Frederico de Castro

Frederico de Castro
Escuto o sentir das palavras e então esculpo-as nos meus silêncios, dando-lhes vida forma e cor. Desejo-as, acalento-as, acolho-as,embelezo-as sempre com muito, muito amor…
Nasceu a 20 Junho 1961 (Bolama )
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Então, enquanto chove...




Então enquanto chove

as palavras desprendem-se no vazio

pingando no destelhado zinco das tristezas

Ausentam-se no frio da noite em chuviscos de

amor varrendo as solidões numa subtileza

de palavras sufocantes expostas no currículo

do tempo assim...tão aliciantes

Então enquanto chove

até as lágrimas em silêncio

vertem cada soluço da alma refém

absorta no vai-vem da vida declinando

a cada raiar de uma brisa se decompondo

num sussurro breve, seduzido...ao abandono

Então enquanto chove

te ofereço a madrugada por inteiro

Exalo todos os perfumes do dia

nascendo na eloquência de um beijo

sorrateiro

Promulgo toda esta saudade que perdura

açoitando a memória de um verso galante

e torrencial que ofereço com ternura

Então enquanto chove

Os gestos de outrora são a lúdica

paisagem do teu ser que abordo

em cada hora guardada no túmulo

do tempo loucamente disperso

num sonho que recordo

Então enquanto chove

é tempo de escutar os ventos espremendo

suas nuvens até pingar em nós todo o imenso

e licoroso aguaceiro que desaba no silêncio

unânime,transladado...qual incenso

É tempo de conceber a vida numa pareceria de odores

perfumando a lassidão destas estrofes dotadas de uma

inspiração quase crucial

Pintar um desejo intemporal recriado no design deste

poema embelezado com as hormanas de toda a

estética que me é apaixonante e essencial

Frederico de Castro