Antonio Danilo Herculles

Do lampião


Eu sou de cangote,
Eu sou de cangaço,
Eu sou ascendência
Eu sou lampião,
Eu sou lá do sertão...
"E na certa é por isso mesmo"
Que tudo é coragem no meu coração..
Já fui humilhado morto sepultado
Mas quem disse que sou um ser igual a tu?
Já lhes disse
Eu sou lampião,
sou feito de uma sina
Que termina com destruição/desconstrução;
Sou de cá dessa caatinga,
Que nem mesmo tu imagina
Com essa primeira ilusão...
E não me negue seus pensamentos
Pois sou capaz de lhe roubar,
Não me deixe de evocar..
Eis o que eu amo
Eis a força que eu represento
Eis o que eu amo
Eis o que espontaneamente rebento
Eis a minha imensidão
O meu bem meu mal
minha própria ilusão
É o caos que dentro de mim anseia em ser esxposto
Eis que me chamo lampião..

Deixe ir…


Nem toda ida é um adeus,
Nem toda chegada é uma partida…
Não se desespere mariînha,
O mar na certa me voltará…

Nem todo torto a sorte cura,
Nem toda sede má deve matar…
Toda feita de ternura,
Com todo sol ei de vir contar meu ser-tão…

Mas cá pra cá sonho meu,
Nem todo adeus é para sempre..
todo o mar deve vir me deixar,
Deixe ir! Deixe! Volta! Deve voltar…

Dance!


Uma pergunta a ser feita ao homem (e seus costumes), esses pregadores do não rebento;
Vós que sois iguais o tempo todo, para quem queres ser iguais o tempo todo?
Você não sente o seu desprezo à mudança, tua mudança! dança... dança!
Não supera a ti mesmo. Humano pequeno, Escolhe por livre espontaneidade tua pequenez?
Não ti lamuries, depreciando quem tendes a ser, tudo muda o tempo todo, tudo é novo e tudo retorna sem cessar.
Não tens amor sobre este fato em teu coração? Então não és capaz de amar a si mesmo, e nem ao fato existencial!
A quem queres amar? Ame primeiro Tua tensão, teu fato de existencia, e a tua transformação, acuração.
Retorna incessantemente para ti e ama-te.

À correnteza


Se a casa cair,
Pode ser uma boa deixar até mesmo o local,
Mudar o sentido da tua correnteza,
Pois as vezes ao cair nem mesmo a terra terá a mesma firmeza,
Poderá perder até mesmo sustento.
O desistir também é humano,
Trata de reconhecer a si mesmo e seus limites..
Usarmos a esperteza de começar do zero nos diz respeito não de ser mais ou menos feliz,
Mas sim, diz respeito a vida, ao ato fascinante de estar vivo.

Contra a historicidade


Discorde do tempo, (deste tempo)
Pois tu e tudo fazem parte de uma arte que se desdobra, um movimento plástico.
Eis a força primorosa que escarnece o próprio tempo, a própria história,
E se lhe dispõe a vi-ver, à arte de ser o que em ti assevera e desponta;
Tua instintiva dança, tua criança, cria-ação!

Da luta, labuta..


Escrevo como se quisera por para fora,
Expirar algo da qual pulsa claudicante o meu coração.

Exponho por que é desse modo que luto,
Não criei, nem aprendi outra maneira ou estilo de luta.

É assim que exponho a vibração que ainda corre em minhas veias,
Em cores encarnadas estribrilha minha alma... Da luta, labuta! É vida!

Mas se não por isso, e mesmo assim tu negues ouvir-me
Ou Satirizo uma nova ilusão, ou então, se já não houver forças, nem mesmo implicação/intentação,
Serei eu meu próprio vácuo, um fim que sou,
E sempre serei e tudo há de assim ser.

Escurece oh meia noite, eis que me reconheço nela,
Junto a ela, e no mesmo ato deste desato que tudo escurece em mim.
Assim findo minha luta, mas fim-dando, outro tempo brilharei/vibrarei,
Serás eu o próprio meio dia... Que astro, oh!

Do perecer


Quero é me encontrar sozinho e sem esperanças
Me perder e permanecer no chão mais tortuoso, insegurança!
Por amor, não por acaso, por anseio do mais obscurecido desejo

Preferindo as tonalidades mais escuras, sigo eu!
Permitindo o medo e seu sentimento fantástico, sigo eu!
Perdendo e desaprendendo toda razão, sigo eu!

Um anseio primordial, um deslocar-se infindável
É esse abismal, que tudo rodeia e em tudo quer afirmar-se
Indispensável para a vida, o vazio que habita em todas as coisas, segue sem cessar..

Isso é o que faz incendiar meu coração!
Amo aquele que perece e quer por conta própria perecer, assim falava Zaratustra!
Eu vos digo ainda: amo aquele que decide com o que quer perecer; eis uma alta virtuosidade
Pois absolutamente tudo perece simplesmente sendo

Uma sina universal?
Talvez aos seres abismais que aqui jaz..
E por fim, compreenderão..

Aforismo aos correntes.


O que deveríamos fazer é não atrapalhar
Nem forçar a correnteza da vida,
E no momento mais oportuno haja sem alvoroço.
Não enrijeça ou engesse seu coração.
No momento oportuno faça o que tenha que fazer
Como pode, por você ser feito
E siga sem esperar os elogios ou insultos.
Não há nada mais propício às experiencias humanas.

É mutável Zé


Quando figuramos alguma coisa,
Tranquilizamo-nos..

Quando esta figura se desfigura ou ganha novas possibilidades de figurar-se,
Nos frustramos!

A tranquilidade é uma aparencia ilusória
Criada afim de gerar segurança.

Mas não tem jeito,
As coisas mudam Zé!

Da perspectiva de mudança


Com a raiz dos olhos nos pés,
Vejo terra!
É a terra que temos que ver...
Viver agora, dançar, criar o mundo que vos engane
E engane bem este ser que é abismo,
Um entrave que antes era firme
E agora não passa de uma ilusão..

