Alexandre Rama

DESTRUIDORES DE SONHOS


Cuidado com os destruidores de sonhos, eles são espertos. E quando menos esperamos eles invadem nossa a casa, roubam as nossas alegrias e esperança, nos escravizam, nos aprisionam, nos fazem criar um laço de dependência tão grande que não é mais possível ver além, de projetar nossas ideais para um futuro. Eles conseguem no silêncio – com um rosto bonito e com um belo sorriso – roubar nossos sonhos como um vírus que entra em nosso organismo e fica lá esperando a hora certa, o momento certo, para atacar e destruir sua vítima. Mas esses destruidores de sonhos não tem a intenção de nos matar, pois, isso seria o fim do seu hospedeiro, o que eles realmente desejam é ver a pessoa hospedeira sofrer com os julgamentos e mentiras proferidas por eles, pois, o verdadeiro destruidor de sonhos tem duas faces, a social, onde na frente de tudo e todos é uma coisa e finge ser aquilo que todos pensam ser. Muitas vezes mentindo tão bem que muitas vezes até ele mesmo acredita ser aquilo que representa. E existe a face oculta localizada bem lá no fundo onde só ele conhece e se alegra sozinho com as maldades proferidas para com as pessoas que estão ao seu lado. Mas os destruidores de sonhos não são seres capazes apenas de matar as alegrias e sonhos alheios, eles também são capazes de criar coisas e transformar as
coisas que toca, mas só as coisas que lhe convém, pois se necessário for, destroem tudo, passam por cima de tudo e todos, só para ter o gosto de dizerem – não na frente de todos é claro – pois tem um lado social a zelar, mas escondido, camuflado... “Eu disse que não daria certo! Se tivesse me ouvido.” Mas no fundo eles alimentaram um desejo mórbido de satisfação pela queda do
outro.
Mas destruidores de sonhos tem um ponto cego a ser combatido, algo que o enfraquece e os destrói que é a confiança... E é essa a palavra que deixa e coloca medo nos destruidores de sonhos, pois a única coisa que os destruidores de sonhos não são é confiantes em si mesmo. Eles são limitadíssimos em acreditar, justamente porque acreditar tem um significado de construção/esperança e como eles são desenvolvidos para destruir são desprovidos dessa palavra e sentimento. Mas você pode se perguntar em um dado momento se esses destruidores de sonhos podem adquirir à habilidade de acreditar?! Talvez sim, talvez não. Mas só sei que devemos tomar cuido, pois, deixamos essas coisas entrarem a qualquer instante em nossos sonhos e com a alegria do momento eles se camuflam, passam e se alojam, esperando o momento de falharmos e, assim, ruir com os nossos sonhos.
São assim que agem os destruidores de sonhos.

EU COM VOCÊ


Olho ao meu redor e me deparo só, mesmo estanco cercado por olhares que me notam.
Meus dias se arrastam como ponteiros de relógios contando infindavelmente os segundos humanos.
Gostaria de ter suas mãos nas minhas.
Gostaria de ter sua pele na minha.
Mas tudo não passa de um tempo verbal, no qual, só tem espaço para ser conjugado num futuro do pretérito.
Como EU gostaria;
TU como querias;
ELE com ELA se uniria;
NÓS um para sempre seríamos;
VÓS comigo estaríeis;
ELES se amariam;
Pode não ser bonito.
Mas meu amor por você, isto sim é.

