúra porosa.


Sempre o simples bis o estribilho a pulsão,
Sempre o chiclete mascado à repetição.
Sempre simples diluídas – isolinhas - em pequenas rimas,
Sempre o blá-blá-blá o abc de à adestração.
Sempre simples o muito alongado ã de vão,
Sempre a "Novilíngua" a "Novafala" à supressão.

Sempre a sampler simples disciplinada,
Sempre o degrau da base a parada.
Sempre a loop simples sem a virada retocada,
Sempre a batida percutida manjada.
Sempre o role-play simples o domínio público,
Sempre o poder da penetração na massa devotada.

Ó swingueira? Ó axé music?
Camaleão não é panóptico,
Nem chiclete com quebradeira é protótipo.
Oh yeah! Então, “Vaza canhão”!
Oops, e opina o trash: Ou Cae o bicho-do- pé ou “Rala a Tcheca no chão”!


 

O PONTO, A RETA E O PLANO (E O MATE MÁGICO) (Manoel Serrão)




Dedicado aos professores: [Prof. Juarez [in memoriam]; Prof. Walmir; Prof. Ribinha; e Profa. Bibi - Bacabal [MA]]

Pouco passava da quarta hora quando o desventurado ponto, a reta e o plano, elementos primitivos desprovidos de qualquer diferencial entre dois quadrados ou dos quadrados perfeitos, jungidos ao caráter abstrato e geométrico das figuras planas, com seus pontos pertencentes a um mesmo plano, totalmente contidas na superfície do tampo, e as não-planas dos cilindros soltando o cone nas esferas, além dos sólidos geométricos [os corpos redondos, os prismas e as pirâmides] arquitetara um misterioso plano de multiplicação, firmara um sistema sólido de agrupamento em adição ao sistema de numeração romano. para conquistar Alfa, Beta e Gama. Uma verdadeira equação de primeiro grau sem divisão ou subtração, com quatro incógnitas entre minuendos e subtraendos, e de resto igual para um só enigma.

Com um firme propósito e a ideia fixa de medida calcular quantas vezes caberia uma quantidade de incógnitas em outra, além de calcular as possibilidades de toda a potência de base para um só enigma, tidas sem expressão numérica mesmo privadas ao acesso da sequência numérica como de outros sistemas de numeração das manobras do grupo, tendo em mãos todos os divisores de um numero natural tal como alguns dados sobre o provável máximo divisor comum [m.d.c.], as notáveis retas concorrentes a semirreta, o segmento e as linhas paralelas em coautoria com a Régua T, o transferidor e o esquelético aberto do compasso naquela de organizar dados do evento em tabela de dupla entrada sob a proteção do ângulo reto o agudo e do obtuso, entre frações e operações tentara decifrar a todo custo um meio terços de um décimo de centésimo e dos doze avos os treze avos das incógnitas aparentes, contudo, todavia, resultou o desafio em números inteiros o fracasso do valor desconhecido.

Figura proativa, embora sem qualquer critério, noção de estética, beleza ou harmonia dos retângulos áureos, muito menos de Euclides, Diofante, Mohammed ibu-Musa AL-Khowarizmi, François Viéte e outros mais, ainda assim correndo à boca pequena que este as conhecia de outras re-recalculadas algebrista e que podia com grande talento pôr em prática as suas habilidades de exímio rei do disfarce em linhas poligonais fechadas e simples com sua região interna o Polígono, pois que estes recebem de acordo com o número de lados e o número de vértices um RG do CI para o CPF especial, e assim, portanto, o abreviar do caminho através da reta tornando mais curta a distância entre dois pontos, dizível, vê-se, seria talvez a solução encontrada para equacionar as incógnitas do enigma por todos os pictogramas especulados como o número 1, 61803... Ou o number de ouro, representado pela letra "fi".

Em cada ponto continuando a porcentagem de olho nos treze por cento do resultado, outro fator igualmente interessante para o completivo de interesses além de outros gabaritos aplicando para agravar o conjunto de todos os números naturais sem o zero por N nos ímpares e pares da situação que já era pôr de mais complicada, eis que surge das entranhas dos números escondidos arredondando os números em ponto de espera o patife do polígono Dode [cágono] jogando a circunferência no ventilador do triângulo escaleno que alimentava uma paixão inflexa, quadrada e reprimida por Beta.

No vale tudo pelas rugosas gregas geométricas, quatro dias depois, pela manhã, o borra-calças do mate mágico escaleno entre horizontais e verticais barras alinhando vírgula por debaixo de vírgula inconfesso covarde sem coragem de chegar ao vetor das casas decimais angular das "divas" , cego, leigo sem ater-se a ler nem interpretar os gráficos de setores só acrescentando zeros se necessário e a anos-luz da unidade de medida, arroba, sem metro, alqueire, hectare ou qualquer medida agrária impondo uma tonelada de ultimato, sob pena de retalhar com uma arma branca os centímetros do quilate "Bráulio" do triângulo equilátero que o considerava mais do que um membro da corte com duas circunferências, um fiel grafite e companheiro de todos os dedões dos paralelepípedos, também era cubo, era aresta, era bloco retangular e pau no muro para toda obra, foi logo a todo volume de espaço ocupando por um corpo estimando de forma calculada a área ocupada pelo amigo tri ático do isóscele para que entrasse no perímetro imediatamente namorando com uma das duas outras irmãs de Beta tornando assim tudo mais fácil com a soma das medidas de todos os lados de um polígono

Litro, mililitro, decilitro? Enquanto o apótema da pirâmide totalmente sem polegada no trapézio ou qualquer medida de capacidade para lutar no conjunto vazio de cada recipiente, o nosso herói isósceles coitado além de seriamente ameaçado na incolumidade física do submúltiplo "Bráulio", temente por algo muito pior recorrendo pela proteção dos triângulos retângulo, losango e ocutângulo logo teve uma grande decepção ao descobrir que ambos os irmãos undecágano e o decágono tempos estavam de tocaia à espreita de "ficarem" na balança da bissetriz de um ângulo, prima-irmã do ângulo obtuso e do reto e agudo.

Lá fora, nos jardins, reinavam ocultos entre os senos e cosem-nos os ângulos complementares de 90 graus, os suplementares de 180 e os replementares de 360, o primeiro mais fechado, rabugento e sisudo, o segundo mais aberto feito em sorriso e o terceiro às escâncaras, mais aberto do que para quedas encarnado, uma tríade de elementos dos segmentos colineares e congruentes de um mundo matematicamente semeado de figuras, superfícies e geômetras, hipotenusas, catetos e Pitágoras, números cálculos, caos e algarismos romanos, agregados foram flagrados mui calmos, todos verdadeiros traíras, comprometidos numa outra empreitada para o polígono obtusângulo, posto que de tão sujos há mais de uma semana foram pulverizados, empurrados para fora do círculo oval pelo ângulo oposto ao vértice do contrário, e quão o ângulo consecutivo do redondamente ângulo adjacente enganado. Sem a menor prova de imaginação? Os infies disseram que se tratava de simples coincidência.

Na raiz quadrada de tudo, por sorte algo pior só não aconteceu porque Dona Geometria apareceu histrionicamente com a Diva Álgebra, e desde logo colocando ordem na casa acabou com a festa das figuras planas pelo metal polido e o narcisistas na superfície das águas, assim, portanto, contra a algazarra geral, decretou medidas de rigor aritmético e mandou somar tudo pela quantidade de todos, encontrando a média aritmética determinou coercitivas geométricas de cumprimento imediato em: comprimento; superfície; tempo; massa; capacidade; e volume, sem espetáculo passou a trena, sentou a pua, mediu com o paquímetro, e logo também pôs todos no esquadro. Pelo santo nome da Álgebra e da Dona Geometria.

Por último, finalmente, como castigo "merecido" ordenou sumariamente a todos ali presentes que fossem em ato solene aprender uma boa tabuada ajoelhados em grãos de milho, além das mãos na circunferência polida da palma tória, tudo sob a direção inflexa da dona progressão Aritmética. Detalhe? Sem qualquer "noves fora"! Ou regra de três?

Ainda bem que não foi com a dona geometria não-euclidiana que parte da negação do postulado das paralelas do geômetra grego Euclides.

Ufa! Que desafio!

Do poeta árabe do século VI. Cassida é o nome do poema: “Se os meus amigos me fugirem, muito infeliz serei, pois de mim fugirão todos os tesouros”.

A amizade que o verso exalta não existe só entre os seres dotados de vida e sentimento!
A Amizade apresenta-se, também, até nos números! “ ... Presos pelos laços da amizade matemática? ... elementos ligados pela estima? A soma de ... os números 220 e 248 são “amigos”, isto é, cada um deles parece existir para servir, alegrar, defender e honrar o outro! ”

“A matemática é, enfim, uma das verdades eternas e, como tal, produz a elevação do espírito – a mesma elevação que sentimos ao contemplar os grandes espetáculos da Natureza, através dos quais sentimos a presença de Deus, eterno e Onipotente! [O Homem que calculava] Malba Tahan – Editora Record”

Assim, movido – aqui com muita espiritualidade matemática, digamos, pela brincadeira e humor matematicamente falando com que trato as figuras e os elementos inseridos no texto, mormente pelo espírito da amizade fraterna que presto minhas homenagens e sinceros agradecimentos aos meus queridos amigos e mestres da matemática: ao professor Juarez [in memoriam] há quem muito trabalho dei nos tempos da tabuada; ao professor Walmir, ao professor Ribinha ambos pela álgebra e aritmética, e finalmente a professora Bibi pela dedicada geometria, valorosos matemáticos de Bacabal [MA], Colégio Nossa Senhora dos Anjos. Eis aqui então as quatro incógnitas e o enigma revelado.

IMPERMANÊNCIAS [Manoel Serrão]







Há dias fastos,
E outros nefastos.
Um sorrir para o circo,
O outro chora no pasto.






Comentário de João Batista do Lago em 10 novembro 2009 às 20:25 [“João Batista do lago, maranhense, pode ser considerado, atualmente, um dos mais completos poetas e cronistas do Brasil, haja vista a consciência plural e significativa de sua intuição cultural, fato que o faz passear entre musgos históricos gregos e o modernismo clariciano, espargindo o pensamento poético alemão, americano ou inglês, sem esquecer das taças saboreantes dos vinhos que enebriaram o cismar dos poetas franceses como BAUDELAIRE (Charles Baudelaire), MALLARMÉ (Stéphane Mallarmé), FRANÇOIS COPÉE (François Édouard Joaquim Copée) e MUSSET (Louis Alfred de Musset) – o poeta do amor. Como eu, o Maranhão e o Brasil também, creio, se orgulham de João Batista do Lago, uma das maiores expressões literárias do mundo moderno. Fato que, realmente não deixa a desejar se comparado a nenhum dos franceses acima citados”. Marconi Caldas Poeta, escritor e advogado São Luís – Maranhão – Brasil 2007].

Já revelei noutra oportunidade que sou admirador da poética de Manoel Serrão. É-me – aos meus olhos – provavelmente, o poeta mais complexo do Maranhão, na atualidade. Dono de uma larga obra (toda ela socializada na Internet), Manoel Serrão, desde que tive a primazia de conhecê-lo, “espanta-me” com os seus versos, e muitas vezes, me conduz a reflexões dialético-materialista-fenomenológicas.
Neste seu poema – IMPERMANÊNCIAS – por exemplo, o P., num quarteto vérsico magistralmente construído, reflexiona sobre a pósmodernidade sem cair no reducionismo comum ao campo sócio-econômico-político.
A crítica, contumaz e contundente, que infere estes versos, é de um “visceralismo” apaixonante, i.é., ele arregaça o espírito daquilo que conhecemos como “PósModerno”, para nos deixar antever definitivamente claro que o caos está presente como onipotência e onisciência nessa nossa louca hodiernidade... Ou nessa modernidade tardia, como preferem alguns sociólogos e estudiosos ou pesquisadores sociais.
E de que maneira ele traduz isso? Fá-lo a partir duma dupla personificação adjetivada, ou seja, a partir de dois “campos” individualizados na complexidade do sistema existencial de humanos que perambulam pelas cidades como indivíduos fastos-nefastos e que se arrastam pela cadeia duma vida que já não mais lhos pertecem...
E é nessa exata presencialidade tempo-atemporal urdida na dupla face de sujeitos que não são sujeitos de mais nada, mas apenas de uma análise discursiva capaz de nos engessar, ou seja, de nos esconder a partir de nós mesmos dentro de nossos vazios existenciais.
Seja da face “fasto” ou da face “nefasto” há, nessa dupla dicotomia de si-de-ambos, o caos instalado com suas vertentes de fractalização ou de fragmentação dos sujeitos de-si, que já não mais fazem quaisquer sentidos. Nem mesmo o sentido de uma “classe” que, porventura, poder-se-ia inferir em quaisquer desses ambos.
Mesmo aquele que “sorrir para o circo” não se diferencia do “outro que chora no pasto”, pois que, ambos já não têm de si nem o sorriso nem o choro. E é exatamente neste instante que eles perdem o “espírito do sujeito” que neles poderiam resistir e fazer e dar sentido às suas existencialidades existenciais.
Paradoxalmente, ambos os dois são a essência de suas próprias mortes, assim como o são a essência das mortes de si-outro. Ambos os dois riem e choram ou choram e riem na selva caótica dos desesperados... Despedaçados... Fragmentados...
Mas há, aqui e agora, outra inferição que gostaria de aventar para este instante, mas que está submersa neste seu poema: Manoel Serrão nos põe a nu diante de nossa dupla face daninha de nós mesmos. Revela-nos, como um filósofo hermético, o grande dilema que nos move pelos caminhos que traçamos: o só. Não o estar só, mas o ser-si-só...
Porventura, não seria a posmodernidade a maior produtora dessa condição de ser-si-só?




TACIANA VALENÇA  [ Poetisa, Administradora [publicitária] e Editora chefe da revista  PERTO DE CASA na cidade do Recife [PE], incentivadora e articuladora cultural, onde mantem um programa de entrevistas num canal fechado (TV SABER, canal 15 - SIM). Autora do projeto "Navegando em Poesia", por iniciativa própria.  Evento que ocorre cada três meses. O Navegando reúne poetas, vinho, música e muita alegria num passeio de catamarã pelo Rio Capibaribe, onde todos declamam suas poesias e também de outros grandes poetas - Integrante da Câmara Brasileira de Jovens Escritores (com várias antologias publicadas).

Comentou em 12 de novembro de 2009 às 9:19.: - Interpretar Manoel Serrão é uma arte difícil, tamanha profundidade em seu estilo, sempre com poucas e profundas palavras. É isso que o torna diferente. Ele tem gênero próprio e inteligência audaciosa. Poeta para poucos e como poucos. Registro minha admiração aqui. Taciana.






NOTA: a imagem que ilustra o poema é obra do artista plástico brasileiro Aldemir Martins.



 

O DOMINIUM DO CONSUMO [Manoel Serrão]


Desperte, vá além, olhe o mundo à sua volta. Olhe o universo circundante. Aceite o desafio, aguce suas lembranças, ouça o chamado da consciência e convide-se a reflexão. Deixe o vento da constatação e a onda tsunamica de o consumo presente bater no Sujeito. Depois, inspire e respire fundo e siga intuíndo de que algo anda por demais errado com o mundo globalizado, ou tecno-cyber-digital nesses tempos ditos de “contemporaneidade” vivenciada por todos nós.

Se antes o desejo de consumo despontava claramente entre o preto e o branco, agora existem muito mais cinzas na sociedade do espetáculo, já que nem sempre atinamos para o fato de que somos o que consumimos. E o que consumimos nos dias atuais proporcionado pela indústria cultural, pelo modismo recorrente, pelos arquétipos enfeitados e modelos inventados que determinam a tua, a minha e a nossa aceitação, tudo movido pelos padrões de comportamento e beleza impostos por determinado grupo social em que vivemos, além do rolo compressor da grande mídia [capitaneada pela TV Globo] com todo o seu poderio de influenciar o modus vi vendi de cada um, seja de forma individualizada ou coletiva, quadriplicou.

Segundo, Theodor Adorno, a televisão, será [e já o é] principal instrumento dentre os “meios de massa” conhecidos servindo apenas aos interesses dos donos dos meios de comunicação para não só deflagrar o consumo das massas, como também da indústria cultural, que, nas próprias palavras do autor, “impede a formação de indivíduos autônomos e independentes, capazes de julgar e decidir conscientemente”. Ou seja, O “emburre cimento” de quem não consegue diferenciar seus próprios pensamentos.

Vejam só como a ciência e a tecnologia de braços dados seguem amparadas pelo Senhor-do-mercado que nada mais é do que o próprio mercado do sujeito consumidor -, que proporcionando a demanda exige de acordo com “O sistema dos objetos” – Tese de Mestrado de Bertoldo Brecher e Peter Weiss [sob orientação do filósofo Henri Lefebvre], na qual problematiza o lugar que mesas, televisões, carros e bolsas, exemplo ocupavam o cotidiano das pessoas. Questiona Baudrillard no primeiro parágrafo da introdução do trabalho: “Poderemos classificar o luxuriante aumento do número de objetos como o fazemos com a fauna e flora, completo com espécies glaciais e tropicais mutações inesperadas, e variações ameaçadas de extinção? ” e assim o consumo descartável de objetos de uso cada vez mais “modernos”, “novos”, “luxuosos”, “eficientes” e “avançados”, e que paulatinamente sem que se perceba claramente vão moldando um “novo homem” além de uma “nova qualidade de vida”. Infelizmente vivemos sob um crescente e aparentemente inevitável mercantilizarão de todos os domínios da experiência humana. Isto é, por outras palavras... ”um mundo pragmático onde, sob o império da lógica econômica, da produção e da hegemonia dos códigos, cria-se um sistema capaz de neutralizar e tornar inútil toda a atividade crítica, inclusive à atividade crítica teórica, acrescenta o professor Ondina Pena Pereira [Mestre em Filosofia pela Universidade Federal de Minas Gerais – UFMG].

A situação em si anuncia-se gravíssima estabelecendo-se de forma silenciosa e sorrateira vai engolindo o homem-ser e revelando o “novo” homem-ter, tornado objeto anulado, alienado e coisificação, haja vista que: “O sistema econômico já provê as próprias mercadorias com aqueles valores que, mais tarde, decidirão sobre o comportamento dos indivíduos. As agências de produção cultural, por seu turno, cumprirão a tarefa de inculcar naqueles toda uma série de condutas tidas como as únicas “normais”, “decentes” e “racionais”. [T.W. Adorno e M. Horkheimer - Ethos sem, ética – A Perspectiva Crítica].

De acordo com tais premissas, as reflexões empreendidas pelos autores T.W. Adorno e M. Horkheimer [Ethos Sem, Ética – A Perspectiva Crítica] e agora segundo o cientista Luiz A. Calmon Nabuco Lastória alude que acerca das sociedades ditas esclarecidas evidenciam que o processo por meio do qual os indivíduos são brutalmente subsumidos pela totalidade do sistema social é tão pouco representativo da “verdadeira qualidade dos homens” quanto o valor econômico é representativo dos objetos de uso. No âmbito do particular, tudo passa então a ser medido em termos de sucesso ou fracasso e à consciência moral cabe apenas decidir entre o “mal” e o “mal menor” tendo em vista a auto conservação do indivíduo. Não lhe é possível julgar a legitimidade das alternativas que se apresentam; esse sentimento de impotência experimentado pela consciência do homem moderno nada mais seria do que o índice subjetivo da heteronímia moral como resultante objetiva última do transcurso percorrido pelo esclarecimento até agora.

Aliás, afirma o cientista, conforme apontam os autores, o caráter coercitivo do auto conservação que se impõe à consciência moral dos homens já se faz presente na Odisseia de Homero. Pois, diante da alternativa entre submeter-se à natureza ou submetê-la a si, o comportamento do herói – Ulisses – testemunha a sua capacidade racional de ajustar meios a fins para tornar Odisseia, o qual relata o encontro de Ulisses com as sereias:

O caminho da civilização era o da obediência e do trabalho, sobre o qual a satisfação não brilha senão como mera aparência, como beleza destituída de poder. O pensamento de Ulisses, igualmente hostil à sua própria morte e à sua própria felicidade, sabe disso. Ele conhece apenas duas possibilidades de escapar. Uma é a que ele prescreve aos companheiros. Ele tapa os seus ouvidos com cera e obriga-os a remar com todas as forças de seus músculos.

(...) A outra possibilidade é a escolhida pelo próprio Ulisses, o senhor de terras que faz os outros trabalharem para ele. Ele escuta, mas amarrado impotente ao mastro, e quanto maior se torna a sedução, tanto mais fortemente ele se deixa atar

(...). O que ele escuta não tem consequências para ele, a única coisa que consegue fazer é acenar com a cabeça para que o desatem; mas é tarde demais, os companheiros – que nada escutam – só sabem do perigo da canção, não de sua beleza – e o deixam no mastro para salvar a ele e a si mesmo. [Adorno & Horkheimer, 1985, p. 45]

A partir da interpretação que fazem da Odisseia, os autores também assinalam que o trabalho e a fruição estética já se apresentam separados desde a despedida do mundo pré-histórico.

Por esta razão, toda a cultura e, mais particularmente, as obras de arte que são o seu corolário partilham a culpa de uma sociedade edificada sobre as bases do trabalho comandado.

Conforme suas palavras, as medidas tomadas por Ulisses no interior de sua nau quando da passagem pelas sereias, “pressagiam alegoricamente a dialética do esclarecimento”. “E, nesse sentido, a epopeia já conteria os princípios da “teoria correta”, teoria essa que, muito mais tarde, viria possibilitar, por intermédio de seus conceitos e fórmulas, a autonomização da totalidade social em face de todos”.

De acordo com o filósofo e sociólogo polonês Zygmunt Bauman, ao tratrar sobre o consumo e o poder de escolha, nos ensina que: “Numa sociedade sinóptica de viciados em comprar/assistir, os pobres não podem desviar os olhos; não há mais para onde olhar. Quanto maior a liberdade na tela e quanto mais sedutoras as tentações que emanam das vitrines, e mais profundo o sentido da realidade empobrecida, tanto mais irresistível se torna o desejo de experimentar, ainda que por um momento fugaz, o êxtase da escolha. Quanto mais escolha parecem ter os ricos, tanto mais a vida sem escolha parece insuportável para nós.” Trecho extraído do livro Modernidade Líquida. O mesmo o tratar sobre o sofrimento mediado pelo consumo, destaca brilhantemente que: “Algum tipo de sofrimento é um efeito colateral da vida numa sociedade de consumo. Numa sociedade assim, os caminhos são muitos e dispersos, mas todos eles levam às lojas. Qualquer busca existencial, e principalmente a busca da dignidade, da autoestima e da felicidade, exige a mediação do mercado.” Trecho extraído do livro Vida Líquida.

Destarte,  após passada revista em tema atualíssimo que diz respeito a todos nós, pois afinal de contas querendo ou não somos parte integrante desse mundo, necessário se faz que cada um faça ainda que breve uma reflexão crítica sobre o mundo atual em que vivemos, e por via de consequência, o modo de pensá-lo, o foco do olhar para outro ângulo atentamente dê-se conta das coisas que nos cercam nos tempos atuais, esses obscuros objetos de desejo, o desejo irrefreável de consumo a toda prova nos conduzem feito uma manada para o abismo da desertificação; da alienação; da anulação,; e, da coisificação na totalidade do ser homem e seus laços de afetividade, tornando-nos submissos de sistemas e poderes além de todo tipo de escravidão por vir.

Basta!

Manoel Serão da Silveira Lacerda
[Advogado, poeta e Professor de Direito].

São Luís [MA], 10 de novembro de 2019.
 

 
Fontes pesquisadas: Luiz A. Calmon Nabuco Lastória – Ethos Sem Ética: A perspectiva crítica de T.W. Adorno e M. Horkheimer;
Adorno, a Indústria Cultural e a Internet – por Sérgio Amaral Silva – pág. 40 a 43 - Filosofia – Conhecimento Prático; e,
Viver para o Consumo – Obra do Francês Jean Baudrillard – por Marcelo Galli – pág. 26 a 31.
Filósofo e sociólogo polonês Zygmunt Bauman - obra livro Modernidade Líquida; livro Vida Líquida.




 

 

 

SANTO ANTÔNIO [Manoel Serrão]







Antanho ímpar,
Anel sem par.
Agora? Dei glória!
Antônio, amém!
Unir o par.













































EXÉRCITOS (Manoel Serrão)


Contra o mau e as trevas, a cruz e a espada.
Contra a barbárie que lhes da na fúria?
No front? Sem desertar da bravura? Pus-me à luta, o combate! 


Às armas, sonhos, às armas! Por que sonhos todos sonhos são um despertar, e um amanhecer de alívio!
Ó não vês, que entre sonhos e pesadelos, os meus exércitos venceram mais batalhas que os de Napoleão, Alexandre [rei da Macedônia], Júlio César [imperador romano] e Aníbal [general cartaginês] juntos?


D'alli no front tirou-me os fuzis o húmus das folhas soltas na terra, e a mais profícua poesia que me fora a mais bela. 
D'aqui nas cavas entranhas o combate tirou-me do "sangue" os ideares mais sublimes.

D'alli no front tirou-me os hostis o “heróico” inerme, e os despertares das flores amarelas.
D'aqui nas cavas entranhas o combate, tirou-me o tempo a juventude q’u a velhice encurta as horas.

D'alli no front tirou-me o reboar dos canhões o silente sono, e do leito a esperança dos sonhos.
D'aqui nas cavas entranhas o combate tirou-me das lãs os propósitos, e os teares da paz:
Expiaram-me as culpas; sepultaram-me os pecados mais singelos.


Ó na solidão das noites "brancas", sob um diluvico mar de "rosas" e fuzis; 
Dou-me conta: se d’alli mil navios perdi e d’aqui cem batalhas venci. 


Agora, triunfal co' retumbantes mil Troias: eu que lutas íntimas travei;
Eu que batalhas intimas ganhei. 

Restou-me, o heróico mutilado da última vitória. 
E nada mais que atirando granadas nos meus infernos?
Aqui estão as minhas horas! Aqui acredito-me, minhas espadas!
Mas batalhas que nos esculpem no braço, deixam marcas nos ossos.


 

 

Mademoiselle [Manoel Serrão]



Ó sem lugar? Se és tu quem te foges d'encontrá-la?
Vai buscar-te? Vai?
E 'fei-o' não é, dá-se em presente coração valente!
Não na há noutras devesas lábios de mel, nem donde lhe vem a luz de tão rico ‘splendor.

Co’a peregrina sorte que vos acompanha, vê-a bem neste olhar! Havíeis de muito sonhares? Ó petiz que da bela se assenhoreia, põe-te a andar? Teus passos deixarão teus passos. Ó porque não te amas sem escolher à quém? Para amá-la e amar-te é preciso saber amar!


Imagem: Jacqueline Kennedy Onassis.

 

O Ser-Eu e o Outro [Manoel Serrão]




Querida Sobrinha, com muita sabedoria e propriedade vós abordais em recente postagem, tema de grande valia: O do ser-Eu e O do ser-Outro. Enfim, do Eu tornado o Outro, o Plural. Em virtude disso, é de se lamentar comumente que nem o ser-Outro e nem o ser-Eu, enxerga o Eu quão enxerga o Outro. O que observo frequentemente, são deveras, mormente nas redes e nos convívios sociais, uns Eu’s e uns Outros “zumbis”. Umas vezes postando dizeres e palavras bonitas, citações e profundos pensamentos extraídos de outras páginas da net [de preferência pela comodidade de não querer saber, nem pensar e nem refletir], como meros “papagaios” à repetição enfadonha, apenas na rasa “profundidade” de uma poça-d ’água ou duma bátega qualquer, anunciam ser um ser-Eu para o ser-Outro, ou vice-versa, que não condiz absolutamente na prática com a verdade do que diz ser-se.

Sendo assim, nesse viés sou obrigado a concordar com Terêncio [dramaturgo e poeta romano], quando diz: Nada do que é humano me é estranho. Portanto, caríssima sobrinha, entre uns zumbis e outros nauseabundos e perambulantes, se arrasta a humanidade: pobres, hipócritas e covardes, quão medíocres de alma e de espírito. Ó seres que se arrastam!

Tomo aqui, não como verdade absoluta, mas como mera relatividade os ensinamentos de Jean-Paul Sartre, que de muito afirmara: “Estamos condenados a ser livres. Essa é a sentença de Sartre para a humanidade. O filósofo e escritor francês, ao lado do argelino Albert Camus, foi um dos maiores representantes do existencialismo, corrente filosófica que nasceu com Kierkegaard e reflete sobre o sentido que o homem dá à própria vida. Para Sartre, a existência do ser humano vem antes da sua essência. Ou seja, não nascemos com uma função pré-definida, como uma tesoura, que foi feita para cortar, por exemplo.

Segundo o filósofo do Existencialismo, antes de tomar qualquer decisão, não somos nada. Vamos nos moldando a partir das nossas escolhas. Toda essa liberdade resulta em muita angústia. Essa angústia é ainda maior quando percebemos que nossas ações são um espelho para a sociedade. Estamos constantemente pintando um quadro de como deveria ser a sociedade a partir das nossas ações. Defendia que temos inteira liberdade para decidir o que queremos nos tornar ou fazer com nossa vida. A má-fé seria mentir para si mesmo, tentando nos convencer de que não somos livres. O problema é que nossos projetos pessoais entram em conflito com o projeto de vida dos outros. Eles, os outros, tiram parte de nossa autonomia. Por isso, temos de refletir sobre nossas escolhas para não sair por aí agindo sem rumo, deixando de realizar as coisas que vão definir a existência de cada um. Ao mesmo tempo, é pelo olhar do outro que reconhecemos a nós mesmos, com erros e acertos. Já que a convivência expõe nossas fraquezas, os outros são o “inferno” – daí a origem da célebre frase do pensador francês.

A relação com o outro é conflituosa porque implica em posse. Se a perspectiva inicial da relação é a captura pelo olhar do outro, a consciência sente-se capturada, presa, possuída por este olhar:

Sou possuído pelo outro; o olhar do outro modela meu corpo em sua nudez, causa seu nascer, o esculpe, o produz como é, o vê como jamais o verei. O outro detém um segredo: o segredo do que sou. Faz-me ser e, por isso mesmo, possui- me, e esta possessão nada mais é que a consciência de meu possuir. E eu, no reconhecimento de minha objetividade, tenho a experiência de que ele detém esta consciência. A título de consciência, o outro é para mim aquele que roubou meu ser e, ao mesmo tempo, aquele que faz com que “haja” um ser, que é o meu. (SARTRE, 1999, p. 454-455).

Para Sartre, em especial – não há interioridade da consciência: ela consiste justamente neste ato de sair de si para perceber o outro. A consciência – que Sartre, hegelianamente, chamada de Para-Si, enquanto o corpo, os objetos físicos são o Em-Si –, portanto, é essencialmente a relação com o outro.

Já para o filósofo e sociólogo polonês Zygmunt Bauman, uma de suas teorias mais conhecidas era a da “modernidade líquida” – que compreende um período de intensa mudança na humanidade: tudo que era sólido se liquidificou. De acordo com o conceito, agora “nossos acordos são temporários, passageiros, válidos apenas até novo aviso”.

A filosofia, a cultura, o individualismo, o avanço da desigualdade, a revolução digital, a efemeridade das relações a partir dessa revolução são algumas questões estudadas pelo pensador – que se tornou uma figura de referência em diferentes campos do conhecimento.

Afirma ainda o pensador que: “Nós somos responsáveis pelo outro, estando atento a isto ou não, desejando ou não, torcendo positivamente ou indo contra, pela simples razão de que, em nosso mundo globalizado, tudo o que fazemos (ou deixamos de fazer) tem impacto na vida de todo mundo e tudo o que as pessoas fazem (ou se privam de fazer) acaba afetando nossas vidas”.

E segue o filosofo: “Na hierarquia herdada dos valores reconhecidos, a ‘síndrome consumista’ destronou a duração, promoveu a transitoriedade e colocou o valor da novidade acima do valor da permanência”. Trecho extraído do livro Vida Líquida: "Em nosso mundo de furiosa individualização, os relacionamentos são bênçãos ambíguas. Oscilam entre o sonho e o pesadelo, e não há como determinar quando um se transforma no outro. Na maior parte do tempo, esses dois avatares coabitam - embora em diferentes níveis de consciência. No líquido cenário da vida moderna, os relacionamentos talvez sejam os representantes mais comuns, agudos, perturbadores e profundamente sentidos da ambivalência." Trecho extraído do livro Amor Líquido.

Sobre identidade e redes sociais, afirma ainda Zygmunt Bauman, que: “A diferença entre a comunidade e a rede é que você pertence à comunidade, mas a rede pertence a você. É possível adicionar e deletar amigos, e controlar as pessoas com quem você se relaciona. Isso faz com que os indivíduos se sintam um pouco melhor, porque a solidão é a grande ameaça nesses tempos individualistas. Mas, nas redes, é tão fácil adicionar e deletar amigos que as habilidades sociais não são necessárias. Elas são desenvolvidas na rua, ou no trabalho, ao encontrar gente com quem se precisa ter uma interação razoável. Aí você tem que enfrentar as dificuldades, se envolver em um diálogo [...] As redes sociais não ensinam a dialogar porque é muito fácil evitar a controvérsia… Muita gente as usa não para unir, não para ampliar seus horizontes, mas ao contrário, para se fechar no que eu chamo de zonas de conforto, onde o único som que escutam é o eco de suas próprias vozes, onde o único que veem são os reflexos de suas próprias caras. As redes são muito úteis, oferecem serviços muito prazerosos, mas são uma armadilha”. Trecho extraído de entrevista ao El País.

Eis o retrato da realidade que vivenciamos no hoje e no agora do mundo atual, em que o homem social caminha cada vez mais para a abjetificação crescente do sujeito.
Uma sociedade que ceifa vidas, que ceifa sonhos, que ceifa saúde e que enfileira seres humanos como meros objetos para serem classificados de forma incoerente.

É o que podemos dizer de lteridade (ou outridade) que é a concepção que parte do pressuposto básico de que todo o homem social interage e interdepende do outro. Assim, como muitos antropólogos e cientistas sociais afirmam, a existência do "eu-individual" só é permitida mediante um contato com o outro (que em uma visão expandida se torna o Outro - a própria sociedade diferente do indivíduo).

Ensina-os a filosofia nietzschiana do Retorno: “Tudo vai, tudo volta; eternamente gira a roda do ser. Tudo morre, tudo refloresce, eternamente transcorre o ano do ser. Tudo se desfaz, tudo é refeito; eternamente constrói-se a mesma casa do ser. Tudo separa-se, tudo volta a encontrar-se; eternamente fiel a si mesmo permanece o anel do ser. Em cada instante começa o ser; em torno de todo o ‘aqui’ rola a bola acolá. O meio está em toda a parte. Curvo é o caminho da eternidade”.

Sobrinha Isadora, é assim, ainda com virtudes e defeitos, que temos enquanto o Eu de aceitarmos o Outro, o Distinto, o Plural em um contexto de emancipação e solidariedade, desprovidos de conceitos pré-concebidos, arrogância, intolerância, rotulações, e qualquer tipo de desconstrução do Eu e do Outro, mas infelizmente o que se vê são tantos os contrários do Eu como o do Outro.

Portanto, sem mais delongas, gosto mesmo é do coração que sabe tolerantemente escutar, compreender, pois a compreensão é a árvore da vida. A compreensão é a saúde d’alma que eleva o espírito, o que nos sustenta, o que nos eleva, é a fonte de sabedoria que descansa no coração.

Ó pobre consumidor de si mesmo, nunca fui “Maria-vai-com-as-outras”, prefiro viver e morrer de filosofia e poesia do que morrer de hipocrisia.

"Quem Olha para si mesmo, não Ilumina o mundo"! [Lao-Tsé]

Um carinhoso abraço.

Manoel Serrão.

BOIAS FRIAS [Manoel Serrão]






Bóias?
Bio, ração flex, combustão...
Êitanol! É assobiar e cortar cana. 
Se não for Power é fome e "céu"!...

SENTIMENTOS [Manoel Serrão]





Como não te querer?
Diz-me: o que hei de fazer?
Sentimentos! Já bem sabes de mim.
Sabes tu a quem fala a minha canção.
Já não quis te querer.
Te mentir? Não ao meu coração,
Mas tu sabes de mim!


AYAHUASCA [Manoel Serrão]







Ó Daime um Saint beijo,
E um abraço ayahuasca!
Daime...
Nunca te vi sempre te amei!



 




GUERNICA [Manoel Serrão]


 

Repica o sino.
E o céu da Guernica ruiu
Chuva de fogo!

 
Em 26 de abril de 1937, aviões alemães e italianos miraram em civis numa vila do país Basco. Era a tétrica estreia do bombardeio de terror, uma das maiores marcas da Segunda Guerra.

 

CARTILHA DO ABC [Manoel Serrão]




Na cartilha do aprender,
Quem desaprende o ABC? 
O feito não se desfaz.
A vida não se tresler.

L´ROMA DE CAFÉ [Manoel Serrão]






Do lado de cá?
Um aroma de café, uma sombra
E um banquinho na praça.


Do lado de lá?
Um gerente do banco, um aperto de mão
E alguns zeros na conta.


Assim, bendizente a vida me fez decidir:
Sem pressa, o aroma do ca-fé?:
Gesta até hoje no Ser-afim.







 

BERRO [Manoel Serrão]


 


Eu berro.
Tu berras.
Ele berra.
Nós berramos.
Vós berrais.
Eles/Elas berram.
Ó mas b-e-r-r-a-r é pouco.


GUARDA [O] BELO [Manoel Serrão]






Faça chuva

Ou Sol.
Manda-Chuva
Ou Guarda Belo?
[O] nosso Amor eterno!








  

NICHOS [Manoel Serrão]






Nichos...Nichos...
Onde guardar o criado
Lixo [do] [in] mundo?

DIVINA VÉSPER [Manoel Serrão]


Oh! Deia dos célios, sonho idílio, rubra luz de ingente encanto.
Ó gesta que c’o corpo medra das nebulosas, silenciastes?
Vai-te! Sede a voz, dizeis a uma só palavra ao tempo doravante o tempo que podeis!
Por que as estrelas não duram para sempre? E o amor à chama que alimenta a vida não te fora a sorte?
Filha da Ursa Maior, quão Templário c’a anima e c’o esp’rito em guarda.
Pus-me em espera velada para não sedes sombras, nem das sombras do eclipse escravas.
Ó tu que és honra - Diva de humana casta - o mal de ti se arrede?
Sigo-te! Eu que a tenho drão, sei preciso tão os teus erros possíveis quantos são!

Vai-te! Prenuncia-nos em ode que se avista, à tarde, onde o omnipresente Sol se fez o nada ser vista um desertor.
Vês! No lar do eterno não há tempo urgente sem tempo contente para sorrir!

Ó de seda manto ou voiler, ó divina Vésper de pura veste, o que mais quereis na cera planetária por amor?

Vês! Onde ‘stás, concede-te! Ó Vênus, por dá cá nos aquele Eros pura, e o que de ti Urano nos dera, restou-nos? Não vês, o coração d’agora que outrora por ti sorrira, choram? E bem-te-quis, divina Véspe!






MERCADO PRAIA GRANDE SÃO LUÍS MARANHÃO [Manoel Serrão]





Por entre escarras vazas que baforam das bocas ofídicas dos canos;
Por entre chaminés, fuligem e prédios que se espalham pelo perímetro urbano;
E, por entre vielas esburacadas, ruas, ladeiras, travessas, becos, corredores e vias desconhecidas, assim, me deixou levar pelas marginais sujas.

Nunca havia atentado para o odor de aerossóis vencidos, o aroma do perfume barato e para o mau cheiro insuportável da ureia amônia.

Nunca havia reparado para a lama das sarjetas, o chorume, a podridão das fezes espalhadas pelas calçadas, e para o dióxido de enxofre e [CO2] carbono invasivo que entranha pelas narinas humanas.

Nunca havia atentado para a rara fartura da ceia que sob aquele “leve” manto atmosférico, o sujeito "invisível" saciava a fome; Saciava-se num desjejum “pingado” com pão mofado de suor e cansaço;
Saciava-se no apressado da buzina de um velho [chofer na boleia] FMN [FÊ/NÊ/MÊ] da boleia encarnada.

Nunca havia reparado para o cuscuz cortado no vapor dobrado, servido com bolinhos de arroz queimando; nem reparado para o barulho embrulhado de cem mil decibéis em ondas carregadas de papel picado pelo pálio central do mercado.

Ó mas vi! Vi que:
Havia cargas e descargas de terra e água, de fogo e ar na hora marcada.
Vi que: havia cargas e descargas de frutas, plantas, leguminosas, secos e molhados.
Vi que: haviam cães pirados latindo no assédio ao "chocolate" da cadela do cio.
Havia tragos, bebuns e vidros quebrados no pigarro dobrado da esquina.
Havia pregões e pregoeiros a pé ligeiros,
E havia peixeiros, açougueiros cheirando rapé no espirro do verdureiro.

Vi que: havia o pífio, a puta, a ladra e o ladrão.
Havia o ócio, o negócio e o divórcio.
E havia o gigolô e o cafetão de conluio com a gang do "Alemão".

Ó vi a separação e as diferenças.
Sim, a “nata” de tudo e de todos os diferentes.
Uns movidos pela fé e a razão, outros pela dor de privar da ração que o “sustentam”. O limite. O front. Os “muitos” sem que pudessem sustentar nem colonizar suas próprias vidas na construção de “pontes” como forma de descobrir e reconhecer em si mesmo O outro.

Lá para as cinco, jacto de luz irrompe com o sol da manhã,
Beijando-me a face e a retina refratadas no ray-ban de laminado cristalino,
E eis que me vem à cônscia razão de que o Ser-homem é só uma imagem de luz impressa na substância.

Transpassado o portal do coração oferto-lhes em suaves porções por detrás do balcão, poemas em versos de amor e paixão.
Ah! Nenhum freguês? Não importa! Os poetas e os amantes são doidos mesmos!
Mas no meio do mercado andai como os Leões.



AD ETERNUM [Manoel Serrão]




Volta e meia dá flor nasce, e quão um tufão floresce!
Mas quando murcha a flor? A paixão
m
orre uva passas!

O amor, não! A
o rés da letra,
doce poema,
Gesta em récita canção move montanhas.

Amor, bem-vindo é assim: ad eternum não morre;
Não dá meia volta, tampouco acaba. Amor se muda... Não passa!

AZUL [Manoel Serrão]




Como o céu que já choveu:

O olhar do meu amor,
Fora azul que nem o seu.

 

BÁRBARA (MANOEL SERRÃO)


Eia, tu onde vais! Onde vais que desliza entre m'alma e mim, mascando-me o corpo até que o sangue espanave-me a carne!

Eia, tu onde vais! Onde vais que desarvora-me das ameias, pondo-me de joelhos até que o rés condene-me à mea-sorte!

Eia, tu onde vais! Onde vais que voraz e perfídica feriste-me por érea forte a gratidão, e a rima inobrecida até a morte!

Eia, e tu onde vais! Onde vais? Onde vais para que todos saibam que te sofre aquilo
Que te faz sofrer na tua brutidão? 


Eia, inda, assim, ó purusha, bárbara podridão?
Serei completa ação espiritual e eterna poesia aos olhos do coração!
E eia tu, ó Bárbara, diz-me: onde vais? Quem te morreu!


* purusha: humano ou humana no sânscrito.

INSTANTE [Manoel Serrão]



 



Infinitas vezes...
Infinitas vezes vivê-lo tal e qual ele o É!
No instante O eterno Amor.
 

PÉS-DE-VENTO [Manoel Serrão]





Papa-léguas.
Pés-de-vento.

Sinto a vida
E o tempo passar como um sopro.

 

RÁDIO OUVINTE [Manoel Serrão]







Em dias de luta!

Ou, em dias de sol!
No dial sintonize Ira no alto-falante do áudio.  
E lá se vão pelas tardes vazias, toda A Ira pelas ondas do  rádio. 
E beijos Flores em Você!




 

ANAGRAMA [Manoel Serrão]





AnA
     AmA
          GrAma
                  AmA
                       CAma
                               Ama
                                    FAma
                                           Ama
                                                GrAna
                                                        Ana
                                                             Ama
                                                                  Anagrama.                                                                                                                                                                                                                                                         

 
    

FANTASMAS DE NEVE [Manoel Serrão]




Dei-te a carne e minh. ’alma!
Dei-te o resto e todo o meu passado!

Dual "intestina" espectro de egresso! Aqui 'stou em preto-e-branco à dessemelha das cãs que carrego!
Ó aqui 'stou entre sessões de espirros e um emaranhado de arquétipos eternos!
Aqui se me tens o "livre" do apeio mal fadado? Vês! Já 'stou envelhecido e mofado no meu desassesto de regresso!

E qu'eu aqui 'stou saco de ossos arriado por cima da morte. Ó falto, vês, que te rogo! Deixai qu'eles meus velhos carrascos, vivam como jovens d'utrora foram-me aliados no passado!
Ao passo, que de mim agora só temo do coração a unção, que descenso por sorte em vão não quer a morte. E sem que o exorte, só temo aquando todo meu viver o suporte!
Ó vês! Quão de resto se ali nada fora, e aqui nada sou!
Então ao que mais te presto, senão a lembrança do vento?


