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ruas onde o perigo é evidente braços verdes de práticas ocultas cadáveres à tona de água girassóis e um corpo um corpo para cortar as lâmpadas do dia um corpo para descer uma paisagem de aves para ir de manhã cedo e voltar muito tarde rodeado de anões e de campos de lilases um corpo para cobrir a tua ausência como uma colcha um talher um perfume isto ou o seu contrário, mas de certa maneira hiante e com muita gente à volta a ver o que é isto ou uma população de sessenta mil almas devorando almofadas escarlates a caminho do mar e que chegam, ao crepúsculo, encostadas aos submarinos isto ou um torso desalojado de um verso e cuja morte é o orgulho de todos ó pálida cidade construída como uma febre entre dois patamares! vamos distribuir ao domicílio terra para encher candelabros leitos de fumo para amantes erectos tabuinhas com palavras interditas – uma mulher para este que está quase a perder o gosto à vida – tome lá – dois netos para essa velha aí no fim da fila – não temos mais – saquear o museu dar um diadema ao mundo e depois obrigar a repor no mesmo sítio e para ti e para mim, assentes num espaço útil, veneno para entornar nos olhos do gigante isto ou um rosto um rosto solitário como barco em demanda de vento calmo para a noite se nós somos areia que se filtre a um vento débil entre arbustos pintados se um propósito deve atingir a sua margem como as correntes da terra náufragos e tempestade se o homem das pensões e das hospedarias levanta a sua fronte de cratera molhada se na rua o sol brilha como nunca se por um minuto vale a pena esperar isto ou a alegria igual à simples forma de um pulso aceso entre a folhagem das mais altas lâmpadas isto ou a alegria dita o avião de cartas entrada pela janela saída pelo telhado ah mas então a pirâmide existe? ah mas e então a pirâmide diz coisas? então a pirâmide é o segredo de cada um com o mundo? sim meu amor a pirâmide existe a pirâmide diz muitíssimas coisas a pirâmide é a arte de bailar em silêncio e em todo o caso há praças onde esculpir um lírio zonas subtis de propagação do azul gestos sem dono barcos sob as flores uma canção para ouvir-te chegar © 1957, Mário Cesariny in Manual de Prestidigitação Assírio & Alvim
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Mário Cesariny
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