GOTAS DE UMA VIDA


Da janela do meu quarto vejo as árvores balançando por causa do vento forte e a chuva fina que lá fora cai. A cada gota que toca o chão são lembranças de uma vida cheia de alegrias e tristezas. Todas elas vão brotando em minha mente, imagens, rostos, sabores, cores, dores, magoas... E olhando para o chão as deslumbro em cada gota que aos poucos se tornam poças de lembranças de uma existência que escorrem pela sarjeta do tempo. E por um instante me perco em memórias, “Que saudades!” penso. Mas ao erguer meus olhos e ver o céu cinza, misterioso, um sorriso no canto da boca brota, pois, percebo que as gotas neste instante sumiram, mas eu sei que elas ainda estão lá, só que não estão mais no presente do meu horizonte para poder vislumbrá-las.
Da janela me pergunto olhando para o céu “O que virá depois?”, mas a resposta não vem e às árvores continuam a balançar por causa do vento como se me dissessem “Calma, todas as gotas iram chegar ao chão... na hora certa!”

SEU JEITO DE SER


Alguém certa vez escreveu que tudo se inicia pelo olhar.
Eu diria que no meu caso foi seu lindo sorriso que me inicio a você.
Ou talvez seja o conjunto da obra criada por Deus – que necessário é resaltar que
devia estar muito inspirado.
O que me prende a você não são apenas fatores visíveis aos olhos comuns, mas são
aqueles que você guarda lá no fundo de si, sua forma carinhosa de tratar as pessoas que lhe são caras; Seu jeito meigo; A menina sonhadora; A garota que tem dúvidas;A  mulher que ama, mas tem medo de confiar, e só quem descobre esse lindo paraíso escondido é quem tem o espírito aventureiro e não de conquistador.
Pois o conquistador só quer tal lugar para o seu próprio prazer e quando tudo se esgota ele parte para outro lugar deixando apenas solidão; Mas um verdadeiro aventureiro no fundo só procura um lugar no qual seu coração possa descansar e, assim, dar a vida para cuidar de tal lugar tão precioso.

O RELÓGIO


No fundo da sala em uma parede bege, ou amarela clara, existe um relógio cujos ponteiros não se cansam de andar. Sempre em frente. Pulando em segundo em segundo. Tic, tic, tic, tic, tic...

Será que ele nunca se cansa? Como seria se um dia todos os relógios entrassem em greve e parassem de registrar o tempo? Enquanto o professor fala, ele permanece lá imóvel ao sei lugar, calmo, apenas mostrando quem é que manda, pois, não importa o quão importante seja a ação, quão importante seja a fala do professor ou a vida a ser salva, tudo no final das contas quem dá a última carta é o tempo.

Mas fundo da sala há um relógio, um buraco negro que tem o prazer de engolir tudo que está a sua volta e nunca mais devolver às coisas que tomou para si. Para mim, no fundo da sala o relógio não está a pular e, sim, a gargalhar na nossa cara, pois, no final das
contas tudo é uma questão de tempo.