E o qu'inda mais na vida se me faz preciso? Qu'inda?
Se eu a vivi ou a sonhei? O que mais quereis, tempo?
Se há Deus, Eu e os meus Fantasmas de Neve na solidão
desse Templo!..

AcRôNimO [Manoel Serrão]



]




AvÉ EvA, AvoN.
AvE NovA, AvaloN.
AvÉ ReVson, VloN
AvE Ver, ReVloN.

AvÉ Ep & Ep SoN
AvE SoN, EpsoN.
AvE HanS, H HanS
AvÉ "RouD, SterN"HanS.

AvE Ave Chest - eR
AvÉ smart - eR AvÉ.
AvÉ W Red & SanS
AvE Red & BlacK JohnnY.

AvE/ bond/ super-bond/
AvE/ cola/ letra/ acrônimo/
AvÉ/ Made/ in/Brazil/ from/
AvÉ/ rool-on/ in/ logotipo/crônico/.

AvE/ "Avec\", \ "Sans\" e \ "Contre\
AvE/ "Kit-Kat/dolce"/ frutili/ Kibom/
AvÉ/ marca/ registrada/ em/outdoor/e/ banner/
AvÉ/ post/note/avir/arte/do/consumido/O/ homem.

UNDERGROUD [MANOEL SERRÃO]




            Passo a passo 
                             um 
                    Degrau.
Assim vivo
no diviso 
Front que separa 
O verso unforgettable, 
Do indiviso undergroud.

ALMAS DO LAGO [Manoel Serrão]


[dedicado-o ao amigo-e-irmão de poesia João Batista do Lago [ São Luís - Maranhão 24.07.2010]].



Poças rasas...
Algumas pessoas t
êm alma de lama:
Pesam toneladas!
Outras, almas do Lago? 
São profundas águas cristalinas!

DOXA E PARADOXO [Manoel Serrão]



 

Sou
O doxa...
O corpo;
A matéria;

O dissolúvel;
O finito; O continente d'alma. 


Sou
O paradoxo...
A anima; O espírito;
A liberta percepção das cousas abstratas.

Mas O que faz de mim O que sou,
quando sou Alma separada do Corpo?
O D'us imortal eterno.

JUÍZO FINALE [Manoel Serrão]




Falo-vos d
o septo nasal, senzala de secreção ancestral.
Digo-vos do peito xenófobo, excreção moral que nem xarope "bromil" expectora.
No entanto nos abraçamos sujos, sectários, malditos e resignados à espera do juízo final.
É que não há sabão na pátria com vergonha e ética,
Nem palha [de] aço com respeito e água capaz de enxaguar tanta sujeira. Ah! pecadores! Ah! juízo final! 
 


A VIOLÊNCIA E O MUNDO MODERNO [Manoel Serrão]


De acordo com o entendimento de Mario Luiz Bonsaglia: “As teorias políticas que explicam a origem e justificam a existência do Estado apontam que o fim principal deste é a garantia da coexistência pacífica entre os indivíduos, com a prevenção fim principal deste é a garantia da coexistência pacífica entre os indivíduos, com a prevenção e arbitramento dos conflitos, e punição dos faltosos, atividades estas de que o Estado deve se desincumbir por órgãos adredemente instituídos, in casu sob comento a Justiça.

Nesse sentido é possível falar na existência de “direitos de proteção” (Alexy), ou seja, de direitos que tem frente ao Estado o titular de um direito fundamental, para que aquele o proteja da intervenção de terceiros. Com efeito, ao passar de uma situação pré-estatal à situação estatal, o indivíduo renuncia à autotutela em troca da proteção estatal.
Desse modo, a ordem constitucional, para além de enunciar os direitos fundamentais, deve prover também os mecanismos institucionais que garantam a proteção desses direitos.

Essa ampla gama de tarefas estatais destinadas a garantir o respeito aos direitos individuais básicos é referida na Constituição Federal brasileira, no que diz respeito ao rol de atribuições do Poder Executivo, como atividades atinentes à “segurança pública”. Nesse sentido, o art. 144 da Constituição estabelece que “A segurança pública, dever do Estado, direito e responsabilidade de todos, é exercida para a preservação da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio...”.

“Como se vê, o texto constitucional associa a segurança pública à garantia da ordem pública, bem como à preservação da incolumidade das pessoas e do patrimônio”.

Não obstante a inteligência do enunciado acima, a verdade é uma só, o problema da segurança pública e do combate a violência vai muito mais além do que uma norma cunhada no papel, o imbróglio é de todos nós e a obrigação de combatê-la não com a própria violência em si, mas com a adoção de medidas eficazes traze-nos à baila a questão da segurança no mais lato sentido da palavra, pois além de ser obrigação e responsabilidade do Estado é também dever da sociedade organizada buscar soluções através de ações estratégicas para minimizá-la.

Chega de promessas, retóricas midiáticas, discurso de palanque. Queremos sim daqueles que ocupam cargos públicos e estratégicos com poder de decisão, comando, e  que nada fazem, mais responsabilidade e comprometimento. É axiomático que o buraco é mais em baixo, aqui não me cabe o meritório da questão histórica das classes dominantes do país e outras mazelas sociais, onde os ricos ficam cada vez mais ricos e os pobres explorados cada vez mais miseráveis, porém, atenho-me no que pertine a objetividade como algo imediatista, por exemplo: a intensificação de ações preventivas de inteigênca e contínuas por parte das polícias com seus aparatos e demais parafernálias para conter dentro dos limites da lei, essa onda incessante e crescente da violência que assola os trabalhadores, os pais de famílias e a sociedade como um todo, que se propaga a passos largos alimentada não só pela omissão do Estado que não se faz de modo efetivo e presente - príncipio da eficácia e eficiência - em todos os fronts de acordo com o que reza o preceito constitucional garantindo cidadania ampla, geral e irrestrita ao povo brasileiro e demais direitos básicos assegurados, como também mormente pela lentidão uma justiça caquética pautada em leis caducas que fometam a impunidade quase sempre certa daquele que comete um ilícito penal, mormente com relação aos crimes hediondos e o cumprimento integral em regime fechado da pena imposta sem direito ao gozo de qualquer benefício assegurado por lei como forma do apenado furtar-se ao cumprimento da mesma. Não estou fazendo apologia tampouco defesa de um Estado-Polícia e punidor a qualquer custo, muito pelo contrário.

Não à toa, a face mais feia da violência, do crime organizado e da bandidagem existente na grade social, desde alguns anos não se contentando em ficar reclusa aos ditos delitos mais brandos, recrudesce o cenho a feiúra do mal avançando sobre os campos e as cidades tomam-nos lugares, praças, casas, nichos, clubes, etc. e ameaçam-nos, sufocam-nos e destroem indiscriminadamente vidas e famílias inteiras que choram a perda de algum amigo, filho, pais, parentes próximos ou distantes.

Se hoje foi a vez do vizinho, amanhã poderá ser você e todos nós. Inaceitável que fatos de natureza grave se tornem corriqueiro e, vidas o bem maior do homem o nada sem valor, a morte, o crime e a bandidagem o lugar comum, a banalização da criminalidade pela sociedade como se à regra fosse e não a exceção de um sistema “civilizado” organizado por leis eficientes, normas, tratados, costumes, etc. que regulamentam e disciplinam a conduta humana.

Inconcebível hodiernamente aceitar-se o silêncio ou a omissão de quem quer que seja ao presenciar ou ter a no titia crimines da consumação de qualquer tipo ou espécie assombrosa ou macabra de crime, venha calar.

Infelizmente em pleno terceiro milenium teima reinar no seio e na base da sociedade cristã tal desdita: a família é o berço e a inerente razão de ser de tudo que se relaciona a vida perene do homem.

A monstruosidade de crimes de tal natureza em que toda a sociedade repudia pela covardia imposta às vítimas indefesas, deve ter em definitivo um basta.

Qual a razão do homicídio e da crueldade homicida desde priscas eras? Por que o homem se torna animal irracional e sanguinário a ponto de cometer tão descabida maldade?

De acordo com a jornalista Sheila Pereira, matéria publicada em Conhecimento Prático Filosofia – Ed. 20 – pág. 30 e 31 – Dostoievski e o mundo-cão, conforme transcrição ipis litteris, alude que: “A obra “Crime e Castigo”, o russo Fiôdor Dostoievski, retrata a racionalização do crime e a culpa que vem da consciência, além da redenção, hoje em dia, parece que essa consciência, na maioria das vezes, não existe mais, ou seja, se o homem comete um crime, não recorre mais a consciência, na verdade, o que o incomoda é a punição em si [acresço então que: não aqui no Brasil onde impera a impunidade]”.

Nesse contexto, e por extensão, afirma o Bacharel em Teologia; e Bacharel, Mestre e Doutorando em Filosofia pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo Jonas Madureira, assim como Marcos Sidnei Pagotto-Euzébio, Graduado em Filosofia pela FFLCH-USP, Mestre e Doutor em Filosofia da Educação pela FE-USP. É professor de Filosofia na Universidade Metodista de São Paulo – UMESP, vide transcrição in ver bis que: o primeiro afirma que um dos primeiros “filósofos que levantaram a questão da culpabilidade e a fundamentação da consciência, pela reflexão e não pelo peso da culpa foi Michael Foucault”. De acordo com o mestre “ele levanta a questão de que a nossa consciência é constituída a partir de uma história e de um contexto cultural que a gente vive. “[...] que a nossa consciência é constituída, todas as nossas ações são baseadas em uma consciência inata que nos pertence desde que nascemos, mas foi construída a partir de nossa vivência no mundo”. E segue fundamentando que: “E quando essa consciência é constituída pelo sistema da culpa, da punição, do que você faz você paga, toda a teoria da ação passa a se fundamentar não mais em numa consciência do bem, mas em uma consciência da punição, pelo que eu tenho que pagar”. Por outro lado o segundo mestre preconiza que: “De fato, onde encontrar justificativa para não se agir como se quiser, ainda que isso causasse mal aos outros? Por que ser bondoso se isso não me traz vantagem? Como fundamentar a ética sem recurso absoluto [Deus, a Razão, etc.]? Esse é o problema de nosso tempo... As chamadas “grandes narrativas” tradicionais perderam a força e não são capazes de suprir sentido ou determinar nossas ações. Sendo assim, uma infinidade de “pequenas narrativas” passam a cumprir esse propósito: [tribos, grupos de todo tipo, derivações de outras narrativas [o extremismo político e religioso, por exemplo,] se põem a doar sentido para nossos atos. Atualmente, nossa “grande narrativa”, se quisermos continuar a pensar assim, é aquela que faz do sucesso pessoal, individual, o grande objetivo da vida; dele derivaria a felicidade e a realização. Ora, tendo esse ponto de partida, podemos imaginar inúmeras possibilidades de justificativa para ações que consideramos, no geral, egoístas, medonhas, cruéis [o assassinato, o roubo violento]: aquilo que se coloca entre meu desejo e sua realização deve ser afastado, pois o sentido da vida é cumprir as promessas de felicidade que me foram feitas por essa sociedade do capitalismo avançado [ironicamente, a mesma sociedade que se horroriza com tais ações], em que tudo é objeto, mesmo as pessoas”.

Para Bertrand Russell, na obra - Ensaios Céticos - Editora Nacional - corroborando com o objeto da matéria sub examine este leciona in ver bis que: "O homicídio é um crime antigo, e encaramo-lo através duma névoa de horror secular. A falsificação é um crime moderno, e a encaramos racionalmente. Punimos os falsários, porém não os consideramos estes estranhos, a afastar de nós, como os assassinos. E ainda pensamos, na prática social, independentemente do que digamos em teoria, que a virtude consiste mais em não fazer do que em fazer certos atos rotulados de "pecaminosos” é bom, mesmo que nada faça para promover o bem-estar dos outros. Esta, naturalmente, não é a atitude inculcada nos Evangelhos: "Ama o teu próximo como a ti mesmo" é um preceito positivo. Mas em todas as comunidades cristãs o homem que obedece a este preceito é perseguido, sofrendo no mínimo pobreza, em geral prisão, e às vezes a morte. O mundo esta cheio de injustiça, e os que lucram com a injustiça estão em situação de administrar recompensas e castigos. Os prêmios cabem àqueles que inventam engenhosas justificativas para a desigualdade, e os castigos aos que procuram remediá-la".

Destarte, sejam quais forem os motivos ou quais sejam o limite ou não limite da perversidade d'alma humana, da pessoa, da mente com a agravante de propósito deliberado, frio e calculista... impiedosos desalmados e indignos de qualquer clemência machucam, esganam e atiram a queima roupa são merecedores de penas severas além do desterro perpétuo e pleno em cárcere privado do ventre livre da sociedade dita “moderna”.

Manoel Serrão da Silveira Lacerda [Advogado Criminalista e Professor de Direito]

 

EPÍTOME [SerrãoManoel]





Uns
para a epístola.

Outros
para o epitáfio.

Mas no fim
todos com a epítome:
Saudosas lembranças!

A ORIGEM DE TUDO [Manoel Serrão]







O nascimento do universo?
Só agora a ciência está perto de descobrir a origem de tudo: o Deus Supremo Criador do Universo.

ALVARÁ DE SOLTURA [Manoel Serrão]




Dê se livre a flagrante.
Dê se livre a Preventa.
Dê se livre a temporal.
Urge!
Expeça-o.
Alvará de Soltura.
Ó Dê-se livre doutor?

Libérrimo é o Amor!

O HOMO-HUBBLE [Manoel Serrão]







Venceu Urano.

Cruzou Plutão.
Ganhou o nada, o vazio além da imensidão.
Hoje a trilhões de star sóis? Ufos! 
O “homo-hubble”, só não venceu a solidão. 

PONTO PARÁGRAFO [Manoel Serrão]



Na branca lauta,
À margem esquerda da folha?
Mudo de linha a cada novo parágrafo que a vida escrevinha.
Mas em que ponto do "papel" o ditado acaba? O Homem há final!

R-UA ITAITUBA [Manoel Serrão]


 

Lá fora a Ita-i-tuba vazia chora.
Chora lá fora a Ita-i-tuba vazia.
Vazia chora a Ita-i-tuba lá fora.
Lá chora a Ita-i-tuba fora vazia.

ITAITUBA: A palavra vem do guarany - tupi itá'imtyba  ITA=PEDRA I=PEQUENO TUBA=ABUNDÂNCIA (LUGAR DE MUITA PEDRA MIÚDA).

AMOR AMORA [Manoel Serrão]





                                  AmO O

AmOr

AmOra.

O AmOr

CorpOra

Amor d’queles que beija e NamOra.

AmO

O

AmOr

Da hOra

AtempOral

Amor Que cOra.

AmO

O

AmOr

Na MOral

Sem demOra.

AmOr

Que mOra

AmOr que Ama e Ora.

O

AmOr

Que flOra.

AmOr

Que beija e ChOra.

 

 

 

BICHO PREGUIÇA [Manoel Serrão]





Presa fácil!

Quando caio na teia,
E vou p’rá lona?
Viro bicho-preguiça do sono.
Ó nunca pensei “navegar” na rede p’rá plantar bananeira!

EM BONS LENÇÓIS [Manoel Serrão]




Aprecio a cama; os lençóis em goma; e os travesseiros de seda macia, a quê me apego todo dia como vício da consciência tranquila!

MUTISMO [Manoel Serrão]







Quando falo, digo nada.
Quando calo, digo tudo.

Entre falares, e não dizeres nada?
Ou calares, e dizeres tudo?
Imprescindo do mundo, e do sábio silêncio do "mudo".

 

PARTÍCULA DE DEUS [Manoel Serrão].




Pixel.
Ecce nômade biotecnizado.
Êxtimo.
Fluído espacial multifário perdido? 
Há anos-luz que te espero.

Virei pedra, o elo,
O souvenir de borracha.
Virei a "partícula de Deus", o big bang, o ectoplasma...
E oculta não passas O'hara!

ANFÍBICO [MANOEL SERRÃO]



Ó aqui 'stou! Aqui 'stou nas intolerâncias das tolerâncias que me condenam; nas finitudes dos meus eternos que se dês-combinam; nas entrelinhas, sem começos, meios, e,
fins; ó aqui 'stou 
nos meus estados que se repetem: o retorno sem cessar.
 
Ó mas onde não 'stou? 'Stou na ladra do vira latas sujeito;
No Filho maldito perdido nos becos; no Homem utente das ruas;
No Anfíbio da lama dos guetos.

Onde 'stou? 'Stou 'Stou e não sou!

Eu hoje sou o Nada. Nada sou! Nada sou!
Nem mesmo a vergonha mais vil do homem.
Nem mesmo O "Sol" – apenas Um -: sou [O] Tudo;
Nem mesmo O "Pó" – apenas Todo -: sou Um.

Oh! Onde 'stou? Não 'stou quando 'stou na Matrix ilusória que desagrega-me os humanos sujeitos sem igual do Não ser O real sem valor;
Onde O Eu maldizente e os Outros Eus obedientes desobedecem os obedecidos e os deuses esquecidos.

Oh! De resto,- humano -, quando diante da Vida e da Morte, me for em vão toda a paisagem estendida pro norte;

Quando o Nada estiver acima de tudo, e me arda a força do punho no peito;
Quando a terra me puser pedra nos pés, e o céu venda nos olhos;
E quando os soluços revirarem-me à dor na garganta, e tudo for apenas o quê dos meus sonhos o Mundo restou?

Lá fora por sorte 'stará o amanhecer da vida sorrindo-me;
Ou, o choro-gemido do entardecer da vida dentro da Morte. 
Ó nada temer além de mim... Ó nada a temer!
Nem dos Homens desgraçados que somos; nem dos Deuses Astronautas de Von Däniken; nem da Terra frouxa ferida por máquinas à espreita por Nós!




Já revelei noutra oportunidade que sou admirador da poética de Manoel Serrão. É-me – aos meus olhos – provavelmente, o poeta mais complexo do Maranhão, na atualidade. Dono de uma larga obra (toda ela socializada na Internet), Manoel Serrão, desde que tive a primazia de conhecê-lo, “espanta-me” com os seus versos, e muitas vezes, me conduz a reflexões dialético-materialista-fenomenológicas.








ARENGAS [Manoel Serrão]



Devassa-nos com setenta métricas
de rezinhas,  e cem
verrinas de palavras.

Difama-nos com trinta e duas rilhas sem dentina, e vinte e oito falanges apontadas.
Flagela-nos co'o mil ósculos da herpes
de contágio, e nenhuma oxítona consagrada!
Ó não vês, que na arena das arengas verbais, esfalfo-me extenuado à rebeldia do longevo gládio; que és tu e eterna serás o Amor enredo da minha vida! Adjudica-me então? Digna-te, de ouvir meus apelos? Concede-me a "posse" do teu coração de adobe... Amada!

 

 

REVELAÇÃO [Manoel Serrão]






Para Eu escrever - um poema -, é uma forma de fala com Deus.
E o Deus Uni-Verso se revela!

MAGA Pata-lójika [Manoel Serrão]


 
 

 


Maga-Má.
Patologia obcecada amoral?
A solidão é Pata-Lójica.

 









O EN-CON-TRO [Manoel Serrão]








Toda vez que nos encontramos?

É tu me lendo e eu te escrevendo!

DÊS-SABER [Manoel Serrão]










Sem sabê-la amar,

Nem do amor saber.
A quem mais amou,

Menos soube amar!

PREDADOR [Manoel Serrão]






Ânsia não é amor se for precisão. 
Nem é amor se for dependência. 
Amor e ânsia não formam pares,
Nem trocam alianças.
São predadores.

 

HOLÍSTICA [Manoel Serrão]


E ei-los avessos... 
C'os braços entrelaços na mass-media separados, ei-los!
E ei-los ahi frames despedaçados,
Homines do antanho, hospídes do hospício conhecido,
Ranço coberto de sânie, ratos doridos roídos de fome.
Corpus carnale mutilados, rechaços ao cosmos encantado.
E ei-los ahi, removidos: cera a cera para o museu do passado!

E ei-los aceitos...
C'os braços desenlaços nos todos abraçados, ei-los!
E ei-los ahi inteireza, o elo da nova hóstia comungada.
Homines -, Demiurgos -, do porvir desconhecidos, plasmas invisíveis transmutados.
Ostes do holos -, os inteiros - para novos entes iluminados.
E ei-los ahi, manutenidos: almas etéricas e a matéria no tempo de todos os mais preparados.

Ó não éreis vós bichos atávicos qu' nos instintos animaes,
Palmilháreis a modernidade via a transmodernidade inda por chegar?
Ó não éreis vós bichos atávicos qu' nos instintos animaes,
Palmilháreis a era da razão via à cônscia idade que se declara acolá?

Ó preparai-vos! Então, que sejais vós quão todos nós uma só nova linguagem nessa busca pela evolução:
Um novo “código” para o  espaço-tempo do EU SOU na maior idade.

 


 
 

 
 

 

 

 

 

 

ACORDE[I] SOL [Manoel Serrão]







Lá em Dó em Si bemol?

Sonhei em Ré de Mi.
Agora, allegro cantante?
Acorde [i] Sol!


 


 

ATENÇÃO! [Manoel Serrão]









Pare.

Olhe.
Escute para vias cruzadas,
Não parar vidas no chão.
 

BUG JUMP [Manoel Serrão]







BUG JUMP


VAI…
               V
                     A
                           I
                           …
                           V 
                              AI
                                    H
                                    AI
                                       K
                                          A
                                             I
                                          U
                                          U
                     
                                          U
                        
                                          U

                                           
                                           U

                                            u

                                             u 

                                              u

                                               u

                                                u

                                                 .

                                                  .
                                               ...........................................................................................
....

 

 

 

 

 

SOBRENOME [Manoel Serrão]





Por que inda vós queixeis?
Se lhe deu o Sol um nome,
E um sobrenome todo Poesia?

 


TRIÂNGULO DOS JOELHOS [Manoel Serrão]




No mudo
Triângulo dos joelhos.
A dor dos cotovelos?
São ossos duros de roer!

ADVÉRBIO DE NEGAÇÃO [Manoel Serrão]




Não para a difama de plantão,
Não para a refalsia do perdão.
Não para a neo-per capita canibal,
Não para o engodo da comuna social.

Não para o Éden de “Lutero” -, a “salvação”,
Não para o Ágape de privo do coração.
Não para a “falta” de terra, circo e pão,
Não para o bunker frio hóspite da solidão.

Não para o nerd control ermitão,

Não para o cyber @ à servidão.
Não para a lama do Congresso Nacional,
Não para o mau da violência capital. 

Ó “Não” para o “não”. Não! Não! Não!
Não para a hipocrisia do politicamente correto da canção.
“Não”, “não” e “não” lhes dês avec o não.

Mas também lhes dês do Sim u’a mão...
Um bonjur de sonhos...
E a luz dial d’um Sol Nascer o Bem para os Homens.

 


PACIÊNCIA [Manoel Serrão]






Paciência!
Até que a impaciência nos separe.

Ó DRIA [Manoel Serrão]







Ó aqui e ali na ida ao imo do ide? 
O ibidem dual retruca:

Ó dria, se me quieres,
O estro da cria, sou eu?
Ó ad idem o insano, e
O [IN] cônscio, diria!

PORQUE A NOITE É MAIS DA LUA [Manoel Serrão].





Desde bem pequenininho
Eu fazia um beicinho
Para me deitar.

E a janela me abria o céu,
O vento entrava
Para me carregar.

Com meus olhos de menino,
Nada mais eu via,
Além de vislumbrar.

Porque a noite é mais da lua,
Ela é mais das violas e dos corações.

Hoje vejo o dia a dia,
O sol se pôr aquém
Meu sonho a derramar.

Trago um travo na garganta
E se não fosse louco
Eu podia gritar.

Muito além do que se sabe
Não seria a noite
O dia a se findar.

Posto que não se fizesse
Aquilo que eu queria
Não sei lamentar.

Porque a noite é mais da lua,
Ela é mais das violas e dos corações.


APERTO [Manoel Serrão]







No riso ou na dor.
Ou, seja lá como for!
Se apertarem os nós?
Deus por todos nós.

IMORTAL-IDADE [Manoel Serrão]






Imortal!

O poeta não morre.
Adormece e dorme...
O poema socorre!

 

ESCATOLOGIA [Manoel Serrão]



Hj !?! Se se Miguxas tu? Não miguxo eu?
Não miguxo do ver-bus discensi basal.
Nem do I korretu no-nonsensical.
Não miguxo da voga para alex [;] a do Neo-Miguxe. Não miguxo! Não miguxo!

Ó miguxês verve hilária, escatologia orfista de feiúra "lux";
Refrega pagã do verbo-ser carne que peleja a desossa o descarne venal.
Inda dizes tu, cúm'lo... q' enlarge your verbus? Não vês que ri da fala dos qqqqs o tal Satanás!...
É o que está a dar o arriscar d’uns kkkks sem o Português dos hahas!
Ó velino do pesponto a grafite?
Retuíte-se! A Net não vale a borracha.
 

BIS [COITO] [Manoel Serrão]





Para o nu tântrico:
Quero tanto [bis] coito,
Como champanhe no coito.
 

@ A PsiCOPaTIA dO PoeTA @ [Manoel Serrão]


O
Ma
nOEL
SeRRão
é Um bArDo ToSCO,
dU pOEMaDO tOrTO.

O
Ma
nOEL
SeRrãO
É uM BardO CôXo,
dU VerSEJadO SOLto.


Ma
nOel
SeRRão
qUe nÃo é POetA
e NãO sABe fAzER pOEmA?
É uM VeRbOrráGiCO DoiDo d'Um PoeTAdO LoUCo!


 

CRIME E CASTIGO [Manoel Serrão]



O obscurantismo, a escuridão chamada – violência - problema que é de todos nós, posto que estamos afogados até o pescoço e com a obrigação de combatê-la não com a própria violência em si, mas com a adoção de medidas eficazes traze-nos à baila a questão da segurança no seu mais lato sentido da palavra, além de cobrarmos diuturnamente por dever de ofício a responsabilidade a quem de direito.

Amiúde promessas, retóricas midiáticas são bem comuns no discurso de palanque daqueles sujeitos que ocupam cargos públicos e estratégicos com poder de decisão e comando mais que nada fazem ou pouco faz. Evidente que o buraco é mais em baixo, aqui não me cabe o meritório da questão histórica do país e outros entulhos mais, porém, atenho-me no que pertine a objetividade como algo imediatista, por exemplo: a intensificação de ações preventivas e contínuas por parte das polícias com seus aparatos e demais parafernálias para tentar conter a onda incessante e crescente dessa peste que assola, dessa praga que se propaga a passos largos alimentados não só pela omissão do Estado que não se faz de modo presente - princípio da eficácia e eficiência - em todos os fronts de acordo com o que reza o preceito constitucional garantindo à cidadania ampla, geral e irrestrita ao povo brasileiro e demais direito básicos assegurados, como também, mormente pela lentidão e morosidade da velha justiça pátria apimentada pela impunidade quase sempre certa daquele que comete um ilícito penal dessa natureza, isto é, crime hediondo e o cumprimento integral em regime fechado da pena sem direito ao gozo de qualquer benefício que lhe assegure a lei. Não estou fazendo apologia tampouco defesa de um Estado-Polícia, muito pelo contrário.

Não à toa, a face mais feia da violência, do crime e da bandidagem, desde alguns anos não se contentando em ficar reclusa aos ditos delitos mais branda, recrudesce o cenho a feiura do mal avançando sobre os campos e as cidades tomam-nos lugares, praças, casas, nichos, clubes, etc. e ameaçam-nos, sufocam-nos e destroem indiscriminadamente vidas e famílias inteiras que choram a perda de algum amigo, filho, pais, parentes próximos ou distantes.

Não bastasse há poucos anos atrás, quem não lembra pelo destaque da imprensa, foram vítimas da violência o cartunista Glauco e seu filho, amanhã poderá ser eu, você, o vizinho e todos nós.

Inaceitável que fatos dessa natureza e gravidade se tornem corriqueiro e, vidas o bem maior do homem o nada sem valor, a morte, o crime e a bandidagem o lugar comum, a banalização da criminalidade pela sociedade como se à regra fosse e não a exceção de um Sistema “civilizado” organizado por leis, normas, tratados, costumes, etc. que regulamentam e disciplinam a conduta humana.

Inconcebível hodiernamente aceitar-se o silêncio ou a omissão de quem quer que seja ao presenciar ou ter a notitia crimines da consumação de qualquer tipo ou espécie assombrosa ou macabra de crime, venha calar.
 

Infelizmente em pleno terceiro milenium teima reinar no seio e na base da sociedade cristã tal desdita: a família é o berço e a inerente razão de ser de tudo que se relaciona a vida perene do homem.
A monstruosidade de crimes de tal natureza em que toda a sociedade repudia pela covardia imposta às vítimas indefesas, deve ter em definitivo um basta.
 

Qual a razão do homicídio e da crueldade homicida desde priscas eras?
Por que o homem se torna animal irracional e sanguinário a ponto de cometer tão descabida maldade?

De acordo com a jornalista Sheila Pereira, matéria publicada em Conhecimento Prático Filosofia – Ed. 20 – pág. 30 e 31 – Dostoievski e o mundo-cão, conforme transcrição ipis litteris, alude que: “A obra “Crime e Castigo”, o russo Fiôdor
Dostoievski, retrata a racionalização do crime e a culpa que vem da consciência, além da redenção, hoje em dia, parece que essa consciência, na maioria das vezes, não existe mais, ou seja, se o homem comete um crime, não recorre mais a consciência, na verdade, o que o incomoda é a punição em si [acresço então que: não aqui no Brasil onde impera a impunidade]”.

Nesse contexto, e por extensão, afirma o Bacharel em Teologia; e Bacharel, Mestre e Doutorando em Filosofia pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo Jonas Madureira, assim como Marcos Sidnei Pagotto-Euzébio, Graduado em Filosofia pela FFLCH-USP, Mestre e Doutor em Filosofia da Educação pela FE-USP. É professor de Filosofia na Universidade Metodista de São Paulo – UMESP, vide transcrição in ver bis que: o primeiro afirma que um dos primeiros “filósofos que levantaram a questão da culpabilidade e a fundamentação da consciência, pela reflexão e não pelo peso da culpa foi Michael Foucault”. De acordo com o mestre “ele levanta a questão de que a nossa consciência é constituída a partir de uma história e de um contexto cultural que a gente vive”. “[...] que a nossa consciência é constituída, todas as nossas ações são baseadas em uma consciência inata que nos pertence desde que nascemos, mas foi construída a partir de nossa vivência no mundo”. E segue fundamentando que: “E quando essa consciência é constituída pelo sistema da culpa, da punição, do que você faz você paga, toda a teoria da ação passa a se fundamentar não mais em numa consciência do bem, mas em uma consciência da punição, pelo que eu tenho que pagar”. Por outro lado o segundo mestre preconiza que: “De fato, onde encontrar justificativa para não se agir como se quiser, ainda que isso causasse mal aos outros”? Por que ser bondoso se isso não me traz vantagem? Como fundamentar a ética sem recurso absoluto [Deus, a Razão, etc.]? Esse é o problema de nosso tempo... As chamadas “grandes narrativas” tradicionais perderam a força e não são capazes de suprir sentido ou determinar nossas ações. Sendo assim, uma infinidade de “pequenas narrativas” passa a cumprir esse propósito: [tribos, grupos de todo tipo, derivações de outras narrativas [o extremismo religioso, por exemplo,] se põem a doar sentido para nossos atos]. Atualmente, nossa “grande narrativa”, se quiser continuar a pensar assim, é aquela que faz do sucesso pessoal, individual, o grande objetivo da vida; dele derivaria a felicidade e a realização. Ora, tendo esse ponto de partida, podemos imaginar inúmeras possibilidades de justificativa para ações que consideramos, no geral, egoístas, medonhas, cruéis [o assassinato, o roubo violento]: aquilo que se coloca entre meu desejo e sua realização deve ser afastado, pois o sentido da vida é cumprir as promessas de felicidade que me foram feitas por essa sociedade do capitalismo avançado [ironicamente, a mesma sociedade que se horroriza com tais ações], em que tudo é objeto, mesmo as “Pessoas”.

Para Bertrand Russell, na obra - Ensaios Céticos - Editora Nacional - corroborando com o objeto da matéria sub examine este leciona in ver bis que: "O homicídio é um crime antigo, e encaramo-lo através duma névoa de horror secular.

A falsificação é um crime moderno, e a encaramos racionalmente. Punimos os falsários, porém não os consideramos estes estranhos, a afastar de nós, como os assassinos. E ainda pensamos, na prática social, independentemente do que digamos em teoria, que a virtude consiste mais em não fazer do que em fazer certos atos rotulados de "pecaminosos” é bom, mesmo que nada faça para promover o bem-estar dos outros. Esta, naturalmente, não é a atitude inculcada nos Evangelhos: "Ama o teu próximo como a ti mesmo" é um preceito positivo. Mas em todas as comunidades cristãs o homem que obedece a este preceito é perseguido, sofrendo no mínimo pobreza, em geral prisão, e às vezes a morte. O mundo esta cheio de injustiça, e os que lucram com a injustiça está em situação de administrar recompensas e castigos. Os prêmios cabem àqueles que inventam engenhosas justificativas para a desigualdade, e os castigos aos que procuram remediá-la". 

Destarte, sejam quais forem os motivos ou quais sejam o limite ou não limite da perversidade d'alma humana, da pessoa, da mente com a agravante de propósito deliberado, frio e calculista... impiedosos desalmados e indignos de qualquer clemência machucam, esganam e atiram a queima roupa são merecedores de penas severas além do desterro absoluto e pleno em cárcere privado do ventre livre da sociedade dita “moderna”.

Ao querido e estimado cartunista Glauco com suas charges de humor crítico apurado o Deus criador do personagem Geral dão, Níquel Náusea, Woodstock, Piratas. Etc. e tantos outros mais que muito acompanhei e me fizeram sorrir e gargalhar de maneira inteligente e filho respectivamente nos resta um Cho rale e um adeus.

Ó Glauco [in memorian], vai ser "charge" lá no céu!

Manoel Serrão da Silveira Lacerda [Advogado – Poeta e Pofessor de Direito].

Merthi-O-Arte [Manoel Serrão]



O que Arde  A  Arte
curA.

COXIA [Manoel Serrão]





D’ante as luzes da ribalta, Eu as vias.

Eu as vias, do fundo escuro da coxia?
Eu as vias nos rostos disformes dos seres disfarces, 
Sujeitos esquálidos de todas as faces;
Nas dores resignadas das suas derrotas; 
Nas hóstias comungadas das suas vitórias;
Nos trunfos imundos dos parasitários, o skol da normose reprodutiva.

Eu as vias nas coimas de Themis do “faça-o pagar” os pecados;

Nas ordens impostas pelas mentes estreitas dos governantes aos entes servis, onde os mortos vivos atentam contra a vida;
Nas vãs promessas aos desesperançados que em rompante vão do sublime ao ridículo;
Ó Eu as vias nos extratos divisos dos entes invisíveis de todas as classes.

D’ante as luzes da ribalta, Eu as vias.

Do fundo escuro da coxia?
Eu as vias nas consagrações aos tristes espetáculos das condenações;
Nas subjugações apaixonadas do “faça-o sofrer" como Cão;
Nas crucificações dos sonhos pelos poderes das multidões; 
Nas ressureições do Cristo traído pelo dízimo da salvação;
Eu as vias nos arrastões dos corpos quão as contas de um rosário pela oração; 
Nos todos sem vidas que no Ser só habita caminhões de certezas vazias;
Nas vísceras comungadas daquelas orgias;
Ó Eu as vias que vida no ser mais profundo daquelas entranhas que vidas consumidas e "intestinas" não havia.

 
D’ante as luzes da ribalta, Eu as vias.
Do fundo escuro da coxia?
Ó Eu as vias nas vidas dos seres incapazes de serem vidas reconstruídas;
Nas vidas hospides dos ócios e dos nojos sem os remorsos de "amores" apartados pelas bocas mais pobres do destino. 
Ó Eu as vias na feal brutidão  repulsiva do ser a matéria fria, com seus brilhos de purpurina de personas postiças;
Eu as vias nos rostos descarnes dos seres o Mau, nunca dos seres ao Bem o desate;
Nos todos os egos anônimos,  invidos, acídias  e ciosos sem a bossa das notas dissonantes;
Na plateia eu as vias o mote que importa? Importa é o que se vê, não o que se crê, ó eu as vias;
Ó Eu as vias quão vida não havia na flacidez esbranquiçada da carne morta uma só mórbida última despedida.
 
D’ante as luzes da ribalta, Eu as vias.
Do fundo escuro da coxia?
Eu as vias entre berros sonoros e ébrios aplausos, outra plateia caricata fora do pano de boca e a ribalta contra os aplausos.
Entre germes a vida aos fortes todo o combate, e aos fracos todos covardes os mais desprezíveis apupos da gare!
Entre rostos disformes de todas as faces,
Eu as vias contra faces desossadas de austera face, almas em sobras descarnes. 
E ei-los! Ei-los até que os impassíveis por antífrases no Cine o cartaz anunciasse: Hoje  estréia no neocinismo triunfante!
“Um alguém sem rosto na plateia do mundo”. Ó não as vias
 

 

ABOMINÁVEL [Manoel Serrão]




Ice.
Fria.
Hipotérmica?
Ó abominável a solidão das neves!

ICONOCLASTA [Manoel Serrão]





Signica.

Retrofitica.
Ou, escrita-a-Porter.
A palavra pedra atirada,
Veste o peso da língua.

MENINOS DO BRASIL [Manoel Serrão]





Não lhes dês "peito",

Nem o desrespeito. 
Só lhes dês respeito!

E ensina-lhes a conjugar o 
verbo Amar.

 

POLENTA [Manoel Serrão]





Sem polêmica.
Só polenta!

FIGA [Manoel Serrão]





 

Quando é dia:
Birra e manha!
Quando é noite:

Sexo e mirra!
Depois jura amor.

Diz que ama, e faz figa!

ANTANHO [Manoel Serrão]



Antanho O outrora?

Antanho O anímico,
Antônio O mímico.

Antanho O cinéfilo,
Antônio O ser cura.

Antanho O anômalo,
Antônio O androide.
 
Antanho O outrora?
 
Antanho O átimo,
Antônio O ótimo.

Antanho o surfista,
Antônio O sofista.

Antanho O escroque,
Antônio O coyote.
 
Hoje Antônio outonos outubros mais velho,
Sem nunca ater-segundos lá fora?...
Antônio agora...
O Ser sim!
Antanho outrora... O Ser não!

Ó e deu no Kraftwerk: Errare humanum est!

A lei é dura, Antônio, mas é lei.
Ó deixai-o! Mas deixai o Homo-Ser criado-e-recriado imundado
para Os muitoS dos Mundos afora... 
Assim, Antônio, deves ser também!...


 

 

CONTO DE FADAS [Manoel Serrão]







A bravata torrou-me a lembrança.
Do amor conto de fadas?
Agora carrego breus e um monte de cinzas! 

 






RECANTO DAS LETRAS - Publicado: 23/10/2007 - Código do Texto: T706983.

Comentários: 26/11/2007 – 20:46 – Antônio Neto – [não autenticado] - Belíssimo poema, gosto muito dos poemas de NAURO MACHADO que já foi considerado o maior poeta vivo BRASILEIRO, e vc fala a linguagem de NAURO, de SOUSANDRADE, de TRIBUZI e AUGUSTO DOS ANJOS... grande abraço ANTÔNIO NETO.  

 

IGLONIMIZ@ÇÃO [Manoel Serrão]



Lá na UPA, bem nos CONFINS da CIPA já não CEI se a ALCA CUT o IGP ou se o ITBI dá para o IPC, quanto mais se a NASA, o PENTÁGONO e o MST invadirão a RFFSA, a Amazônia ou a EMBRAER. Wells há mais sigla entre o CEO e a terra do que supõe nosso Van filosofia [só para não dizer que não falei de siglas].

Só SANSEI é que se UNE o CTN ao Leão [do] IMPOSTO [R]; o ERÁRIO o FISCO DEFICIT ao ECONOMÊS de mestre ERG [UE-se] imposto [s] a todo [s] num dial D sol para a CND só RIR perversa. Assim entorpe sob a umbra fiscal, dominados e subsumidos por singelas siglas e signos de aparência neutral serve o fisco maître no cardápio da Mesa de Renda o fel amaro da tributação, um purée, um AGU pra CEAS na DATAPREV's. Quando não é INSS, ICMS, IR, ISS? É IPI, IPTU, ITBI? É IRRF, IPV?

Potassa cáustica confisca do MERCOSUL e ainda cobram do POP assalariado a PIB DE ILUMINAÇÃO.

Ó Lady SELIC! Ó Sir. DOW JONES! Ó Inhá CONFAZ! Isso não SENFAZ!
Por que tanta usura jurássica? Tantos juros no purgo de Hades se nada fazem e nos dão DAIS?

Olha que até o Código de Hamurábi limitou a cobrança de juros nos empréstimos? Olha que até o Pentateuco fez a primeira condenação ética à cobrança de juros? Além de Aristóteles, o Antigo Testamento, a homilia de S. Basílio Magno, São Thomas de Aquino e o Condex normativo pátrio proíbe e pune a tal prática do "aluguel sobre o dinheiro"? Não vê que por cá tem que ter a CUT para dizer? Que para tanto imposto a pagar tem que ser Deus?

Junte-se a nós. Você pode. Vão pra PQP? Como diria Sartre: O inferno não são os outros, o inferno são os impostos!

Desde a.D e a.C batiza o Cristo o mesmo FOB.

É CEMPRE a idiossincrasia do reduzir a pó a nomenclatura toda CEMANA.

Se não for o repetitivo e o mal educado do CEO CIAC sem LER o ABC com o CPU do PC tarado molestando a UFIR da TR ou o DORT distúrbio [nado] osteomuscular a mandando há anos pegar na RAIS e por no DAT a seco sem DNOCS no IOF no MP no TCU lá onde o TIPI e o TFE tomam no CONTU? D'outro é o data show digital sem OFFSETT emendando uns fatos e fotos extra para as arquibancadas no COSPY DESK.

Triste é vê a BR na TPM rodada entulhada de pau e pedra, cheia de pó e lama no fim da estrada mal sinalizada KM da vida mandando o DNIT tomar lá nos buracos e nas curvas onde a BR-3 toma só pra vê a PRF nos por a nu pelado no RABECÃO do IML, enquanto o $ cínico do PEDÁGIO manda eu, manda tu, manda ele, manda nos e vos, manda você tomar nu... E soprar no BAFÔMETRO com a cara cheia de ALCA lá do DPVAT da SUSEP, no IPVA do CETRAN, do DETRAN, da CIRETRAN no CBT do CONTRAN bem fundo FED do DENATRAN?

Caracas! Quando não fora o HAMMAS, fora o HESBOLLAR do Bin Laden, agora é o Estado Islâmico jogando Boston no Tio SAM?

É a ASFARC ou a MIS U.S. A num ABREV [iar] do de cujus Hugo Chávez? Sin., pero non mutcho Maduro!

É o FBI com a Cia, a SUAT e a FAB no CPOR do DAC?
É o GATTE do DEIC no CTA da ROTA socando a MÁFIA e o SENAD na COSA NOSTRA!

INRI Cristo DIU? O Ministério da Saúde ANVISA: É só a KS por no PET a Vênus para conter o HIV da AIDS que a invejosa BCG mal curando o KOCH chega logo sem bacilo com a DENGUE de picadura para a ZICA da SUCAM?

Sou NERD. Sou Nerd mesmo? Como é que por "livre e espontânea vontade" fui obrigado a contribui com a CPMF e agora no K.O infecto de IMPI GIA com FEB e FAQ tonto sem CAL [oria] e KV de potência não há um só DOUTOR do CRM e leito no CTI da UTI? Não há uma AMBU COPOM da AMB nem o DDT da CEME na "gaiola" das UCAS? Ó OMS! AI que SUS!

Não! Não! Não sou OTAN!

Sem SUNAB, sem Inmetro e sem PROCON?

Sem ST, sem STM, sem TJ, TST, TSE, TRT, TRF, TCM, TCE e TCU? UA?
Goethe ou não Goethe [m] vão todos para o CNPq?
Ou vão parar na USP, na UnB. Parar na PUC e na UFMA?
Ou vão parar no CAPES, no SESU, no ITA? Lá terão Sophia e Sofos?

Sou do prozac, mas não vivo sem DP.
Sou da CF pra viver sem ter PF, sem ter CIVIL, sem ter PM, mas não chupar DOPS no xadrez!

Tenho CI e CPF do MF sim!

Tenho DOC - CRACHÁ - CEF - COMPROVANTE DE ENDEREÇO e fator RH.

Tenho no escorregado: HABEAS-CORPUS, SALVO CONDUTO meu ADV. e ALVARÁ.

DOU o DARF pago pontual em cash ou via TED o IRPF.
DOU o CNPJ? DOU no CNPJ ou IRPJ imposto recolhido sem sonegar

DOU a CTPS assinada e guia do FGTS autenticada.

Olha vê se não enche DIEESE?

O IBGE acusa o IGP de sabotar o PIB, mas jura o IPE e a OIT que o IDH é baixo.