És-fera este mundo.
Esfera-se em círculos,
Uma ex-fera, que circunspecção!
Crie para tu uma nova ilusão,
Não se apague a esta,
Mas enquanto nesta estiver
Ame-a profundamente,
O teu ser quer isto,
Quer amar o que já se ama,
Mas antes apodera-se do empodrecimento que tudo apodrece
Tudo que é feito na relação, deixe viger,
Deixe o ser do acontecer!

Ame o que tens e o que podes,
Mas também se permita perceber
Que tudo muda e se trasmuda numa dança,
Outra andança, numa outra próxima vez..
Todo ser que deseja aparecer,
Quer em seu mais profundo intimo pere-ser..

Vamos fazer isso direito!


Não se engane sobre esta vida e suas ilusões,

Todo fazer é uma morte,

Toda ação é uma sentença,

Um minuto a mais ou a menos não faz diferença..

Não agir é uma morte do mesmo jeito,

Com efeito, sem preconceito Escolha,

Mas vamos fazer isso direito...

Descaminho


Me devanearei, me debandarei,

Me perderei nos teus cheiros,

Nas tuas tranças discordiais,

Tais e quais são sua própria perdição, se perca então..



Nem o ser primeiro,

O Avohai das tiranias,

Discordaria desta tua afeição,

Nem mesmo se fosse um ser místico de outra dimensão..



Perdição ao que desde sempre esteve perdido,

A ilusão é pensar que encontrará alguma saída,

Pois em seus primórdios perdida está.

Perdida irá sempre está..



Não adianta tentar achar saída,

Não há o que pestanejar,

Pois já vigara em suma consciência,

Nem tira, nem há o que pôr.

Só há descaminho e preciso caminhar..

Não se vive Demasiadamente


Nem as estrelas podem brilhar em demasia,
Pois perderão o sentido do brilho.
Nem as sereias podem cantarolar em demasia,
Pois perderão o sentido do encanto.

Perderão = ao outro perderá.

Logo, não se vive demasiadamente,
pois, tanto você perderá o sentido
Como o outro perderá o sentido de você.

Poesia de ment-ira


Eu sou poeta, e toda poesia é uma tira da mente.
Mentira! 
Todos aqueles que diziam ser poeta.
Pois essa mente tem de vir de algum lugar.
Mentira!
Pesca e quando colhe tira d'água,
Uma parte da vida que se dá.
Mentira!
Cá está a poesia, lírica, ética, sensual.
A fonte de virtude humana que se tenha viva
Em tantos a tirar da mente a mentira de sonhar..
Mentira-lá!
Uma tira de lá desse sonho azul, hoje tive de viver na mente
Acordei ciente e estava crente que ia se acabar..
Mentira!
Pensei até numa miragem antiga que viria me a-curar...
Toda a vida fala e sente e de repente tende a se acabar.
Mentira-lá!
Na tira da vida que se dá, apenas deixe se mostrar
A vida repentina do que há, a vida matutina de um gostar...
Mentira!
Poesia na mente é ira, e virá!
Deixe está!

Do andante aforismático


Eu ando rodopiando o mundo-sem-fundo,
Dançante à entrincherar,
Para ao menos me sentir vivo, implicativo,
Com um escuro que eu possa iluminar, ou ao menos tentar..

Neste mundo-sem-fundo,
Um andante que caminha por entre a escuridão não é bastante, e por vezes,
Digno de evitação.
Talvez o seja assim tão temente por não aceitar o absurdo inevitável acontecer:
ação, movimento, devir, ou aquilo na qual acontece na vida sem cessar,
Tensão fenomênica, ou ainda, ato de acontecer como as águas.

O que se considera loucura neste mundo é o mesmo que compreendo como saudável,
O conservador da cultura desintegra
O que diferencia da ilusão do igual
Assim compreendo o ser louco, o fora de si, que assim, o é para o outro,
Mas seria necessariamente para si?

Penso que seja essa uma questão para ser resolvida,
Impessoalmente, comunitariamente, no axilio de bons reflexos
Quem é, portanto, aquele que detém, por fim, o fato verídico?
Há então um fato primordial/universal para nossa existência?

Para todos nós, existentes?

À a-ventura


Enquanto a causa reduz-se numa tensão,

O efeito vem do feito.

A causa só faz o feito se só conhece-se o desrespeito de diminuir o ato..

Causa-efeito é fato,

Mas não é tudo,

Pois fora disso existe um mundo que acontece sem cessar, 

a estas coisas que aparentemente são,

Como à a-ventura dos nossos seres e não seres..

Amigos


Meus amigos, normais amigos, eu também gosto de fazer coisas fora de um padrão já determinado e comum. A novidade, o novo ato me instiga, me encanta, isto me faz sentir vivo, à vocês não?

Meus amigos, normais amigos, eu não tenho tantos amigos, nem muito menos tenho amigos loucos ou que ao menos elogiem a lou-cura, que também façam loucuras, e como um raio, fuja da regra e iludam as normas.

Não se trata, pois, de uma loucura total, trata-se de uma dança, de um saber ser e fazer diferente, mas nem sempre, pois “todos temos um par de chinelos velhos onde nos sentimos mais a vontade e podemos para lá voltar”; é compreender que pode vir a ser, uma dança, andança…

“É preciso saber vi-ver!”, como cantarolava Gonzaguinha, mas antes não concordam que é importante aprender a dançar?

Oh normalizados amigos, não precisamos – sempre – repetir (apenas reproduzir) o feito, o per-feito, de uma cultura perceptivelmente em decadência: em que rótulo encontramos este ou aquele certo/errado? Por ser mais conveniente julgamos ser aquilo que é vivo, unicamente isso é vivo? E ainda, é vivo para quem? Mas é este fato, em suma, ao mesmo tempo, vazio de Si, portanto, vazio. De que então valerá tu? Tua vida? Teu suor? Tua luta para se manter vivo nesta vida?