CONTO DE NATAL


Era noite de natal e um velho homem cansado e desgastado pela vida, vagava pelas ruas da
cidade sem saber para onde ia e nem de onde vinha, apenas caminhava pela noite a observar tudo a sua volta. E caminhando viu diferentes tipos de pessoas, pessoas que se divertiam com copos nas mãos, jovens na flor da idade fumando e rindo como se nada mais lhes importassem na vida. Meninas muito mais jovens que os rapazes desgastando suas vidas com coisas que, seus olhos cansados pelo tempo, sabiam muito bem que não levaria a nada, mas era um velho tolo e já havia quebrado à cara muitas vezes para saber que naquele momento eles mandavam
no mundo e não estavam dispostos a ouvir um simples velho.
O velho entristecido continuou a andar e viu famílias que estavam juntas por estarem, mas que
prefeririam estar em qualquer lugar, menos ali, e se lembrou da sua própria família e como foi feliz em tempos passados e como naquela época não tinha dado o devido valor às pessoas que amava. Vendo isso ele se sentiu cada vez mais sozinho e perdido sem saber para onde ir.
Mas continuou sua caminhada. E caminhando se deparou com uma Igreja e resolveu ir ver o que estava acontecendo, observou e percebeu que estava havendo uma missa e se lembrou
de que a muito não entrava numa Igreja e, assim, resolveu ficar um pouco mais.
Algumas horas lá dentro conseguiu notar que ali não era muito diferente do que vira lá fora, pessoas que simplesmente estavam ali por estarem, sem expressão, sem alegria, olhos impacientes olhando os pulsos a gritar pelos segundos correntes do tempo que se estendiam ali. O velho permaneceu ali em silêncio, apenas observando, até restar somente ele. Só, resolveu por fim sentar-se, já que não havia outro lugar para estar e o mundo lá fora estava ocupado de mais nos seus barulhos caóticos aproveitando a véspera de natal. E sozinho, faltando poucos minutos para o natal, ficou olhando Jesus na sua cruz e pensando que no fim de tudo ele continuava sozinho, durante sua vida, na cruz e mesmo depois dela, continuou sozinho como o velho se sentia naquele momento. E ali dentro daquela Igreja num misto de pensamentos e lembranças foi acordado com o sino lhe dizendo que já era meia-noite e que o natal, enfim, havia chegado e com isso acordando o velho de seus sonhos de olhos abertos. Assim dando uma ultima olhada para a cruz resolver seguir para fora e caminhar para onde isso o levasse, mas quando estava preste a se levantar ainda com os olhos fitos em Jesus, Jesus em sua cruz olhou para o velho e lhe pediu com uma voz cansada e solitária “não se vá você também, fica comigo essa noite”. E o velho olhando para a cruz voltou a se sentar e chorou por toda a humanidade.

ONDE ESTÁ O MEU CORAÇÃO???


Um menino caminhando pela rua, passo após passo, de cabeça baixa se depara com uma estrela, ali, sozinha no chão. Ao se deparar com o garoto para à sua frente, ela pergunta:
- Garoto, por que anda olhando para o chão?
O garoto surpreso por ver uma estrela e ainda por cima falante, sem saber ao certo o que responder simplesmente exclama:
- Ah... estrela, estou procurando algo que perdi!
A estrela curiosa pergunta:
- Mas garoto o que você procura com tanta dedicação para simplesmente se esquecer de olhar para cima e para os lados?
O menino sem jeito sussurra uma resposta quase inaudível:
- O meu coração...
- Ah! – exclama a estrela – Mas como você pode ter tanta certeza que ele está aqui no chão?
- Não sei – diz o menino – só sei que preciso procurá-lo. Pois me disseram que quando eu estiver diante dele algo dentro de mim irá mudar e sentirei uma dor aqui no peito que irá completar todo o meu vazio e, assim, poderei amar.
- Mas você já o procurou em outros lugares que não seja o chão. Porque se eu fosse um coração perdido eu estaria com medo e estaria gritando por meu dono.
De repente o jovem garoto percebeu que a estrela não estava de toda errada e que ele havia passado tempo o suficiente procurando o seu coração apenas nas partes mais fáceis de procurar e com o passar do tempo isso se tornou um hábito na sua vida. Mas agora ele compreendia que seu coração não estava no chão e com muita dificuldade ele então ergueu seus olhos para o
céu e naquele instante percebeu que naquele céu tão estrelado e que, talvez nunca tivesse sido visto por olhos tão pequenos, estava o seu coração.

CRESCER


Impressionante como
o mundo pode ser do tamanho que queremos que seja.
Quando éramos criança o mundo era algo inimaginável de tão grande, mágico e misterioso.
Sentíamos-nos verdadeiros desbravadores do desconhecido e a cada nova esquina que virávamos era um frio na barriga, só por estarmos pisando em terras desconhecidas e se afastando cada vez mais de casa. Santa inocência!
Mas quando crescemos começamos a ver o mundo não mais como algo misterioso, mágico ou inimaginável. Agora ele é apenas mais uma porção de massa como todas as outras neste universo. A criança não está mais preocupada com a alegria da descoberta, não quer mais
sonhar com um mundo a ser desbravado. Ela só quer lucrar, vencer, destruir, buscar dominar o mundo que antes fora motivo de admiração.