Confessou a SEF e a INEPE, a FUNBEC, a FUNDEF, a SBPC e ao diretor do MEC que sem o finado MOBRAL o IDEB da Escola Pública que não ANDES sabendo, tomou um ZERO!
Deu nas ondas moduladas da RADIOBRÁS que nem a ONU a FEBEM suporta mais, e que a OEA com o UNICEF já não seguram as verdejantes parreiras do ENEM.

Ora, porque não aproveita então e vai de SUFRAMA dizer ao INPA falar ao SINRED denunciar ao sistema pátrio cuidar bem da FUNAI e do IBAMA sem parar de olhar para as florestas que aos poucos vão morrendo sem chorar na UTI vitimadas pelo lucro voraz da BOVESPA; do BM&F; do BID e o BIRD; do BCB; da FEBRABAN; das MADEREIRAS; do CAPITAL ESTRANGEIRO e da OMISSÃO do próprio gov.com. br.

Mayday... Mayday.

DDD, DDI, LBV, LBA.

Ligue já! Bela importa a PESTALOZZI e a saga boa da APAE!

Quanto mais tem ÍBIS no futebol, CRE, CRB? Dá FLA e FLU? Tem FIFA, FISA, FITE COE?

Quanto mais tem CBF, CBM, CBV, CBT, CBB, CBJ, CBA, CBAT? Tem CONMENBOL e COI?

Quanto mais tem FIPE, FINEP, FUNDEB, FESESP e FIESP?
Mutilam o Portinari, o Aldemir e a Tarsila do Amaral.
Bel. -art. [Belas-artes] ó PÍNEL?

Acaso querem o IPHAN no UHDF?

Que sandeus de nós meu Deus!

OXÊNTE! Não pare lá na sig [L] a? Não pare? Signos!
Siglonimizar? Siglonimização? O ato de criar siglônimos?

UÉ! Até o infixo afixo no interior das palavras, o DIS em indispor e o do por Z em florzinha já o conhece?

BAH! Inté o tê é té do até da aférese aparece?

Hein, hem! Assim não dá! Assim não dá inhô Zé?
UAI! Ou vai pra DF de JK ou segue pra MG de JF e BH?
Quando não é o PAC, é o PIB, é o PIS e o PASEP.
Quando não é o SEST, é o SEBRAE, é o SENAI e o SESC.
Quando não é o SENAT, é o SESI, é o SENAC e o SERPRO.

É o IBOPE inábil opinando ao INCRA que não há a sós "sem terras"?
Ó CREA! Não ABRAS boca IBOPE.

É o FUNRURAL fuçando na bengala do tio SERASA.
É o FIM! O MST no PNDH denuncia levar pau do TFP e sal da UDR.
É a INFRAERO de VARIG e o GOV. de VASP indo Pro G9 impressionar com o PRÉ-SAL a OLP e a OPEP.

É o SPU cobrando um mar de dunas e o domínio do mar azul para si.
É o SPC cagando na me e o cartório do ócio negócio carimbando os ossos do protesto.
É o ABECEDÁRIO do AA, AAA, AABB, BB, ABC, ABCD, AACD querendo a CEF... FUI!

Ora... Ora... Vão-se pro MAM ou pro MASP que os carregue.
Vou surtar. Vou surfar.
Vou sentar. Vou mesmo é [a] fundar uma ONG no sofá.
Vou pedir um empréstimo à SUDAM e um "papagaio" junto do BNDES.

Uni-duni-tê salame míngüe!
Para o PV que não vê? A mídia da TV?
Misericórdia D'us. Um PT saudação.
Vou é deitar e rolar.
Ainda bem que no THE END me resta a FUNARTE, a ABI, a OAB e a ABL.
A CNBB? A CNBB é só a voz roca de Deus no Brasil.
Ciranda cirandinha... Vamos todos cirandar...
Quem gostar de mim sem ANEL? Sou Eu ANATEL!




Leia o COMENTÁRIO DE: João Batista do Lago [Articulista e analista político, poeta e escritor, foi editor de vários jornais e tem livros publicados]. ["João Batista do lago, maranhense, pode ser considerado, atualmente, um dos mais completos poetas e cronistas do Brasil, haja vista a consciência plural e significativa de sua intuição cultural, fato que o faz passear entre musgos históricos gregos e o modernismo clariciano, espargindo o pensamento poético alemão, americano ou inglês, sem esquecer das taças saboreantes dos vinhos que enebriaram o cismar dos poetas franceses como BAUDELAIRE (Charles Baudelaire), MALLARMÉ (Stéphane Mallarmé), FRANÇOIS COPÉE (François Édouard Joaquim Copée) e MUSSET (Louis Alfred de Musset) - o poeta do amor. Como eu, o Maranhão e o Brasil também, creio, se orgulham de João Batista do Lago, uma das maiores expressões literárias do mundo moderno. Fato que, realmente não deixa a desejar se comparado a nenhum dos franceses acima citados". Marconi Caldas Poeta, escritor e advogado São Luís - Maranhão - Brasil 2007].

Esta poesia do poeta Serrão Manoel, aos meus olhos, é de uma modernidade gritante. Percebam que falo de modernidade e não de modernismo! Faço questão de acentuar esta diferenciação para, assim, poder fixar-me na nucleação primeira, fundamental e fundaste deste poema.

O poeta constrói o poema a partir do campo siglonômico, uma ferramenta indispensável à modernidade do tempo do aqui e agora. E ele o faz com mestria: humor, sarcasmo, sátira, denúncia...

E vai mais além quando nos aprofundamos numa análise de conteúdo: de forma ímpar presentifica sinais que se nos remetem aos campos da Política, da Economia, da Filosofia, da Sociologia, da Psicologia...

Ao ler e reler este poema teve a nídita sensação de encontrar, na alma de cada verso, o espírito do "valor duplo, contraditório e indecidível" aventados pelo francês Jacques Derrida, isto é, Serão Manoel evidenciam nesta sua poética "posições" dos signos nos convocando a constantes e continuadas releituras do texto que vai construindo e desconstruindo valores desenhados no campo da mente de cada qual que toma conhecimento desta obra.

A siglomatização, como ele a infere a partir do título, é, ao mesmo tempo, uma convocação para a revolta, a partir do instante em que o campo siglonômico nos retorna ao ventre da nação como imbecis humanos destinados a obedecer ao status que letargia dos pela inocente incompetência de entender tantas siglas, mas ao mesmo tempo condenados à obediência de suas regras se não quisermos apodrecer no fundo de uma vida acivílica.

Ainda assim, o poeta, numa tentativa desesperada de desconstrução desse mundo real... Mais que real: surreal, oferece-nos sua indignidade como obra da mais pura razão de luta contra todas essas iniqüidades que são geradas no ventre o Poder, ao seu bel prazer, pois sabe que ao povo condenado resta apenas obediência insofismável da sua desconstrução diária:

"Ora... Ora... Vão pro MAM ou pro MASP que os carregue.

Vou surtar. Vou surfar.
Vou sentar. Vou mesmo é [a] fundar uma ONG no sofá.
Vou pedir um empréstimo à SUDAM e um "papagaio" junto do BNDES...".

Quem dera pudéssemos agir assim... Noutras palavras, palavras do tamanho do povo que fala: "Ò, aqui, banana pra vocês...".

Parabéns, poeta João Batista do Lago.

ILUMINADO [Manoel Serrão]



 

Ora um? O ohm
Volt iluminar!
Ora outro? O watt elementar meu caro Watson? 
Não há trevas que apague a luz do saber!

LOBSHOMEM [Manoel Serrão]




 



À hora no plenilúnio em desoras,
Quando choro e fico às sós?
Sou quão os homens: amo os cães!

SOLILÓQUIOS [MANOEL SERRÃO]



Hão-nos de medir a semeadura,
E hão-nos de contar os passos.
Hão-nos de quebrar os sigilos,
E hão-nos de cegar os póstumos.

Hão-nos de afogar os ambíguos,
E hão-nos de matar os dormidos.
Hão-nos de arrancar os feridos,
E hão-nos de torturar os espertos.

Eis-nos aqui zumbis perdidos quase mortos adormidos.
Eis-nos aqui zumbis soídos a
prendendo a morre para o que somos.
Ora nos porão presa inerme na lama fétida do berço.
Outras nos porão sem o verbo Ser conjugado na escuridão dos becos.
E assim, assediados por todas as vertigens do inumano, vencidos?
Nos porão sem o desejo todo o castigo, e aos mais de exemplo, a solidão do desterro.

O “EU” [A] PELO [S] NÓS [Manoel Serrão]







Ser afeito o afago.

Ser afoita a paixão.
Ser o “EU” pelos  “NÓS” afeição.
Ser o amor o afeto, nunca ao chão!

DOPAMINA [Manoel Serrão]



 




Café,  c
há, cafeína.

Ó cruz-credo "mina", fenilefrina?
A Modafinil turbina! Turbina!
É “bom despertar” a dopamina?
A serotonina com a noradrenalina, mudas não combinam!
Não vês, há um QI de cê-dê-efes,
E um QG de zumbis  perdidos topando
O tarja preto à tapa, sua droga!
 

PROMETEU ETERNO [MANOEL SERRÃO]




Ó vibrai-o o rijo punho! Deixai-o de ser o amargo remédio dos teus infernos.
Deixai-o levar o fogo divino de Prometeu eterno ao vosso Ente cego.
Deixai-o Mundo Novo e o Velho Mundo pronto e acabado vos levar ao Mundo Futuro Novo começado!

Oh! Que belos olhos! Sonho guardião do fogo Eterno. 
Ó que belo Mundo ideado! Belos são os olhos verdes-claros do todo dominado Mundo inacabado.

Belo! Belo! Belo Mundo pela cor do tom tornado o acreditável,
E o pleno acreditado no Futuro Mundo Belo.
Belo! Belo! Ó Mundo belo! Todo belo Mundo em tudo começado.

Ó catarse! Ó cães! Ó aves cheias de graça dos mundos plurais habitados!
Ó por que não faleis. Dizeis o que vieste dizer? Dizeis do óbvio que o homem não ver? Ouves: os homens que sofrem sem sonhos e sem saber precisam nascer e florescer!

Ó Bendicto sejas tu saber, invasor! O Mal belo ‘sta na pedra bruta e o Bem belo n'alma do saber!
O Saber! Não o Saber que se desenha de um hoje-amanhã que sustenta o falso,  mas que se mostra como Mundo verdadeiro! Ó não é sonho nem saber! Porque se sonhar saber faze-o sofrer, não sonhar saber faze-o morrer!

Ó a quê Mundo tudo deveis saber? E de que tudo podeis sede possível – tornar-se – o Tudo é Possível Sonhar - quão saber do Mundo - Saber como O Mundo derradeiro?

Eia, bela quiromante bela, predica é-lhes o futuro? Não os vês?  Não vês qu’inda dos clãs por não saber vagam bandos, brutos, rudes e rugem os bárbaros sonhos nunca maiores do que as palmas das mãos!
Ó louvado sejais vós! Saber é uma estrada de luz, na floresta da Noite e das sombras.

Ó vibrai-o o rijo punho! Vibrai-o!  Às armas, sonhos, às armas, saberes!
Que a arte seja a vida e a vida arte da poesia que se cria por saber, não seja apenas sonho que se acaba sem Vida e Sonho por não saber sonhar nem viver: não há vida nem sonho!

Ó Homem-futuro-do-Saber-Sonhar sem o Mundo Escuro à Luz-Sol com que Sonhara saber sorrir... Depós de muitos sábios conselhos, saber? Saber, não é sonho!

 

 

 

 

CRIANÇA [Manoel Serrão] .





Desde infante,

o amor é como uma criança,
não fala com estranhos...

FILHOS DA LUA [Manoel Serrão]




Filhos da lua.

Só há noites sem fim.
Lençóis d'areias!



POETRIX: É constituído com no máximo 30 (trinta) sílabas métricas distribuídas em 03 (três) versos (terceto); dissidente dos haicais, de origem japonesa. Mas diferentemente do haicai, é exigível o título do poetrix, que não entra na contagem silábica e pode dá complementariedade ao texto.

NOTA: Dedico-o a toda nação albina que habitam a vastidão dos Lençóis Maranhenses situado no Estado do Maranhão. O albinismo é caracterizado pela ausência de pigmentação da pele, dos cabelos e dos olhos, portanto a luz do sol é seu maior "desafeto" e a lua a sua maior aliada. Durante o dia não praticam qualquer atividade sob a luz solar, contudo no escuro das noites se tornam os filhos da lua.

GRÃO DE FEIJÃO [Manoel Serrão






A minha teimosia contra a solidão, é um grão de feijão.

 

LIDO [Manoel Serrão]





Lido.
Relido,
Ou so-le-tra-do o livro, eterniza o poema.

FIGOS SECOS [Manoel Serrão]



Ó quem por não amá-la sem disfarce, haveria de beijá-la? 
Ó quem em mudo pranto e rubora à face, haveria sem disfarce de invenjá-la?
Vês tu, dissimulado, injurioso o teu riso não fora o meu, nem o meu sorriso fora o riso para o teu despudor que ofende tão puro amor sandeu.
Vês tu, ó vetusta que sofre e cala! Quem em desejosa luz que cega e má se espraia,
amaria a vossa alma vil.

Ó estranha de longa fama, inda jacta-se insolente!

Vês tu, zomba de insulto e defenestra.

Vês tu, dias sim, ora sois rosas vermelhas; dias não, ora sois rosas despetaladas;
Dias não, ora sois violetas azuis; dias sim, ora sois violetas desbotadas.
Ó vês tu, inda blasfema-me a dor?
Se alma houver em ti? Então, escuta-me, afoita!
Ó escuta-me! Escuta-me! Calo-me não!

Ei-me, aqui de novo te evoco:

Acaso poupar-me-ia com prudente zelo da sombra a divina luz?
Acaso cremar-me-ia o amor para que a cinza sopre-lhe o minuano?
Acaso roubar-me-ia do preto-e-marrom a força do amuleto o ônix?
Acaso tomar-me-ia da vida o alegre sumo da ambrosia que nutre o homem?

Ó malsão é o teu ódio infecundo de amor que se exprime em furor, quão nem a purga de Hades a vossa ira odiosa abraçou.
Vai! Ó comeis, comeis! Comeis aos ventos os refolhos dos teus figos secos que apodreceram no pomar.

Diz-me quem és, ó miseravel? Quem és tu, que deu-te o céu preclaro sonhos? Ó ficas-te, hóspede, em mágoas?
Aonde vais tu, que não se escuta quanto tudo é  silêncio; que é ausência toda quando tudo é presença; tu que só se vê, quando não se vê mais nada ou a representar o que é! Acaso vós sabeis quem sois? De quem direis que és o vosso amor ateu?
Acaso de quem direis que és? Sabeis vós a quem amareis?
Acaso comprovais vós aquilo que acreditais, vós que não acreditais naquilo que dizeis acreditar.
Ó logo tu, vespa morta que nem dos teus sonhos lembrou-lhes de amar. Ó Amor dê-se libre? Quem te morreu, amou!


 

 



MARCELA & MELISSA [Manoel Serrão].




Uma doce perfume de aroma.
Relaxa acalmando, faz dormir e sonhar.

Outra cor e sabor de candura,

“O elixir da vida” que rejuvenesce. 

Marcela, "fria”, é uma suave delícia.
Mas Melissa, quente, é uma “loucura”!... 

DEUS DARÁ [Manoel Serrão]










Ó Deus dará.
Só não fá-lo-á!

PEPITA [Manoel Serrão]







Transcender-se os diferentes? 
Eleva a alma Pepita pequena!
 
 

É-ME A LUZ [Manoel Serrão]










Entre mil versos e desejos,
É-me o viver e a Luz do saber: que és única e o meu amor primeiro.

“MAMÃO COM AÇÚCAR” [Manoel Serrão]






Doce de “Mamão"...
Às vezes tenho o pé no "chão”,
Outras coração na "mão"!

EU & DEUS [Manoel Serrão]






EU
MEUS
EUS
E
DEUS

MEA-CULPA [Manoel Serrão]






"Réu" confesso:
Sou poeta
Pelo verso
E anverso.
Mea culpa!
Mea máxima culpa.

O EU EXÍGUO [Manoel Serrão]








Só há um Deus
Zen no Olimpo.
O Eu exíguo no Tibet.

TROMBA-D’ÁGUA [Manoel Serrão]


 


Insone a paixão,
"Chora" rios de encantos.
Mas, quando o amor acorda?
Tromba-d’água!
 

DIGNIDADE [Manoel Serrão]








É irrenunciável o direito à dignidade humana.

INIQUIDADE [Manoel Serrão]





Ó! Dá-me tua mão. Alia-te a nós. 

Há Deus, Eu e a umbra no paço à noite.
Dize-me: nesse mundo iníquo em que os homens não se amam,
És tu a solidão, não?

O‘alma, vida afora é o infinito amor que nos leva adiante...
Coragem. Sem culpa, amai! Ó amai o próximo!
Se há Deus sonhos nós? Há luz! Ó rezai por eu, rogai por nós.

 

COISA DE AMIGO [Manoel Serrão]








Lá onde
Aprendir a ser homem?

Cão é coisa de amigo!..
 

PAIXÃO D’ITÁLIA [Manoel Serrão]





Amante infiel!

A paixão que traiu à mulher amada?
É cosa muerta!
 

OBSTARE [Manoel Serrão]





Como o Outro - o louco, o insano, o

Doente? Imanente entre saber e poder? 
De Foucault carrego o suplício de Damien. 
E como o pior dos castigos o fracasso dos meus carrascos.

LÍNGUA NOS DENTES [Manoel Serrão]



Comumente!
A mentira mete a língua nos dentes.
 

MES.MI.DA.DE [Manoel Serrão]





Um tempo, o trigo mofado!
Outro, a casca torrada
o miolo pesado, pão desfeito despedaçado.
Assim, fornada a fornada,
Quando o trigo da vida já não é o Bem que é, o joio do Mau nos pensa! 










 

RECORDISTA [Manoel Serrão]








A razão tem o passo ligeiro.
Mas o coração nos cem metros rasos? É recordista!

BEIJO SEM PREGUIÇA [Manoel Serrão]





A juventude do amor ficou explicita no beijo sem preguiça.

ISOLÁVEIS [Manoel Serrão]






Goste-se ou não,
A Vida é cheia de sonhos,
E de segundas-feiras.

NOTRE DAME [Manoel Serrão]










Caolho, sem tamanco
?
Assim Hugo é o meu poema manco!

 

EGO-REX [Manoel Serrão]



 



Vê se o elmo.

Une-se ao arnês,
E vence o teu ego,
Sem trincar o anel do elo.
Senão, nem ergotina cura a dor de cabeça.
 

AMO-ROSAS [Manoel Serrão]




AMOROSAS
AMO-ROSAS...
DÊ FLORES!


CORAGEM [Manoel Serrão]








Coragem.
Confiais em Deus.
E Eu versos por ti!

 

ALTERIDADE [Manoel Serrão]



 


Ser o não-ser do não-desejo.

Ser o não-ser do Ser-doente.
Ser o ser sã do Ser o elo.
Ser o Ser sim do ser d’per si.
Mas sede! O ser afeito em ti.
O Eu tornado o Outro, o Plural respeito!

AMOR ETERNO [Manoel Serrão]







Existem duas espécies de amores:

Os que sempre lembramos e os que ninguém esquece.

IM[PREVISÃO] [Manoel Serrão]





Céu pesado, temporal.
Vai que chove... v e r S.O.S!!!!

O GRITO [Manoel Serrão]








Quero Amor.
Humor e Poesia.
De resto, se o que vier,
Restar descura?
Ganha voz O grito!

ENIGMA [Manoel Serrão]




 


Decifra-me o grito

Ou te devora o riso!

OUTONOS [Manoel Serrão]


 


Afeito às lutas,

Vivera rios e poços de sonhos...
Hoje caduco por sorte? Sorrir da morte!

 

AO INVÉS... [Manoel Serrão].






Ao invés do ódio levá-lo para o meio do nada,

Põe o amor no centro de tudo.

SINUCA DE BICO [Manoel Serrão]






Amor sem tesão é sinuca de bico.

Se encaçapar na cruzeta do taco?
Não há solução. É "suicídio"!

A'BRA’CA’DA’BRA [Manoel Serrão]





Abra cada abra!

Abra cada registro 
Abra cada abra! Abram cada uma revolução interior. 
Abram cada abra em si o eu superior.
Abram cada abra o sinne... Abra o som... Abra o sacro...
Abram todos em cada Um a torna-se "Morada do Ser"!



* Sinne = sentido.

AUDAZ [Manoel Serrão]




Vai
Fazer arte,
Audaz!
Faz parte!


 


 

INCÓGNITA [Manoel Serrão]







Soletrado,
Ou lido!
O livro é um ser conhecido.
Quanto mais leio?
Desconheço o lido!  

 
 

RESILIÊNCIA [Manoel Serrão]


Vírgula errada, découpage à ambiguidade.
Úmbria, impermanência ungida à finitude.
Sinecura, incompletude urdido à imperfeição.

Sou, assim, alfaia sem fala! O desde d'antes,
A espora do agora em modo de espera no mundo.

Sou, assim, posta ilusa, resina quebrada,
Resíduo sobre os contrários dos magos.
Ó sou tal qual visto o Hamlet à “deformação”
Do Eu que se amolda a “perfeição”.

 
Ó bravo! Bravo! Bravo parto!
Brado sem pranto meio a “multidão,
O resiliu varo o vergo, o tudo sem começo.

O peregrino vago recomeçar no verbo antes do fim.
 
Ó bravo! Bravo! Bravo poeta!
Se há no púcaro a dor cava lamenta do choro,
Ad restam gotas de assemelhada ressignificação.




Já revelei noutra oportunidade que sou admirador da poética de Manoel Serrão. É-me – aos meus olhos – provavelmente, o poeta mais complexo do Maranhão, na atualidade. Dono de uma larga obra (toda ela socializada na Internet), Manoel Serrão, desde que tive a primazia de conhecê-lo, “espanta-me” com os seus versos, e muitas vezes, me conduz a reflexões dialético-materialista-fenomenológicas.

ATCHIM! [Manoel Serrão]









Atchim!
E o lenço levou?
É gripe O'hara!

BORDEREAU [Manoel Serrão]





Dívida portable.

Dívida quérable.
E para o desamor sem fleu?
Um bordereau de amor!
 

IRDES VÓS [Manoel Serrão]








Aonde irdes vós?

Asseguro-vos o amor.
Mas levais o coração.

VITÓRIA-RÉGIA [Manoel Serrão]






Refém da esquerda,
quase herdara o 
cemitério da direita. 
Ó mas dias não virão!
Não virão longe de Verão! 
Porque dias de Sol Virão! Virao!
Vitória-régia!




 





 

BAILARINA [Manoel Serrão]





Longilínea.
A estrela bailarina,
Baila oblíqua.








POETRIX: É constituído com no máximo 30 (trinta) sílabas métricas distribuídas em 03 (três) versos (terceto); dissidente dos haikais, de origem japonesa. Mas diferentemente do haikai, é exigível o título do poetrix, que não entra na contagem silábica e pode dá complementariedade ao texto.

 

CRIAS DO TERCEIRO MILÊNIO [Manoel Serrão]



Ó crias da informática.

Ó nerds da cibernética.
Ó jovens da bioética.
Ó meninos das tribos e dos guetos das urbes. 
Ou seja lá o que for crias do amor! Eu vos peço!
Não deixeis que a "evolução" do tempo imponha-lhes rupturas, sociais, econômicas, culturais, emblemáticas ou simbólicas,
Eu vos peço, não deixeis?
Não deixeis que arranquem dos vossos pais o papel de educadores ou os tornem inúteis transmissores do quase nada?
Não deixeis!
Não deixeis ó crias do terceiro milênio que nem o ofício, nem a fortuna, nem as crenças e tampouco os saberes serem vossos pais na vida.
Não deixeis vossos pais sem crias não serem pais sem paz diante da mídia? Não deixeis! Jamais esqueceis de rejeitar o modelo, o sistema, nunca a família;
Jamais esqueceis de rejeitar o nó, nunca o ninho;
Jamais esqueceis que sem a família não há vida, morrerão! Perecerão na solidão material e moral do mundo;
Assim, eu vos peço, ó meus filhos, como peço a Deus numa prece.
Jamais esqueceis de que a solidariedade, a fraternidade, a ajuda mútua, os laços de afeto e o amor, poderão morrer!
O belo sonho.
 

SOFISMA [MANOEL SERRÃO]






Super tower.
Mega top. Monolítica?
Engenharia de causar espanto!
Comum mente a babélica que se mostra falsa? Ó ruiu!
Até a matemática que trata das propriedades de grandeza, errou nos cálculos! 
Ó foi “quase um sucesso” o teu engano.
 





 

 

MÊNSTRUO [Manoel Serrão]




Hemácia?
Hematofobia?
Hemorragia?
Olha lá Iaiá,
A Íbis é fluxo...

ACONTECER [Manoel Serrão]





Viver é ser o existir no acontecer!

IDADE DA MÍDIA [Manoel Serrão]






Na Idade da mídia?
Só o infólio é phoder!

ENTREMUROS [Manoel Serrão]






Entremuros?

Kama Sutra como Vênus vale tudo!
Extramuros?
Siso-duro-amnético-e-mudo!

 

AMBIVALÊNCIA [Manoel Serrão]






Ora uns por alguns,
Ora outros por nenhuns!
E tudo errou!...
 

ALMA QUÂNTICA [Manoel Serrão]




Outrora O ser deveste sem o Ser devir.
O pó-a-vir ao pó do corpo sem nunca sê-lo ali.
O imutante, O show finito, O reality eco homoBBB.
O efêmero d’onde Hegel e o invisível esperto no terno jamais imaginou.

Agora, espaço e tempo com
mestria; cinesia; e evolução.
Ó eis a cônscia do homo por d'trás do pensamento.

Sim, agora Holos, sê-lo assim! Alma Quântica!

ANÁFORA NO LARGO DOS AMORES [Manoel Serrão]





Sempre um coreto na praça!
Sempre um polichinelo trapaça!
Sempre uma retrete que passa...
Sempre mais vossa que minha, nenhuma Maria-mole prá mim!...

Imagem: Praça Gonçalves Dias - Largo dos Amores - São Luis [MA].
 

COMBUSTÃO [Manoel Serrão]










Combustão espontânea:

A paixão eterniza o amor.

ÁGUAS DE A-PRUS (ABRIL) [Manoel Serrão]






Águas mil...
Águas de aprus.
Águas
de abril.

Águas de regar vidas.
Rios de curar sonhos.

Águas mil...
Águas de aprus.
Águas de abril.
Águas de cortar aço.

Rios de perdoar tudo.



  






 

ANCESTRAL-IDADE [Manoel Serrão]






E vindes vós, na voz dos vossos avós?
Ó ancestral teu pai, 

E os teus anos te dirão os avós!

  

ESTUPEFACTO [Manoel Serrão]






Suja!
Porca!

Imunda!
Dia desses lavei m’alma.
Ó cai-me estupefaCto?
Gastei toda água do mundo!

 





ZOO[O]LÓGICO [Manoel Serrão]










Animalis se humanizando.
Homines animalizando-se.
Mas na hora (O) lógico?  
É devorar (OS) humanos!...





 

TELA BRANCA [Manoel Serrão]






Folha branca...
Tela em branco?
Para a vida se não [ar]risca[r].
Pintamos!

NUNCA ACABA [Manoel Serrão]










Deus criador,
O poeta é um ser fazedor.
Lá onde o poema começa,
A poesia nunca acaba!

BAH! [Manoel Serrão]




Se é bah!
É bom de bom chá tchê!!

 

EXECRA [Manoel Serrão]



Inda qu’hoje o orgulho o debulhe no mármore da zuda,
E ofegante a execre dês daqui a mil anos sem cura.
Inda qu’amanhã o colha na lama ou no cascalho das ruas,
E sem que o Ih' importe sê-lo o mais infiel que ostente.
Inda quão deveste da tez viçosa que desencantam os olhos da carne.
E sem que o Ih' importe a d’outra face mais bela com que se disfarça um abismo?
Ó infiel é o teu amor de ofício!

Nest’hora? Ó ide longe d'aqui, vil astuta, ide?

O amor, se o conheço e, ostento, é apreço.
Não tem fim, o amor, se tem começo. Ó que queres tu d’eu?
O amor, se o reconheço? Quiseras tê-lo! Ó quiseras!
Quiseras tê-lo o amor de tão destemida bravura.
Quiseras tê-lo o amor de sonho e encanto, calma e beleza, ó quiseras!

Nest’hora? Ó ide longe d'aqui, ímpia e má, ide?

O amor se viveu a seu lado, a ele tu lhes deves:
E esse a deve tu a si mesma! O amor que lhes sempre foi, é o que tu conheces:
Vulgar e sôfrego a teus pés.


Inda que a negue "amor" de vida mais curta! Ó deixai-me crer o qu'teu derreteu-se,
Como derrete uma Geleira que se perdeu! Porque amor infinito, inté daqui a mil anos, é:

A tua mais bela e terrível mentira sem cura.
















A VIRTÚ DO ANTICRISTO ALEIJÃO [Manoel Serrão]


És tu! És tu pois, ó leio-te bem infausto tirânico! Leio-te d’alli o sentimento mais vil d'uma virtú, quão a ínsita nefanda peçonha n'alma do homem. Leio-te qu’ sem dizeres uma só verdade que a resulte em danos? Vociferas o “todo falso”, cascateias aos "súditos" o visgo como “todo verdadeiro” o engano.

Leio-te bem qu’ d'alli, ó efabulo Pinóquio, pregador resenhista da mentira; persona diversa do apólogo que se encerra desprovido de princípios “éticos e morais”, qu’ d'alli, ó débil Sicrano, hábil impostor, refolho ao vento arrastado, que a remota do vosso desejo espasmódico do Quase Verdadeiro, é medra da vossa neurótica, onde o Falso Absoluto é cria da vossa “cônscia” infeliz do presente sem consciência do passado, finda-se no vazio das vossas lembranças.

És tu! És tu pois, leio-te bem, ó perfalso inda sem o nó deveste da liberdade no cadafalso! Leio-te bem a falácia, um fracasso muito aquém de um falso brilhante. A tormenta em mar de lama, que ardil tramas entre conjuras, o Estado refém pela doma da comuna. Qu’ d'alli, ave de rapina, roubaras o ar que suspiras, e quão Lúcifer – o Anticristo Aleijão -, erva daninha que emana das sombras e evola da purga de Hades, que afeito à todo o Mau, o Bem não fez; Bem não faz, e, Bem não farás, se espraia, tomaste de assalto o Brasil.

Leio-te bem qu’ d'alli, ó “profeta” do impropério, que desumana a esperança dos homens incautos e honestos que vagam pelas pedras do destino, e quão vós um tirano feristes, e hoje, ranço, apenado ao cárcere da pátria saqueada, contais tuas platas e os teus haveres no cofre do inferno. Leio-te bem! Leio-te a soberba, a arrogância que d'um altivo trono se despenha – patético - janota clamando provas – quão perdulário increpado, à Themis negais o evidente rol dos teus crimes?

Leio-te bem qu’ d'alli ó “mártir” herói sem martírio; ó “cordeiro” perverso da seca nordestina; ó que enganais os mais fracos e devotados; e, quão um fiasco “imponderado” arrebatais num séquito, um punhado de néscios, desgraçados, "cegos" e "descerebrados" que beberam do teu veneno e deram aos seus filhos.

Leio-te bem qu’ d'alli à amada traíras, e a fome dos justos e desvalidos os afliges, e que inda ali no berrante alto, retrucas, embocas pela vossa “Fama”, entre zombas e palavras: “Eu sou uma Ideia"!!! Ó vês, inda rogais por provas? Arrotais que é golpe? Ó rogo a Deus... Um breve adeus que sejais vós pelo mais forte dos Lobos devorado.

Doravante, não mais a vossa mentira cortará os céus nem os corações do Brasil!
Doravante, à amada feliz, e os filhos dessa terra mãe gentil abençoarão vossa derrocada.
Doravante, ninguém vos mais o reconhecerá por qualquer pendor para a grandeza alardeada.
Doravante, reação apenas com Ordem e Progresso: sem ódio, com amor, ternura e verdade.

Ó injustiçados sociais? Se "O Reino de Deus É Dentro de Vós" [Tolstói] - “perfeição interior, verdade e amor”.
Ó então, dizei-nos! Dizei-nos quaes livros destes terás escritos aqui ou sonhado terás lido? Ó Diabo, vade retro se não Deus te põe no rabo. 

 













 

 

ERGA OMNES [Manoel Serrão]







Entre p
róteses,
Pilecs e prozacs?

O latim pariu!
Sic? ‘Stou bem,
Ó ibidem in albis 'Stou sã.


FREUD [POETRIX] [Manoel Serrão]








Stress, depressão,

Desordem de atenção?
Nem Freud faze-os são.

 

VOYEUR [Manoel Serrão]





Do quintal à copa,

Uma só porta.
Flerta o voyeur!



POETRIX: É constituído com no máximo 30 (trinta) sílabas métricas distribuídas em 03 (três) versos (terceto); dissidente dos haikais, de origem japonesa. Mas diferentemente do haikai, é exigível o título do poetrix, que não entra na contagem silábica e pode dá complementariedade ao texto.

 

CACOFONIA [Manoel Serrão]



 

Há Dias que não Vi ela,
Mas beijei a Boca dela.
Ó eita que agonia?
Como é Caco [Tua] fonia, né!

ILUSÃO [PONTO DE FUGA] [Manoel Serrão]










Para o Ser em ponto de fuga.
A perspectiva?
É só uma ilusão p
                             r
                                o
                                   f
                                      u
                                         n
                                            d
                                               a!

SHAMBALA [Manoel Serrão]







De lá vem que todos os homens podem como seres de consciência amorosa, amar o próximo para que o amor se estenda de homem a homem à todos os homens.

De lá vem que todos os homens podem como seres de consciência amorosa, amar a paz fraterna e mantê-la eterna ao mundo.

De lá vem que todos os homens podem como seres de consciência amorosa, amar os rios, as águas, os mares, as matas, os animais, sem dor,  e nem causar sofrer à Terra.

De lá vem que todos os homens podem como seres de consciência amorosa, amar a verdade poética: à verdade do que pretende ser o poema apenas Belo.

De lá vem que todos os homens podem como seres de consciência amorosa, sentar-se à porta ao entardecer e sonhar acordado todo o viver.

De lá vem que todos os homens podem como seres de consciência amorosa, amar o canto; dançar; tocar; afagar; e, beijar com afeto.

De lá vem que todos os homens podem como seres de consciência amorosa, amar os poetas em versos e poemas que vêem para o Bem, e que transformam a vida.

De passagem por Pasárgada, onde o Poeta é amigo do Rei, vou-me embora pr'a Shambala.
Lá em Shambala, onde só os Iluminados e os “puros de coração”, entram: sou amigo de Deus.


[IN]DECISÃO [Manoel Serrão]






É decidir! Ou decidir!
Certo ou errado, mas decidir.

O trágico é a indecisão.

INTENCIONAL-MENTE [Manoel Serrão]


 

Intencionalmente

M

e

n

t

e

[Manoel Serrão]

CONFIANÇA [Manoel Serrão]








Confiar eu confio,

até que o Verbo traia!

LIBERDADE DE EXPRESSÃO [Manoel Serrão]











Criados-mudos,
não ficam calados.

NAURO & LAGO [Manoel Serrão]





Com uma lírica estilística de vigor verbal criador,
Um me atira de corpo e alma em versos para o alto.

O Outro de uma mestria poética de grandeza abissal,

Me ensina: Baudelaire, Musset, Gaston e François.

Um com a visceral idade do dentro das coisas
E a internalidade fraccionada dos seres,
Me atira nas águas profundas do verbo ser carne.

O Outro num versejado sóbrio e dorido de Quasimodo,

Me ensina a pungente angustia do "Sou um homem só,
Um só inferno" – nas terras entranhas do Ser cavo.


Amo Nauro.
Amo Lago.

Nauro Machado &
João Batista do Lago poetas maranhenses de grande expressão nacional.

 

INCRÉU PAIXÃO [Manoel Serrão]




Nada me leva crer.
Que nada me eleva.
Que nada enleva.

Fonte da solidão,
Ter a sede do prazer.
Leva-se crer ou não,
E nada me eleva.

Dor pode acontecer,
Queira-se sim ou não.
Nada me leva crer,
E nada me enleva.

Olhos do coração,
Abra-se pr’alguém.
Nada me leva crer,
E nada me sobreleva.

Queira sedução,
Crer-se na paixão.
Mas nada me leva crer, 
E nada me leva.

IMPERATIVO AFIRMATIVO [Manoel Serrão]


 






Soletre.
Soletremos.
Mas a vida tem sempre um...
Sol-e-trai!

ÁLIBIS [Manoel Serrão]


Mostraste-me a Verdade nas poças cavas do mundo.
Escondeste-me a Mentira nas ameias acinzentadas dos muros.
Às vezes Verdade: sou um lugar pleno no Mundo sem rumo.
N’outras, Mentira: sou um lugar vago no Muro sem prumo.

Mas aqui ou ali, quando não estou onde penso que estou no Mundo;
E, não estou onde penso que não estou no Muro!
Ó no mesmo Mundo diviso pelo mesmo Muro?

Onde estou? Não estou onde todos os meus álibis imundos, recitam os versos de Baudelaire contra o[S] Muro[S].

O HOMEM-NADA-SE[R]M-DEUS [Manoel Serrão]




O Homem que despreza O Homem que inventa o outrO;
O Homem que inveja O Homem que desconstrói O Outro.
Colhe o Nada, e desse Nada faz um Deus, uma “verdade derradeira”?

Não é Deus; não é Homem; não é Nada, que o faça:

Sê-lo [O] Deus; sê-lo [O] Homem, sê-lo [O] Nada, e,
D[O] Nada HumanO sê-lo (O) Deus, sem (O) Deus humano!

Ó Deo gratis! Mais que Humano, só O Deus sem O orgulho Humano!




 

COLAR-INHO [Manoel Serrão]





Co’o nó na garganta

Ou cinco nós na gravata.
O colarinho do homem?
É que define os nós da vida.

Ó BELA IMORTAL POESIA [MANOEL SERRÃO]




Haverão de ser alma e carne, espírito, inspiração; de ser cria e espontânea criação.

Haverão de ser pulso, impulso, luz e pulsação; de ser qualquer coisa, que o seja nada, e tudo sem perfeição, o chamado da emoção.

Haverão de ser d’uma só vez dor e alegria sem hesitação; de ser qualquer coisa sem retoque e correção.

Haverão de ser poema que se faz de súbito ou construção! Haverão de ser por glória — tudo, por amor — ó bela imortal poesia do coração.

NAVALHAS & QUERATINAS [Manoel Serrão]



 




Homens

quanto apuram haveres: segredos no cofre.

Mulheres 

quanto aparam os cabelos: 
picotam as cortinas.

 

DIÓGENES [Manoel Serrão]







Ó quereis um sol?
Tereis dois: ficai com um! Mas vês, nem todo Sol que quereis é luz, embora com (O) Sol da Verdade pareça!


UM BLUES NA LEMBRANÇA [in memoria do poeta Erikson Luna [Manoel Serrão]






Cãs de cal [I]

(Poema in memoriam ao amigo e irmão de poesia Erikson Luna).

UM BLUES NA LEMBRANÇA [MANOEL SERRÃO]

Se um dia imortal 

tardares toda presença na tua ausência que fala!
Inda, assim,
Restaram eterno um soul, um jazz. 

Um verso... Um poema...
Um quê de ti no ar... E um blues na lembrança!

Cãs de cal [II]

CLAROS DESÍGNIOS [Erickson Luna]

Os vícios tragam-me depressa
à parte a rebeldia que me torna em jovem
Claros são os meus desígnios
é-me incontida a busca dos momentos
ao passo que me são estranhas
as vocações que emergem desses tempos
Diuturnos rituais à impotência
as existências curvam-se às idades
e se acrescenta à ancestral obediência
a iminência de também ser ancestral
A tal sorte a mim me cabe lamentar o
pouco-a-pouco a morte tarda dos longevos
sorrir da vida e a que ela se presta
tão mais intenso quanto perto o fim
Os vícios tragam-me depressa
à parte a rebeldia que me torna em jovem.


Cãs de cal [III]

CANTO DE AMOR E LAMA I [Erickson Luna]

Choveu
e há lama em Santo Amaro
nas ruas
nas casas
vós contornais
eu não
a mim a lama não suja
em mim há lama não suja
eu sou a lama das chuvas
que caem em Santo Amaro
Vosso Scotch
pode me sujar por dentro
cachaça não
vosso perfume
pode me sujar por fora
suor nunca
porque sou suor
a cachaça e a lama
das chuvas que caem
em Santo Amaro das Salinas

Cãs de cal [IV]

ECCE HOMO [Erickson Luna]

Saiam da minha frente
matem-se
morram-se
deixem livre
o meu campo de visão

Entristece-me conceber
a semelhança que nos une na semente
quem é que pode
ser feliz se vendo gente

Cãs de cal [V]

UMA PRESENÇA [Erickson Luna]

Vez por outra uma presença
me confunde a solidão
menos espero
e muito mais me vejo só
Não ter do que ter saudade
me deprime e reanima
se me constrange
também não me tira a calma
Além da dor que me embriaga
a lucidez
resiste ao dia, a esta cidade
e a vocês 


Poeta recifense ligado ao marginalia, o pernambucano Erikson Luna falecido em 2007 aos 49 anos foi considerado pela crítica literária como o “o último dos beatniks”. Polêmico, fascinado pelo blues, durante duas décadas e meia o poeta com seu comportamento irreverente, desregrado e explosivo incendiou o ambiente literário da mauritssand dos armadores das índias ocidentais.

ANAMNESIS [I] [Manoel Serrão]






Ó urgência!
Depressa Emergência...
A pressa é Passageira!

DISTINÇÃO [Manoel Serrão]








A solidão é o que mais distinta a Bella da Fera.

 

OUTDOOR [Manoel Serrão]






No post-it
O leve love
Que era note?

Em outdoor: ficou enorme!
 

PARLEZ-VOUS [Manoel Serrão]






Selo, não sê-lo?
Passai a língua nelle.
Ó parlez-vous amor!
Mas sede universal.



 

UM ATO DE AMOR ETERNO [MANOEL SERRÃO]


 
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Para Ser criador, o poeta É, quase sempre, um suicida!

CHICANA [Manoel Serrão]



Ó espiai! Despertai! Despertai! Dá-me vossa mão, apressai-vos! Vem! Sentai-vos em seu lugar? Mas correis à vossa maldita ingratidão,
E rogais remissão pela boca morta do cão.

Não tardeis! Não tardeis! Não! Por ser-lhe grata compaixão: a vida A espera para serdes a vox d'alma desperta no coração.
Ó sê bem-vinda, poeta! Sê bem-vinda! Sê bem-vinda até que o pó do chão a torne Universo infinito Humana Vibração!..

EU SUPREMO [MANOEL SERRÃO]







Se o véu das religiões cegam e o véu das ideologias limitam?

A fé, espelho fiel do espírito, desperta e aproxima o Eu supremo do Homem.

INDISSOLÚVEL [Manoel Serrão]









O amor que me abraça,
É indissolúvel e infinito.

Não tem ponto final!
Só reticências...

PASSAGEM DAS HORAS [Manoel Serrão].



Presa entre vossas mãos?

Ó vem! Vem!

E co’a m’alma cobrir-te-ei de paixão.
E te porei de amoras para dengos de amores.
E vós sabereis d’aurora o despertar da vida, ó dei glória!

Ó vem! Vem!
E vós sabereis do Crepúsculo a madura face que sou.
E vós sabereis da Noite em que rocio e sereno repouso.
E vós sabereis dos Dias de revelada incerteza a passagem das horas.

Ó vem! Vem!
Dá-me tua mão, Luz! E babaremos os nossos travesseiros de seda.
E exaltaremos os nossos poemas viajoros.
E seremos eternos nossos sonhos apinhados de flores.

MON AMI [Manoel Serrão]









Ainda que exijam a caução;
Hipoteca; fiança; Ou,
Garantia pignoratícia?
A paixão é um “contrato” de riscos!
Ninguém morre quando a arrestam do coração. 

 

 

UM RARO PRAZER [Manoel Serrão]


                                                         
O MINISTÉRIO DA SAÚDE ADVERTE:

Amar pode causar dores no coração
E um derrame de paixões.
 

 

AUDAZ [Manoel Serrão]




 
Vai
Audaz...
Fazer arte, 
Faz parte!

LA PASSION [Manoel Serrão]





Combustão espontânea:

A paixão eterniza o amor.
 

PICADO VERDE [Manoel Serrão]



Oil o extra virgem?
Seja hombre e coma cru,
Seu pepino verde!

DISSIMILITUDE [Manoel Serrão]


 




Quisera carregar a virtude do trigo,
Mas não trago nem O restolho do joio.
Sim! Sou desejos e dissimilitudes com pontos de atrito.

O TEMPO & O VENTO [Manoel Serrão]



O tempo leva dores.
Leva as cores.
O tempo leva as flores.

O tempo leva andores.  
Leva os rumores.

O tempo leva os amores.

