A Banda
Estava à toa na vida
O meu amor me chamou
Pra ver a banda passar
Cantando coisas de amor
A minha gente sofrida
Despediu-se da dor
Pra ver a banda passar
Cantando coisas de amor
O homem sério que contava dinheiro parou
O faroleiro que contava vantagem parou
A namorada que contava as estrelas parou
Pra ver, ouvir e dar passagem
A moça triste que vivia calada sorriu
A rosa triste que vivia fechada se abriu
E a meninada toda se assanhou
Pra ver a banda passar
Cantando coisas de amor
O velho fraco se esqueceu do cansaço e pensou
Que ainda era moço pra sair no terraço e dançou
A moça feia debruçou na janela
Pensando que a banda tocava pra ela
A marcha alegre se espalhou na avenida e insistiu
A lua cheia que vivia escondida surgiu
Minha cidade toda se enfeitou
Pra ver a banda passar
Cantando coisas de amor
Mas para meu desencanto
O que era doce acabou
Tudo tomou seu lugar
Depois que a banda passou
E cada qual no seu canto
Em cada canto uma dor
Depois da banda passar
Cantando coisas de amor
Amando sobre os jornais
Amando noite afora
Fazendo a cama sobre os jornais
Um pouco jogados fora
Um pouco sábios demais
Esparramados no mundo
Molhamos o mundo com delícias
As nossas peles retintas
De notícias
Amando noites a fio
Tramando coisas sobre os jornais
Fazendo entornar um rio
E arder os canaviais
Das páginas flageladas
Sorrimos mãos dadas e, inocentes
Lavamos os nossos sexos
Nas enchentes
Amando noites a fundo
Tendo jornais como cobertor
Podendo abalar
o mundo
No embalo do nosso amor
No ardor de tantos abraços
Caíram palácios
Ruiu um império
Os nosso olhos vidrados
De mistério
Ah percebo, é claro. Percebo
Ah percebo, é claro. Percebo claramente. Percebo até mais diretamente depois que minha filha se casou com o Carlinhos Brown. Brincando ou não, eu ouço referências a isso o tempo todo, até mesmo quando ando na rua [e ouço] algum tipo de gracinha agressiva (...) Primeiro, as pessoas pensam que são brancas, pensam que eu sou branco, por exemplo. Isso só no Brasil que eu sou branco ou que minha filha é branca. E um dia eu falei: 'Ninguém no Brasil é branco!', e fiz uma gracinha dizendo: 'Se a Xuxa não se casar com o Taffarel vão se acabar os últimos brancos no Brasil.’ [risos] (...) É uma coisa muito mal resolvida no Brasil, o brasileiro não aceita o fato de ser mestiço, não aceita mesmo. É uma coisa que pega fundo. (...) Quando é teoricamente tudo bem, o fulano fala: 'Ah, eu tenho um pé na cozinha', e todo mundo diz: 'Mas não tem né? Imagina, isso é uma maneira de falar, é um democrata, diz que tem um pé na cozinha, na verdade todo mundo tá vendo que ele é branco.' E não dá pra ser [branco no Brasil], quer dizer, a não ser o imigrante e o filho de imigrante.
:- ''Em entrevista à televisão em abril de 2008, ao responder sobre o como vê a questão do racismo no Brasil.''
*(...) Como beber dessa bebida
(...) Como beber dessa bebida amarga / Tragar a dor, engolir a labuta / Mesmo calada a boca, resta o peito / Silêncio na cidade não se escuta / De que me vale ser filho da santa / Melhor seria ser filho da outra / Outra realidade menos morta / Tanta mentira, tanta força bruta(...)A curiosidade é mesmo feita
A curiosidade é mesmo feita do que já se conhece com a imaginação.