A criança cresceu e
no que se tornou?

JARDINEIRO


Era uma vez um jardineiro que tinha uma verdadeira paixão por suas flores.
Todos os dias ao se levantar vestia suas roupas de trabalho e começava seu ritual quase que sagrado de como bem cuidar delas.
Com elas estava sua alegria. Sua satisfação. Estar com elas era como estar em paz. Elas o entendiam e só ele as compreendia. Sem elas, ele era solitário e triste, mas com elas tudo no mundo florescia com mais cor e brilho. Ele era feliz assim!
Cuidar delas era sua verdadeira vocação. E sua vida nunca foi tão completa e cheia de sentido, pois, ali estava o sentido da sua existência. Porém num belo dia de primavera o jardineiro não se levantou e junto com ele suas flores, já que com o passar do tempo ambos eram apenas um e não sabiam viver sem o outro.
No seu enterro ninguém compareceu para chorar aos seus pés e na sua tumba só restavam flores tristes de plástico.

PASSOS


No princípio tudo era solidão.
Nascemos sozinhos e vagávamos pelo mundo completamente só.
O criador vendo sua criatura caminhar olhando para baixo, deu-lhe um tesouro para qual pudesse dividir o horizonte.
Neste instante o solitário se fez companheiro.
O que procurava se fez encontro.
O nada se fez tudo.
E a ausência se fez amor.
Juntos buscamos alcançar o horizonte. Olhávamos nos olhos e encontrávamos forças para seguir em frente. Com o tempo você se fez companheiro. Abrigo!
Sem perceber caminhávamos para um futuro, impulsionado por um passado e se amando intensamente num presente.
Assim se fez por toda a eternidade.
Mas como a areia que escorre em uma ampulheta, com ela também se foi a nossa vitalidade. Menos o nosso amor, este só fortaleceu.
Aprendemos com o tempo que existiam muitas formas de amar e em todas elas vivemos profundamente cada segundo do “agora” que se apresentava diante de nossa complexa realidade mortal.
Em todas essas formas de amar, eternas lembranças ficaram gravadas em nossa jornada histórica.
No fim quando o último suspiro vier nos visitar e a morte nos olhar nos olhos, não terei porque desviar meus olhos a procurar por algo, pois irei mostrar para ela do amor que na vida encontrei.
Sei que apenas fecharei meus olhos mortais, um pedaço de pele, mas minha história continuará ecoando por todo o sempre. E na minha lápide me reconheceram assim “Aqui jaz um homem que mostrou para a morte que o amor nunca morrerá.”

