Karen Barbosa

A janela



Da janela eu vejo a rua,
carros embaralhados,
vejo também a lua,
os casais de namorados.

Cada dia é novidade,
a menina, o cachorro,
na pracinha a mocidade,
dá pra ver também o morro.

Na janela eu me distraio,
cada instante uma história,
os amigos, o baralho
não me saem da memória.

Fico muito abandonada,
a janela é meu refúgio,
só queria ser amada,
eu não vivo o meu mundo.

Intimo casual


Pés juntos, entrelaçados
no meio da madrugada,
corpos quentes e suados,
sem almejar mais nada. (Sobre a cama toda molhada)

Naquele momento lindo
o tempo parou de vez,
tremores indo e vindo,
prazer que você me fez.

Noite maravilhosa, a qual me esqueci de tudo.
Na noite tão excitante,
o silêncio não mais era mudo.

Por infinito instante
senti-me muito desejada,
nos braços de meu amante,
no encontro sem hora marcada.

A morte



Sozinha isolada,
trancada pro mundo,
pensando no nada,
silêncio profundo.

Os dias terminam,
mas não posso ver,
as dores me aniquilam,
só me resta morrer.

Estacionei no tempo,
silêncio mórbido,
lançada ao vento,
abandono sórdido.

Minh 'alma se cala,
o calar é minha saída,
minha pele pálida,
já estou de partida.

Achada,perdida


Tornou inspiração
no momento em que apareceu,
jogou fora a desilusão
que em meu peito cresceu.

Chegou sorrateiro
Como presa busca a caça,
dominou-me por inteiro,
deu-me o ar de sua graça.

Remédio que tudo cura
Remédio pra minha vida
Eliminou amargura
Cicatrizou a ferida

Remédio eficaz,
reviveu quem morta era, esquecida
Inspiração sagaz
tornei-me achada, perdida!

Ao encontro da paz



Meu ser chora a cada dia,
não suporto tanta sofreguidão,
vivo só em agonia,
quero acalmar meu coração.

O que fazer um ser humano
que vive em intensa dor?
A minha vida é um engano,
não mereço o dissabor.

Ver um homem sem coragem
só aumenta minha aflição.
Se estou só de passagem,
para que me alimentar de ingratidão?

Meu ser não aguenta mais,
por que não tive sorte?
Só quero alcançar a paz.Oh paz! Essa paz só te encontro na morte.