Mas normais amigos, desculpem-me se se julga isso que vos falo inconveniente. Mas me chega um sentimento de que não sinto prazer em vi-ver repetindo as tradições dos outros, não totalmente, ou levando até o pé da letra, percebo que é bem mais legal podermos criar, podemos depois voltar, não há quem nos impeça tentar..

No mínimo, olhemo-nos a cultura de nós mesmos, todos temos um mundo dentro de si, que pode ser infindável… Cabe-nos ao menos verificar se há luz, se há força para girar por si mesmo uma roda, a roda das rodas! Há esse esmerado movimento que acontece no mundo, esse eterno girar, ser, Vi-ver.

Como os pássaros da UFC.


Assim como as vontades do meu coração cantam os pássaros na UFC,

Uma sinfonia caótica meio a um concerto..

Vá entender as zombarias que se diz mundo...

E cantam avorosadamente, numa beleza primaziada, mas o que cantam..?

Será então uma bruta adoração ao seu destino?

Cantam, enfim, aos seus ídolos?

Cantam seu último suspiro?

Cantem e se elevem, oh, majestosos passaros,

Alegra-me que cantem..

Do meu fogo/Experiencie!


Não tem hora, nem lugar!

Meu fogo pega algum lugar, um tempo, um momento, instante..

Pra quê pressa!

Pra essa vida bom momento você mesmo constrói

E tudo tem seu tempo,

E tenha tempo pra contemplar todo momento, todo sentimento,

São únicos acontecimentos..

Mas pere um pouco seu humano desumano demasiado,

Como que isso você não consegue experimentar?...

Do escrever o que se sente


Sonhos perdidos, meu coração partido
Nenhuma esperança que se disponha a mão
Vejo-me desentendido do que há por dentro
vendo que meu sentimento no vazio se integrou
Vejo agora refletido diante dos meus pensamentos!
Pois o âmago desse sentimento que me refletiu
Era uma instantânea luz que vislumbrei em arrebol e passou...

Porem vislumbrado em meu vazio e assim integrado nele próprio, em tudo,
Todos os seres e não seres à finitude, isso precisa ser compreendido;
...Se dá aquilo que se deu no tempo instantâneo que já morreu!
Tudo se vai indo, Nesse fléxo incessante, num à-deus fremente!
Fissura no Norte e na fronte do ver, floresce um horizonte inspirado de poesias,
Vazias fissuras escorregadias, num simples ato de expressar o que se sente,
Na forma da vida como se mostra e desponta espontaneamente
Do escrever o que se sente

Do que há no mais íntimo mistério.


Há retirada repentina das suas virtudes,

Desde as mais horrendas; como a proibição.

Ah! Não temas intolerante.

Pois trata-se de um fenômeno paradoxal,

Faça-te do circulo que não se esvai;

Uma incrível e memorável explosão brotará de ti,

Pois de ti brotas o céu e a terra.

És-te a tua própria inspiração..!?

Da visão pré-excedente.


É antes de se haver ter pensado,
É o ato do impensado transmudado em ação
Sim, a força ativa do pensamento também é agir
É ainda melhor, uma força que cria movimentação
O agir ativo, é implicação no instantâneo ato
e de fato, o pensar pré-concebido é atualização.

Irreflexivel improvisação
Antes da esperada procissão que tange as nossas vidas
Ininterruptas, não se deslindam, e incessantemente não para de se dá.
Com que força invisível lança-se essa energia vital?
Pré-exequível, inclausurável, um nada existente no ser,
ativo e impassível, irrompe sem avisar,
Numa sublime ansia irreconciliável e fremente.

De um impulso.


Eu sou um astro,
Uma hora eu nasço
Outra eu me ponho!

Sou um tigre que com um sopapo
Desmorona a estrutura
E depois relaxo.

Sou a partida e a estrada
O caminho e a encruzilhada
Sou o tudo e sou o nada.

Sou aquele que morre e nasce a todo instante,
Sou o equilíbrio inconstante.
Uma ventania obnubilante.

Apenas este


Definitivamente o que é azul, o céu ou o mar?
Ilusão da minha parte, que parte?
Sem parte, nem medida, não tem!
Que ilusão és-te, sem dimensão sois, um ser igualmente perdido, desmesurado!
Desperdício só para mim, quem sois?
Não sou príncipe, não sou estátua, não sou coisa alguma!
Apenas sou este, nada mais...
Mas para quê subjaz a minha existência?
Que perdição!
Sou este, apenas este, nesta supérflua dimensão.. ilusão!

Quero te pegar



Você é uma coisa e eu outra coisa..
somos coisas da mundanidade
Que atualmente nos encontramos presentes,
somos coisas,
Entes viventes, res-mente,
condição de ser humanamente existente!

Somos complexa coisificação acontecendo
Perplexivamente desdobrando a vida em instantes
na ventura de se dá.

O instante se desvela nessse movimento
Universal de coisa que somos.
Coisas entre coisas!

Coisemos as coisas e vivamos coisando-as

Coisas que somos...

Desmantelamento


Vem de um estremecimento da alma,
argila errante.
Representando algo
da qual ficou-se por saber o que,
ou talvez nem se questionasse
a dúvida de ser; ou ainda,
duvidasse-se sem saber.

Vem no desvelar acerca do que não dá para ser mantido
não mais pudera, ou só em fantasia e sonho
voltar ao que antes era;
pois atravessando se desestrutura
se modifica, se desmantela na ação.
aqui nos entendemos como encontro, acontecimento
e assim também nos encontramos onde não estamos.
Somos em relação!

O desmantelamento vem como possibilidade
integrativa, criativa da ação transformativa,
constituinte de força múltipla, plástica, artística.
emerge à ventura da novidade
que seu próprio núcleo intensifica
numa relação Una com a vida.