PESSOAS E PESSOAS


Quantas vezes na vida se deparamos com pessoas que tem o poder de transformar as nossas vidas.
Quantas vezes se deparando com pessoas que com um simples sorriso dão um novo significado para nossa existência.
Quantas vezes cruzamos com pessoas que tem o potencial de ir cada vez mais alto e com isso
nos proporcionar uma escalada, um impulso, aonde antes não havia mais forças para continuar e seguir em frente!
 Mas em contra partida também estamos cercados por pessoas que tem o poder de destruir sonhos, vidas e a esperança. A cada momento somos bombardeados por olhares, pensamentos e até mesmo sentimentos negativos que nos levam para o fundo do poço. E se esquecemos de olhar para o horizonte e passamos exclusivamente a olhar para o chão, como se olhar para frente, levantar a cabeça, fosse algo doloroso de mais para se realizar. Estamos vivendo uma geração de destruição de sonhos, de pensamentos verdadeiros, de alegrias que surgem da alma, no mais íntimo do ser de cada um e não uma suposta alegria “comprada” ou “descartável”. Vivemos numa modernidade de pessoas de cabeças baixas, olhares cansados e sem esperança para seguir em frente. Mas cadê as pessoas que nos motivam a seguir em frente? Cadê as pessoas que tem o poder de nos levantar quando desistimos de seguir em frente? – Você pode se perguntar.
Elas estão extinguindo-se. Cada vez mais se fica raro encontrar pessoas especiais que tem
esse poder tão grande, mas que ao mesmo tempo é tão frágil. Frágil porque muitos que tem esse talento de curar almas cansadas, de ser um pit-stop, um oásis para a caravana cansada pelo sol desgastante do deserto não sabem que são possuidoras desse talento e se frustram também pelo caminho, pois, elas não conseguem se auto abastecerem, elas conseguem dar uma descarga de animo para todos que se encontra desanimado a sua volta, conseguem ver o mais íntimo das almas de pessoas desconhecidas e veem quando estão tristes ou perdidas, mas em contra
partida, elas não conseguem ver sua própria alma, pois, se olharem no espelho, elas apenas se veem, mas não deslumbram mais do que o esterno. Não porque elas não querem ver, mas porque não conseguem. Talvez o talento seja apenas para ajudar os outros e não a si mesmo, ou talvez, seja apenas para facilitar e direcionar as pessoas que já desistiram de si próprias. Aquelas pessoas que já desistiram de viver.
Mas como sabemos reconhecê-la? Através dos olhos. Os olhos dessa pessoa lhe dará todo o conforto necessário para sua alma. Você não irá entender o porquê que tal pessoa lhe faz tão bem, mas você entenderá que tal pessoa é um oásis em sua vida onde você encontra água fresca
e descanso para os dias duros no deserto. E se caso um dia você olhar para os olhos de uma pessoa especial, sendo você também especial, você terá a alegria de se ver na outra pessoa e nunca mais se sentirá sozinho na vida, pois, neste momento “alguém” lhe apresentou um companheiro de jornada. E você estará pronto para dar a sua vida por ele e preservar sua existência, já que nele, você se encontrou.

MULHER


Mulher, possuidora de uma palavra tão pequena para expressar um ser tão grande.
Geradora de Vida.
Coparticipadora da continuação humana.
Por muitos considerada como sexo frágil, mas portadora de uma força que muitos homens
formados não tem.
Tantas são as mulheres que marcaram a nossa história, avós, tias, primas, amigas, sobrinhas, filhas, mãe e tantas outras Marias que na vida existiram.
Todas elas ligadas a uma palavra, mulher.
Desconheço qual é a origem do significado da palavra mulher, mas sei que através de uma, Deus usou de porta para trazer à vida a salvação de todos.

ASSIM SEJA


Hoje bateu na porta do meu peito a vontade de voar.

Voar para onde pudesse beijar o sol e tocar as estrelas.

Poder chegar mais perto e simplesmente parar o tempo num olhar.

Olhar até os meus olhos serem comidos pela terra e poder germinar nela o meu amor.

Amor humano que entra pela janela como um ladrão e quando vemos estamos comendo pipocas com ele e nem se lembramos mais quando foi o dia que nos conhecemos ou o motivo de estarmos ali.

Mas notamos quando ele se vai.

 

Amor imperfeito.

                                Com ausências.

                                                            Mas sempre amor.

 

Amei cada sorriso juntos,cada suspiro.

Os momentos que contigo pude amar, sentir e admirar...

Ah! Como admirei e amei.

Amei um amor que de tanto amá-lo me enchia e enchendo me fez completo.
Obrigado...

OLHARES


Tantos olhares machucados.

Tantos olhares perdidos no transcorrer da vida.

Tantos olhares que julgam, sentenciam e condenam conflitando com tantos outros que perdoam, amam e libertam.

Tantos olhares que desejam. Desejam coisas que teríamos medo se um dia viessem à tona. Levaria embora com a força de uma avalanche todas as representações que construímos durante anos de nossas vidas “cegas”.

Tantos olhares apaixonados que buscam a todo instante nos olhos das outras pessoas o olhar da pessoa amada.

Tantos olhares de desconfiança que manifestam sua própria visão interior; olham para o mundo manifestando os rótulos existentes dentro de si, contaminando a existência com conceitos imaginários.

