Vamos brincar com as letras
As letras do alfabeto
Sem as letras não aprendes
A ler e a escrever correto
Com o A, dizes Amigo
Com o B, que ele é Bonito
Com o C, está de Castigo
Com o D, que Deprimido!
Com o E, Elogiado
Com o F, Festejado
Com o G, foi Gabado
Com o H, Hipnotizado
Com o I, Incontrolado
Com o J, o José
Levou o K, para o Karaté
Disse ao L, és leviano
Vamos aprender outras letras
Pois quero passar de ano
O M, então Mergulhou
Com o N, Namorou
Com o O, se Ofendeu
Com o P, se Perdeu
Com o Q, Queria
Que o R, à Revelia
Trouxesse o S, Sabedor
Para o T, que é Traidor
Ter o U, e Usufruir
Do V, Verdadeiro
Apagar o W, Washington
Que é letra do estrangeiro
Toca com o X, o Xilofone
Acompanha a letra Y, ípsilon
E para escrita fazer sentido
Ouve bem o que te digo
Procura ligar pelo som
As vogais e consoantes
Forma palavras a silabar
Escreve coisas importantes
E o alfabeto chegou ao fim
Com o Z a reZingar
Porque queria uma palavra
Com o Z a começar
Maria Antonieta Matos 10-09-2012
Injustiça ao nascer
O berço é desigual
Uns começam logo a sofrer
Sem ainda fazer mal
Ao crescer ainda criança
Anda a pedir para comer
Explorado pela ganância
Sem o adulto nada fazer
Ao brincar é discriminado
Por ser pobre ou diferente
Sempre a ser injustiçado
De uma forma indecente
Em adulto suas qualidades
São de importância menor
No meio de falsidades
É escravo cheio desamor
Quantos se dizem ser amigos
Para o outro cativar
Cheios de muitos sorrisos
E a faca estão a cravar
O fraco sem grande margem
Para se poder manobrar
É sufocado pela ordem
Dum que o queira desgastar
Na justiça se não tiver bens
Que o possam absolver
Culpado fica refém
Sem ninguém para o proteger
O poder é perverso
Subjuga o subordinado
Que faz tudo que é complexo
Com muito pouco ordenado
Com todos os trocos contados
A saúde não é prioritária
Doentes andam esforçados
Numa inexistência diária
O carimbo que se aplica
A qualquer pessoa de bem
Só por má-fé se justifica
E quem não quer ver, também
Maltratar um idoso
Ou pessoa pela cor
Absolver um criminoso
É injusto seja onde for
07-11-2012 Maria Antonieta Matos
Na mão trago comigo
Os livros que hoje escolhi
Para ler em qualquer sítio
E pensar no que aprendi
Recomendo ao amigo
E amiga hoje a leitura
Leve o livro sempre consigo
Valorize mais a cultura
Se gostar, pode sonhar
Se não gostar critique
Ocupe a mente a pensar
Parado é que não fique
Divagar pela leitura
Com alma e o coração
Poder viver a aventura
Só com um livro na mão
Gostar muito de sonhar
Ou ter outra sensação
No livro pode mergulhar
Para resolver a solução
A leitura é ascensão
Aprender para saber
Reforça a compreensão
Traz sempre um livro para ler
Num diálogo permanente
Aprendendo a ver mundo
A leitura enriquece a mente
Fazendo luz no escuro profundo
Procurar sempre para ler
Um livro que nos cative
Que tenha essência e, ter
A instrução que se precise
Aprender em cada dia
Crescer de espírito aberto
Semear letras de alegria
E dizer o que achar correcto
Na busca de conhecimento
Se edificam as ideias
Formando no pensamento
As criações que incendeias,
Maria Antonieta Matos 29-08-2012
Pinturas de meu amigo Costa Araújo
É inútil definir o sofrimento,
O sentir a solidão, o isolamento
Não há expressão que comente,
Esse lamento...!
É inútil definir as atrocidades
Homens que desculpas dão... por inverdades!
No ignóbil estar de pensamento,
Ferem sem dó, suscetibilidades!
É inútil definir a revolta,
a dor que a mesma provoca,
Em cada corpo, em cada alma,
Sensação acumulada que sufoca!
É inútil definir uma criança,
Prostrada no chão sem esperança,
O seu olhar enigmático... não amada,
a fome no seu corpo mostrada!
É inútil definir tanto grito,
O bracejar tão aflito,
Belas palavras pintar,
Sem resolução do conflito!
É inútil definir o poema,
Que envolve o mundo de teimas,
Ferido de gargalhadas e esquemas,
Coberto por muitas
algemas!
08-08-2014 Maria Antonieta Matos
Chuva são gotas de água
Que caiem do céu
Como uma alvorada!
São nuvens carregadas
De gotas paradas
Que quando se rompem
Saem disparadas
E molham e molham
Quem não trás chapéu
E são muitas as vezes
Que fico molhada
Porque o vento soprou, o chapéu…
Para a retaguarda!
Eu gosto da chuva
Do encanto que trás
Mas não das travessuras
Que ás vezes faz!
Gosto de olhar
Por trás da vidraça
Ouvir á lareira
O tilintar com graça.
Gosto de olhar
As flores a vibrar
De contentamento,
Vejo-as a gracejar
Quando vem o vento
Gosto de contemplar
E ficar…
No meu pensamento
Maria Antonieta Matos 07-01-2011
Pintura de meu amigo Costa Araújo
Tenho um jardim de flores
Perfumando o meu dia-a-dia
Enfeitado com lindas cores
Enchendo-me de alegria!
Maria Antonieta Matos 27-08-2012
Fiz uma aterragem
Num campo selvagem
Encontrei a cegonha
No ninho deitada
Com os seus filhos
Numa matraqueada
Encontrei o macaco
Nas árvores a baloiçar
E dentro de um buraco
A cobra a sonhar
A pastar a vaca
O pasto fresquinho
E em cima da fraca
Estava um passarinho
Entretida a ver
Os cisnes no lago
Sem me aperceber
Senti um afago
Beijou-me o macaco
Depois deu um salto
Um salto tão alto
Fiquei em sobressalto
Que me arrepiei
Se caísse em falso
Muito descontraída
Por entre os sobreiros
Dormi protegida
Sob os seus sombreiros
Depois do descanso
Vi o pónei manso
O camelo e a zebra
Olhando uma lesma
Fugindo indefesa
Escondeu-se no solo
E vi o canguru
Com o filho ao colo
Gritei-lhe cucu
E piscou-me o olho
Passava o Chital
Com ar elegante
Arfava, arfava
E parou um instante
Entretanto o Gamo
Com o corno entalado
Num grande ramo
Ficou rodeado
De gente a mirar
Mas muito concentrado
Conseguiu-se soltar
Passava o perú
Com leque elegante
Arrufava, arrufava
E parou um instante
Entretanto a fraca
Com linda casaca
Desfila aprumada
E ficou cercada
De público a olhar
Seu trajo invulgar
Num silêncio absoluto
E a pestanejar
O crocodilo, muito astuto
Põe-se a rastejar
Ali a tartaruga
Virando a cabeça
Saía a espreitar
Fazendo das suas
Para mergulhar
Grande desafio
Saltando e brincando
Cabras num redopio
As folhas trincando
De olhos fechados, a avestruz
Voava e sonhava
Não viu onde estava
E truz catrapus
Espantou o papagaio
Pousado no chão
E grita sabichão,
A olhar de soslaio
Ai, ai que eu desmaio
No prado a ovelha
Branquinha de neve
Coça a orelha
Por causa da guedelha
Tão enroladinha
Saiu uma bolinha
Muito bem feitinha
Despistado o porco-espinho
Que corria sozinho
Fez um alvoroço
Ao bater com o focinho
No pé da azinheira
Entretém-se a comer
Com grande cegueira
Nem dá por chover
De orelha fitada
Observando tudo
A lebre revirada
Com o olho num canudo
E a cria a mamar
A puxar pela teta
Não pára de brincar
Parece uma vedeta
Faço um intervalo
E fico a ressonar
Surpreende-me o galo
A cantarolar
Mas que belo canto
Para eu acordar
Um tenor, um espanto
Para harmonizar
Nesta fantasia
Estão belas chitas
E tenho a primazia
De ver as mais bonitas
Vejo lamas na cama
Com pijama às listas
A passear o elande
Com muito aparato
É deveras grande
Mas não parte um prato
Lémures fantasiados
Macacos a macaquear
E se forem bem mirados
Canguru parecem achar
Nandus desfilando
Numa linda passadeira
Com o pescoço girando
E o corpo à maneira
Ornamentados os Axis
Têm coroa avantajada
Quando estão a namorar
Por um triz, ai por um triz
Não fica a coroa engatada
Cervicapras cabriolas
Com feitio engraçado
Saltam e pulam no montado
Em jeito de sapateado
No final toca orquestra
E há muita animação
A burrica é a maestra
Ouve-se grande ovação
E eu acordei do sonho
A cantar uma canção
No campo Selvagem
Prima a natureza
Faz uma viagem
Para ver a beleza
Caminhando desprendido
Envolvendo os sentidos
Os sons e os cheiros,
O ver e o tocar
Animais protegidos
Convivendo com a natureza
Saltitando aqui e ali
Esta visita é com certeza
Um momento muito feliz
Vamos ver os animais
Ao parque do campo Selvagem
Conhecê-los por demais
Como brincam e o que fazem
Olha ali, o lindo Pavão
Com seu leque colorido
Come os bichinhos no chão
E é muito atrevido
Olha as cabritas anãs
Tão divertidas que estão
Brincam com as suas irmãs
Fazem muita confusão
Ciumento com sua dama
Com beleza a cortejar
Ecoa com muita chama
Dia e noite sem parar
Convivendo com a natureza
Ao ar livre e muito feliz
Passeando com certeza
Por aqui e por ali
O Perú todo enrufado
Abre o leque gracioso
Na quintinha destacado
Por se mostrar tão airoso
Maria Antonieta Matos 07-12-2011
Capacidade de raciocínio
Localizada na mente
Faculdade crítica e domínio
Desenvolvidos pelo que sente
Entendimento aguçado
Para decifrar uma ideia
Ou documento escriturado
Ter conhecimento encadeia
A inteligência apreende
As ideias mais complexas
Todo obstáculo transcende
Em situações adversas
Inteligência tenta aclarar
E organizar um conceito
Outra mente, o pode melhorar
Ou nem pensar desse jeito
No abstrato vê formas
Difíceis de compreensão
Mas tem capacidade notória
De facilitar a explicação
Aprofunda e amplia
A complexidade no mundo
De tudo que o rodeia
Tendo justificação para tudo
Reconhece sentimentos
Evocando as emoções
Presente em todos os momentos
Para resolver as situações
Inteligência na relação
Como forma de bem-estar
Ou o computador com expressão
Quando está algo a pesquisar
Évora, 28-11-2012 Maria Antonieta Matos
Cessem de se empolgarem dos feitos
Numa sonância sublime enganadora
Que a mentira se desfaz por conceitos
Que tarde ou cedo, se afirma reveladora
Gracejem lá do alto com olhares cegos
Em comunhão na zombaria gloriosos
Acostumai-vos a sugar todos os servos
Com estranhos jeitos miraculosos
Deitem abaixo um país erguido
Que o presente e futuro vê protegido
Arrependam-se amanhã que já tarda
Deitem-lhe fogo que depois de já ardido
O generoso ânimo bem-sucedido
Fraqueja, temeroso, mas não resta nada
11-10-2013 Maria Antonieta Matos
In "Poesia Sem Gavetas III"
Gostava de ter nascido
Perto dessa imensidão
Nunca teria sentido
Um só minuto, solidão
Me deitava na areia
Ondas me vinham tapar
Olhava à noite as estrelas
Ficava sempre a sonhar
Com os peixinhos brincava
Conversava com a lua
O sonho me aconchegava
Meu amor, seria tua
03-09-2012 Maria Antonieta Matos
Vincado na personalidade
O carácter é temperamento
Demonstrado pelo sentir
Comandado pelo pensamento
E pela forma de agir
A importância do que se pensa
Sobre tudo o que se faz
Na fisionomia e na ética
O carácter é o seu cartaz
No poder se atesta o carácter
Bastante difícil de perceber
Só mostra a face no perder
Jogando o que for para tudo ter
Com conduta indestrutível
Baseada na virtude e na moral
Em cada dia irreversível
Não faz diferente no que é igual
O carácter tem grande valor
Na definição de cada ser
Do coração e do interior
Todos se dão a conhecer
Exteriorizar as emoções
respeitando seja quem for
Fazer do carácter a marca
Que mais demonstre rigor
17-08-2013 Maria Antonieta Matos
Antecede momentos de pânico
Reais ou irreais
Ânsia e muito desânimo
Sensações corporais
Sensação desagradável
Angústia, muita aflição
Inquietude, indesejável
Cheia de grande excitação
Os sintomas de fatiga
Falta de ar ou estar sufocado
Um arrepio na barriga
Coração mais acelerado
O tórax a apertar
Alguma transpiração
E a boca a começar secar
Ansiedade é emoção
Ansiedade se acarreta
Sem às vezes saber como
O estado biológico afeta
Provocando grande transtorno
Ansiedade por viver
Mudar o estado das coisas
Até impede de comer
Mesmo sem a pessoa querer
Ansiedade por um trabalho
Por ter a família às costas
Não ter pão e agasalho
Estarem fechadas todas as portas
Ansiedade por um amor
Correspondido ou não
Sentir a chama ou a dor
O aperto no coração
A doença gera ansiedade
Um estado geral debilitado
O medo e a sensibilidade
Deixa o doente amargurado
Uma situação de perigo
Ou mesmo de adrenalina
Numa o medo está contigo
Noutra por gosto alinha
20-11-2012 Maria Antonieta Matos
Vamos lá a saber
Com todo o carinho
A plantação da videira
Até fazer o vinho
Ter em conta o solo
E a sua preparação
É o passo importante
Nesta condução
É plantado o Bacelo
Na terra preparada
E enxertado
Com a casta apreciada
A doença prevenir
E a vinha não sucumbir
É utilizado o enxerto
Para se poder expandir
No pé da videira
Cortado ao meio
Junta o enxerto
E ata-se o recheio
Coberto com terra
E muito bem atado
Tem força de ferro
Está bem acostado
O cuidado é permanente
Para evitar a praga
Que é persistente
E não se apaga
Para a videira rebentar
Com fruto de qualidade
É necessário podar
Não ligues à quantidade
Em cada nó
Estão dois rebentos
Corta o de cima
Para ter mais sustento
Ficam só dois olhos
Para rebentar
A amarração ao arame
Chama-se empar
Sentida a videira
Quando o corte ocorre
Desata num choro
O seu galho escorre
Esta operação
Alinha a videira
Facilita a manobra
É mais certeira
No crescimento
E maturação
É preciso regar
Para a formação
Saber a acidez da uva
A altura de vindimar
E o cuidado com a chuva
Tudo é preciso analisar
Os cachos a crescer
E o verde da vinha
Vem ver para querer
Paisagem tão linda
Caminhos alinhados
Para o rancho passar
Lindos coloridos
É bom apreciar
Verde e avermelhada
Ao sol a brilhar
Regala os olhos
Paisagem de pasmar
Com energia e humor
O rancho a vindimar
Canta modas ao amor
E o tempo não vê passar
Corta o cacho para o cesto
E depois vai para um cabaz
É transportado ao ombro
Com a força de um rapaz
Um carro de caixa aberta
Seguindo para o lagar
Leva a uva descoberta
Para num tanque pisar
Com uva madura
E muito saudável
Obtêm-se um vinho
Muito apreciável
Calcando as uva
Sem descansar
Estão ali uns homens
A
muito custar
Com o passo certo
E muito chegados
Caminham em linha
Todos entrelaçados
Faz-se a trasfega
Para o vinho fermentar
Obter todo o sabor
Que vai ficar
Separar o mosto
Para obter o vinho
Só a filtragem
Com coador fininho
Existe a pipa
Para armazenar
De madeira com ripas
E dá bom paladar
Em garrafa transportado
Ou embalado
Vai para o comércio
Para ser comercializado
Maria Antonieta Matos 17/07/2011
O Duarte sempre muito atento
Aos fenómenos da respiração
Não se cala por um só momento
Quer saber todo o seguimento
E o que tem a ver com o pulmão
Já me tramastes ó rapaz
Vou pensar para te explicar
Não sei se vou ser capaz
Mas nada custa tentar
O corpo humano precisa de ar
É essencial para viver
Tudo se pode comprovar
Com a respiração a suster
Vás dizer que tens falta de ar
E começas a inspirar
Enches o teu peito de ar
Sentes o corpo a aliviar
Pelas narinas entra o ar
Flui pelas cavidades nasais
Onde tem células para cheirar
Mucosas e ainda mais
Os pêlos, para a poeira filtrar
O ar passeia pela faringe
Partilhado com o alimento
Mas quando o ar entra na laringe
Não quer nada para este evento
Aqui na passagem do ar
Durante a respiração
Produzes som, vás querer falar
Ao que se chama fonação
Avó como se chama
O que bloqueia o alimento
Que às vezes até nos trama
Por algum breve momento?
É a traqueia a seguir à laringe
Que expulsa de passar
O alimento, muco e corpos estranhos
Que dificultam o respirar
Depois no tórax penetra
Bifurcando-se nos brônquios
E como rios à descoberta
Ramificam-se nos bronquíolos
E a seguir nos alvéolos
Que é função que vai trocar
O oxigénio e dióxido de carbono
Pela membrana capilar alvéolo-pulmonar
O ar se encontra nos pulmões
Com o sangue circulante
Órgãos essenciais na respiração
Os pulmões são importantes
Aqui ocorrem trocas gasosas
Hematose Pulmonar
Ar e sangue fazem a vida vigorosa
Tudo no corpo a trabalhar
Évora, 11-12-2012 Maria Antonieta Matos
Escondes-me em caminhos curvilíneos, com pedras e bicos,
turbulentos, movediços, escorregadios com buracos e picos,
com torrões, confusões, labirintos…
E vens convencer-me a passar por aí
E eu, cega… enfeitiçada na tua lábia … por aí…caí
Queres decidir o meu destino, falas-me de mansinho,
Estrelado de promessas… e eu no triste fado, tropeço sem ti
Ah! Quantas falsas histórias, inventadas, forjadas
Com falas entoadas me veem cativar?
Que tarde do mau sonho eu consigo acordar
Mas aí, estou arruinada, acabada,
alucinada, caída na podridão… e de ti só recebo humilhação
Compras-me com ofertas, para saciares teus desejos,
cúmplices de pejos, para me deslumbrar, e eu que não vejo….!
Só consigo ver… o que posso ganhar… o meu bem-estar!
Delicias-me com muitos sorrisos, afagos atrevidos, ousadias,
Depois quando me dou … tu me atrofias
Vens cheio de maldade, falsidade, habilidade, que desculpo!
Por ânsia deste VÍCIO que me tortura a mente….!
Sou alma penada, caída prostrada sem vida sem nada
Sou troça da gente, que se diz decente, sou perigo eminente
Vivo à margem da incompreensão, sou fraca de expressão
Não oiço ninguém e maltrato quem me quer bem
Teias da vida, enleios que me vejo metida, sem guarida, ferida
Na má sorte prometida, mal escolhida, sem que me deixe uma alternativa
Maria Antonieta Matos, 31-03-2014
In NPE " Eternamente Poeta"
Em cada dia que leio
Alimento o meu saber
É assim que eu premeio
A instrução que vou ter
Um dia estou motivada
Tudo consigo aprender
Outro, não aprendo nada
Pareço desaprender
Assim com pequeno passo
Um para trás dois para frente
Aprendo neste compasso
A leitura me fará
diferente
Maria Antonieta Matos 29-08-2012
Águas salinas do mar
Bombeadas pelo vento
Que salpica a brisa no ar
Nas hélices do cata-vento
Correm por grandes canais
Com murmúrios musicais
Decantadores as abraçam
E as purificam demais
Cresce a salinidade
Em grau muito elevado
Deleitam-se em cristalizadores
Um processo adequado
Da elevada a temperatura
As águas vão evaporando
Deixam ficar os cristais
Colossais, iluminando
Formam-se lâminas de sal
De brancura irradiante
Extraídas por grandes máquinas
Numa labuta constante
Para eliminar impurezas
Existem grandes lavadores
Beneficia a beleza
E é referência nos sabores
No aterro em grandes “serrotes”
O sal fica depositado
Dali vai para a indústria
Para ser refinado
O esforço físico do homem
Necessários em cada processo
Que ao frio e ao calor
Caminham para o sucesso
Fornos de alta de temperatura
Sugam toda a humidade
O sal que tempera e cura
E quando é demais, dá secura
No caso do sal refinado
Que é moído e peneirado
O prato sai melhorado
Com o tempero desejado
O produto é seleccionado
E sujeito a uma análise
Depois é empacotado
E passa à próxima fase
O controlo é essencial
A embalagem e o peso
Este produto mineral
Deixa saudades ao obeso
Procede o enfardamento
Segue depois para o mercado
E espera pelo momento
De temperar o cozinhado
Não exagere no condimento
Pode levantar a tensão
E causar um enfartamento
Atenção ao coração!
Sal de grande variedade
Tempero da natureza
Sobressai a qualidade
Grosso ou em flor, que pureza!
O cheirinho a perfumar
O gosto a saborear
O sentido a navegar
O olho a está a mirar
O prato que vou pegar
Maria Antonieta Matos 12.08.2012
Amizade amor maior, provida de cumplicidade
Fragrância desinteressada que não se extingue
Não conhece nossos defeitos, exalta as qualidades
Sempre de livre vontade, sem nada que a obrigue
Amizade é um sentir de conforto amenizada na dor
Desabrochando em cada dia a alegria e a felicidade
Nada mais belo que as gargalhadas enchendo de cor
Compartilhado cada ensejo, enquanto dura a amizade
Nada faz por caridade, não anda de mão estendida
Amor que fala verdade com confiança desmedida
Presente sempre a igualdade, reina cheia de virtude
Inteira de corpo e alma, uma ligação de bem-estar
Flor perfumada e colorida, tem as pétalas a ressaltar
Iluminando o coração de grandeza e juventude
14-05-2013 Maria Antonieta Matos
Vem, vem por aqui!
– Dizes-me tu, com olhar meigo,
extravasando de emoção, camuflando teus segredos,
Injustiçando meu porto seguro, com muitos medos
Vem, vem por aqui!
E eu cansada e angustiada te dou a mão, levando o sonho e
acreditando, que a sorte pode mudar!
Mostras-me a vida colorida… iluminada… glorificada.
E eu sem nada... te dou a mão!
Levo a esperança e a tua força que agarrei
e me deixei ir por aí!
Pus-me ao caminho, no empolgado destino
e no teu fraseado caí.
Depois cortas-me em pedaços a minha raiz,
Num arrastar de lama que nunca quis!
Atormentados dias e noites que não previ!
Não, não vás com falinhas mansas!
Desconfia dessa abastança
E não, não vás por aí!
09-02-2014 Maria Antonieta Matos
In Nós Poetas Editamos VI"
Canta o galo lá no poleiro
Com grande satisfação
Dando ordens no galinheiro!
Disse: vou cortar-lhe já a ração!
A galinha se irritou
Fez um Plenário urgente
E o galináceo não sossegou
Manifestando-se de repente
Com cartazes bem visíveis
Sempre na linha da frente
Deram saltos imprevisíveis
Derrubando o galo indecente
Aqui e ali se levantava
Mas saiu uma brigada
Vinda doutros galinheiros
Para ajudar a bicharada
Foi uma grande embrulhada
A tirar galos dos poleiros
A união desta espécie
Co corando no megafone
Não parem que arrefece!
