Neto Ribeiro

Não será o nosso fim!


Pareceu ser mais uma noite de outono
Eu não esperava que a novidade fosse chegar
Você me disse que o seu limite havia chegado
E que agora eu tinha que continuar a passos só
 
Um pano branco cobriu os meus olhos
A mente, desligou. Os membros? Travaram.
Quando os meus olhos reluziram a realidade, tudo desabou.
Uma enxurrada de lembranças me afogou.
 
Eu não aceitei.
Onde estava o culpado por minha desgraça?
Os planos foram se desfazendo como uma agenda lotada ateada as chamas.
Eu gritei e a mim acabei culpando.
 
Quando as lágrimas pareceram secar você me apareceu.
Eu não percebi que o seu coração sofria tanto assim.
Eu berrei por um abraço, mas você me disse que era preciso ser assim.
Inconformado, eu disse que  a sua nova realidade não devia começar sem mim.
 
Como falsos na realidade nós nos camuflamos.
A fraqueza estava escancarada, as feridas expostas.
Fingir sermos de ferro foi o nosso refúgio.
Mas no final a alma sentiu.
 
Você me via a sorrir, mas foi à noite que me viu chorar.
Refugiando-se de você no escuro do crepúsculo eu desabei.
As lágrimas da solidão você não presenciou.
Pois esse fardo a você eu não entreguei.
 
Você não me deixou, não desapareceu.
O amor continuou o mesmo e a saudade só aumentou.
O corpo e a alma imploraram por um momento de descanso.
E juntos eles pisotearam os nossos corações.
 
Eu senti aquela dor me abater.
Eu senti o meu coração gritar e a minha mente guerrilhar.
O fino fio de prata que tanto nos segurou foi rompido.
Com as duas pontas, sozinho, escondido, eu tentei uni-las.
 
Eu estava no fundo de um oceano frio.
Eu não mais conseguia chama-lo.
Desesperadamente eu continuei a mergulhar, afundar.
Se fosse para ser assim lá no fundo eu queria ficar.
 
No escuro eu devia me afugentar.
O seu amor ainda era meu, mas o seu corpo não deixou eu me aproximar.
Para longe eu corri, desgovernado e armado.
Estava tão frio, sabia?
 
Você foi desaparecendo, e cedendo a realidade.
A minha voz não mais tinha poder.
Eu olhei para trás e lá as nossas boas lembranças estava.
A frente, não havia nada para continuar.
 
Os meus passos haviam de ser dados, mesmo que por um momento.
Eu senti frio, sabia?
Eu fiquei com medo e os olhos banhados.
“Sem você” já estava se tornando uma realidade que me cercava.
 
A você eu ousei dizer que ainda poderia amar.
O nosso amor foi puro e verdadeiro.
Novos planos foram expostos.
Mas, nas cinzas da minha antiga agenda o seu nome perdurou.
 
Daqui em diante lá vou eu.
E de todas as minhas metas a ser alcançada,
Ter você continua como prioridade.  
E as chamas do seu coração eu irei resgatar.

- Neto Ribeiro

A carta que jamais aceitei.


A àqueles que ficam,

Em mais um dia louco de trabalho. Eu fitava o relógio que marcava 17:50 da tarde. Aos poucos o escritório estava se tornando quieto. Os corredores não estavam mais abarrotados de tantos trambolhos. Um alívio para os meus sentidos, mesmo que o transito lá fora já me assustasse. Os meus sentimentos estavam aguçados, quase que me deixando a ponto de sair desvairado, louco como o dia que me atordoou. Sobre a mobília estava a tão assustadora carta de demissão. Hoje era o meu último dia naquela sala de três metros quadrados. Adiante os meus pertences me aguardavam no fundo de uma caixa de papelão. Na hora da partida eu não olhei para trás, pois outra vez o meu orgulho havia me dominado. A fragilidade do momento me fez abandonar o que ainda me restava, e agora sem destino eu estava. Saindo pela porta de entrada, caminhei em direção ao meu carro e lá dentro eu me afoguei em minhas lágrimas. O coração apertou e as lembranças me fizeram fraquejar. Engajei a marcha e fugi para o mais longe que eu pudesse chegar. Pela rua movimentada eu cometi infrações e continuei a avançar. Eu não sei o que exatamente me parou, mas a dor finalmente havia passado. Quando eu acordei eu estava ao lado daquela que eu prometi nunca abandonar. Agora eu estou feliz e junto a ela eu irei continuar. Não peço que me compreendam, mas que entendam que uma promessa de amor nunca se deve quebrar. Deixo essa carta para que as minhas palavras continuem a expressar tudo o que um dia eu senti por aquela que eu havia dito nunca abandonar.

