colliegomes

O Ato de Ser


No mais breve ato de Ser surge uma profunda tristeza causando um enorme desalento em todo o meu mundo provocando todo um esmorecimento na minha razão de viver.
Busco razões concretas para entender o significado da vida, na mais bela melodia de violino descubro um pequeno traço de felicidade, porém, assim que esta termina volto à tristeza e à amargura de viver e de encarar aquilo que me confronta todos os dias.
Os meus medos, os meus sonhos, a realidade
Poderei dizer que fui eu que a construi?
Ou
Foi construída para mim em prol de diminuir o meu pensamento e assim tornar-me um indivíduo ignóbil e desprovido de pensamentos próprios.
Perco-me nas minhas falácias e viajo por meras ilusões que sustento com um fim de dar um objetivo à vida, de preencher certos espaços vazios que não foram feitos para ser preenchidos.
O amor torna-se algo mais que um mero sentimento, ultrapassa o subjetivo e o objetivo, torna-se quase que um Deus, é omnipresente, grandioso, no entanto, incompreensível.
Assim como todos os Deuses este não foi feito para ser compreendido, estamos à sua mercê.
Muitos o temem, outros tantos o desejam, eu apenas fico-me pelo ficar, pelo querer sentir e pelo jogar fora.
O desejo de amar e ser amado ultrapassa qualquer pensamento razoável, torna-te desprovido de um pensamento sério e coerente. Torna-te algo que jamais imaginaste ser.

Metafísico


Duras sombras estas que se cruzam e se beijam apenas no mundo subjetivo
No mundo objetivo apenas passam uma pela outra desconhecendo-se,
apenas o olhar se reconhece, mas de nada serve quando as palpitações de ambos os corações não se juntam e assim causando um longo afastamento dos mesmos, fazendo com que haja a possível probabilidade de causar um ataque cardíaco.
Como podem duas almas viver em tal estado de sossego separadas quando ambas estão predestinadas a viver o desassossego e a causar todo um caos em ambas as vidas que foram construindo separadamente
Que desalento este, que dor intensa, passam-se meses e meses e nada muda, nada evolui, nenhuma metamorfose ocorre, um karma de outra vida, talvez, não se sabe.
Surge apenas a dúvida do que o outro estará a pensar e se esse mesmo reprime todo o sentimento com o objetivo de evitar experimentar algo tão intenso como o amor.
Agir em conformidade com as regras do destino... De nada serve para alguém impaciente que apenas deseja amar, que apenas deseja Ser, apenas quer unificar um caminho que jamais foi feito para ser vivido em separado.

Breve é a vida


Breve é a vida e todos a que a constroem, perdidos na amargura do seu delírio, eternamente emaranhados com o copo de tinto, escorrendo bocados deles por cada rua de Lisboa.
Lisboa somos nós e todos aqueles que sofremos, Lisboa é melancolia, é o querer ser e não poder, o querer alcançar e não conseguir, sonhar e ver a vida passar.
À beira rio os sonhos se desvanecem e com eles eu me vou, o Tejo leva-me, os Deuses abençoam a minha ida.
Não temo o caminho que outrora já terá sido traçado, aceito-o de braços abertos e vivo resplandecendo, tornando-me num Ser único.
Estranho aos olhos de todos, vivendo tudo aquilo que já terá sido construído há milhões de anos e pergunto-me se os Deuses me favorecem.
Ao falar de Deuses não significa que acredite neles, estes apenas tornam todo um texto mais belo, mais épico.
Talvez também o tornem mais erudito, no entanto, estes não passam de meras ilusões assim como os sonhos que são criados por várias pessoas todas os dias, morrem a tentar alcançar algo que por si só acaba logo por os limitar a conseguir o quer que seja e assim com eles perdura uma tristeza imensa que se pega quase como uma praga e cria uma sociedade uniforme e triste, apática em que o único sentimento existente é de solidão e o único caminho que parece mais correto e que apresenta uma estabilidade maior para a sua vida é o suicídio.