É pois movimento, ação
força ativa de vida e mudança
numa vivencia que toma forma
na dimensão daquilo que não pode mais ser mantido.
desmantele-ação!

Aforismo


Queres conhecer a maior droga,
o maior bicho da maçã existente para este mundo,
olhando de cima verás que tal há de tratar-se de tu mesmo,
oh humanidade!
Este entre os seres e não seres é o que mais degenera,
o que mais esgota, e disso não há como fugir.
Mas digam-me nobres seres,
tens plena convicção daquilo que tens degenerado?
Tens a consciência daquilo que tu,
como toda tua desventurada droga irrompe?
Faz-se isto com o ato nos instantes do tempo?
Tens de olhar altivamente, do onto-lógico;
pois é da mais alta e pesada nuvem que brota o raio, incessante criar
tens de subir mais alto, àquele que se compreende humano!

Ortodoxia e Convicção


Pré-conceito!

Sei tudo de você!
Com o saber
Que antes de viver você
Experimento.

Envolvido com o que já está dado,
Implicado com o conceitualizado.
Não me interesso ir-vê a vida,
Nem na condição livre de teu espírito.

Rasgo tua verdade
E aplico-a a minha concepção,
Pois conheço o necessário
Antes de ser evidenciada a ação.
...

Precipitada ortodoxia,
Fundamentada a luz da teorialidade.
Vislumbra o acabamento do ser
E extermina a possibilidade multipla da existencia.

Suporte


Suporte

sou portador do porto seu
suportador do que é seu

Comporte a dor
Com o portamento meu

Me importo com o porto seu,
disponha a dor de portar

Suporte o que é seu
com o portamento do porto meu.

Aos enganadores!


Eis um aviso aos bestiais pregadores da verdade
E pois, por este aspecto particular, negadores da vida;
Vós são dissimulados, mentirosos e no menor insulto enganadores.
Pois ao que se diz respeito a nossa condição humana não há verdade
Nem mentira que seja válida para todos,
Vós também sois enganados e negado a vida e sua dança ventosa,
Uma épica rigidez de coração,
Estes foram mal adestrados,
Tendo em vista que poderiam ter um melhor adestramento.

Das plantas


Bonito é a sabedoria das plantas:
uma sabedoria do crescimento,
que poderíamos chamar de espontâneo.

Um desabrochar de forças;
que apenas seguem à ventura
de ser sendo..

Acontec(s)endo no dorso de um instante,
o seu maior conhecimento vai além
dos frutos que se prócria.

De uma possibilidade de ser livre.


Quero ser livre,
leve,
um ser sufistamente aquático,
Deslizando entre ondas.
Como as gotículas da água
levando-me em flashes.

Aforismos sobre Culpa.


- A culpa é um sentimento pró-criado/pré-criado, é neste caso, imposta para nós, na maioria das vezes, de forma rude em demasia. Pois bem, o acesso da culpa, se nos atentarmos, é a presença dos outros e de toda a cobrança comunitária em nós; não é necessariamente nossa, mas sim, um sentimento desatinado/depositado/deixado pelo outro. Como um exalar de essências.

- Por alto, nossa essência é sentimento que conosco habitua este mundo; essa lembrança de passo de dança, e com efeito, é o sentimento que deixamos com os outros, e que, logo após, tem tendido a se transformar em culpa.

- Por isso, não quero que sintas culpa ao lembrares de mim, seja livre!

Aforismo sobre sentimento


Eu sou quase nada.

Sou apenas um suspiro, um fantasma.

Sou neutro, sou apenas um vento que soa nos ouvidos de quem pode ouvir.

Sou apenas um vulto para olhos míopes que menos ainda me enxergam.

Sou finalmente sua ligeira lembrança, uma rápida aparição que aos poucos se esvai..

Aforismo sobre dúvida


A vida cresce com a dúvida e
tudo na vida se apresenta do mesmo modo,
através de uma questão:
Um gafanhoto que pula
(E ao mesmo tempo se comunica com a vida).
Duvida do tempo, do peso atimosferial
para construir sua vivacidade, pululando
sua forma de expressão,
sua duvid-ação! Integrativa,
sua questão, sua lou-cura, sua dúvida!
a vida é força de duvidar
é a forma de força de a vida se apresenta,
como potencialidade,
de ser Dúvida...

o céu é azul, ao dia, nada se vê no céu,
a não ser nuvens, o sol.
Mas o céu, que é o universo inteiro;
é obscuro, negro
e o que o clareia são suas estrelas,
planetas, atmosferas,
massas de forças brutas
coisas incompreensíveis...
são justamente uma forma de dúvidas
do tempo de cada tempo,
de cada coisa que se dá;
através daquilo que se questiona.

Cada coisa tem seu modo de se dá
e por isso mesmo, possui um tempo singular.
Tudo se faz através de um pensamento primitivo.
Portanto constantemente precisamos apreender...
Enquanto cultura do coração, como coisa que desperte
primitivamente uma força, instintiva, apreensiva, duvidável,
singular, como uma possibilidade!
Similar, como uma condição natural de aprender
o que já foi produzido, conciencizado,
uma normatividade de agir e de olhar
Ver é agir, vi-ver...
é uma possibilidade de vir(vê)/há(ver)
alguma coisa, existência.

A existência é uma tensão da ação,
uma movimentação,
uma duvidação da existencia,
É uma possibilidade
de ser o que se é e o está sendo,
ser o que se pode ser;
e o poder ser se dá
através da dúvida,
como um ente que é.

O ser é insondável!
Pois se atualiza a cada instante,
cada movimento é único por si mesmo;
e através do tempo
Um sentimento, é moção
Emoção!
É vivencia!
Transformatividade!

Dos encantos desencantados.


Vi hoje o brilho de uma estrela apagar como se fosse sonho.

Senti como se fosse as cinzas de um tempo fogo

Que até mesmo o tempo esqueceu.