- Neto Ribeiro

Que mundo é esse?


Que mundo é esse?
Onde os homens governam,
Quando as mulheres ecoem por igualdade?
Onde os negros são julgados por sua cor,
Quando os mesmos possuem tanto valor.
 
Que mundo é esse?
Onde as pessoas dizem pregar o amor,
Quando os gays são massacrados por amar?
Onde a justiça política é almejada pela nação,
Quando a população recua perante alcance da glória?
 
Que mundo é esse?
Onde as árvores salvam vidas,
Quando são derrubadas por alguns trocados?
Onde os animais são obrigados a recuar,
Quando a razão é a obra de um viaduto?
 
Que mundo é esse?
Onde se matam pessoas,
Quando o criminoso almeja pela sua própria vida?
Onde as selvas de pedras ousam devastar,
Quando as selvas de folhas foram as primeiras a chegar?
 
Que mundo é esse?
Onde uma nação acredita na força da união,
Quando a absurda intolerância os divide.
Onde o direito à cidadania se é falado,
Quando no final se torna mal compartilhado?
 
Que mundo é esse?
Por que se isso é um mundo,
Para mim não passa de um pesadelo.

- Neto Ribeiro

Por acaso, quase além de amigos


Lá vai ele de novo,
Sentimentos de um coração tosco,
Querendo e pensando como um tolo,
Pensando ter sido escolhido de novo.

Esqueceu-se dos ferimentos?
Quantos batimentos sofrendo...
Não! Coração tosco e tolo,
Eu não quero sentir isso de novo.

Você me veio de fininho,
Não deixando eu me sentir sozinho,
Quase conquistando todo o meu íntimo,
Como o frio que chega desprevenido.

Então eu fugi, para longe, fugi.
Mas a bondade me fez intervir,
E na amizade eu resolvi insistir,
Quando de novo eu voltei a investir.

Sabemos que não podemos nos permitir,
Pois você é como uma ave rapina,
Um dia no ninho, trinta, perdida.
E não é isso que preciso, sem mentira.

Beijos e abraços trocados com sentimento,
E talvez pudéssemos viver juntos,
Mas permitir tamanha aproximação,
Isso seria total sem razão.
O quanto iria sofrer o meu coração?
Essas dores eu não permito não.

Meu coração é absoluto bobalhão,
Confunde gaviões com amigos,
Enxerga conforto em ninho de espinhos,
Sente amor por ladrões de carinho,
Para no final sobrar um coração arrependido.

Então vamos ser apenas incríveis amigos,
Deixaremos a obra para o grande destino,
Pois ele é bonito, mas também terrível,
Assim como esse sentimento repentino,
Pois eu não posso amá-lo, menino, 
Mesmo quando o meu coração não está dizendo isso.

NETO RIBEIRO

Arriscado é amar você


O mundo se fechou,
Tudo isso causa do nosso amor,
Porque eu o amei como louco,
Pois iludido e apaixonado estou.

As pessoas foram nos criticar,
A policia foi tentar nos parar,
Quando um beijo eu ousei disparar,
Sob a mira de uma arma pronta para matar.

A minha família diz não mais me amar,
Justo quando o seu amor veio me amarrar,
E como prisioneiro apaixonado,
Eu quebrei todos aqueles laços.

Ao seu lado eu sou livre como a água,
Correndo e escorrendo cheio de liberdade. 
Vamos montar nessa nuvem desvairada,
Varrer a terra com essa tempestade atiçada.

O preconceito tentou nos afrontar,
Você viu o quão horrível foi não tentar chorar?
Mas eu digo: nós iremos continuar a lutar,
Pois a coragem veio a me alimentar.

Uma sociedade para nos menosprezar,
Tudo porque não permitiram te amar.
Conceitos e religiões para nos criticar,
Mas que agora tem que nos respeitar.

Venha meu querido amado,
Para além das praias solitarias,
Para onde o sol se deita como mágica,
Para que a lua nos ilumine com a sua graça.

Neto Ribeiro