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A vez primeira que te vi, Era eu menino e tu menina. Sorrias tanto... Havia em ti Graça de instinto, airosa e fina. Eras pequena, eras franzina... A ver-te, a rir numa gavota, Meu coração entristeceu Por quê? Relembro, nota a nota, Essa ária como enterneceu O meu olhar cheio do teu. Quando te vi segunda vez, Já eras moça, e com que encanto A adolescência em ti se fez! Flor e botão... Sorrias tanto... E o teu sorriso foi meu pranto... Já eras moça... Eu, um menino... Como contar-te o que passei? Seguiste alegre o teu destino... Em pobres versos te chorei Teu caro nome abençoei. Vejo-te agora. Oito anos faz, Oito anos faz que não te via... Quanta mudança o tempo traz Em sua atroz monotonia! Que é do teu riso de alegria? Foi bem cruel o teu desgosto. Essa tristeza é que mo diz... Ele marcou sobre o teu rosto À imperecível cicatriz: Es triste até quando sorris... Porém teu vulto conservou A mesma graça ingênua e fina... A desventura te afeiçoou À tua imagem de menina. E estás delgada, estás franzina...
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Manuel Bandeira
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