Agustina Bessa-Luís

A arte não pode ser


A arte não pode ser política, nem sujeição social, nem glosa duma ideia que faz época; nem mesmo pode estar de qualquer forma aliada ao conceito «progresso». É algo mais. É o próprio alento humano para lá da morte de todas as quimeras, da fadiga de todas as perguntas sem solução.

A competição é só civilizadora


A competição é só civilizadora enquanto estímulo; como pretexto de abater a concorrência, é uma contribuição para a barbárie.

A criança que é despojada


A criança que é despojada da sua riqueza de convivencialidade incrementa a frustração do adulto de amanhã.

A amizade exige a cortesia.


A amizade exige a cortesia. Não é como o amor, que, pela sua áurea mudança, se adapta à confidência e ao desembaraço narrativo.

A arte de oprimir os


A arte de oprimir os povos foi-se modificando. A ambição sofreu grandes alterações. Agora os homens usam de conteúdo cultural, violador de multidões na sua conduta; não é a força do braço nem o nome de família que alimentam o seu prestígio - é antes a energia duma convicção que se imponha pela utilidade que prometem.