Tantos olhares de desespero que gritam por socorro no silêncio de cada retina.

Tantos olhares que tem fome, inveja, raiva, choro. Olhares que não acabam mais, mas em cada olhar uma história querendo se acabar.

Tantos olhares que me atacam a todo instante que até já desejei em ser cego para não precisar vê-los. Mas quando dou por mim, lembro-me que de fato sou.

A PALAVRA FILHO


O dia mais doce da vida foi quando descobri a palavra pai.
Também foi o dia mais assustador.
Um misto anacrônico das minhas experiências vividas, com aquilo que ainda poderia viver.
Um sentimento de impotência antes mesmo de nascer.

Um sentimento de falha.

Acredito que o importante não é o fim, mas o caminho.
Enxergar a beleza nas pequenas coisas.

Na palavra Pai...
crescendo dentro do ventre
da mulher que escolhi amar.

No sentimento que aquece meu coração em saber que uma parte de mim irá continuar.
No medo de não poder continuar vivo para poder contemplar o meu sorriso transformado na inocência do meu filho.
Um turbilhão de sentimentos que invadem meu coração buscando respostas que só o tempo trará.
Mas hoje quando fechei os olhos desejei ser eterno!

SANGUE EM UMA NOITE DE VERÃO


Quantas lágrimas são necessárias para se formar um rio?
Quantos gritos são necessários para se abafar um trovão?
Ou quanto sangue para se adubar a terra?

Olho à minha volta e sinto a dor que transborda das almas dos mortos-vivos
que caminham por essa terra.
Almas inocentes violentadas em seus castelos encantados pela frase:
"Ah, minha criança! Você não é capaz".

Quantas vezes vivemos aquilo que querem que vivamos
e deixamos de viver o que realmente buscamos.
Sonhos amputados como se amputam membros em decomposição
com a esperança de salvar o restante do corpo.

Mas é possível uma alma viver sem sonhar?

Sonhos são afogados na latrina social que teima em dizer que tudo está perfeito.
Será?
Na pior das hipóteses que sirva de adubo para a imaginação.

Cada dia que se passa, vejo o fogo da vida ser apagado pelas lágrimas dos inocentes que lutam, pulando nas brasas, para tentar sobreviver.
Às vezes me pergunto se a morte brinca de ciranda com a humanidade.

E a onde está a verdade nisso tudo.
Ela fugiu.
Conheceu um carinha aí.
Um traficante qualquer que deixa ela dopada o tempo todo.
Ela nem sabe mais quem é.
Mas na verdade,
Quem hoje dia sabe, não é?!

Viver Novamente (Da Série Histórias ao Vento)


Eu teria falado menos e ouvido mais.
Eu teria convidado meus amigos para o jantar mesmo que o carpete estivesse sujo e o sofá desbotado.
Eu teria tirado um tempo para ouvir meus avós contarem sobre suas juventudes.
Eu jamais insistiria para que as janelas do carro ficassem levantadas no imenso calor do verão, por causa do cabelo, que havia acabado de arrumar.
Eu teria acendido a vela cor de rosa, em forma de rosa, antes dela se desmanchar.
Eu teria me sentado no chão com meus filhos, sem me preocupar em me sujar.
Eu teria chorado menos assistindo televisão e chorado mais vivendo a minha própria vida.
Eu teria ido para cama quando estivesse doente, para ter tempo de receber carinho de amigos e familiares ao invés de agir como se o mundo fosse acabar, caso eu não saísse aquele dia.
Eu aproveitaria casa momento, pensando como dentro de mim e na minha visa Deus realizava milagres.
Quando os meus filhos me beijassem compulsivamente, eu jamais diria, “mais tarde, agora vamos lavar as mãos para jantar”. Haveria mais “te amo...” mais “me desculpe”.
... Mas principalmente, tendo uma segunda chance de vida, eu iria juntar cada minuto...
Olhar e realmente vivê-los... e nunca desperdiça-los!  (Autor Desconhecido)

