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Mensagem a Drummond e Tancredo Neves...



Senhores Carlos Drummond de Andrade e Tancredo Neves, desculpem-me a formalidade, mas o respeito que meus pais me ensinaram assim o exige, espero que estejam bem desde quando nos deixaram, em agosto de 1987 e em abril de 1985 respectivamente.

Creio que os senhores, onde estiverem, vez ou outra, recebam algumas informações e atualizações da situação do nosso Brasil e da sua terrinha em particular, Tancredo de São João del-Rei e Drummond de Itabira, da nossa querida Minas Gerais.

Não só os Itabiranos e São-Joanenses não os esquecem, na verdade, nós, os brasileiros de todos os cantos, sentimos muito suas ausências, embora nos tenham deixado vasto material sobre valores, costumes e boas práticas de civismo, estamos cá com graves problemas nessas áreas.

Senhor Drummond, ainda estudamos seus escritos para deles extrairmos suas ideias e ensinamentos sobre o amor, a tolerância, paciência, angústia e arrependimentos depreendidos de seus versos de toda uma vida.

Ah! Senhor Drummond, sua habilidade com as palavras nos coloca diante de caminhos e obstáculos de difícil ou fácil transposição, depende do leitor, do dia da leitura ou das tantas releituras, as pedras da vida lá estão e nunca no mesmo lugar, permitindo belas equações de amor e superação.

Já o Senhor, Seo Tancredo, em um de seus discursos, propondo mais conciliação, nos ensinou que, "A Pátria é escolha, feita na razão e na liberdade. Não basta a circunstância do nascimento para criar esta profunda ligação entre o indivíduo e sua comunidade".

Senhores Drummond e Tancredo, nosso Brasil anda estranho demais, continuamos sendo um país do futuro em vários aspectos, especialmente na saúde e educação, pilares de uma nação que almeja desenvolvimento e dignidade para todos.

O gigante continental da América do Sul está carente de líderes políticos com visões de estadistas e empresários que visem mais que apenas o lucro do capital e assumam sua responsabilidade social.

Vivemos um período de grande insatisfação com divisões no seio do povo que extrapolam o bom senso e não residem apenas na divergência de opiniões, muitos, sem rumo e com pouca massa crítica, se deixam levar por meios de comunicação que manipulam a informação dependendo dos interesses próprios e das ocasiões.

Necessitamos de líderes que nos mostrem caminhos em meio às pedras e que persistam na boa trilha da valorização da Pátria enquanto espaço para a dignidade humana que está além e muito além das letras mortas dos estatutos dos partidos políticos.

Drummond e Tancredo, permitam-me agora como irmãos que sempre fomos e seremos, estamos a precisar de paz e serenidade para desanuviar o ambiente pesado que paira sobre nós.

As energias densas estão a ofuscar a razão que nos jogam na sanha das paixões sem freio, claro, temos sim nossa parcela de responsabilidade pelo que nos ocorre, mas pedimos, de onde estiverem, juntem forças com outros brasileiros, renomados ou não, mas de grande valor moral, ético e cristão, e nos cubram de amor e pacificação.

É em nosso Brasil, vocacionado para a espiritualidade e humanidade, onde convivem credos diversos, trazidos pelos escravos africanos, católicos, evangélicos, espíritas, budistas, muçulmanos, islamitas, xintoístas, cristãos e ateus, que todos se juntam em oração.

Mãos dadas, como uma família que somos, clamamos ao Deus de todos, bençãos para que os homens sejam fraternos e acordem da indiferença, do orgulho, da vaidade e da soberba que lhes cega ante todas as misérias.

Estamos de passagem neste plano onde a ilusão do ter e do poder estão mascarando um triste despertar.

Luz, paz, amor, ternura e serenidade.

Fraterno abraço.

Paulo Afonso Barros
Maio de 2017


No Meio do Caminho

No meio do caminho tinha uma pedra
tinha uma pedra no meio do caminho
tinha uma pedra
no meio do caminho tinha uma pedra.