Eu


Eu não sou eu
Quando sou eu
Basta ser eu quando fumo um cigarro
E me desvaneço
Tudo perde a forma
Tal como os meus pensamentos
A cada bafo que dou
Fico um passo mais perto de poder Ser
Na mais profunda viagem desencontro me
Encontrando me
A ansiedade toma controlo de mim
Fechado entre 4 paredes
Elas engolem me
Tornando-me num pássaro numa gaiola
Não posso voar
Ser livre
Ser eu

Dor de Ser


Escrevo e reescrevo o meu passado, crio e reecrio o meu presente,
iludo me com a esperança de um futuro feliz
Um futuro em que a minha felicidade não perdure em cada esquina e que cada sonho meu morra a cada bafo de cigarro
Um sonho em que não me mate lentamente por estes vícios incorrigíveis
Mas o pior vício de eles todos é amar
Amar e não ser amado



A inconsistência de amar e de procurar transcender-me a algo maior e superior
acabam por levar a minha alma às mais fundas profundezas do Ser
Noites passadas acordado a pensar no mesmo,
imaginando o que seria se tivesse feito isto ou aquilo,
criando algo que sei ser possível,
mas devido às circunstâncias da vida se revelam um tanto difíceis.

Que vida esta,
Que Dor que é Ser
Quer dor é esta de viver
De querer ser e não poder

Escrita Criativa


Na amargura da vida colho estilhaços das minhas meias de vidro, percorro caminhos estranhos e confusos, erros atrás de erros, tenho os pés mais frágeis de toda a humanidade, estes são ásperos e rijos o que dificultam com que estas meias pobres durem e durem.
Cada passo que dou um pedaço de vidro corta-me o pé, há quem diga que seja uma metáfora da vida, que cada passo cada corte seja um erro cometido por mim.
Cavo e cavo a minha própria sepultura, atitude niilista, o medo da morte não há, apenas o desejo dela, o desejo de a experimentar, penso que seja apenas digno de uma caixa de cartão como um caixão, quero que os bichos me comam e assim com eles vagueie pelas terras mórbidas do cemitério e assim seja esquecido como todos os outros que se encontram enterrados ao meu lado.
Encho-me de comprimidos com o pretexto de que tenho uma doença, mas na verdade gosto é do efeito destes, gosto de me sentir pouco desperto, quente, apagado, comigo mesmo, longe de pensamentos que me destroem num todo e assim me tirem a razão de viver, que dor esta, que dor de pensar, que dor de ser, quem me dera apenas.... Ser algo, ser algo que não eu.
Na solidão do ser me reconforto e me identifico, doce melancolia esta, saudades do passado e de ser algo que nunca fui. Aquele momento em que percorri a estrada da vida em direção à floresta, voltar a ser quem desde o início dos tempos estava destinado a ser, mas algo me impediu, muros, muros estes que são construídos por mim como autodefesa, como desculpa para não fazer algo.
Tenho uma ligeira comichão no nariz, aí que desconforto, aí que que vida, ai que dor.
Vontade de crer ser alguém enquanto percorro o meu caminho até casa, desformatado, descongelado, eu, diferente, eternamente eu, tomo um duche, lavo-me e continuo o mesmo, não há alternativa se não aceitar este terrível fado.
Relembro os tempos em que ela me fazia festas no cabelo, os tempos em que realmente pude sentir um pingo de felicidade e sentir-me bem comigo próprio, no entanto, a minha natureza de animal faz com que tudo seja efémero e não dure, é a vida, com estas amarguras com todas as lágrimas colhidas poderia surgir um lago, um lago de tristeza, um lago de mim.
Por vezes, tenho sonhos em que me encontro sempre numa clareia, no meio da escuridão, como foco de luz apenas existe uma fogueira à volta dela oiço cânticos estranhos, não entendo, vejo fumo a sair da boca das pessoas que cantam, estas fumam através de um cachimbo, o que será?
Pensei, DMT, shanga, ayahuasca? Entendo que neste ritual se possa encontrar, ou mesmo, chegar à chave da minha felicidade, da minha vida, apenas não sei alcançá-la, quantas vezes mais terei que sonhar isto?
Este sabor doce como o chocolate de quase alcançar algo que por si só acaba por ser uma Utopia, chove sobre o meu chapéu de chocolate, chuva ácida, este acaba por derreter sobre mim e sinto que cada pinga seja uma pista para o alcance desta Utopia

A morte está à espreita


A morte está à espreita
A contagem é feita
O destino é incinerado
Temporário, efémero

 

Corrompido por falsos Deuses,
Ilusões, sonhos, pensamentos
Que axioma este

 

Devaneios, noites de lua cheia acompanhadas de desespero
O Ser é feito de antíteses e antinomias

 

Somos prosa e somos verso
Somos tudo e somos nada
Somos desespero e angústia
Depressões e medicamentos
Melancólicos e tristes

 

Pedras da calçada lavadas pela chuva e logo a seguir pisadas
Desprezados pela sociedade e corrompidos à mínima coisa
Fracos e impotentes
Submissos ao Destino, Submissos ao Sistema