O tempo leva tempo...
No tempo que o tempo tem que leva a vida como o vento feito um sopro!

 

PRENDA [Manoel Serrão]



Poesia que versa o vate.
Poeminha que asa bateu...
Se gostar do verbo Ter?
Paga prenda com o verbo Se[u]r!

RECEITUÁRIO [MANOEL SERRÃO]




Sem desculpas antissépticas.

Sem indiretas antiácidas.
Sem mentiras efervescentes.
O perdão? Vês, o perdão é bucal e enxagua tório cicatrizante do ego.
É antiflamatório d'alma e analgésico para o coração.
O toque, o abraço e o beijo são sanativos fitoterápicos para a saúde do amor.
Então ame o próximo! O maior erro é não tentar ser amor!

O DIA EM QUE O MUNDO ACABOU [Cine Theatro Ideal] [MANOEL SERRÃO]






Vivo em letras garrafais, anunciava no Cine o cartaz:
Breve O Dia em que o Mundo Acabou. Ó Mãe passa?
Passa filho, a Vida estreia e em breve passa!
Ó santo caos? E na plateia onde o milênio acaba?
Tristeza geral! No The End. Muito além do que o azul soluçou.
Só saudade só amor, e O Vento a Levou...








NOTA: Ainda na inocência dos meus dez anos de idade, nas proximidades da minha casa, havia um cinema chamado de Cine Theatro Ideal Bacabal [MA] da família Skef Sebba [proprietários].. Sempre que passava por ele tinha um cartaz anunciando a estreia de um determinado filme, com os seguintes dizeres: “em breve estreia nesse cinema o filme...” Nessa época todos falavam e principalmente a minha mãe que em BREVE o fim do mundo se daria no ano de 2000. Na minha cabeça de criança pairava uma grande confusão... Como podeRIA aquele filme que anunciava o cartaz do cinema estrear em BREVE se o mundo acabaria em breve?

NOTA: no dia 14 de janeiro do ano 2000, minha querida mãe Oglady da Silveira Lacerda fora atender o chamado de Deus, e o meu mundo, definitivamente, acabou.

ZEUS [Manoel Serrão]



D'encanto, dai-nos, deuses o verbo criador, sábios artífices da língua!
Ó suplico-lhes! Dai-nos belos versos em almas poéticas.
Ó peço-vos! Dai-nos como d’antes odes, líricas cantatas.
Ó vos imploro! Dai-nos belas récitas em almas cheias de graças.

D'encanto, dai-nos, ó imortais crias de Zeus: o saber dizer livre que vos fala a poesia.
D’onde ‘stão, tecei vos para o mundo outros sonhares.
Ó teceis vos para não serdes apenas o desejo d'outros no almaço  rabiscados.
Porém, sonhos do sono acordados, e todos chegados ao destino do céu.

D'encanto, dai-nos, pois quão pr'a sempre, e além: Píndaro e Safo; Homero e Hesíodo; Camões e Pessoa; Sousândrade, Nauro, Lago e Gullar; todos tornados eternos! 
Ó versos compostos à sestra e pena, q u’iria-te oste do meu coração.
Ó poesia n’A poesia bela e sã, q u’iria-te hóstia comungada em bocas canções.
Ó poética silente oração, qu’iria-te onde o verso nasce poema feito pulsão.
Ó se o Criar É ser Deus... O Poeta onde começa o poema nunca acaba.

Ó se honrais! Abra-os para os leres?

 

 

 

NORMANDIA - O DIA “D'EU NA TPM [Manoel Serrão]








Na hora “H” Do Dia “D”?

Deu TPM na Normandia.  
Ó aliados sem O.Bus? Rios de sangue... 

Mas hoje, “Sempre Livre”! 
Sem  abas ou capas, aderente ao amor? 
Que seja assim? O Mundo só quer toda [a] menor-pausa para Paz!

À GUISA DE. [MANOEL SERRÃO]






À guisa de condenar.
Ao feitio de julgar.

Ao modo de vigiar para a “Arte” velha não vingar:
Arte nova de matar!

ÁGUA-BENTA [Manoel Serrão]






Dessedenta
A língua
E o céu da boca!
Cospe o velho,
Saliva o novo.
 

PRESENÇA DE ESPÍRITO [NANOEL SERRÃO]








A poesia é a presença da vida anulando toda falta do Mundo.

AMOR VAMPIRO [MANOEL SERRÃO]







Amor vampiro: foi amor à primeira mordida!

AMIGOS PARA SEMPRE [MANOEL SERRÃO]





Tu bem sabes, o tanto quanto bem ti cabe.

Não há como negar, o valor do bem que vale.
Amigo é tesouro, não há fortuna maior no mundo com que se compre ou tão bem lhe pague.
Ora [direis]; pondo a ti perguntares, porque tanto desvelo raro?
E eu vos direi então: Saibas é do amigo sincero; do amigo sublime e de coração leve; do amigo  iluminado e de peito aberto acordado...
É do amigo para sempre, mesmo que o sempre não exista de quem vos falo!

CATEDRAL GÓTICA [Manoel Serrão]










Abadia.
Catedral Gótica,
O "esplendor” d'tua verdade,
Só encanta a turista.
 

LINHA DO TEMPO [Manoel Serrão]


 

Apressou o passo.
Quis voltar, era tarde!
Ó jaz no pó [D] ali.
  


POETRIX: É constituído com no máximo 30 (trinta) sílabas métricas distribuídas em 03 (três) versos (terceto); dissidente dos hai-kais, de origem japonesa. Mas diferentemente do ha-ikai, é exigível o título do poetrix, que não entra na contagem silábica e pode dá complementariedade ao texto

 

MITO-MANIA [MANOEL SERRÃO]








Decapas: faze-nos covardes da perfeição;
Reclusas: faze-nos tementes da incorreção.

Recusas: ó compulsiva razão do Ser o sonho.
Do Ser O emundo viver a mais bela aventura do mundo.

Ó só por não arriscardes cruzar com Gepeto e Pinóquio, - velha coroca lucides -, não credes em fábulas?

MORRA NA FILOSOFIA [MANOEL SERRÃO]






Nem essência nem aparência.

Nem moral nem o absoluto universal.
Nem empirismo nem o iluminismo.
Nem tese nem antítese tampouco a síntese.
Nem matéria nem o logos...
Ser ou não ser? Há outra forma de ser?
Ó como crescer dói!

ALQUIMISTA [MANOEL SERRÃO]






Acredite-me, minha poesia, nada mais...

Nada mais que uma poesia, sim, uma poesia que não seja como aqueles verbos rasos e vesgos sem alquimia, que só fingem amar e ser poesia

GRATIDÃO (MANOEL SERRÃO)





Gratidão porque fora do amor é tudo ilusão.















MOTRIZ [MANOEL SERRÃO]


Só o amor em movimento muda o mundo.

UM LADO E A OUTRA FACE [Manoel Serrão]



[Dedico a todos que de um certo modo direta ou indiretamente já conviveu ou já viveu na própria carne o inferno da bipolaridade]


Um lado.

Uma face.
É-lhe semelhante sem mesura alegria.

O outro lado.
A outra face,
O da dessemelhante a "mania."

Tab.
Carbonato de lítio.
Clozapina.
Por acaso não faz sofrer?
Cuidar.
Zelar, conviver...
Com o tempo só o amor suporta tudo!

PIO-E-DEVOTO [Manoel Serrão]




Pio
Quando fui Deus: fiz um poema!

 





 

O NÃO DIZER [MANOEL SERRÃO]






Prefiro não dizer para saber dizer, d
o que dizer para nada não saber dizer.

RECONCEITUANDO [MANOEL SERRÃO]







Gostemos ou não?

Até que o "improvável" aconteça.
Sejamos o todo e o tudo em nós, o Eu supremo para além da procura sem os nós.

VIRTUOSA DE PORTUGAL [MANOEL SERRÃO]


Vede se lhe fazem bem? Vede que altivos sobre mirrados,
Sobre afogados, pobres e miseráveis, se ti querem o bem!

Ó vejam se pisados e perseguidos dos homens gemem, agonizam calados?

Se sobre o planisfério de perplexo espanto, põe-nos subsumidos amados.

Segues, ó virtuosa musa de Portugal! Segue no teu canto o fado aos homens encantados.

Segues a rapsódia dos teus versos de amores brandos, e o purgativo inferno o teu império, tu amais orando.

Vês! Não vês que tua mentira bramida nunca fora mágica da vara de Merlin.

Olha que cedo ou açodado o tempo rapace...
Amar sem vê a alma e o coração?
É amor que não há nem houve, e nem haverá.
Faz dos amores rompantes desencantos.
E como se fora muito firmes;
Faz dos amores ideados fundados sobre castelos...
Ó com que tanto pensaras amar na vida assim?
Apenas os sonhares de um amor conúbio sem despedida!
Mas na terra das pedras e do Sol, acaso vendo o engano da esperança...
Do amor desistirias?




ABOMINÁVEL [Manoel Serrão]






Ice.
Fria.

Hipotérmica.
Ó abominável é a solidão das neves.

VOTO-VENCIDO [Manoel Serrão]




Irresignada a (dês)ilusão apela repisando a paixão.
Voto-vencido.
O sentimento não merece qualquer reparo. 
Assim, decidiu-se o amor: sem custas para o coração.

HUMANA PODRIDÃO (Manoel Serrão)


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Ó ide tê-lo (in) mundo desumano?
Os humanos estão apodrecidos...

Aqui morre-se traído pela ingratidão;
Aqui morre-se de inanição pela segregação;
Aqui morre-se de injustiça pela servidão.

Ó ide tê-lo (in) mundo desumano?
Os humanos estão apodrecidos...
Aqui morre-se de ignorância ideológica pela veneração;

Aqui morre-se esquecido na contra mão da corrupção; 
Aqui morre-se por acção, insônia, de omissão e aflição;
Aqui morre-se de agonia, infecção, de alcatrão e solidão. 

Nunca... Jamais de Amor e alegria pela gratidão!

Ó vês, há anos somos "humanos" quão desumanos suicidas na podridão!

A TRINDADE [Manoel Serrão]


 

Ao sociólogo e filósofo polonês Zygmunt Bauman.

Impalpáveis, infinitas e tão eternas... 
Imutáveis, imateriais e tão transcendentais...

Ó assentai-vos, e olhais para o que há no espaço!
Olhais os rios, os mares e a larga vastidão dos oceanos de Pontos.
Espiais os dias, as noites e o altivo de Urano e Gaia à procura da remota humana; 
Olhais para as profundezas "intestinas" e entranhas de Tártaros.


Ó assentai-vos, e olhais para o que há no tempo! 
Espiais o presente tão falto de verdade e paz, com os seus peregrinos errantes e miseráveis desesperançados sem liberdade que desencontra o humano;
Olhais essa "massa" passiva, invisível e sacrificada, meros expectros, filhos dessa pátria saqueada;
Espiais esse “rebanho” forjado no aço do passado; e, para todos os sonhos futuros de redenção, que vão-se em ondas de normose aos rés entre os dedos da ilusão, aceleram o trágico espetáculo da decadência humana. 


Ó assentai-vos, e olhais para o que há na base da matéria!
Olhais o primeiro, a carga positiva dos prótons; e, no meio dos prótons, impedindo que eles tenham contato direto os nêutrons;
Olhais para os elétrons, partículas dotadas de carga elétrica negativa.

 
Ó assentai-vos, e olhais para o que há no estado da matéria!
Espiais o sólido que se liquidifica; onde todas as iterações e encontros dos entes se tornaram provisórios e temporários, fugazes e passageiros, válidos apenas até um novo dia; 
Olhais para d'onde impera o individualismo, a desigualdade, a revolução digital, e a efemeridade das relações, e quão gases volatizam todos os mais belos sonhos.


Ó assentai-vos, e olhais para o que há na música! 
Escutais a tão suave e sonora melodia da vida; e os cânticos harmoniosos da Terra; as cítaras e as harpas do silêncio; a concisa harmonia do amor fraterno;
Ó olhais o ritmo que se dará à paz no mundo.

Então vedes, olhais o que deu-nos Deus em 3 em Um e no 3 e Um, uma assinatura para a redenção dos homens: em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo.
E nós homens todos amém!

 

 



E-PÍ-TO-ME [Manoel Serrão]







Uns para a epístola.

Outros para o epitáfio.
Mas alfin,
todos com a epítome: Saudosas lembranças!

ALMA CALMA [Manoel Serrão]



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Acalme-se!
Te dá paz e
Calma Alma...
E uma bela salva de pAlmas!

O INADEQUADO TEM VOZ [MANOEL SERRÃO]



Ó tu que sem crer-se desperto e débil repete-se!
Que come com fome, mata a sede da sede e a fome.
Ó tu que descansa com o insone e subtrai da cama o sonho, e
O sonho do velho que o pesadelo medonho o consome...
Ó tu que prefere o fútil, a romper com as amarras que te purgam a carne.
Que te aprisiona e condena-te a morrer sem alma no mundo de tédio...
Vês! Tu és preciso tu que o inadequado o acorde para a ascensão do desperto, e
do novo que vos liberta, e vos aproxima daquilo que grita em vós!

SÓ TUPI! [Manoel Serrão]







Nem mugir.
Nem turgir.
Ao Deus Tupã?
Sol-to Tupi!

 

PEDRA DE TOQUE [Manoel Serrão]








Atenção!
Cuidado! Obra em curso!
Homem em construção!



























 

IMPERFEITOS [Manoel Serrão]








Viva, vivida, imortal é a vida.

Mas se mortal vive a imortal morte certa sem vida?
Que me venha sem áudios,
ecos e todos os meus imperfeitos que sou.

COM FÉ ANDO [Manoel Serrão]







Em
Zigue
Zagueando Vou...
Mas com fé Ando!..

OS E-LEITOS [Manoel Serrão]



Ora O mais-que-perfeito,
O eleito a “D'us”: a dominação em sua imortal inflexão.


Ora O mais que imperfeito, 
O eleito a "Adão":  a servidão em sua resignada devoção. 


Ó ei-los aí! Todos eleitos!
Uns para as "maçãs" de D’us;

Outros para as "serpentes" de Adão.

PERSIGNAÇÃO [MANOEL SERRÃO]






Ó gratidão que nos dai hoje,

Renova o nosso amor de cada dia!

EVÓE BACO [POETRIX] [Manoel Serrão]




Bah! Evóe Baco.
Um cálice para sempre.
É avinagrado.

HOMÚNCULO [Manoel Serrão]



D'ingrata o labéu desdouro amaro-a-bílis negra do vosso fel.
Ostento em terra os pés do que servil o insano que abraça o vil, e o vil sano que abraça o homem desfigurado em figurante papel.
Não! Não sou o Pégaso, nem o Ego-rex “solipso” dos vossos desfastos solitários.
Não! Não sou o verme senil, nem a rês do canzil das vossas cobiças inconfessas.
Não! Não sou a presa inútil no calabouço da vossa purga, tampouco o surto suplício de Tântalo: tão perto e, tão longe, tornado a pedra agastada do vosso anel.
Ó vês, sei d’Eu tanto quanto mais sei do que sei quem sou, e do que sei, não sabendo, eu, que não sei o que sou, assim como não sei, também não penso saber que sou: ora uns recheios de nãos, ora Outras vaguezas de sins! 
Inda incréu sem me saber sobrevido ao oblívio da morte, solitude soluçada, queiras ou não: por migalhares a verdade da vossa risada; sou O capitão da minha interioridade livre ou sitiada; sou A gota suicida, a bátega afogada sob o crepom azul do papel; sou um par de asas supra no meu caduceu.
Assim, ora homúnculo um pixel de mim; ora Enoque gigante que "andou com Deus" avoante ao céu! Sou O meu próprio e o único Ser-a-afim nessa Babel













































MARÉ VERMELHA [Manoel Serrão]






Quero arte!

Pintar asneiras
no abismo infinito mais branco.
Que tudo emporca, se espraia...
E faz d'alma maré vermelha!

CONTIGO [Manoel Serrão]










Quando fordes flores, contigo iremos nós

Desarrazoado [Manoel Serrão]





Sem uma razão: velha razão.
Uma boa razão: nova razão.
E por que não? Outra razão...
E outra velha razão... e outra...
E novas razões outras...
Quão tantas Outras contra razões?
Mas todas no fim? Sãos razões de chapéu nas mãos!







 


 



LAÇO CRIADO [Manoel Serrão]





O amor é laço criado que a traça não rói.

 

ORELHA DE LIVRO [Manoel Serrão]







Na tira dobrada,
Da contracapa assinada?
Obra o livro atrás da orelha!

LONGEVO OZ [Manoel Serrão]








Na gare saudosa

O longevo OZ remoto.
A longinquidade.

PA-LAVRA [Manoel Serrão]


                                       

                                  A

                                  PÁ

                                   L

                                   A

                                   V

                                   R

                                   A

                                     DEUPALAVRA

                                     DIZPALAVRA

                                     DEZPALAVRA

                                     CEMPALAVRA                                                      

                                     MILPALAVRA

                                     DÊSPALAVRA

                                     SEM PALAVRA

             PALAVRA SOBRE A PALAVRA

                                       DESPALAVRA

                                               APALAVRA


                                                    

 

 

POETA-SE BEM! [Manoel Serrão]





Precisa-se de poetas... 

Que poeta-se bem! 
Ass: A Poesia. 






AMBÍGUOS [Manoel Serrão]



Sem velas e sem ventos...
Remando contra a maré!
Não sei se rezo.

Não sei se remo,
Ou solto a rima.
Ó quão estranha essa mania de ter fé na vida e a
(ar)riscar uma poesia.



EU SUPREMO CRIADOR [MANOEL SERRÃO]








Crie. Seja o Eu criador.

O que está por acontecer?
Ainda está por nascer!
Então crie o seu Deus com amor.

PÃO & CIRCO [Manoel Serrão]






Não há circo.
Não há mágica.
Nem palhaço a sorrir.

Há só um mundo inteiro de fome sem pão a dividir!

AB (SINTHE) FADA ARTEMÍSIA [Manoel Serrão]








Ó sintho muito,
Doce amargo ab-sinthe, não sinto nada!

Mas [In] dependente do que sintho? 
Sou o teu ópio (r) ide-amante, Artemísia?...

 

BOI AO VENTO [Manoel Serrão]





O que fez o vento voar,
Se eu não vi ninguém assoprar?

Boi Mimoso dá cria acolá,
Quem mandou vê o vento
E a vida levar?

Carne seca, seca vida,
É de mim não me atrapalhar.         [Refrão]

Carne seca, seca vida,
Se há de vir Jah Deus dará.                  [Refrão]

Mas o que fez o vento voar,
Se não vi ninguém assoprar?

Meu Deus! O que voar fez?



Boi ao Vento – Letra e Música – Autoria: Manoel Serrão da S. Lacerda. - Recife [PE] – 23 de setembro de 1984.
Imagem: Artista Plástico, Mestre da arte da Xilogravura no Maranhão Airton Marinho.

Ú’TIL ON DESU'TIL [Manoel Serrão]







Vida ú’til.

Ira inú’til.
Ó Ser-vil desú’til o dogma,
E o desejo fú’til!

A TEIA E A PRESA [Manoel Serrão]





Tece a teia
Sem dar rede ao desafeto.
Quem foi presa, 
Nunca esquece!

ALI BABAVAM OS LADRÕES [Manoel Serrão]






Planalto doente.

Congresso demente.
Tribunal sem mente.
Ó Abre-te sésamo?
E ali babavam os ladrões.





CONFIADO [Manoel Serrão]







Amor fiAr.
Amor fiAdo.
Amor afiAdo.
Amor (e)terno ConFiAdo!

KRAKATOA'S [MANOEL SERRÃO]







Opostos dos que versejo estranho?
Aos pósteros dir-lo-ei versos em digestos tão diversos
Para todos os leres sonhares.

Serão zíngaros sonantes.
Não zãibos, versos rasos, antístrofes, penitentes de feiúra face a quem lhes dou-vida,
E quão um “Deus” vezo criador dou-lhes à rima um ritmo esquisito
E à estrofe como um surdo pode compor, alma de estanho.

Não! A vós confesso: de Sumatra à Java,
Vulcano ativo como o mundo que não se acaba assim?
Magma das minhas cavas entranhas...
Só escrevê-los-ei Krakatoas de explosões!  



PÓSTUMO [Manoel Serrão]




Olho o riso da Dor e vejo o choro da Morte que deambulam zombando da Sorte.
A Dor sempre à frente, ora mais trote, ora mais forte; a Morte,  nunca se adianta, nem se atrasa para o Ato Póstumo.

ARMAGEDOM [Manoel Serrão]





Sinto todo,

Sinto tudo.
 
Sinto atempo,
Sinto mudo.
 
Sinto tempo,
Sinto imundo.
 
Sinto fundo,
Sinto novo mundo.
 
Sinto profundo,
Sinto terceiro mundo.
 
Sinto infecundo,
Sinto sub-mundo.
 
Sinto mundo,
Sinto cu-do-mundo.
 
Sinto moribundo
Sinto outromundo,
 
Sinto muito!
Armagedom!

Sinto o fim do mundo.
 
 
 

FACE WEB [Manoel Serrão]



Ó cai-te sobre a face.
Vês? Foi-se a do carvão,
E veio outra servidão!
A face web...
Do homo-cyber na solidão.






Comentário sobre o poema FACE WEB de [Manoel Serrão] por Joao Batista Gomes Do Lago:

Um poema curto, mas denso; prenhe de significantes e significados refletindo a solidão do "homus pós-verdade". De fato, a solidão, hoje, não se apresenta mais como uma "doença" estritamente pessoal e de caráter "pathos" (significado das palavras pathos e “paixão”, em algumas obras de Kierkegaard. Essa forma em que Kierkegaard apresenta o sofrimento desqualifica aquilo que entendemos por dor no sentido externo, ou meramente um sofrimento físico, pois trata-se de uma interioridade patética em “gênese dialética”(FARAGO, F., 2006, ...). O que se percebe nos dias atuais é um "homus" sofrendo de uma solidão existencial sem o nexo do sofrimento patológico interno, mas uma dor profunda no internato de uma virtualidade que nunca se fará real. Penso que aí se estabelece a "gênese dialética" de uma "interioridade patética".


© DE João Batista do Lago:

João Batista do lago, maranhense, pode ser considerado, atualmente, um dos mais completos poetas e cronistas do Brasil, haja vista a consciência plural e significativa de sua intuição cultural, fato que o faz passear entre musgos históricos gregos e o modernismo clariciano, espargindo o pensamento poético alemão, americano ou inglês, sem esquecer das taças saboreantes dos vinhos que enebriaram o cismar dos poetas franceses como BAUDELAIRE (Charles Baudelaire), MALLARMÉ (Stéphane Mallarmé), FRANÇOIS COPÉE (François Édouard Joaquim Copée) e MUSSET (Louis Alfred de Musset) – o poeta do amor. Como eu, o Maranhão e o Brasil também, creio, se orgulham de João Batista do Lago, uma das maiores expressões literárias do mundo moderno. Fato que, realmente não deixa a desejar se comparado a nenhum dos franceses acima citados”. Marconi Caldas Poeta, escritor e advogado São Luís – Maranhão – Brasil 2007].

MATÉRIA PUBLICADA NO JORNAL PEQUENO, EDIÇÃO DE ONTEM, 02/02/2018. O AUTOR DA MATÉRIA É O JORNALISTA E ESCRITOR ANTONIO AILTON.



BEM-FEITO [MANOEL SERRÃO]





Ora O pretérito imperfeito s
ub-stantivo sujeito escorreito. 

Ora O exímio adjeto perfeito sobre-o-inábil adverso defeito. Ah! Se a felicidade não tiver-seu-prego...

 

 

 

AFINIDADES [Manoel Serrão]





Afinidades...
Afinidades são entremeios,
Com muitos afins sem The 
End!

Amor D’Cardeal & O’Hara [Manoel Serrão]



Amor d’aurĕu-, d’elmo - e pureo!
Amor d’almo -, d’sal - e salma.
Amor d’arca -, d’palma – e calma.         
Amor d’Clark Gable & O'Hara.
 
Amor d’áurea, dahlia - e d’Odara.
Amor d’almas afins -, e d’alvejura rara.
Amor d’imago - e maga -, d’sétima arte.         
Amor d’vida -, amor de Cardeal & Scarlet. 

Amor descapado impress copidescado.
Amor impresso em offset declarado.
Amor impress no mancheado: Extra! Extra!
Amor à procura do Amor no infólio do  classificado: Extra! Extra! O Amor impress e expresso anunciado: que infinito o amor sobrevive eterno a tudo que o Tempo e o Vento Levaram!



AVISO & EDITAL - CLASSIFICADO TRANSCRITO DO JORNAL O ESTADO DO MARANHÃO - PÁGINA 06 - PUBLICADO NO DIA 05 DE SETEMBRO - SEXTA-FEIRA - 2003. [AVISO. T.3235-0000]:
PROCURO "ESCARLET O'HARA", QUALQUER INFORMAÇÃO SOBRE ESTA PESSOA ENTRAR EM CONTATO NA RUA DOS AMORES, NÚMERO DA SAUDADE E DA RECORDAÇÃO - RIBEIRÃO. [HUMPHREY BORGAT].

NOTA DE ESCLARECIMENTO: POR SE TRATAR DE UM CASO VERÍDICO, OBJETIVANDO RESGUARDAR AS PESSOAS ENVOLVIDAS, MORMENTE, AS RESPECTIVAS FAMILIAS, É QUE TODOS OS NOMES AQUI MENCIONADOS NO BOJO DO TEXTO SÃO FICTICIOS.
O POEMA TEM COMO FOCO O AMOR ENTRE DUAS PESSOAS QUE NÃO OBSTANTE SE AMAREM VERDADEIRAMENTE, POR DESÍGNIOS DE DEUS E DO DESTINO NUNCA MAIS SE REENCONTRARAM.  O CERTO É QUE AMBOS AINDA BEM JOVENS FORAM ENAMORADOS, CONTUDO, ALGUM TEMPO DEPOIS, POR MEXERICOS [TERMO MUITO USADO NA ÉPOCA] ROMPERAM COM A RELAÇÃO. ELA CASOU-SE, TEVE FILHOS E FICOU VIÚVA, PORÉM SEMPRE NA ESPERANÇA DE REENCONTRÁ-LO E VIVER AO LADO DO SEU VERDADEIRO AMOR. 
INFELIZMENTE ELA NO ANO DE 2000 VIERA FALECER SEM TÊ-LO REENCONTRADO. ELE, POR SUA VEZ À ESPERA DO SEU AMOR, ATÉ HOJE COM MAIS DE 80 ANOS NUNCA SE CASARA. 
UM DETERMINADO DIA SEM O HÁBITO DA FREQUENTE LEITURA AO CADERNO DOS CLASSIFICADOS DE JORNAL, SEM QUALQUER EXPLICAÇÃO PLAUSÍVEL QUE O LEVASSE DIANTE DAQUELE JORNAL POSTO SOBRE A MESA EM ATO CONTÍNUO FORA DIRETO AO CADERNO DOS CLASSIFICADOS. TODAVIA, ENTRE UMA FOLHA E OUTRA DO CADERNO AO CORRER OS OLHOS NA PÁGINA 06 DO MENCIONADO JORNAL, DERA COM NOME DA SUA MÃE IMPRESSO E POR ELE ANUNCIADO. 
INCRÉDULO, RETORNARA À PÁGINA QUANDO ENTÃO DEPAROU-SE COM O INUSITADO ANÚNCIO [CLASSIFICADO] ACIMA TRANSCRITO.
OBS: O ANÚNCIO FORA TÃO SOMENTE PUBLICADO APÓS TRÊS ANOS DA MORTE DA MESMA. ATÉ ENTÃO, COMO ELE APÓS O ROMPIMENTO DO NAMORO AINDA NA MOCIDADE NUNCA MAIS VIERA ENCONTRÁ-LA OU TIVERA QUALQUER NOTÍCIAS DA SUA AMADA, TAMBÉM NÃO SABIA DA SUA MORTE. HOJE, AINDA À ESPERA DO SEU ÚNICO E VERDADEIRO AMOR, SOLUÇA E CHORA.
.

 

 

 

RECOMEÇO [Manoel Serrão]




Em pranto e riso, ei-me aqui!

Mas sequer recordas meu nome. 
Mesmo assim, entre o rito do amor e o mito do sonho,
O amanhã recomeço hoje.
 

AIR BAG [Manoel Serrão]








Sem Air Bag,
     Ar...

        freio
        A disco.
     ABS?

        A  paixão 
       A tropela!




NO PONTO DA CARNE [Manoel Serrão]









Em tempos do amor brando antiaderente.
Em tempos do fogo alto da paixão.
Se o ponto da carne é o corpo?
A paixão come e o amor cozinha.

 

AMIZADE - De João Batista do Lago (para o poeta Manoel Serrão)





PARA O POETA ManoelSerrão SilveiraLacerda
AMIZADE
De João Batista do Lago
(para o poeta Manoel Serrão)

Eterno como anjo
Vagabundo como andarilho
Vivente como Zeus
Translúcido como Apolo
Segredado de sentimentos
Inconfessos
Vagueia – como eu -
Universos inconfessáveis

Belas noites de primavera
Na Ponta d'Areia
Onde a sereia apenas nos compreendia
E nos fazia compreender
Que apenas
A solidão de nós mesmos
Nos tornávamos universos
De sonhos inacabados

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

João Batista Do Lago

22 de agosto de 2015 ·

 

 

 

RAISON D’ÊTRE [Manoel Serrão]



D’onde venho? Lá d’onde venho o hálito do vento é quente,

E o sol é do oscular vermelho em brasa.

D’onde venho o amor é de quem consola,
E não da mulher que ama a casta.

Lá d’onde venho?
D’onde venho os antípodas são fantasmas,
E os malditos são abutres.

D’onde venho o desprezo imporcalha a urb
E a miséria feal assusta a fome.

D’onde venho?
Lá d’onde venho da metrópole-pós-industrial,
O amor e a vida são fuligem,
São fumaça quão detrito de indústria.

Lá d’onde venho só há homens pelo avesso,
Cada um cobrando o seu preço sem tabuleta de endereço
E a pandêmica xenofobia racial.

Lá d’onde venho não há raison d’être.

GEO-AMOR [Manoel Serrão]




As vezes magma ardente.

N'outras rio (de) degelo torrente.
Diz-me: em que canyors, fiordes ou desertos...
O amor de desejos se perdeu?

PRIAPISMO [Manoel Serrão]



Ora rijo por horas.
Ora teso por extras.
Ora roxo por demoras.

Ó erecção dolorosa?

Como dói ser rocha cavernosa!



UNDERGROUND [Manoel Serrão]






Passo
            a   passo 
                             um 
                                      degrau...

Vivo

no diviso 
Front que separa 
O verso unforgettable, 
Do indiviso underground.

 

INFRUTESCENTE [Manoel Serrão]




Se
dá muda

Na Terra
Medra flor?

No Mundo
Sobram abacaxis!


VAGA-LUME [Manoel Serrão]





Zum vaga-lume.

Brilha o ciúme.
Zoa voa zaga
Bela noite há!

VERSOS MAIS BONITOS [Manoel Serrão]


Adverso dos que versejo estranho!
Aos pósteros di-lo-eis em digestos cantos loas, zíngaros sonantes em que a minh ‘alma insana far-se-á boa.
Sim! Versos só versos belos diversos,
Para todos os leres e sonhares mais bonitos.

Não zãibos penitentes de feiúra face,
A quem lhes dou corpo como um “Deus” vezo criador, à rima um ritmo esquisito, e à estrofe quão um surdo pode compor, alma de estanho.

Não! A vós confesso: de Sumatra à Java!
Vulcão, lava flamante como o mundo que não se acaba nas entranhas?
Ei-los ahi vão: c'a alma retumbante coração... Só escrevê-los-ei Krakatoas em explosões!

IN-FOLIO [Manoel Serrão]


Sangria, dessalga, carne em desosso.
Desalma, inculta verbo ouro de tolo.
Tinta sem borracha em cem in-fólios grosso.
Pena sem revoada em mil abcedários soltos.  
Muda-surda-e-cega?
A minha poesia não quer dizer nada: ela diz!      







MOFADA [Manoel Serrão]








Os dias passam,
E sob a abóbada mofada.
A vida sem graça.

AMAI-OS [Manoel Serrão]




Ó acalma!
T
e dá paz

E calma
Minh’ alma!
E amai-os.

O NENHUM [Manoel Serrão]









Um ego doente,

Faz do ente duende indigente, o coisa alguma.
O ser de modo nenhum permanente.

A PRENDA [Manoel Serrão]






A beleza quando desperta,
Senta, levanta, atravessa a rua, passa pela calçada,
E entra pela porta do Mundo:

É a prenda mais bela que melhor embeleza e encanta o Homem.  

O PANÓPTICO [Manoel Serrão]




Sempre simples doce vazia,
Sempre sonante melódica.
Sempre simples “mãozinhas pra cima”,
Sempre letra garapa melosa.
Sempre simples "pedra de toque",
Sempre esponja feiúra porosa.

Sempre o simples bis o estribilho a pulsão,
Sempre o chiclete mascado à repetição.
Sempre simples diluídas – isolinhas - em pequenas rimas,
Sempre o blá-blá-blá o abc de à adestração.
Sempre simples o muito alongado ã de vão,
Sempre a "Novilíngua" a "Novafala" à supressão.

Sempre a sampler simples disciplinada,
Sempre o degrau da base a parada.
Sempre a loop simples sem a virada retocada,
Sempre a batida percutida manjada.
Sempre o role-play simples o domínio público,
Sempre o poder da penetração na massa devotada.

Ó swingueira? Ó axé music?
Camaleão não é panóptico,
Nem chiclete com quebradeira é protótipo.
Oh yeah! Então, “Vaza canhão”!
Oops, e opina o trash: Ou Cae o bicho-do-pé ou “Rala a Tcheca no chão”!

UNI-VERSO [Manoel Serrão]





Ver-so.

UniVer-so.
Uni(co)Ver-so.

PLACEBO [Manoel Serrão]



A poesia ainda pode ser o melhor remédio.

PAPAI NOEL [Manoel Serrão]





Papai Noel?
Papai Noel
É o kit-compra!
Ho Ho Ho
 

SOBRE-A-MESA [Manoel Serrão]



 
E pôs-lhe à boca o poema,
Fê-lo poeta em versos deleites na poesia posta sobre (a)mesa!

 

GRÃO [MANOEL SERRÃO]




 


 
Às sós, ou à vista do advérbio “Só”. O Ser do “não sujeito:” É um grão de pó!

 


 

O WRIT [MANOEL SERRÃO]








Se O Mandamus
Garante pleno o Amor.
Conceda-se O Writ:
O juízo não obsta quem ama.

ONÍRICO [Manoel Serrão]






Onde a poesia triunfa,

Nenhum poema se basta.

Onde a esperança desperta,
Nenhum sonho se acaba.

Onde o sonho sonha...
Sonha porque sonhos

E poesias não são em vão!



 

 
 

SUPERSOMA [Gestalt] [Manoel Serrão]







Quando "A+B" ñ é "(A+B)", é "C". 

E o todo ser saber é + que a soma das partes: o ABCdário. 

CÓRTEX [Manoel Serrão]







Pensando bem?

Pensar é vital para o córtex cerebral.
No fundo tem um quê de metabólico.
É que o cérebro tem mais juízo do que voz!

PALAVRA-DE-ORDEM [Manoel Serrão]




Oh! Não me queiram ordenar os afetos,
Nem tampouco com palavras de ordem
e discursos enfadonhos os meus comportamentos ou o meu modus livre de ser.
Fora! Isso a que chamam de "Políticamente Correto?" É puro fascismo!

 

[IN] FIDEL [Manoel Serrão]






Quem Castro o Fidel!

Se Che brochou sem ternura?
Ó só Guevara pagou o pato.

ARENGAS [Manoel Serrão]






Devassam-nos com métricas de rezinhas
e cem verrinas de palavras.
Difama-nos com rilhas sem dentina e falange em riste apontada.
Flagela-nos com a herpes do ósculo quão vírus de contágio? Ó não vês, na arena das arengas verbais, esfalfo-me extenuado à rebeldia do longevo gládio.
Adjudica-me então? Concede-me a posse do teu coração de adobe.

SOMOS TODOS [Manoel Serrão]



De versos somos todos livros.

ORAÇÃO [Manoel Serrão]





ORA
AÇÃO.
ORAÇÃO...
ORA CORAÇÃO!

 

PÚCARO [Manoel Serrão]







Cristal raro,

Púcaro quebrado?

O meu amor que era... Por ti gela? Partiu-se... Caiu da janela!

SEMPRE (A) GLÓRIA [Manoel Serrão]








Sem demora,

Para ele não tem hora:
Amor sempre (A) glória. 

SONHO DE FENO [Manoel Serrão]







A vida às vezes é um sonho de feno,

Outras um curral de esterco.

BLUE AZUL-CÉU [Manoel Serrão]


 

Como o céu que já choveu:
O olhar do meu amor,
Fora blue que nem o seu.

E EROS ESPERA [MANOEL SERRÃO]





Co’a face rosa em tez rubra sã em largos risos,

Quão n’A boca carnosa virgem um terno beijo.
Tu que és por gênio – o desejo - fulgor incontido?
Ó não os dês! Não os dês, ó gloriosa, diva Musa.
Não os dês, pois, crua e pura teu deleite nua!

Ó não os dês, pois, não os dês aos maus sentidos,
Nem aos vis, doces tetas, os dês aninhos: ouvidos!
Não os dês aos maus ouvidos a quem te ama,
Infecta-se d’alma anóveas pelo fado da lama.

Ó vens tê-la gentil bela flor aos meus sonhos.
E diríeis a rir-se de si em leve áureas a cantar.
Que dia após dia, o vosso amor que me fias: é:
Ditoso sobejo encantado, elo da vossa bel prazer
Ó vens tê-la gentil bela aos versos que me crias.

Ó sem vês, há uma flecha amorosa no meu coração.
Há este amor que n’Ele há de tão pio na minha oração,
Há n’Ele há que s'espalha adejante na minha canção.
Ó quão feitos um para o outro e não vens pra sonhar!
Ou será tudo qu’eu nada sou aos olhos do vosso amor?

Ó vens!  Se não vens ao meu circ’lo de fogo...
Sejais bem-vindo a
 vós mesmo amor!
Se a espelha rasa trincou... E Eros espera!...

UNCUT [Manoel Serrão]




O tudo é um.
Uncut:
O todo a parte.


 

APOSTASIA [Manoel Serrão]



Ó irde-vós! Vês, quando por amor de ti e da vida vós fareis Ser o que deveis?
Quando vós ides por-se em marcha e quão dia um passo adiante, se não vós poreis?

Ó vês! Vês q'inda vós podeis triunfar na evolutiva humana, ó como se não vos ireis?

Ó vês, deixais vossas credos, olha que os credos causam guerras e demonizam o homem; deixais os vossos passos derrotados; partidos "enganados"; e bandeiras desbotadas.
Deixais vossos dogmas que limitam vossas retinas ao ódio e a ira cega. Desfaze-te dos tristes dissabores que vos imprecam. Desassentas do peitilho as dores do mundo, da carne o sangue ofidico na terra e do vosso berço a enferma dor.


Vês! Cospe-os quão pedras lodosas em ondas crespas de água e sal. Cospe toda a lenha vil embraseada que habita em vós.
Cospe-os! Ó cospe-os! Cospe todo amaro d’alma,

Mas deixais o riso qu’nda atesta e divina o Carma.

Ó cospe-o quão todo à Calabar o fora infiel aos seus leais,

E os descarnas dos ossos o corpo e da carne os dês-algas do mau! 
Mas quando fordes essente o Darma -, o livre arbítrio - Homem-Mundo - com florais na janela e buquês de amores no coração? Consagrar-te-eis o Sol mais belo para o Novo Homem. E a Aurora e o Bem entrarão juntos sorrindo em vossa Casa.

 

 

SENECTUDE (Manoel Serrão)







Amei-te bem, bela mocidade!

Agora na maior idade:
Se me amares terei a tua idade.

LÍRIOS [Manoel Serrão]




Ó quer-se livre?
Então correis livros,
E colherdes lírios!

TRÍADE [Manoel Serrão]






De [in]evolução em [e]volução,

O sol faz-nos luz [O] crescer,
E os adiantados [O] evoluir.
N’A Boca do ABC?
Co’a tríade do ascender o Bê-A-Bá não se tresler.
A[O]S demais para trás!

 

E LA NAVE VA [Manoel Serrão]





E - voilá - vou ‘stár por lá, vou!

Vou condigno se outro não haja cordado em vão, ou
por dêsengano as Três Marias por sorte, encantou!

E lá na nave vá, vou pôr um amor imortal consagrado vou! 
Vou que ad eterno id o céu a Déia ficou.
Ó - voilá - vou 'stá na Constelação de Órions vou!...


 

PONTO DE FUGA [Manoel Serrão]







Para o Homem em rés furtiva,

Ou vidas em pontos de fuga?
A perspectiva é só uma ilusão profunda!





 
 

 

SIG.NI.FI.CA.ÇÃO [Manoel Serrão]



 

                                                        
                                                      Fica o que
               SigniFica
       E ReSigniFica.

 


 

                          


 

ESPERANÇA! BOA ESPERANÇA (MANOEL SERRÃO)







Sentimento de quem vê como possível

A realização daquilo que deseja.
Esperança! Esperança! Esperança!
Esperança mesmo quando não há esperança para isso.

CHO-CO-LATE [Manoel Serrão]





A água faz cho!

A galinha faz co! 
O cachorro late!
A cadela no cio.
A rola geme.
O cão dá nó!
Mas quando o bonde passa... Tudo vira “chocolate” na consolação!...

AFIADOS [Manoel Serrão]





Poetas desafiados?
Adoram conversar afiados.


 
 


BREAKFAST [Manoel Serrão]




Café pingado de paixões.
Bolinhos de chuva e carinhos.
Sonhos com suspiros e denguinhos.
 
Broas de esperanças.
Torradas de sorrisos.
Beijus de fé e alegria.
 
Pães-de-ló com quindins amores.
Coalho com mel  de afetos. 
E alguns franceses na manteiga?
Eis o meu breakfast nas manhãs refulgentes da vida.

UNI[CO]VERSO [MANOEL SERRÃO]




Verso.
UniVerso.
Uni (co)Verso.

                                                            
                        

 

 

TORMENTAS [Manoel Serrão]





O que importam as tormentas das paixões,

Se o amor, fina renda de luz, fora salvo?
Vês, se a quisesses eterna paixão?
Como Deus dentro de nós, tê-lo-ia o amor feita imortal razão. 


 


LIVRES ÁTIMOS [Manoel Serrão]





Ó vês, dê-se aos livres átimos.
Dê-se às vós, que o reino vibra.
Sinta-o todo, é tudo corpo vibração.

Não! Não sonheis à não torná-la engano.
O sonhar a vida é perder-se em vão.
É ser vagante lost nas brumas sem visão.

Ó de que vos falo? Falo-vos, então:
O puro há de tão parecer-te ficção,
Quão o iluso há de são parecer-te eclosão.

Vai! Apressa-te aos teus lócus ame nus.
Dê-se da noesis a rés furtiva –, a louca opressão.
Ó covarde crônico de chapéu na mão.

Quae será onde ‘stás? 
A realidade  é uma quimera ilusão.

 



 

 

ROQUE-FORD [Manoel Serrão]






Eia Eros, tem cheiro de roqueforD no ar.

E tá Ford por KA Vênus!

FÊNIX [Manoel Serrão]











Das cinzas,

Dia-amantes?
A poesia [O] brilhante!

 

FUGAZ [Manoel Serrão]






Quando a paixão pica.

O amor fica!




 

APERTO [Manoel Serrão]







No riso ou na dor,
Seja lá como for!

Se apertarem os nós?
Deus por todos nós.

PONTU-AL [Manoel Serrão]








Às vezes a vida nos encharca o lenço,

Outras nos arrasta ao vento.

SERAPHIM [Manoel Serrão]


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Ó d'ingrata o labéu, errância, desdouro confeito infiel, inda que amargue-me com oo vosso fel.  
Ostento em terra os pés, do que sê-lo "céu", e o servil no "paraísio" do teu bordel. 

Não! Não sou o Pégaso, nem o Ego alado “solipso” dos vossos desenfastos.
Não! Não sou a verme, nem a rês do canzil, a marca à ferro dos vossos cobiçados.
Não! Não sou a presa inútil no calabouço da vossa purga, nem o surto de Tântalo o suplício:
Ora tão perto e, ora distante, tornado a pedra agastada do vosso anel.

Ó vês, sei d’Eu tanto quanto mais sei do que sei, e quem sou,
E do que sei, não sabendo, eu, assim como não sei, quem não sou:
Ora cheio de nãos, outras vaguezas de sins? 

Ser afim, de per si, assim: solitude soluçada, queiras ou não?

Inda A insita liberta da minha orbe calejada.
Inda A gota suicida estilada, clara, tão útil, tão alma, tão cava na bátega afogada.
Inda O papel crepom azul, ora leve brisa sul, ora plúmbico céu encrespa, sob o manto celeste dos meus ceos. 

Anjo ardente de mim, Seraphim! Sou o meu único e, insito fim.