Paz Perfeita (Da Série Histórias ao vento)


Havia um rei que ofereceu um grande prêmio ao artista que fosse capaz de captar numa pintura a paz perfeita.
Foram muitos os artistas que tentaram. O rei observou e admirou todas as pinturas, mas houve apenas duas de que ele relamente gostou e teve de escolher entre ambas.
A primeira era um logo muito tranquilo. Este lago era um espelho perfeito onde se refletiam umas plácidas montanhas que o rodeavam. Sobre elas encontrava-se um céu muito azul com tênues nuvensbrancas. Todos os que olharam para esta pintura pensaram que ele refletia a paz perfeita.
A segunda pintura também tinha montanhas. Mas estas eram escabrosas e estavamdespidas de vegetação. Sobre elas havia um céu tempestuoso do qual se precipitava um forte aguaceiro com faíscas e trovões. Montanha abaixo parecia retumbar uma espumosa torrente de água. Tudo isto se revelava nada pacífico.
Mas, quando o rei observou mais atentamente, reparou que atrás da cascata havia um arbusto crescendo de uma fenda na rocha. Neste arbusto encontrava-seum ninho. Ali, no meio do ruído da violenta camada de água, estava um passarinho placidamente sentado no seu ninho. Paz perfeita!
O rei escolheu a segunda obra e explicou: "Paz não significa estar num lugar sem ruídos, sem problemas, sem trabalho árduo ou sem dor. Paz significa que, apesar de se estar no meio de tudo isso, permanecemos calmos no nosso coração".
Este é o verdadeiro significado da paz. (Autor Desconhecido)

CALVÁRIO


Todo mundo, em algum momento da vida, terá seu momento de calvário. 
Um momento de incertezas, onde estaremos na escuridão, perdidos. 
Sem saber para onde a estrada da vida nos levará. Ou se terá vida depois de tanta dor. 
Dor essa que se personifica em nosso próprio carrasco. Condenador e executor.
Onde não sabemos ao certo se as lágrimas que suamos são de sangue.
Pois a dúvida nos afasta de qualquer sentimento de certeza.
Nos leva a uma cela tão escura e nos aprisiona com o nosso pior inimigo, nós mesmos!
E ali somos torturados, abatidos. Mortos por nós mesmos! 
Somos especialistas em nos matar, torturar e mutilar.
Mas devemos entender que tudo isso é um processo necessário. 
É preciso ter o sofrimento para iluminar o caminho da felicidade.
Pois a jornada humana é trilhada pela busca pelo sentido da felicidade. 
E o sofrimento nada mais é que as noites escuras que enfrentamos. 
Como um dia a pós ao outro, onde temos o dia e a noite, na vida temos o sofrimento e a felicidade. 
E devemos entender que no final da noite chega o dia e no final do calvário teremos a glória.
Mas enquanto passamos por isso, se precisar chorar, chore.
Se precisar gritar, grite. Se estresse, se perca, se puna. 
Busque no mais fundo do seu ser a forma de viver sua dor. 
Deixe que ela te corte, te sangre, te transforme.
Mas nunca se esqueça. 
Quando tudo isso acabar, e sabemos quando acaba e é a hora de recomeçar, junte seus cacos, lave-os, recoloque cada peça em seu devido lugar. Mesmo que elas não esteja mais perfeitas. 
Mas nesse processo de se remontar, o sentimento de amor vai transbordar, e assim, nascer o verdadeiro sentido da felicidade.
Você vai perceber que o sol terá outra sabor. 
Que os sentimentos terão mais sentidos. E que as pessoas serão intensas, únicas.
Pois só quem passa pela morte, desce até o mais fundo do abismo e volta, 
terá o seu corpo glorioso para trilhar o caminho da felicidade.
Assim seja!