Ponham o bico no trombone
Virem todos à patada
Não queiram morrer à fome
Maria Antonieta Matos 13-09-2012
Oiço os burburinhos de gente, na rua a passar
O estrondo duma porta que parece fechar
O barulho da feira misturando a música e as vozes
Sinto os cheiros e o trepidar da sardinha a assar
O corpo e o pensamento, induz-me a desanuviar
Calcorreio na calçada até à feira, que fica a um passo
Paro e pasmo para ver a criançada a delirar
E a gente animada, outra enjoada às voltas no ar
O pó espalha-se como uma nuvem, torvando as vistas
A pedrinha entra no sapato novo e começa a picar
Fico pressionando o pé no chão até ela se soltar
Com folgo ainda, percorro cada exposição de artistas
Cada mostra de saberes, e engenhos me vêm mostrar
Arte tendenciosa que leva sem querer no momento a comprar
22-06-2013 Maria Antonieta Matos
Que seja o poema o alerta
Quando escurece em ti a alma
Que seja uma porta aberta
ou o comprimido que acalma
Seja o desabafo corrente
A emoção que em ti brota
Uma lição permanente
A semente que não se esgota
Seja a colorida borboleta
A poisar no campo em flor
O passarinho quando canta
Belas serenatas de amor
Que seja o poema a crítica
Que a voz não faz ouvir
Mas que no pensamento fica
E a consciência vai perseguir
Que o poema saiba entranhar
O sentimento desmedido
Na voz de quem declamar
E de pé ser aplaudido
Que seja o poema a liberdade
Que se expressa sem olhar a cor
Que grite a desumanidade
A injustiça e o desamor
Que seja o poema a memória
Do livro que se faz ouvir
Em muitos séculos de história
Sempre, sempre a intervir
Maria Antonieta Matos 26-06-2014
https://www.facebook.com/notes/maria-antonieta-matos/o-poema/761195230567325
Sinto inquietude em meu estar,
Já lá vão dias que tento!
Maria Antonieta Matos 02-06-2014
Pintura de meu amigo Costa Araújo
Agradeço o acolhimento
E atenção privilegiada
Não vou esquecer o momento
Na memória ficou gravada
Foi muito especial
Ver todo o ciclo do queijo
Num processo artesanal
Que há anos eu já não vejo
Ao meu neto poder mostrar
Às fazes e transformação
Do início ao finalizar
Do queijo à rotulação
Poder observar o campo
Com prazer e imaginação
E sentir o seu encanto
Esquecendo a solidão
Maria Antonieta Matos 08-04-2012
Quantas vezes me tiram o sonho?
A liberdade de viver,
Ver o mundo mais risonho,
No mais belo florescer.
Quantas vezes me tiram o sono?
A vida sem dignidade,
O dinheiro cheio de vaidade,
O mais ignorante império,
Camuflados cheios de mistério,
A injustiça que soa,
Neste mundo numa boa!
Quantas vezes me tiram o sonho?
Os dissabores do destino,
Tanta gente sem um ninho ,
Que abarca as dores sozinhas,
O frio no corpo entranhado,
O calor que os faz mirrados,
A fome que os mingua,
O seu ar estonteado,
A submissão de meninos,
Torturados, manipulados,
Quem lhes cria este destino?
Quantas vezes me tiram o sono?
Ao ver gente escarnecida,
Que dorme na rua ferida,
Sem um mísero tostão,
Vivendo do beija mão,
Esperando a dura partida!
Quantas vezes me tiram o sono?
Ver multidões desesperadas,
Caminhando sem um teto,
Num profundo campo aberto,
Prostradas em lugar incerto,
Estoiradas por fria terra,
Em valas a descoberto,
Deixam amargo, indigesto,
Túmulos da injusta guerra!
Maria Antonieta Matos 11-07-2014
Pintura do meu amigo Costa Araújo.
Me acompanhas pela vida,
Às vezes me pregas sustos,
Outras estás tão divertida,
Não despegas um minuto.
És a noite mais assombrada,
És o peso da consciência,
És a vida mal passada!
És rocha inerte ou ciência,
És tempo passado e futuro,
És mistério ou secreta maledicência!
Maria Antonieta Matos 21-07-2014
Pintura do meu amigo Costa Araújo
Anda a água num vai…vêm
Circulando sobre o planeta
Gera vida é um bem
Nas suas diversas facetas
Um sol lindo, radioso
Evapora a água da terra
Do estado líquido a gasoso
Condensa-se na atmosfera
Chama-se evaporação
À primeira caminhada
E o nome de condensação
Quando a água fica parada
Quando a água fica parada
Devido ao arrefecimento
Muitas gotas ali formadas
Vão fazer o céu cinzento
Vão fazer o céu cinzento
E o peso vai aumentar
Até que por um momento
Está prestes a rebentar
Está prestes a rebentar
E cai na superfície da terra
Pode chover, granizar ou nevar
Que o ciclo nunca se encerra
A chover a bom chover
A água encharca o solo
E é vê-la pró mar correr
Por braços que a leva ao colo
Um lençol branco de gelo
Rodeia o cume da serra
E corre como um novelo
A infiltra-se na terra
Pela noite ao resfriar
A humidade precipitou
Do ar, caiu nas plantas
E no solo se infiltrou
Com pingos reluzentes
E o orvalho a condensar
Bailam as plantas contentes
Escorrendo para se alimentar
Vai de forma canalizada
Para as casas na cidade
E em fontes localizadas
Nalguns povos é realidade
Três estados a saber
Fases por que passa a água
Líquido é para beber
Sólido para arrefecer
Maria Antonieta Matos 18-07-2011
Que linda terra tu és
Velhinha perto do céu
A Lucefécit a teus pés
É azul o teu chapéu
Casas cheias de brancura
Cada pedrinha conta uma história
Um castelo onde a luta e bravura
Tem um marco aceso na memória
Teus recantos floridos
Ruelas, igrejas e fontes
Tens por todo o lado montes
Belos campos coloridos
Gado pastando no verde prado
Ouvem-se murmúrios e bramidos
Ouve-se o sino lá no adro
Sabores e aromas perfumados
Rosmaninho, esteva, alecrim,
Hortelã, poejo entrelaçados
No campo, quintais e jardim
Gente que trabalha pela calma
Que conversam pelos cantos
Que se sentam à soalheira
Para observarem teus encantos
Passos, parecendo castanholas
Musicando no sossego
Portados e lindas janelas
Entre elas muito apego
Recônditos, “estórias” de amor
No teu livro escreves segredos
Paixões, medos, desamor
Páginas secretas, enredos
Brincando a criançada
Livremente no teu chão
Dão-te sorrisos, gargalhadas
Dão larga à sua emoção
És um lugar de poetas
Apetecível por escritores
Tens tuas portas abertas
Para inspirares os pintores
Tens o santuário da Boa Nova
Muito raro e muito antigo
Que fica ao longe numa cova
Num silêncio apetecido
Cantigas de Santa Maria
Foram dedicadas a ti
És palco de romaria
Ninguém se esquece de ti
Ruínas de culto Endovélico
Anterior à época romana
Deus luz, Deus maquiavélico
Uma divindade profana
Maria Antonieta Matos 03-03-2013
A memória é o registo
Gravado ao longo da idade
Se me esqueço não desisto
Ponho a mente em atividade
Disponho tanta energia
Na mente para recordar
Que a memória atrofia
Sendo impossível pensar
A memória já me atraiçoa
Com as palavras que idealizo
E para não pensar à toa
A escrever as memorizo
Absorve conhecimento
Para gerar nova ideia
Usada no pensamento
Em tudo o que planeia
A escrever ao pormenor
A informação que faz história
Fica para muitos ao dispor
Em livros para a memória
Há discos para armazenar
Conteúdos muito importantes
Também eles podem esgotar
A memória nuns instantes
Uma foto para a história
Recorda cada momento
Seja mau ou de vitória
Não caem no esquecimento
A idade e a memória
Entram em contradição
Se a palavra não sai na hora
E só sai atrapalhação
15-11-2012 Maria Antonieta Matos
Aparência é a imagem
Vista numa perspetiva
Tal qual uma miragem
Pode não estar definida
Ao fixar uma pessoa
Faz-se uma radiografia
A impressão às vezes é boa
E a realidade atrofia
Ajuíza-se a aparência
O semblante não cativa
Contudo a sua essência
Só tempo a valoriza
Quando interessa mostrar
Um aspeto convincente
Tudo serve para mascarar
Iludindo aquele momento
Este fenómeno encobre
A sábia imaginação
Que mais tarde se descobre
Que foi tudo encenação
A virtude ou a maldade
No interior anda escondida
Não mostrando a realidade
No seu ar logo à partida
No vestuário também é igual
Tudo se confunde no belo
Por baixo anda todo roto e afinal
Trás casaco para escondê-lo
Encapotados na aparência
Mostram aquilo que não é
Até mesmo na competência
E nos canudos até
Desconfie da aparência
Não embarque de uma vez
Mostre a sua coerência
Observe tudo com altivez
08-11-2012 Maria Antonieta Matos
Ah! que bonita é flor
Ao seu perfume não resisto
Dou-lhe um beijo com amor
Aprecio o seu sabor
E no gostinho eu insisto
Levo daqui o seu néctar
Para o favo ir fazer
E deliciar o mundo, com o mel
A comer com prazer.
Maria Antonieta Matos 02-09-2010
O humor faz tanto rir
Como faz muito chorar
Muito difícil definir
Forma de arte e pensar
Humor é um estado animado
Com grande grau de disposição
De bem-estar consagrado
De elevada emoção
É feito de ironia
Destrói muitos paradigmas
Misturado na zombaria
Faz rir com muita alegria
A comédia também é aliada
Da boa disposição
De gente bem-humorada
Abstraída de preocupação
Depende da interpretação
Da personalidade de quem ri
São momentos de distracção
Ficando descontraído e feliz
De uma forma divertida
Para melhorar situações
A sátira é muito atrevida
Denunciando aberrações
Humorista converte em riso
Tudo o que se diz e se faz
De ar superior, destemido
Na manga o humor trás
Faz muito bem à saúde
Comprimido de bem-estar
Aproveite esta virtude
E nada os vai molestar
22-11-2012 Maria Antonieta Matos
Amizade amor maior, provida de cumplicidade
Fragrância desinteressada que não se extingue
Não conhece nossos defeitos, exalta as qualidades
Sempre de livre vontade, sem nada que a obrigue
Amizade é um sentir de conforto amenizada na dor
Desabrochando em cada dia a alegria e a felicidade
Nada mais belo que as gargalhadas enchendo de cor
Compartilhado cada ensejo, enquanto dura a amizade
Nada faz por caridade, não anda de mão estendida
Amor que fala verdade com confiança desmedida
Presente sempre a igualdade, reina cheia de virtude
Inteira de corpo e alma, uma ligação de bem-estar
Flor perfumada e colorida, tem as pétalas a ressaltar
Iluminando o coração de grandeza e plenitude
14-05-2013 Maria Antonieta Matos
Onde estás tu consciência,
Que só vez o teu caminho?
Nem sempre dás importância,
Para quem caminha sozinho!
Tens um íntimo de vaidade,
Falas pr’a dentro baixinho,
Mas vejo toda a maldade,
Transparecer no teu jeitinho!
Tu que tudo Compreendes,
Reflectes com Intuição,
Porque não atribuis a eles,
Uma maior precisão?
Ciente do teu desígnio,
Desenvolves a tua mente,
Segues muitos raciocínios,
Do passado ou do presente!
Existes,és pensamento,
Tens toda a sabedoria,
A honestidade te assiste,
Não a uses na rebeldia!
MariaAntonieta Matos - 15-09-2012
DESENHO DO MEU AMIGO COSTA ARAÚJO 09-07-2014
Vamos brincar com as letras
As letras do alfabeto
Sem as letras não aprendes
A ler e a escrever correcto
Com o A dizes Amigo
Com o B que ele é Bonito
Com o C está de Castigo
Com o D que Deprimido!
Com o E Elogiado
Com o F Festejado
Com o G foi Gabado
Com o H está Hipnotizado
Com o I Incontrolado
Com o J o José
Leva o K para o Karaté
Disse ao L és leviano
Vamos aprender outras letras
Pois quero passar de ano
O M então Mergulhou
Com o N Namorou
Com o O se Ofendeu
Com o P se Perdeu
Com o Q Queria
Que o R à Revelia
Trouxesse o S, Sabedor
Para o T que é Traidor
Ter o U e Usufruir
Do V Verdadeiro
Para apagar o W, de Washington
Que é letra do estrangeiro
Toca com o X o Xilofone
Acompanha a letra Y ípsilon
E para escrita fazer sentido
Ouve bem o que te digo
Procura ligar pelo som
As vogais e consoantes
Forma palavras a silabar
Escreve coisas importantes
E o alfabeto chegou ao fim
Com o Z a reZingar
Porque queria uma palavra
Com o Z a começar
Aqui podes descobrir
Os verbos e substantivos
A pensar vás conseguir
Ver artigos e adjectivos
Cada dia a aprender
E o cérebro a trabalhar
Nunca te vás aborrecer
Diverte-te muito a estudar
Maria Antonieta Matos 10-09-2012
Parti buscando a ventura
Deixei para trás o meu lar
Levei sonho e bravura
À espera da vida mudar
Tinha um brilho no olhar
Com um ar de candura
O paraíso esperava encontrar
Mas, ah! Isso era loucura
Era amor que eu queria ter
E esse amor não encontrava
Amava sem perceber
Que era a miragem da alma
Do quando o peito sonhava
Num amor de tanto querer
Que sem querer me enganava
Subi o alto do monte
Toquei as nuvens no ar
Vi o mundo o horizonte
Os rios o mar e as fontes
Ouvi pássaros a chilrear
Vi natureza maltratar
Vi cidades e muitas gentes
Soberbos a enganar
Num falso jeito de amar
Vi a injustiça governar
E a maldade prevalecer
Vi pobres pedinchar
Para aos filhos dar de comer
Vi lá muito sofrimento
Olhares de indiferença
Os velhos no esquecimento
Lutando sós na doença
Vi crianças sem esperança
Com o futuro ameaçado
Vi famílias sem segurança
Todo o povo maltratado
De tanto que caminhei
Os meus pés estão gretados
E o amor, não encontrei
Neste mundo despedaçado
Em tão grande caminhar
Matei os sonhos e sorrisos
Ao meu lar quero voltar
O meu único paraíso
Quero continuar a sonhar
Enchendo de esperança o futuro
Com amor o mundo mudar
Para voltarem os sorrisos
31-01-2013 Maria Antonieta Matos
Arte de gerir ou manipular
Aliciando os eleitores
Com o estilo que diz governar
Sobrepondo-se aos opositores
Uma forma de alcançar
A vantagem desejada
Com meios e arte de conquistar
Poder e defender sua causa
Atitude ou a orientação
Apoiada no interesse coletivo
Conhecimento da questão
Com um conceito expressivo
Motivo polémico ou não
Educacional, financeiro
Da justiça, comunicação
Da cultura ou interesseiro
Existe uma estreita ligação
Entre política e o poder
Num os meios quer atingir
Noutro, tem autoridade e querer
São tão poucos os que veem
E sentem no seu coração
Daqueles que sabendo, falseiam
Sendo românticos de ilusão
Esta força vai cegar
Populações persuadidas
No dia que vão votar
A este teste são submetidas
Há um certo secretismo
No que é verdade ou mentira
E um certo fanatismo
Do poder que tudo tira
Um programa bem pensado
Do que diz implementar
Um discurso marcado
Com truques para influenciar
Maria Antonieta Matos 26-11-2012
Esconde-se o sol, desce ao leito
Mais um dia a terminar
Sorrindo, por tudo ter feito
Pinta de cores o céu e o nublar
Encantando por um momento
Quem da terra o contemplar
Maria Antonieta Matos 30-12-2012
Subi ao alto da montanha
Sucumbindo de tristeza,
Dos meus olhos caíam lágrimas
Falei com a alma mais estranha
E contei-lhe as minhas mágoas
Ignorou o que contei
E eu sentida mais chorava
Tinha o mundo a meus pés
Mas o mundo não enxergava
Cansada da indiferença
Vi um esplendor de beleza
Estava só em mim suspensa
E quis superar toda a tristeza
Mas vi tanto desalento
uma infinita demência
Gente pobre sem sustento
E em delírios a ganância
Atropelos, muita vaidade
Gente que está de partida
desolada desprotegida
Sem nenhuma alternativa
Ouvi que nasçam crianças!
Enquanto açoitam os pais
E vi muitas de mudança
E eram pequenas demais!
Vi quem tinha vida estável
Uma família, um teto
E quem sem dó irreparável
Separa os membros afetos
Subi aoalto da montanha
Sucumbindode tristeza
E vitanta coisa estranha
Só me alegrou a natureza.
Maria Antonieta Matos 05-10-2014
Quando eu morrer
Serei palco de grande festa
Contratarei uma orquestra
Quero ver todos a sorrir
Com prazer a assistir
E ouvir grandes poetas
Quero ver lá muitos pintores
A escrever muitos escritores
Não tolero gente indigesta
Não quero que haja tristeza
Quero já ter essa certeza
De ser uma grande festa
Quero todos a cantar e a vibrar
Lágrimas só de contente
Quero o campo cheio de gente
Emoções de alegria
Não quero ver antipatia
Nem ninguém por bem parecer
Quero que estejam por prazer
Para não esquecerem esse dia
Nesse palco quero ficar
Sem nada para me tapar
Em paz ficarei a assistir
No silêncio a ouvir
Porque só se morre um dia.
Maria
Antonieta Matos 29-06-2013
Amor que um fósforo acende vigoroso
Se revela num só peito emaranhado
Verte emoções a palpitar, sonho extremoso
Com mil desejos, do sentir aconchegado
Amor enfeitiçado, que não desagarra
Se enciúma e desencanta, a outro olhar
Amor doentio, amor louco que atrapalha
Amor sincero, que nada tem para cobrar
Em todos os amores, há uma loucura
Segredo, desavença e ternura
Tempero que a multiplicidade faz durar
Numa amizade enternecida enquanto firme
Uma atracção perdidamente a respirar
Amor se ganha pela vida a respeitar
10-10-2013
- Maria Antonieta Matos
In "Nós Poetas Editamos V"
De candeias às avessas
Anda o país revirado
Falham todas as promessas
Está cair aos bocados
Levam o tempo a magicar
Onde mais dinheiro tirar
Para a divida se pagar
Que o certo era diminuir
E o errado aumentar
Não estudaram matemática
Decerto foram maus alunos
E em toda esta problemática
Há desculpas e infortúnios
Mandam o povo para baixo
Andam com os números, obcecados
Para manterem o seu tacho
Cai o país nos buracos
Dão abraços e beijinhos
Andam muito entusiasmados
Com a Merkel aos segredinhos
E portugueses mais tramados
Onde está a União Europeia?
Transformou-se em coisa feia
De interessados e interesseiros
Que exploram os seus parceiros
E lhes sacam todo o dinheiro
Dominam as negociatas
Não fazem crescer o país
Se não alteraram estas temáticas
Cuidado com os carris!!!!
07-05-2012 Maria Antonieta Matos
Vamos afincar o dente
A quem parece demente
E não se importa com a gente
E só se mostra indiferente
Levam o tempo com desculpa
Uma desculpa esfarrapada
Mas o povo vai à luta
Que está a ficar sem nada
Vamos afincar o dente
Até que muito lhe doa
Verem o que a gente sente
Para não fingirem na boa
Seu interesse salvaguardo
Docemente há argumentos
Pensam que o povo é tapado
E esticam-se em inventos
Vamos afincar o dente
Sem ter dó nem piedade
O mesmo fazem com a gente
Ao tirarem a liberdade
Maria Antonieta Matos 19-10-2011
SOLIDÃO anda sozinha
Sem vivalma andar por perto
Nem sombra se avizinha
Como parecendo um deserto
SOLIDÃO não tem amigo
Vive longe de um olhar
Como se estivesse de castigo
Não se querendo libertar
O silêncio e a SOLIDÃO
Juntos formam um par
Andam sempre de braço dado
No escuro gostam de estar
Ouvindo o barulho do mar
E a ideia tão longínqua
Sente-se o espírito a relaxar
E a SOLIDÃO é profícua
Abstraída do mundo
Mesmo no meio da multidão
SOLIDÃO é sobretudo
Liberdade por opção
Às vezes perde-se da vida
Por ser rebelde e cruel
Na SOLIDÃO fica protegida
Sua amiga mais fiel
Também pode ser agradável
A SOLIDÃO por companhia
Tornando-se aconselhável
Mudar sempre de moradia
Quando se quer inspiração
Para as ideias nascerem
Refugiando-se na SOLIDÃO
Virá as palavras tecerem
Para não sentir SOLIDÃO
Na idade da velhice
Invente do que tem à mão
Viva a vida sem chatice
Se houver mais a dizer
Estou aqui para ouvir
E se quiser contradizer
Não se prive para intervir
30-10-2012 Maria Antonieta Matos
Um livro também tem vida
Nasce e aprende a falar
Amigos ou não, convida
Sempre pronto ensinar
Tem longo ou curto percurso
Tudo depende da estimação
Da importância no seu uso
Ou de quem o tem na mão
No seu espaço vive discreto
À espera de ser consultado
Outras vezes sempre aberto
Educando por todo o lado
Livro de arte ou técnico
De ciência, ou matemática
Trágico ou então cómico
De leitura ou de gramática
De diversão ou de sonho
E também de fofoquice
Livro de conteúdo medonho
E até de malandrice
Compilando em cada dia
O que se observa no mundo
Fazer da escrita magia
Semear livros para estudo
Assim se aprendem saberes
Em cada um minuto
Uns contribuem a escrever
E a tirar proveito o astuto
18-11-2012 Maria Antonieta Matos
Olhando a paisagem infinitamente bela
Do alto do monte, debruçada de espanto
O castelo e a muralha é a grande janela
Da gente que delicia sublime encanto
Um horizonte vasto emergindo a natureza
Querer abraçar o silêncio nos próprios sentidos
E inspirar de arte, de tranquilidade e nobreza
Momentos vítreos que nunca serão esquecidos
O silêncio dos tempos de medos guardados
Ouvir, sentir em cada pedrinha na maior profundeza
Enredos e segredos de gentes guerreiras e arrojadas
O silêncio da memória em livros escriturados
O espólio do povo que enriquece gerações, pela rareza
Que desperta o conhecimento e as torna fascinadas
04-04-2013 Maria Antonieta Matos
Amor devia ser a chama ardente
Lume sem timidez e ressentimentos
O culminar de agradáveis momentos
Na harmonia um amor vivo e quente
Exaltação a brilhar em delírios e desejos
Enternecido no enlace da paixão
O saciar aceso no entranhar dos beijos
Gritando amor, amor - a voz do coração
Amor devia estar de corpo inteiro
No pensamento amor primeiro
Estar num só corpo o mesmo sonho
Amor devia ser um sentimento puro
Viver no respeito no olhar seguro
Amor desanuviado, amor risonho
05-11-2013
Maria Antonieta Matos
In " Poesia Sem Gavetas III"
Amor é chama
É desejo do outro ter
Alegria, dor, paixão é loucura
É perdão, é prazer, é cura
É um sentir de muito querer
É saborear o momento
Sem pressa, sem hora, sem tempo
Um olhar apaixonado
É união, é força, é ser amado
É amar a todo o tempo
É felicidade plena consentida
É proteção desmedida
É segredar coisas lindas
É beijar, tocar é ferida
É não ter idade, é companhia
É realização, plenitude
É ter o sol é juventude
É viver em harmonia
É um sentimento puro
É ver luz até no escuro
É natural, é fiel, é euforia
É triunfar quando tudo está perdido
É ambição, é paraíso
É saúde, é surpresa
É arrepio, é não ter nenhum juízo
É não duvidar, é namorar, é sorriso
07-01-2013 Maria Antonieta Matos
In "Nós Poetas Editamos VI"
Ah! Se soubessem que o sonho
Vive em cada movimento,
No sol, na sombra, no vento
Na lua, no cultivo, no rebento
No calhau mais duro e tosco
No olhar dum vidro fosco
No rio das águas correntes
Nos bicharocos, nas serpentes
Nas árvores verdes e às cores
Nas estações do ano, mil sabores
No colorido das casas
Nas chaminés com as brasas
Nas cascatas e nas fontes
No mais belo horizonte
Há sempre um sonho a espreitar
No florir do imaginar!