APARÊNCIA [Manoel Serrão]










Bonjur "novinha"!
Bonjur aparência!
E assim, a boa aparência deixou se levar vida afora até morrer sem acordar!






COR.AÇÃO [Manoel Serrão]










Aonde ides,

Asseguro-vos o amor.
Mas levais o coração.

ERRARE HUMANUM EST [Manoel Serrão]







O errare humanum só existe para deixar de existir o erro:
Ó errare humanum est.

SÃ & SÃO [Manoel Serrão]




Ócio
Sã.
NegÓcio
São.

HOMEM RÍDICULIO [Manoel Serrão]




Ó Ser de libertina vida obscura! Q
ue ao barulhar das folhas de outubro,
E ao soprar dos ventos foge do ardor dos ipês quão  do suicídio das flores amarelas...

Acaso honrais cobarde as calças do mundo!

 

ELO [Manoel Serrão]




Só[RE]unidos
AmaRemos.

OS POETAS COM PALAVRA [MANOEL SERRÃO]





O que silente o poema pelos tomos em voz alta não fala.

Fala calado pelo ósculo mudo e na boca podre não cala!
Fala na folha “adivinha” no dito em vez só de ouvidos.
E no que muito sente, fala, dita na voz escrita a palavra.

Fala por chuvas de balas hostis e quão reboados canhões;
Fala por doridos dilúvicos sob um céu de fuzis;
Fala por obus de versos sutis e avis odes blues de anis;
Escarra-nos, por sua "guerra" ao mundo? Altiva, berra-nos!
Fala-nos por palavras retilíneas, tortas ou entrecortadas,
Fala-nos nas estrofes livres, cativas ou arrumadas. Fala-nos!

Fala-nos, inda que a sombra dê-se à luz em ares de grande.
E, dê-se em ares de Gandhi do Ser com o Ter, todo o combate.
Ao passo, que dentro o embate de conjugá-lo o verbo vos cabe.
Fora o que não sabe? Saber por idade, sabe o poeta...
O poeta sabe dar por Amor à palavra o lume do Sol-Idade.

Inda que pura ou suja ou mais que imperfeita o profanam.
Inda que pedra ou pena, e não lhes dês trégua, o ultrajem:

Ó só sabe na “carne do almaço” quem sangra rios no verso;

Só sabe de Goethe quem recita os belos versos de Homero;

Ó só sabe das chagas as dores quem ressuma na Parkinson;

E o que na lama a alma sã por sorte desinfeta-se da morte.

Ó só sabe quem afaga urtiga no verbo a lã o poeta carrega.

E opila o suor da vida pelos poros da palavra dita singela,
Até que o vate afogue a poesia na testa, mas fala a poética!
E se assim, não tarda do impossível, dizer-te: toda nua sua?
É vossa a poesia, não a palavra?

ROSA CARNE [Manoel Serrão]





Sem moedas de cobre,
Nem moedas de prata.
Se não me vês, e nem me come com os olhos? Então, decifra-se com tua rosa de carne.

 

 

DESCONTEXTUALIZAÇÃO [Manoel Serrão]




D
DE
DES
DESC
DESCO
DESCON
DESCONT
DESCONTE
DESCONTEX
DESCONTEXT
DESCONTEXTU
DESCONTEXTUA
DESCONTEXTUAL
DESCONTEXTUALI
DESCONTEXTUALIZ
DESCONTEXTUALIZA
DESCONTEXTUALIZAÇ
DESCONTEXTUALIZAÇÃ
DESCONTEXTUALIZAÇÃO

                                    AÇÃO



 

 

F (L)ALL [Manoel Serrão]





Ar-15.

Bomba de efeito moral.
Bala (.) Para que te quero bala?
Oh! O fuzil é f (L) all!

O SER AFIM [Manoel Serrão].








Irdes vós em si,
E de per si afim.
Mas o que independe?
O Ser-afim transcende.

UNIVERSO QUÂNTICO [MANOEL SERRÃO]




Feito de polos e pares quão tudo dual de pares e polos.
Feito de maré alta que desce como tudo de maré baixa que sobe.
Feito de causa e efeito quão todo [o] feito de causa e efeito é feito.
Feito do masculino e feminino como tudo de gene másculo e fêmeo.
Feito de mental sintonia quão tudo é mente sintonia mental infinita.
Feito de estado acima e estado abaixo como tudo é estado abaixo e acima.

Ó onde impera e ressoa infinito o Universo?...
Nada repousa tudo se move e vibra... Vibra!
Vibraio bem-vindo, Sol-to! Estamos à postos!...

VINTAGE [Manoel Serrão]




Retrô, o siso é vírus.
Mas no oposto disfarce do uso?
O vintage do riso, é vício!

BARRICADAS [Manoel Serrão]


Baby Sonhos, cueiros e fronhas.
Fraldas, babadores golfados entre chupetas mascadas!

Latim loves, molecórios infantes.
Rebeldes em congas rasgadas, barricadas entre ativistas marcados!

Filhos da Terra,
Hoste avestruzes no cio,lavras entre comunas de urzes!

Hippies mendicantes em bandos.
Marxistas-xiitas-leninistas, antônimos entre sectários insones.

Jovens “bananas”, intentonas anônimas; 
Beatniks e Punks, sonhos entre pencas de rock, sem planos!
Cara pálidas entre camisolas surradas por “overdoses de bronhas?”.

Ó - assim nos víamos nos sonhos anônimos,
O que hoje adultos sabemos aquilo que já não somos: “do mundo os donos”. 

 





LIVRO 7 [Manoel Serrão]






No início dos anos 80 até meado dos anos 90 existia no entremeio das Avenidas Conde Boa Vista e Suassuna, do lado de cá do Beco da Fome, precisamente na Rua 7 de Setembro, logo ali bem no centro do Recife uma apinhada de cultura, artistas, intelectuais, simpatizantes, estudantes, de passagens anônimos, de encontros e desencontros com infinitas variações, lá estava a referência literária do mundo, uma livraria chamada - Livro 7.

De mudança para o Recife fui tomado por uma doce obsessão, conquistar uma vaga para o universo acadêmico. Fui exitoso. Celebrei! 

Pouco tempo após, então já estudante e acadêmico de direito recém aprovado no concurso do vestibular do ano de 1989, após ter cursado os dois primeiros períodos no Campus da Universidade Federal de Pernambuco, passei ao deleite de respirar toda aquela atmosfera histórica que impregnava o ar, as paredes, a beleza arquitetônica impar do prédio da Faculdade de Direito do Recife, os colegas discentes, o corpo de servidores, os docentes, enfim, as vezes tendo uma leve impressão de sentir a presença dos grandes vultos do passado em cada nicho e pequeno detalhe da Faculdade de Direito do Recife, fazendo-me transbordar de regozijo e orgulho. Afinal de contas estava eu sim de fato a cursar as Ciências Jurídicas no mais importante e tradicional Curso Jurídico do Brasil, a Faculdade de Direito do Recife [PE]. 

Ocorre que, conquanto, não bastasse tão nobilíssima conquista e o rio da vida transcorresse em serenada ordem, eis que no meio do caminho havia uma prenda enamorando-me, a mais sábia das divas Afrodite que pudesse um homem amar o conhecimento, uma livraria chamada Livro 7, a musa que desde então passara a concorrer com as aulas da Cadeira de Introdução ao Estudo do Direito I e II, ambas ministrada brilhantemente no primeiro horário pelo excelentíssimo Sr. Doutor Professor Heraldo Almeida que do alto do seu tablado e da sua, digamos assim, insolência, em hipótese alguma arredava da prerrogativa ao encerrar a aula de efetuar em ato contínuo no rol listado da caderneta dos acadêmicos que mantinha sobre a bancada como forma de manter-nos atentos ao mister, demandava ipsis litteris a chamada dos discentes ali presentes, assinalando os faltosos sob pena de terem em seus registros acadêmicos as anotações de ausência, e decerto após atingir-se determinado número de faltas, a reprovação na certa.

Presa fácil, agora  a fantasia se embaralha a realidade, e como refém à míngua movido por um sentimento inexplicável passei a viver dilemas a fio tendo muitas vezes que optar dia após dia entre a Livro 7 e as aulas do brilhante professor Heraldo, pois, ora pois, pois fascinado pela expressão da palavra, pela escrita, pelo saber e pela imensidão daquele vasto mundo de livros, tomos, volumes, edições, códices, enciclopédias, etc. que se despejava desafiadoramente d'ante os meus olhos em "desdenhoso silêncio" a dizer-me em murmúrios aos ouvidos convites e confissões "indecentes" e irresistíveis tipo: "pegue-me... compre-me... leve-me para casa...  leia-me, etc.", mormente, seduzido e sob efeito de uma magia prazerosa percorria com ar sonhador a calçada da Livro 7, com mão de ferro a segurar a ansiedade para não despertar olhares curiosos, sem pressa.  Há anos desde que a Livro 7 se estabelecera, quase todos os dias eram dias de visita obrigatória, algo assim como um vício, uma obsessão exagerada, uma liturgia, um enamoro, um amor de paixão desmesurada já que não conseguia por horas a fio romper aquele quebranto que me impusera a Livro 7.     Às vezes envergonhado, fingia comprar algo de literatura, é claro? Até que de vez enquanto arriscava mesmo sabendo que aquele dinheiro far-me-ia falta logo mais na frente, pois estudante com dinheiro curto tinha que fazer sacrifício ou ter que optar entre o lê e o comer, ou seja, entre alimentar o espírito, a alma e a sapiência ou matar a fome do corpo. Evidente que entre um e o outro, o do saciar a sede e a fome do organismo biológico, é verdade que sempre optava pela segunda, porém, fazendo-me de mercador escolhia um bom autor, um assunto do meu interesse ou algum em voga e mandava brasa. Aquele mundão de livros, era mesmo a minha paixão! 

Lê, lê muito até não poder falar de amor. Lê até o tempo disponível esgotar-se e as obrigações do curso através do professor na lembrança mandar uma intimação, um aviso de que já era horário do início da primeira aula do dia, justamente a do professor Heraldo Almeida.

Saudosas e felizes recordações de um tempo romantizado, cheio de ideais libertários, de literatura, contestações, reivindicações e bons propósitos.

O personagem é histórico. Por onde será que anda o Tarcísio? Em que plagas o Tarcísio que tanto ajudou, fomentou a grande maioria dos grupos que manipulavam a cultura existente, não importando se era do teatro, da música, da dança, do cinema, enfim, até no nosso intitulado de ANARCU - ANIMAÇÃO ARTÍSTICA CULTURAL que por pouco tempo se manteve no ar, mais que marcou pela ousadia de arregimentar muitos artistas para o mister, entre tantos como: Ericsson Luna; Helena de Tróia; Titio Lívio; Geraldo Maia; Marco Polo, Ricardo Palmeira,    Valmar, Gil, Danilo, Rubem Valença, Geraldo Silva, Manoel Serrão, Roberto "Cachaça", etc..

Agora que estamos na era virtual-cyber-digital, será que ainda existirá uma livraria do porte e tamanho da Livro 7 considerada na época como a maior do Brasil? Evidente que quando me reporto ao tamanho não é só a dimensão material, porém à nobre grandeza dos objetivos e meios para o quais todos nós sem exceção lançamos mão como instrumento para atingir-se os fins propositados. A sapiência.

Saudades! Tarcísio, por onde andares e em que plagas estiveres, eu, este humilde poeta, a cultura, os artistas de forma em geral, os escritores, poetas, e simpatizantes da inteligência por excelência da literatura te somos mui grato. 
 

NEURA TRIBAL [Manoel Serrão]







Essa neura tribal do ser-afeito-mais-que-perfeito
pela perfeição? 

Ainda, vai nos levar a um bom lugar: a sã consciência da imperfeição.
É que seres perfeitos mais-que-enfermos pela perfeição?
Não atingem metas, senão: a-pós-unção!

EXTRATO DE TOMATE [Manoel Serrão]


Convenhamos a felicidade não se acha embalada num invólucro hermeticamente fechado, não vem enlatada feito extrato de tomate ou azeitona, tampouco empacotada feito café a vácuo.

Com a felicidade não se contrata, não se avença e tampouco se adquire como um produto de consumo ou um bem durável que se compra e paga em qualquer loja ou supermercado.

É pura perda de tempo passar pela vida e não vive-la só porque entendemos que o melhor caminho é correr atrás da felicidade como se corre atrás d'um emprego qualquer ou atrás de uma bola quando se joga uma partida de futebol. Burrice? Não! É estupidez mesmo! Ledo engano é quem pensa de tal forma já que muito melhor do que alcançarmos a felicidade é viver! Viver muito e intensamente todos os dias que nos permite Deus. Para tua felicidade, a felicidade manda um recado, manda te dizer, que: É bem melhor viver a tentativa de consegui-la alcançá-la, do que propriamente alcançá-la de fato. Perde a graça!

Na vida o grande barato e contentamento de se viver prazerosamente com um sorriso aberto, repousa muito mais na grande viagem do caminhar em sua direção afim de alcançá-la, do que chegar ao destino do seu alcance.

Estados de felicidade são tão fugazes, frívolos e efêmeros quanto o vento zéfiro que passa e nos beija suavemente o rosto. Portanto, aquela felicidade que buscamos por alcance, quando achamos que conseguiremos alcançá-la, esta pode não ser mais aquela felicidade que imaginávamos nos fazer tão felizes como ideal de vida desejado no passado recente. Isto, porque o meu e o teu desejo, os nossos desejos de felicidade desejada decerto em outro momento da vida já não são os mesmos dantes, isto é, por que desejos voam, passam e vão para um outro front bem distante daquilo que pensávamos existir no hoje, e assim, já não mais comportam na vida que explode apressadamente. Tudo muda. O mundo muda. Os desejos mudam. Eu mudo. Tu muda. Nós mudamos. E tudo continuará mudando. Olha que a fila anda!! Luiz Vaz de Camões expressa de forma precisa e clara o mudar acima sob comento ao professar que: "Mudam-se os tempo, mudam-se as vontades, muda-se o ser, muda-se a confiança; Do mal ficam as mágoas na lembrança, e do bem, se algum houve, as saudades". Não te deste conta?  Contudo, mesmo cônscio das ânsias e desejos de outrora que não nos servem mais no agora, ainda, assim, segue-se cometendo o mesmo erro de elementar recorrência. Segue-se adiando o viver a vida só para alcançá-la como se conquista uma vitória tal qual numa maratona decisiva, para então, assim, erguê-la como um troféu no ponto mais alto do pódio, enfim, como um símbolo e prova da conquistada, da façanha. E eis que surge um Ser feliz para sempre. Será!!!!

E ponto finale!  

O melhor é ser feliz!

O MUNDO OLHAR (MANOEL SERRÃO)



Destra contra boca que fala ao mundo olhando; sestra contra a fala que fala ao mundo sem o imundo olhar!
Oh! Olhai-o! Que mais quereis vós no mundo por deixar de olhar? Que mais quereis vós por olhar e não ver,
se lhe faz preciso do Todo o Mundo olhar?
Ó encontre os olhos, abra os olhos para vê?... É perceber o Mundo sem o imundo entrar!

COMMODITIES [Manoel Serrão]


 







Pelo riso do circo.

Pelo pão do ofício.
Pela dor do aflito.
Ganha voz o grito!

DESEJO OCEÂNICO [Manoel Serrão]






Ação incontida pulsão.
Afirmação sem O não pela res furtiva omissão!
Desejo além, desejo aquém.
Sim! Desejo, e por que Não?
Mas Desejo, preferiria, Não! 
Ó saibeis: desejo que Não se cura, tem mais-valia que a Vida no chão!


 
 

U'A MÃO [Manoel Serrão]





U’a mão estendida, s
e for franca: faz-nos forte e são.
Mas si se nos prende o braço e a mão, em vão? Condenados são à solidão!

A-VA-LI-A [Manoel Serrão]





Quanto
Mais-Valia?
Mais  Val-lia!

Ödipuskomplex [Manoel Serrão]










No caráter, fora Hamlet.
No destino, fora Édipo.
Mas no elo do trágico?
Ó fora Freud!!!!

 

VA-I-DADE [Manoel Serrão]






              VAIDADE.
     VAI
 ESVAI... 
     VAI-IDADE.

 

             



 

BODAS [Manoel Serrão]





Nunca pensara em ti como esposa.

Mas quando pensei? Fora bodas de Caná.

EXCERTOS [Manoel Serrão]






 
Exceto os excessos,
Acredito no Sim,
E confio no Não. 
A não ser.... Quê!...

PREDESTINO [Manoel Serrão]






Sem a urgência passageira:

A poesia chega sempre ao seu destino.

BASTILHA [Manoel Serrão]






Às armas, sonhos, as armas!

Mas é uma revolta? 
Não, majestade, é o amor em revolução!

POÉTICO [MANOEL SERRÃO]





A destra ou a sestra que alinhava Homero e Safo, Nauro, Gullar e Lago,
é a mesma que rebusca a palavra escrita: o verbo – o verso - o poema - que transcende o inefável poético.


É a mesma que contra a luz que se apaga escreve e reescreve; significa e reesignifica  o tempo, o espaço, a vida e a morte.
É a mesma que  faz medrar do mudo silêncio a poesia endereçada que transforma o mundo que não quer calar.

A sestra ou a destra que alinhava Homero e Safo, Nauro, Gullar e Lago, 
é a mesma que escrevinha paisagens  sem destino derradeiro.

É a mesma que faz crer-e-imaginar todo homem sonhar,
Que a vida revelada pelo poder da criação: Sempre vale a pena!



ADÔNIS [Manoel Serrão]





 
Queriam-me Adônis?
Ó eu me crio
E me recrio no mundo
Que-me-queria[m] o antônimo.

ORDEM DE SER-VIÇO [Manoel Serrão]






ORDEM DE SERVIÇO
ORDEM DE SER
        E    DE SER
O                  SER-VIÇO

 

 

ADVERTÊNCIAS [Manoel Serrão]





O MINISTÉRIO DA SAÚDE ADVERTE:

Amar pode causar dores no coração
E um derrame de paixões.

AVANT-GARDE [Manoel Serrão]




Avant-garde poeta.
Mas deixa-nos no front
O poema como um Deus eterno. Criador...

COMUMENTE [Manoel Serrão]







ComuMente,

A mentira meteU a língua nos dentes.

GOSTO SE DISCUTE, SIM! [Manoel Serrão]


Ética, ou estética de refinada cultura.
Gosto se discute, sim!
Gosto próprio que sonega o gostar do outro? É mal gosto que não se apura, nem se depura: atrofia!...

 

 

 

 

ETHEIA (O REFÚGIO) [Manoel Serrão]




Abrigo para o corpo
Morada para o afeto.

Refúgio para a alma.

Remédio para dor.
Socorro para todos.
Casulo para o sonho.

“Salvo” do mundo?
Sem querer abusar:
Senti-me seguro!
Fiquei a vontade;
Ó lar doce lar?
A Etheia da vida é sua!


 

FUMO D'ROLO [MANOEL SERRÃO]







Passe o rolo.

Meu avô falou:
- corta, faca!
- bota, fogo!
- todo, fumo!
E tudo rodopiou!!!!
Ó vô quase o mundo acabou!


















Ao meu avô Hidalgo Martins da Silveira:  um verdadeiro amante do charuto de fumo de rolo, até que um dia ainda quando criança por achar aquele ritual de fabricação artesanal instigante, tivera  eu a infeliz ideia de recolher as sobras daquele fumo picado sobre a tábua e com uma seda após “fabricar” um daqueles preferidos do meu avô, bastou-me apenas uma única e desagradável experiência para nunca mais repeti-la na vida. Ó vô quase o mundo acabou!

SEM TIRTE NEM GUARTE [Manoel Serrão]







Nenhuma Arte à pArte,
É Arte flama que arde.
Nenhuma Arte é pArte,
Arte tirte nem guArte:
Arte se não compArte.


 

FOG GAMADO [Manoel Serrão]




ó Maga de Avalon.
Vim no fog gamado.
Tu és virose!!!!!

ESPALHAFATOS [Manoel Serrão]








E di-lo Eros!

Há cheiro de roquefort no ar! 
Ó e tá Ford por kA Vênus:.

LIVRE ARBÍTRIO [Manoel Serrão]





Quereriam.

Poderiam querer.
Mas o livre não quer.

O SAL D'ALMA [Manoel Serrão]












O amor é o sal d'alma que tempera a vida.

QUEBRA[R]-QUEIXOS [MANOEL SERRÃO]







Dou-lhe um.
Dou-lhe dois.
Dou-lhe três cinco "vezes" seis - trinta, novisfora três.
Regra de trinta vão três beijos de quebrar-queixos. 

ANJO DA GUARDA [Manoel Serrão]






Anjo que sinto, e não vejo.
Anjo eterno que me tem.
Anjo da Guarda, 
Anjo Querubim que me que [O] Bem!

AFRO PERFUME [Manoel Serrão]





AFRO PERFUME
ÁFRICA MÃE
CHEIRO DE CANA AO VENTO
E O SUOR
E O SANGUE
CORREM LENTOS
SOL A SOL
GOTA A GOTA
A COALHAR TORMENTOS

QUEM FALOU
QUE O CÉU É PERTO
O MAR RASO 
OUTRAS TERRAS
RESTOS DE ESPERAR

CORRE
VEM MÃE CATIRINA
SOLTA TUA MENINA
VAMOS VADIAR
QUE O TEMPO                         [REFRÃO]
NÃO ESPERA
A VIDA É UMA FERA
VIVE A DEVORAR.


LETRA E MÚSICA: MANOEL SERRÃO - RECIFE/PE - 25 DE AGOSTO DE 1985.

JÁ-CAMA [Manoel Serrão]



Jaca mole.
Jaca dura.
Mas come calada
Dama gamada?
Porque já cá...
Não está quem falou!!




 



 

ENGANO [MANOEL SERRÃO]





Engano meu.
Engano teu.
Tanto engano se deu?
Que desenganado o amor quase morreu!

LENÇOL & FRONHA [Manoel Serrão]





Insônia!
Lençol e
 fronha
engomada?

A paixão saltou
da cama arrumada!



 



 

EROS FLECHA [Manoel Serrão]





Lança a cúspide! "Cuspilha" curto o ego e a cútis com o curare da paixão. 
Quando o Eros crava a cútis? Encanta e “cega”! 
É contágio o amor! Não há "cura" para o coração. 

RIMAR NÃO É PRECISO [Manoel Serrão]





"Escrever é preciso, rimar não é preciso".

O PANAMÁ [Manoel Serrão]






À sombra das manhãs úmidas da América Central, te
ce a fibra da palmácea o artífice dando forma de copa e aba. 

O panamá premier do meu pai! Fora obra de arte!

TROIANA [Manoel Serrão]




Laçarei mil navios.
Lutarei mil batalhas.
Vencerei mil guerras.

Nem Gregos. 
Nem Troianos os roubará.
O nosso amor é de parar o trânsito. O resto é banho de bica!

FEMINISTAS [Manoel Serrão]



Para as feministas,
Todos os homens devem morrer:
Menos os poetas!





 

 

O FUZIL É F[L]ALL [Manoel Serrão]









Ar-15...
Bomba de efeito moral.

Ó bala [,] para que te quero?
O fuzil é f[l]all!

FOGO-DE-BENGALA [Manoel Serrão]




Ardem sem ruídos.
Luzes sempre vivas.
Multicolores rojões.
Ó suas "verdades" são como fogos-de-bengala,
Quando atingem o céu da Verdade se apagam.

EXÍLIICO (Manoel Serrão)





Se para Sartre,
O homem é toda angústia...
Eu exílico na Itaituba vazia?
Sou toda a angústia em meu endereço!


EXÍLIO [Manoel Serrão]






Se para Sartre
O homem é angústia.

Eu exílico na Itaituba vazia: 
Sou todo angústia em meu endereço.

SELFIE À VISTA [Manoel Serrão]







A[tire] a primeira selfie

Quem nunca fez uma,
Ou um selfie da selfie no espelho.
? Ó ególatras, narcisos, acham feio o que não é selfie?

Ego [Eu] + latria [adoração] = Adoração do próprio eu.

MENORIDADE (Manoel Serrão)






Abra a porta!
O nada importa, coisa muerta.
Encante-se, auto imposta menoridade!
Ilumine-se, sua incapaz...
Mas descarte o Kant, e o Descarte!

NEO-ALTRUÍSMO [Manoel Serrão]








Ó só quando vós fordes um ser-ai-humano?
Havereis vós de serdes-no-mundo humana.

TERCEIRA VIA [Manoel Serrão]


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A regra rege.
A lei obriga.
E o reggae embala a vida.

OSTENSÃO (MANOEL SERRÃO)



Não temo das igualhas assépticas dês-humana perfeição!
Não temo-os qu'eles meus sonhos não são;
Não temo-a qu'ela "inumana" malsina da minha imperfeição;
Não temo-o qu'ele malquis e ao mal prediz da minha insujeição;
Não temo-os qu'eu a sorte mereci do mundo eternecida gratidão; 
Não temo-os dos meus primitivos destruídos o mal "confesso" da solidão, 
Tampouco temo assaz meus males ocultos no porão.
Lá o tempo é noite e não há medo da escuridão. 
Ó não temo humanos.
Não temo-os qu'eles minha unção não são!!!




A VOZ DO POVO É A VOZ DE DEUS? [Manoel Serrão]







Bobagem essa ser a voz do povo a voz de Deus.

Oh! Deus não cometeria tamanha insanidade de outorgar ao povo da Terceira Dimensão poderes para em seu nome falar...
E sê-lo a voz! 

RECITAI-O [Manoel Serrão]









Se o silêncio

É o D’us da poesia, segui-o;
E se poema, recitai-o!

MONOATÔMICA [Manoel Serrão]






Poejo em ouro.
Pedra em alma.·.
Breu em luz.
Sais em vida.·.
Menos que humano, e mais que alquimista, o tempo corrente? 
Roubou-me os amigos!

RÉS FURTIVA [MANOEL SERRÃO]










Ó não fugis de vós assim:

Dá para viver sonhando!

PRENDA QUE BATE-BATE [Manoel Serrão]



Poesia que versa o vate.
Poemeto que asa bateu...
Se gostar do verbo Ter?
Paga prenda com o verbo Ser!

 

BOLERO DE RAVEL [Manoel Serrão]





Ó vibrai eterno o solo dos metais?
E viverei allegro sol-to o adágio.

REZA O CREDO [Manoel Serrão]





Não me faz mira, ó Medusa ofídica.
Não me faz gira, ó Infausta sem crachá.
Até Zaratustra da minha vindicta morreu.

Vai! Arreda! Rezar o credo inveja.
Comigo ninguém pode!

EX-CALIBUR (Manoel Serrão)





Rei Arthur... Rei Arthur... 
Ó Rei Arthur, rogai por nós, pelo SUS, pelo blues. 
Ó rogai pelos pobres sem voz, pelos dias sem luz.
Rogai... Rogai...
Ó rogai Rei Arthur, e, em apelos, rogai pelos urubus!


D’OS O EMISSOR [Manoel Serrão]






Nem as diodos,

Nem alógenas,
Nem as dicroicas.
Para a vida iluminar?
Só D’os O emissor de luz!

O PODER DAS PALAVRAS [Manoel Serrão]




As palavras pedras atiradas, vestem
o   
  p

    e

      s

        o da língua, e não voltam vazias: então, boas palavras!

SÃ CONSCIÊNCIA [Manoel Serrão]


Todas as falas.
Todas as coisas.
Todas as paisagens.
Todos os amores.
Todos os Homens [criadores e criaturas] que habiente, quão dentre vós! Ó credes: são deuses e menestréis.
Sim! Tudo no Mundo e toda existência sobre a Terra: é Vida. 

Ó escutais a queixa silenciosa da Mãe! Ides deixá-la partir? É vossa! Festejais à dávida do vosso inefável Reino? Então despertais o Deus inativo que existe em vós!
Despertais em vós a sã consciência de que a Nova Ordem Social é a Velha Ordem Social.
Diga, não! Não! E não! Somos culpa nossa! Ó irdes vós, unidos, seremos fortes todos nós!
E a Terra com a palavra: Ó onde habitais não deixeis a Guerra tirar a Voz da Paz!

 

CINÉMATOGRAPHIE [Manoel Serrão]









No escurinho d[O] ciúme mata!

SANGRIA CARNALE [Manoel Serrão]








Sangria carnale!
Abobrinhas de rima fácil?
Tim! Tim!
A poesia "odeia" alface.


 

Imagem: gravura, Oswaldo Goeldi.

 
 

CAMEL [Manoel Serrão]





Mioma pra biópsia.
Veneno de alcatrão com monóxido.
Genuine? Irrita, arde e coça.
O Camel é bosta tóxica que só Hugo gosta.

*CONSPIRAÇÃO* [Manoel Serrão].






Dia desses lá para as bandas d'além-mar, a carrego-te!

Vai apraza-te! Há Luanda hei de levá-la!
Comei ananás! Comei...
N’Angola mais bela do que pretende ser apenas paz,
Ansiosa espera-nos: lá “conspiraremos” o Amor.

CUTELLU [Manoel Serrão]








A Arte sem ferro
Vence da Vida
A Ira e a Morte!

 
 

ONDE DEUS HABITA [Manoel Serrão]









Ó quando sou o que desejo ser?
Sou o ser onde Deus habita.

POLÍCRATES, O SABOTADOR DO PRÓPRIO SUCESSO [MANOEL SERRÃO]




Em uma sociedade cada vez mais pluralizada como a nossa, sobretudo, customizada, baseada no consumo descartável, sitiada pelo marketing e pela estratégica midiática, completamente fútil, liquidificada, cativa do lixo cultural e do efêmero, que nos passa a falsa ideia de vivermos num mundo capitalista globalizado de infinita abundância e fartura, em que proclama pelo direito à felicidade através da mais plena satisfação que alimenta a um só tempo todos os desejos, sobretudo, o desejo de aquisição material, à evidência de que outra forma não se pode pensar. Que cruel subversão impôs a sociedade industrial e no presente agora arrematado pela cyber-thecno-digital aos mais obscuros interesses  conspiratórios (por eemplo: a Elite das Sombras) para  a escravidão humana, já que a tecnologia não tem alma nem sentimento, e dessa maneira sendo o único mecanismo capaz de perpetuar a submissão do homem pelo poder do próprio homem. 

Às vezes ambígua a ideia da felicidade incorpora a de culpabilidade, tão bem representado pelo mito do anel de Polícrates, senão vejamos: “O rei Polícrates era feliz. Tão feliz que não havia nada que pudesse desejar. Pensou, então, que seu destino era bom demais para estar conforme com a lei do mundo; sua felicidade só poderia ser destruída se não conjurasse o destino infligindo a si próprio um sofrimento. Entre suas riquezas havia um belo anel, que ele amava sobre todas as coisas. Decidiu sacrificá-lo ao mar. Mas os Deuses recusaram a oferenda: um peixe engoliu o anel que, ao ser encontrado por um pescador, foi reconhecido e restituído ao rei. Polícrates, vendo nessa inconveniente restituição um sinal dos deuses, tentou, em vão, desembaraçar-se do fetiche, mas, sem jamais consegui-lo, perdeu nesse desesperado esforço, um a um, seus bens e sua tranquilidade”.

Que temeroso destino teve o rei Polícrates diante da plena satisfação material, e assim, porque não “espiritual” de todos os seus desejos. Sem dúvida, um desafio para o mundo contemporâneo, e para todos nós humanos, Polícrates, O SABOTADOR DO PRÓPRIO SUCESSO, ou não!

SIBÉRIA [MANOEL SERRÃO]



Numa’ hora, a recidiva vazia, a senectude em úmbrias varridas. 
O deveio grunhido – o gorjeio cavo - o gemido balido.
Noutrora, o Avata engessado – o rato enriado -  o pio na apostasia.
A esquarteja descarne, a carniça pelos urubus devorado.

Numa’ hora, o antípoda -  os "pés opostos" –, o Tzara do passado.
O idolatra – o ego-rex -  o vil gregário dominado.
Noutrora, o parasitário – o cão raivoso – a fúria do verbo cavo.
O esmalte raso – o tapete sujo - a lama das patas.

Ó por vós, alimpai-vos, pois, do ranço fétido dos teus infernos. 
Ó por vós, alimpai-vos, pois, dos suicídios salvos dos teus ordálios.
Acaso, ousas tu aos “Bons” quão aos “Maus” lhes dás a vida pela morte?
Havereis vós em vão incréu no Bem quando no Mau credes sê-lo o Bem, nunca o teu Mau tão eterno? 

És tu pois? És tu, arrosto, vós que grassa do bom senso e do uso adequado da razão? 
Ó trazeis, pois, aqui –, o bom senso e o uso adequado da razão? 
Ó trazeis, pois, aqui -, o sã do divã que ao insano com abafos sonegaras. 
Ó trazeis, pois, aqui, ó efebo, o vosso berro conforme o próprio?

Bem, o sabes, um mal em si cabe, o mau inato às vós entre apelos e vai os quão univitelinos se assemelham!
Havereis vós de entreterdes com o argênteo sob as cumeeiras do divino tornando-se invisível.

Bem, o sabes, ó vândalo das janelas quebradas; flagelo emaranhado de arquétipos eternos; resina de fino jaez: as outras invejas rir-se-iam de vós que amou por ofício.
Ó vais entre vaios, como cálice de penitência que tu'alma leva à boca, não lembrais mais? 
Inda couraça armadura inata que te legaram, sem glória, e fé, ó homúnculo, que o infausto te seja leve. 
Unge-te ungido de sândalo, ave "emplumada" sem cor, asa viajora partida pelas bocas mais pobres do destino, transida de frio, arrebatada, serás vós pelo suão.
Ó não vais? Se não vais? Vão-se as neves, e a sorte está lançada! Envia-te às plagas mais inóspitas da tua Sibéria.

 

 

 

 

 
































PHILOS & SOPHIA [Manoel Serrão]




Sábio fora Philos que por amar Sophia,
Des-sacralizou do todo o explicado,
E dos olhos desvelou o véu do olhar. 

Sábio fora Sofós que por amar o saber, não sabendo nada,
desejou saber, e do saber sem lugar soubera a Sophia amar.

Sábios foram Philos e Sophia:

Que por amarem  os diferentes entre os iguais?
O Amor fraterno ao Homem revelou.


 

POÉSIS [Manoel Serrão]




Toys
Super toys.
Cyborgs. Robóticos [in] falíveis?

Mas a poesia é QI-id-AI...
Alma sem limite!..
 


 

VERBO CONJUGADO [Manoel Serrão]




Dito, mal dito: - “Cal’-te"! Ó verbo ser que descarna.  
Soletrais! Soletrais vós os soletrados em nós!

Dito, bem dito: - “Fala-te"! Ó verbo ser que incarna. 
Cantais! Cantais vós os embolados em nós!

Dito, mal dito! Ó verbo, dito, bem dito? 
Conjugado errado ou perdido. 
Flexionado em  voz; pessoa;
numero; modo e num tempo qualquer esquesito.

Ó só não lhes evite do Ser o Verbo!

(DE) VORAGEM (Manoel Serrão)


Hoje ao drapejar o olhar?
Vi-me perdido ao luar.
Vi-me o quase nada esquecido a soluçar.
Ó vi-me um ente desaparecido quase invisível na (de)voragem da vida!

CORDA MESTRA [Manoel Serrão]









Cava após cava,

Pé ante pé após perna.
Pedra dura ou pedra lisa: a rocha ensina!
Assim, escalo a vida sem a mestra!

FÉ: O REMÉDIO [Manoel Serrão].





Quando me perguntam qual é a minha religião, onde fica o endereço da "minha" igreja, do "meu" templo, do "meu" terreiro ou da "minha" catedral, etc. Quando me indagam se freqüento, freqüentei ou com que freqüência participa das cerimônias religiosas, digo-vo-los: a nenhum e a nenhuma delas participo se for apenas para dar satisfação a alguém ou a quem quer que seja. Não freqüento por mera obrigação ou curiosidade daqueles que carregam nas mãos a bíblia sagrada, e nunca, jamais por conta daqueles que abrem e finge-a lê-la. Porque lê não é o lê que se passa a vista balbuciando palavras e dizendo-as aos outros ["pregando"] sem que as tenha passado primeiro pela alma, pelo espírito e verdadeiramente pelo coração cristão. A estes os chamo de hipócritas.

Afirmo-lhes com plena convicção que o meu louvor ao Deus Pai é diário. Ao Deus cristão Pai onipotente, onipresente e onisciente. Ao Nosso Senhor Jesus Cristo, ao Espírito Santo, enfim, a Santíssima Trindade em comunhão permanente para com Ele. É de adoração e louvor; é de prece e oração. É de renovação e fortalecimento, de respeito e silêncio que alimento a minha fé e a minha religiosidade, enfim, é de gratidão e obediência que me entrego à Soberana Vontade. 
Não se trata de idiossincrasias. Não! O meu amor e respeito a Deus é veiculado de forma objetiva e simples. É comunicação que faço por linha direta via satélite, seja por em canal aberto, fechado, TV a cabo. Seja por link, banda larga ou cauda longa, não importa, o que deveras importa é que não tenho hora nem audiência designada, nem agenda mento, etc., para com ele falar e trocar figurinhas em tempo real durante as 24 horas do dia. Porque é plenamente possível se ter religiosidade sem que haja a necessidade de adotar-se uma religião customizada A, B, C e D em que se paga para ter, e se paga caro.

Mentem e cometem pecado o homem que caminha sobre a face da terra e que afirma ter se tornado um ser melhor ou pior por conta da sua religião. Religiosidade com fé. Religiosidade aplicada na prática sem discurso religioso, porém, sublimada, levando-a ao próximo a palavra de Deus como dever nosso de cada dia.

Não se trata daquele discurso pasteurizado, insipiente e piegas que mais parece uma lavagem cerebral [e o é de verdade] como ato preparatório para o confisco e a posse do dízimo.

Portando, anotem o endereço da "minha" igreja, do "meu" templo e do "meu" terreiro: “Sou da igreja e da catedral sem nome e sem endereço situado em lugar incerto e não sabido”. Sou da igreja, do templo e da catedral que mais agradece do que invoca e pede Deus. Sou da igreja em que a palavra do Pai quando pregada eleva e engrandece cada vez mais o espírito fraternal, o altruísmo, e que desperta o verdadeiro significado do termo generosidade e amor ao próximo. Aquela que alimenta o bem-querer, o amor divino e ao ente querido tal como sustenta a auto-estima e não sopesa sobre os ombros como um sentimento de domínio e perda pela culpa, pela censura, pela proibição, pelo falso moralismo e pudor, mormente, pelas regras descabidas de conduta.

Não sou daquela igreja que prega a palavra de Deus para que fique temeroso, triste, pesaroso, desolado e deprimido com aquela sensação de culpa ou de que fizemos alguma coisa errada. Não, Deus não quer esse tipo de subserviência, submissão, culpabilidade, etc., Deus te quer um ser de luz feliz e próspero em altíssima superioridade espiritual e sintonia, amando e compartilhando com o próximo a boa aventurança.

Sim, sou da igreja e das catedrais sem dogmas. Sim, sou do templo sem fronteiras, sem doutrinas esdrúxulas imposta por repetição a qualquer preço e a qualquer custo a fim de limitar propositadamente a alma humana, o rebanho, pois em nada engrandece o homem em sua anima.

Sou de todos os cultos, não importa se passo pelo  reverente temor de Calvino perante a Soberana Vontade ou pelo arrependimento e adoração de Lutero. A mim não importa se a diferença entre um e outro é o do cosmo visão. Se Lutero é gratidão. Se Calvino é obediência.

“Por fim, afirmo com a mais plena convicção que sou da CATEDRAL onde COMUNGAM todas as VERDADES DE DEUS”.

Fica com Ele irmão. E cuida muito bem da tua religiosidade. Ela é tua e do melhor alimento espiritual ela merece receber, o Deus Cristão!

Amém. Deus seja louvado.

Q.I SEM LIMITE [Manoel Serrão]








Baby Toy! 

Super Toy. 
Cybers infensos.
Robóticos [in] falíveis?
Mas a Poesia É QI sem limite! 

TRANSGÊNICAS [Manoel Serrão]






Geneticamente modificadas, dizem que 
as transgênicas são mais "produtivas", “imprevisíveis” e "resistentes" à verdade.
É crível como se produzem mentiras de efeitos inesperadas.

AGRIPA [Manoel Serrão]




Ora o Ogro do gene, cio, parto d’agripa.
Ora o feal Petiz, xiita, salvo d’ordálio.

Ora o Mancebo assaz, xita de vão reparo.

Ora o Turista atipa dorido c’os vaios.

Mas no cabente? 

O Gajo, só à fórceps nascor, ó raios!

 

GUMMA SPONTE SUA! [Manoel Serrão]



Para a paz, o foco.  
Para ócio, o obus.  
Para o Papa, o opus.  
Para o rito, o ópio.  

Para a lama, a lama.  
Para o vate, a prosa.  
Para a lama, o Lama.  
Parla o mote, a glosa.

Para a mídia, o Fato.  
Para a Mad, a Vogue.  
Para a ibest, a Forbes.  
Para a Veja, a Focus.  

Para o pária, o passo.  
Para o laço, o Pégaso.  
Para o páreo, o derby.  
Para Aquiles, o Paris.

Para o Bob, o reggae.
Para o Tom, a Bossa.
Para o King, o Blues.
Para o Dylan, o rock. 


Para o caos, a Geia.   
Para o mito, a Hari.  
Para o Vate, a rima.  
Para o Livre, a lira.

Ó para o livre Arbítrio? 
Sponte! Sponte! Sponte a Arte! 
Vida viva, por vontade própria!   

@ Sponte sua = significa “por vontade própria” 
sponte sua (locução latina que significa "de sua livre vontade"). 
Locução. Espontaneamente (ex.: tomar uma decisão sponte sua)

 

PILECS & DEPRIVAS [Manoel Serrão]





Sem querer-me abraçar,

Me chamou para beijar!
Agora, ansiosa e dê priva?
Irrefreável pulsão, a paixão desatou a engordar!






 

FECHO ECLER [MANOEL SERRÃO]





A verdade que há entre
O " Ad hOminem
E O Argumentum ad hOminem":
É a falácia dO
                          fechO
                                     ecler!

LÍNGUA DE TRAPO [Manoel Serrão]




Mais do que tem o silêncio pr’a falar.
Ninguém à cala por calar,
Nem cala boca ao poeta dá:
A poesia fala!

BEIJO SEM PREGUIÇA [Manoel Serrão]




A juventude do amor ficou explícita no beijo sem preguiça.

SINE VENTAE [MANOEL SERRÃO]









Nunca serei hóstias em bocas católicas,
Nem "os solas" de Lutero em catedrais góticas.  
Ó Deos glória!

ANDALUZ [Manoel Serrão]




Luz toda nua na poça da chuva,
Caiu do céu a lua no meio da rua!
Ó e deu-se à Luz,
E o desejo do Amor em nós! 

CRIATURA [Manoel Serrão]






Vida que te habita vida que te anuncia.

Vida que te cria vida que te queria.
Vida que te seria vida que te desabrocharia

Vida que te amou vida que te abraçou.
Vida que te beijou vida que te sonhou.
Vida que te arde sem a Arte morte que te atura criatura.

FRUTA-PÃO [Manoel Serrão]





Ó filhos da fome!
Ó divino pão do céu...
Para o ateu: a oração.

Para o pio: a unção.  

POR UM “PREÇO MÓDICO” [Manoel Serrão]








Caquética, cega doente por dente moendo osso, indolente? 
Assim no money by money transita a coisa julgada.
Absolvem ou condenam-te por um “preço módico”
De fazer Hammurabi olho por olho estremecer no sarcófago.

IMORTAIS [Manoel Serrão]




De longe todos os poetas são iguais.
De perto são uni[CO]versos imortais!

CÍNICO [Manoel Serrão]












Ó saia da frente do meu sol. 

A poesia quer ser feliz!
Não vês, Camões, quer ser Poeta.

DOMINUS (MANOEL SERRÃO)





Eia, os de tantas fortunas e abundantes distrações, acabaram-se! Ó vês! Traze-os de volta Dominus! Traze-os com as manhãs de luz e paz;
Traze-os com as tardes de sol e poesia.
Ó acabaram-se! Acabaram-se!
Eia, dominus, domingos de esperanças nunca mais brindarão...
Ó não vês, Dominus! O tempo levou-os e com ele nossos sonhos, deixando-nos, apenas os dias (de "branco") da semana  - apenas os dias escravos da semana  -  dias infectos de lucidez e antônimos. 
Ó vou dormir, Dominus! Desperte-me para o Julgo Final! Que domingos imaginários não voltarão!

IN ALBIS [Manoel Serrão]






As vezes pio e “Santos”.

Outras caolhos
e mancos.
Assim pululam tantos: 
meus versos blancos.



 

PRESSUPOSIÇÃO [MANOEL SERRÃO]





Deus existe ou Deus provavelmente existe.

Deus não existe ou Deus provavelmente não existe.
Mas não estou certo disso, se Deus existe, ou não? 
Provavelmente Deus crê nisso! Mas que Deus existe... Deus existe!

FORMIGA [Manoel Serrão]





Quando havia briga no teu armário:

Fui (a) formiga na tua vida.
Quando não havia saída no teu abrigo:
Fui (a) porta do teu armário.
Agora, que não sou formiga na tua vida;
Nem a porta do teu armário?
Vou ser poesia avoante na vida!