Nunca me esquecerei desse acontecimento
na vida de minhas retinas tão fatigadas.
Nunca me esquecerei que no meio do caminho
tinha uma pedra
tinha uma pedra no meio do caminho
no meio do caminho tinha uma pedra.

Carlos Drummond de Andrade
In Alguma Poesia
Ed. Pindorama, 1930
© Graña Drummond.

In: http://www.algumapoesia.com.br/drummond/drummond04.htm


Trecho do discurso de Tancredo Neves preparado para a posse na Presidência da República, em março de 1985.

"Senhores Membros do Congresso Nacional, recebo da soberania do povo, de que sois portadores, a chefia do Estado e o governo do País. Esta solenidade encerra singular mistério de liturgia cívica. A Nação inteira se reúne, pelo instituto da representação, em sua vontade e em sua esperança, para investir um homem da responsabilidade de a conduzir, na lei e na dignidade.

De cada um dos homens que constituem a comunidade nacional transfere-se, ao coração e ao espírito do escolhido, um homem como os outros, parcela essencial de ser, na devoção aos valores comuns e na inquebrantável decisão de os preservar para sempre.

Ao assumir esta enorme responsabilidade, o homem público se entrega a destino maior do que todas as suas aspirações, e que ele não poderá cumprir senão como permanente submissão ao povo.

Quando falamos em povo não pensamos em uma entidade abstrata, que possa ser eventualmente conduzida em trilhas de equívoco, pelo fanatismo ou pela demagogia. Pensamos no povo como soma de razões e virtudes, que sempre prevalecem, para impor lucidez à história, restaurando o que se deve restaurar, abandonando o que se deve abandonar e construindo o que se deve construir (...).

In: https://oglobo.globo.com/politica/discurso-de-tancredo-neves-preparado-para-posse-na-presidencia-da-republica-3021920#ixzz4hVRdpHYM

Esperança na terra seca...



Refazem o batido caminho pela velha e conhecida terra seca, o mesmo sol que lhes dá vida também lhes judia marcando-os, nos rostos, os poucos, mas já aparentes muitos mais anos de vida...

Intenso, escaldante, é secura demais...

Se a chuva vier o chão não lhes negará a vida adormecida...

Já faz muito, mas ainda se lembram do último ano onde o inverno foi bom, nessa memória tem cheiro da terra sendo encharcada...

Exaustos chegam ao açude ainda com um pouco de lama, olham para o céu com poucas nuvens...

O pai cai de joelhos e puxa os filhos, com os olhos rabisca no barro todos seus desejos e sonhos como se fossem sementes e suplica:

Meu divino São José,
Aqui estou a vossos pés.
Dá-nos a chuva com abundância,
Meu divino São José.
"O sertão é uma espera enorme",
Dá-nos chuva com abundância,
Meu divino São José.

Talvez nenhum de seus desejos se realize e nenhuma das sementes veja brotar...

Sabe que não há certezas na vida, mas precisa acreditar que haverá ainda uma próxima vez, pelo menos para os meninos...

Porções de vida e afetos...



Logo pela manhã ela ajeita sua pequena filha, agasalhando-a bem para enfrentar o frio de um inverno mais rigoroso que o de outros anos.
Sai pelo bairro dirigindo seu velho fusca, no interior há muitas sacolas com um pouco do que tem, fruto de suas economias e do garimpo em casa de amigos que já a conhecem de há muito e sabem de seus hábitos e que ela faz questão de não divulgar.
A primeira parada é em uma casa simples, onde mora um casal de amigos de velha data, Dona Maria e o companheiro, Chico, ambos já velhinhos, ele bem conhecido na região. Ali, quando ainda haviam campinhos de futebol, goiabeiras, pessegueiros e muitas amoreiras, "Seo Chico" ensinava a molecada a não fazer arapucas que pegavam rolinhas, sanhaços, canarinhos e pardais, estilingue ele trocava por bolinhas de gude e piões de madeira.
A segunda visita é em outra casinha que fica nos fundos de um antigo mercadinho, agora fechado, ali moram uma senhora com quatro filhos pequenos, de sete, nove, onze e doze anos, enviuvou jovem e tragicamente quando seu marido sofreu acidente ao fazer bicos de ajudante de pedreiro.
A terceira pausa do dia é num abrigo com uma dezena de velhinhos esquecidos por suas famílias, mantido por instituição não religiosa e que vive de doações da comunidade.
A última parada do dia é numa praça onde alguns moradores de rua a recebem demonstrando conhecê-la e fazem festa com sua chegada.
Ainda arranja mais uns minutinhos para rever o mais novo morador da rua, um recém-nascido, filho de uma jovem adolescente que mal sabe trocar fraldas e dar banho na criança, a situação está tensa pela não aceitação dos pais com quem ainda mora, o pai desse pequeno não é bem visto no lugar por suas amizades pouco confiáveis e algumas passagens pela polícia por prática de pequenos furtos e desinteligências com desafetos dali e acolá.
Finalmente, ao chegar em casa, conversa com a filha enquanto prepara o jantar, logo o marido e o filho chegarão do trabalho e com muita fome de seu saboroso arroz e feijão.
Mais valiosas que os donativos que entregou são as ricas porções de afeto, carinho e atenção que delicadamente lhes deixou.

