tristeza de outono

não me queira-me somente quando sou primavera
ar puro na pele
dias em tons pasteis
queira-me também quando sou inverno rigoroso
frio ardente na pele
que descasca e seca
dias em tons escuros
me queiras quando sou outono
folhas secas que caem no chão
vento áspero que percorre a pele
e que arrepia até o amâgo da alma
dias em tons marrons

as borboletas na janela me recordam
da metamorfose ambulante que eu sempre fui
me demonstram que a vida é um prelúdio do amanhã
que está previsto para não acontecer
lembram-me de que eu sou a minha própria casa
a dona do meu casulo
o meu grande mundo

dentro de uma mente perturbada ainda é capaz de florescer frutos que não foram regados?
me diga, ainda que haja escuridão, é capaz de aqui, nascer um campo florido?
por mais que caminhemos sob o solo escuro ainda sim seremos capazes de sentir as flores que um dia cá dentro florescerão?

disseram que sonhar é impossível, nada é impossível, basta crer, não acontece nada de imediato, mas torna-se realidade
as coisas de início sempre parecerão difíceis, mas tens de ter consciência de que nada é impossível
tudo acontece, mas na hora certa, nenhum sonho é louco, as pessoas podem descrer de você e da sua capacidade, mas não desanime
você é capaz de realizar tudo o que te for proposto e tudo que tu tiveres em mente, és capaz, tens sonhos
sonha, voa longe, nunca dê ouvido àqueles que duvidam de ti, essas pessoas têm em mente somente 1 coisa; te por mundo à baixo
querem ver teu declínio, a tua decadência, deixe-se ser guiada pelos teus sonhos e terás consciência de seguires o caminho certo
outra coisa, nunca temas mudar, se quiseres, muda-te, dê os pequenos passos no início e verás que és capaz de continuar seguindo o caminho à tua frente
não tenhas medo, não te autosabotes, o medo muitas vezes te vêm a mente para justamente te fazer cair, desistir de tudo que tens
mas por que desistir? por que ceder e dar-lhe ao medo o que ele deseja? não dê a vitória à quem desejas te ver no chão, todos temos nossos demônios interiores

gostaria de restaurar a paz da minha alma
e os pedaços do meu coração tão vazio
eu me pergunto quando chegará a minha vez de ser restaurada,
revivida
quando me tornarei quem sou?
quando deixarei de lado a desconfiança e as contradições?
quando tudo vai soar mais claro e vívido para mim?
eu quero encontrar o caminho que estou traçando
mesmo que aos poucos, esse desejo incontrolável corre pelas minhas veias
tanto que a noite eu mal consigo dormir, de tanto ansiar
e desejar algo que eu nem sei o que me reservará
e ultimamente eu ando tão terrificada pelas minhas próprias ações,
pelos meus próprios pensamentos que eu tenho em mente,
será que eu estou vivendo ou apenas contemplando a minha existência
visando-a diante dos meus próprios olhos, como uma telespectadora
e não a que está transmitindo e fazendo parte da transmissão ao vivo

eu sei que sou apenas um ser humano
capaz de criar,
com infinitas possibilidades nas mãos
e responsabilidades por trás das cortinas
eu me identifico como única
mas sei que talvez eu não seja
mas talvez seja
o que me importa é ser
não importa o que,
mas ser,
renascer
reviver
eu posso tocar o céu
com a mesma intensidade que posso afundar no chão
eu posso dançar com a lua
eu posso cantar com as estrelas
eu posso deitar entre as nuvens
eu posso levantar vôo
eu posso gritar liberdade
eu posso enxergar além do que devo
eu sou bem mais que escolher além do bem e do mal
eu sou boa, mas não um anjo
eu sou pecadora, mas não sou judas
eu sou como o calor que percorre teu corpo no verão
eu sou como o frio que faz teu corpo arrepiar no inverno
eu sou a que nada contra a corrente
eu sou como um mar sem ondas
eu navego por ele sem rumo
me perco no próprio caminho traçado por mim
mas não posso perder a cabeça
o controle
tento manter a paz aqui dentro acesa,
como uma fogueira
e então eu me divido
entre manter o controle ou deixar-se ser controlada
eu preciso encontrar o caminho para chegar a um fim
eu preciso permanecer em silêncio para não me perder no caminho

como se faz eco numa alma vazia
infinita
me diga,
como se faz eco dentro de um coração
fragmentado
partido em milhões de pedaços
me diga,
como se mover estando presa as correntes,
como nadar contra a maré
me diga,
como não cair no buraco solitário chamado escuridão
como não afundar nesse mar
nessa imensidão
me diga.

não me queira-me somente quando sou primavera
ar puro na pele
dias em tons pasteis
queira-me também quando sou inverno rigoroso
frio ardente na pele
que descasca e seca
dias em tons escuros
me queiras quando sou outono
folhas secas que caem no chão
vento áspero que percorre a pele
e que arrepia até o amâgo da alma
dias em tons marrons

"o que você deixou de ser quando cresceu?"
o que eu deixei de ser quando cresci?
é algo que eu não sei explicar
algo que ninguém conseguiria explicar
mesmo que tentasse
seria uma tentativa falha,
pois se nem eu, que estou questionando a mim mesmo, sei a resposta
por que alguém, que julga saber o bastante
e conhecer o suficiente
conseguiria explicar?
o que eu deixei de ser quando cresci?
eu venci a escuridão ou me deixei ser vencida por ela?
eu me aperfeiçoei
ou
retrocedi?
minha alma turva e longíquoa ainda anseia por mudança
ela quer ser transformada
tem esperança
o que eu deixei de ser quando cresci?
desde o início eu nunca fui uma criança igual as outras
e conforme eu crescia,
percebia que o mundo era cruel
o mundo era cruel
pois as pessoas o fazia parecer assim
para não assumirem a culpa por terem cometido erros
e eu desde o início sempre tive consciência de que
não queria ser uma dessas pessoas
mas eu me pergunto
o que eu deixei de ser quando cresci?
o que eu perdi?
o que eu ganhei?
o que eu recuperei?
não deixei de ser
apenas cresci
apenas me aprimorei
adquiri o saber
o que eu perdi?

se me desejas, assim terás, mas não cabe a mim dizer onde e quando, cabe a ti ceder seus instintos e desejos íntimos, não cabe somente a mim dar-te-á ti