Sou hoje esse verso dela e eu, que agora desfloresceu..

Morte a esse sentimento que em mim moribundamente teceu...

Cansei, estou fora desse sentimento de outrora.

Eu sou!


Sou tão pouco como nada.
Assim como um sumo total.
Sou ao mesmo tempo que nada tudo.
Sou em todas as medidas e dimensões o tudo e o nada.

Do instinto artístico.


Desagarre suas lembranças de seu coração
E desprenda-se das vendas nos teus sentidos 
Tu és livre em vida e coração.

E não existe o certo,
Conheça e seja quem se pode ser.
Assim fazem os artistas;

Ao desvelarem-se
Como obras próprias de si
Desumanadas de seu próprio ser..

Faça de tua vida arte
A esperança que és,
Numa ação genuinamente espontânea.

Uma canção educativa: por quê?


É uma musica brasileira
Que vem pra somar
Com a cultura, educativamente,

Que diz respeito
Ao questionar de todas as coisas...
Em assumir que a gente
É nada e ao mesmo tempo
Tudo na vida.. Paradoxal...

Esse é... o paradoxo
Que tange nossa vivencia
Ao despertar de cada tensão
Que se dá na simples moção
Profundo segredo da natureza
Ação...

...Por quê somos tão paradoxais?
   Por quê somos todos abstractuais?
   Por quê o céu é azul?
   Por quê as flores são belas?
   Por quê do Mar e do Sol?
   Por quê toda justiça é falha?
   Por quê somos diferentes e iguáis ao mesmo tempo?
   Por quê? Por quê?.. .
   Por quê vivemos uma utopia?
   Por quê vi-ver é ter criatividade?
   Por quê são tantos caminhos?
   Por quê todos são errados e inevitáveis ao mesmo tempo? (e ainda mais, provavelmente iguais!)
   Por quê iniciamos e terminamos sozinhos?
   Por quê da vida ser cruel...?
   Éterna linda amada e terna vivencia!
   Mas importante é questionar!
   Por quê? Por quê?
   À perguntar... Ação!

Do Fugaz Sentir


Do peso do sentimento que se sentiu
No instante que como um dia qualquer sentenciou-se o nascimento
De um sentimento que indescritivelmente tento atingir
Para uma possibilidade de expressar.
Sentimento de um sonhador que sonha
Apenas o sonhador altivo
Cingido de todas as cores 
passeante por todos os degraus
(perspectivas) do pensar.

Não vivemos uma aparente paralaxe?

O que se sente é fugaz, se espalha e se integra
Se esvai bem depressa, perde-se no ato falho de lembrar
Que desperta o anseio, o desejo, a busca incessante do ser (dasein)
A possibilidade que transforma a vida do nada em mera miragem
E é preciso ir ver, vi-ver a todo instante como unico exuberante ser,
Aquifericamente, o ser, em sentimento de uma poesia.

O que pode vir a ser corpo?



(Danilo Herculles)

O corpo é carne rígida, sensível, flexível, inflexível

O corpo é torto e se estrutura desestruturando

O corpo movimenta-se e se torna cada vez novo

O corpo experimentado comporta sentimento


(Eliania)

O corpo é nossa estrutura física

O corpo é parte minha

O corpo é poder viver, pois sem ele não se pode viver


(Jarineide)

O corpo é hospedeiro de uma alma/espírito

O corpo é uma matéria criada por Deus

O corpo é algo que nasce e depois morre

O corpo é uma erva que cresce, murcha, depois cai
 

(Renner)

O corpo é uma estrutura física de sentimentos e limitações

O corpo é uma estrutura física na qual o ser humano tende de alimentar

Tanto o material como o espiritual


(Rejane)

O corpo é o hospedeiro do espirito

O corpo é só isso


(Vitória)

O corpo é o alicerce de tudo

O corpo é vida

O corpo é espirito

O corpo é fonte de energia

O corpo é passageiro

O corpo é o calor que aquece a alma

 
(Raquel)

O corpo é o alicerce de tudo

O corpo é vida e movimento

O corpo é sujo


(Dejanira)

O corpo é uma parte minha

O corpo é o tudo, sem não se é nada

O corpo é um corpo humano, feito de carne e osso

O corpo é modificação, é mudança dia-a-dia

O corpo é beleza e encanto
 

(Larissa)

O corpo é tudo

O corpo é uma caminhada

O corpo é pura transformação
 

(Eliane)

O corpo é templo e morada do espirito santo

O corpo é uma matéria física humana

O corpo é a única realidade dos homens e seres vivos

O corpo é um movimento continuo

 
(Aninha)

Foi Deus que criou nosso corpo, de forma muito especial. Por isso cada um de nós devemos cuidar do corpo com respeito. Corpo é templo e morada do espirito santo. Vejo o corpo como hospedeiro de sentimentos e emoções...

(Fran)

O corpo é uma estrutura física de qualquer ser vivo

O corpo é membro superior, membro inferior e o tronco

O corpo é sensações, emoções, sentimentos

O corpo é um pó

O corpo pode vir a ser guerra e paz


(Rita)

O corpo é uma estrutura

O corpo é um alicerce

O corpo virá ser pó


(Otacílio)

O corpo é a maior parte de mim

O corpo é o todo

O corpo é tudo que faz

O corpo é o processo do dia-a-dia

 

- Momento vivencial-comunitário de expressão e interatividade social, na qual cada participante falou dentro de sua impessoalidade sobre o presente tema.

Eis o grito do artista que cria seu próprio brilho, sua própria vida.


O meu sangue nasceu sentenciado a morte.
Não há res-peito no peito de quem desigualmente me eclipsia a vida.
Matam-me desde sempre!
Aqui jaz!
Onde nunca pude me virir além de mim mesmo.
Morto e executado desde o dia em que nasci.
Extirpado em vida!
Esgotado é o mundo!
Fim-dá fôrma em vazio à todo sumo do meu ser.