Carta aos filhos...



Sua vida como filho não havia sido fácil, perdera a mãe muito cedo, ele uma criança, ela uma jovem senhora de 37 anos, seu pai, então um jovem adulto aprisionou-se no seu luto e nas suas culpas além do remorso por não ter-lhe oferecido uma vida mais digna, sentimentos esses que o perseguiriam pelo resto de sua vida.
Cerca de sete anos depois da morte da esposa querida, ainda enlutado, deprimido e doente, o pai sofre o primeiro de dois "derrames", restavam agora além das sequelas emocionais, as físicas, não menos limitantes.
Assistência médica possível, más experiências com cuidadores não profissionais, melhor seria acolhê-lo em casa com a imediata concordância da esposa e filhos pequenos.
Sua família, de pronto, também abraça o cuidar, mas começam a vir a tona as mágoas passadas, questões não resolvidas do coração do menino que na mente adulta insistia no que não entendia.
Três anos e meio após sua chegada, cansado e pedindo perdão, o filho se dirige ao pai e pede que consinta em ir para uma casa de repouso.
Num sábado, conforme combinado, avô, filho, nora e netos, ao final da tarde, banho tomado, compromisso a ser cumprido, no porta-malas do carro uma cadeira de rodas e uma pequena mala com seus remédios e algumas mudas de roupa.
Dona Helena, responsável pela nova casa, os recebe à porta, feitas as últimas recomendações, beijos, lágrimas e um último pedido, "perdão meu pai" e às 19h00min deixam-no naquele bom, mas para ele estranho lugar.
As crianças querem ir passear e o shopping é o destino, logo após chegarem em casa, por volta das 22h00min os pequenos sossegam e dormem e, não mais que 30 minutos, o telefone toca, D. Helena se desculpa e avisa, seu pai se despedira dessa vida.
Os laços fortes e confusos de amor e mágoas, graças ao distanciamento por breves instantes, relaxaram e propiciaram a partida.
Tudo a seu tempo, para certos desígnios não há ainda verbos que expliquem, somente a fé de que assim foi preciso.
Já muitos anos passados, em carta aos seus filhos, hoje homens criados lhes escreve, ponderando:
Pode parecer exagero mas, em relação às opções profissionais, preocupo-me com o caminho que cada um venha a escolher, acredito que atualmente está até mais difícil que no meu tempo, com idade equivalente.
Tomo a liberdade de fazer essa consideração não só em relação ao trabalho mas na vida como um todo, uma decisão precipitada pode trazer dificuldades maiores um pouco mais à frente, razão pela qual lhes peço que, na dúvida, pensem um pouco e que possamos conversar sobre quaisquer assuntos que se façam necessários, sem nenhuma restrição.
Vocês muito me orgulham com suas realizações e conquistas, bem mais do que os eventuais problemas que fazem parte de nossas vidas.
Ninguém é obrigado a acertar sempre e, tampouco ser auto-suficiente, a propósito, esse é o maior e mais comum engano em que nos enredamos pela vida.
Nada em nossas vidas é por acaso, peço que reflitam a respeito, nos amamos e somos uma boa família.
Que Deus os guie e proteja sempre, intuindo-lhes ante as dúvidas dos caminhos a seguir, sei que farão o melhor possível, não se cobrem além da conta.

