JheniferS

Máscara


Medo e agonia
É apenas o que sobrou para ela
Apaixonada pela própria solidão
Desejava ser salva
Agora não deseja mais nada.

Em seu próprio mundo,
Ela se esconde
Adora fugir
Mas já não sabe para onde deve ir.

Você não iria gostar dela
Ela é arrogante
Desconfia de tudo
Tem medo do mundo
E por não ver motivos, nunca sorri.

Mas se você chegar bem perto,
Vai ouvir um múrmurio
Um grito abafado
Em um quase sussurro...

Verá lágrima calma
A chorar pela alma
A muito perdida
Longe daqui.

Amahecer


Ditada o banco traseiro do carro
Enquanto todos dormem
Eu acendo um cigarro

Percebi a algum tempo que não tenho um futuro
O próprio pesente
(que de presente nada tem)
Apenas me escapa
Me envolve na fumaça

Beber para esquecer
E ao nascer do dia voltar a viver
Vejo o fim do mundo todos os dias
Envolta em tédio, medo e agonia

Estagnada e vazia
Visto minhas roupas e ascendo outro cigarro
Quando o mundo ficou tão chato ?
Parece que estou decidida a criar paranóias hoje...

Ele ainda dorme
Um anjo caído no banco de trás
E enquanto a cidade acorda
Eu decido apagar a fumaça

Se já não estou viva, não fará diferença
Talvez não seja má idéia...
E enquanto a cidade acorda
Ele me verá morta.

A estrela


Apague a luz
Para que eu não tenha mais esperanças
Me deixe só
Para que eu possa desfrutar de meus pensamentos
Me tire a arma
Para que eu não possa puxar o gatilho
Passo os dias sem alma
Dizem que estou louca
Mas quanto mais fico louca
Mais lúcida eu me sinto.
Me tire a vida
Pois nela já não vejo sentido.

Outro eu


Quando estou aqui
Ela
A outra parte
Insiste em ser eu
E volta
Sempre ela
Aquela que não tem memórias
Sozinha
Agora quase morta
A chorar
E sem saber para onde ir
Ela volta
Vem devorar o que me sobra
A outra parte
Nunca vai embora.

Culpa


Eu lamento que todos os seus sorrisos
Tenham sido sufocados em meio a gritos agonizantes
Lamento que toda a sua vida
Tenha sido um grande mar de mentiras
Eu vi você se afogar nelas
E lamentei que tudo estivesse terminado pra você.
Eu tentei te salvar
Gritei com todas as minhas forças
Gritei até que estourasse minha garganta
Mas perdido em agonia
Você não podia me ouvir
Meu amor, você não conseguia ver ?
Todos aqueles rémedios...
Eu sabia o que você sentia
Se você ao menos me deixasse chegar perto
Todos aqueles rémedios...
Nada disso nunca é suficiente.
Perdido em meio a escuridão
Eu ouvi os sinos da igreja
Era o Diabo a tocar sua última canção
O anjo não estava ali para ajudar
Mas na verdade, ele nunca está
O fracasso era inevitável.
Quando você finalmente se deu conta da minha presença
Já era tarde meu amor
Quando te arrastaram ao inferno,
Quando te levaram para viver seus medos
Você já estava fora de alcance
Eu tentei, juro que tentei
Mas eu já não podia mais ajudar...

Ilusão


Minha vida é um embaraço
Em meu quarto
Meu cômodo apertado
Desperta minha mente
Invento histórias
Repletas de memórias
Lembranças...
Jogo fora qualquer vestígio de esperança.
Minha mente vaga
E imagino que posso fugir
Do futuro que me escapa
E escorre pelos dedos de minhas mãos
Do passado que me sufoca
Como uma corda em meu pescoço
Apenas esperando um empurrão
Do presente que me altera
Me deixa nervosa
E me faz perder cada segundo em vão
Te imagino aqui
Meu vício mais letal
Você me mata a cada vez que te vejo
E de repente acordo
Para a realidade volto
Distraída, volto a contemplar minha morte
Aquela que chamo de vida.

Decadência


Amanhã tudo vai melhorar
Amanhã tudo vai passar
Amanhã eu vou esquecer
Amanhã nunca chegará

Amanhã eu não irei mais existir
E eu sei que você,
Nada sentirá

Amanhã eu irei sumir
Hoje eu só quero desaparecer daqui
Amanhã você não precisará se preocupar
Amanhã você não vai me usar

Quando o sol nascer
Quando o amanhã chegar
Tudo isso vai passar.

Forca


Eu pensava que os tinha
Presos na guilhotina

E meus olhos castanhos
Outrora atentos
Agora vagam perdidos
Sem movimento

Caem das órbitas
Assim como minha língua
Que foi cortada fora

E meu corpo pútrido
Sem pulsação
Encontra finalmente repouso
No vazio da decomposição

Nunca mais será violada
Aquela que sangrava
Minha saliva jamais será provada

E eu nunca os tive
Presos ali

O que estava preso era meu corpo
Meu corpo...
Preso pela garganta
A digital deles finalmente arrancarei de mim!

Desinteresse


Eu vivo momentos horríveis
Levo uma vida vazia e triste
Sem prazeres nem alegrias
Vou em vão tentando me arrastar pelos dias.

Quando penso finalmente encontrar um resquício de felicidade
Levo um belo soco da realidade
Na boca do estômago
Que dói e queima
As vezes pelo murro que me acerta,
As vezes pelo veneno que me afeta.

E vou apenas me arrastando pelos dias
Sem nunca me sentir realmente viva.