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Mil quilómetros por dia pedalava meu pai, desde a cama junto ao Douro até à próspera Cerâmica de Valadares. Se qualquer homem recebe, à nascença, uns sessenta inimigos por hora, imaginem a jornada de um operário ciclista. Tudo são despesas para ele: o rosário de geada nas giestas, o jornal atropelado pelo vento, o verdor da Primavera, a poalha do suor em cada mão. Meu pai, é claro, não se queixa, ganha um conto de réis, tem uma casa portuguesa e grandes sonhos de amanhãs a gasolina. Pelo menos não trabalho em nenhum matadouro, pensa ele, e com razão, erguido nos pedais do seu veículo de sombra, solitário trepador pela encosta de Avintes. Não trabalha em nenhum matadouro. E nesse reconforto passa à Quinta dos Frades, alcança o Freixieiro, sente já o rumor de fumacentos camiões na nacional, onde tudo, depois, será muito mais plano.
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José Miguel Silva
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