William Butler Yeats

LEDA E O CISNE


LEDA E O CISNE

Um golpe: asas ainda adejam sobre a presa
Que é ela vacilante, acariciadas ancas
Por membranas sombrias, bico agarra as tranças:
Segura ele contra si o seio sem defesa.

Com dedos aterrados, afastar-se a glória
Que se adentra emplumada às pernas já se abrindo?
Neste rompante branco, o corpo, pressentindo,
Do estranho coração pode ignorar vitória?

das um tremor dos lombos nesse instante gera
A muralha abatida, o tecto e a torre ardendo,
Agamémnon morto.
Enlaçada como era,
E do sangue brutal dos ares possuída,
Juntou dele o saber ao poder del tremendo,
Antes de lasso o bico a abandonar caída?

(Tradução de Jorge de Sena)

Versos escritos com desânimo


Quando foi a última vez que reparei
nos redondos olhos verdes e nos longos, vacilantes corpos
Dos leopardos misteriosos da lua?
Todas as feiticeiras dos bosques, senhoras tão nobres,
Partiram por causa das vassouras e das lágrimas,
Das suas lágrimas de ira.
Os centauros sagrados foram expulsos das colinas;
Nada me resta senão o sol frio;
A lua, mãe heróica, desapareceu,
E agora que cheguei aos cinqüenta anos,
tenho de suportar este sol débil.

(Tradução de
Tatiana Leão e Manuel Rodrigues)