 

Prophýlaxis [Manoel Serrão]



 
Matérias segregadas pelas criptas mucosas das minhas cavas respiratórias.
E que pelos esforços de expectora, são-me expelidas pela boca salivosa;
Assim, esputo, catarro, em cusparada, cuspo, e escarro dos meus Eu’s
Todas as almas penosas que me são ostes, desprezíveis e invejosas.


E o peito aliviado contágio, arfa-me, sem ofega, leve e compassado...


 

[IN]DEPENDÊNCIA OU MORTE [Manoel Serrão]





A poesia é a vida em flor ofertada a todo o ser vivente.
Mas a inacção do verbo ser, mata muita (a) gente!

 

 

GESTO FRATERNO (MANOEL SERRÃO)






Às vezes basta um
Gesto fraterno pro
Mundo ficar em paz

ERRATA PARA RIMBAUD [Manoel Serrão]









A mão que escreve corre sempre o destino do poema.

UNIVITELINOS [Manoel Serrão]







Unidos pela fome, e pelo sonho...

Ele é discreto.
Ela, exibida.
Ó já não se faz Poesia como antigamente, ainda bem.

DIAS DE POESIA [Manoel Serrão]








Dia Sim, dia São.

Dias de poesia?
Eternos existirão.


ANTROPOCENO [PONTO DE MUTAÇÃO] [MANOEL SERRÃO]




Ó tu que dizimas em torturas a Terra que se consome.
Que subtrai das piracemas a vida contra a corrente.
Que poluís rios, veios d’águas, bicas, oceanos e mares.
Que atiras à rés floresta, matas ciliares e árvores.
Que ceifas aves, insectos e todos os seres criados.

Ó tu que dizimas em torturas a Terra que se consome.
Que baforas dos canos monóxido de carbono.
Que sufoca de fumaça tóxica e metano o Ox dos ares.
Que lanças ao colo Mater: o lixo do luxo do vosso conforto.
Que selas de betume o barro e asfalto a verdejante relva.

Ó tu que dizimas em torturas a Terra que se consome.
Que arranha-céus de concreto e aço enfeando o espaço.
Que alteras os célsius e roazes geleiras avultando os mares.
Que degradas a bioface e a Geo matéria física da Terra.
Que condenas o futuro da era natural gravada na pedra!

Ó tu que dizimas em torturas a Terra que se consome.
Não vês qu'tua sorte contra o tempo e a morte, será apenas lembrança tatuada na pedra lascada?
Ó Ser contra o Sol que se apaga, haverá de vir outro sol se acender?
Ó Ser contra a Lua de Jorge, haverá de vir outra lua por sorte?
Ó Ser contra as forças do Universo, tornarás mutáveis o que são imutáveis?

Ó não vês? Estúpida humana que hecatombes e reboados trovões estão por chegar?
Ó não vês? Estúpida humana, que almas pias serão escravas d'um sistema que se anuncia?
Ó não vês? Estúpida humana, que deveis do mundo cuidar, evoluir e transformar.
A dimensão coletiva do sujeito?

Sabeis! Se dela não vos tendes piedade, dela não tereis no destino, à vossa piedade no futuro!
Há um formigueiro de bocas com Oito bilhões de outros, enramando-se sobre a Terra coberta de pedra!
Sabeis! Se não sabeis! Sabeis que a vossa eternidade não irá de além da curva dos dias,
Como a soma da humanidade em partes sequer resultará num só homem [inteiro].

Ó cioso [a] Deus [A] Universo que tudo sabe, ordena, prevê, defende e repara:
É da Gaia aos humanos o desejo que desses erros, os pudessem perdoar,
E os fizessem da culpa saber que estão perdoados por cuidar.

Ó eia o Xis da questão, onde habita o Ponto de Mutação!
O presente indigente mais que imperfeito está doente...
Ó Gau! E eles não sabem que jazem?

 

 

 

 

GENESIS (MANOEL SERRÃO)





Como aquele que É, 
não sabendo ser o todo que não É!
Sei existir ser o desejo criador, onde Deus, todo ser habita,  poeta, É! 

MUNDO COM NÃO [MANOEL SERRÃO]



Aqui acorda em paz o meu amor por ti. Agora estou aqui, no Mundo e não ouso dizer-te muito mais do que eu não sou e sei no Mundo. Do que eu sou e sei, não sei! Do que fiz, fi-lo por ti com todo o meu louvor. Fi-lo porque nada no Mundo é proibido, quando a lei maior do Mundo é o amor. Quando se significa a vida. Pois o sentido da vida vive na mente. O significado da vida é o que você faz, cria e ama.

Erijo-me, então, com os meus sonhos, sonhando “anjo” acordado, para um mundo dual albergado de sinônimos e antônimos. Proíbo-me de Ter e ponho-me a par de Ser e se crer no que não vê e É. O Mundo irreal onde o não acontecido se nega acontecer! O Mundo que se põe no ser individualista, hedonista e consumista, Não! Sendo só isso o que seus olhos veem? Mundo, mundo da ordem do visível ou invisível. Mundo, mundo diversos e universos multiuniversos diferentes entre os olhos e o olhar para o mundo de plena fruição, ora vibrante, ora mundo efêmero da vaidade entre o orgulho e a ostentação, Não!
Um Mundo com Não e em Parte Alguma! Mas aqui acorda em paz o meu amor por ti.

ALMAS AFINS (Manoel Serrão)





Encontrar-nos-emos!

Quando nos encontrarmos? 
É Tu me beijando e Eu te abraçando.
E ei-nos almas afins,
No tempo reencontrado!


O IMPONDERÁVEL [MANOEL SERRÃO]




Eu o homem. 
Eu o homem Zeus.
Eu o homem malcriado no mundo bem-criado que me criei.
Criei-me Mal, e cri-me Bem; Criei-me Bem; e Cri-me Mal.
Cri-me certo; cri-me errado; cri-me bem, mas mal-educado.
Eu, somente, eu quem pode perdoar-me no homem que sou e me criei.
Ó logo Eu! Eu o que poderia ser Eu aos olhos de Deus? Sendo o homem? Nada, adeus!

Mas se Deus, descendo à Terra, não me vê no homem; Deus me olha e vê;
Mas se Deus, descendo à Terra, não me escuta no homem; Deus me ouve e escuta;
Mas se Deus, descendo à Terra, não me quer no homem; Deus me ama e me quer crer homem!
Vês este “vazio” sobre nossas cabeças? É Deus!

Se Deus existe, o homem nada é, ainda que seja Santo.
Então, que valha a pena ser o Deus Universo, e o Homem onde quer, ser Deus!

BACO & MORFEU [Manoel Serrão]




Como DEUSCOMO, Deus Morfeu.
Como Deus Baco bebeu tanto?
Como nos teus braços Deus Morfeu, dormiu Baco?

Como DEUSCOMO, como pode?
Como pode o Deus Baco andar de gatinho!
Cair Deus Morfeu no teu colo, roncar tão sonoro?

Como DEUSCOMO, Deus Baco, Deus Morfeu, como pode?
Como pode no plano terral beber-se tanto, ficar de fogo com cara de porre?

Ó ouvi-me, pois, ouvi-me bem!


Como Deus Baco, Deus Morfeu,
Como DEUSCOMO, como beber-se tanto assim!
Ó como se phode Deus ?

BELISCÃO [Manoel Serrão]







Jamais fui contaminado pelo vírus da indecisão.

Mas quando fui, nunca tive medo de um beliscão.

HOLOGRÁFICA [Manoel Serrão]






 
Ilusioramente “verdadeira”.   
Cópia fiel de si!
A realidade? É só uma ilusão passageira!

@RROBA CYBER [MANOEL SERRÃO]







Em nome do Hard,
Do Soft e do Bew.
Lá onde o Deus é cyber?
Ó Sic.! @rroba...
A indivisível "Santíssima Trindade" .



ANÁ-FORA NO MAR [Manoel Serrão]Á




Um navio...
         Dois navios...
                     Três navios...
                                 E nenhum mar de afogar Ana...
                                 Fora o osso da perna.

 
 

FÉ [MANOEL SERRÃO]






















Poeta
Sob a fé de José:
Verso a pé.

APRENDIZ [Manoel Serrão]





Pela pedra,
Topa-se o caminho...

SINESTESIA [Manoel Serrão]








Lembrai-vos, ó jovens das maçãs rosadas de hoje.

Mas lembrai-vos de vós mesmos ali anos adiante.
A vida para ser bela a poesia? Há de ser tocada radiante!

MODUS PONENS [Manoel Serrão]






Quando estiver sonhando, eu o encontrarei no silêncio da poesia.

Ó estou sonhando...
Então, o encontrarei no silêncio da poesia com o poeta sonhando!

ENFERRUJA [MANOEL SERRÃO]









Amor q
ue não se usa?
Enferruja!

C'EST UNE LETTRE [Manoel Serrão]



 
Para becos, os guetos.
Para bocas, os morros.
Para Prados, os ratos.

Para chatôs, os bêbados.
Para putas, os purgos.
Para cafetãs, os capus!

Para obuses, os medos.
Para fal’s, os "dedos".
Para “Ota’s”, os terços.

Para Ar-15’s, os pêsames.
Para praças, as Lidos.
Para lixos, os sextos.

Para faces, os choros.
Para corpos, os pesos.
Para "Gatos”, os esgotos.

Para bombas, os jarros.
Para mal traçadas, os  cacos..
Para almas caídas, os sonhos vencidos.

Para o Cristo, o Redentor?..
Para “pães de açúcares” que o cão amassou...
Para a Copacabana não acabar:
A roleta do mundo desse mal sem Amor! Ó sem Amor!

SOLETRADO (MANOEL SERRÃO)






Ora Ipod!
Ora Pepsi-Cola e vê TV.

Ora soletra pipoca, mas esquece o ABC.
Ó D'us, só não estuda porque lê!

CREPUSCULO DO HOMEM CÃO [Manoel Serrão]





Somos cães sem caça.
Vira-latas sem dono,
Cães no cio de vidas incertas.

Somos cães sem pelos.
Pet nus pulguentos aos apelos com o DNA no lixo!
Cães sujos “uivantes” para lua surda.

Somos cães sem patas.
Rabos sem o Y em seis milhões de anos.
Cães sem guias sem rumo e sem planos.

Somos cães sem cor e baba.
Ossos secos sem couro e faro.
Cães em marcha para o ocaso humano.

Somos cães sem raça.
Cães de sangue sem o nada em macha,
Rosnando mudo a cada surto de raiva.

Ó somos cães sem Y para o cromos Xis.
Somente cães em seis milhões de anos,
No que se basta? O Homem-cão acaba!

Ó adeus vira-latas!


CIRROSE POÉTICA [Manoel Serrão]












Nau no mar sem rotas.

Luau no bar sem rosas.
Ó nunca enjoei com a maresia da minha cirrose poética!

DIFERENTES IGUAIS [Manoel Serrão]






Igualmente desiguais,  uns pelos outros somos diferentes iguais.

Só não somos igualmente diferentes nem diferentemente desiguais, quando iguais somos Amor e Paz.

















Comentário em 29/01/2009 23:48minutos - RECANTO DAS LETRAS -  Vinicius Azzolin Lena: "Olá grande vate das terras maranhenses. Saúdo efusivamente sua passagem, sempre cortês, em meu empíreo tugúrio. O que muito me desvanece. Pois você além de poeta emérito é o Rei das Metáforas. Metáforas lindas e instigantes, como o mérito de serem de tua própria lavra. Isto faz a diferença. É bem como diz o dito popular: "Quem está vivo sempre aparece". Se bem que para quem crê na outra dimensão, não é precioso estar vivo para aparecer. ÙÙÙÙHH! (Rsss) Grato pela visita e comentários e creia-me seu amigo psico e somático. Um abraço de gaúcho". Para o texto: DIFERENTES IGUAIS (T1406691)

Vinicius Azzolin Lena - falecido em 03/07/2016 - fora um grande Jornalista gaúcho de Jaguari - RS – fora Editor do jornal Nova Fronteira de Barreiras [BA] e Presidente da Academia Barreirense de Letras. Livros publicados: "Traçando Barreiras" (histórico. No prelo: "Pequenas estórias" - Contos, e "Pensamentos & Reflexos" - Poesias (a sair) -  Publicações e trabalhos na Web em www.recantodasletras.com.br e em meu site pessoal www.viniciuslena.prosaeverso.net]
 

DA DESPEDIDA INDIRETA DO AMOR [Manoel Serrão]



ARTIGO PRIMEIRO: O amor poderá considerar rescindido, e dissolvido toda e qualquer relação sem intenção de positivá-lo ou que justifique a sua manutenção, quando já nenhum liame existir entre amantes, a jungi-los vida afora no qual ausente o sentimento e a vontade de se tornar pleno espírito e coração, elementos subjetivos capaz de dar-lhe sustentabilidade quando:

[a] forem exigidas cobranças superiores às próprias forças, situações embaraçosas, defesos pelas variadas desse sentimento: o altruísta, o fraternal, o romântico, o amor Eros, o amor ágape, entre outros, excessiva doação, desatenção, falta de afeição, carinho, ternura, comentários contrários às boas e saudáveis relações de costumes ou alheios ao bom senso de quem ama e se deve amar;

[b] estar preso a emoções ou pessoas do passado, falta de investimento, imaturidade relacional, expectativas altamente elevadas no outro, feridas emocionais, carências afetivas pessoais elevadas, for tratado ou por seu modo de ser com excessivo rigor e limitações, tais como: ciúme; ofensa moral e física; temores infundados; indiferenças; obsessões e análogos;

[c] correr perigo manifesto de traição, perfídia, indecência, doação inoficiosa e rejeição;

[d] não "cumprir" o velho romance com seus projetos, metas estabelecidas, propósitos e juras confessas;

[e] sofrer no exercício amoroso, ato lesivo a boa fama, mesmo no caso de legítima defesa da vida amorosa;

[g] for do tipo de amor baseado no quesito "precisar do outro", na necessidade aflitiva de dependência, na atração física, na excitação sexual, no usualmente chamado de "química” / “pele", na paixão e idealização do parceiro ou se for reduzida a chama da paixão, de forma a afetar sensivelmente a excitação, além da sua própria importância.

PARÁGRAFO PRIMEIRO: O amor poderá suspender temporariamente ["dar um tempo"] ou até por fim a relação, quando não tiver como fazer-se amar ou manter-se amante, incompatível com a manutenção do casamento, do namoro, do noivado, do "ficar" e outras denominações a mais.

PARÁGRAFO SEGUNDO: No caso do amor partir do coração para UM [A] "melhor" por morte natural ou acidental dar-se-á por finda não só a relação, como também será concedida "UM" ou "O" "time" que preciso for para refazer-se, fazer-se esquecer de ou encontrar um novo amor.

PARÁGRAFO ÚNICO: Fica Proibido em caráter irretratável e irrevogável infringir o caput, às alíneas e os parágrafos desse artigo, assim como fica garantido o direito de amar e ser amado e o amor bem-querer do bem verdadeiro ser bem tratado. Quem assim não cumprir dando tratamento digno ao amor que merece a paixão, ao coração, aos amantes, etc... Será punido severamente com a seguinte pena pela despedida indireta do mesmo:

PENA: pelo descumprimento da norma supracitada será sentenciado e condenado o réu à pena de:

DOSIMETRIA DA PENA: o réu cumprirá em regime aberto a pena fixada de: um ficar sem nada; uns namoros sem açúcar e sem afeto agravado de paixões arrebatadoras não correspondidas além do direito de "gozar" gratuitamente de um kit-dor [sem passa já] de 72 [setenta e duas horas] de profunda fossa e dor de cotovelo.

Para os incautos, no caso de reincidência, a pena será aumentada, na proporção de 1/3, acrescida da multa de incessantes broxadas, frigidez, sem qualquer benefício ou acesso ao mágico Levitra, Cialis, Viagra e outras drogas correlatas.

CUMPRA-SE.

O amor, só com Vênus.


OBS: Romeu e Julieta são responsáveis por grande parte de nossas ideias do “relacionamento perfeito”, como também por uma elevada percentagem de divórcios. Casais buscando um casamento ideal de relacionamento baseado inteiramente em paixão e romance e, quando escurece romance (como tantas vezes acontece num relacionamento), se sentem enganados e, acreditam que o casamento fracassou. Quando, na realidade, o romance apaixonado não é necessário para um casamento saudável – enquanto o amor, respeito, caridade são. Romeu e Julieta têm muito a responder

DUBIATIVO [Manoel Serrão]








Onde anTeVer ou

soletra o ABC?
Só não estuda porque lê!

VÊ[N]GANO [Manoel Serrão]







Poeta carnale,

De rima fácil?
Odeia alface!

INSTANTE [Manoel Serrão]




Bem-vinda [o]
Ao instante O'Hara.
... E o Tempo Levou!

THE END [Manoel Serrão]






Dei-te em soluços e risos,
E sequer recordas o meu nome.
Inda assim, entre o rito do amor e o mito do sonho: o amanhã contigo recomeço hoje.

CHOPIN [Manoel Serrão]







Sol em si bemol de Chopin.

A vida há de ser tocada em alegro [&] cantante.

FORMIGA [MANOEL SERRÃO]






Quando havia briga no teu armário, f
ora formiga na tua vida.
Quando não havia saída no teu abrigo, fora à porta do teu armário.
Agora que não penso ser formiga na tua vida, nem a porta do teu armário? Vou Ser poesia avoante. 

O SIFR ZERO [Manoel Serrão]



Uns para os comuns, outros para os nenhuns.
Uns para os incomuns, outros para os alguns.
Uns para os triângulos, outros para os retângulos.
Uns para os oblíquos, outros para os planos...
As equivalências de um quadrado no rito das continuidades...
Ó a expressa essência da superfície imutável, o mosaico!

E ei-los: o Sifr zero; o vazio; o nada; e, o ninguém!
O inexprimível “Rembrandt” na sua vaguidade.
O puído Persa mutilado sem valor; o ente dês cavo desconectado vítima d’outro engano.
Assim, segue a liberta do mito e do mago celebrado com medo de cair no ser cavo.

PADECIMENTO [Manoel Serrão]





O Rei que não reina,

E duvida da morte, a morte!
O Rei que reina,
E acretida no dote, o dote!
Ó que reine, pois, o Trono, e "padeça" 
O povo da "sorte!"

É TUDO QUE É! (Manoel Serrão)






A Vida é um rio corrente que nos arrasta do passado para o futuro, e cujo curso desemboca na foz do presente.
A Vida, é tudo que É!

 

ATEMPORAL (MANOEL SERRÃO)






Atemporal,
O Verbo é o DNA do Poema.
Imateriare,
A Poesia é o devaneio poético que transcende os mundos mais belos.





COMENTÁRIO: EM 12/12/2008 - 08:27 - Vinícius Lena: "Olá Mister M da Poesia. Satisfação em vê-lo, recebê-lo e lê-lo. Você é realmente um mago com palavras e pensamentos. Inimitável. Instigante, com seu estilo de "dar nó em pingo d'água". Esplêndido. Grato pela visita ao meu "empireo tugurio". Vinícius Publicação Recanto das Letras para o texto: ATEMPORAL [(T1331133] NOTA: Vinícius Azzolin Lena (como ele bem dizia: Gaúcho de nascimento e Baiano por opção)  era Jornalista - Editor do Jornal Nova Fronteira de Barreiras - Bahia. Presidente da Academia Barreirense de Letras - Com vários livros publicados. Infelizmente veio a falecer no dia 03 de julho de 2016.

CORRENTEZA (MANOEL SERRÃO)








A vida é um rio de correnteza forte que nos arrasta do passado
para o presente, e cujo o curso acaba na foz do futuro.

SERVIDÃO [Manoel Serrão]




 
Código materiare.
Corpus encarnação.
Claustro poder do dizer o "Sim" quando o "Não" é o fim.
Castidade do não dizer além de outras formas fora dela, não dizer.

Tzarina. Imperativa.
Recorrente. Repetitiva.
Assertiva. Impositiva.

Proibhida! A língua que devasta o "formigueiro", 
E nega um proibhido sem o trono do poder?
É lei que faz da humana servidão.

IDEALÍSTICO [MANOEL SERRÃO]




Não, Eu não tenho tempo se houver tempo, já não tenho pressa.
Eu não posso ir sem destino, se Eu não posso voltar sem abrigo.
Não, Eu não vou pular do avião se não houver um mar de chão. 
Mas Eu vou me jogar em São Marcos, lá no cais da Sagração.

Eu não vou beber, Eu não vou fumar.
Eu não vou calar, Eu não vou me acabar no bacará pela salvação.
Não, Eu não vou me entregar sem me deixar levar pela solução.
Não, Eu não vou passar na mão. Eu não vou passar por terríveis mal-estares na contramão!

Eu não vou viajar, mas Eu vou rumar para Ribamar, lá tem água em alto mar.
Lá de Bar em bar? Lá se tem uma quermesse dialética de afogada poética.  
Lá tem uma orgia de confrontos, para ver os modos contrários diversos d’outros.

Uns antepondo os sinais algébricos de “menos”;
Outros somando os sinais algébricos de “mais”.

Uns vendo-os como símbolos de Barthes; Outros tomando como os sintomas de Lacan;
Uns carregando-os de lamentações muros em construções;
Outros sem pão pios de fé sem pontes, mas de pires nas “mãos”.


Ó se há duas verdades, e uma não deve a outra perturbar?
Ó Eu idealistico... Eu não vou me desintoxicar!

 

 

 

 

 

OSTENTAÇÃO [Manoel Serrão]






Sem 
O Elo CarD, Opá!

E o Novo Ford Ka? 
Ford no lar e Ford por cá.
É o elo-mais-ford da glória moral do status quo social.

Ganhar! Gastar! Ostentar!  
E o Novo Rico de todo "modesto", renunciou à “glória efêmera” do Bairro,  e uniu-se a máquina do Ford Ka nacional!

A TAUTOLOGIA DO VERSO O NINISMO (MANUEL SERRÃO)



Sou assim, porque sou assim!... E assim sou!
O Ser aposto entre polos opostos.
O Ser vívido entre dois contrários.
O Ser malabares - o ser Um na destra com o Outro na sestra -,
Um Ser acima, o Outro um Ser abaixo a poder rejeitá-los.
Ora o ser Um dentro;
Ora o ser Outro fora que se afronta o mesmo com o mesmo e aflora:
O ser de dentro com o ser de fora.

Uno indivisíveis opostos entre dois falantes,
Onde a lingua de dentro em duas bocas não fala igual a língua de fora!
Ó não quero nem isto por dentro, tampouco aquilo por fora!
Ó D'us, muito pelo contrário? Os céus não são a terra, nem a terra os céus...

CUPIDEZ [MANOEL SERRÃO]









Não grite a sua felicidade ao mundo,

Senão, a inveja terá pesadelos!

ILUMINAÇÃO [MANOEL SERRÃO]








Um passo à frente é não ficar para trás nas sombras da escuridão.  

Iluminemos então as sombras e toda
a escuridão que nunca receberam a luz do Amor no coração.


 

BOIAS FRIAS [Manoel Serrão]




Êi Etanol,
Bio combustão? Ração flex?
Ó não boia [s], tendes, fé!
Se não for Power é fome!
A fria [s] é assobiar e cortar cana.



GIROGIRAR [Manoel Serrão]








Não há tempo a se perder,

Nem há horas a se ganhar.
A vida, é um epigrama picante e mordaz.
Ó girogirar, o epigeu do  existir somos nós.

ENDEREÇO DE DESTINO [Manoel Serrão]








Não importa o meio nem o fim a quê ou à quem se destina.
Importa seja poesia insurgente desembarcada no endereço de destino.

ECO DISSONANTE [Manoel Serrão]







Ó eco difamante, ninfa que falastra tanto!

Vês! Vês que o Deus Juno, condenou-te a repetir as últimas sílabas em sonoros dissonantes.
Argh! Como o Narcísico aguenta tanto? E reverbera a fofoqueira errante!

 

ROCK'N'ROLL [Manoel Serrão]





Pode-ser-pop.

Pode-ser-cult.
Pode-ser-cool.
Mas quando o Soul mora no Loft, e a bossa habita no Home:
Sou O Libert rock 'n' roll,
Nos livres dos medos que se deixam ir.

VALIMENTO [MANOEL SERRÃO]






Fique bem, ACHE-SE!

NASCITURU [MANOEL SERRÃO]








Quem me vê aqui, bardo louco,

Não pense que eu fiquei doido.
Não sou santo nem sou porco.
Medrei rebento, re-nascimento, há pouco.

QUIROMANCIA [Manoel Serrão]



 





O tempo da vida na palma das mãos...  
Ó predizente destino! 
Em segundos? A leitura acabou!.. 

NEOCINISMO (Manoel Serrão)



Novos tempos.
Novos ventos.
Novos templos a todos os deuses criados.

Novos membros.
Novos crendos.
Novos benzos, e a triunfal "glória" do dízimo horrendo!

Ó amém irmãos! Não temeis de vossos irmãos, o qu'eles teus "pastores" são;  A "salvação"!

MODERNIDADE LÍQUIDA [MANOEL SERRÃO]








Versão indefinida do efêmero consumo?
A Modernidade Líquida...

Ora sacia-se no ego instável do homo hedonista,
Ora duela insana no me-achismo de sua apoteose líquida.

Dedico-o ao sociólogo e filósofo polonês, professor emérito de sociologia das universidades de Leeds e Varsóvia Zygmunt Bauman.

BANHADO [Manoel Serrão]





Às vezes

Encharco por fora.
Outras
Lamas por dentro.
Há dias que inundo,
E molho o mundo.

 

SAMURAI [Manoel Serrão]




No  
Samovar
Do Samurai:
Chá de hai-kai!


Dedico-o ao poeta Paulo Leminski.




 

ANA-DOR [Manoel Serrão]





Febril...
Viral e conspira-dor!

Não vejo o Mundo sem Apracur-ar o Homem! 

NOITE BLANCA [MANOEL SEERERÃO]








A “Noite Branca", com gosto.
De “facas nos dentes” e sangue na Terra? É o que mais distinta o homem da fera.


SINTHOMAS [Manoel Serrão]



   


Dali com Freud

Ou contra Kant,
Mas nunca sem Da Vinci?
Se para Lacan escolhas são Sinthomas,
Para Picasso, há quem pinte!

SOL-TO [MANOEL SERRÃO]




Canto em Sol,
Canto [O] Sol-to!
Canto à gosto.
Canto grato em Dó, Ré, Mi maior...

Canto o Sol-dado de A-gosto.

FRATURA HUMANA (Manoel Serrão)








Fratura humana, entre o que se É, e 
o que se pode Ser! O Homem precisa imaginar-se outro.

SEDUÇÃO [Manoel Serrão]










A tua voz aveludada é um calmante! 

Tem um jeito todo inebriante de seduzir o amante.

IMAGINAÇÃO (MANOEL SERRÃO)






Lá em Shambala os dias são plenos e eu nunca estou sozinho.
Com algum brilho nos olhos, e a sua "voz sem palavras", glorifica-me o Silêncio e o Sol com a sua bela-aventurada alegria.
Assim, carrego a esperança e a vida para o Bem, bem sereno e fraterno, que tão cheio de graça revela-me uma grande aventura...
E quão o Eu-Deus, viajeiro afora na imaginação criadora do Mundo.

PROPANONA [Manoel Serrão]



Ora "pois sim", a imanência oposta dos sentimentos debocha da propanona.
Ora "pois não", a culpa volátil do aroma, é do próprio o idioma!
É tal de beija e assopra tão idiota...

SILÊNCIO (Manoel Serrão)







Calado o silêncio que fez,
Falou para o silêncio que faz, que silêncio não faz.
Silêncio não faz, porque quando o silêncio se fez,
Era a vez do silêncio que faz.
Assim, o silêncio não se fez,
Por que calado o silêncio vale muito mais.

CONTRAVERSO PROPENSO [MANOEL SERRÃO]





Controverso propenso?
Penso! Penso! Penso!


Penso inofenso! Penso recompenso!
Penso imenso! Passo adenso!
Penso pienso! Penso! Penso!
Penso o anexo! Penso o apenso!

Penso tenso! Penso atento!
Penso denso! Penso intenso!
Penso bom-senso! Penso propenso!
Penso pretenso! Penso o censo!

Penso extenso! Penso menos denso!
Penso não ficar tenso! Penso incenso!
Penso suspense! Penso suspenso!
Penso ascenso! Penso descenso!

Penso contracenso! Penso lamento!
Penso hipertenso! Penso hipotenso!
Penso ofenso! Penso pretenso!
Penso antepenso! Penso ou não Penso!

Penso! Penso! Penso!
Controverso propenso? Não penso!


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

MUNDOS PARALELOS [MANOEL SERRÃO]









 

Sou alguns vários muitos tantos outros di-versos.... Em outros universos? Cópias de mim mesmo!

CORDIAIS INVEJOS [MANOEL SERRÃO]







Almas que secam. 
Olhos que dissecam. 
Bocas que desprezam. 
Sonhos à parte sem os todos... 

Ó "grato" aos "cordiais", 
Grato aos iguais invejos!

A Vida já fora tempo da última Humana.

ALVÍSSARAS (MANOEL SERRÃO)





Salve! Salve! 

Alvíssaras! Unidas as mulheres tomaram a praça!

DEU NA GLOBA-LiS-Ação [Manoel Serrão]






D
EURO o mindinho.

A b U.S.A o vizinho.
O TIO mor de todos.
F urALCA o bolo,
O Mata o MERCUSUL, o piolho?
R oubada polegar? KD o BRIC na rabanada daqui?
A-ha! O SAM comeu!!!! ?

DOR-IDADE [Manoel Serrão]









Não sem dor,
Da dor à vida?
Crescer, dói...

MAR & CHÃO [Manoel Serrão]



Mar d’dentro...
Chão d’fora...
O elo apego os anéis.
Os conviveres apostos em comunhão:
Um lambendo,
O outro rabiscando.
Um apagando,
O outro lembrando o que fora esquecido sem demora.
Mar d’dentro...
Chão d’fora...
E eis que a cada nova marola que adentra e oscula o chão de fora?
O mar da vida se renova.

MIL SÓIS [MANOEL SERRÃO]





Almas afins
Somos Tu e Eu uma só pessoa.

E a mil sóis, seremos nós, o amor sonhados, juntos, às sós!

TIAMATI [nome primeiro dado ao planeta Terra] (MANOEL SERRÃO)





Onde eterno impera o efêmero? A Gaia lavra, semeia, fecunda o ventre cio, farta-o de mucilagem que brota do sal!


Onde n'alvorada se faz dia pelo Sol? Medra a vida eternizando o Bicho-Homem...

Mas até que venha a noite apagar o velho Sol? 
Eis que tudo onde começa a Humana acaba... Sem um Novo Sol!

ANJO BELO [Manoel Serrão]









Deixai-o livre o que difere.
Soltai-o alegre o que assemelha-se.
Mas guardai em ti o trigo sem o jóio... 
E sê-lo-ás [o] belo Anjo eterno!


AUSCHWITZ [Manoel Serrão]





Overdose de gás e Suástica.
Ó como fedes Auschwitz:
Não jazes jamais!!

DISTRAÍDO CORAÇÃO [Manoel Serrão].










O amor quando pega distraído o coração?

Faz luzir vales e florescer desertos.

BONDADE [Manoel Serrão]






Mas só a bondade,
O Doce mel limão? 
É [O] que leva adiante!

ATENAS ILUMINADA [Manoel Serrão]





Sorte, quem sonha.
Disponha: Atenas para os iluminados...
Feliz São Luís risonha!

IDEIAS [Manoel Serrão]




Para
Ideias mal-cozidas.
Ideias bem-cosidas.

PRIMA FACIE (Manoel Serrão)






A priori

Ou a posteriori?
Agradecido, ore!

APARENTES [Manoel Serrão]





Inda que a realidade seja apenas uma cópia fiel dos aparentes,

Ou apenas uma representação viva em 3D da ilusão!
Para o mundo dos seres aparentes,
Tudo deve ser igual à ilusão do real. 


 

MAIS BEM UM DIA (MANOEL SERRÃO)






Beijei-te, sim!

Mas sabe-se,
Mais bem um dia,
Virás a querer-me, poesia! 

PAX LUMNI (MANOEL SERRÃO)





A pax lumni que ilumina os homens, perpetua os sonhos.

BABY NANOS [Manoel Serrão]




Meias que não cheiram,
Androides que não mamam.
Calças que não molham,
Veias que não sangram.

Ó Baby, doravante?

Infectas de nanos... 
É de se crer sem ver.
O que dá para sentir... 
A vida em Blade runners!!

ESPINHO D'FLEUR (MANOEL SERRÃO)






Rosa de grande valor.
Dás-me a cor para o desejo, o fulgor,
E negas-me o perfume do amor?
Oh! Que a minha dor saia por teu espinho d'fleur! 

ESQUECE-DOR [MANOEL SERRÃO]






O homem é mesmo um esquecedor.

De tanto merecer-dor: esqueceu-se do bem e do amor.

 

POESIA (Manoel Serrão)









Vou-me embora!
Destino, ou Acaso:
Quero ir-me Poesia.

ORA BOLAS [I] [Manoel Serrão]









A primeira poesia a gente nunca esquece!

ECLIPSE [MANOEL SERRÃO]








Palavra quebrada;
Letra arranhada;
Tempos obscuros...

Como o eclipse do sol ou da lua?
O ABEcedário ao homem diria? Só falta a leitura!

JÁ-CAMA [Manoel Serrão]








Jaca mole.
Jaca dura.
Mas come calada,
Dama gamada!
Porque já cá...
Não está quem falou!

ESSÊNCIA & EXISTÊNCIA [Manoel Serrão]




Ó dá-me Sol!
Crescer dói...

HOSPÍCIO 371 [MANOEL SERRÃO]





Há medo em muros

Surto em monturos
Escuro em turvos

Há Sol em Theo e Van Gogh com seus girassóis surdos...
Gênios que nascem gênios sem cura, e hospícios à Três por Sete e Uns em apuros!

PARIDA [Manoel Serrão]







Ah, quer saber de uma coisa?

Vai pra poesia que te pariu na vida!

EGO-TISTA [Manoel Serrão]








Via "Apis" de mão dupla!

O Ego é  “Bastilha” que se igualha ao corpo.
Quando a carne é retranca? O Ego é repolho.
Quando o corpo é Adão? O Ego é “Napoleão"!
Ó ego(AU)tista, deixai-vos ser!

 

AMENDOEIRAS [MANOEL SERRÃO]



Lá onde se apara chuvas de estrelas na mão.
Lá onde no ocaso nunca se põe o luzente Sol.
Lá onde senhor do império serei dono do destino.

Mas como o todo, falta para ser?
A cada dia vivo, noites insones...

A cada noite? Esvazio-me, para ser apenas uma espera...
E assim, como os poetas catam cada palavra no espaço?

Como os Poetas existem em cada palavra escrita enunciadas nas poesias ao mundo endereçadas...
Colho o lixo das minhas ervas amargas!
E os pedaços dos instantes no tempo; e, 
Adubo-me as sementes das amendoeiras para as sombras do meu eterno.


Ó ei-las! Ei-las! São tantas belas borboletas amarelas.
Ó Ei-las! Ei-las! São tantas
libélulas azuis para o céu! Ó para o céu...
Aqui estão as minhas horas... Para o céu... Ó para os céus...


 

CONJUÇÃO CAUSAL [Manoel Serrão]








Mesmo que não haja sol,

Como a chuva caíse forte!
Não fui por sorte? A morte não me sorriu!

REVELAÇÃO II [Manoel Serrão]







E o que lhe dói?
Ponha-se ao Sol.

UBIQUIDADE [MANOEL SERRÃO]





Tenho-te, enfim, minha poesia,

Será preciso, agora, que faças uma, para mim!

A SENHA [Manoel Serrão]






Oclusão bilabial

incoativa velar?
Splesh, Splash!
Ó juras?

E Deu-te o sal Judas!

CERTO “HOMEM ERRANTE” [AO SOBRINHO DO CAPITÃO (MANOEL SERRÃO)



Antes de virares a página: um dia para lembrares de que és responsável por todas as tuas escolhas; e que o desafio de vossa evolução, é um sinal eterno do teu tempo finito, presente e que urge no agora.

Antes de virares a página: um dia para lembrares de que és responsável por todas os teus mentidos e por todas as tuas verdades, que haverás de encontrá-lo na tua inglória derradeira ou na tua glória altiva.

Antes de virares a página: um dia para lembrares de que és responsável por todas as portas fechadas resultantes dos teus erros de outrora; ó porque adernais sobre almas pequenas, medonhas e porcas? Ó porque não te amas? Qual o porquê do teu antegozo, antes do gozo da vida?

Ó filho do Pai sem coração! Ó cria da Mãe do parto desmamado! Não vês! Não vês que te morreu no pai! Ó teu pai que te morreu nunca fora teu! Não vês que te morreu na mãe! Ó tua mãe que te morreu nunca fora tua! Não vês que te levou do coração! O teu coração nunca viveu!

Não vês que a mãe que te amou por dote, fora a mãe que te amou por sangue, é a mãe que Deus te dera por sorte? Ó que sorte! Que sorte! Qu’inda a sorte te criou e o amou pela mãe do pai que te incriou? Que os teus consanguíneos te amam em comunhão entre cuidados e devoções? Ó quão triste! Quão triste o teu fado de engano malcriado, enganando-se a si próprio vida afora. Oh! Homem infausto! Acaso imaginais que conduz e sóis vos condutor do tempo sem a ferrugem que corrói o ferro?  Não os vês que muito tempo não dura o mentido que te errou e adoeceu na vida? Que o teu coração de gelo seco e Baco errante te morreu não te farás poeira? Ó vês! A tua cegueira de "ateu" que te cegou, nunca viveu? Porque morrestes antes de acordares? Ó despertai! Despertai!... Sabeis! Sabeis que muitos nascem, envelhecem e morrem sem chegar ao porto de destino. Que muitos não sabem sequer de onde veem ou para onde vão ou porque no tempo presente aqui estão. Ó sabeis! Amara-te a mãe que te cuidou e zelou, quão os teus consanguíneos que vos apaixonou, perquerindo os teus sonhos, e sem distinção, nunca te faltaram às mãos... Mas continueis cegos construindo castelos de areia sobre os mesmos erros! Ó dize-nos: Quem tocou-lhe a primeira nota de uma ária funebre? Quem te morreu na roda gira? Homem Errante!

COISA APARENTE [Manoel Serrão]



 


Uns negam, emudecem, e mentem!

Outros consentem, consomem, e dêsmentem!
Entre uns e outros pelos diferentes, apenas uma “coisa” aparente adeja no ar.

GANHOS & DESCANSOS [MANOEL SERRÃO]





        Ócio
        Sã
 NegÓcio
        São

IMPUNIDADE (Manoel Serrão)





Impunidade...
Morte anunciada.
Xeque-mate na paz!

PROVÉRBIO DO NERD [MANOEL SERRÃO]










"Nerd que é net, é chat!"...

DEVANEIO [Manoel Serrão]










Poesia, a verdade do sonho e da imaginação.

FOTO 3X4 [Manoel Serrão]






Descarnou!

Cuspiu o amor no prato que comeu.
Surtei! Beijei sem colar tua foto 3X4.

FUTURO DO PRESENTE POESIA [MANOEL SERRÃO]


Haverás de ser do silêncio a gesta-carne, anima-espírito e inspiração.
Haverás de ser do silêncio a cria espontânea viva e terna criação, de ser pulso, impulso e pulsação.
Sim! Haverás de ser qualquer coisa que o seja nada, e tudo, quão de ser d’uma vez dor sem hesitação,
Ou quiçá coisa alguma sem retoque e correção.


Haverás de ser do belo o que se fez de súbito bela transpiração, um novo silêncio renascer infinito a cada nova leitura eterna sem duração.
Haverás de ser bela que se arrisca a perder-se o rumo, aonde quer que nos leve, esse será o lugar certo, profunda inundação.
Haverás de ser bela ao fim sempre o encontro e o reencontro do ser consigo na recriação.

Haverás de ser bela! A bela que se liberta na adeja do verbo falante, e toda é!
Haverás de ser plena da imaginação e para tudo, toda a ruptura com a horizontalidade do passado na construção.
Haverás de sê tu a bela do creador a creação aos joelhos do poeta criador na re-visitação 
Do Deus inteiro polindo-te as palavras e repolindo-te nas letras o mais belo sonho...
Ó hás de saber que havendo, saibas a quem tu lês Nova Poesia!

PARAFERNÁLIA (MANOEL SERRÃO)



Trash.
Tralha

Trust.
Traste.

Desentrave-se.
Desentranhe-se.
Desentralhe-se.

Diz que diz.
Diz desdiz.
Dês dez giz
Mas diz?
A vida é uma impermanência.
E um holding de parafernálias.









É O QUE TRANSCENDE (Manoel Serrão)









Sê-lo um Ser em si, assim! 
Mas de per si afim? O que independe? O Ser-afim transcende!

EXORA [Manoel Serrão]










Pelo riso do circo.
Pelo pão do ofício.
Ganha voz o grito!

 

PALAVRA DE REI (Manoel Serrão)




Sem meias palavras; ou,
Sem mesura as palavras;

A palavra pedra atirada
veste o peso da língua!

Sem muitas palavras...
O Ser de palavra,
Em quatro palavras? 
Assim, deve ser também...
Palavra de Rei!



ÁGUA-ARDÊNCIA [Manoel Serrão]






O corpo o copo e o corpo.
O copo o corpo e o copo.
O corpo o corpo e o copo.
O copo o copo e o corpo.

O corpo entre os copos
O copo entre os corpos
O corpo estranha à sede.
O álcool entranha o copo.

O corpo estranha o álcool.
A sede entranha o copo.
O corpo os copos e os corpos.
O copo os corpos e os copos.

O copo entre o corpo não é copo.
O corpo entre o copo não é corpo,
O copo da sede estranha da água.
O corpo da água entranha o álcool.

A água no copo liberta o corpo, decapa o ar regressa ao corpo.
A água no corpo é parte do corpo, o álcool no copo é parte do fogo.
A água no copo é preciosa no corpo, impregna e medra dos poros.

O álcool no copo estimula e no corpo deprime.
O álcool no corpo causa euforia e desinibe.
O álcool no corpo descontrola, e descoordena.

Cada boca tem a sua sede no ser aposto do copo?!
Cada copo tem a sua sede no ser aposto do corpo?!

O corpo livre estranha alegre o tédio do copo.
O copo mudo sonha com o álcool na boca do copo.
O corpo são sonha livrar-se da morte,
E o copo a copo em vão duvida da sorte.

A água e o álcool os ambíguos positivos da substância carnal!











 

 

 

 

 







ARTE EM AÇO [Manoel Serrão]








Arte forjada em a
ço: 
A poesia é a minha espada!

ARTE SEM FERRO [Manoel Serrão]








Só a Arte sem ferro vence da Vida a ira e a Morte.

ESCÓPICA [MANOEL SERRÃO]






Por deixar de olhar?
Ou por olhar e não ver?
Olhe ao redor, 
Permita-se...
Feche os olhos e veja com O olhar de enxergar um
portal aberto.
Ó basta o olhar!
E deixe o mundo fechado entrar.

FAMÉLICA (Manoel Serrão)








Lá onde tudo é pretérito,
E não se conjuga o verbo ser no presente indicativo? Eu me sinto fome!

MINIMALISTA [MANOEL SERRÃO]





A minha poesia
Não é minimalista. 

Apenas rabiscos
poemas arriscos.
Versos sem ritmos
riscos sem rimas
E risos sem sisos!
A minha poesia?
É um "calango arisco"!...

MANUEL, O AUDAZ (MANOEL SERRÃO)


 
E se de todo glorio venturoso sobre a terra que sangra, deu-te o céu preclaro dom?
Ó ide sê-lo quão mais bem faz sabê-lo vais, Audaz!
Qu'tua sorte na vida grassa-lhe o amor e assentei-lhe a alegria no coração.
Ó ide sê-lo quão mais bem faz sabê-lo vais, Audaz!
Sê-lo na vida o ser todo (O) Deus contigo imaginação a espalhar-te poesia!...

GLAUCO [MANOEL SERRÃO]






A morte de GLAUCO VILLAS BOAS assassinado em Osasco na madrugada de 12 de março de 2010 [Manoel Serrão].

