Donzelas que passais com esse gesto ameno,
E a doce palidez enfim d'uma cecém,
Em vão esse ar é grave, e esse aspecto é sereno,
Não me olheis, não me olheis, que não vos quero bem.
Sulamitas gracis e de rosto moreno,
E claras como luz, e cheias de desdém,
Tendes perfume, sei, mas não tendes veneno,
Sois muito lindas, sois, não vos quero porém...
Lírios do campo com figura de mulher,
A minha decadência é um fruto caprichoso
Desta época sem luz que não sabe o que quer.
Não sabe nada; mas é candidez ideal,
Eu não posso querer senão o Monstruoso,
E o bem Maravilhoso, e o bem Fenomenal!
Janeiro de 1904
Publicado no livro Ilusão (1911).
In: PERNETA, Emiliano. Poesias completas. Biogr. Andrade Muricy. Est. crít. Tasso da Silveira. Rio de Janeiro: Z. Valverde, 1945. v.