Plenilúnio


Contemplação aos fenômenos que são! 
-- Como dizia Heráclito, um olhar sem ilusão;
Aos que agem sem cessar na vida devenientemente. 
 
A plenitude de um ato é ser finito. 
É prestar a ilusão de ser bonito, 
E terminar feio em meio ao fim. 
 
É ser forte ao mesmo tempo fraco, 
É ter sensibilidade de modo empático 
Para dar conta de distinguir-se dos atos superficiais. 
 
Um olhar com clareza, sem ver, 
Uma vivencia sem perceber, 
Pois perceber é romper-se do instantâneo acontecimento do ser. 
 
Pois que, plenirealizar-se 
É inteiramente relacionar-se 
Com a múltipla versatilidade do desdobramento da vida. 
 
É integrar-se à força do absoluto, 
É estar em comunhão com o Uno, 
É ser fazendo-se símile do infinito, inominável, Tao.

Abuso Exploração à Crianças e Adolescentes Não!


Abusar explorar é um ato desumano.
Que acontece na infâmia do inconfessável,
De um temível ser que não compreende
A casca que se alastra no corpo que é ferido.

Um momento único de infância partida,
Desprovida da irrefreável maturação
Na ferida que fica exposta em carne viva,
Nos corrompe à incompreensível solidão.

Pela voz, através do ato,
Tentaremos sensibilizar desse destrato.
Conscientizar sobre abuso e exploração,
Que existe presentemente no cerne da nossa sociedade.

Sem receio, sem por menoridade
Precisamos erradicar essa visão desgastada,
Imoral, desfigurada e transgredir à sensibilidade
Em força, respeito e união para uma sociedade conscientizada.

A dor diz passa, mas diz com outro corte na face,
Sem supor o fim dessa invasão (abuso, Exploração)!
Não se futura o passado, nem se passa o presente.
Todo estado é aqui-agora, presente sofre o ser eminentemente.

A vida é Feminina


A vida é Feminina
É Mulher, múltipla, diversa
Incompreensível sina.

Da dor que se arredonda mais um ser
Todo tipo de sofrer que se alucina
Na arte e no poder que determina a vida!

A que canta, e que é uma força;
Extra-vasa os sentidos não só os ouvidos
Que se estrondam, até no ultimo gemido.

Incessantemente e sem razão
O genuíno encontro de coração
Revela uma antiquíssima fonte de poder; a criação.

A intuitiva compreensão de ser é gerar
E o que gera também cansa e degenera.
Toda singela faísca é fenomenalmente mulher

Os poucos.


EU sou alguns..
Sou tantos outros,
Que quase também são.

Numa tentativa:
Não por ocaso
Mas com todo sigilo que o tempo caminha..

Faço lisonjeio ao vosso destino;
Vertido de antiquárias velas
Que se desvelam,
Sempre se encerram.

Esgueiram o silencioso vazio
Onde tudo é nada.
Não é nada!
Nada vale nada.
E eu mesmo sou ninguem.

Zé e sua tendência sem volta


Fica ai na tua zé
E não experimenta outra saída
Mas não cansa de procurar um lugar pra descansar
Sem antes se atualizar.
Nem irrompe zé com teu antigo e friso conhecimento
Já não está cansado de esperar?
nos teus carinhos só escuto saudade.
Te vejo aí Zé estupefato
Com a mudança cotidiana 
Esmurrando os mesmo trapos pra poder projetiar
Não estás exausto Zé?
De tanta fisionomia dessas coisas desgraçadas.
Olha pra todo lado Zé, vê tem tudo ai já dado
Tens ao menos que estirar o braço,
É preciso ser conquistado,
Espaço dado paradoxalmente retirado!
Não há razão zé,
A isso chamamos de ilusão ou mentira
De des-visão, um desvio da visão partida no instantaneo ato da vida.
Mas descubra-se Zé
Vai para frente daquela água que espelha tua essencia
E não apenas a aparencia que insiste a encandiar, 
Te procura além dos retratos
Te desvenda adentrando nos atos que fazes sem ver
É preciso se ater em ti e não negar
Mas sim aceitar quem tendes a ser.
Mas perde-se Zé
Quando enfim se encontrar
Para se desatualizar o atual passado
O instante é certo, pois é agora
Agora vê se não demora Zé
Pois o tempo vai embora.
Outro Zé, outra vez,
Que seja tudo de novo numa nova vez
Se refaça igualmente.

Tudo Passa!


As coisas se perdem e seguem se perdendo.
Não há nada que nesta vida fica, tudo passa, a vida é que fica.
Não há caminho, há a simples e complexa ilusão de ser.

Aos sentidos!


Tudo é belo nesta vida nêga,
Até mesmo o medonho desconhecido,
Grotesco em seu estampido.

Diremos então que é honra conhecer,
Despeça-se e finde sua hora, se poderes,
Ou tudo é certo se fazer;
Arque com a responsabilidade da escolha que fizeres.

Do saber: Esquecimento e Alegria


Declaro minha admiração
Aquele que sabe e fica sabendo.

Pois eu sei que não sei,
e muito menos me encontraria
em um lugar de ficar sabendo.

Efêmero, plástico, momentâneo.
Caríssimo é todo saber.

À ventura do momento,
é o que segue meus sentidos,

a força que tensiona-me
é o claudicar do meu coração.

Embriagado nesta possibilidade da vida
de ser-com tudo que há;

num encontro ímpar com meus sentidos,
envolvido no mundo da vida

convalesço à condição
de saber e não saber,
de saber que não sei,
de me encontrar e me perder.

Pois sou uma passagem
e acima dessa passagem 
se encontra escrito
Instante!

E em si possibilidade de ser,
sempre outra vez.
Pois que em tudo,
e inclusive no nada
se vê Alegria!

Há tenção!


Há tensão! 
À tensão
Atenção!
Há tensão
Então, atenção
Tensão.
Ação!