Ah! Se soubessem que o sonho
Vive em cada pobrezinho
No chilrear do passarinho
No inocente menino
Na solidão do idoso
No doente, no revoltoso
Na carroça, no caminho
Na neve, com tudo branquinho
Na chuva, nas gotas de orvalho
Nas brumas, no mar salgado
No Céu todo desenhado
Nas nuvens do céu cavado
Há sempre um sonho a espreitar!
Ah! Se soubessem que o sonho
Vive no sentir, no olhar
Na paisagem, no viajar
Na montanha alta e baixa
Ou no vale a verdejar
Há sempre um sonho que quer
Um poema te inspirar!
Ah! Se soubessem que o sonho
Vive em nós a perfumar
Em qualquer canto do mundo
No campo, no mar, no ar
No mais belo respirar
No mistério, na magia
Numa real fantasia
Todos podemos sonhar!
Maria Antonieta Matos 13 01-2013
In "Nós Poetas Editamos VI"
O riso ressalta da alma
No “goto” cai uma graça
Espontâneo do sério resvala
Reagindo pela chalaça
É o riso mais natural
O mais sentido no ser
Aquele que vai contagiar
Na feição se pode ver
Há o sorriso amarelo
A manifestar grande maçada
Sendo possível sabe-lo
Pela cara angustiada
Um sorriso é revelador
Do carácter duma pessoa
O sincero é merecedor
O cínico não se perdoa
O sorriso abre caminho
Conquista o mal-humorado
Que não resiste ao “choradinho”
Dum sorriso tão engraçado
O sorriso cura o mal
Suaviza a solidão
Um remédio natural
Libertado pela expressão
O sorriso é boa-disposição
É amar tão simplesmente
Um efeito de sedução
Sai da alma naturalmente
Évora, 30-11-2012 - Maria Antonieta Matos
Vítreos olhos admirando
Ondeada serra de prata
Matiz de cores pintando
Socalcam notas em cascata
Presépios povoam a vertente
Corre o rio lá no vale
Espelhos de água corrente
Cai branco e azul o teu xale
Quem te vê tão sublimada
No sossego a meditar
Por ti fica deslumbrada
Embebida a relaxar
Aromas se cruzam a perfumar
Quando sopra a ventania
Enche-se o peito de ar
Afaga o rosto a maresia
Os sentidos disparados
Esculpindo a bela paisagem
Num coração acalmado
Na grandiosa miragem
Maria Antonieta Matos 16-12-2013
Em cada dia que leio
Alimento o meu saber
É assim que eu premeio
A instrução que vou ter
Um dia estou motivada
Tudo consigo aprender
Outro, não aprendo nada
Pareço desaprender
Assim com pequeno passo
Um para trás dois para frente
Aprendo neste compasso
A leitura me fará diferente
Maria
Antonieta Matos 29-08-2012
A minha primeira edição!
Desgrenhado, corres as ruas da cidade
Todos te rejeitam pelo ar de podridão
Enquanto há quem te roube, na impunidade
Vão camuflados e fingidores te dar a mão
Sofres no silêncio, tuas lágrimas, engoles
Empedernido, ao relento disfarças que dormes
Lençóis de calor e vento, com que te cobres
Calando as dores por pensamentos nobres
Humilhas-te pedindo na serenidade
Questionas os dias se tens para comer
Se te olham nos olhos com olhos de ver
Precisas um pouco de carinho e dignidade
Um sorriso, um gesto, uma mão amiga
Proteção de quem pode, que a pedir te obriga
15-07-2013 Maria Antonieta Matos
Rir, rir, rir, até chorar
Ah! Ah! Ah! Contagiante
Continua Ah! Ah! Ah! A gargalhar
Mesmo de forma desconcertante
Todos os estímulos descontrair
Que coisa tão engraçada
Ah! Ah! Ah! Rir a bom rir
Mas que bela gargalhada
Não paro de me divertir
Não ligo aos preconceitos
Ah! Ah! Ah! Rir a bom rir
O rir não tem defeitos
Estamos todos de boca aberta
Eh! Eh! Eh! Ah! Ah! Ah!
Tantos sons à descoberta
É para rir que aqui está
Só existe felicidade
Não há sorriso amarelo
Abra a boca de verdade
Provoque o riso singelo
Este dia é colorido
É só rir sem mais parar
Tudo está descontraído
O sorriso vai disparar
Ah! Ah! Ah! Oh! Meus amigos
Ah! Ah! Ah! Que gente feliz!
Ah! Ah! Ah! Tantos sorrisos!
Ah! Ah! Ah! Que dia feliz!
25-10-2012 Maria Antonieta Matos
No silêncio a ouvir a música
Deixando os sentidos vibrar
A calma entra no espírito
E começa-se a sonhar
Arte de combinar sons
Encadeada com a pausa
Gostar depende dos tons
Da sensibilidade e da causa
A música também se sente
Sem a música estar a tocar
No sentido fica aderente
Ficando o corpo a bailar
Quem vê, acha que é louco
Quando o vê a gesticular
Por não ouvir nem um pouco
A música que outro ouve a tocar
A música faz parte da alma
É difícil de exprimir
Ouve-se como uma fala
Que queremos transmitir
Emoção à flor da pele
Os acordes num concerto
Não há sofrimento que impere
A musicalidade do excerto
Arte sempre à descoberta
De novos ritmos e revelações
O prazer de quem interpreta
Faz unir as multidões
A música é representação
É espetáculo é sintonia
Cultura e composição
Técnica e muita harmonia
Uns gostam de sons melodiosos
Outros de sons a bombar
Uns são silenciosos
Outros servem só para excitar
13-11-2012 Maria Antonieta Matos
A minha audaz fantasia
Levou o meu pensamento
Ao encanto e à magia
E a viver este momento
Ouço
o bramido do mar
Como se fosse aqui perto
Sinto a frescura do ar
E o sol bem descoberto
Vejo todo o horizonte
Vejo o prado, vejo o deserto
Vejo ali um grande monte
Vejo um caminho incerto
Ouço o som da ribeira
E sigo todo o seu percurso
Contemplo tudo ali à beira
Num silêncio absoluto
Ouço o som dos passarinhos
Num chilrear de melodias
Vejo as cegonhas nos ninhos
Vejo no bico o que trazem
Pr’a alimentar os filhinhos
Vejo os desenhos que fazem
No ar quando eles voam
E quando os filhos se perdem
As mães logo apregoam
Vejo as nuvens contrastando
Na paisagem colorida
E o sol vem se mostrando
Para o crescimento da vida
Vejo muitos animais
Comendo no verde prado
Vejo muitos olivais
E vejo o trigo dourado
Vejo os peixinhos do mar
Deslizando alegremente
E dou comigo a navegar
Numa aventura delirante
Sinto o vento levemente
Como quem brada por mim
Mostrando-me alegremente
Toda a paisagem sem fim
Vejo os vales e montes
E vejo tudo de branco
Vejo geladas as fontes
Corro tudo sem descanso
Depois de muito caminho
O céu começa a chorar
E balbuciou-se baixinho
Sou
chuva, vou te molhar
23-06-2011 Maria Antonieta Matos
Hoje, que a vida passou,
Que não tenho o folgo d’outrora
Tenho pressa de viver…
Aprender... tudo dizer…
Nada, quero perder agora.
Dantes, quando podia…
Não tinha força, não queria,
Desperdicei o meu tempo,
Tempo, que o vento levou, numa tremenda euforia…
E o pouco tempo me restou…
Agora que quero ter, esse tempo,
Já com alguma sabedoria!
O vento sem dó, me assobia
Vivo com pressa o momento
E a memória me atrofia.
Maria Antonieta Matos 15-02-2014
In NPE " Sentir d'um Poeta"
Ouço o bramido do mar
Como se fosse aqui perto
Sinto a frescura do ar
E o sol bem descoberto
Vejo todo o horizonte
Vejo o prado, vejo o deserto
Vejo ali um grande monte
Vejo um caminho incerto
Ouço o som da ribeira
E sigo todo o seu percurso
Contemplo tudo ali à beira
Num silêncio absoluto
Ouço o som dos passarinhos
Num chilrear de melodias
Vejo as cegonhas nos ninhos
Vejo no bico o que trazem
Pr’a alimentar os filhinhos
Vejo os desenhos que fazem
No ar quando eles voam
E quando os filhos se perdem
As mães logo apregoam
Vejo as nuvens contrastando
Na paisagem colorida
E o sol vem se mostrando
Para o crescimento da vida
Vejo muitos animais
Comendo no verde prado
Vejo muitos olivais
E vejo o trigo dourado
Vejo os peixinhos do mar
Deslizando alegremente
E dou comigo a navegar
Numa aventura delirante
Sinto o vento levemente
Como quem brada por mim
Mostrando-me alegremente
Toda a paisagem sem fim
Vejo os vales e montes
E vejo tudo de branco
Vejo geladas as fontes
Corro tudo sem descanso
Depois de muito caminho
O céu começa a chorar
E balbuciou-se baixinho
Sou chuva, vou te molhar
Acordei de contentamento
Porque gosto de me molhar
Sentir o belo momento
E vi sementes a germinar
Os campos estavam floridos
Pintados com lindas cores
E sussurravam zumbidos
Num namoro às flores
Poisaram abelhas de mel
Coloridas borboletas
Rastejavam bicharocos
Nas flores indefesas
Maria Antonieta Matos
Eu quero amar eu quero amar a natureza
Observar o horizonte, tanta beleza
Existir, viver sentir os cheiros e os sabores
Olhar as estrelas cintilando luminosas
A lua mudar de face, vê-la crescer ou minguar
Percorrer caminhos, poder voar
Me aconchegar nas nuvens fofas, a sonhar
Acordar a contemplar o sol nascer
Correr, saltar, ficar alegre, poder mirar
Os rios, os montes e os animais adormecer
Ouvir o som inspirador dos passarinhos
Nos ramos das árvores a saracotear
Estar em silêncio escutando seus segredinhos
03-04-2013 Maria Antonieta Matos
Saem-me palavras sem nexo
Vivo num mundo da lua
Ando revirada do avesso
Fico especada na rua
Penso estar num tempo antigo
Não tenho a noção do tempo
Perco-me no espaço que sigo
Não tenho um minuto assento
Visto-me e dispo-me esquecida
Repito-me a cada momento
Canso o melhor pensamento!
Soletram-me cada palavra
Como no primeiro ano de vida
E a mente gasta se “olvida”!
Maria Antonieta Matos 04- 09-2014
Vejo profunda tristeza
No semblante deste povo
Que não augura certeza
Ter estabilidade de novo
Era de fácil resolução
Não houvesse interesseiros
Que provocam confusão
Metem medos e receios
Há um mundo que se liberta
Das garras dos ditadores
E há outro que acoberta
A volta dos opressores
Todo o ser tem o direito
De viver em liberdade
De não faltar ao respeito
Mostrar e ter dignidade
11-11-2011 Maria Antonieta Matos
Fecho os olhos que cegam perante o olhar divino
Vejo uma fulgente luz que se apressa a esconder
Absorvo os cheiros e mergulho no sonho repentino
Oiço no silêncio os passos a musicar, sem entender
Os sentidos envolvem-se e abraçam cada momento.
Magicando interrogo-me … o porquê? Da injustiça
Da ganância em que o ter, vale mais do que o ser
Destruindo saberes e valores, absortos pela cobiça
A terra fica assombrada e triste e o céu cora de vergonha
Depois as cores se esbatem e o sol começa a esmorecer
Na esperança do mundo mudar e a felicidade acontecer
Ficaria internamente penetrada no teu belo olhar, risonha
Mas a felicidade, essa era primordial, todos tinham que ter
E unidos e enlaçados muitos sóis-postos, haveríamos de ver
20-04-2013 Maria Antonieta Matos
Ondas harmónicas ou ruído
Naturais ou artificiais
Alguns ferem o ouvido
Outros agradáveis de mais
O chilrear do passarinho
No silêncio combinado
Dá para ver o seu jeitinho
E decifrar o palavreado
O correr do ribeirinho
Num tom muito afinado
Salta a rã nada o peixinho
Fica o som acompanhado
Mas o rugido do portão
Ao abrir ou a fechar
Ao ouvido faz confusão
E no corpo faz arrepiar
E o estrondo de uma bomba
Ui que força e medo dá
Estoiro grande de arromba
Que extermina tudo o que há
O trovão som semelhante
Causa um grande respeito
Embora não tão gigante
No céu estala esse efeito
O som do sapateado
Faz mexer todos os sentidos
Os nerónios acalmados
Como música para os ouvidos
Utilizados na comunicação
Para musicar ou alertar
No ambiente também estão
Outros são para matar
Os sons mais apreciados
São os que fazem vibrar
Mas os mais harmonizados
São melhores para acalmar
31-10-2012 Maria Antonieta Matos
Em missão voando
Com todo o esplendor
Lá vai a abelha
Poisando na flor
Lá vai o enxame
Com segurança
Pousa no arame
E leva esperança
Observa os campos
Encantados e coloridos
Dirige-se sem enganos
Aos pólen preferidos
Em voo lento
E asa a flutuar
Soprando-lhe o vento
Estão a trabalhar
Carregam o pólen
E levam alimento
Para fazer o mel
E para seu sustento
De flor em flor
O pólen a polvilhar
Nascem outras flores
E o ciclo a regressar
Para o mel armazenar
E desenvolver a colónia
A cera é o lugar
Fixa na tua memória
Depende da campeira
O alimento e defesa
Não caias na asneira
Trata-la com rudeza
Para se defender
Espeta a ferroada
Que é de morrer
Fica a pele inchada
Com esta maldade
Sacrifica a vida
Resta a saudade
Da vida perdida
Com grande ardor
E super inchaço
Sente-se uma dor
Cuidado com o braço
No caso de picada
Sentir alergia
Consultar o médico
É uma mais-valia
Para evitar espalhar
O veneno no corpo
O ferrão deve tirar
Com a unha sem esforço
Usado é o ferrão
Para fins medicinais
Com resultados
Sensacionais muito especiais
Olha as abelhas
Muito organizadas
É um gosto vê-as
Tão atarefadas
Inseto voador
É disciplinado
Trabalha com fervor
Para o seu estado
Vivem em sociedade
Numa colónia
Têm uma rainha
E muita história
A ordem na colmeia
E reprodução da espécie
Depende rainha
Que é a abelha-mestra
De um ovo fecundado
Nasce a rainha
Tem dotes especiais
E vive sozinha
Nesta sociedade
Bem organizada
Há muita atividade
E é hierarquizada
Existe família
Dentro da colmeia
Segurança e vigília
De trabalho, cheia
Cuidando da higiene
A abelha operária
Trabalha nessa tarefa
Com muita glória
Com muita emoção
E a servir a rainha
Estão as faxineiras
Com toda a vitamina
Carregadoras de piano
E muito motivadas
Trabalham todo o ano
E são elogiadas
A alimentar a larva
Para as abelhas nascer
Lá estão as nutrizes
Com muito saber
Produzindo a geleia
E alimentar a rainha
Estão as operárias
Nesta grande rotina
Promovida a engenheira
Constrói com prazer
Os favos e as paredes
Para o mel conter
Em voo nupcial
A rainha a ondular
Procura um zângão
Para acasalar
O macho da colmeia
É a abelha zângão
É maior que a abelha
E não tem ferrão
Rodeia a colmeia
Pr’a rainha namorar
E morre na teia
É o preço de copular
Não tem outra função
E para sobreviver
Depende das operárias
Que lhe dão comer
Quando não há comer
Lá para o inverno
São expulsos da colmeia
E é um inferno
Fumigar a colmeia
Para a abelha sair
E retirar favos cheios
De mel a fluir
Para se iniciar
Na apicultura
Tem que se estudar
Toda a esta estrutura
Com muita paixão
E alguns afazeres
É a solução
Para o sucesso teres
A localização
Para a colmeia instalar
É muito importante
Para tudo começar
Chama-se apicultor
Ao criador de abelhinhas
Envolve-se com amor
Sai tudo sobre rodinhas
Ser mudável o abrigo
Para fácil deslocação
Estar bem protegido
E o clima ter em atenção
Fácil de manobrar
Toda a sua conjuntura
Ser resistente para durar
E estar perto de doçura
O fato é fundamental
A máscara e o chapéu
Tapar tudo é essencial
Não tenhas o corpo ao léu
O fumigador e a alavanca
E o levanta quadros
Ferramentas necessárias
Para estes trabalhos
Maria Antonieta Matos 18-07-11
Riam de mim… que gosto!
Expressem todo o sentimento
Riam dos versos que posto
Da pontuação que não pontuei
Da palavra que destoa
Daquele termo que usei
Do erro, que não se perdoa
Do sentido que lhe dei
Que ao ouvido, a nada soa
Riam… do pouco que sei
Riam… que o riso faz bem
E a escrever continuarei!
Não se inibam por um momento
Barafustem do meu dizer
Sejam críticos do meu saber
Sejam felizes a ler!!!!
Maria Antonieta Matos 31-08-2013
Tédio, anda por mim a girar
Diz-se muito meu amigo
Está doidinho para cá ficar
Fica de gracejo comigo
Não tenho tempo pró aturar
Em nova arte me abrigo
O tempo passa a voar
Tédio já anda aborrecido
Já tentou vir disfarçado
Mas logo me apercebi
Pelo seu jeito enfastiado
Para de vez sair daqui
Alvitrei-lhe um álibi
E mandei-o para o diabo
04-09-2013 Maria Antonieta Matos
Através da vidraça, manifesta-se a natureza
O vento agita as plantas, as árvores
Musicando para que dancem, e as flores
Os pássaros esvoaçam com leveza
O céu mostra nuances de branco e cinza
O casario branco e vermelho, contrasta as cores
A chuva tamborilando cada nota, e os amores
De vez em quando um clarão
E o ribombar do trovão
O solo embriaga-se de bebida
Derrama de cheio, correrem regatos
A festa continua alta hora, destemida
Na euforia surgem desacatos
Até que da folia o cansaço amoleça
E o sono caia, e sonho aconteça
07-03-2013 Maria Antonieta Matos
Presa ao meu pensamento
Sentada a um canto do café
Olho, quem toma o café de pé
Apressado não tem tempo
Tempo para saborear o momento
Que a muitos, tempo lhes sobra, até!
O café é poesia;
É momento de leitura;
É conversar;
É companhia;
É escrita;
É olhar;
É fotografia;
É reunião;
É namorar;
É negócio;
É amizade;
É família;
É remansear;
É silêncio;
É saborear;
É pensamento;
É pintura;
É musicar;
É alegria;
É sentimento;
É escultura;
É cantoria;
É refúgio;
É debate;
É discussão;
É desculpa;
É distracção;
É humor;
É riso;
É emoção;
É relíquia,
É modernidade;
É fantasia;
É ansiedade;
É gargalhada;
É o momento de magia!
E que outro olhar, mais diria?
Maria Antonieta Matos 16-09-2013
Grita um braço Grita o outro
A compasso ritmado
Aos estalidos anda o corpo
Num bramir angustiado
Uma perna que coxeia
O coração que muito anseia
A cabeça atrapalhada
A memória gaga, falhada
Os olhos piscam sem ver
O ouvido anda a zumbir
Ai, ui, ah, sempre a doer
Grita a voz para se ouvir
Será nevrite no braço?
Nos ossos a falta de cálcio?
Na perna talvez a ciática
Com esta falta de estética
Peada aos ais a manquejar
Na rua não se pode andar
Ai, ai, ai, esta falta de ar
É a tiróide a falhar
Anda a morte a rodear
Dor no estômago, enchimento
Pedras no rim a saltar
Nesta grande sinfonia
Anda o corpo a musicar
Prisão de ventre, anemias
Glaucoma e otites
Um sem fim de alergias
Na bexiga uma cistite
Na boca são as nevralgias
Na barriga uma enterite
Tanta, tanta, patologia
E corpo cheio de sintomas
Micoses, viroses, comichões
Toda a espécie de Infecções
Vem os nervos infernizar
Muitos toques e contusões
Anda o corpo sempre aos ais
Condenado a aguentar
Instrumentando ao despique
Para a orquestra começar
25-10-2013 Maria Antonieta Matos
Quem te criou, mulher?
Mulher doce, olhar meigo, sabor de beijos,
Mulher que os filhos entranhas em desejos,
Mulher sonhadora, criadora de formas,
Inteligente,gentil, pele acetinada, cabelos em flor,
És canção, música és cor!
Mulher que escondes no sorriso, segredos da alma,
Que despertas no teu par, o amor que acalma,
Mulher sensível que perdoa,
Que desculpas quem te magoa,
Mulher madura, perfume da rosa,
Rugas de epopeia, de prosa!
Mulher lenda, sensual, desejada,
Conto de fadas!
Mulher, quem te pintou?
Maria Antonieta Matos 08-07-2014
Pintura do meu amigo Costa Araújo
Com o livro eu converso
E sinto as emoções
A escrever o sonho começo
Criação de sensações
Suporte de conhecimento
De aventura ou ilusão
Não se perde por um momento
É fonte de sedução
De forma correcta ou não
Ajuíza-se todo o texto
Criamos opinião
O que enriquece o contexto
Ao homem trás plenitude
A leitura é intelecto
Grandeza esta atitude
Aprende-se a escrever correcto
Exercício para o espírito
É fonte inesgotável
Emoções de dor e sorriso
A leitura inseparável
Quer de noite, quer dia
Palavras correm na mente
Anotar é muito urgente
E assim nasce a semente
Não se consegue parar
Surge sempre argumento
Andam na mente a girar
Criativo pensamento
Fica para a eternidade
O espólio das cachimónias
Para aprender a verdade
E estudar todas as histórias
Relatando cada momento
Sentimentos e acção
Leva ao leitor conhecimento
E a muita imaginação
Maria Antonieta Matos 19-09-2011
Onde estás tu consciência
Que só vez o teu caminho
Nem sempre dás importância
Para quem caminha sozinho
Tens um íntimo de vaidade
Falas pr’a dentro baixinho
Mas vejo toda a maldade
Transparecer no teu jeitinho
Tu que tudo Compreendes
E raciocinas com Intuição
Porque não atribuis a eles
Uma maior precisão
Maria Antonieta Matos - 15-09-2012
No silêncio, audaz fantasia
Produzida pela mente
Faz seguente alegoria
Vem do coração o que sente
Tudo parecia calmo e puro
No silêncio da alvorada
Parecia sair de um casulo
A luz há tanto esperada
Não se adivinhava o sono
Estava demasiado inquieta
A noite era de Outono
Fiquei de janela aberta
Voavam livres os passarinhos
Correndo aos bandos no céu
Outros, aconchegavam-se nos ninhos
De cabecinhas ao léu
Num sossego de pura calma
Olhava tal esplendor
Não augurava vivalma
Neste sonho multicolor
Ouviam-se pouco a pouco
Murmúrios de gente a passar
E não tardou o alvoroço
Para o pensamento molestar
Sentia os olhos pesados
Mas não podia dormir
Tinha o cérebro revirado
E o barulho a consumir
Maria Antonieta Matos
Como é bela a natureza
Atraente e colorida
Num sussurrar a borboleta
Diz à flor: minha amiga
Deixa-me aqui pousar
Para a linda fotografia
Que a Malu me quer tirar.
