contratorpedeiro Zé do Norte,
bico fino,
desejo agudo pelos mares,
já não pode ser contra nada...
de capitânia a rebocado
a caminho do desmanche,
perdeu o manche,
da montanha a avalanche,
desmoronou sobre ti
garças negras, africanas,
águas de Durban.
mar, cama líquida e azul,
noites de erguimentos e quedas,
de nas estrelas cadentes
encharcar-se de abismos
e a vida com seus Zés:
Zé da Rita
Zé da Preta
Zé do pão
no final serão da morte,
todos a caminho do desmanche,
a morte quer seu lanche,
a despedida é lilás.
águas de Alang
quanto sang!
Zé do Norte mudou de nação,
de número, de nome,
mudará de forma,
disforme,
Zé da Morte;
cortaram cabos de reboque
e se foi com a tempestade,
com seus postos de combate,
virou posto de abandono;
seus paióis de enfermaria,
onde fui encarregado,
um lugar apropriado
ao marujo mareado;
meu primeiro navio afundou
e em harmonia afundei
de servidor federal
para estadual,
hoje municipal,
trabalhador braçal
da prefeitura de Meriti;
mas se afundaram o navio
e o homem de guerra,
emergiu o poeta.
seu destino, como as aves,
era entrelaçar-se ao vento;
sua metralhadora antiaérea
era inveja de passarinhos.
vento forte Zé do Norte!
a mercadoria não chegou,
menos sangue em Alang,
caturrei, afundamos,
deixamos juntos
a altivez das ondas,
afundei em todos os navios,
vim aos ares com todos os poemas
como a proa que retorna do abismo.
agora
o girassol se desmancha em outros benefícios,
nos tubos-almas dos canhões
deslizam peixes, não metais.
eu, passei de menos para mais...
quem dera essa imagem
fosse aqui na superfície.