CÉUS DE OUTONO
Amanhecemos, e este céu não amanhece!
As ruas frias, hoje mudas e desertas
viraram páginas despidas e amarelas
de um livro solto ao vento que se esquece!
A brisa e chuva nos aguardam noite afora
Minhas pisadas entre folhas não se perdem
Sigo o poente da estação que já fenece
- É o verão que se despede e vai embora!
E tal as folhas, jaz meu coração sem dono
buscando abrigo que me aqueça e embale o sono
perdido ao léu, no descaminho de ilusões.
Se me perguntas: por que rir deste abandono?
Eis que confesso: Dentre todas estações
a estação que mais te lembra é o outono!
DESLEIXO
Deixai que a maré alta me arraste
e ela arrasta, eu não reluto!
Tudo que não fiz, é o que eu escuto
Só espero que este ócio não me mate...
Se matar, deixe que eu morra
A vida em si é feita de escolhas
O ser que hoje sou, logo permuto
Outrora flor, agora sou qual fruto!
Deixai os afazeres, deixa a louça
Te despe dos problemas, despe a roupa
e vive esta manhã de sol ameno...
Entrega-te aos prazeres, foge a lida
Esbanja logo o empréstimo da vida
pois se finda o nosso prazo, então morremos...