Corvo

BUCAL DO VENTO


No bucal do vento,
escorrem escorpiões
Soltam perdigotos de raiva.
labaredasdescontroladas em palha seca.
Fronteiras de acabamentos
brilhantes de ego.
Insuflado no vento do borboto
onde assenta
o bucal do vento.

Se fosse paiol
faria chover pólvora
seca, na cabeça
do bucal sedentário
cigarro de queimadura lenta
se fosse a labareda
carbonizava-lhe o lábio
de ventríloquo assanhado
faria ruir vigas mestras
no químico adulterado
das papoilas

choveriam borbotos
até ao limite da visão
e segmentos de escorpião
em que o veneno,
depositado nas línguas
que sopram o lamento,
se trasladaria para
o bucal do vento.

porPaulo Mouta