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Desolação


Ínicio. Sou só mais um algarismo,
Uma identidade sem nome conhecido,
Com um rótulo, onde se vê inscrito:
Onde e quando nasci, onde trabalho e onde vivo.
Todos os dias, ao acordar ao alvor,
Admiro o mesmo céu ausente de qualquer cor,
Noto as mesmas pessoas em suas rotinas,
Tal como ontem, e em qualquer dia anterior.
E despacho-me para seguir a minha,
Tal como ontem, e em qualquer dia anterior.

Qual será a nossa pressa, afinal ?
O que nos atrairá tanto p'ra esta existência?
Será o desejo de uma aparência
A algo prestável que esconda a nossa obsolência?
O que as cicatrizes simbolarizarão
Assim que a dor acalme o nosso coração?
Uma vez que estamos fadados a morrer,
O que a afasta de viver uma vida em vão?
O conceito de efemeridade assombra-me,
E abraço-o em mim como a minha salvação.