Maria Antonieta Matos 22-01-2011
Rua inativa esquecida
Do vai vem da população
Antigamente cheia de vida
Dia e noite de animação
Das rodas das ”bailaradas”
Dos jogos da rapaziada
No meio de tanta algazarra
Dos risos e das fisgadas
Dos chorincos entre topadas
Dos belos contos de fadas
Eram muito… pequenos, nadas
Subiam às árvores a brincar
Caiam de lá e voltavam
O chorar era a chorincar
E q ando se cortavam
A agulha e a linha serviam
Em casa que os golpes se cosiam
E era ao ar que eles saravam
Sentados no portado ao serão
Vozes altas soavam no negro
Entoava um pregão
No escuro que arrepiava de medo
Levantavam-se sempre cedo
Musicando as cardas no chão
Chaminés sempre a fumar
Com a panela de barro ou ferro
A comida a perfumar
A curiosidade de quem passa
Apetite não faltava
Porque de tudo se gostava
O colchão mexido e remexido
Para um bom acordar
Sempre branco era o tecido
Do lençol de renda e bordado
Com a colcha de cadilhos
Esticada para nada ser notado
Nas ribeiras sempre cantar
Ao som da água a correr
Lavavam a roupa, punham a corar
E nos arbustos iam estender
À cabeça o alguidar
Num troço que o equilibrava
Caminhavam a conversar
E a dor se suportava
Eram as cruzes assim diziam
Dor pela posição curvada
Se estendiam e se torciam
No meio de muita risada
Iam à fonte carregando cântaros
À cabeça e ao quadril
Em qualquer dia do ano
Bebiam por um cocho ou barril
Num copeiro, havia um copo
Com um napperon bem tapado
Ao lado do poial dos cântaros
Cada um bebia e era lavado
O aguadeiro corria as ruas
Quem quer água fresquinha?
Trazia o copo numa mão
E na outra a cantarinha
Em casa se alumiavam
Com candeeiros a petróleo
Ao lusco-fusco as mulher bordavam
Faziam o enxoval de renda
Vestidos cheios de folhos
E as meias que calçavam
Faziam rodas a cantar
Paus e tampas a musicar
Os pais e os vizinhos
Sentados para os apreciar
24-08-2013 Maria Antonieta Matos
Quando morrer,
Não quero ver
Essa maldade
Dos homens, para tudo ter,
Que impedem sem dignidade
Outros homens de viver!
Como pode florescer
Este mundo a morrer
E seus filhos a apodrecer
Sem nada que os deixe crescer
Doentios pelo poder
Ficam cegos pela ganância
Mentem com todo o prazer
E à mentira dão relevância
Escondem-se por trás duma capa
E apregoam, tudo mudar
Quando lá estão, mudam de casaca
E continuam a tramar
Estão a vender o país
Por uma triste bagatela
Tem olhos no nariz
E a cabeça onde está ela?
Anda por aí a dar voltas
Para sacar cada bocado
Para o povo dar cambalhotas
E ficar aniquilado
Maria Antonieta Matos 05-08-2012
Na profundidade da terra
A semente desabrochou
Saindo por uma cratera
Ali no chão despontou
Fortalece as suas raízes
Desenvolve a sua estrutura
Do tronco saem diretrizes
Enfeitadas de verdura
Nascem flores muito formosas
Geram os frutos apetecidos
Passam por cores preciosas
Á espera de serem colhidos
Sempre à chuva ou ao vento
Oferece a sombra quando há sol
Cresce buscando alimento
Aninha os pássaros ao pôr-do-sol
Solidária noite e dia
Vai dormindo sempre de pé
Suas folhas, rodopia
Dança sem dali arredar o pé
17-08-2013 Maria Antonieta Matos
Soprei-te ao ouvido um segredo
Sem quereres deixaste-o escapar
Arranjaste-me tremendo enredo
Que para sempre vou relembrar
Correu o mundo num ai
Fiquei, ah! de boca aberta
Segredo que da boca sai
Sai coscuvilhice pela certa
Sem contarem o que ouviram
Alterou o seu conteúdo
As pessoas confundiram
Ando nas bocas do mundo
Mesmo não querendo ligar
Sinto um tormento no fundo
Tenho o coração a saltar
De andar nas bocas do mundo
Nunca mais conto em segredo
Vou contar sem segredar
Porque o gosto dum segredo
É ser o primeiro a contar
O segredo alimenta curiosidade
Sente-se ansiedade para espalhar
Quer exaltar inverdade
Com intuito de se mostrar
O segredo tarde ou cedo
Acaba por se revelar
A não ser alguém por medo
Que leve para o túmulo guardar
Há segredos quando revelados
Prejudicam os negócios
São a sete chaves guardados
Longe de parceiros ou sócios
Fórmulas e grandes descobertas
Muito cobiçadas pelas nações
Guardadas por portas secretas
Segredos que valem milhões
Maria Antonieta Matos 22-03-2013
Ao escurecer, no horizonte
Que deslumbrante aguarela
No céu do meu Alentejo
O sol pede um desejo
Para ter a noite mais bela
Pisca o olho sorridente
Para nos dar de presente
Em cada dia uma tela
Pouco a pouco adormece
O manto matiz do céu, aquece
Sonha com lua, fantasia com ela
Maria Antonieta Matos 01-01-2013
Havia uma linda escola
Numa vila bem bonita
Vou conta-lhe esta história
Da professora Rita
Havia alunos muito aplicados
e com dotes para escrita
Criatividade não lhe faltava
e começaram a pensar
para aprender e estudar
Podiam fazer uma visita
Um dia a professora disse:
Meninos, vão falar com seus pais
Para autorização lhes dar
Vamos fazer uma viagem
Porque vocês estão a par
De toda a matéria dada
É uma viagem mistério
E vão ter que adivinhar
Vão escrever num caderno
Tudo o que pensam achar!
Vou dar pistas em voz alta
Têm que estar com atenção!
Para adivinharem cada palavra
É preciso inspiração
À volta deste mistério
Vamo-nos divertir muito
A memória, a imaginação,
E descoberta, ficam à prova
Para resolver a solução.
Num dia maravilhoso
E com grande animação
Saíram de autocarro
Olhavam o campo formoso
Cheio de flores coloridas
Animais a pastar
Naquelas paisagens lindas
Iam muito enigmáticos
E cheios de energia
Pensando a todo o momento
O motivo da magia
De repente a professora
Forneceu uma pista
Existem em todo o lado
São pequenas e grandes
Mas as que quero, são pequenas
Tem nome de uma sopa
E a terra tem uma arena
Adivinhem: Começa pela letra P
Com algazarra queriam
Todos eles pronunciar
Calculando cada um
Pensando ir adivinhar
O que lhes veio à memória
Depois de alguma tentativa
Uma errada outra certa
Dizia um : É uma Pedra
Certo! Disse a professora Rita
Vamos agora à segunda pista
Eu tenho aqui uma lista
É muito promissora
Quando elas são trituradas
Formam-se pequenas partículas
Que podem ser utilizadas.
Como vêem, vai ser fácil
Vamos lá decifrar
São as Pedr…Pedrinhas
Dizem todos a balbuciar
Ora bem, meus meninos
Quando se tem atenção
E muita motivação
Facilita adivinhação
Vou-lhes dar a outra dica
Todos de ouvido a escutar
No campo e por todo o lado
Existe terra com cores
Nascem daí as flores
E muitas outras culturas
Há terra que dá para moldar
E a cor é vermelha
E faz-se daí a telha.
Oh! Diz um, adivinhei!
É o Barro, sim ou não?
Pois sim, diz professora
Aqui está o que pensei!
A viagem é compensadora
Desafiando a memória
E esforço de ser melhor
Dos fracos não reza a história
Disse um grande pensador
Então está quase alcançado
O mistério da viagem
Está com o Barro relacionado
Há uma roda para fabricar
Peças lindas de encantar
O que será a actividade?
De quem faz as obras de arte
Tentem lá adivinhar!
Suspiram todos de alívio
E falavam ao mesmo tempo
Felizes de contentamento,
Do privilégio que iam ter
Moldar numa roda de oleiro
Criar peças ao seu gosto
E por no forno a cozer.
Ia ser muito animada
E nunca iam esquecer
Esta viagem e actividade
Que lhe dava muito prazer
Fizeram uma visita
A toda a olaria
E viram umas cantarinhas
Que lhe avivaram a memória
Pois tinham as tais pedrinhas
Que eram enigma da história.
No autocarro de regresso
Cada um trazia um regalo
Feitos com grande perícia
Para dar aos seus pais
Que teriam um agrado
Da proeza pelo filho feita
E seria uma delícia
E guardaram para sempre
Aquela recordação
Que muito gosto lhes deu
Moldar o Barro na mão
Rodando a roda com o pé
E
fazer a sua transformação!
Maria Antonieta Matos 2011
Procuro na natureza
Todo o encanto que tem
E esta mensagem traz
A felicidade também
Traz-nos tranquilidade
E o sol a iluminar
Todos nossos corações
Num sentir da liberdade!
Maria Antonieta Matos 16-11-2010
Os dias vão passando preocupados
Nada acontece, nem as árvores já agitam
Nas estradas, os trabalhos estão entrevados
No trabalho, as gentes não acreditam
O desencanto d’ um país que vai morrendo
No seu encanto que se escusa a envelhecer
O sol incandescente a vida faz renascer
Com sua força vivamente sempre lutando
Oh! País, que dia e noite irradias multicores
Estações te adornam no teu lindo esplendor
Porque te molestam atrasando os teus valores?
Quem te habita vive vivendo, enterrado sem vigor
Assujeitado aos maus juízes ameaçadores
Que lhe carrega a vida amontoada de dissabores
03-10-2013 Maria Antonieta Matos
Flores de todas as cores
Como um arco-iris
Flores para todos os amores
Que estão a florir
Flores que dou e recebo
Colorindo amizade
Enfeitando a vida
De felicidade.
Maria Antonieta Matos 02-11-2010
Chove com muita brandura
Na terra vai entranhar
As sementes com a frescura
Começam a germinar
Não vejo o sol a espreitar
Mas um cinzento no céu
Apetece-me saltitar
Nas poças, e andar ao laréu
18-10-2012 Maria Antonieta Matos
Num zunido inesperado
Batem portas e janelas
Um escuro no céu nublado
Faz parecer estar numa cela
Tudo começa a voar
Vento e chuva desvairados
Levam pessoas a cambalear
Em postes estão encostados
Um remoinho no ar
Muros caídos e estruturas
Gentes estão em amargura
Árvores e carros a nadar
As ruas estão inseguras
As casas a destelhar
Vejo um dia pavoroso
Pontes caídas, muita lama
Cheias que levam as camas
O trovão se ouve bombar
O relâmpago luminoso
Uma árvore está a rachar
E a faísca a incendeia
Nada está a restar
As sirenes alertam o perigo
Anda tudo em alvoroço
Porque merece este castigo
A gente que tem tão pouco?
São os menos protegidos
Os que mais pagam na vida
Num inferno sempre metidos
Lutando sem saldar a dívida
23-01-2013 Maria Antonieta Matos
O vento soprava do sul
O céu de nuvens cavado
Ficou sem a cor azul
Enchendo-se de nublado
Começou a chuva a cair
Com brandura, miudinha
Fiquei a ver e a ouvir
Pela janela da cozinha
Nas terras ressequidas
As águas se entravam
As flores agradecidas
No seu pé rodopiavam
Relâmpagos reluziam
Serpenteavam na terra
Muitos trovões se ouviam
Lá atrás daquela serra
Corriam apressadas
Pessoas pelas ruas
Mal agasalhadas
E todas molhadas
Pareciam estar nuas
Crianças divertidas
Sapateavam nas poças
Mesmo impedidas
Faziam orelhas moucas
Um chapéu voava
Pela estrada fora
Aqui e ali, rebolava
Era já uma hora
Um dia poético
Um dia feliz
Um dia patético
E você o que diz?
Ontem ouvi bem
A força que tinhas
Pingas eram mais de cem
Grossas e redondinhas.
Ó chuva que acordas
Quem está a dormir
Toma lá cuidado
Que partes o telhado
Com a força a tinir.
24-10-2012 Maria Antonieta Matos
A mente incomodada
Pelos sabores da comida
Faz os órgãos agitar
Para a refeição ser servida
As MÃOS a levam à BOCA
Os DENTES a vão triturar
Com a saliva e a LÍNGUA
A comida vai enrolar
Passa depois pela FARINGE
Fechando a porta à laringe
Por medo de se engasgar
Assim empurra para ESÔFAGO
Que tem os NERVOS a controlar
Conduzindo o alimento
Com seu músculo aglutinar
E escorrega para o ESTÔMAGO
Que tudo vai separar
A BILÍS entra ao serviço
Com a água a misturar
E escolhe o que é preciso
Para o CORPO se alimentar
O SANGUE todo contente
Corre nas VEIAS sem cessar
Cresces mais em cada dia
Tudo mexe com energia
Todo o corpo a funcionar
Até pronto para procriar
Depois de muito trabalhar
O ESTÔMAGO vai canalizar
Pelos RINS e INTESTINOS
Tudo o que do dele restar
Indo dos RINS por canal fino
Na BEXIGA vai ficar
À espera de encher o saquinho
E ter peso para despejar
Outro, sai dos INTESTINOS
Um delgado outro mais grosso
Até a BARRIGA avisar
Que o ÂNUS quer defecar
Évora, 05-12-2012 Maria Antonieta Matos
Num diálogo permanente
Aprendendo a ver mundo
A leitura enriquece a mente
Fazendo luz no escuro profundo
Abre novos horizontes
Dá azos à imaginação
Descobre todas as fontes
Absorve essa inspiração
O cérebro fica iluminado
Ramifica-se de saberes
Falas fluido encantado
Dos assuntos compreenderes
Desperta muita curiosidade
Vê o que pensam escritores
Crítica com honestidade
Destaca os teus valores
Maria Antonieta Matos 31-08-2012
Dedicado a Isabel Santos Moura
pelo seu livro “O Anjo Gabriel, o Miguel e o livro de papel”
O
homem por não ter tempo
Vive o tempo a complicar
Ocupando todo o seu tempo
Em tempo para inventar
Reduz-se a um cantinho
Com tudo ali à mão
Pela máquina sente carinho
Pelo homem ingratidão
Vive num mundo virtual
Nada se apalpa nem se vê
Como um mundo espiritual
Emociona-se, em tudo crê
No ano de dois mil e cem
Em que tudo é eletrónico
As pessoas não se conhecem
São máquinas amor platónico
O Miguel muito preguiçoso
Passava dias a jogar
Na escola ficava ansioso
Sem gosto para estudar
Só existe o computador
Onde se joga lê ou estuda
Mas o cientista inventor
Cria um pequeno, mais promissor
Para não carregar quem o usa
Toda a gente foi comprar
O e-book assim chamado
Onde livros se podiam guardar
Com o maior espaço pensado
E era fácil de transportar
No dia do aniversário
O Miguel recebeu de presente
Um e-book revolucionário
Que o fez pular de contente
Era o seu melhor amigo
Levava-o para todo o lado
Via histórias de encantar
Passava o dia ligado
Um dia com muita alegria
Ao ver uma grande aventura
O e-book não cedia
Miguel fica triste, numa amargura
O pai passou a explicar
Que o muito uso o enfraquecia
Que era preciso carregar
Para ter de novo energia
Mas uma vez não teve volta
Estava mesmo avariado
Teve mesmo que ir para loja
Para aí ser concertado
No seu quarto com tristeza
Em silêncio e sem querer comer
Na cama dava voltas de incerteza
Se o fim da história iria saber
Por tudo o que aconteceu
Um novo e-book pedia
Que fosse amigo e fosse seu
Que não carregasse a bateria
De repente um anjo aparece
O Anjo da guarda Gabriel
Que seu espirito amolece
Deixando a paz ao Miguel
Para satisfazer o seu desejo
O anjo sorri-lhe e não fala
E num remoinho de luz a voar
Vai cair numa grande sala
Era uma grande biblioteca
Que o Miguel desconhecia
Porque os livros da sua época
Não tinham tanta magia
Olhou todo o colorido
Tirou um livro, ansioso
Era aquele o preferido
Que abriu e folheou curioso
Era um livro de papel
Que não ia avariar
Estava à mão do Miguel
Apenas tinha que o estimar
Assim o Anjo Gabriel
Deu um livro de papel
Ao nosso amigo Miguel
Muito bem escrito pela Isabel
05-01-2013 Maria Antonieta Matos
Sobreiro árvore formosa
Com a copa bem alargada
Folha verde, sinuosa
Resistência ilimitada
Semeado e plantado
Tem copa, muito frondosa
Existe grande montado
Sua sombra apetitosa
Com grande espontaneidade
Regenera os rebentos
Desperta a curiosidade
Ali se passam bons momentos
Sua folha é persistente
E a lande é o seu fruto
Vê-se tanto gado comendo
Este importante atributo
Seu crescimento é lento
E longa a sua existência
Passa por muito tormento
Mas tem grande resistência
A paisagem harmoniosa
Monumentos da natureza
De importância ecológica
São de estimada beleza
O tronco vai engrossando
O seu casco tem valor
E o homem vai inventando
Cada peça com amor
A cortiça é um produto
De qualidade comprovada
Saí do sombreiro em bruto
De utilidade variada
Os artistas vão inovando
Esta matéria preciosa
A indústria transformando
E a ciência meticulosa,
Este produto é extraído
Quando a árvore já é adulta
Duma forma manual
Com um machado, resulta
O golpe é linear
A precisão é de mestre
Para o casco despegar
Sem ferir a árvore, agreste
Este processo acontece
De nove em nove anos
A economia engrandece
Grande parte, alentejanos
Eleita para vedante
Conhecida em todo o mundo
Preciosa para as garrafas
Conservarem o conteúdo
Passeios, para o turista
Observar todo o montado
As aves, as flores e o gado
E mais tudo o que se avista
Maria Antonieta Matos 28-07-2012
Escondo-me na solidão envergonhada
Nem o sol, o campo verde, me consola
Sinto-me desfalecer nesta abrigada
Perante o saque que me fazem, sem ter nada
Sem asas, esquecida, proibida d' aqui morar
Rasgam-me o ventre, tiram-me o sono e o sonho
Arrancam-me os filhos e os netos para emigrar
Tudo é longínquo, tudo é dor, tudo é medonho
Aqui no escuro levo meu sentido a desorientar
"Vivo" acabada, tiritando e a saudade não tem fim
Espero noite e dia por um carinho, para acalmar
Aguardo a esperança, que não vislumbra em mim
Aqui desesperada vejo as flores, a desgostar
Os lagos, os rios, em silêncio sem me bradarem
Nenhuma brisa, não sinto a alma, cega o olhar
Estou sem ninguém, a perecer, olhos a fecharem
Maria Antonieta Matos 10-01-2014
In NPE " Sentir D'um Poeta"
Corri por ti, caminhos não desbravados
Brinquei, cantei, chorei e sorri alegremente
Vibrei bailando, aqui ficámos enamorados
Não esquecerei pedaços de nós na minha mente
Em cada passo cambaleando fui descobrindo
Cada passagem, cada nome emaranhado
Uma gracinha para a família, enternecida
Quando balbuciava cada palavra, distorcida
À luz da candeia contando histórias, me encantei
No silêncio cantavam grilos na noite de breu
Palmilhei lugares sonhando a realidade que criei
Ou amedrontada no leito rebolava ansiosa
Temendo do sonho que o momento teceu
Sonolenta, soluçando, acordava duvidosa.
