F. Granja
Há... O ladrar dos Cães?!
Pela manha, o cão nosso vizinho, ladrou.
Ladrou... Au.. Auau. Au. Auauau. Au. Auau. Au. Auauauau. Au. Au. Aauau
Surgiu, o ladrar de outro cão.
AUUUUUUUUOOO.
No meio do resmungo
O cão nosso vizinho, silênciaaauuuuuuo!
F. Granja
Brom, brom.... Brrrooom. Brrrooooom. Brrroooooooom.
As coisas vão rápido demais!!!
- Muitas delas, estão dentro de nós trancadas,
Sem conhecer meio de expressá-las,
Quanto mais libertá-las!!!
Falar! Falar! Falar!
De tudo aquilo que vimos e sentimos e
D'aquilo que já não ouvimos mais!
Não temais! Não temais! Não temais!
A barafunda de sons são os nossos ais!!!
F. Granja
Tanto mergulha como à tona ressurge
Batendo-se, sem nunca desistir de resistir,
Enfrentando as ondas do mar,
Com a ideia de um dia desprender-se,
E às braçádas navegar
F. Granja
A ENTREVISTA
I
Não sei se era teu seio ilha encantada ..
Paraíso de canto,
De perfume, d`amor e formosura..
Se um templo à beira-mar... Um templo santo.
De luz e aroma cheio...
Não sei ... Pois sabe alguém sua ventura?
Não dormia embalada no teu seio
Minh'alma sossegada.
II
Um suspiro prece...
Leva-os o vento pela noite escura!
Sonho! Um sonho que esquece!
Mas não se esquece o sonho da ventura!
Que fantasma nos brada avante avante,
Esquecer! Esquecer!
O coração não quer! Não quer ... Não pode!... Luta vacilante!
Onde teve seu ninho e seu amor,
Aí há-de ficar, pairar no céu deserto,
Ave eterna de dor
III
-Nunca mais! Nunca mais!
Que diz a onda à praia? Há um destino
Triste partido, em seu gemer divino,
E um mistério infeliz naqueles ais!
- Nunca mais! Nunca mais!
- E o coração que diz às mortas flores
- Do seu jardim d'amores?
- Como a onda jamais!
VI
Se eu pudesse sonhar ? Ah ! Posso ainda
Sonhar... se for contigo!
Sempre! Sempre a meu lado, imagem linda...
A noite é longa... Vem falar comigo!
Estende os teus cabelos...
O céu da tua Itália, não, não brilha
Como brilham meus sonhos, vagos, belos,
Se me falas à noite em sonhos, filha!
V
Levaram-te! Levou-te a onda dos mares!
A asa da águia! O vento!
Geme cativa- Chora sem alento,
Pomba d`amor, saudosa dos teus lares !
Teu ninho agora , é triste, glacial...
Um leito conjugal!
Antes a terra escura, pobre escrava,
Aonde-sob a abóbada sombria-
Tua alma os voos livres entendia...
E o coração amava!
Angelo Poliziano, Poeta Italiano (1459-1494)
Edgar Allan Poe "The Assignation"
Traduçao de: Antero de Quental
-A Entrevista-
com essa cor Roxa
que te reveste e
com essa linha curva
que tanto me apetece.
Apetece-me sonhar-te
e ver-te caminhar,
ver esse corpo moldar
ao desenrolar-se
teu leve andar
e meus olhos a mirar-te.
Miragem?
Talvez...Sejas no sonho
que sonho,
no sonho em que
tão desejoso do teu vale
entrei-te pela porta principal.
F. Granja
Pensa-se a duplicar
A corrigir o andar
Da palavra a adicionar.
F. Granja
Desde então, arrisco o salto de estrela em estrela.
Amarrada às estrelas, baloiça a corda em vão
e do ponto mais alto ao mais baixo,
de olhos vendados iluminados,
deslizo suavemente pelo tunel da corda abaixo
sentindo os Manuelinos na pele,
abandono-me ao ninho, embalado pelo vento quente e cósmico.
Fernando Granja
Do meu quarto, tenho por diante de meus olhos cerrados, abandonados,
Imagens, dos sons da via publica:
O Kru, Kru das Pombas...
O ladrar dos Caes...
Motorizados deslocando-se em todas as Direçoes...
O apitar do carro em cada Cruzamento...
O som de abrir e fechar de Portas...
O som dos Passos...
O correr da Agua...
O som do aviao, deslizando, deslocando o AR...
O som do meu Respirar...
Tudo isto, faz lembrar-me o lado de Fora...A Gaiola dos Sons!
Gostei!
Até ouvir o meu pesado respirar Barulhento.
Abri os Olhos...
F. Granja
Roubado e não conquistado,
Refugiando-se no que já pensado e trabalhado está.
F. Granja
Pois é
F. Granja