Manuel da Silva Gaio

Soneto de Amor


Ainda o mundo uma vez lembre, Senhora,
Aquele ermo abandono e sorte escura
Do verme que morreu na vã tortura
De certa Estrela amar - tão alta embora!

Porque desde que sinto, como agora,
Quanto de mim sois longe - Astro da Altura! -
Com sua inconsolável desventura
A minha já comparo, a cada hora.

Maior é, todavia, o meu quinhão
Na mágoa semelhante: se jamais,
De mudo,espalhou ele a próprio dor,

Inutilmente vara a solidão
A queixa que me ouvis, pois duvidais
De que eu também por vós morra de amor.