22-06-2013 Maria Antonieta Matos
Não fales meu amor, não digas nada
Deixa o silêncio no nosso amor penetrar
Abraça-me ao teu peito bem apertada
Aquece-me a boca e o coração com teu beijar
Deixa p’ra lá tudo aquilo que não presta
Que nos faz sofrer nesta vida dura
Faz uma pausa que é tudo o que nos resta
Para acalmar a euforia que não cura
Vibra entrelaçados com olhar cego
Mergulhando neste desvario vero
Sente o meu olhar dizer que te quero
Saboreia o momento neste aconchego
Como se o paraíso fosse esse deleite
Deixa que o pensamento em mim se deite
Maria
Antonieta Matos 31-10.2013
In " Poesia Sem Gavetas III"
Pintas o sonho tão lindo
Devia lei poder ser
Amor cor do colorido
As cores que pintas, haver
Pintor que pintas o sonho
Do mais belo colorido
Pinta o mundo mais risonho
Atende este meu pedido
Maria Antonieta Matos 22-04-2013
Alentejo inspirador
Eleva-me só de te olhar
Ao meu passar, abres cores
No campo p'ra me cortejar
Na primavera raiam flores
Entre o verde disparador
Malmequeres e papoilas
Salpicam o lindo esplendor
Pela noite a maresia
Gotas d'orvalho te afagam
Neste leito de amor
Bichinhos ali se amagam
Depois chega a alvorada
O sol dá o bom dia
Saem pássaros da ninhada
Sonidos de melodia
Num despique natural
Paz de espirito a apaziguar
Entoam cigarras e merlos
Cegarregas e grilos
Num silêncio a explanar
Para quem ouve escutar
E encantar-se a sonhar
Canta o galo no seu poleiro
Acorda a gente que dorme
E faz saltar do galinheiro
As galinhas de uniforme
A vida começa a surgir
Vem a chuva num vai, vem
Vem da alma a poesia
O sentir que a gente tem
Correm regatos e rios
Desfraldados enchendo o rego
Saciando as plantas do estio
Que o verão as seca cedo
Os animais de noite e dia
Correm o tempo a pastorear
Sob a velha copa acarram
Enquanto o sol abrasar
Vestem-se os montes de branco
Teu chão perde-se ao avistar
De azul te cobre o teu manto
Nuances, pairam a realçar
As vinhas mudam as cores
Conforme o tempo que passa
À mesa levam os sabores
Uvas,vinho ou em passa
Oliveiras e azinheiras
Azeitonas e bolotas
Os azeites de primeira
Os aromas e as compotas
Os queijos muito apreciados
Os enchidos saborosos
São pelo mundobadalados
Por embaixadores vigorosos
Alentejo musical
Entrelaçado no canto
És pintura divinal
Cresce molhares de espanto
Alentejo, não te esqueço
Mando lembranças daqui
Ouvintes de todo o mundo
Sempre Alentejo é aqui
A Rádio Solar de Londres
A quem muito agradeço
Na pessoa de Manuel Venâncio
SEMPRE ALENTEJO não te esqueço
MariaAntonieta Matos 25-09-2013
Desafio e conhecimento
É aquilo que lhe proponho
Com muito divertimento
E muito empenho, suponho
Aos meninos e meninas
Vindos de todos os lados
Vamos traçar algumas linhas
Para ficarem informados
Tem um castelo bem alto
Uma história ao seu redor
De Evoramonte é um passo
E tem marcas de valor
Vamos descobrir um cantinho
Um cantinho de Portugal
Com bonecos e pucarinhos
Uma cidade artesanal
Para assentar na cadeira
O buinho e a palhinha
Que o povo corta na ribeira
E são lindas p’ra cozinha
Predominando as cores
Azul, verde, branco e castanho
S ão pintadas lindas flores
O mobiliário Alentejano
Há artistas na cantaria
Têm gosto refinado
Valiosa sabedoria
E são muito solicitados
Fazem estatuetas admiráveis
E outras peças, para construção
São lindas e agradáveis
Arte com alma e coração
Há chocalhos com muitos sons
Do maior ao mais pequeno
O gado lhes dá os tons
Enquanto comem o feno
Há sobreiros muito antigos
Com copas muito frondosas
O gado fica protegido
Nas sombras maravilhosas
Do tronco se tira a cortiça
E tem muita utilidade
T arros, rolhas e outras dicas
Só o povo tem criatividade
Se tira também a lande
Para o porco o seu sustento
Que faz tenra a sua carne
Para o povo é alimento
Tem vinho e tem azeites
Belas vinhas e olivais
Nas terras lindos enfeites
Deslumbra os olhos demais
Tem queijos e tem enchidos
Com sabor sem igual
São por muitos conhecidos
É produto tradicional
Tem mármore para exportação
Vem da terra tal riqueza
Tem também a serração
Para o transformar em beleza
Fazem-se peças de estanho
Também muito apreciadas
Diversidade e tamanho
Para eventos são gravadas
Com lindo design e cor
A excelente Tapeçaria
Com o ponto de pé de flor
São bordados, é uma alegria
O ferro é trabalhado
Faz-se peças originais
É tudo muito pensado
Começou com castiçais
Tem também o latoeiro
Que está sempre a imaginar
Magica o dia inteiro
E faz peças para encantar
Há também os artesãos
Que fazem brinquedos de madeira
Para os mais pequeninos, são
São danados pr’a brincadeira
Há muita inspiração
E não se cansam a brincar
Com empenho e coração
E o sentido para observar
M obiliário pr’a bonecas
Reconstituição da história
Miniaturas diversas
Que não esquecem na memória
Há animais e carretas
Parelhas e tudo mais
Não faltam as picaretas
E as vestes regionais
Artesanato sobre as profissões
E os temas religiosos
Estão lá os cirurgiões
E os santos milagrosos
No museu para a memória
Existem lindas coleções
Fica um espólio de uma história
Contada por artesãos
De cor vermelha e amarela
E extraído da terra o barro
Fazem-se peças singelas
Quando peneirado e amassado
Depois do barro moldado
E de secar no forno
A pintura é o resultado
De lindas peças de adorno
Respeitando a tradição
R eligiosa e conventual
A ameixa para confeção
É um produto local
São herança familiar
Muitas destas profissões
Têm gosto para inovar
E preservar tradições
Com trabalho e motivação
Transformam as peles e os couros
Que lhe dá gosto e satisfação
E os produtos são duradouros
Também prenda esta cidade
O ofício do mosaico hidráulico
Prima a cor e qualidade
E o patrão é fantástico
Das matérias-primas naturais
E a pensar em reciclar
Inventa motivos florais
E faz quadros de admirar
Nos registos e maquinetas
A paixão falou mais alto
São lindas depois de feitas
E de um apreço elevado
A riqueza do Artesanato
Opera uma necessidade
Um querer imediato
E gostar de verdade
Sensação extraordinária
Individual criação
Uma compensação diária
E dá-se asas à imaginação
O vidro também é palco
Neste mundo artesanal
O espelho ganha um marco
Na vida de um casal
Não percas estes valores
Pois são formas de sustento
Imagina e pinta com cores
A arte e o teu talento
Valoriza a profissão
E dá-lhe muita importância
Será meio caminho andado
Para o sucesso e confiança
Procura as letras diferentes
No início de cada verso
Junta um Z às existentes
E a cidade fica a descoberto
Maria Antonieta Matos/ 2011
O governo que foi eleito
Com promessas de veredicto
Deixa o povo agora desfeito
Trocando o dito pelo não dito
Cada dia cria um imposto
Para a dívida poder pagar
Ficando o povo sem encosto
Como se vai desenrascar
Arca com muitos encargos
Sem nenhuma alternativa
Tem os filhos desempregados
Sufocando-lhe a sua vida
Preces de mundos e fundos
Tinham uma nova visão
Havia solução para tudo
Vendedores de ilusão
As medidas de combate
A esta dura austeridade
Arrasa os pobres e invade
A sua própria dignidade
Levam o tempo a perguntar
Qual é a alternativa
Mas quando dicas lhes vão dar
Não as tomam para mudar
03-10-2012 Maria Antonieta Matos
Alma inspiradora, desnuda de preconceitos
Sensível, irrequieta, misteriosa e irreverente
Aos olhos das gentes contam defeitos
Que tarde acordam contrariando a mente
Inteligente, incrédula, sôfrega de amor
Ligações fogosas, que cegam e se esvaem
Desabrochando poemas da alma em flor
Resvalando lágrimas que pela face caem
Pensamentos sonhadores, se perdem
Ao acordar não têm mais cor
Ilusões e desilusões que sempre sucedem
Como nascer livre, mas não lhe dar sabor
Que loucas são as gentes, que não se divertem
Que morrem contentes, sem que para viver despertem
21-03-2013 Maria Antonieta Matos
In "Poesia Sem Gavetas"
Véus de multicores caindo do céu, deslumbrando o olhar
Pintura concebida pela natureza se descobre no pensamento
O olhar alucinado estimula sensações nos sentidos, a meditar
Um sentir de festa, de prazer, de paz, marcando parco momento
Murmurando o vento beija e balança as folhas das árvores
Que esvoaçam felizes pincelando e colorindo o teu chão
Entrançando o desenho do tapete original e inspirador
Perante a luz do sol que ilumina e espreita tal perfeição
Quadro divino que nasce e cresce que se veste de cores
Que inala de desejo e enfeitiça o passeio dos amores
Tornando inesquecível e acalentador o sensível coração
Musicando os pássaros se acolhem nos galho e nas flores
Rastejando bicharocos, os grilos à noite fazem serenatas
Dançam os ouvidos através dos sons do rio e das cascatas
Maria Antonieta Matos 11-04-2013
Com meu canto direi coisas
Que no peito trago apertadas
Quando tão injustas palavras, ousas
Com as pessoas descriminadas
Sentes-te poderoso sem mácula
Cortando… cínico e desvairado
Sonhos e asas vindo arranca-las
A gente que nasceu no triste fado
Gente humilde labutando em vão
Enquanto tu… tens tudo à mão
Em doce leito te deitas descansado
Crianças que maltratas e apregoas
findar seu sofrimento… palavras boas
Apenas pr’a te mostrares abençoado
Maria Antonieta Matos 30-11-2013
O neto que já eu sinto
No ventre de minha filha
Já está no meu coração
E do afecto já partilha
Ainda não sei o teu nome
Mas um estará destinado
Pouco interessa por agora
Porque já és muito amado
Já vai dando os seus sinais
Mostrando a sua gracinha
Assim comunica com os pais
Faz tum, tum na barriguinha
Os irmãos muito emotivos
Para nada lhe faltar
Já fazem preparativos
Querem roupinha para o tapar
Já distribuíram as tarefas
Para aliviar mais os pais
Fica tudo simplificado
Estão contentes por demais
A massagem faz o Duarte
Para ficar descontraído
Já aprendeu essa arte
E já está tudo definido
A fralda muda o Miguel
Já está muito determinado
Tem um saco cor de mel
Com tudo bem arrumado
A Verónica lhe dá afectos
E o adormece à noitinha
Para ficar mais relaxado
Canta-lhe uma cantiguinha
Deixem depois os contos
E os mimos p’rós avós dar
Pois os pais os filhos educam
E os avós podem ajudar
Todos os netos são iguais
Todo o bem lhe quero dar
No coração tenho mais
Cantinhos, para os amar
18-08-2013 Maria Antonieta Matos
Toma-me em abraços ternos
Junta aos meus, teus pensamentos
Sente o amor pleno mais sincero
Não te emudeças entre fragmentos
Bebe-me como vinho maduro
Saboreia nos sentidos a essência
Sente a bebedeira de amor puro
Grita de felicidade pela existência
Sente-me como um desejo
Tal qual a ânsia do dia primeiro
Que me exaltavas de gracejo
Prende-me aos teus momentos
Em pujante amor verdadeiro
Não deixes passar os tempos
Maria Antonieta Matos 15-09-2013
Briosas flores luminosas, embalando o sonho pairando no ar
No aconchego, cânticos resvalam esculpindo a paisagem
A sonoridade e odores embriagam os sentidos a desvairar
Na grandeza do céu azul que as nuvens o pincelam, de passagem
Monsaraz feiticeira, retina contempladora de olhares
Farol, proliferando os tons, os dons e os sentimentos
Decifrando mistério do encanto, enamorando os pares
Ficando a saudade de quem por ti passa, bondosos momentos
No alto, imponente fortaleza mantendo o vigor através do tempo
Te rodeiam casas branquinhas agarrando a estrutura e graciosidade
Desejo da gente hospitaleira, embevecida de agrados e generosidade
Ladeando os muros, desencadeias sublimes pinturas ao sabor do vento
Os cliques dos retratos sucedem em cada dia, para o mundo conhecer
Na memória guardas o saber e o anseio de quem contigo quer aprender
27-06-2013 Maria Antonieta Matos “ In Poetizar II”
Ainda mal sabe andar
O Miguel de olhar sereno
Leva o corpo a balançar
Uma gracinha tão pequeno
De bico de pés dá os bracinhos
Para que o leve onde quer
Aproveito para lhe dar beijinhos
A sorrir diz bem me querer
Curioso em tudo mexe
Tudo quer descobrir
Quer fazer o que lhe apetece
Os degraus quer subir
Fica com ar tão engraçado
Que põe todos a sorrir
Como se estivesse aprovado
Que não há mal, pode seguir
Maria Antonieta Matos 10.04-2013
O acumular de situações
Sem nenhuma objetividade
Provocaram rebeliões
Na gente duma cidade
Cérebros de muito pensar
Não descansavam há dias
E começaram a agitar
Numa grande rebeldia
As bocas em alvoroço
Gritavam quanto podiam
Veias engrossavam no pescoço
Que as vozes já não lhes saíam
Contentes estavam os ouvidos
Da tremenda barulheira
E de acordo todos os sentidos
Por não ser uma brincadeira
Os olhos controlavam tudo
Tinham essa grande missão
Não acertasse dedo pontiagudo
Vindo do meio da rebelião
No meio desta embrulhada
Os narizes, conferiam odores
E serviam como espada
Na cara dos exploradores
Com grande fúria as mãos
Desataram à paulada
Que terríveis confusões
A cidade estava tomada
Era tanta a rebeldia
Que os ossos estavam a desencachar
O matemático corria
Para todos numerar
Veio o médico de urgência
E os maqueiros com as macas
Cirurgiões com as facas
No meio de muitas ameaças
Maria Antonieta Matos 27-10-2012
Eles que sonham despertos
Revirando o pensamento
Tantos caminhos abertos
São percorridos num momento
Veem o mundo fantasiado
Arquitetam argumentos
Concebendo muito floreado
Iluminados pensamentos
Navegam pelo desconhecido
Numa aventura hilariante
No amor embebecidos
Enfeitiçam a sua amante
Muitas vezes infelizes
Pela realidade intransigente
Não curam as cicatrizes
Porque o sonho é diferente
26-10-2012 Maria Antonieta Matos
Tu que me deste o ser,
me afagaste quando insegura
e me fazias renascer com a mais doce brandura
Eras força, eras ternura, eras sorriso
Estavas sempre onde era preciso!
Mostravas o teu amor… à mãe sempre dizias,
Que a amavas todos os dias!
Brincavas e ensinavas, eras bom a matemática
Tu comigo desenhavas, contavas histórias de enfeitiçar
Ao teu colo eu ficava com a mana a cantarolar
As vezes … também te zangavas,
Quando estávamos na zombaria…
E aí te afirmavas…
Não querias rebeldia.
Sempre muito preocupado, com o nosso bom pensar
Sonhavas e muito trabalhavas para nada nos faltar
Aos teus netos davas carinho, fazias muitas piadas
Era tudo uma gracinha no meio de gargalhadas
Não desprezavas ninguém,
E em casa recebias bem
Os amigos ou conterrâneos
Todos te recordam e me falam do Gaspar
Que Deus tem
Estás no nosso coração
Em cada lugar és lembrado
Sinto tua mão na minha mão
Quando passeava a teu lado
19-03-2014 Maria Antonieta Matos
In NPE "Eternamente Poeta"
Minha mãe mesmo velhinha
Não se cansa nem um minuto
Cuida, protege, acarinha
Tudo faz sem contributo
Ativa, doce, criança
Sempre pronta a ajudar
Sonha, enche-me de esperança
Nada a afecta para amar
Se há algo que me atormenta
É motivo para não dormir
Se me zango, não se apoquenta
Em silêncio me sabe ouvir
Argumenta sabiamente
Cada dia a ensinar
Observa atentamente
Cada passo do meu andar
Adivinha-me o pensamento
Abdica do seu bem-estar
Sorri-me a cada momento
Os seus olhos, vejo brilhar
Percorreu longo caminho
No seu ventre fui protegida
Sofreu as dores com carinho
Com energia desmedida
Tens os cabelos branquinhos
Pele enrugada do tempo
Adoras os teus netinhos
Vives cada acontecimento
Surpreendes todos os dias
Mesmo com a mão a tremer
Tudo fazes com ousadia
Disfarças para ninguém perceber
Queres para todos o melhor
Sonhas com esperança o futuro
Minha mãe és a maior
A maior mãe do mundo
Maria Antonieta Matos 14-02-2013
Monsaraz vila lindíssima
Tudo se vê ao redor,
É arte para o artista
Deslumbramento maior.
Ao olhar aqueles campos
Lá do alto surpreende,
E, faz bater o coração,
O Alqueva dali distante.
Parece estar ali à mão
Vê-se todo o horizonte,
Como se estivesse no céu.
O olhar descobre as pontes
E admira os lindos montes,
É uma dádiva de Deus.
Maria Antonieta Matos 12-09-2012
In livro "Poetizar Monsaraz"
Declinada sobre a mesa, numa manhã em que o dia acaba de nascer,
minha
alma chora!
A tristeza invade-me e o sonho prega-me partidas …
Os
olhos se humedecem, não há paladar, cheiro, carinho, canto, que
decifre o momento.
Lá fora o sol está radioso, mas gelado este dia … Apagou-se em mim a luz, deixei de ver e ouvir as árvores, os passarinhos e tudo o que os olhos dizem, noutro dia …
Ontem ouvi uma reportagem sobre tráfego de pessoas e doeram-me as entranhas!
Pergunto-me onde chegam estas mentes perversas, doentes, ambiciosas, temerárias, que morrendo de medo quando estão por baixo, subjugam o seu semelhante a tremendas atrocidades….
Ao homem, à mulher à criança que indefesos, desesperados, discriminados, atraiçoados, manipulados, massacrados, presos, são privados de seguir os seus sonhos, do carinho da família, dos amigos….
Estranho jeito de amar, de presentear de se mostrar doce mas tão amargo …
O
coração sai-me do peito a um ritmar gritante, ofegante …
Morra
a maldade, a escuridão, o sofrimento, os maus pensamentos….
A vida concede oportunidades todos os dias para mudar!
VIVER A VIDA FELIZ!
Maria Antonieta Matos 29-12-2013
Tu que afagas o meu rosto
Que me apertas com carinho
Desenhas e pintas com gosto
Levas à boca o pão e o vinho
Tu que nos dedos trazes o anel
Simbolismo do amor
Responsabilidade fiel
Na obra de um escritor
Tu que ofereces, mão caridosa
Que te estendes para aceitar
Que és a arte primorosa
Que te entregas para amar
Tu que falas pelo gesto
Pões o surdo-mudo a falar
Que amparas o velhinho
Que fazes som para musicar
Tu que prendes
E magoas
Tu que bates e não perdoas
Tu que lês e ensinas
Pessoas invisuais
Que apontas e determinas
Que escreves e tanto mais…
Tu que cavas e cultivas
Que colhes todos os frutos
Que com afetos cativas
Que te defendes de brutos
Tu que castigas
Que pegas em arma e atiras
Que inocentes, fustigas
És força ou muita doçura
Tens rugas pelo tempo passado
Tens beleza formosura
Tens calos de teres labutado
16-01-2013 Maria Antonieta Matos
Olhaste-me num dia de festa
No sentido te acompanhei
Seguro, pensaste que era desta
Que encontraste a cara certa
E na tua prosa me enamorei
Ausente por outras paragens
Vi a saudade a fulminar
Recebi cartas com mensagens
Senti perto teu respirar
Era tanto o nosso amor
Crescia no sentir do sofrer
Sonhava desabrochando em flor
Contava os dias para te ver
Tu à saudade não resistias
Embora poucos, aqueles dias
Tu para mim sempre corrias,
E voltavas com mais saudade
Começamos a viver
Com tristeza de morrer
Nesse sonho de felicidade
Aguardando o teu regresso
Para vivermos em liberdade
Pensamos logo em casar
Não estávamos um, sem o outro
E depois no nosso lar
Os filhos começaram a chegar
Um, dois, três e mais os netos
Derretemo-nos em afetos
Com alegria a transbordar
10-11-2013 Maria Antonieta Matos
Quando vejo o teu olhar
Fixo no meu sem parar
Leio o que neles me dizes
Sem uma palavra me dares
Se estás triste ou contente
Se tens ódio ou se me amas
Tudo o que o teu coração sente
Nos teus olhos se inflama
Quando vejo a natureza
Num silêncio interior
Desfruto aquela beleza
Num olhar mais sonhador
O que mata um jardim
É a indiferença do olhar
A inconsciência sem fim
Duma flor deixar murchar
Quando vejo olhar o umbigo
Sem nada ver ao redor
Um distanciamento é sentido
Por nele ver ambição maior
Há o olhar como um som
Expressivo revelador
Mostra o que alma projectou
Num momento inspirador
Olhar sábio que vê distante
Tudo pode descobrir
Realizar coisas importantes
Mesmo sem estar a agir
Um olhar diz uma coisa
Outra coisa diz outro olhar
Porque a diferença da coisa
Está no olhar a pensar
Um olhar atencioso
Vai fazer toda a diferença
Num doente ou no idoso
Pelo ato da deferência
21-01-2013 Maria Antonieta Matos
Da aboboreira a observar,
Denso campo de carvalhos
Embrenhei-me como a sonhar
Por entre gotas de orvalho
Perfumes que respirei
Neste ambiente tão natural
Ninhos de águias, admirei
Com mochos, esquilos falei
Em puro meio ambiental
Vi lobos e vi libelinhas
Vi morcegos, formiguinhas
Corujas, cobras a rastejar
Muitos pássaros a voar
Musicando pr’a me saudar
Frondosas árvores centenárias
Imponentes e lendárias
Amieiros, salgueiros, freixos
Exemplares de azevinho
Aqui se aninham os passarinhos
O cuco, o pisco, a cotovia
Andorinas, rouxinóis
Sobem às plantas caracóis
Nesta paz e sintonia
Há romance, muita magia
O noitibó sai pelo escuro
Na noite vai disfarçado
O seu ninho fica seguro
No chão por folhas tapado
Se alimenta de mosquitos
Feliz sempre a saltitar
Pela mata de carvalhos
Leva a noite a festejar
O mocho em grande estilo
Sai da toca para cear
Com o fato de abas de grilo
Para o grilo ouvir cantar
Sobre folhas a deslizar
A lebre passa de repente
Fugindo duma serpente
Que se estava a aproximar
E ficou serenamente
De longe a observar
Este refúgio cheio de cor
A sombra é grandiosa
Focos de luz irradiam
Aquela vegetação viçosa
O milhafre e o açor
Esvoaçam pelo ar
O rio Ovil por ali passa
Abraçando este esplendor
Nas suas margens, as lontras
Melro, chapim, perdiz
Tranquilos livres, os encontras
Num ambiente muito feliz
Não faças mal à floresta
Que nos prima de beleza
Cheia de ar puro, mãe natureza
Saúda a vida sempre em festa
22-08-2013 Maria Antonieta Matos
Anda um barco a navegar
À deriva no mar alto
Todos o estão a querer comprar
Porque está ao desbarato
Chamaram-lhe Portugal
Há tremenda confusão
Uns dizem que é imoral
Mas chega-se à conclusão
Serem os mesmos que lá estão
A causarem todo esse mal
Sacodem a água de cima
Para outro se molhar
E o seu nariz logo empina
Para nele descartar
Há piratas por todo o lado
Querendo o barco afundar
Tirar proveito deste estado
Pôr a gentes a mendigar
Parecem muito santinhos
Não tem nada a esconder
Fazem do povo parvinhos
Para tudo deles comer
Estão a esvaziar o barco
Atirando tudo pró mar
Mas lá vão enchendo o saco
Num fundo, querem guardar
Cá se fazem cá se pagam
E Deus está a mirar tudo
Sem esperar há uma viragem
E deixam de ser uns pançudos
07-01-2013 Maria Antonieta Matos
Olha ali deitada
Para ter os filhitos
Aquela vaquinha
Está já aos gemidos
Muito apressado
Vai o Eduardo
Pois o bezerrinho
Ficou entalado
Ajuda com esforço
E muito carinho
A vaca a parir
Para o bezerro sair
Lambendo para lavar
Dá beijos no filho
E ajuda a levantar
Para seguir o destino
Cambaleando e a cair
Lá dá uns passitos
E a sua mamã
Dá-lhes uns beijitos
Lá está o bezerrinho
Encostado à teta
Pronto para mamar
De cor branca e preta
Faz grande pressão
Na teta para mamar
Dá grande puxão
Para o leite lhe chegar
Vai atrás da mãe
Contente e a crescer
Brinca no prado
E a mãe a proteger
Pastando sem pressa
Anda a vaquinha
Comendo o pasto
Logo pela fresquinha
Cheiinha de leite
Não esquece a ordenha
Há hora marcada
Ninguém a detenha
A lavar a teta
Para a ordenhar
Está a Henriqueta
Para se despachar
Com as suas mãos
E dois dedos na teta
Puxa com cuidado
Para não fazer greta
Jorrando para o balde
O leite já está saindo
Só com habilidade
É que vai fluindo
Ali está a coar
O leite que sai
Para ir para depósito
A refrigerar
Bem lavado o depósito
Para refrigerar
Permanece ali o leite
Para transportar
Vem ali a analista
Para analisar
Se o leite está óptimo
Para comercializar
Porque a higiene e a segurança
É norma importante
A bata de cor branca
Faz parte integrante
Não haja um percalço
Tem que haver cuidado
O uso de calçado
Tem que ser adequado
Lavar bem as mãos
E evitar acidente
Faz parte da prevenção
Para não ficar doente
Torna-se indispensável
Na nossa alimentação
Por isso a qualidade
É uma preocupação
Tem água e vitaminas
Tem lactose e gordura
Tem minerais e proteínas
E também tem doçura
Hermeticamente fechado
E bem refrigerado
Chega o transporte
Algo especializado
A colher o cardo
No campo feliz
Está lá o Ricardo
Que ainda é petiz
À sombra a secar
A flor do cardo
Para armazenar
Com todo o cuidado
O cardo é utilizado
Para coagular o leite
E daí ser fabricado
O queijo muito aceite
Depois do leite ferver
E o coalho engrossar
Fica a arrefecer
Para o queijo moldar
Com forma redonda
Apertando com os dedos
O soro vai saindo
E formam-se os queijos
Na temperatura adequada
Em estantes a secar
Vão virando o queijo
Para não se estragar
Desnatando o leite
Pode-se fazer
A manteiga de vaca
Para com pão comer
Tem um valor alimentar
O leite comercializado
Para mais tempo durar
É embalado e engarrafado
Maria Antonieta Matos 16/07/2011
Um raio de luz penetra na rua
Pleno silêncio acalenta a mente
Porquê o tempo a largou tão nua?
