Espreguicei o Olhar
Espreguicei
o meu olhar
No
sono do teu
Acordei
embevecida
Nos
braços de Morfeu.
Olhei-te
amor
Estendido
a meu lado
Saboreei
teu corpo
Na
cama deitado.
Desnudo
para mim
Desnuda
também estava
Com
ternura e carinho
Disse
que te amava.
Sorriste
com meiguice
Acariciaste
o meu cabelo
Olhei
teus olhos
E
vi como eras belo.
Num
abraço apertado
Sentimo-nos
unidos
Num
beijo não dado
Ficámos
perdidos.
De
novo espreguicei
O
meu olhar no teu
Logo
logo acordei
Com
um doce beijo teu.
Maria Antonieta Oliveira
Ama-me
AMA-ME
Abraça-me
Abraça-me
forte
Aperta
o meu corpo contra o teu
Despe-me
de tudo
Quero
sentir-te desnudo
Nesta
noite de breu
Afaga
o meu corpo
Inebriante
de desejo
Afaga,
acaricia, morde
Sim,
morde
Com
essa boca que sabe beijar
e
em mim despertar
sentimentos
proibidos
Beija-me
beija
meu corpo carente
que
anseia pelo teu
Beija-me
amor
Grita
Grita
bem alto que me amas
Que
todo o meu ser reclamas
Grita
Grita-me
ao ouvido
Grita
meu nome, querido
Deixa-me
louca
Deixa-me
louca com o sabor da tua boca
Com
a língua dos nossos segredos
Com
a doçura dos teus beijos.
Ama-me,
amor
Ama-me
sempre!
Maria Antonieta OliveiraEncontro-me Nas Palavras
Encontro-me
nas palavras
mesmo
que não seja eu!
Faço
delas novelinhos
Loucuras
e desatinos
Desejos
e fantasias
Tristezas
e alegrias.
Deixo-as
voar ao vento
levando
meu pensamento
e
entre nuvens pousar
e
numa estrela me encontrar
Nesse
momento me quedo
sinto
em mim tal medo
dessa
estrela ser cadente
e
o equilíbrio perder
e
a minha mente demente
transformar
para sempre
esse
sonho que era viver.
Trago-as
de volta à terra
numa
folha vão pousar
e
sem que façam guerra
logo,
logo uma a uma
começam
a desfilar.
Por
entre o sol e a bruma
entre
o lápis e o papel
faço
lençóis de espuma
e
romances de cordel.
Nas
palavras me encontro
mesmo
que não seja eu!
Anoiteceu
Já é noite,
O sol adormeceu
Dando lugar a um céu estrelado
E eu,
aqui no meu canto isolado
O meu coração fracassado,
Já cansado
Chora lágrimas de solidão
O meu corpo vergado
Ao tempo
Sobra no espaço que lhe pertence
E eu,
aqui onde meu ser fenece.
Na escuridão procuro a luz
Que me leve ao caminho da paz!
Maria Antonieta Oliveira
17-03-2017
IN - Sentires Poéticos - Edições Vieira da Silva
Confissão
Se um dia encontrasse alguém
Alguém que me ouvisse sem julgamento
Que compreendesse este meu sofrimento
O que fui, o que fiz, o que traí
As vidas que vivi, sem viver
As pessoas que conheci, sem conhecer
Com quem falei
Com quem andei
Quem vi e quem me viu.
E o meu corpo?
Quem o conhece?
A quem o mostrei?
E quem eu vi desnudo?
Quem me acariciou?
Quem me beijou?
Quem me amou, sem amar?
A quem eu amei, sem amor?
Quantas perguntas
Tantas respostas.
Se encontrasse alguém que me ouvisse
Desabafaria este meu tormento.
Maria Antonieta Oliveira
24-01-2020