Sousa Caldas

Sousa Caldas (Rio de Janeiro RJ, 1762 - 1814) cursou Matemática na Universidade de Coimbra (Portugal) em 1778. Foi preso pelo Santo Ofício em 1781, sob a acusação de "herege, naturalista, deísta e blasfemo". Recolheu-se para penitência no Convento de Rilhafoles. Em 1782 formou-se no curso de Cânones na Universidade de Coimbra e, em 1789, no curso de Leis na mesma Universidade. Recebeu as ordens sacras em 1790, em Roma (Itália). No ano seguinte produziu uma carta burlesca, em prosa e verso, criticando os modelos antigos e clássicos de ensino. Em 1812 e 1813 escreveu as "Cartas de Abdir a Irzirumo", ensaios político-morais sobre liberdade de imprensa, tolerância religiosa, escravidão. Das 50 cartas, só sobraram 5, copiadas em 1830 por Manuel Cândido de Miranda, que as ofereceu ao Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro por intermédio de José Domingues de Ataíde Moncorvo. No período de 1820 a 1821 ocorreu em Paris (França) a publicação póstuma de Poesias Sacras e Profanas e da versão parcial de Salmos de Davi, por seu sobrinho Antonio de Sousa Dias. A obra poética de Sousa Caldas é de estética árcade; entretanto, segundo o crítico Mário Faustino, "a verdadeira obra de Caldas é (...) a tradução de grande número dos 'Salmos' bíblicos. (...) Não há muita coisa no século XVIII, brasileiro ou português, que se iguale a isto como versificação competente e riqueza de linguagem."