Ao tirar as vestes que o olhar sente
Nuvens pardacentas, pálida luz
Casas branquinhas pintalgadas
Que o tempo corrói e seduz
Brilham regatos na calçada
Gotejam prantos a cair do telhado
Galhofam nas frestas em cada pedrinha
Pulam contentes, daquele matizado
No céu o sol sorri entre a “nuvenzinha”
Se escapa e brincam à “escondidinhas”
Ganhando o sol iluminado
Maria Antonieta Matos 05-10-2013
Amanheça o dia com o sol radioso
Cortem-se todos os males pela raiz
Floresça a alegria num alvoroço
Resplandecendo a paz com ar feliz
Morram as injustiças e as ambições
Sintam o pensamento a harmonizar
Acalentem de amor os corações
Sintam correr calmo o rio, a trautear
Prendam o olhar nas flores a crescer
O chilrear dos passarinhos a penetrar
Levantem os olhos, para ver e admirar
As cores no horizonte transparecer
O rastejar e andar, a lindeza de cada ser
Emudeçam-se em aromas a contemplar
30-10-2013
Maria Antonieta Matos
In "Nós Poetas Editamos V"
Tens uns olhos muito expressivos
Fazes humor a gargalhar
Ficas sério, crítico e apreensivo
Quando de injustiças ouves falar
Tens sentido da responsabilidade
Embora muito pequeno
Falas com muita habilidade
Com teu ar muito sereno
Raciocínio inteligente
Estás em constante desafio
Pões à prova a tua mente
Projectas casas, carros, navios
Tens ideias que surpreendes
Conversas muito requintadas
Fazes lembrar pessoa grande
E me deixas atrapalhada
Metes conversa com as pessoas
Sejam elas de que país for
Cativas e te prontificas na boa
Com soluções e amor
Sempre pronto para aprender
Saber da palavra o significado
Na matemática não quer perder
Na dificuldade está interessado
Quer ser Guarda-florestal
Para defender a floresta
Não quer ninguém a fazer mal
Por ser o bem que nos resta
Criança muito extrovertida
Gosta de brincar em conjunto
Apresenta os pontos de vista
Discute qualquer assunto
18-08-2013 Maria Antonieta Matos
O Natal está a chegar
Vem cheio de amor e carinho
Mas não contemplas os sozinhos
Cheios de frio, e sem nada
Já nem lhe cai uma lágrima
O pouco que têm, os consola
Um sorriso lhe faz bem!
Mas há muitos que tudo têm
E resmungam, quero mais
Não sabem o que fazer
Porque são coisas demais!
Que o espírito do Ano inteiro
Seja de distribuição
Que haja muita satisfação
Ninguém pense no supérfluo
Estejam todos em união!
Maria Antonieta Matos
Mudo, sem um sequer pensamento
Nem ruído por companhia
Tombado num sono lento
Sem qualquer arritmia
Há silêncio que dá medo
Quando não há comunicação
Porque mais tarde ou mais cedo
Pode resultar na decepção
Quanta pessoa está caída
No silêncio por opção
Porque a voz não é fluída
E pode causar impressão
Na calada do escuro da noite
Nem vivalma se augura
Por medo não há quem se afoite
Enquanto o silêncio perdura
O silêncio é oração
É música para os ouvidos
É querer estar em comunhão
Com os seus próprios sentidos
Sentir a forma tão terna
Do silêncio de um olhar
Que mudo diz coisas tão belas
Impossível não amar
O silêncio reacende
A busca de conhecimento
A escrita dele depende
Deste precioso momento
Às vezes quero respostas
O silêncio não me ouve
Até me vira as costas
Por não querer que o estorve
27-10-2012 Maria Antonieta Matos
Vamos fazer umas quadras
Puxar pela imaginação
Brincando com as palavras
Numa completa sedução
Numa sequência de palavras
Uma rima procurar
E acabarem as quadras
No espaço que está a faltar
Desenha uma figura
Com quatro lados iguais
E vê a sua estrutura
Ela é bonita ……demais
Os ângulos são todos rectos
E o nome é um quadrado
Noventa graus são certos
Em cada vértice dos …..lados
Se desenhares três linhas
E unires os seus pontos
Puxa por uma pontinha
E observa os seus ……cantos
O triângulo tem três bicos
Uma forma original
Encontras em muitos sítios
E o ângulo pode não ser …..igual
Há a forma circular
Tal qual está cheia a Lua
Também podes desenhar
À noitinha na tua …rua
Se duas linhas de lado
Cresceram mais um bocado
Sai o rectângulo beneficiado
Fazendo inveja ao ……quadrado
Com estas formas tu podes
Fazer uns lindos bonecos
Uns magrinhos outros fortes
Ou então faz uns ……..Tarecos
Com ideias e concentração
Tens muito para explorar
Faz um carrinho ou carrão
Faz o teu cérebro …….trabalhar
funcionar
O paralelepípedo
Que nome tão estranho
Repete comigo
É fácil, não me… engano
Têm volume e forma
Faces, vértices e arestas
Há excepção à norma
São formas geométricas
É sólido geométrico
A base é um círculo
Sobem todos os pontos
Termina num bico
O querer e atenção
Tudo se resolve
Chega à solução
E desenha o Cone
Em baixo e em cima
São círculos iguais
Desenha o cilindro
Com um pouco mais
Se num ponto fixo
À distância ligares
Um conjunto de pontos
O que podes achar?
É linda a esfera
E seus movimentos
Semelhantes à terra
Girando andamentos
É uma unidade de medida
De volume ou capacidade
Enches uma porção líquida
É o litro a quantidade
É uma unidade de medida
E contêm o seu volume
Um metro cúbito é a saída
Da encomenda do costume
Tens o metro para medir
Tudo o que é linear
Estás aqui para decidir
Os metros que queres levar
O quilograma para pesar
É uma medida de massa
Já me estou a inquietar
Que o peso já ultrapassa
Se tiveres uma planície
E queres medires a superfície
Tens as medidas agrárias
Para resolver sem chatice
Se tiveres um terreno
E queres medires a superfície
Tens as medidas agrárias
Para resolver sem chatice
Superfície uma grandeza
E tem duas dimensões
O m2 sem surpresa
Resolve as situações
Enquanto área
É medida de grandeza
Considerada 1 número
Com toda a certeza
O metro quadrado
Unidade fundamental
Para medires ao quadrado
A área que queres achar
É uma unidade de medida
De capacidade ou volume
Se derrubares a bebida
Não tens litro que te ature
Maria Antonieta Matos 08/07/2011
Maria corre
Corre o santo dia
Corre que morre
De tanta arrelia
De manhã acorda
Corre a cambalear
Prepara a roupa
P’ra todos vestir
Corre a se lavar
Maria, Maria
O tempo não dá
Para ao espelho te mirar
Corre para o quarto
Corre a se vestir
Levanta o menino
Para a escola ir
Corre para o lavar
Corre para o vestir
Corre para cozinha
Faz o pequeno-almoço
Chama-a a vizinha
São horas de sair
Dá pressa ao menino
Para acabar de comer
Corre a fazer as camas
Limpa a mesa a correr
Dá pressa ao marido
Que não se quer mexer
Maria, Maria
Vá lá perceber
Sempre numa arrelia
Pra nada esquecer
Corre para sair
Leva o menino à escola
São horas de seguir
Corre para o trabalho
Sempre a trabalhar
Encolhe-se, troca a perna
Mas é uma pena
Não pode parar
Corre a almoçar
Que o trabalho aperta
Vai aliviar
Deixa a porta aberta
Corre a se lavar
São horas de trabalhar
Corre Maria
Que tens que acabar
Esse trabalhinho
Que te vai premiar
Corre Maria
São horas de sair
Vai buscar o menino
Toma conta dele
Para não cair
Corre rua abaixo
Corre rua acima
Corre a entrar em casa
Pelas escadas acima
Senta o menino
Para fazer os trabalhos de casa
Corre a fazer o jantar
E o almoço para outro dia
Corre a passar a ferro
E põe a roupa lavar
Corre, corre Maria
Corre para arrumar tudo
Põe a mesa para o jantar
O marido é sortudo
Sentou-se a ler o jornal
Come de pé a correr
Lava a loiça, limpa a loiça
E vai-se pôr a cozer
Corre Maria
Maria corre
O menino não quer dormir
Corre conta-lhe uma história
Não resulta a correr
Quer mais uma a seguir
E não consegue adormecer
Corre Maria agoniada
Já sem forças para correr
Cai na almofada cansada
Sem
o menino ouvir chorar
Tem pesadelos a dormir
Fala alto a ressonar
Corre Maria
Acorda pela noite dentro
Levanta-se escangalhada
Corre para cama sem alento
E leva a noite acordada
Corre Maria
Maria corre
Já entrou a alvorada
Corre Maria
Maria corre!
Maria
Antonieta Matos 05-10-2013
Este país desgovernado
Sem cabeças para pensar
Tira o ganho ao desgraçado
Que já anda penhorado
Até para ir trabalhar
Não pode pagar transporte
Não pode nem almoçar
Se está doente mais um corte
Onde vai isto chegar?
Papagueando versões
Do que lhe interessa mudar
O governo faz confusões
Para os seus não molestar
Dizia que tudo faria
Quando era oposição
Agora sim que … podia!
Ao povo lhe tira o pão!
Mede pela mesma bitola
As classes deste país
Aponta uma pistola
Ao povo… corta a raiz
Não há justiça que opere
Não há saúde que cure
O corte em tudo interfere
Não há governo que se ature
Andam para cá e para lá
Com as contas baralhadas
Desculpas a quem não está cá
Para ocultar trapalhadas
Quem estudou está de partida
Procurando um novo rumo
Porque não tem alternativa
Neste país sem arrumo
Estudar já não é para todos
Neste nosso Portugal
Repleto de desempregados
Sofrendo todos os males
12-10-2012 Maria Antonieta Matos
Um soldado ao cavalgar
Num dia muito invernoso
Viu um pobre a tremelicar
Num estado lastimoso
Ficou tão sensibilizado
Que o pobre foi levantar
E lembrou-se de cortar
A capa ao meio, para lhe dar
Logo repentinamente
Do dia escuro se fez luz
Ficando o Martinho ciente
Que aquele pobre era Jesus
De tanto que havia chovido
O rio começou a transbordar
Com a cheia, a ponte foi caindo
Impedindo-o de por lá passar
Por tal motivo Martinho
Foi forçado a pernoitar
Numa casa miserável
Única que pôde encontrar
O casal que lá vivia
Tinha pouco para oferecer
Senão água-pé e castanhas
Era o que tinham para comer
De ora avante neste dia
Há castanhas a assar
É dia de S. Martinho
Vinho novo para provar
E como sempre por milagre
O tempo começa a brilhar
É o verão de S. Martinho
O Santo mais popular
11-11-2012 Maria Antonieta Matos
Alentejo tua gente
Sente cada teu olhar
Escreve-te insistentemente
Pondo o coração a falar
Maria Antonieta Matos 05-10-2013
Aqui sem espaço na vida
Na imensidão do espaço
Onde tudo se olvida
Durmo deitado ao relento
Flutuando ao sabor do vento
Telintando regelado
Encharcado no triste fado
Para aquecer o coração
Calo as dores a beber
Vivo uma vida de cão
Pedindo para comer
Sem forças caio especado
Dentro de muitos farrapos
Em qualquer chão… revirado
Olham-me com desprezo ou pena
Se curvam para dar um trocado
Vivo louco despedaçado
Na minha vida terrena
Aqui faço o sonho viajar
Vejo uma beleza Infinda
Faço versos a cortejar
A mais bela rapariga
Aqui o sorriso me contenta
Sinto a dádiva no carinho
Penso grande … pobrezinho
Deixo o que mais me atormenta
Dou comigo a falar sozinho
Maria Antonieta Matos 07-01-2014
In " Nós Poetas Editamos VI"
Ai o estado lastimoso
Em que está este país
Anda alguém muito guloso
Que pensa ser poderoso
A crescer-lhe o nariz
Já não existe classe média
Professores para ensinar
Está a torna-se em tragédia
Aprender e estudar
A saúde está a acabar
O povo já está sem cheta
Como se aguenta a depressão
Se este estado não se endireita
Paga mal a quem dá lucro
E muito bem ao astuto
Que faz o povo cair
Para o andar a servir
Sem o mínimo de dignidade
Mas onde está a humanidade?
Só existe falsidade…
Ai liberdade, liberdade
Acabaram com os direitos
Consignados na constituição
Os direitos são defeitos
Valorizam o ladrão
Não o que rouba para comer
Mas o que se quer encher
Que tremenda confusão
Casais desempregados
Com as contas para pagar
Vêm-se sem ordenados
E com os filhos a chorar
O governo bem sustentado
Acrescenta austeridade
Não corta o seu ordenado
Fomenta a desigualdade
Deixa fechar as empresas
Não lhes dá estabilidade
Desespero e incertezas
É um poço de dificuldades
Jovens sem segurança
Apoiam-se nos velhos pais
Que esticam sem a esperança
Que os filhos não precisem mais
Maria Antonieta Matos 24-04-2012
Seja qual for a tua dor
Não desprezes a tua vida
Vai à procura de amor
Não te metas na bebida!
Neste mundo há muita gente
Que desencaminha o destino
Quando na pior se sente
Refugia-se no vinho
Não perturbes o teu cérebro
Com irreal lucidez
Que o estado de se estar ébrio
È um estado de nudez
È falsa essa alegria
E a raiva transmitida
Nada disto alivia
A resolução da tua ferida
29/01/2012
Maria Antonieta Matos
Um passarinho esvoaça
Num galho de oliveira
Com harmoniosa graça
Numa linda brincadeira
Assobia porque está contente
Salta o ramo saracoteando
Olha pró céu incessante
Com a cabecinha rodando
Voa, voa livre pelo ar
Admira todo o horizonte
Vê o mundo a girar
Bebe na mais bela fonte
Faz o ninho embevecido
Cria e cuida com carinho
Ensina e traz protegido
Dá comida pelo biquinho
21-04-2013 Maria Antonieta Matos
Tomás, teu rosto é ternura
Tua boca esvai-se em sorriso
Tuas mãos a diabrura
Entre risos de improviso
Brincalhão de olhos matreiros
Forte me abraças com doçura
Não resisto aos teus encantos
Fico cega de brandura
Tua voz misteriosa
Dou voltas para te entender
Sempre encontro forma airosa
Para o que dizes perceber
Inteligente, dás-me a volta
Com a tua psicologia
Quando queres alteras a rota
E deixo-me levar p’la magia.
18-08-2013 Maria Antonieta Matos
Cheio de carinho e de humor
Encantavas todos nós
Esforçavas-te para conseguir
O que sem falar a viva voz
Sentias e davas a sorrir
Tenho presente o teu sorriso
As tuas preocupações
Ralhavas quando era preciso
E apaziguavas nossos corações
Foste um pai sempre presente
Bom marido e terno avô
Muito amigo do seu amigo
Ensinaste-me o que sou
Pai, recordo-te com carinho
Não me esquecerei de ti
Daqui mando um abracinho
Um dia estarei aí
Maria Antonieta Matos 19-03-2013
Escondeu-se a paz em qualquer planeta
Tudo adormeceu esquecido no tempo
Rasgados os sonhos no fio da baioneta
No escuro o maltrato, luta contratempo
Quão diferença faz a algibeira vazia
O malfadado destino a ti preordenado
Os farrapos e indigências que te cria
O mais triste tempo ensanguentado
Tanta desumanidade imponderada
Embora tu não queiras te é arrancada
Vives do vento como alma penada
Fazem morrer o contentamento vivo
Parindo as dores do sofrimento e castigo
Que satanás no fogo do inferno lavra
05-11-2013
Maria Antonieta Matos
In " Nós Poetas Editamos V"
Avós, crianças de novo
Entre risos e brincadeiras
Perante as grandes maroteiras
Dos seus netos irrequietos
Dão carinho, muitos afectos
Têm muita compreensão
Não importa a confusão
Dos brinquedos espalhados
Mesmo não sendo arrumados
Pela recusa dos netos
Dão carinho, muitos afectos
Contam contos de encantar
Transmitem-lhe muito saber
Ensinam como estudar
O conhecimento faz crescer
Com os netos a inventar
E dar a volta aos contextos
Dão carinho, muitos afectos
Alinham na brincadeira
Andam todos num virote
Ficam maçados de canseira
Mas continuam alegrotes
Jogar, bailar e cantar
E tocar para animar
Todos os males se espantar
São momentos para recordar
Os netos não vão esquecer
Pela sua vida fora
Das gracinhas ao crescer
Com os avós na memória
Os avós com os olhos postos
Nos seus netos, cada um passo
Envaidecem, sempre dispostos
A lhes dar fortes abraços
13-11-2012 Maria Antonieta Matos
Despedaço-me…
Tenho dias!
Em que o coração me salta do peito
Um não sei quê me escurece a alma …
e nesse ignóbil constrangimento, me ponho a jeito
Fecha-se a cortina da alegria e na saudade, me deito
Sou espectro dum mundo vazio
Vejo a mentira crescer, o desespero e desprezo corrente
Alguém todos os dias deixa de viver
Neste quadro deprimente
E correm indefesos, rasgando caminhos tentando nascer de novo
Deixam para trás uma vida inteira de sacrifício
Um filho, um pai, uma mãe, os netos… filhos do povo
Muitos morrem deste martírio!
Família que se dispersa…
noites de alerta…
Cansaço, que não ultrapassam pelo delírio
No pensamento fica o invento do sustento
E a esperança, o transpor do novo dia…
Enquanto dura este alento!
22-02-2014 Maria Antonieta Matos
In NPE " Sentir D'um Poeta"
Linda cidade alentejana
Cheia de história e cultura
Situada em zona plana
Suas casas, uma brancura
No século doze nasceu
Tem o Templo de Diana
Praça do Geraldo o apogeu
Linda cidade Alentejana
Muito tem para apreciar
Nesta cidade sem igual
Monumentos, para visitar
Boa cozinha tradicional
Tem ruas, vielas, portais
Descendo a díspar calçada
Mostra azinheiras e olivais
Brilha o sol à alvorada
Mar de campo florido
Anda o gado a navegar
No mais belo colorido
Sobre manto azul do ar
Descobre vinhas e montes
O aqueduto da água de prata
Os chafarizes e fontes
E o jardim com sua mata
Muito apreciados os vinhos
O queijo e a azeitona
Os enchidos e petisquinhos
E a açorda alentejana
O ensopado de borrego
Sopa de tomate e de cação
As gentes com seu apego
Aquecem-lhe seu coração
Sopa da panela ou migas
Carne de porco à alentejana
Há bons sabores e boas vistas
Nesta cidade romana
O gaspacho no calor tórrido
Tem perfume e vai refrescar
O sabor não será esquecido
Com o alentejano a cantar
O doce conventual
Permanecer na memória
Como um mundo espiritual
Revolvendo anos na história
17-02-2013
Maria Antonieta Matos
Semeando o trigo
No campo arado
E sem nenhum aviso
Aparece germinado
Com chuva e frio
Lá está crescer
De pé muito esguio
E a espiga aparecer
Encantada a seara
Comove quem a vê
Que entretanto secara
E dourada se fez
A seara dourada
Ao sol a brilhar
Está lá já espigada
Pronta para ceifar
Lá estão as ceifeiras
Levam saia calça
Nos braços mangueiras
Vão todas giraças
Levam o chapéu
Para tapar o sol
E levam o lenço
Por causa do suor
A atar e fazer o molho
Lá está o ceifeiro
Mexendo sobrolho
Atrás do sobreiro
Fica o restolho
Para o gado comer
E a espiga do trigo
Lá vai para moer
Vão dentro de sacos
Rumo ao moinho
Que a vento resolve
Tudo devagarinho
Esfregado e pisando
Balança a mó
E a saca segurando
O moleiro muito só
E está a observar
A farinha a sair
Para ensacar
E dali seguir
Vem lá o padeiro
A comprar a farinha
É muito certeiro
E trabalha à noitinha
A amassar o pão
De mãos fechadas
Está lá o João
Às gargalhadas
Num alguidar
Lá fica a crescer
O pano a tapar
Até Deus querer
Sal e fermento
Farinha e água
Amassa o pão
E tende numa tábua
O forno está iluminado
Cheio de fechas de lenha
Mas só estará preparado
Quando lume já não tenha
Já se vê ali o borralho
Que dá calor a cozer o pão
Espalha-se com o ramalho
E está resolvida a questão
Agora com uma pá
Os pães entram no forno
Fecha-se a porta e zás
E espera-se o seu retorno
A cheirar bem e quentinhos
Não resiste ninguém
A provar aos bocadinhos
O belo gosto que tem
Um bom copo de leite
Com pão quente a tiborna
Leva açúcar e azeite
E ficas na tua melhor forma
E fica na tua memória
Acabou-se este saber
Cheio de grandes emoções
Vamos lá a perceber
Se há outras soluções
Esta é a roda do pão
Contada passo a passo
Não deixes a tradição
Cair em fracasso
Este é um método
Muito caseiro
Que explica a forma
Sem muito dinheiro
Maria Antonieta Matos 14/7/2011
Se te lembrasses de mim, meu amor?
Quando a solidão me devasta o peito,
No vazio da cama onde me deito,
E o espírito vagueia há horas, desfeito.
Se te lembrasses de mim, meu amor?
Quando meus olhos choram tristes,
Na procura dos teus e não me viste,
E meu coração bate forte a pedir-te.
Serias o aconchego brando, desse dia,
A estrela que ilumina a noite escura,
O sol que aquece a alma de ternura.
Serias o meu esquecer a noite fria!
O forte abraço que eu mais queria!
O incendiado beijo que tudo cura!
Maria Antonieta Matos 27-07-2014
Pintura do meu amigo Costa Araújo
A felicidade não tem preço
Sai da alma e do coração
Vê-se nos olhos docemente
Sente-se fervor e emoção
Felicidade é um sentimento
Que se sente profundamente
Da alma sai sem tormento
No rosto sobressai alegremente
Condição de plenitude
Equilíbrio físico e mental
Satisfação, alegria, juventude
Sempre com ótimo astral
Grande paz interior
Tudo é maravilhoso
Na natureza no amor
Na amizade no piedoso
Feliz ao defender uma causa
Convicção para a alcançar
Mesmo vivendo sem uma pausa
Tem muito ânimo para lutar
Felicidade é um estado de alma
Uma agradável emoção
Comprimido que acalma
Satisfazendo o coração
Enche o peito de sensação
Jubilando como magia
Sem qualquer imaginação
Felicidade é primazia
Não se deve ter vergonha
De mostrar com vivacidade
Felicidade move a montanha
Ser feliz com simplicidade
20-12-2012 Maria Antonieta Matos
A saudade que se sente
É desejo desesperado!
Por alguém que está ausente
Do querer ver, ali ao lado
E dizer o que não se disse
Mas quando volta, depois
para quê palavras...tristes
Amam-se muito os dois
E a saudade não persiste!
Maria Antonieta Matos 22-11-2010
Humedecida do calor tórrido
Dou-te o meu amor terra ressequida
O meu labor que te prolonga a vida
Para que não sejas um lugar mórbido
Caem sobre ti os meus afagos
Minhas mãos te dão o alimento
Chuva, sol, vento são os teus magos
E tu superas todo o meu sustento
Cobres descendo o azul do teu véu
O mar imenso de tamanho colorido!
Aqueces as gentes com a luz do teu vestido!
Esvoaçam pássaros alegres, neste apogeu
Caminhos libertos, libertando insetos
Animais, de campos repletos
Maria Antonieta Matos 07-07-2014
Cego ao olhar do encanto
Emudeço-me de pasmar
Oiço dos pássaros, o canto
Aromas me querem cheirar
No campo brilham as cores
No mar também é assim
No céu as estrelas são flores
Que à noite riem pr’a mim
Quando clareia o sol me ilumina
Para o dia passar bem
Se chove o tempo me fascina
Pelos sentires que tem
Maria Antonieta Matos 23-09-2013
Cheia de nada…
Faço do sonho o recheio da vida
O sol, a lua, as estrelas, a chuva, o gelo, me dão a guarida
No insano e sublime querer…
Busco alegria perdida…
E apago todas as lágrimas, riscando-as das páginas da vida
Serei o espectro que percorre a imensidão do espaço,
No romper da aurora, abrindo cores, cheiros e sabores
Erguendo-me ao vento que ao soprar, me afaga de abraços
No tom atinado, ao ouvido cochicha, me beija e desperta,
Respirando essa grandeza e fascino, que me liberta
Serei as veias correndo em cada braço de rio para o mar
Serpenteando as águas cristalinas, saltando a brincar
Sem fome, sem sede, sem dor, sem hora certa
Perfilhando cada dia, viventes do mundo, inteira para amar
18-02-2014 Maria Antonieta Matos
In NPE " Sentir d'um Poeta"
Tenho dias que sou criança!
Tenho dias que sou velhinha!
Tenho dias que apetece ouvir, os contos
De quando era pequenina.
Quem não se sente criança
Algumas vezes, na vida?