Em breve o único mistério do universo poderá ser “não-haver-mistérios”, pois o obscurantismo, a escuridão do problema chamado – violência - que é de todos nós na qual estamos afogados até o pescoço e com a obrigação de combatê-la não com a própria violência em si, mas com a adoção de medidas eficazes, traze-nos à baila a questão da segurança no seu mais lato sentido da palavra, além de cobrarmos diuturnamente por dever de ofício a responsabilidade a quem de direito. Amiúde promessas, retóricas midiáticas são bem comuns no discurso de palanque daqueles sujeitos que ocupam cargos públicos e estratégicos com poder de decisão e comando mas que nada faz ou pouco faz. Evidente que o buraco é mais em baixo, aqui não me cabe o meritório da questão histórica do país e outros entulhos, porém, atenho-me no que pertinente a objetividade como algo imediatista, por exemplo: a intensificação de ações preventivas e contínuas por parte das polícias com seus aparatos e demais parafernálias para tentar conter a onda incessante e crescente dessa peste que assola, dessa praga que se propaga a passos largos alimentada não só pela omissão do Estado que não se faz de modo presente - princípio da eficácia e eficiência - em todos os fronts de acordo com o que reza o preceito constitucional garantindo à cidadania ampla, geral e irrestrita ao povo brasileiro e demais direitos básicos assegurados, como também mormente pela lentidão e morosidade da velha justiça pátria apimentada pela impunidade quase sempre certa daquele que comete um ilícito penal dessa natureza, isto é, crime hediondo e o cumprimento integral em regime fechado da pena sem direito ao gozo de qualquer benefício que lhe assegure a lei. Não estou fazendo apologia tampouco defesa de um Estado-Polícia, muito pelo contrário.

Não à toa, a face mais feia da violência, do crime e da bandidagem, desde alguns anos não se contentando em ficar reclusa aos ditos delitos mais brandos, recrudesce o cenho a feiura do mal avançando sobre os campos e as cidades tomam-nos lugares, praças, casas, nichos, clubes, etc. e ameaçam-nos, sufocam-nos e destroem indiscriminadamente vidas e famílias inteiras que choram a perda de algum amigo, filho, pais, parentes próximos ou distantes.

Não bastasse a 09 [nove] anos fora à vez do cartunista Glauco e do seu filho vítimas, amanhã poderá ser eu, você e todos nós. Inaceitável que fatos dessa natureza e gravidade se tornem corriqueiro e, vidas o bem maior do homem o nada sem valor, a morte, o crime e a bandidagem o lugar comum, a banalização da criminalidade pela sociedade como se à regra fosse e não a exceção de um sistema “civilizado” organizado por leis, normas, tratados, costumes, etc. que regulamentam e disciplinam a conduta humana.

Inconcebível hodiernamente aceitar-se o silêncio ou a omissão de quem quer que seja ao presenciar ou ter a notitia crimines da consumação de qualquer tipo ou espécie assombrosa ou macabra de crime, venha calar. Infelizmente em pleno terceiro milênio teima reinar no seio e na base da sociedade cristã tal desdita: a família é o berço e a inerente razão de ser de tudo que se relaciona a vida perene do homem.

A monstruosidade de crimes de tal natureza em que toda a sociedade repudia pela covardia imposta às vítimas indefesas, deve ter em definitivo um basta.

Qual a razão do homicídio e da crueldade homicida desde priscas eras? Por que o homem se torna animal irracional e sanguinário a ponto de cometer tão descabida maldade?

De acordo com a jornalista Sheila Pereira, matéria publicada em Conhecimento Prático Filosofia – Ed. 20 – pág. 30 e 31 – Dostoievski e o mundo-cão, conforme transcrição ipis litteris, alude que: “A obra “Crime e Castigo”, o russo Feodor

Dostoievski, retrata a racionalização do crime e a culpa que vem da consciência, além da redenção, hoje em dia, parece que essa consciência, na maioria das vezes, não existe mais, ou seja, se o homem comete um crime, não recorre mais a consciência, na verdade, o que o incomoda é a punição em si [acresço então que: não aqui no Brasil onde impera a impunidade]”.

Nesse contexto, e por extensão, afirma o Bacharel em Teologia; e Bacharel, Mestre e Doutorando em Filosofia pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo Jonas Madureira, assim como Marcos Sidnei Pagotto-Euzébio, Graduado em Filosofia pela FFLCH-USP, Mestre e Doutor em Filosofia da Educação pela FE-USP. É professor de Filosofia na Universidade Metodista de São Paulo – UMESP, vide transcrição in ver bis que: o primeiro afirma que um dos primeiros “filósofos que levantaram a questão da culpabilidade e a fundamentação da consciência, pela reflexão e não pelo peso da culpa foi Michael Foucault”. De acordo com o mestre “ele levanta a questão de que a nossa consciência é constituída a partir de uma história e de um contexto cultural que a gente vive. “[...] que a nossa consciência é constituída, todas as nossas ações são baseadas em uma consciência inata que nos pertence desde que nascemos, mas foi construída a partir de nossa vivência no mundo”. E segue fundamentando que: “E quando essa consciência é constituída pelo sistema da culpa, da punição, do que você faz você paga, toda a teoria da ação passa a se fundamentar não mais em numa consciência do bem, mas em uma consciência da punição, pelo que eu tenho que pagar”. Por outro lado o segundo mestre preconiza que: “De fato, onde encontrar justificativa para não se agir como se quiser, ainda que isso causasse mal aos outros? Por que ser bondoso se isso não me traz vantagem? Como fundamentar a ética sem recurso absoluto [Deus, a Razão, etc.]? Esse é o problema de nosso tempo... As chamadas “grandes narrativas” tradicionais perderam a força e não são capazes de suprir sentido ou determinar nossas ações. Sendo assim, umas infinidades de “pequenas narrativas” passam a cumprir esse propósito: [tribos, grupos de todo tipo, derivações de outras narrativas [o extremismo religioso, por exemplo, ] se põem a doar sentido para nossos atos. Atualmente, nossa “grande narrativa”, se quisermos continuar a pensar assim, é aquela que faz do sucesso pessoal, individual, o grande objetivo da vida; dele derivaria a felicidade e a realização. Ora, tendo esse ponto de partida, podemos imaginar inúmeras possibilidades de justificativa para ações que consideramos, no geral, egoístas, medonhas, cruéis [o assassinato, o roubo violento]: aquilo que se coloca entre meu desejo e sua realização deve ser afastado, pois o sentido da vida é cumprir as promessas de felicidade que me foram feitas por essa sociedade do capitalismo avançado [ironicamente, a mesma sociedade que se horroriza com tais ações], em que tudo é objeto, mesmo as pessoas”.

Para Bertrand Russell, na obra - Ensaios Céticos - Editora Nacional - corroborando com o objeto da matéria sub examine este leciona in ver bis que: "O homicídio é um crime antigo, e encaramo-lo através duma névoa de horror secular. A falsificação é um crime moderno, e a encaramos racionalmente. Punimos os falsários, porém não os consideramos estes estranhos, a afastar de nós, como os assassinos. E ainda pensamos, na prática social, independentemente do que digamos em teoria, que a virtude consiste mais em não fazer do que em fazer certos atos rotulados de "pecaminosos” é bom, mesmo que nada faça para promover o bem-estar dos outros. Esta, naturalmente, não é a atitude inculcada nos Evangelhos: "Ama o teu próximo como a ti mesmo" é um preceito positivo. Mas em todas as comunidades cristãs o homem que obedece a este preceito é perseguido, sofrendo no mínimo pobreza, em geral prisão, e às vezes a morte. O mundo está cheio de injustiça, e os que lucram com a injustiça estão em situação de administrar recompensas e castigos. Os prêmios cabem àqueles que inventam engenhosas justificativas para a desigualdade, e os castigos aos que procuram remediá-la".

Destarte, sejam quais forem os motivos ou quais sejam o limite ou não limite da perversidade d'alma humana, da pessoa, da mente com a agravante de propósito deliberado, frio e calculista... impiedosos desalmados e indignos de qualquer clemência machucam, esganam e atiram a queima roupa são merecedores de penas severas além do desterro absoluto e pleno em cárcere privado do ventre livre da sociedade dita “moderna”.

Ao querido e estimado cartunista Glauco com suas charges de humor crítico apurado o Deus criador do personagem Geral dão, Níquel Náusea, Woodstock, Piratas. Etc. e tantos outros mais que muito acompanhei e me fizeram sorrir e gargalhar de maneira inteligente e filho respectivamente nos resta um Cho rale e um adeus.

Ó Glauco, vai ser "charge" lá no céu!


São Luís [MA], 12 de novembro de 2019.
Manoel Serrão da Silveira Lacerda;
Avogado - Poeta e Professor de Direito.

 

VERDADE & RAZÃO [Manoel Serrão]







Dizei-o claramente: de que lado da vossa "verdade" está a minha "razão"?

Dizei-o claramente: de que lado da minha verdade" está a vossa "razão"?
Se vós sabeis, não sei? Porque verdade e razão, são sempre razões e verdades que não são! Nem verdade, nem razão!Ad multos anos! Ad muitos...

ALCÂNTARA ÁFRICA QUILOMBOLA [MANOEL SERRÃO]


Ó Deia negritude Odara! Raça de toda a mais bela quão eterna a noite inteira escura de Ébano que não se acaba! Ó umbral noite, q'nda é turva noite escura, Odara!

Noite enegrecida, sangria sem derrama na cafua; noite iguais àquelas sem a luz do sol oculta nas trevas.


Noite de hasta ferro marcada; noite nefasta sem a alforra e alvissara; noite sem consolo e esperança que não se basta!


Noites tempestivas de céu fechado; noites negras noites tão eternas de inferno, noites de homens açoitados na praça.


Noite por todo o mau nesta terra, Odara!
A noite há-de morrer pelo punho da nação sufocada!


Ó há-de morrer sufocada!
Há-de morrer pelo braço "servil" dessa raça;

Há-de ser livre, ser a causa dos filhos esquálidos dessa pátria;
Cúm'lo do martírio dos grilhões pesados: 
que mata de morte matada;
que mata de morte cansada;
que mata de morte escrava.
Noites sem dias assim? Por todo o mau, odara!
A noite madastra há-de perecer sufocada!


Ó há-de morrer, e toda a nação unida, à luz do sol cintilante;
Há-de vencer! Ó quão brava gente tu és em teus mártires
e heróis contra o açoite, Odara;
Cum'lo da chibata na carne dilacerada;
ferida n'alma; ferida na honra e na liberdade;
ferida aberta, inda morte viva que o tempo não sara!


Ó Deia negritude Odara! Ó quilombola, Mãe Negra África!
A voz da raça que o tempo não cala.
A resistência brava que a luta o tempo não basta.

EXÍLIO [Manoel Serrão]






Se para Sartre, o homem é angústia.
Então nesse exílio,
Exílio de todos os exílios que me ofereço.
Exílio é! Exílio que desmereço:
Sou todo a angústia plena em meu endereço.

ALUMIADOS [MANOEL SERRÃO]










               
O Sol é para todos.
          Mas a Luz?  Só para alguns!

CASO O ACASO [MANOEL SERRÃO]





Caso a caso?
Um acaso bem-vindo.
Cada caso!
O acaso destino.

HUMANIDADE FRATERNA [MANOEL SERRÃO]









O meu partido, é o partido da humanidade fraterna.
Sou do partido dos homens verdadeiros e indissolúveis sujeitos.

PERFECCIONISTA [Manoel Serrão]









Perfeccionistas mais-que-perfeito?
São seres mais que defeito.

DUALIDADE (MANOEL SERRÃO)







Poeta, aqui, "intoxicado" que escreve os condenados de cada noite e os sonhos de cada dia...

Poeta, aqui, "escravizado" que escreve em vestes esfarrapadas, versos engomados sob lençóis de cambraia...
As vezes "intoxicado", atravesso inteiro os rios dos meus eternos;
Outras, "crucificado", atravesso inteiro as paredes dos meus infernos. 

OPRÓBRIO [Manoel Serrão]




A Vida sem Arte é opróbrio do Ser a Morte.

AVISO AOS NAVEGANTES (Manoel Serrão)


Ócio, ócio, ócio,
negócios ociosos à parte!

MUNDO DOS-MAIS-OU-MENOS HUMANOS [MANOEL SERRÃO]


Mundo do maisos menos.
Mundo dos menos.
MundosMundo das minas.

Mundo dos manos.

Mundo dos pântanos.
Mundo por debaixo dos panos.
Mundos dos lhanos.
Mundo dos levianos,

Mundo dos insanos.
Mundo dos sanos.
Mundo dos Republicanos.
Mundo dos tiranos.

Mundo dos inumanos.
Mundo dos Reptilianos.
Mundo dos imundos Hermanos.
Mundo dos profetas profanos.

Ó Mundo! Ó Mundo! Ó Mundo dos Nanos...
Mundo-A-Matrix-dos-mais-ou-menos Humanos.



 

 

 

 

 

PURGA [MANOEL SERRÃO]










Se O Luxo mora no ócio.

Se O Lixo obra no ópio.
Só A Lixa purga o beócio.

BEM-FEITO [MANOEL SERRÃO]




Ora o pretérito imperfeito,
Sob o substantivo sujeito escorreito.
Ora o exímio adjeto perfeito,
Sobre o inábil adverso defeito.
Ah! Se a felicidade não tiver-seu-prego.

FIDEL-IDADE-PET [Manoel Serrão]






Não é carne, é alma e muito mais.
A fidelidade é só para cachorro, e não para humanos.
Mas faz do Ser leal.

POTLACH [MANOEL SERRÃO]





Amo-vos, sim.

Mas à minha poesia.

DUCHA CORONA [Manoel Serrão]






Reboados os trovões.
Relampejam raios.
Derreiam trombas d’águas...  
E eis que despenca de quatro,
A paixão das nuvens pesadas. 

Ao passo que serenada a tormenta, 
Goteja, opila, pinga, gota a gota,
Esvazia-se da "corona" em banho-maria
A febre terçã do amor.

Ó quase podia jurar!
Só não a dizia, sabia.
Desliza hacia pela boca do ralo...
O teu coração que amaria, nunca aprendera amar!

PROVERBINHO [Manoel Serrão]









Ser pedra é fácil, o difícil é ser caminho percorrido!

DIZER-TE ADEUS [Manoel Serrão]



Feitos um para o outro... Dizer-te adeus!
Dizer-te adeus é como banhar-se em águas de alfazemas no gelo. É vestir-se em terno branco de cambraia sem goma. Dizer-te adeus é como chorarem-se lágrimas nas torrentes de abril. É andar-se sob o sol sem o Panamá azul anil.


Feitos um para o outro... Dizer-te adeus! 
Dizer-te adeus é como abraçá-la sem poder tocá-la e beijá-la sem poder sorrir gentil. Dizer-te adeus, é como sair por ai sem eira nem beira quão um pária sem pátria e amor febril!


Feitos um para o outro... Dizer-te adeus! 
Dizer-te adeus é como uma subtração de cem menos um, sem mais cenas de amor que eu te dei. Dizer-te adeus, ó dizer-te não sou eu! Mas alvoreceu o dia e aqui é o meu Sol feliz, sem dizer-te adeus!...

ORA BOLAS [III] [Manoel Serrão]






Que Deus tenha pena dos meus ignorantes, porque eu não terei.

PEGADA DE CARBONO [MANOEL SERRÃO]




Pé...

Pé com pé.
Pé ante pé.
Pegada a pegada,
Marca registrada?
Do Himalaia ao Parnaso,
Tatoo na pedra lascada.
Animália mortale sobre a Terra?
Assim, caminha o ciclo da vida: 
Overshoot sem hora marcada.

Do pó vistes... Ao pó eterno tornarás em vestes...


SABE-SE LÁ... TERRA À VISTA! [MANOEL SERRÃO]





Sabe-se lá se haverá outro acaso, outro ocaso, outro atraso.
Sabe-se lá se haverá outro negócio, outro divórcio, outro ócio.
Sabe-se lá se haverá outra osmose, outro abraço, outro ósculo.

Ó sabe-se lá...
Logo vos que nem o amor avistara, e sem o avir à dor que do ser habitara.
Sabe-se lá...

Sabe-se lá se o doce mel da aparência não é o amargo engano o elixir da mentira.
Sabe-se lá se os odiosos rancores ruidosos, não transformar-se-ão em mar de rosas, quão em morangos de perdões arrependidos ou mofados.

Sabe-se lá no até breve... sabe-se lá... sabe-se lá chegar? Terra à vista!
Sabe-se lá... Ó alvíssaras!!! Alvíssaras...
Sabe-se lá!

ZIRIGUIDUM ESQUINDÔ [Manoel Serrão]




 
No meu lado [O]posto?
Há um ziriguidum (A)posto!

E tudo no mundo mudou!...

RIO CAAPIAUR-Y-BE [RIO DAS CAPIVARAS EM TUPI] - RIO CAPIBARIBE DAS ÁGUAS [Manoel Serrão].





Rio o elo veio evo, rio mor Caapiau-y-be das águas.
Rio que abranda rudes sertões rubros secos em brasa.
Rio que abunda burgos quão silos e Orbes em safras.
Rio que afoga bilhas, e dessedenta as bocas da casa.
Rio que decanta no polígono da seca, ó berro d’água.

Rio o elo veio evo, rio mor Caapiau-y-be das águas.
Rio doente marcado, dorido, ó rio ferido em chagas.
Rio fosso que a morte enxota, rio que a vida enxágua.
Rio salvador, redentor, rio tutor da Zona da Mata.

Rio alma da lavra, rio que o agreste exorta, exalta.
Rio o elo veio evo, rio mor Caapiau-y-be das águas.
Rio serpente a cura do ente, rio que salva urgente.
Rio sangria vertente, rio alma banhado de lágrimas.

Rio semente valente, rio no cio corrente da Várzea.
Rio vazante enchente, rio, rio o milagre das raças.
Rio o elo veio evo, rio mor Caapiau-y-be das águas.
Rio mangue, rio doce, rio outrora imaculado e moço.

Rio lama, rio podre, rio esgoto, sujo, mal cheiroso.
Rio lixo, rio luxo, rio fruto do concreto vil porco.
Rio morto, cria nossa, gesta uterina do mau imposto.
Rio o elo veio evo, rio mor Caapiau-y-be das águas.

Rio a jorro, rio arrojo, rio arroubo, o rei maroto.
Rio rumo adentro parcel até o arrecife belo quebrar.
Rio a voz no alto, a paz no médio e da foz no baixo.
Rio da cais do porto O Apolo, Rio Capibaribe ao mar.

Rio o elo veio evo, rio mor Caapiau-y-be das águas.
Passa a ponte Apipucos, Casa Forte, Madalena passa.
Passa a ponte a Joana [Bezerra], o Derby, e Capungá.
Passa o Curado, Caxangá, o Retiro, e passa Afogados.

Passa a ponte Santana, São José, corre Santo Amaro,
Passa a Torre, passa o Poço da Panela, e Princesas.
Passa a ponte o Monteiro, Boa Vista, banha a Várzea.
Rio que vem, rio que verte, rio que vai, rio passa.

Rio extenso, rio fausto, rio infausto, rio exausto.
Rio o elo veio evo, rio mor, rio sangria que passa.
Rio que vem, rio que verte, rio que vai, rio passa.
Rio Santo que a fé é [a]cura, rio serpente que salva.

Rio amado. Rio te quero vida, rio te quero cuidado.
Rio te quero belo amado, rio te quero vivo,  Ó Rio!
Rio te quero Capivaras curado! Viva Capibaribe! Viva
O rio Caapiau-y-be das águas!



 

 

 

 

VOYEUR [Manoel Serrão]




INSIGNIFICAÇÃO (MANOEL SERRÃO)









Saber?  Saber é o Mal.
O Malsim que liberta o Homem do desejo oculto na sua insignificância eterna. 

SINGAPURA [MANOEL SERRÃO]




Como se nada fora o nunca mais...

Perdera do corpo o aroma o perfume, 
E d'alma a inocência do amor.

Como se nada fora o nunca mais...
Pedira de volta tudo que já não tinha,
E sequer viera um pouco do que existira.

Como se tudo fora o nada mais ir além!
O que nada mais tinha fora parar para além,
E muito além do Amor em Singapura!

Porque Singapura não é logo ali Amor na esquina...

[Assim seja senhor das letras] Por: Tarciana Valença .



[Assim seja senhor das letras]
[Ao poeta Manoel Serrão]
Por: Tarciana Valença em 19.11.2009.


"Sem pés de letras
Pensamentos encerram
Em tuas serras".

A CANETA QUE EMBURRECE O HOMEM [Musica Caneta Azul] [MANOEL SERRÃO]


É lamentável a que ponto chegou à música brasileira. Infelizmente a música brasileira não possui mais conteúdo, mensagens, poesias ou rebeldia com justa causa. As músicas não são mais utilizadas para defenderem ideais, sublimar o espírito e encantar a alma humana. Não bastasse a pobreza, o desserviço e o estrago causado pelo tal do funk, onde temos letras vazias, sem qualquer conteúdo, cantores os denominados MC's totalmente desafinados, fazendo apologia à criminalidade, onde se têm batidas repetidas com toques eletrônicos que irritam e letras sem noção, muitas letras falam de putaria, de crime e o pior até apologia à pedofilia fazendo do sexo feminino um mero objeto de manipulação, temos ainda no cardápio a tal Swingueira baiana que esfola numa repetição percutiva os tímpanos e o cérebro de qualquer ser. De acordo com Augusto Luiz [autor do Blog Errático – artigo Putaria Musical Baiana], nos diz que:: “o que tem de riqueza de ritmo a Swingueira baiana, tem também de pobreza na letra”. As letras associadas à esse ritmo, quase sempre, empregam um segundo, terceiro, quarto sentido, quase sempre associados ao sexo, denegrindo–o e manchando a imagem física e psicológica do sexo feminino. E isso não vem de hoje… Quem não se lembra dos clássicos versos: “Agora que tá bom, agora tá bonito, é que chegou o Chico Rola no forró do Zé Priquito…”? ““... As letras, quase sempre, mostram a inaptidão, ou a própria maldade de quem as faz. São deprimentes.
Discorda? Pare, pense. Consegue? Então, sigamos. Sente-se numa cadeira, de frente pra duas pessoas que estão dançando... Com algodão, ou qualquer coisa do tipo, isole acusticamente os seus ouvidos. Fez? Então, agora, preste atenção. Aguce o seu senso crítico – caso tenha um. O que você vê? O que você realmente vê? É bonito? Por que o ritmo alucina – e isso só pode ter vindo da inteligência – e a letra atrai a má crítica – e isso só pode ter vindo da burrice; Chego a uma conclusão: Isto não é um grande feito. Nem de perto é. Como uma música de apenas refrão não pode ser. É um perigo. Sim, um perigo. Porque com essa sedentarização que é imposta ao nosso pensamento, é um verdadeiro golpe na cultura. Cada vez mais nascem músicas sem letra, sem sentido – propriamente pensante – e, cada vez menos, se vê a verdadeira essência da música => a mensagem que se passa. E por último, temos a xaropada invasiva do estilo sofrência, que de tão ridículas jamais deveriam ser definidas ou chamadas de músicas. Para tanto, tentando entender (se é que é possível entender alguma coisa) como chegamos nisso? Como podemos ouvir a algo verdadeiramente tão ruim? Um verdadeiro purgatório de musicas com letras purgativas que só falam de traição, sexo, cachaça, bumbum: "eu vou beber até...; eu vou quebrar-a-cara dela [é assim mesmo com cacofonia e tudo mais]". Ou ainda: "já vendi o carro e vou beber de cachaça"; "vou pegar a novinha...": "rebola o bumbum", etecetera, desvalorizando a mulher; desconstruindo a família, exercitando um português chulo e desprovido de qualquer concordância verbal e/ou nominal, ainda aparece a tal da Caneta Azul. De prima facie, que fique claro, aqui não se trata de preconceito, mas de conceito. Ouço incrédulo toda uma geração emborrecida, flutuante e vazia, resultante de anos de uma lavagem cerebral cruel e perversa proporcionada pela indústria do lixo – trash - cultural, enfim, óbvio verificar o quanto a música de péssima qualidade - em TODOS os sentidos - conseguiu invadir todos os espaços midiáticos que você imaginar, a ponto de presenciarmos a todo instante o quanto a riquíssima e legítima cultura regional do país está completamente diluída.Eis ai então que está formata e criada uma legião de alienados, energúmenos e mentecaptos de um gosto musical medonho e bestializado. Como gado no curral, dominados pelo cabresto do lixo cultural imposto pelo poder, sem que percebam a mediocridade a que foram levados. Tá tudo e todos dominados. Um grande curral cheio de excrementos "sonoros'. Um panótipo assustador que corrói quão ferrugem a formação do espírito humano, mormente o pensamento crítico de um povo que deveria ter acesso franqueando a um leque de opção que permitisse ou permita sacar a venda dos olhos e do espírito. A propósito muitas pessoas acham graça da “música” , cantarolam, divulgam aos amigos, tocam em seus possantes paredões, etc., porém em vez de engraçada, vejo é mesmo com muita preocupação, porque nos faz constatar que realmente estamos no caminho errado. Isso já fora constatados por Platão [filósofo grego] que tratou à estética e a ética com referencia a música e a educação em sua obra. “Para Platão, o ideal da educação não é formar o indivíduo por ou para si mesmo, mas formar o cidadão para a polis.” (TEIXEIRA, 2006, p. 26) Nesse Estado ideal, o mais perfeito possível, os cidadãos seriam educados desde a infância para buscar a verdade, praticar o bem e contemplar a beleza. A obra A República discute como seria tal Estado, senão vejamos: “Para Platão, os gregos, a literatura, a música e a arte teria grande influência na formação do caráter, e seu objetivo era imprimir ritmo, harmonia e temperança à alma”. Por isso se deve preserva-la como tarefa do Estado.” (FONTERRADA, 2008, p. 27). A principal função da música, portanto, seria pedagógica, uma vez que ela era responsável pela ética e estética, o que implicaria na construção da moral e do caráter da nação. De acordo com Tom Martins, bacharel em Composição e Regência, é maestro da OFSSP, compositor e instrumentista.": "A música – ou a arte – não é necessariamente algo bom apenas por ser música ou arte. Há a música nefasta, a arte degradante. Se há uma relação íntima entre ética e estética, os valores cultivados por quem cresceu ouvindo lixo cultural evidentemente vão se refletir em suas ações. “Fechar os olhos a isso e não cuidar para que o que nós ouvimos e consumimos como arte seja algo minimamente razoável ultrapassa o limite da irresponsabilidade: é suicídio. ”Portanto, sim retirar-lhe dos olhos e do espírito a feiura do mau gosto. E acesso então a uma ética e estética cultural de apurado gosto. Porque essa história de que gosto não se discute? Engano! Gosto se discute Sim! Porque gosto que não se discuta? Atrofia! É verdade, infelizmente chegamos ao fundo do poço. Grande ABRAÇO.

APOSTOS (MANOEL SERRÃO)





O certo é que o certo e o errado existem tanto no céu como no inferno.

LISBOETA (Manoel Serrão)






Ó Lisboeta d'além mar!
Vós que a Gomes de Sá sois a prova Cabral de que nem só de fado e bacalhau, Pero Vaz de Caminha Portugal.
Ó fui a verte rapariga, mas pero no estavas no Porto, opá!

PHARLATÓRIO [Manoel Serrão]








Falar mal
Ou falar bem?
Mas falar um poema!

UNIGÊNITO (MANOEL SERRÃO)








As paixões se repetem.
Mas o amor unigênito é encanto que não se perde.

ESPADAS [Manoel Serrão]







Acredite-me, minhas poesias,

Nada mais... que espadas de letrinhas!

ORA BOLAS [IV] [Manoel Serrão]





Livro, é assim, quem vê capa não lê poesia.

SACERDÓCIO [MANOEL SERRÃO]











Às vezes beatificado pela pena.

Outras santificadas pelo poema.
Assim, adeja o poeta, a pena e
O poema.

CANIBAL [Manoel Serrão]





Toda mudez será castigada!

O devoto que não mastiga a palavra?
A terra come calada!

 

DURA-ME A PALAVRA [Manoel Serrão]









Eterno o meu culto à sua glória.

Nunca é vã de toda a palavra.
E faço novas promessas à Atenas.

TRANSMODERNIDADE [MANOEL SERRÃO]






Largue o dual.

Largue O Bem e o Mal, largue!
Seja Uno, um só tudo todo Ser Fatual.

AOS POETAS LUSOS & BRASILEIROS [PARTE I] [Manoel Serrão]




 


No quarto da pensãozinha burguesa, Drummond [Carlos] com sua prece "guache" mineira, em leve e educado tom sussurra: Ó acorda Mário! Acorda, Quintana! Vai passarinhar! Se no tempo presente, os homens presentes, na vida presente há pedras que atravancam o caminho? Elas passarão... Tu passarinhas! E eis que acorda dos verdes pampas do Alegrete o poeta Mário Quintana com o poema do "Profeta" e do "Poe minha do Contra". Ó conta?

Conta um Coelho sai! Não sai! E agora, José? A festa acabou? Bem a francesa, foi para "Pasárgada" "O Pneumotórax" Acreditando ser o amigo do rei, e que quando estiver triste de não ter jeito, quando de noite lhe der vontade de se matar, terá na cama que escolherá a mulher que haverá carinhosamente dele bem cuidar. Do Recife para o Brasil tão bom como a poética "bah!" Gaúcha ou da discreta "uai" à couve mineira, o poeta da União que ora se chega, não é aquele? Não é o tal bardo "arretado" Manuel Bandeira.

Ainda da mauritssand dos armadores das índias ocidentais existe um brilhante outro vate capaz! Ora pois, pois Cabral de Melo Neto com sua poética agora é quem nos traz na obra "Sofrimento, Vida e Morte Severina", o fiel retrato da dor, da fome e da seca caatinga a denunciar que tudo principia e decorre do latifúndio escravista e do coronelismo secular à moda da dominação nordestina.

Já das plagas de Lisboa revisited, pois, pois opá! Filho da casa portuguesa com certeza, Fernando Pessoa dando um tempo do Eu profundo, dos outros Eus quão das tabuletas das tabacarias portuguesas, senta-se com Lídia na via Atlântica [Copacabana] do Rio que margeia, acende um cigarro e saboreia a libertação de todos os pensamentos, tomando um santo trago da legítima cachaça brasileira.

Ora, chega de saudades! Se toda bossa nunca é demais. Olha que coisa mais linda, mas cheia de graça.... Não é a garota de Ipanema? Há! Se todas as mulheres fossem iguais a você! Não é a musa do tal "Poetinha" imortalizada na obra genial do bossa nova e sonetista Vinicius de Moraes?

E eis que da "Boca Maldita", entre "saques, piques, toques e baques" o poeta kamiquase "beat-samurai-rockn'roll", entre caprichos e relaxos, desembarca o Curitibano "até que depois de mim, de nós, de tudo" quão da contracultura "não reste mais que o charme" Paulo Leminski com suas linhas de três versos. E o poema "Charme" haicai: hi-fi no Sol-te toda a sorte "erro” do poeta: “eu te fiz agora/sou teu deus poema/ajoelha e me adora”.

Da Paraíba lá de Pau D'arco vem o anjo dos Anjos que de véspera o beijo, amigo do escarro, com sua mão que afaga e decerto a mesma que logo apedreja, chega Augusto, "cabra macho sim sinhô" que dando partida com os leais poetas e amigos Da Costa e Silva que com "Saudades! Amor da minha terra... O rio Cantigas de águas claras soluçando" e José Albano, formam a grande tríade na poesia da Belle Époque, como os principais precursores da moderna poesia brasileira.

Ó tá tudo muito bem! Tá tudo muito bom! Se universal é o poema, Gonçalves Dias é o orgulho nosso que conhece desse tema. Vem lá das bandas das Terras das Palmeiras onde canta o sabiá, as aves que lá gorjeiam, não gorjeiam como cá", iniciou bem a nobre saga maranhense do vernáculo bem plantar. Salve o talento de Caxias, e por adoção filha desta "Atenas" secular.

Como rima, não é só rima que se rima por rimar, perdoe-me, se Deus é poeta a poesia modesta parte nasceu bem do lado de cá, ó nota bene:

N’outra ponte dessa Ilha brasileira - Patrimônio Cultural da Humanidade -  Salve! Salve o Bandeira Tribuzi um daqueles bardos de valor singular em que o poema é poesia que não para falar: canta, canta, cantarolar, cantarolando sua eterna jura de amor a essa Ilha secular: "Ó minha cidade, deixa-me viver…sua poesia...".

Enquanto o Nauro Machado no vigor verbal do pensamento da bela poética, abre as escotilhas das entranhas inquietas, e na cosgomania abre a "Boca que rala/na graxa-algia/o sol na tal da hemorragia. Cousa barroca na angústia alada, entope a boca de cal tapada". E assim segue o poeta pela Praia Grande: "destila, toma, traga, o vate um trago de prosa literária".

Ao passo que na veia poética fertilíssima dessa França Equinocial, morna, tropical e brasileira, bem ao norte do atlântico, donde tantos e tantos poetas em frenesi no vai-e-vem para o velho mundo migraram em caravelas que há séculos não sabem o caminho de volta para a terra firme, outro bom poeta que se nos apresenta por cá ao nível dos acima citados como dos irretocáveis poetas, ou dos Olavo's Bilac's e dos José's de Alencar, nos chega até "À luz da vidraça, que filtra o luar, como o gato, no muro, caminha com

graça e seu corpo traça um risco no ar", com Clamor de São Luís, salve o nosso querido poeta, o nosso inspirado Luís, de sobrenome que se chama Bacelar.

Com qualificada poética do seu tempo, eis que com seu canto surge de Tutóia, refrescada pelas brisas do oceano atlântico, a poetisa Laura Damous com Traje Escuro de Rigor, inaugurando com olfato e redenção a Clara Manhã do Arco do Tempo. Como é linda a Brevíssima Canção do Amor Constante. Lá se tem a scharanzade e o poema quiromântico daquela apaixonada tal amante.

Pela romântica e histórica Atenas brasileira, berço de tantos poetas que medram aos cântaros desse fértil Maranhão de homens cultos, sejam os do passado ou do presente que aprendi a respeitar e amar, sei muito bem, que jamais se pode esquecer do nosso poeta "sujo" José de Ribamar Ferreira Gullar, além de tantos outros que ora deixei nessa resenha de citar, deixo-os para um outro momento quando irei mencioná-los.

Manoel Serrão da Silveira Lacerda.
Advogado - Poeta - Professor
 

 

 

ROSA DOS VENTOS [MANOEL SERRÃO]


N’Ele d’ante e d’onde ‘stás, ó dai-vos glória!
Em verso e prosa o verbo Ser que t’implora.
É o amor consagrado que te fias a graça,
Quão pr'a ser fiel amor eterno que não se basta!

Qu’iria comungar-te a hóstia da vossa cônscia eterna e não um raio como hospede?
E se vós não te vês como teus avós, afogado no abismo da propria memória. D’us do teu Eu te deu o livre arbítrio e a voz, o D’us teu nesses mares do Eu despertai, e não te dês aos céus apenbas a glória do albatroz? 
Ó e se a sorte não soprar-lhe as vê-las do teu reino até voar?
O que muda da rosa dos ventos, se não for viver no teu amor agora?
Ó vês que a morte o acaba! O acaba irremediável destino, a deriva ninguém cresce amando sozinho.
Um Ser é parte de um só Todo.

Ó nau sem leme, acaso vós sabeis a rota de volta o caminho,
se não evoluíres à uma outra dimensão de destino? 
Ó abra os olhos, abra as velas,
desperte-se para os leres da vida.
Ame o todo que é tudo e o todo agora.
Mas ame-o agora! Não vês que é tempo de por à parte o modo desejado? 
Se já és, não precisais ser.
Resplandeçais a vossa luz do Eu, o agora? O Agora É!

CONGRUÊNCIA [MANOEL SERRÃO]







Fora! Tenho pressa.

Ad valorem o verso!
Não vê que o tempo é pouco para o que me resta?
O verbo aos 60 já me tesa!

CORDEL ENCARNADO [MANOEL SERRÃO]










Um poetar, um rabiscado!
Eu sou o teu bem amado.
Num poema, encarnado!...

IMPERFEIÇÃO A DOIS [MANOEL SERRÃO]






Liberto-me da mentira da verdade, Ou
 liberto-me da verdade da mentira!
Agora aqui rogo por amor à verdade, e o dito por horror a mentira...
Ó que se faça sim, assim, só verdade, presença em mim sem mentira.

INFINITESIAL [Manoel Serrão]






Tão pequena quanta se queira,
Ou maior que zero!
Infinitesimal a minha poesia umbilical!

ORA BOLAS [VI] [Manoel Serrão]







A feiura está nos olhos de quem não leu.

ADJURAÇÃO [MANOEL SERRÃO]





Do coração?
Pede-se me o que quiseres se for amor!

ORA BOLAS [V] [Manoel Serrão]







Ao homem “cego”, a poesia devolve a visão!

PARÂMETRO [MANOEL SERRÃO]






A estética é do perfeito.
Mas o belo é da imperfeição!

CAIXA-ESTANTE [MANOEL SERRÃO]





Da caixa-estante... 

Avoante pipa sem barbante!
A vida na zero são instantes.


* Nota: linha zero.

RIOS DE EXISTÊNCIAS [Manoel Serrão]






Até que o improvável aconteça.
Gostemos ou não.
Sejamos nós alguma cousa para além da procura.
Rios de existências...

RIOS DE LUZES [MANOEL SERRÃO]







Poeta não nasce em vão, poeta, para a criação, rios de poesias são!


AS TRÊS MARIAS DE ORION [MANOEL SERRÃO]




Porção de um todo; a parte.
Valor, que tem e importa; arte.
Essa é a parte, do nosso trato, aguarde!

Daqui a dez milhões de anos,
Lá do céu profundo sem fim,
Ou do fraterno universo-denso afim?
E daqui de ti, por sorte, ôrra! Ôrra!
Voltar para me vê grã-poejo-ouro? Então, serei O Deus no colo das Três Marias de Orion.

DIREITOS HUMANOS [MANOEL SERRÃO]



Direitos Humanos?
Apenas para Humanos Direitos!

KAMI-KAZE [Manoel Serrão]








Sem Kit e Net e “Pena”.

Sem cama pasto e lar?
Cem zeros cal e sal.
Sem cash e Cred Card,
E o status quo do Ford KA?
Ó Zeus! Ka pra nós?
Caiu um Kam-kaze no altar!

PURGATÓRIO [MANOEL SERRÃO]






O saber-se às sós?

Cheira a súlfur de purga.
Quando entranha, sufoca-nos.
É pior que o inferno da solidão!

“GALHO LADRÃO” [Manoel Serrão]






De aliado a vilão,
O “galho ladrão”,
Roubou da copa ao chão
A louca paixão.

        

ASSUNÇÃO [Manoel Serrão]





Tudo que escreverá, acredite que já o escreveu, e assim, poesia será!

ETCETERA & TAL [MANOEL SERRÃO










Etcetera... Etcetera & tal...
A minha poesia, não é horizontal
A minha poesia, é horizonte vertical
.

O VÉRTICE DE UM POEMA IMAGINÁRIO (MANOEL SERRÃO)









Em nome do Pai,
Do Espírito Santo Nosso?
Poesia para sonhar, amém!
Vale a pena na mão. 

VIDRAÇA PAIXÃO (MANOEL SERRÃO)





Entre bulhas de trovão e bolhas de sabão,
a tempestade posta contra a vidraça?
Desabou depois da paixão! 

ACÍDIA [MANOEL SERRÃO]


Açoita-me acídia! Açoita-me!
Anuncia-me um mau presságio.
Rumina-me e odiosa detesta-me.
Rouba-me d’minha alma à fórceps as forças.
E devora-me pelo medo a razão.

Vinga-te então! Vinga-te então!


Vós que passais as horas babando, lambendo as migalhas da existência!

Solta a tua gana eclusa de vingança
Nas noites vazias de terror.

E assim, quando juntares todas
As flores murchas do vosso jardim?

Dá-me “perdão” e o "perdão à ti!!

AOS PÓSTEROS [MANOEL SERRÃO]





Nenhures os de somenos soltos, 
Tampouco estranhos de ecos vão. 
Aos pósteros, só loas e lis de aromas doces...
Ad eternos pelo etéreo, meus sonhos em versos soarão! 

AVE SEM POUSO [Manoel Serrão]





Poetas, aves sem pouso.
Versos, aves sem asas.
Poemas, aves à vista.
Poesias, aves avoante.
Poéticas, ecos adiante.

 

DORES & FLORES [MANOEL SERRÃO]







Há dias de dores mas ninguém repara nossas lágrimas.  

Há dias de flores mas ninguém repara nosso sorriso.
Ó experimente então escrever uma poesia?

EROS AIDS [MANOEL SERRÃO]






Ícones ímãs de Eros.

Deuses do belo e da perfeição!
No millésime do século XXI?
Sexo é sinônimo de AIDS,
HIV de contágio.

E nesse fetiche paranoica,
O erotismo clean da libido viril,
Fica por conta de Vênus:
A Musa camisinha do orgasmo total.

Ó vade retro AIDS!
CuidAIDS! Ara que o espantAIDS.

 

OPPROBRIU [MANOEL SERRÃO]




A Vida sem Arte é opprobriu do Ser a Morte!

AMOR FRATERNO [MANOEL SERRÃO]







A mim será amor, e quão também a vós: a mim, para aprender amar-te; a
 vós, para que aprendais amar o próximo.
Eis aqui o que sustenta a vida para as flores e o tempo pródigo para os amores.

AZIMUTE [Manoel Serrão]






Nunca tive medo de decidir
Nunca tive medo de falhar.
Nunca tive medo de arriscar.

Nunca tive medo de sorrir.
Nunca tiver medo de navegar.
Nunca tive medo de chorar;

Nunca tive medo de ter medo.
Nunca tive medo de temer.
Nunca tive medo e do medo não ter!

ESPÍRITOS SANTOS [Manoel Serrão]









Para a fome do pio: uma unção.

Para a fé do filho: uma oração.
Assim, ad multos anos...
Os filhos do amém? São espíritos santos.

MANOEL & MANUEL [MANOEL SERRÃO]








LEONAM
ANOMEL
MANOEL
MANUEL

PASSATEMPO [MANOEL SERRÃO]






À tempo sem tempo...

Só-correndo sem tempo há tempos
O homem sem passo passatempo!
Só-correndo o homem sem tempo.
Sem passo passa o tempo correndo
Passatempo só-correndo no tempo.
O Homem sem tempo correndo? Jaz há tempo!..

ORA BOLAS [II] [Manoel Serrão]






Eu digo “não” para a poesia, mas ela não me escuta!

SERVENTIA [Manoel Serrão]






Vós sabeis do óbvio tanto quanto o fogo n’água, sem [o] OX que a chama o apaga.
Vós sabeis do óbvio tanto quanto o rancor cega, e a inveja põe venda nos olhos.
Vós sabeis do óbvio tanto quanto o amor debela a ira, e o ódio sem razão o acaba.

A debalde não julgueis bastardias tão venais quão as mil vis adularias ancestrais.
A debalde não forjeis aos consanguíneos e entes afins, idílios em távolas tão festivas.

Ó vês, não deixeis celebrarem a injúria sussurrada aos ouvidos pelas bocas venenosas.
Ó vês, não deixeis impor-lhe o triste espetáculo dos carcinomas idem os mentirosos.

Não os dês aos malditos convivas de aparências luminosas a glória de impor-lhe as vestes.
Não os dês aos pares sem igualha ancestral? Ó vês tu, tudo é caótico, apressa-te?
Não os dês como deter a marcha das horas! Ó quisera Deus, qualquer Deus, eles nunca mais!

Ó sejais vós um único sujeito posto como sempre foras no verbo ser, uma só digna pessoa,  
Ó sejais vós único entre os diversos e iguais, o finca-pé por todos os dias, que Deus enxerga!
Ó um novo homem é possível! Tu, que és nobre, brilho proibido para menores, com a boca no trombone o solo da terra que lhes pusera pedras nos pés, há um silêncio pronto a falar!

Ao passo que cego por deixar de olhar? Ou por olhar e não ver, fechado o coração no presente do verbo ver?
Ó serve só o pavê como sobremesa aos embusteiros, e a porta como a serventia da casa!
E vós, ó ditoso a todos dirás dos lobos e dos diabos, quão à purga de Hades, quem os são!!!!!
Ó mais que mundo tão imundo limitado os homens falsos, hipócritas, invejosos, aqui nos dão?

CIDADE DO SOL [MANOEL SERRÃO]




Vejo todos ao modo de ver enxergando-os. Porém, sonegando-se a enxergarem-se pelo engano da mentira. Vejo-os, em pleno dia, sem libertarem-se das noites!

Inda, assim, amo-te porque é poeta. Amo-te por causa da tua arca cheia de poesias e sonhos endereçados ao mundo. Amo-te porque é amor incondicional ao próximo. Amo-te porque é paz na consciência exaltada. Então, mira-se na espelha? Olha que há uma parte de vós poeta que reclama da razão, e outra parte de vós que reclama da imaginação.

Bem sei, a tua insônia não é diferente da insônia do meu poeta. Para que no desespero do estado solitário, vossa língua não fale igual em duas bocas.

Mesmo que reboza e oculta a poesia, e o orgulho que lhe ressuma da boca, a modéstia saiu-lhe do armário e esta mais bem do que mal, embora apenas por enquanto e, no entanto toda por desencanto a nobilite cada vez mais. Pois bem, vem para junto de mim, vem! Levantaremos, conquistaremos a Cidade do Sol. O que quer que eu diga contra ou a favor, se assim pode ser poeta, assim será! Ó bem vindo, Sol! E agora estou aqui e vós também, e não ouso dizer-te muito mais...


