Momentos de fôlego instantâneo que me surgem pela boca acima e que despejo nos meus cadernos inacabados e rasgados, devido a instantes em que outrora me fizeram descarregar fúrias e revoltas comigo mesma, com os outros e com o mundo.
Mas no fundo, são apenas pensamentos, desabafos.
Nada verdadeiramente real no meu irreal.
Incapacidades inexplicáveis surgem à desfilada,
Momentos de pura agonia com um toque de alegria.
Palavras cruzadas sublinham o pensamento
Como um quebra-cabeças sem qualquer fundamento.
Vontade de gritar num histerismo (frenético),
Mas ao mesmo tempo a tal resignação para o que virá, para a verdade…
O futuro que se desconhece.
Músicas pairam num ar carregado de lembranças de momentos relevantes,
Aquele tentar não acreditar ou tentar não lembrar prevalece,
E a paz de um coração é (sempre) em vão.
Inesperadamente. Tão rápido e veemente, como se não houvesse amanhã. Vieste.
Mostraste-me o teu mundo, a tua vida, as pessoas que te rodeiam e o que te faz constantemente rodar. Ensinaste-me a soletrar os meus e teus pensamentos, sem erro, sem medo, tão dementemente correcto e digno.
Corri atrás do sol, vigiei a lua, contei as estrelas, desmantelei as ondas do mar e colhi conchas perdidas na areia, ao teu lado, somente. Indaguei os meus sentimentos, estavam certos, examinei o meu coração, estava mais que vivo, tudo evidentemente perdido por ti.
Assim vieste, assim foste, deixando para trás esperanças libertadas ao céu, aos pássaros, à terra, à pequena cabana da nossa vida. Foste. Foste decidido a não voltar, e eu tão decidida por ti, fiquei desamparada, estendida em profundas mágoas no aconchego de lágrimas de um rosto que parecia não voltar a mudar de expressão.
Inesperadamente. Tão rápido e intenso, como se não houvesse amanhã. Foste.
Para nunca mais voltar, eu sei.
Pensamentos ocorrem numa cabeça fatigada, frustrada, (por vezes) reabilitada, mas extremamente baralhada. Essa cabeça ligada a um corpo que mal o seu suor suporta, pesa na alma, no sacrifício, na dor.
E a alma?
Essa deixou de reagir há bastante tempo, mas continua lá, como prisioneira numa cela em que as paredes se movem numa ilusão óptica porém na realidade (infelizmente) firmes e inquebráveis, onde o tempo passa cada segundo e debilita a sua capacidade de sobrevivência.
Uma Alma. Um Corpo.
Antagónicos