Só aqueles que nunca provaram
A doçura que se tem
Quando ela foi bem vivida!
Maria Antonieta Matos 22-11- 2010
Numa perturbada pressão o vento se enfurece
A chuva desenfreada se enrola sem dar espera a inocentes
Rebentam portas e partem-se vidros das janelas
Arrancam-se as casas levando tudo com elas
Desesperadas, mães agarram contra si os filhos, impotentes
E gritam sem forças no rastro da morte torturante
Tanta devastação que palmilha o espaço, repentinamente
Estradas inundadas e casas despedaçadas, boiando
Aqui e ali uma mãe que dá luz, nos destroços
Mesmo ao lado a morte de familiares e gente chorando,
E o escuro que atormenta a descoberta de corpos
Daqueles que se perdem encalhando com os mortos
No mover de assaltos de aproveitadores que sacam sem dó
Multidão faminta, sem comunicação, no escuro só
Desprotegidos e feridos nesse martírio, caem aos poucos
No pranto do silêncio e no desvario de loucos
Enquanto as sirenes das ambulâncias, afligem o coração
De quem desesperadamente se refugia na oração
Levanta-se a força pela sobrevivência e faz renascer a energia
Numa labuta, não têm sono, nem de noite nem de dia
Limpando tudo e construindo o viver do novo dia!
12-11-2013
Maria Antonieta Matos
In NPE " Sentir D'um Poeta"
Olho a escadaria iluminada e mergulho na fantasia,
No pensamento brotam murmúrios a lampejar
De corpo inteiro sigo a imponente fortaleza e a magia
Admiro cada pedra subindo ao céu, como a um altar
A arte e seus contrastes são inebriados até ao infinito.
A imagem fica gravada nos sentidos e no fundo da minha alma.
Do céu ao lusco-fusco observo e estremeço. Oiço surdo grito!
Absoluto silêncio reina o momento contemplador, sem vivalma!
Cismo através dos séculos, em outras eras, o abandono,
as majestosas edificações, as guerras e as conquistas austeras
Povos mortos de cansaço, obedecem a altas esferas!
Cercados por medos, experimentada miséria e leves de sono,
suplicam de mãos postas ao céu, prosperidade e paz na terra,
para que os homens impiedosos, acabem com as guerras!
25-04-2013 Maria Antonieta Matos “ In Poetizar Monsaraz II”
Rasgas-me o peito… solidão
Ao ver-te num dissimulado alento,
Sempre no escuro, vexando o ego,
Carregando o estigma, desvairado e cego,
Num repousar sem brio, nem movimento!
Acomodas-te no silêncio do tormento,
Sem o brilho do sol, o respirar de cada canto,
O desmaiar e o murmúrio das águas puras, correntes,
O colorido das folhas das árvores, cadentes,
O saborear da maresia, o beijar do vento,
As pinturas das nuvens ondeando céu,
O mar que enrola na areia, num amor só seu,
O luar e as estrelas que a noite oferece,
Para contemplar o amor, que a ti solidão te esquece.
Falo-te na beleza da vida,
Nos desabafos que podias ter,
Na companhia com outro ser,
Na alegria e no prazer,
No sonhar…
no mais sublime olhar…
Compartilhando a vida, no seu livro escrever,
Não te prendas na sombra, ergue-te como a alvorada!
Que vazia e só, não te leva a nada!
08-02-2014 - Maria Antonieta Matos
In "Nós Poetas Editamos VI""
Num concerto sensacional
As ovelhas chocalhando
Mééé… para o ar a cantar
Com os pássaros chilreando
Aqui e ali anda um grilo
Ritmando a sonoridade
Num prado verde tranquilo
Reina grande felicidade
Gado ovino são ovelhas
Guardadas pelo pastor
O cão é seu grande ajuda,
Companheiro e protector
Às ovelhas cresce a lã
No inverno sabe lhe bem
Mas quando chega o calor
A tosquia é que convém
É um trabalho feito à sombra
Pois despende grande esforço
O homem fica encurvado
Queixando-se depois do dorso
O corte com a tesoura
Já ficou ultrapassado
Agora existe uma máquina
Faz o trabalho despachado
O velo é bem escolhido
Com água tépida lavado
Depois fica a secar
Num local apropriado
Para desfazer nós existentes
E a porção ficar igual
Esguedelhar e carpear
São processos para passar
Posteriormente é cardada
Com borrifos de azeite
Para ficar mais desenriçada
De qualidade mais aceite
Com o auxílio de um fuso
A lã é transformada em fio
Operação artesanal, em uso
À noite ao serão te desafio
Puxando e alongado
Torcendo e enrolando
Anda de fuso em fuso
E sempre recomeçando
Finalmente é dobada
Na forma de um novelo
E assim fica preparada
Para fazeres o teu modelo
Pode ser uma camisola
Ou então um par de meias
Umas calças com virola
Ou o vestido que anseias
Outro caminho a seguir
Que antecede a tecelagem
A urdidura vem distinguir
No tear, cada fio na modelagem
Urdidura é um aparelho
Com uma armação de prumos
Distanciados e parelhos
Em tornos fixos, em resumo
Por eles passam os fios
E inicia outro processo
Monta-se seguir o tear
E à tecelagem tem acesso
Aqui opera o bom gosto
E a mistura da cor
Delicias-te pressuposto
Do trabalho inovador
A lã depois de tecida
Retirada do tear
Fica pouco favorecida
É preciso a pisoar
A pisoagem faz-se no pisão
Engenho artesanal
É movido pela água
E está em vias de extinção
Com maços de madeira
Fortemente a bater
No tecido molhado
Com água a ferver
Deste modo vai adquirir
A textura mais compacta
Capaz de corresponder
À
aplicação exacta
Maria Antonieta Matos 25-08-2012
Dia pacato que amotinas meu pensamento
Num desassossego que o silêncio propicia
Semeias desejos e olhares, que contemplo
Que ninguém vê, nem sente, o que anuncia
Dia cheio de cansaço, vazio de esperança
Invade os neurónios à gente desprotegida
Querendo viver mas assusta-lhe a vida
Perplexa de nãos, que afundam a mudança
Dias angustiados e mal-afortunados
De gritos silenciosos, sem sustento
Esbanjamento de alguns despreocupados
Dia pacato sem algo feito e nada por fazer
Dia com tempo apinhado de lamento
Sem se agitar, deixando-se morrer
Maria Antonieta Matos 20-09-2013
INVEJA, que maltratas edominas,
Sem complacência o mérito alheio,
Cobiças tudo e o ódio germinas,
Vives num infernodeinveja cheio.
Consomes os dias matutando,
Para dificultar quem tem sucesso,
Fazes grande o que é pequeno,
INVEJA pecas por excesso.
TuINVEJA és tão perversa,
Não deixas medrar ninguém,
Mordes discreta, não te confessas,
E assim, tu não medras também.
Extremoso modo e cristalino justo
Falando hoje o que amanhã não disse
Numa trapalhada politicando insulto
Para transparecer o que afinal disse
Não se molestem com o poder singelo
Que o pequeno não está guarnecido
Intentando certos, que o cegam no gelo
Se levanta o ódio no meio destemido
Encham-se de promessas blindadas
Verdades por inverdades a justificar
Até se ver que não passam de cantadas
Movam obstáculos pr’a passagem dificultar
Que a viva força de repente pode acordar
E o mais possante assento pode vergar
16-10-2013 Maria Antonieta Matos
In " Nós Poetas Editamos V"
Teu manto azul te destapa à alvorada
Saem espreitando os teus olhos irradiados
De mil beijos te cobre a lua enfeitiçada
Que engravida de muitos sóis enamorados
Do teu cabelo caem madeixas coloridas
Tua felicidade contamina multidões
Que te admiram em cada dia enternecidas
Com teu o calor que iluminas seus corações
A lua sonha por muitas noites de amor
O sol pisca-lhe o olho à tardinha
Na timidez do encontro brilha fervor
Teu manto azul difunde raios de alegria
Tens aposentos que te acolhem como rainha
Ó Lua que encantas a noite toda nessa acalmia
04-07-2013 Maria Antonieta Matos
In "Nós Poetas Editamos VI"
Delírio percorre meu íntimo
Num desassossego inesperado
Ânsia para mudar o destino
A quem vive maltratado
Criança pálida num olhar triste
Meiga e frágil sedenta de amor
Emudecida como jamais viste
Mas que sentida emoção de dor
Um simples gesto a faz sorrir
Com pouco, muito lhe parece
A dor aquece sem nada sentir
No aconchego se transparece
Caindo o medo que a entristece
Afagando-me terna sem resistir
25-10-2013
Maria Antonieta Matos
In "Poesia Sem Gavetas III"
Ai a crise, ai a crise
Não há quem lhe ponha mão
Muitos estudos e previsões
Que tremenda confusão
Cachimónias inteligentes
Que não trazem resultados
Pobrezinhos deprimentes
Cada vez estão mais tramados
Ai a crise, ai a crise
Já manda o FMI
Esses é que são felizes
Comem tudo o que se ganha aqui
Vem com grande bagagem
Mas anda tudo a andar para trás
Cobram juros impagáveis
E o governo o que é que faz?
Anda cheio de atenções
Para com estes comilões
Que nos vendem ao desbarato
E nos levam os milhões
E o governo anda abstrato
Ai a crise, ai a crise
Para onde vai este país
Revirado do avesso
Está a ver-se o mal começo
Ainda vamos para Paris
Já não temos quem trabalhe
O que faz com que isto mexa
Só empregam quem comanda
Tiram-nos tudo sem deixa
Usam de grande retórica
Com o mundo desigual
Mas é tudo só teórica
Tratam-nos como um animal
Está tudo a minguar
Até aquilo que foi feito
Não há nem para remendar
E até nos tiram o leito
Nem que seja mau negócio
Não admitem o seu jeito
Estão sempre a se desculpar
Com ar muito satisfeito
Sem nada para justificar
Todo o trabalho mal feito
Ai a crise, ai a crise
Tudo serve de desculpa
Qualquer dia vão ver
Portugal por uma lupa
Maria Antonieta Matos 21-04-2012
Entre o velho e o idoso
Só o rosto pode diferenciar
O idoso com um espirito fabuloso
Só as rugas tem para mostrar
O velho pode não ter vivido
O tempo para se enrugar
Mas o espirito envelhecido
A idade vai buscar
Ser velho ou ser usado
Longo o caminho, percorrido
Uma história, um passado
Sábio incompreendido
Sem ninguém, vive sozinho
Lutando no seu cantinho
Tanto dá mesmo velhinho
E não recebe um só carinho
Desprezado vive o presente
Deixando a sua experiência
Uma roda permanente
Sem nenhuma complacência
Não perca com idade a alegria
Não deixe a alma desgastar
Com conhecimento e sabedoria
Viva a vida a comunicar
A experiência adquirida
E ciência que já tem
Senão fizer pela vida
Da vida recebe desdém
Tem os netos para ensinar
E contar muitas histórias
Os amigos, para conversar
Tenha momentos de glória
Não queira ser velho tonto
À espera de compaixão
Pois há quem deia o desconto
Confundindo ser ilusão
Maria Antonieta Matos 01-10-2012
O João meio sonolento
Sai da cama a cambalear
Dormitando o pensamento
Leva o tempo a resmungar
Pensa que o dia é noite
E a noite que é dia
Anda com os sonos trocados
Pensa que o dia é noite
E a noite que é dia
Se lhe falo criticando
Num tom mais afunilado
Rabuja ainda sonhando
E temos o caldo entornado
Cai o Céu e a trindade
Ai jesus que digo eu
Mas acorda para realidade
Finalmente amoleceu
Maria Antonieta Matos 28-08-2013
Florescem versos, estranhos pensamentos
Aquecem as lágrimas beijando o rosto
Batimentos fortes, grandes tormentos
Dançam os sentidos repletos de desgosto
Amor imperfeito e incompreendido
Sequioso amor na mente primorosa
Viver uma vida como se a tivesse vivido
Ideias controversas à época, penosas
Olhos misteriosos perseguindo o destino
Reclamando direitos de forma ousada
Testemunhos escritos em cada caminho
Agitando a razão, sempre determinada
Sensibilidades arrastando enredos
Dando à felicidade outro descaminho
Escondendo em casulos os segredos
Que aos ouvidos lhe sopram baixinho
19-03-2013 Maria Antonieta Matos
Maria Antonieta Matos 20-04-2011
Ali vejo crescer
Uma árvore no solo
E quem a plantou?
Foi ti António
Tem a folha verde
Muito pequenina
Está a florescer
E não está sozinha
Quero entender
O seu crescimento
E por isso olho
A todo o momento
O vento e a chuva
Sacode a flor
E caem as lágrimas
Parecendo ter dor
Vejo já o fruto
Vestido de verde
A crescer ao sol
Não acho ter sede
De forma oval
Mudando de cor
É azeitona
De grande valor
Vejo a oliveira
Com copa sombria
Vestida de luto
Cheia de maresia
Lá vem o rancho
Cantando umas modas
Cheio de energia
A cortar as podas
Trazem a merenda
Para merendar
E batem uma sorna (sesta)
Para descansar
São pagos à jorna
E têm que se esforçar
Por quilos que apanham
Assim vão ganhar
Vejo o olival
E o Ti Gaspar
Com a vara na mão
Para varejar
Batendo nos ramos
Para o fruto cair
São azeitonas
Que estão a bulir
Vejo o ti Toscano
Debaixo da oliveira
A estender o pano
Com grande cegueira
Estão ali a cortar
O ramo já seco
E o luís a queimar
Bebendo um refresco
Subindo a escada
Esta a Henriqueta
Ripando os galhos
De azeitona preta
A escolher conserva
Está a Rita a fazer
E a pôr na tarefa
Para o ano se comer
Está muito sadia
Aquela azeitona
É para conserva
Diz a Maria Joana
Mudando a água
À azeitona verde
Depois de pisada
É muito apreciada
Com orégãos e sal
E folhas de louro
Tempero divinal
E o conduto é ouro
Caem a saltitar
Em tom musical
E para rabiscar
Vai o ti Florival
O pano está cheio
A jeito de ensacar
Tiram a folhagem
E está pronto a pesar
Direitinho ao lagar
Carregado de sacos
Lá vai o veículo
Cambaleando nos buracos
Segue-se a lavagem
E vai para moer
Já não tem folhagem
Dá para perceber
É triturada ainda
Para a transformação
E a prensa de seguida
Para fazer a extracção
Protegido do calor
É armazenado
Em grandes depósitos
Até ser engarrafado
Depois é rolhado
E vem a rotulagem
E espero que comprem
Com alguma margem
Assim se faz o azeite
Douradinho e a brilhar
Tempera bem a comida
Com muito bom paladar
É líquido e puro
E tem caminho duro
Mas é com confiança
Que se ganha no futuro
Um ano leva a colher
Uma só azeitona
E um segundo a comer
Tem conduta glutona
Maria Antonieta Matos 15/07/2011
Eles que decidem por nós
Controlam nossos destinos
Cortam voos a meninos
Sonhos de amor desvanecem
Dia a dia, o medo tecem
Em segredo, planeiam tudo
Fazem o povo, confuso
Eles que tiram e fingem dar
Que desumanizam e dizem amar
Eles que sem dó deitam na lama
Gente ingénua imaginando a fama
Eles que roubam a alegria
Ao elo familiar
Chutando em cada dia
Filhos e pais para emigrar
Sem tostão e sem trabalho
Escravos sem agasalho
Lutam despidos de amor
Sem teto embrulhados em cartão
Deitados gelados no chão
Com a trouxa sempre às costas
Caiem em vícios andam as voltas
Chantageados, drogados
Por aquelas ruas tortas
Correm à sopa dos pobres
Mendigando alguns cobres
Muitos estão aprisionados
Por malvados são maltratados,
Humilhados,
Não há paz, não há futuro
Gente triste, em apuros
Gente idosa
Mão carinhosa
Que divide o pouco que têm
Para nada faltar aos filhos
E aos seus netos também
Quando chegam dias festivos
Ah! Correm todos p’ra se mostrar
Aos beijinhos e aos sorrisos
Para a data assinalar
São os presentes de Natal
Num só dia, desigual
Maria Antonieta Matos 03-12-2013
Ah…Quanto elevado se sente o pensamento
Quando o dia, lá fora corre atormentado
No aconchego, as brasas falam ao silêncio
Faúlhas me fazem ver o céu estrelado
Adeus dia chuvoso que na calçada
Cascatas fazes e abraça os teus rios
Ao vento que ouço aos assobios
Ringindo portas que me causam arrepios
Enches de lismos, despes o branco do casario
Tiras-lhe a cor e o matizas de rabiscos
Lacrimeja o beiral contente aos salpicos
O escuro se ilumina, cessa o vento e o frio
O reflexo dos regatos alinda a calçada de xisto
Flores nascem na rua, entre pedras e nichos
II
Monsaraz de ruas estreitas perfumadas
De boa gente que te quer conhecer
Que se prende por muito bem te querer
Nos teus olhares se sentem enfeitiçadas
Paisagens que cegam de grandeza
Enchem de inspiração a alma de artistas
Que acolhem o visitante de gentiliza
No palco divino em que és protagonista
Ruas singelas, pedras de xisto a fascinar
O tempo longínquo que se sente a rodear
Em cada pedra em cada canto um desejo
20-08-2013 Maria Antonieta Matos
Caem sobre o chão as folhas mortas,
Desencadeiam um matizado de pasmar,
Outono de ventos, de águas tortas,
Tuas árvores tristonhas, a desnudar.
Dias cinzentos, mar encrespado,
Silêncios que cismam ao olhar,
Morre o sol num disfarce acanhado,
Morrem os dias num comovente chorar.
Do ar soam toques de piano,
Um dedilhar fantasiado a murmurar,
Pautando notas a sonar ao oceano.
As noites crescem e cansam o pensar,
Neste silêncio intimo insano,
Desabrocham cânticos a proclamar.
Maria Antonieta Matos 30-09-2014
Quandotu não estás
Corro à janela,
Olho pela fresta
Ali fico àespera ....
Seca a primavera,
Secam os ribeiros
Só vejosequeiro,
A alma desespera
Mal passa um ruído,
O coraçãosentido
Bate muito forte,
Pressinto a morte
Quando tu nãoeras.
Falosozinha
Soltogemidos
Nadase avizinha
Tristezaminha.
Aolonge alaridos
Nadame aconchega
Quandotu não chegas
MaiaAntonieta Matos 27-12-2013
O bicho entrou no país
Mina cada um ser vivo
Corta tudo pela raiz
Tem um poder destrutivo
Não há remédio que cure
A devastação interior
Nem médico que se segure
Pulando de dor em dor
Não há ensino que resista
Ai professor, professor
Tens que ser malabarista
Com tanta criança ao dispor
Estás cheio de desempregados
Com tanto que há para fazer
Mas anda tudo baralhado
E ponham-se daqui a mexer!
Os imóveis já não são teus
Fogem sem nada valer
Tudo está a encarecer
E não há cheta para comer
Os bancos estão diminuir
A dívida está a aumentar
Os dinheiros estão a fugir
E a esperança a terminar
Obras públicas arruinadas
Depois de muito gastar
As terras ficam revoltadas
Incapazes de por lá passar
Privatizam-se serviços públicos
Para o povo ter que pagar
Que vê tudo por canudo
Incapaz de lá chegar
Sem acesso à saúde gratuita
A consulta sempre adiada
Os males são uma constante luta
Se morrer… não vale nada!
Os velhos são despejados
Em lares sem condições
A família gasta os trocados
E fica cheia de aflições
Nos hospitais quem lá cai
Espera horas aos ais
Operações fazem-se série
Sem se ver o médico, mais
Já não há humanização
Andam todos em correria
Os recursos são invenção
De interesses e engenharia
Deixou de haver qualidade
Tem que se fabricar dinheiro
Para essa austeridade
Que enche os bolsos aos parceiros
Maria Antonieta Matos 26-09-2012
Itinerante
Com a forma circular
Todo o espectáculo é montado
Muita gente a trabalhar
Muita alegria para dar
E a seguir ser desmontado
Música pela rua da cidade
E um megafone entoando
Gente de qualquer idade
Pára…. fica delirando
No recinto até à bilheteira
Segue uma fila de gente
Uns querem lugares de primeira
Para ficarem bem à frente
Pouco a pouco ficam sentados
O bar do circo a funcionar
Vende algodão doce, pipocas, gelados
Enquanto o público está aguardar
O apresentador anuncia
O espectáculo vai começar
Há palhaços, acrobacia
Surpresas, para encantar
Num assombro hilariante
Cheio de cor e magia
Desfilam artistas a cada instante
É o circo é fantasia
No público muitos sorrisos
Muita gente a gargalhar
Com a música e improvisos
Dos palhaços a magicar
Na arena entoam palmas
Exaltação de muito agrado
Artistas dão sua “alma”
Num espectáculo humorado
Passam cavalinhos mestrados
O artista dando instrução
Fica o público embasbacado
Da sintonia e precisão
Trabalham o cérebro e os músculos
Andam com a mala às “costas”
Partilham a arte do mundo
Juntam culturas, gente bem-disposta
Se algum mal lhe acontece
Não o demonstram na pista
E o público a rir tudo esquece
Enchendo de ânimo o artista
07-02-2013 Maria Antonieta Matos
Incentivando a cultura
A Biblioteca de Baião
Trouxe à Quinta da Leitura
O “Cágado” em vias de extinção
Sensibilizadas as crianças
Na leitura “O Cágado Gaspar”
Fizeram com muita ternura
Os "cágados" multiplicar!
Maria Antonieta Matos 06.09-2012
Todo o ser (humano) é diferente
No pensar e no falar
No agir e no tamanho
No sentir e no olhar
No pensar, um pensa assim
Outro pensa, e, diz que não
Outro não pensa mas diz
E há o que a tudo diz sim
No falar, um é tagarela
Outro esconde-se pr’a não falar
Outro fala para se mostrar
Há o mudo que não fala
Há quem fale a cantar
O que gagueja a falar
E o que fala a versejar
No agir, um diz que faz
Mesmo sem agir pra fazer
Outro diz não sou capaz
Há o que age, e, não quer dizer
O que não quer agir, pra fazer
E o que age, sem se aperceber
No tamanho um é pequeno
Outro é grande demais
E há pequeno que o tamanho
Não deixa que cresça mais
Outro é grande mas é pequeno
Os tamanhos são desiguais
No sentir, um tem sentimento
Outro o sentir é maldade
Há o que não quer sentir
Há o sentir de oportunidade
Há o que não diz, sentir
O que sente de verdade
E há o sentir só para rir
Um olhar, todo o tempo admira
Outro olhar, nada quer ver
Outro sonha, que está olhar
Há o que no olhar se afigura
E há muita arte no olhar
Há o olhar castigador
Que a todos discrimina
E olhar vencedor
Que só de olhar ilumina
Mas todo o ser tem seu direito
E dever para cumprir
Essa igualdade e respeito
Temos
todos que admitir
Podemos ter sentimentos
Podemos ser diferentes
Mas os deveres e os direitos
São metas intransigentes
Maria Antonieta Matos 26-09-201
Ah! Quanto vagueia o pensamento
Enquanto o dia corre atormentado
As brasas falam ao meu silêncio
Na chaminé salta o testo fervelhado
Adeus dia chuvoso que na calçada
Cascatas, fazes, e abraças os seus rios
Ao vento que ouço aos assobios
Ringindo portas que me causam arrepios
Despes o branco do casario, enches de lismos
Tiras-lhe a cor e o matizas de rabiscos
Nascem as flores em qualquer pedra ou nicho
Lacrimeja o beiral contente aos salpicos
O escuro se ilumina, as nuvens adormecem
As pedras da calçada resplandecem estrelas
O reflexo dos regatos alindando, agradecem
O retorno da gente, pintando aguarelas
20-08-2013 Maria Antonieta Matos
Ai o estado lastimoso
Em que está este país
Anda alguém muito guloso
Que pensa ser poderoso
A crescer-lhe o nariz
Já não existe classe média
Professores para ensinar
Está a torna-se em tragédia
Aprender e estudar
A saúde está a acabar
O povo já está sem cheta
Como se aguenta a depressão
Se este estado não se endireita
Paga mal a quem dá lucro
E muito bem ao astuto
Que faz o povo cair
Para o andar a servir
Sem o mínimo de dignidade
Mas onde está a humanidade?