Sobre o cântico dos grilos.


Não são grilos que gritam antes de você dormir,
Eles não podem ter culpa de você querer ouvi-los,
Pois os grilos não podem ser culpados do seu inquietante ouvido,
Adaptando-se ao "teu silencio".

Eis que não é viável o descanso,
Ou quem sabe em insistência seja.

Do Palhaço Trágico


Nem artista, nem amador.
Mais um humorista pra trazer discórdia.
Tanta carne ferida, tanta dor.
Traga mais um copo dessa água-ardente.
Pra eu me embriagar na praça pública.
E depois ganhar o sobrenome "vagabundo".
Sem Temer o estrondo de toda a torcida.
Que por mim passa, e acha graça da minha arruaça.

No meu peito um solo encandeia a frente.
Meio intransigente desafógo as sinas.
Junto com a desgraça é que eu acho graça.
Tanto com a cachaça, como com o sol matutino.
Não me determino porque estou ciente.
Mas tem muita gente que o coro arranca.
Tanto esse pilantra velho coração.
Trago sorridente como uma pedra.

Quando antigamente era convincente.
Medo me tomava da cabeça aos pés.
Eram os quarteis traças sobre a nação.
Tempos de são joão eu inté dancei.
Fora do meu tempo, dentro da oneração.
Quem dirá do sonho do clarão da lua.
Quero você nua só mais uma vez.
Canto a cantiga do beija-flor que me viu passar.

Quero despertar desse absurdo.
Que amo eternamente sem me questionar.
Trago no meu peito com tanta mesura.
Tudo que há na terra, a raiz do mar.
Tudo me ilumina pra me navegar.
Do profundo ao mais curto abismo ei de atravessar.
Nessa melodia vivo como andarilho.

Grite coração e se esgoele.
Viva e se deixe experimentar.
Nada é mais belo que a natureza.
Vivo a procura de me encontrar.
Dobro os meus joelhos a este divino devir.
Bêbado, palhaço, cura-céu, deves me direcionar.
Trágico na morte desta vida, quero ela mesma, linda traquina vida.
E até o fim me projetiá.

Dos desejos da carne


A carne não passa de um punhado de pó,
Suportados a pequenos poros,
que suprime, ou costuma suprimir
Os momentos de nossas vidas.
Tal carne em desejo se converte.

Do jogo da vida.


Vede!
É lá de cima que o corpo se joga,
mas antes ele precisa ir até lá,
não deve existir caminho certo,
também não existe um lugar propício para descanso.
Mas não desespere-se!
Ei de ser rápida tua queda! (declínio).

Movimento. Arte.


Em mim mesmo há um enorme monumento,
A saber, o amor à vida;
A paixão, ao simples e complexo fato
De que em tudo há ação, movimentação, resistência, tensão.

A arte está em tudo, e fora propriamente de tudo,
Não está em lugar nenhum e surge destoando,
Des-sendo o que um dia houve-se a ilusão de ser.

Do meu ser


Insegurança para que eu e toda a história
que em mim carrego fique sem chão,
para que, nem eu mesmo me acerte
golpes de martelo em dias de "lumiação".

Assim quero saltar,
no grande meio dia,
invisível para todos,
inclusive e com maior esmero,
invisível para mim mesmo..

Sendo assim,
portanto, apenas um ser universal,
Abismal.

Me encontro bem onde me perco...

Na altivez do que amortece..


Eu vou descer dessa perdição
Quero desconjurar essa visão
Essa adoração já desgastada do tempo
Envelhecida, proibida de nova perspectivação...

Vou seguir a onda desse mar
Um cigano me indicou seguir
À ventania desse ar
Disse lendo minha mão...

Vou criar a onda
Que eu mesmo vou surfar
Até fim-dá
No sentido que deságua esse mar...

Doce buscar!


A vida não tem replay, não tem receita,
É toda vez nova vez;
Sem uma técnica, teoria que possa fim-dar.

Por causa disso, crie sua própria filosofia, teoria,
Pro agora, pra esse teu salutar...

Com toda arte que for,
Com todo amor, amando a cada sopro, ventania
aceitando-se inclusive no errar..

Não existe uma solução fresquinha para nossas vidas,
Nada se encontra já dada;
É uma infindável conquista, 
Que só eu mesmo posso, como posso!

Minha pia virou bordel


Minha pia de rosto virou bordel,
Lá eu lavo minhas louça suja
E também minhas mãos enterreada do meu verde mato,
É onde lavo minha roupa, desgraçada!
Como é difícil de lavar
E com toda força tento tirar o grude que fica das minhas An-Danças por este mundo.
É também o mesmo lugar onde arquiteto minha barba,
É uma raridade não me cortar.
É, a cada novo dia mais um hobby pra essa pia...
Mas eu é que tô dando fé agora do tanto de coisa que eu fazia lá,
E pra essa agonia não acabar,
Ponho uma musica do Chico pra essa tal tristeza não me embrutar..

Velho vendedor de sonhos: O Mundo


Não me poupes, nem me mostres meu caminho

Não me tenha de elogios, nem me diga tuas verdades

Não me force, nem arranque o meu mal pela raiz, nem meu bem

Pois o que tenho de melhor e o que tenho de pior são justamente o que de melhor tenho pra vi(r)-ver.

Não tenho pernas compridas para ainda agora acompanhar o que me faz ser

Não sou daqui, nem vim pra ficar, estou só de passagem, não perco viagem e as minhas bagagens ei-lo de convir comigo contar.

Minha sina, é a mesma que a tua, somos feitos do mesmo barro batido e untado, curtido e aprimorado

Mais ainda, não se deve com desventura olhar para a terra,

Terra é antes um elogio, uma mãe, terra é mar-ia donde o mar não mais vai;

Terra é como um sinônimo para Maria, mas o mar nunca deixa de cessar, e a terra sempre há de se esfascelar.

