Robert Burns

ANA


Ai, vinho que ontem bebi
Escondido numa choupana,
quando em meu peito senti
os negros cabelos de Ana!
O judeu já no deserto
que bebia o que Deus mana
não sabia o mel oferto
nos lábios ardentes de Ana!

Reis, tomai o Leste e o Oeste,
desde o Indo até o Savana,
mas dai ao corpo que as veste
as formas trementes de Ana!
Encantos desdenharei
de imperatriz ou sultana
pelo prazer que darei
e tomarei só com Ana.

Vai-te, faustoso deus diurno!
Vai-te, pálida Diana!
Suma-se o claror nocturno,
quando eu me encontro com Ana!
Venha a noite em negro manto!
Sol, Lua, Estrelas, deixai-nos!
Só com, penas de anjo o encanto
direi dos gozos com Ana.