Só existe falsidade…
Ai liberdade, liberdade
Acabaram com os direitos
Consignados na constituição
Os direitos são defeitos
Valorizam o ladrão
Não o que rouba para comer
Mas o que se quer encher
Que tremenda confusão
Casais desempregados
Com as contas para pagar
Vêm-se sem ordenados
E com os filhos a chorar
O governo bem sustentado
Acrescenta austeridade
Não corta o seu ordenado
Fomenta a desigualdade
Deixa fechar as empresas
Não lhes dá estabilidade
Desespero e incertezas
É um poço de dificuldades
Jovens sem segurança
Apoiam-se nos velhos pais
Que esticam sem a esperança
Que os filhos não precisem mais
Maria Antonieta Matos 24-04-2012
Minha ânsia parte pr' além do meu pulsar,
Meu coração não cabe dentro do peito,
Os olhos são como punhos a chorar,
Dou voltas e mais voltas, na cama onde me deito!
A dor nasce espinhosa, atormentando,
O pensamento incendiado a fervilhar,
A cabeça mais complica todo este estado,
Que mais parece a morte a querer vingar!
Mas como sofre tanta gente na solidão,
Que nem um ai … entoa tanto vazio,
Nem uma alma caridosa lhe estende a mão!
Tanta dor que abarca o medo da insegurança,
Do condenado injustiçado p'lo carrasco frio,
Apavorando a mente até à morte, sem ter esperança!
18-11-2014 Maria Antonieta Matos
Andamà deriva... as palavras,
Perderam-senum campo aberto,
Nãose lembra a memória de nada,
Eos olhos caminham desertos.
Dedostontos da longa espera,
Opensamento sempre inquieto,
Aboca por palavras desespera,
Onariz torce ... indigesto.
Oouvido escuta, muito atento,
Quea memória caminhe no escuro,
Esurja a luz do pensamento.
Essaluz, esse domínio,
Quepinta cada momento,
Cadadesprazer ou fascínio.
23-08-2014Maria Antonieta Matos
Inalou nos meus sentidos,
O cheiro a terra molhada,
E vi regatos refletidos,
Nas pedrinhas da calçada.
Casas ainda inacabadas,
Com suas vestes despidas,
Casas de branco, caiadas,
Pela chuva escurecidas,
Saudosas da velha gente,
Que os tempos viram passar,
Triste rua tão descontente,
Esperando os filhos para brincar,
Que se ocupam aferrolhados,
Deixando a vida passar.
22-08-2013 Maria Antonieta Matos “ In Poetizar II”
Para enfeitar o natal
Duas velas iluminadas,
Flores e cores avermelhadas,
Com muitas luzes brilhando
Nos corações do mundo,
Cheios de amor profundo.
Haja comida no prato,
Para todas as criaturas!
Deus proteja e encaminhe,
Quem por diversas razões,
Não sabe o que é sorrir!
Não tem, onde dormir!
Nem um pouco de carinho
Vive no Mundo sozinho!
Para todos os infelizes
Que a vida lhe sorria
Tenham o que lhes faz falta,
Em cada dia.
E que possam experimentar
De muitas e muitas alegrias!
Um Bom Natal com muita paz e amor.
Maria Antonieta Matos 20-12-2010
Mulher poderosa, de coração frágil,
Interessante, bonita,
Tímida, perigosa, ágil
Mulher submissa, solitária, esquisita
Corpo escultural, mãos de fada
Mulher serena, sedutora, sonhadora
Mulher pintura, do pintor sonhada,
Mulher alegre de repleta esperança,
Mulher triste, solidária,
Mulher de mudança!
Mulher que não dorme
Mulher experiente
Mulher doente
Mulher com fome,
Mulher que a dor sente,
Que às vezes mente,
Mulher que ama, inundada de chama,
Que também reclama,
Mulher mundana,
Mulher de emoções,
Que derrete corações!
És o hino do intenso olhar,
És fruto do amor maior,
És crescimento,
Sabedoria, sentimento,
És o florir duma rosa,
O enleio d' um abraço, o anseio de momento,
A inspiração d'um poema, d'uma prosa,
No teu ventre crescente,
Dos nove meses ardentes,
Mulher mãe, que o filho entrança,
Paciente, inteligente,
Mulher criança,
Mulher carente,
Mulher idosa, carinhosa,
Teu beijo conforta,
Mulher sofrida,
Desprezada na vida,
Privada de conforto,
No calcorrear da partida!
09-11-2015 Maria Antonieta Matos
Amanhã o dia, já não será igual,
Como tantos outros, por muitos anos já passados,
Muda o pensar, mudo eu e, mudas tu o visual,
Perpetuará a história das cidades e dos estados!
Amanhã o dia, será cheio de emoções,
O tempo muda, nasce uma flor, surge um amor,
Sucumbe e nasce cada ser vivo e as estações,
Sempre na esperança que amanhã seja melhor.
Amanhã o dia, nascerá livre e cantando,
Sem amarras, como um passarinho alegre, voando,
Na estreita paz, os amantes feiticeiros de fulgor.
Amanhã o dia, não mais nascerá rude,
Porque hoje já fiz tudo quando pude,
Para que amanhã seja o dia de esplendor.
20-10-2014 Maria Antonieta Matos
O mundo em constante viragem, exige do ser humano uma permanente adaptação, de tal forma que, muitos não conseguem ultrapassar as dificuldades, pelos variados fatores e diferenças!
Muitas famílias vivem sem o mínimo de conforto e subsistência, isoladas da sociedade!
Pela sua insegurança, sem forças para lutar, perante a enorme carga, assiste-se a uma degradação e desinteresse pela vida, que choca e revolta os mais sensíveis!
Atentos a tudo quando nos rodeia, de alma e coração, nas mãos, muitas pessoas partilham com sabedoria, os meios que têm ao seu alcance, para fazer os outros felizes!
A solidariedade surge como uma nova luz de esperança, de confiança e de oportunidade para um novo começo... mais digno!
Solidariedade sente-se como o acordar mágico “Ao encontro de um abraço”.
Bem hajam, os abraços solidários!!!
Maria Antonieta Matos
06-01-2015
Olho a escadaria iluminada e mergulho na fantasia,
No pensamento brotam murmúrios a lampejar
De corpo inteiro sigo a imponente fortaleza e a magia
Admiro cada pedra subindo ao céu, como a um altar
A arte e seus contrastes são inebriados até ao infinito.
A imagem fica gravada nos sentidos e no fundo da minha alma.
Do céu ao lusco-fusco observo e estremeço. Oiço surdo grito!
Absoluto silêncio reina o momento contemplador, sem vivalma!
Cismo através dos séculos, em outras eras, o abandono,
as majestosas edificações, as guerras e as conquistas austeras
Povos mortos de cansaço, obedecem a altas esferas!
Cercados por medos, experimentada miséria e leves de sono,
suplicam de mãos postas ao céu, prosperidade e paz na terra,
para que os homens impiedosos, acabem com as guerras!
Maria Antonieta Matos “In Poetizar Monsaraz II”
Se o pensamento se envolve a rebuscar outros tempos, o sentimento se comove ao reviver tais momentos. Belos risos, gargalhadas, sonhos de amor, mil desejos, muitas tristezas marcadas lágrimas, saudades e beijos. E cismo na lembrança de ter, Essa lucidez de outrora, O novo olhar de hoje ver! E embora os olhos de agora, Chorem mesmo sem querer, Mostram-me uma nova aurora! 26-09-2014 Maria Antonieta Matos
Pintura do meu amigo Costa Araújo
Sentimento à flor da pele,
Dores, num amargo fel,
Arrepios que a vida tece,
Muita fome, que o dia esquece,
Pedra fria,
Gelo e maresia,
A manta que não aquece,
Alegria, mordomia,
Muitas luzes a brilhar,
Um sem fim, a desperdiçar,
Outro sem fim, sem um lar,
Sem uma pia de despejos,
A céu aberto,
Em qualquer lugarejo,
Numa tristeza sombria,
Sem apetite, sem magia,
Natal, uma longa noite fria,
Natal da saudade,
Do nascer e do morrer
Do sofrer na enfermidade,
Natal do ódio,
Do subir ao pódio,
Natal do amor,
Da família,
Da homilia,
Do frenesim, do festim,
Da solidariedade,
De parecer verdade,
O doce Pai Natal,
Que a chaminé invade,
Que deixa presentes,
Na madrugada quente,
Quando tudo descansa,
Em sonhos de esperança!
Maria Antonieta Matos, 09-12-2015
Logo p'la madrugada,
Saio acelerada
Às vezes sem ver!
Segredos têm na alma,
Escondidos num escuro, imenso,
A sua boca nada fala,
Sofrendo silêncio, intenso.
Solidão amarga, fome, dor, desprezo,
Um sem fim de almas penadas,
Têm a vida do avesso,
Vivem de portas fechadas.
Tudo dão sem nada em troca,
Do que têm ao seu alcance,
Sorriem para quem os provoca!
Outros, sem sangue nas veias,
Gritando os feitos bem alto,
Escondem em falsas entremeias,
Puros rasgos...do asfalto.
Fugindo à regra existem...!
Pessoas cheias de luz,
Desvendando cada segredo,
Aliviando a sua cruz.
Mãos solidárias, criativas,
despidas de preconceito,
vão à luta derretidas,
Pondo a alma sempre a jeito!
Desolada, faltam-me argumentos!
Inquietam-se os nervos, sinto ansiedade,
A memória não chega ao pensamento,
E eis um vazio... um querer sem vontade!
No escuro procuro ... agito os sentidos,
Interiorizo a biblioteca, desorganizada
E acendem-se as luzes, soltam-se fluidos,
Rasgando as fronteiras do nada.
Emerge a escrita nesta invenção,
Sentimentos de alma e coração,
Eternizando o cântico, em tudo ou nada.
Os palcos dão a expressão e entusiasmo,
Com lucidez, humor ou sarcasmo,
Provocadores de tristeza ou risada.
Maria Antonieta Matos 11-10-2014
Pintura do meu amigo Costa Araújo
Avisto terras de Espanha
Um horizonte sem igual
O Alqueva que abraça e entranha
Belas vilas de Portugal
Fascínio para os artistas
Pintores,poetas, escritores
Um encanto para os turistas
Um recanto para os amores
Monsaraz tem a seus pés
Natureza inspiradora
As cores, os sons e até
Tranquilidade apaziguadora
Maria Antonieta Matos
In 'Poetizar Monsaraz Vol I'
Monsaraz vila lindíssima
Tudo se vê ao redor,
É arte para o artista
Deslumbramento maior.
Ao olhar aqueles campos
Lá do alto surpreende,
E faz bater o coração
O Alqueva dali distante.
Parece estar ali à mão
Vê-se todo o horizonte,
Como se estivesse no céu.
O olhar descobre as pontes
E admira os lindos montes,
É uma dádiva de Deus.
Maria Antonieta Matos
In 'Poetizar Monsaraz Vol. I'
Oh! Évora do Alentejo!
Sigo-te de longe a pensar,
E neste anseio de desejo,
Não resisto sem te sonhar.
Rodopia o lápis na tela,
Criando tudo o que vejo,
Escrevo-te a pintar a mais bela,
Ceifeira do Alentejo.
Imagino cada encanto,
Vou pincelando a sorrir,
Na sonoridade me espanto,
Sentindo a obra a surgir.
Desenhando a sua Praça,
Sala que abraça a cidade
Sento a ceifeira com graça
No auge da hospitalidade
Maria Antonieta Matos/04-11-2014
04-11-2015 Maria Antonieta Matos
Monsaraz feiticeira, retina contempladora de olhares,
Farol, proliferando os tons, os dons e os sentimentos,
Decifrando mistério do encanto, enamorando os pares,
Ficando a saudade de quem por ti passa, íntimos momentos.
No alto, imponente fortaleza mantendo o vigor através do tempo!
Te rodeiam casas branquinhas agarrando a estrutura e graciosidade!
Desejo da gente hospitaleira, embevecida de agrados e generosidade.
Ladeando os muros, desencadeias sublimes pinturas ao sabor do vento!
Os cliques dos retratos sucedem em cada dia para o mundo conhecer!
Na memória guardas o saber e o anseio de quem contigo quer aprender.
Maria Antonieta Matos
In' Poetizar Monsaraz Vol. II'
Inalou nos meus sentidos,
O cheiro de terra molhada,
E vi regatos refletidos,
Nas pedrinhas da calçada.
Casas de pedra marcadas,
Com as cores deprimidas,
Casas de branco, caiadas,
Pela chuva escurecidas.
Saudosas da velha gente,
Que os tempos viram passar,
Triste rua descontente.
Esperando os filhos para brincar,
Que se ocupam aferrolhados,
Deixando a vida passar.
Maria Antonieta Matos
In Poetizar Monsaraz Vol. II
Do meu amor sinto saudade,
Quando se ausenta por um dia,
Tenho o coração p'la metade,
Sou como um anjo que o guia.
O pensamento a caminhar,
Imaginando os seus passos,
Vamos os dois a levitar,
Aos beijinhos e aos abraços.
Fala mais alto o silêncio,
Incendiando o gelo inseguro,
Libertando o amor puro!
E assim num só raciocínio,
Na ausência e no destino,
Namorar sentir divino!
09-11-2014 Maria Antonieta Matos
Avisto a grandeza da planície
No meu Alentejo!
A simplicidade... que aos olhos encanta,
A serenidade da gente, a voz que se levanta,
A aspereza das mãos...
o silêncio que tudo movimenta!
Avisto os rios e os lagos,
Os olivais e sobreiros,
Os montes e tanto gado,
Pastando o dia inteiro.
Avisto e ouço o chilrear do passarinho,
A queda das águas descendo,
Vem o sonho devagarinho.
Avisto nos galhos das árvores, o sussurrar,
O dormitar...., o amar,
Traços no céu esvoaçando.
Avisto o solo alagado,
O fumegar do bafo,
O bafo do campo gelado,
a chuva a desabar tão forte,
o telintar... esse toque...,
O tição... a brasa quente,
O amornar que se sente!
Avisto o verão ardente... calado,
O sono tão incontrolado,
O solo dourado,queimado.
Avisto a cor da primavera,
O renascer da quimera,
A luz que brilha na terra.
Avisto o Outono tão belo,
Verde, laranja,amarelo,
espelhos de água a refletir,
pinturas … a emergir,
Avisto alabaças e acelgas,
Os poejos perfumados,
Óregãos e beldroegas,
Os espargos e saramagos.
Saindo na terra gretada,
Os cogumelos discretos,
Por caminhos rudes... dispersos.
Tantos cheios e sabores
povoando a extensa paisagem,
Nas iluminadas e lindas cores
Provocadoras de imagem.
Avisto o galo a cantar
Por cima do galinheiro,
A ovelha a berrar,
E o autoritário carneiro.
Avisto o restolhar dos seres,
pelo campo a rastejar,
Entre medos e prazeres,
Nas belas noites de luar
Avisto o nascer do sol,
Esse reluzir incandescente
Que replica a poente
E pasma o sentir, da gente
Alentejo com sotaque
Que despertas humoristas
Tanta gente a invejar-te
Pela calma que lhe suscitas
Alentejo da minh’ alma
Muito se fala de ti
Depreciando a calma
Como uma erva ruim
Penso que é a inveja
Que muito, os faz falar
Não conhecem tua grandeza
No pensamento a trovar
Se te vissem com os meus olhos
Ficavam tão deslumbrados
Que eternamente seriam
Do sossego apaixonados
Bem no meio da natureza
De olhos fechados a ouvir
Entranha paz e a leveza
No coração o sentir
Alentejo… luz, perfume,melodia…
Desabrochar da sua gente
Trovas que embalam o dia
Ao ritmo de vozes diferentes
Alentejo veste-se de olhares
Já não passa despercebido
Vai pelo mundo a cantar
Alentejo desmedido
A terra domina o sonho
Transpira o povo d’ emoção
Flui a mente e o ar risonho
Bate mais o coração
06-02-2015 Maria Antonieta Matos
Véu tombando p'la face, na penumbra,
A beleza confunde a silenciosa solidão,
O desprezo consentido, não vislumbra,
O prazer do amor, a cadeado, sem coração.
Trancados no conceito de felicidade
No esfriamento intocável do seu par
Vivem em túmulos, a sonhar, sem liberdade
Na mais estranha forma de gostar
Afugenta-se o desejo, p'lo ciúme
Cai a máscara na cegueira fulminante
Solta-se o ódio desvairado e o azedume.
E na perplexidade inconstante
No meio de estouros e queixumes
Caminha repousante o "inocente".
17-02-2015 Maria Antonieta Matos
Diz mal do trato que te faço,
Da sombra, sente ciúme,
Prende-me com um curto laço,
Trata-me com azedume!
Diz que me amas, nessa cegueira,
Alimenta o teu estigma doentio,
Faz-me acreditar que é passageira,
E não mudes esse teu mau feitio!
Zomba de mim, que me aquieto,
Repete!.... - O que faço, nada é prolífico,
Que já nasci sem horizontes e, por aqui fico,
E estagnarei na água podre, como um dejeto!
Muda de face, conforme o plano que te dá jeito,
Que eu moribunda e serena tudo aceito,
Como uma tola, que eternamente deve respeito!
Mede a distância que de mim tem, o teu olhar,
Esfria o afeto que ainda tenho, para te dar,
Que tarde ou nunca,
quando me quiseres,
me vás achar!
Sinto o rolar das águas puras nesse mar,
Que mata a sede à terra tão gretada,
Sinto a brisa e o roçar das folhas a bailar,
Beijando a minha pele de ti agraciada.
Sinto o salpicar da chuva miudinha,
O bafo morno que se solta a embaciar,
Sinto os aromas no ar, a ladainha,
No agitar do dia tão cinzento a chegar.
Sinto as beiras a trautear na calçada,
Plangentes duma magia iluminada,
Deslizando tantos regatos excitantes.
Sinto o crescer das plantas a regalar a vida,
O sentir da gente agradavelmente entretida
O pender do dia para a amar a lua, sua amante.
07-12-2016 - Maria Antonieta Matos
Enquanto as mãos labutam, a sua mente
Entranha os momentos reveladores
Que descrevem 'estórias' de muita gente
Ensinamentos procurados por doutores
Quando o dia amanhece no Alentejo
Tantas agruras se passaram pelo campo
Homens, mulheres corajosos, nesse festejo
Relatam o sentir, a compasso, todo o encanto
Quando a tarde surge em dia quente
O corpo enfadado cai sonolento
Mas quando à noite se reúnem alegremente
Entoam cantigas naturais do pensamento
Quando no inverno o frio aperta e dói
A azáfama fricciona o corpo gelado
O calor transpira os poros… a vida mói
Mas o dia se agiganta num tom bem afinado
No silêncio apaziguador são trovadores
Semeando palavras de amor
Da terra são cientistas sonhadores
Do tempo têm olhar descobridor
05-02-2015 Maria Antonieta Matos
Vivo escalando até ao cimo do patamar,
Resvalo... e me declino na subida,
Embora com muito esforço para me agarrar,
Alguém me puxa, e empurra, para derrubar!
Torno a subir desempenada, decidida,
Arrepiando dissabores pelo caminho,
Virando a página com pertinácia desmedida,
Sem perder tempo, tempo...tão escasso na vida!
Tenho em mim... o sentido da liberdade,
Aquele que me faz livre de mexer... e de pensar
E não me prende áquele... que a diz dar!
E será com o respeito e a verdade,
Que se agigantam os valores da humanidade,
E nos consentem a paz e a dignidade!
31-01-2016 Maria Antonieta Matos
Sorrisos ressaltam nos teus lábios
O olhar brilha resplandecente
A face marca os traços graciosos
E a beleza flui no seu ar inocente
Como gosto dessas pétalas rosadas
Que encantam o teu rosto envergonhado
Contrapondo soltas gargalhadas
Aplaude meu coração enamorado
Vejo-te como uma luz penetrante
Cintilando o desejo emaranhado
Que me estonteia o olhar d' agrado
Assim existo no doce abraço ardente
Palpitando no teu corpo amado
Nas entranhas do prazer alucinado
05-07-2015 Maria Antonieta Matos
Quando os teus olhos tocam os meus
Soltam-se os rios no meu corpo
Correndo frenéticos rumo aos teus
Desencadeando fantasias, jubilosos piropos
Ah! Como dançam nossos corpos cálidos
Cegos de paixão, sequiosos de desejo
De nuvens cobertos, em concha aninhados
No brilho das estrelas, no céu em festejo
Eu gosto de te sentir tão meigo
quando nós dois caminhamos como um todo
Que tudo à volta é magia e os teus beijos
São perfumes que inalo e sabores que almejo
Eu gosto de ouvir tua voz
de sentir o som dos teus passos
Dos momentos enamorados a sós
Da ternura dos abraços
Eu gosto da tua ousadia ... de expressão
Dos trocadilhos que lhe fazes
Da sensibilidade da emoção
De amares ... e não esqueceres as amizades
04-12-2014 Maria Antonieta Matos
Sei... que sei muito-pouco,
Que aprendo todos os dias,
E até mesmo no mundo louco,
Guardo lições de sabedoria!
Esqueço algo que aprendi,
Como um livro já esquecido,
Parecendo que nunca li,
Desperto mais o sentido!
Vou calcorreando a sentir,
O movimento, que vislumbro,
E com experiência me cubro!
O futuro afirmará triste ou a sorrir,
Lendo cada página escrita,
No livro que abraça a vida!
01-10-2015 Maria Antonieta Matos
Meu coração bate acelerado
Sinto ofegar o fôlego inquieto
O peito quase explode disparado
Tocam-me as palavas de afeto
Sinto o palpitar do coração
O beijo caloroso que me prende
A carícia doce da tua mão
O fogo, que em nós acende
Maria Antonieta Matos 05-07-2015
Ao vento, espalho as mágoas,
Que trago dentro de mim,
Porque o vento chama as águas,
Que determina que as mágoas,
No meu peito cheguem ao fim.
O vento canta e a assobia,
Tudo leva à sua frente,
Nos muros se refugia,
Desmaiado de contente.
Tão doido que é o vento,
Que desfralda as folhas no ar,
Deixando nua, a árvore ao relento,
Como se estivesse a brincar.
Não há força que te aguente,
Ó vento quando te assanhas,
Enfureces e levas rente,
Tudo aquilo que apanhas.
Com tão grande ventania,
Teus cânticos sacodem as flores,
Um sentimento de poesia,
Pelas vestes das tuas cores.
O vento leva sentado,
No selim do seu cavalo,
O corpo tremelicado,
Sem rédea para segurá-lo.
A nuvem sente nos ombros.
O peso do seu caminho,
Enchendo o céu de assombros,
Com o vento em remoinho.
No chão chiam a rodopiar,
O encanto colorido,
Que o vento faz a assoprar,
Numa sonata ao ouvido.
Com o mar brigas às vezes
Fazes tremendo chinfrim,
Que ao longe soam-me vozes,
Parecendo chamar por mim.
Vento suão que feres,
As entranhas do meu ser,
Como punhais interferes,
No corpo dorido a morrer.
Vento brando que o sol aquece,
Que beija doce o meu rosto,
Que faz sonhar, adormece,
Um sono pesado, um encosto.
Vento que folheias o livro,
Que embevecida, estou a ler,
Como se estivesse proibida,
Folheias, folheias por querer.
Com a dor tão pesarosa,
Gritam trovões a estrondar,
Dos teus olhos correm lágrimas,
Como rios a desaguar.
Maria Antonieta Matos 13-05-2016