Lembranças Essenciais


Lembro-me como se fosse amanhã que deveras a felicitude bater até se abster na minha porta.

Lembro-me como se fosse amanhã do meu desespero de abraçar o mundo inteiro sem com-juras o fazer.

Lembro-me como se fosse amanhã de mostrar para meu próximo o quanto ele é importante apenas por ser quem o é.

Lembro-me como se fosse amanhã de pedir a bênção aos meus ancestrais, meu pai mãe.

Lembro-me como se fosse amanhã "que a força esteve o tempo todo em mim" (Gonzaguinha).

Lembro-me como se fosse amanhã como lembro do dia e da noite, da claria de estrelas que estremece meu coração e todo o solo tortuoso em noites de escuridão;

Daí lembro-me como se fosse amanhã dos meus amigos e suas acalentadas e saborosas conversas, os guardarei sempre em meu peito, (res-peito).

Lembro-me como se fosse amanhã de olhar nos olhos da mulher da minha vida e dizer-te-lhe do mais puro encanto que és a mim tua volúpia e o que o que além disso se desvai.

Lembro-me como se fosse amanhã dos mestres que muito ensinaram-me a sobre-vi-ver, sem isso não saberia o tentar – sábios são em seus movimentos.

Lembro-me como se fosse hoje que meu amanhã é meu desejo de vi-ver, espectro que invade meu ser.. Antes do fim sou grato pelo ontem e o amanhã nada ser...

Quando eu me for.


No dia que eu me for, quero apenas descobrir que não mais volto..
Quero aleatoriamente partir, entendendo o que não quer ser compreendido
E de braços abertos ao fim da minha cisão no mundo, ou do recomeço dela mesma,
Essa tal vida que escapole entre todos os dedos, também me deseja vivo, para vir-vê-la?
Sou também os desejos dos que me desejam, e essa tal lembrança que nos é essencial, me parece instintivação.
Seja como for a multiplicidade que me sucede, seja qual for a sina que determina a minha passagem terrestre,
Permaneço até descobrir qual ilusão há porvir...

Do palhaço trágico II.


O tempo voa
A barba cresce,
Quanto mais me faço
Mais meu ser enobrece..

E longe de uma esperança
E outra me esvazio,
Mas depois eu mesmo crio
Meus próprios sinais..

Minha luz ainda longe de seu relento,
Introduz o sentimento de eterna perfeição,
Mas cansado de viver em vão
Eu digo Não!..

Já me basta o pouco tempo
E a falta de incêndio,
E se não tenho garantias
Para que serviria minhas próprias desvalias
Se não para negar a mim mesmo..

Propositalmente sigo!


Uma vez me disseram que a vida era simples.

Eu não acreditei.



Mas depois de um tempo observei,

Que as coisas são verdadeiramente simples

Para quem as olha de modo simples,

E todas as outras são ao mesmo tempo complexas, profundas.

É nesse caso, uma questão de perspectivas,

Mas com tudo, apenas seguem, todos com o mesmo propósito;

Tens apenas de reconhecer o que melhor lhe agrada.



Um sopro é a vida e não deixa de ser. Segue à ventura!

Simplesmente ou complexamente; aceitemo-la.

Tempo/envelhecimento/escolhas.


E o tempo vai passando,
Tudo se esvanecendo,
Se desfazendo do que um dia
Se fora feito, se acabando?

Ah! Sem refletir meu tempo,
Eu sigo tempo,
Mas tempo esse que sigo,
Escolhi por mim? Eu mesmo o fiz?

Escolhendo ou não,
Lá vai o tempo se distorcendo..
E nossas carinhas bonitas?
É a partir desta bela ilusão
Que escrevemos nossas vidas?

Que bela ilusão,
E que seja bela até quando dure,
Mas que também seja superável,
Que eu não precise olhar para o passado
Com essa precisão de me encontrar,

Sou o que sou,
Eis o que posso ser, e o passado?
Deixai como uma bela lembrança esvoaçada.

Apenas este é o que sou,
que seja o melhor que possa neste tempo, agora.
Haverá mais para ser? Ainda mais,
Para quem há de haver?

Pensa que a vida é fácil nega..


Se fosse fácil eu estaria em Paris me doando tempo,

Tomando um café quente ou escrevendo um poema maluco

Em veias de uma ilusão qualquer.

Mas a lógica sempre me conduz de volta,

E me chama pra vida,

Pra dançar a dança dela, me pisa, me fere,

Depois vai em boa hora...

Pois ela mesma, essa tal vida, escapole pra sonhar...

Por entre uma completa fantasia,

Um novo mundo que ela mesma cria

Ao desvelar a porta entre aberta que ali está...

E esse mundo sou eu.

Ela me traz de volta para me viver,

Ela me apanha para não deixar que eu vá tão longe

Que nem mesmo ela possa me alcançar.

É por isso que não é fácil.





Quando nasci me chamaram de equilibrista...

Prazer, me chamo equilibrista!

Vazio x movi-mente-ação.


O vazio é como uma queda,
Uma perda de sentidos.
Se contradiga,
Disdiga!
E depois diga de outra vez.
Sem falar, ou sem repetir um ato sequer..

Esse fato pode a qualquer
momento faltar,
E o chão que te sustenta
Deságua no mar.

O abismo do nada
há de encontrar,
Enfrente! Não desista,
A vida precisa ser vivida,
Numa-vida-outra-vida.
Tudo pró-cria no que há..

Há de experimentar.
O vazio é o que há
No mais profundo desdobramento 
De todo movimento.

Se Aprochegue!


Se aprochegue,
de mim chegue
que eu quero lhe jantar
na minha sopa,
te ver mais do que louca..

Sem demora,
não enrola,
quero de você
fazer meu d'comer..

...


não há esperança, a não ser esta caminhada que é perder-se
na ousadia de tentar; sempre em relação, inebriação, embriaguez.