Versão exígua, o melhor que a vida é de verdade poeta, é o melhor que a vida sem meias verdades pode ser de verdade tão bem. Então, solte os pássaros, e da paixão pelo nada o abraço da poesia. O mais que perfeito, pela beleza imperfeita da dor? E a força do grão para fugir do óbvio a imaginação. A imaginação que o torne Deus em si! Que o torne e seja vós também, um ser tão belo cidadão do mundo. Pois para o homem saber, e saber, sabendo [inda] mais viver. Ó eis tudo quanta basta para que eu tenha alegria de ti poeta e do homem de mim também! Aqui tanto quanto possível, a Vida permita... Vê é nesse “tanto quanto possível” o empecilho. Sim! Tanto quanto o Nirvana permita! Ó despertai cada vez mais! Sabeis poeta, frágil casca de noz, vivemos uma mentira! Afinal, que reclamas?

FALA-DORES (MANOEL SERRÃO)









Sou apenas um escuta-dor,

Num mundo de fala-dores.

ERA MING [MANOEL SERRÃO]




Não obedeças, não desafies.
Não perca tempo em aceitá-lo.
Não temas o destino.

Não te esqueça...
Teu castelo de pedra.
Tua coroa de pérolas. 
Vossos planetas e sóis vizinhos. 

Vossos despojos ancestrais.

Desconstruíram no leito o sono, é tudo pesadelo.
Não revisites tua juventude e melancolia.
Não recalcitre entre a água e o gelo, o fogo e a brasa,
E a lembrança em esquecimento que se apagou, não era poesia que se rachou... A porcelana chinesa quem não viu? Era Ming!

HOMEM DIVISO [MANOEL SERRÃO]






Nunca amar.

Nunca aprender amar...
Para não amar a si nem a outrem?
É o que divisa o Homem do Ser inteiro amoroso!.. 

BABA-DE-QUIABO [A] 3X4 [Manoel Serrão]













Não me babe, Baby!

Nem me maltrate com essa baba de quiabo!
Ó nunca fui teu “quiabo” a 3X4!
Rasguei da porta retrato,
A foto e o nosso trato.



 

 

COMPLETA-AÇÃO MANOEL SERRÃO]









Mas do que um gesto de amor distraído?
Mas do que escrevinhar-se o Silênco que se compartilha.
A Poesia é completa Ação Espiritual.

ANTEPOSTO [MANOEL SERRÃO]






Um traidor que trai é um traidor que se aceita traído!

BIS-COITO MARIA [Manoel Serrão]





Tosse, gripe, pigarro.
Chulé, joanete e calo?

Café amargo, queijo passado.
Estresse e mau hálito.

Ó neste mêrde de vida:
Meu consolo e a minha régia alegria?
Foi amar e comer demais O bis-coito Maria.

EXIBICIONISMO [MANOEL SERRÃOI]








Antes dos versos,

Os poetas não eram assim,
Tão exibidos poemas.




PARTILHADO [MANOEL SERRÃO]







Quem conta um conto, aumenta um ponto.

Distorcidas as verdades? E o partilhado que não se propague.

PROFECIA (MANOEL SERRÃO)







De Nostradamus a muitos loucos urbanos? Anunciado o fim do mundo humano!..

SINOPSE [Manoel Serrão]











Nunca morrerás por teres vivido. 
Então, faze-o saber, a quem t’alma reclama?     
Ó muitíssimo bem-vindo, há tempo ao Ser!

A GUISA [MANOEL SERRÃO]






A guisa de julgar

E o feitio de condenar,
De punir, de vigiar para não vingar...
“Arte” nova e velha de matar!..

A POESIA COMO PROTAGONISTA [MANOEL SERRÃO]



Creio que a mistura de estilos poéticos mostra a não linearidade dos poetas e seus escritos poéticos, representando o melhor que a poesia é de verdade. As manifestações, os debates, as observações, as indagações, etc. são sempre positivas desde que tenhamos a poesia como protagonista. Cada coisa, cada rede social é um meio, um instrumento à disposição para ampliar, universalizar as vozes da poesia ao mundo, Trata-se de uma ocupação verticalizada para uma fuga do óbvio.

No movimento da vida e da poesia a ordem é integrar! Viver em poesia longe que questões inerentes à própria essência da poesia não parece nada estratégico. Na poesia tem a quem escreve e faz poema a sagrada obrigação de socializa-la para que chegue ao seu endereço de destino, essa certamente é entre muitas das suas atribuições também, é a nossa vida. Na narrativa poética somos enquanto poetas figuras responsáveis pela difusão da mesma. É claro que ninguém deseja só o sucesso de crítica, mas por outro lado, a poesia não pode ficar refém no claustro das gavetas e dos armários. Essa variedade e dispersão requerem, portanto, que sejam observados seus diferentes aspectos, em relação aos conjuntos de saber – e o poder do feedback para um alcance maior da poesia – a que se articulam. Então, faço valer a voz, e rogo: deixai-o voar a vossa pena, ó Poetas de todas as poesias. Façam o vir à sua presença a grandeza, a de ser significante e letra. Façam o vir à sua presença a grandeza, a de ser o Deus criador do poema e o direito de viver o seu sonho.

Caso contrário, isso não é paixão pela poesia, mas pela ignorância. Portanto, aqui estou o teu lado, poesia, pelo teu passado, pelo teu presente, por teu futuro. Mas eu deixar de te amar poesia, isso não, não pode ser! Não posso querer. Poetas do mundo, uni-vos! E viva a poesia!

A POESIA FALOU (MANOEL SERRÃO)






Poeta não sou.
Poeta estou.
Mas quando sou o poeta,
E não estou?
Nem contra nem a favor?
Muito pelo contrário: a poesia, falou!

DORA [Manoel Serrão]




Se o hiato é preia que oprime?
Ó "vades retro" o que exprime.
Fora os doxas, os paradoxos
e os ortodoxos.

Abaixo a dialética, as parabólicas, e a metafísica.
Fora a prosa sem demora e de rebuscado vernáculo a poesia!
Para dentro? Ou para fora?
Hoje eu quero é beijar Dora.

MUITO ALÉM DAQUILO QUE SOMOS (MANOEL SERRÃO)






Para que não sejamos mais do que apenas os nossos corpos sobre a Terra;
mais do que aquilo que realmente somos;
maiores do que a nossa forma humana, um desejo permanente de Amor e Paz! Crescer para que sejamos Sol não é Sonho!

O HOMEM FELIZ [MANOEL SERRÃO]







O homem feliz é o próprio homem por quem sempre esperou:

Verdadeiro conhecedor da luz e do aceitar-se o nada e ser tudo todo saber-se amor.

SA’SIs [MANOEL SERRÃO]





Saci: do tupi Sa'si serelepe sem querer?

Sacia o mito no rito sem crer se benzer.
Jaci aflito e Ari com medo deram o grito! 
Puseram-se nos pés pra vencer do mito. 
Mas o Pererê, só tem um pé pra vencer!

SUBTRAÇÃO [MANOEL SERRÃO]







Tu me “roubaste” os “amigos”, quando te olho vida, são esses que eu já não os vejo sem tempo.

VADE RETRO [MANOEL SERRÃO]






As tentações dos homens e os demônios têm horror a poesia-em-ação.

MAR DE ROCHA [MANOEL SERRÃO]








Vela solta em mar de rocha.
Té que a vida esvaia sonhos?
É preciso! Navegar a todo o pano!

               

NUNCUPATIVA [MANOEL SERRÃO]







Nefanda e nuncupativa fora a tua paixão.

Nem Malasarte e nem Apollo nos seus mais gloriosos dias, 
Tiveram antídoto para o teu mortal ofídico.

ORA BOLAS [VIII] [Manoel Serrão]





Poesia educada é aquela que se levanta para ser declamada.

ALCÂNTARA LUAU DE MONTELLO [MANOEL SERRÃO]




Ó majestosa que nas noites trigueiras sob o luau de Montelo se revela, e que ao toque das campas tu'alma pujante e nua, levita das torres sineiras, espraia-se ao zéfiro sonhando com o Rei acordada; tu que por encanto das ruínas entranhas, renasces inda mais bela sob "o rosto do céu" para o eterno!






NOTA Fundada em 22 de dezembro de 1648, Alcântara está entre as mais antigas cidades maranhenses, precedendo até mesmo a capital do Estado – São Luís.

Com uma trajetória histórica que vai de aldeia a cidade, passando por capitania, vila e comarca, Alcântara destaca-se com referência cultural e tecnológica.
A promessa de visita de D.Pedro de Alcântara II, que nunca se concretizou, gerou uma competição entre Barões para construir, o que chamavam de, o mais belo Palácio para hospedá-lo. Daí o requinte e ostentação da arquitetura original da cidade, que chegou a ser capital da província.
Romance de Josué Montello passado em Alcântara, um dos centros da aristocracia maranhense no Império. A abolição da escravatura e a conseqüente mudança de economia, seguida da proclamação da República, explicam o processo de sua decadência, até tornar-se uma cidade quase morta.

GAVIÃO-DE-ASA-LARGA [MANOEL SERRÃO]






Na cama u
ma banda larga:
Espera outra caça.

O ÚLTIMO SUICÍDIO [MANOEL SERRÃO]





Ó velais o meu corpo que jaz inerte e que nu descansa imaleável sobre o pálio.

Velais o meu corpo pálido intemerato, putrescível, indigente e supérfluo nesse parco rito.
Ei-me, vem, e, faz-me o teu escárnio mórbido, o sarcasmo e o teu júbilo.
Vem, e, faz-me o teu desprezo, a mazela, o teu berro e o teu grito.
Vem, e, faz-me o teu espanto, tua admiração, tua dúvida, teu encanto; e, o teu medo.

Ó aqui de novo te evoco: vela o meu silêncio eterno, tão sinistro e profano quanto místico.
Vede esse é o meu mundo, a minha fábula, a recompensa, e o meu fardo imundo.
Ó vede pois enquanto existo entre tantos mistérios mudos, sestros, ingratos e obscuros,
Que pungem sonhos, a utopia da vida e sangrando-me morrerei sob o teu jugo.

E és tu ó Mortal sorrindo no rosto da morte? Inda indagas se vivi?
- Eu vivi... Juro! Eu vivi!
Na ânsia e no adágio da insana, ouço sonoras e fúnebres notas musicais.
Sim essa é a minha saga? Se essa é a minha sina que vaga quão manchas, espectros, e sombras intrusas de vozes e fantasmas.
Quisera eu ver o purgatório de Hades? Quisera!
Ah! Deus sabe: até que o confesses, a vossa carne fede até o universo. Ó insetos, parasitas e micróbios? Qualquer morte te serve!
Sou eu. Sou eu. O mundo que diria se soubesse de onde venho?
Lá havia homens às janelas, e olhavam ruas desertas e eternas...
Nunca serei uma mera exposição decorativa do-que-é-óbvio.


Escarra, meu filho, escarra-me no rosto! Despreza-me tanto quanto queiras.
Mas ajudai-me a vencer-me? Logo tu? Quem te morreu? A sãos e doentes, o que é para ser humano? Não sei!

Ó apaguem as luzes, vamos maestro! Vamos tocar a orquestra?
Escutem! Escutem! Escutem os violinos, os violões, o rufar das trombetas anunciando-lhes.
Exercitem em dissonantes os acordes que exalam no aceno o bálsamo do adeus, do membro amputado.
Ó maldição! Ó malditos sons!!!!! Ó malditos que regam o pranto das lágrimas e que espalham ao vento o lamento da despedida.
Ouviram!!!! Escutam-se o som de poucas palavras. Sobram soníferos, murmúrios...
E eis que segue o féretro mórfico rumo a ressurreição
A caminho do supremo e do divino reino.
Uma dádiva ancestral de lembranças e saudades lucrarás.
Ó devaneio devoto além do pensamento, vejo a minha construção;
A minha morada, ora é de sonhos sobre o eterno, ora é de pedra sob a terra.

Ó aqui estão as minhas horas...
Dá-me o templo e a ruína nos pedaços do tempo!
... e do espaço, vestígio e lenda, filhos do vento, e me pego cheio de alucinações.
Agora temente à febre que enfraquece o remédio...
Tomo o último analgésico que não sana o delírio e nem cura o da agonia que padece de alucinação...
Assim tombo silente no meu último suicídio!



ACÓRDÃO DE AMOR [Manoel Serrão]







O RELATÓRIO

De antemão sustentam os apelantes não ter sido considerado pelo juízo a quo que o alegado demonstra o rateio dos erros e responsabilidades recíprocos acumulados, o que motivou o desenlace sumário do casal.

Ademais, afirmam que em hipótese alguma fora concedido perdão dos erros ao casal ou houve renúncia à faculdade consuetudinária, como manifesto pela sentença ora atacada.

Por fim, as cópias dos acordos realizados entre os amantes credores do amor com este, não servem para legitimar a pretensão esposada pelos cônjuges, pois que realizados antes do imbróglio e com ônus a olhos nus para ambos.

O VOTO

Destarte, com estas considerações, dou total provimento ao apelo, mantendo a sentença que julgou improcedente a ação que separa o amor do casal, condenando o desamor e a amargura ao pagamento das custas processuais e honorários advocatícios ao patrono dos réus, que fixo em 1000 carinhos, 1000 afagos e 5000 mil beijos.

É como voto.
Des. Vigor da Paixão e do Amor Verdadeiro.

 

 

ESTRELAS [MANOEL SERRÃO]










Somos todos feitos de estrelas.

Somos estrelas...
Somos todos brilhos humanos de sonhos.

PARLATÓRIO [MANOEL SERRÃO]







Não deixa mais que as suas palavras
Não digam mais que as suas respostas.

ALFORRIA [MANOEL SERRÃO]






O conhecimento empodera o Ser e liberta o Homem.

EM NOME DO PAI [MANOEL SERRÃO]










Por tudo que é Nosso? 
Em nome do Pai,

Do Espírito Santo, amém!
Amem a poesia que medra d’alma e do sonho...
Ó v
ale a pena na mão!

FELICIDADE (MANOEL SERRÃO)






Felicidade! Digna-te, tu és um sonho...

ORA BOLAS [VII] [Manoel Serrão]






Poema é como o Sol, não precisa aparecer todo dia para provar que é poesia!

ARCAICODESUSADO (MANOEL SERRÃO)







A
tivista perdulário.
Bactéria anti-horário?
Bate o ponto otário!

CODIGO SAMURAI (Manoel Serrão)










No bushi-dô?
O código é do Samurai.
Mas no cangaço?
A honra de Lampião é o valor!
 

FURTO FAMÉLICO [MANOEL SERRÃO]








FURTO FAMÉLICO: "Furtar o amor" para saciar a fome de amar devido o estado de necessidade do coração.

Caracteriza-se excludente de ilicitude.

PENA: mil perdões amorosos.

INTERLÚDIO FINAL [MANOEL SERRÃO]




Saiamos das sombras, ó saiamos! Saiamos Eu e Tu da escuridão!
Vês, para onde vais? Para onde vais que alcances a luz que se nega ver?
De nada sabeis das vibrações altivas da luz.

Sabeis nas sombras nada vai além da quarta dimensão.
Oh! E vejo o óbvio que tu e ninguém ver, e que ignoras.
Então, inda afeeis a beleza das cousas imperfeitas e iluminadas?
Sem luz, daquilo que eu sei? Fria, dias não tardam dos silêncios das nuvens morrerão na Terra os teus sonhos e todos cairão sem evolução! 

Concede-te então um pouco de sonho: faze-te o Homem fraterno. O Ente energético na grandeza que Deus espera.
Respira a flor do dia que a vida te oferece: faze-te um novo Ser desperto evoluído no padrão vibratório do Universo.
Ó daquilo que eu sei? A vida sem luz põe-nos com os pés no erro sem direção!

FRANCO ATIRADOR [MANOEL SERRÃO]






Declarou. Datou,

Assinou. Registrou.
Tirou da mala o coração... Disparou o gatilho do amor tattou!

RISO, SÓ RISO [MANOEL SERRÃO]




Solto, hilare, contente...

Que me seja sábio e labial.
Que me seja suave e genial.
Ó tristeza, qual é a tua graça? Porque gracejas? Se a ridícula verdade da tua "alegria", Não ri a dias?..

FLOR DE LIS [MANOEL SERRÃO]







E a vida o beijou o abraçou e o amou...

Amou-o, porque era flor e poesia.
Mas as outras invejas rir-se-iam dele,
Ó que poucos risos se ouçam de mim que rimou! 

INFECUNDIDADE [MANOEL SERRÃO]


Ancestralidade por debaixo dos braços,
Como os guarda-chuvas dos nossos avós...
Olhos, outros, olhos tristes e cegos;
Olhos novos  sãos olhos nobres alegres;
Olhos novos vãs em corpos jovens de espíritos velhos.
Olhos cor de rosa em bocas católicas;
Olhos negros de óculos na testa;
Olhos azedos de perfumes nas roupas.
Olhos secos sem alma nos olhos;
Olhos e mais olhos nos olhos, e vejo infecundados mundos novos imundos dos tempos velhos.

QUIETAÇÃO [MANOEL SERRÃO]








O repouso é bom.

Mas o ócio é bem melhor.

SISTEMA LÍMBICO [MANOEL SERRÃO]






Ora o gânglio fujão e o límbico bufão.

Ora o basal mal comportado xingão.
Ó como é cinza o submundo do cérebro.

Wooo Wooo Wooo [MANOEL SERRÃO]



Paga a conta.
Baixa a conta.
Zera a conta.
Wooo Wooo Wooo
Papai Noel é o Kit-Comprar!

IRMÃO DO MEU TEMPO [Manoel Serrão]







[in memória do meu irmão Idalgo da Silveira Lacerda]


Pétala arrastada pelo vento,
A vida como um sopro enlanguesce.
Murcha, e seca, e consumada no irmão eterno do meu tempo: em instantes, emudece...

 

LÍNGUAS DE TRAPO [MANOEL SERRÃO]








Enquanto as línguas falam mal,

As bocas beijam bem!

ERAM OS DEUSES UTOPISTAS [MANOEL SERRÃO]








Os poetas são arquitetos, engenheiros e Deuses utopistas da poesia.

INCONSCIENTE [MANOEL SERRÃO]






ENTE

CIENTE
CONSCIENTE
MAS O INCONSCIENTE?
CIENTE SI FAZ PRESENTE!

SILÊNCIO SÁBIO [MANOEL SERRÃO]






Quem cala o feito, nem sempre consente, se lhe parece...

Calar é silêncio inteligente que apetece a alma da gente.

AS PALAVRAS ARDEM MAL - REVISITA+ÇÃO [I]




Dali online? Dali sem design no layout com know-how e arte? Ó Ketchup? Abre-te sésamo? Tem kamikazes na web e net meu compadre. Dali surreal sem backup era muito melhor.

Abracadabra!! Ops! Olha lá não é o Ali Baba de ki pá e kart sem Da Vinci diferenças repetidas em 40 das suas revisitações ao passado dos Ava tares. É o Ali concordando que algo é assim mesmo só porque tem alguém afirmando que o é? Ou se deve examinar dali o quê quem fala está falando?

Sofista? Copidesque? Copista? É tutti buona gente. Ou um "... mais sábio que esse homem; pois corremos o risco de não saber, nenhum dos dois, nada de belo nem de bom, pois enquanto ele pensa saber algo, não sabendo, eu, assim como não sei mesmo, também não penso saber... É provável, portanto, que eu seja mais sábio que ele numa pequena coisa, precisamente nesta: porque aquilo que não sei, também não penso saber". [Platão - Apologia de Sócrates - A Defesa - pag. 73/74].

Em pouco tempo então também a respeito de alguns poetas percebi isto: Bardos descalibrados na verborragia, asfixiados em soníferos do tipo: Le xotam - um boa noite cinderela, vertem-se em metamorfose de uma letal e venenosa serpente [...] - talvez! - Poetas que não acertam a agulha, as cobiçadas amadas em perene desdém das suas destravadas pessoas [...]. Os inditosos ensaiam preces lacrimejantes, convocando a comiseração alheia [...] e que amnésicos da ordem reinante no mundo dos ponteiros de que tudo avança, segue, passa e que vai mudando conforme os acontecimentos, vergastam, imprecam males aos lexicais, e nos higiénicos labirínticos de tão metódica mente insistam na repetitividade das coisas, sejam eles ditos terminológicos, lexicográficos, lexicológicos, e outros do campo; tanto quanto para aqueles que laboram para apreensão de fatos socioculturais, ou mesmo até para o estudo do nível lexical correspondentes às linguagens orais ou escritas "... que não era por sabedoria que poetavam o que poetavam, mas por certa natureza e inspirados, tal como os adivinhos divinos e os proferi dores de oráculos, pois também esses dizem muitas e belas coisas, mas nada sabem do que dizem. Os poetas [alguns] me mostraram passar também por uma situação assim" [Platão - Apologia de Sócrates - A Defesa - pag. 75].

É um conflito que adorna a lucidez. Ainda que razoáveis - no approach das revisitações - de que há estudos terminológicos modernos apontando claramente para uma passagem de uma terminologia de perspectiva normativa para um paradigma de perspectiva pragmático - comunicacional.

Longevo, brindar é um verbo polirrizo ancestral comemorativo, festivo, alegre para um drink do legítimo scotch, de preferência on the rocks, servido pela élégance do barman, "verdadeiro" Lord num happy hour de um Pub Inglês. Então The show must go on - O show tem que continuar - com palavras + luxuosas; No weekend da semântica e seus signos [Oh! que trash?] metalingua na califasia [e não é que a pronúncia é boa?] - tem a arte do falar. É tudo da primeiríssima qualidade anunciava um paparazzo de mini kilt com voz estentórea, que tal um lindo kit de prenomes? Ou talvez prefiram um remake de substantivos. Porque não levar em making off um kilo de felizes revisitações? São muitas + práticas - e bastante úteis para uso em caso de um check-up contra: Tabuísmos, palavras, locuções consideradas chulas; vocábulos que se referem ao metabolismo orgânico, aos órgãos e funções sexuais, expressões tabuizadas e de caráter eufemístico; gírias, ou contra a kappa das palavras em formas ditas populares e polissêmicas expressas por verbos, palavras onomatopaicas que podem trair-nos e levar-nos a olhar para certos problemas como problemas reais, quando eles não passam de puzzles importados que devem ser desmontados.

Penso então que tais coisas sejam mesmo assim, pois se em contextos diferentes o mesmo verbo apresenta transitividades distintas; se a polissemia contrariamente à sinonímia, que é o facto de várias palavras terem o mesmo significado, a polissemia é o facto de uma mesma palavra poder ter muitos significados diferentes - não necessariamente relacionados uns com os outros - que variam conforme o contexto em que a palavra é utilizada, porque então torcer [ou não] o nariz para as palavras lexicais de significado lexical - que são a representação da realidade extralingüística - agrupadas nas seguintes categorias: substantivo, adjetivo, verbo e advérbio, tampouco para as expressões de lexia complexa - uma gama de soldadura entre os elementos componentes de uma seqüência lingüística; com um forte índice de coesão interna, postas nos fins dos verbetes.

Por um fio, queira-se ou não, entre significantes e significados "Se o vinco da calça não está paralelo à costura" não importa, o colarinho da camisa é que define o nó da gravata. Não obstante os empréstimos estrangeiros como os falares populares ameaçarem de decadência o idioma, eis que no primeiro caso assistimos uma invasão de vocábulos estrangeiros, mormente do Inglês, descaracterizando e podendo levar a desagregação do idioma, no segundo porque neles, não se observa as regras gramaticais que regem o dito falar culto, o que de fato importa é que a palavra pode ter sabor de [kiwi, apple, orange ou seja lá o que for, etc.] saber profundo e transcender a infatigável exigência de atribuição de sentido inflexo para "arte". Condenada, ou ao exílio, ou à atimia, não sou nem "pró" nem "anti" lexias, muito pelo contrário, o certo é que entre próteses consumos e prosacs, entre lápis e borracha da Faber Castell a pinup do terceiro milênio se torna parte da cultura Pop. Si agi mal amiga... O mínimo é o mínimo. E não é que amo a risada do siri ema. Ufa! Putz! Que confusão? Preciso de um relax, senão o analista pode diagnosticar stress ou deprê.

Cooper pelo playground que circunda a Maison blanca de muitas suítes. Perdão! Sem delongas vou dar um time lendo um Best-seller no living do meu flat ou no Loft Libert Home.

Em grande style no outdoor, anuncio: The Book Is On The Table? Trank you very much!

São Luis [MA], 28 de outubro de 2010.
Manoel Serrão da Silveira Lacerda.

Fontes de referencia:
[01] olamtagv.wordpress.com/.../o-sentido-e-revisitacao-ou-uma-selva-dentro-da-selva-ou-por-que-e-que-o-cerebro-nao-explica-a-.;
[02] Revisitação da Terminologia Cultural de Narrativas Orais da Amazônia Paraense - Débora |Cristina do Nascimento |Ferreira - Dra. Língua e \Literatura vernáculas - UFPA e Dra. Maria Odaísa Espinheiro de Oliveira - Dra. Biblioteconomia - UFPA;
[03] Platão - Apologia de Sócrates - Editor L&PM POCKET.

LAGO AVISA TUPÃ [Manoel Serrão]




[Dedico-o ao poeta-amigo e irmão de poesia João Batista do Lago]



Ó rio gesta uterina nascente... Água das serras vertente que medra limpa.
Ó rio parido, remanso valente, serpentina rio cortante e corrente.
Ó rio calmaria silente que a verde mata ciliar eterno em seu colo o aninha, ó rio semente.
Ó flúmen rio cristalino... Diarreico que à escansão separa onde o verbo de ondulado a suave a pouco o fizera.

Há em ti um rio que enche a casa de luz como aqueles ribeiros versos do poeta;
Há em ti um rio vivente que o traga de fora para dentro d’alma.
Há em ti um rio de tudo! O chão, o mar, sagrado com os teus ossos a poeira da Terra num tempo qualquer que não conta...
Há em ti um rio onde o ralo estropiado d’um só gole bebera a penúltima sílaba tônica da tua várzea e quase o secara.

Há em ti um rio-mor, o Riomar... Ó raio Tupi o lamento! Avisa Tupã: “o alto alui sem asa e o médio veio abaixo navegar sem água”.
Há em ti um rio calhau aluvião assoreado de suas calhas; rio rimado “sujo” are no perene açodado.
Há em ti um rio barro-argiloso “poesia” das encostas desmatadas; um rio dos socorros nós...
O “mar” aquém da foz corrente que aspira à vida a se fazer voz.


Mas onde apascentas? Mas onde descansas?
Ó Rio redivivo como os verbos possíveis acuram passantes nas águas dos mares...
Rio Chuá...  Chuá...
Rio doce coração valente onde a bravura não desertou, ó “oceano d’alma sozinha”... Ó Poesia de acreditar no contrário do que a fé lhe impõe, teus canhões berram fogo.

Nunca morrerás por teres vivido. 

...

[Faz-nos saber, ó tu a quem m’alma reclama].  






 

LIVRINHO [MANOEL SERRÃO]







Lá onde se aprende a ser homem?

Coisa de amigo é alvo sem limite.
Mas hoje na caverna vazia, ó já fora tempo do último homem.

MACBEIJO TEEN [MANOEL SERRÃO]








Nosso primeiro beijo

Foi no MacDonald’s.
Depois no Bob’s,
Foi amor sem vergonha!

SERVENTIA [Manoel Serrão]





Vós sabeis do óbvio tanto quanto o fogo n’água sem [o] OX que a chama o apaga.
Vós sabeis do óbvio tanto quanto o rancor cego, e a inveja põem venda nos olhos.
Vós sabeis do óbvio tanto quanto o amor debela a ira, e o ódio sem razão o acaba.


A debalde não julgueis bastardias tão venais, tampouco as mil vis adularias ancestrais.
A debalde não forjeis aos consanguíneos e afins, idílios em távola festivos.


Vês, não deixeis celebrarem a injúria sussurrada aos ouvidos pelas bocas venenosas.
Vês, não deixeis impor-lhe o triste espetáculo dos carcinomas mentirosos, e o mal imanente da servidão.


Não os dês aos malditos convivas de aparências luminosas, ornados de jaeses e fantasias,
A glória de impor-lhe as vestes difamantes.
Não os dês aos pares sem igualha ancestral? Ó vês tu, tudo é caótico, apressa-te?
Não os dês como "deter" a marcha da glória! Ó quisera Deus, qualquer Deus...
Oh! como fede a inumanidade dos valores. D'us nunca mais!


Ide, sejais vós um único sujeito posto como sempre foras no tempo presente do verbo ser, uma só digna pessoa.
Ide, sejais vós único entre os diversos desiguais, e finca-te o pé por todos os dias, Deus enxerga!
Apressa-te! Um novo homem é possível! Tu, que és nobre, brilho proibido para seres d'almas menores. Vês, como a boca das trombetas o solo da terra lhes porá adubo nos pés, há um silêncio pronto a falar!


Alfim, inda cego por deixar de olhar? Ou por olhar e não ver, pulsante o coração? Aos embusteiros, serve-lhes só o olhar do "pavê" como sobremesa, e a porta como a serventia da casa! E vós, ó ditoso a todos dirás dos arreados e muares que julgam-te e condenam-te, à purga quem os são! Ó mais que mundo tão imundo os homens aqui nos dão?

GOIABADA CASCÃO [MANOEL SERRÃO]







Um beijo.

Um abraço.
Um doce e um aperto de mão.
Afeição, não é goiabada cascão.
É amor com paixão!

VERDE-CLAROS [MANOEL SERRÃO]





Oh! Que belos olhos em verdes-claros o todo dominado pelo senso da cor,
Você em mim só inspira amor, independente do que sinta, seja lá o que for.

NUEZA [MANOEL SERRÃO]







Toda nueza será castigada!

Devoto que não devorar o corpo?
A terra come!

RITMO ACELERADO [MANOEL SERRÃO]


  

Na pressão da rolha? Gás e bolhas...
E estoura u
ma ejaculação precoce!

SOFREGUIDÃO [MANOEL SERRÃO]







Epidêmica "cheia de si",
acreditando-se um ser superior? 
Ó inveja, teu mal é crer que os outros o invejam.

As Palavras Ardem Mal – revisita+ção [I] [Manoel Serrão]



Dali online? Dali sem design no layout com know-how e arte? Ó Ketchup? Abre-te sésamo? Tem kamikazes na web e net meu compadre. Dali surreal sem backup era muito melhor.

Abracadabra!! Ops! Olha lá não é o Ali Baba de ki pá e kart sem Da Vinci diferenças repetidas em 40 das suas revisitações ao passado dos Ava tares. É o Ali concordando que algo é assim mesmo só porque tem alguém afirmando que o é? Ou se deve examinar dali o quê quem fala está falando?

Sofista? Copidesque? Copista? É tutti buona gente. Ou um "... mais sábio que esse homem; pois corremos o risco de não saber, nenhum dos dois, nada de belo nem de bom, pois enquanto ele pensa saber algo, não sabendo, eu, assim como não sei mesmo, também não penso saber... É provável, portanto, que eu seja mais sábio que ele numa pequena coisa, precisamente nesta: porque aquilo que não sei, também não penso saber". [Platão - Apologia de Sócrates - A Defesa - pag. 73/74].

Em pouco tempo então também a respeito de alguns poetas percebi isto: Bardos descalibrados na verborragia, asfixiados em soníferos do tipo: Le xotam - um boa noite cinderela, vertem-se em metamorfose de uma letal e venenosa serpente [...] - talvez! - Poetas que não acertam a agulha, as cobiçadas amadas em perene desdém das suas destravadas pessoas [...]. Os inditosos ensaiam preces lacrimejantes, convocando a comiseração alheia [...] e que amnésicos da ordem reinante no mundo dos ponteiros de que tudo avança, segue, passa e que vai mudando conforme os acontecimentos, vergastam, imprecam males aos lexicais, e nos higiénicos labirínticos de tão metódica mente insistam na repetitividade das coisas, sejam eles ditos terminológicos, lexicográficos, lexicológicos, e outros do campo; tanto quanto para aqueles que laboram para apreensão de fatos socioculturais, ou mesmo até para o estudo do nível lexical correspondentes às linguagens orais ou escritas "... que não era por sabedoria que poetavam o que poetavam, mas por certa natureza e inspirados, tal como os adivinhos divinos e os proferi dores de oráculos, pois também esses dizem muitas e belas coisas, mas nada sabem do que dizem. Os poetas [alguns] me mostraram passar também por uma situação assim" [Platão - Apologia de Sócrates - A Defesa - pag. 75].

É um conflito que adorna a lucidez. Ainda que razoáveis - no approach das revisitações - de que há estudos terminológicos modernos apontando claramente para uma passagem de uma terminologia de perspectiva normativa para um paradigma de perspectiva pragmático - comunicacional.

Longevo, brindar é um verbo polirrizo ancestral comemorativo, festivo, alegre para um drink do legítimo scotch, de preferência on the rocks, servido pela élégance do barman, "verdadeiro" Lord num happy hour de um Pub Inglês. Então The show must go on - O show tem que continuar - com palavras + luxuosas; No weekend da semântica e seus signos [Oh! que trash?] metalingua na califasia [e não é que a pronúncia é boa?] - tem a arte do falar. É tudo da primeiríssima qualidade anunciava um paparazzo de mini kilt com voz estentórea, que tal um lindo kit de prenomes? Ou talvez prefiram um remake de substantivos. Porque não levar em making off um kilo de felizes revisitações? São muitas + práticas - e bastante úteis para uso em caso de um check-up contra: Tabuísmos, palavras, locuções consideradas chulas; vocábulos que se referem ao metabolismo orgânico, aos órgãos e funções sexuais, expressões tabuizadas e de caráter eufemístico; gírias, ou contra a kappa das palavras em formas ditas populares e polissêmicas expressas por verbos, palavras onomatopaicas que podem trair-nos e levar-nos a olhar para certos problemas como problemas reais, quando eles não passam de puzzles importados que devem ser desmontados.

Penso então que tais coisas sejam mesmo assim, pois se em contextos diferentes o mesmo verbo apresenta transitividades distintas; se a polissemia contrariamente à sinonímia, que é o facto de várias palavras terem o mesmo significado, a polissemia é o facto de uma mesma palavra poder ter muitos significados diferentes - não necessariamente relacionados uns com os outros - que variam conforme o contexto em que a palavra é utilizada, porque então torcer [ou não] o nariz para as palavras lexicais de significado lexical - que são a representação da realidade extralingüística - agrupadas nas seguintes categorias: substantivo, adjetivo, verbo e advérbio, tampouco para as expressões de lexia complexa - uma gama de soldadura entre os elementos componentes de uma seqüência lingüística; com um forte índice de coesão interna, postas nos fins dos verbetes.

Por um fio, queira-se ou não, entre significantes e significados "Se o vinco da calça não está paralelo à costura" não importa, o colarinho da camisa é que define o nó da gravata. Não obstante os empréstimos estrangeiros como os falares populares ameaçarem de decadência o idioma, eis que no primeiro caso assistimos uma invasão de vocábulos estrangeiros, mormente do Inglês, descaracterizando e podendo levar a desagregação do idioma, no segundo porque neles, não se observa as regras gramaticais que regem o dito falar culto, o que de fato importa é que a palavra pode ter sabor de [kiwi, apple, orange ou seja lá o que for, etc.] saber profundo e transcender a infatigável exigência de atribuição de sentido inflexo para "arte". Condenada, ou ao exílio, ou à atimia, não sou nem "pró" nem "anti" lexias, muito pelo contrário, o certo é que entre próteses consumos e prosacs, entre lápis e borracha da Faber Castell a pinup do terceiro milênio se torna parte da cultura Pop. Si agi mal amiga... O mínimo é o mínimo. E não é que amo a risada do siri ema. Ufa! Putz! Que confusão? Preciso de um relax, senão o analista pode diagnosticar stress ou deprê.

Cooper pelo playground que circunda a Maison blanca de muitas suítes. Perdão! Sem delongas vou dar um time lendo um Best-seller no living do meu flat ou no Loft do meu Libert Home.

Em grande style no outdoor, anuncio: The Book Is On The Table? Trank you very much!

São Luis [MA], 28 de outubro de 2010.
Manoel Serrão da Silveira Lacerda.

Fontes de referencia:
[01] olamtagv.wordpress.com/.../o-sentido-e-revisitacao-ou-uma-selva-dentro-da-selva-ou-por-que-e-que-o-cerebro-nao-explica-a-.;
[02] Revisitação da Terminologia Cultural de Narrativas Orais da Amazônia Paraense - Débora |Cristina do Nascimento |Ferreira - Dra. Língua e \Literatura vernáculas - UFPA e Dra. Maria Odaísa Espinheiro de Oliveira - Dra. Biblioteconomia - UFPA;
[03] Platão - Apologia de Sócrates - Editor L&PM POCKET.

PANTOMIMA [MANOEL SERRÃO]






Misturar verdades com mentiras,

Ou meias verdades, com meias mentiras?
Não passam de mentiras inteiras, e meias verdades!

REVISITA+ÇÃO [I] [Manoel Serrão]




Dali online? Dali sem design no layout com know-how e arte? Ó Ketchup? Abre-te sésamo? Tem kamikazes na web e net meu compadre. Dali surreal sem backup era muito melhor.

Abracadabra!! Ops! Olha lá não é o Ali Baba de ki pá e kart sem Da Vinci diferenças repetidas em 40 das suas revisitações ao passado dos Ava tares. É o Ali concordando que algo é assim mesmo só porque tem alguém afirmando que o é? Ou se deve examinar dali o quê quem fala está falando?

Sofista? Copidesque? Copista? É tutti buona gente. Ou um "... mais sábio que esse homem; pois corremos o risco de não saber, nenhum dos dois, nada de belo nem de bom, pois enquanto ele pensa saber algo, não sabendo, eu, assim como não sei mesmo, também não penso saber... É provável, portanto, que eu seja mais sábio que ele numa pequena coisa, precisamente nesta: porque aquilo que não sei, também não penso saber". [Platão - Apologia de Sócrates - A Defesa - pag. 73/74].

Em pouco tempo então também a respeito de alguns poetas percebi isto: Bardos descalibrados na verborragia, asfixiados em soníferos do tipo: Le xotam - um boa noite cinderela, vertem-se em metamorfose de uma letal e venenosa serpente [...] - talvez! - Poetas que não acertam a agulha, as cobiçadas amadas em perene desdém das suas destravadas pessoas [...]. Os inditosos ensaiam preces lacrimejantes, convocando a comiseração alheia [...] e que amnésicos da ordem reinante no mundo dos ponteiros de que tudo avança, segue, passa e que vai mudando conforme os acontecimentos, vergastam, imprecam males aos lexicais, e nos higiénicos labirínticos de tão metódica mente insistam na repetitividade das coisas, sejam eles ditos terminológicos, lexicográficos, lexicológicos, e outros do campo; tanto quanto para aqueles que laboram para apreensão de fatos socioculturais, ou mesmo até para o estudo do nível lexical correspondentes às linguagens orais ou escritas "... que não era por sabedoria que poetavam o que poetavam, mas por certa natureza e inspirados, tal como os adivinhos divinos e os proferi dores de oráculos, pois também esses dizem muitas e belas coisas, mas nada sabem do que dizem. Os poetas [alguns] me mostraram passar também por uma situação assim" [Platão - Apologia de Sócrates - A Defesa - pag. 75].

É um conflito que adorna a lucidez. Ainda que razoáveis - no approach das revisitações - de que há estudos terminológicos modernos apontando claramente para uma passagem de uma terminologia de perspectiva normativa para um paradigma de perspectiva pragmático - comunicacional.

Longevo, brindar é um verbo polirrizo ancestral comemorativo, festivo, alegre para um drink do legítimo scotch, de preferência on the rocks, servido pela élégance do barman, "verdadeiro" Lord num happy hour de um Pub Inglês. Então The show must go on - O show tem que continuar - com palavras + luxuosas; No weekend da semântica e seus signos [Oh! que trash?] metalingua na califasia [e não é que a pronúncia é boa?] - tem a arte do falar. É tudo da primeiríssima qualidade anunciava um paparazzo de mini kilt com voz estentórea, que tal um lindo kit de prenomes? Ou talvez prefiram um remake de substantivos. Porque não levar em making off um kilo de felizes revisitações? São muitas + práticas - e bastante úteis para uso em caso de um check-up contra: Tabuísmos, palavras, locuções consideradas chulas; vocábulos que se referem ao metabolismo orgânico, aos órgãos e funções sexuais, expressões tabuizadas e de caráter eufemístico; gírias, ou contra a kappa das palavras em formas ditas populares e polissêmicas expressas por verbos, palavras onomatopaicas que podem trair-nos e levar-nos a olhar para certos problemas como problemas reais, quando eles não passam de puzzles importados que devem ser desmontados.

Penso então que tais coisas sejam mesmo assim, pois se em contextos diferentes o mesmo verbo apresenta transitividades distintas; se a polissemia contrariamente à sinonímia, que é o facto de várias palavras terem o mesmo significado, a polissemia é o facto de uma mesma palavra poder ter muitos significados diferentes - não necessariamente relacionados uns com os outros - que variam conforme o contexto em que a palavra é utilizada, porque então torcer [ou não] o nariz para as palavras lexicais de significado lexical - que são a representação da realidade extralingüística - agrupadas nas seguintes categorias: substantivo, adjetivo, verbo e advérbio, tampouco para as expressões de lexia complexa - uma gama de soldadura entre os elementos componentes de uma seqüência lingüística; com um forte índice de coesão interna, postas nos fins dos verbetes.

Por um fio, queira-se ou não, entre significantes e significados "Se o vinco da calça não está paralelo à costura" não importa, o colarinho da camisa é que define o nó da gravata. Não obstante os empréstimos estrangeiros como os falares populares ameaçarem de decadência o idioma, eis que no primeiro caso assistimos uma invasão de vocábulos estrangeiros, mormente do Inglês, descaracterizando e podendo levar a desagregação do idioma, no segundo porque neles, não se observa as regras gramaticais que regem o dito falar culto, o que de fato importa é que a palavra pode ter sabor de [kiwi, apple, orange ou seja lá o que for, etc.] saber profundo e transcender a infatigável exigência de atribuição de sentido inflexo para "arte". Condenada, ou ao exílio, ou à atimia, não sou nem "pró" nem "anti" lexias, muito pelo contrário, o certo é que entre próteses consumos e prosacs, entre lápis e borracha da Faber Castell a pinup do terceiro milênio se torna parte da cultura Pop. Si agi mal amiga... O mínimo é o mínimo. E não é que amo a risada do siri ema. Ufa! Putz! Que confusão? Preciso de um relax, senão o analista pode diagnosticar stress ou deprê.

Cooper pelo playground que circunda a Maison blanca de muitas suítes. Perdão! Sem delongas vou dar um time lendo um Best-seller no living do meu flat ou no Loft Libert Home.

Em grande style no outdoor, anuncio: The Book Is On The Table? Trank you very much!

São Luis [MA], 28 de outubro de 2010.
Manoel Serrão da Silveira Lacerda.

Fontes de referencia:
[01] olamtagv.wordpress.com/.../o-sentido-e-revisitacao-ou-uma-selva-dentro-da-selva-ou-por-que-e-que-o-cerebro-nao-explica-a-.;
[02] Revisitação da Terminologia Cultural de Narrativas Orais da Amazônia Paraense - Débora |Cristina do Nascimento |Ferreira - Dra. Língua e \Literatura vernáculas - UFPA e Dra. Maria Odaísa Espinheiro de Oliveira - Dra. Biblioteconomia - UFPA;
[03] Platão - Apologia de Sócrates - Editor L&PM POCKET.

ESCRITOS [MANOEL SERRÃO]







Como são diferentes as nossas palavras,

E cada escrito com seu uso.
Porque palavras voam, os escritos ficam.

R.E.C.O.M.P.E.N.S.A [MANOEL SERRÃO]






Procura-se
Vivo um amor perdido...
R.E.C.O.M.P.E.N.S.A
R$ 10 [DEZ] milhões de amores REAIS para a vida.

VIRTUDES TEOLOGAIS [Manoel Serrão]








A fé que atua pelo amor e que opera pela caridade, é o vínculo mais-que-perfeito que nos une a Deus.

O DESDÁ-O-NÓ [Manoel Serrão]




 

PROVIDENTE [MANOEL SERRÃ0]






Deus nos dá as nozes.

Agora as trate de quebrá-las, e semeá-las!

ARBÍTRIO [MANOEL SERRÃO]









Livre arbítrio:

O phoder da escolha.

INSTANTE [Manoel Serrão]




Bem-vinda
Ao instante O'Hara...
E o Tempo Levou!

SENIL + I + DADE [Manoel Serrão]




Amei-te bem, bela mocidade!
Agora que senil na maior idade,
Se me amas terei a tua idade.



SENIL + I + DADE [Manoel Serrão]




Amei-te bem, bela mocidade!
Agora que senil na maior idade,
Se me amas terei a tua idade.



SENIL + I + DADE [Manoel Serrão]




Amei-te bem, bela mocidade!
Agora que senil na maior idade,
Se me amas terei a tua idade.



THE END [MANOEL SERRÃO]





Dei-me a ti em soluço e sorriso.

E tu sequer recordas o meu nome.
Inda assim, entre o mito da paixão e o rito do amor?
O amanhã recomeço hoje.

SOMOS TODOS [MANOEL SERRÃO]






Somos todos Sol e flores.

Somos todos Deus em si.
Somos todos teus de amores.
Somos todos um só... E Deus quer ser!