Beijos,

pai

Abraço que fala...




Caro Mario, me cai no colo agora, já amanhecendo, uma fala tua que me acalma e encanta.

Você versa sobre a ausência de vocábulo que traduza o que a mente, açoitada pelo coração, pensa e não sai da boca, pois que inexiste, uma única e certa expressão.

O abraço afetuoso, carinhoso, amoroso, mesmo que trêmulo ou acanhado, é, por certo, a única forma de se dizer tudo.

Obrigado Mario, achava que a falha era do Aurélio, mas não há culpados quando o coração inquieto, sutil e delicadamente ardiloso, encontra seus jeitos.

Abraço

"Abraçar é dizer com as mãos o que a boca não consegue porque nem sempre existe palavra para dizer tudo". (Mario Quintana)

Tudo passa...



Vivemos dias de turbulência em nosso querido Brasil.
Estamos ansiosos e apressados para que essa tormenta chegue ao fim.
Podemos evitar que nossos pensamentos coloquem mais tensão nesse ambiente alimentando um círculo vicioso de mais mágoa e ódio.
Óbvio que não somos insensíveis ou indiferentes e temos o livre arbítrio para fazermos o que bem entendermos, temos nossas opiniões e convicções.
Mas, de que adiantará lançarmos mais pressão negativa no que está a ponto de se resolver?
No tempo certo, de um jeito ou de outro, seremos chamados a exercer o voto novamente, ratificando o processo democrático em nosso país, com todas suas imperfeições e a necessidade permanente de aperfeiçoamentos.
Fato, nada cai do céu, toda conquista é resultado de trabalho, convicção, comprometimento e perseverança.
Esse tempo de tensão passará, alimentemos a possibilidade real de que o seja sem soluções traumáticas que tragam sequelas de difícil superação.
As pessoas que estão a dar causa a esse turbilhão também e certamente passarão.
O que ficará para seguirmos em frente será uma maravilhosa oportunidade de fazermos diferente para os pequenos que estão chegando com novas ideias de ser e como fazer.
Tudo passará, que seja este novo período de paz e sem nossa contribuição imediatista para um efeito manada de tristes resultados.
Toda crise é uma oportunidade de evolução, o novo ciclo a se iniciar pode e será virtuoso, estamos no limiar de novos tempos que trarão outras formas de dificuldades a serem superadas.
Estamos nesse plano para nos melhorarmos e vencermos nossas tendências que, em passado recente, nos igualavam aos seres brutos, esse tempo já passou.

Calma, tudo passará.
Deus ilumine nossas escolhas.
Fraterno abraço a todos.
Paz, amor, ternura e serenidade.

Jeito e cara nova...



Angulando com visão precária e mãos grossas,
desenhadas nas asperezas dos seus dias,
apanha estimado cinzel e começa,
do nada,
naquele pedaço de pedra bruta,
assim como outros tantos,
guardados e empilhados há tempos,
a dar forma a uma escolha antiga,
conhece bem as sutilezas do tocar em bruto,
a rudez é apenas dum primeiro olhar,
o golpe inicial quebra o silêncio,
mas ele mantém,
em absoluta quietude,
a mesma determinação,
realimentar a cada novo dia,
a esperança,
mas e sempre,
com jeito e cara nova.

Gilda's...



Hoje conversei com a minha mãe querida, com a certeza de que ela está bem, sem sofrimentos e em paz.

Já decorridos 42 anos de sua passagem para um plano melhor que este nosso, ainda tão rude e grosseiro, onde muitos ainda sofrem com a falta do mínimo para sua sobrevivência, passando fome, frio e sede diariamente.

Gilda era seu nome, lhe caía tão bem, pois que ela era uma mulher que se esmerava de maneira plena nos cuidados para com a família, acolhendo outros mais que podia e não podia e se não tinha nada a lhes oferecer materialmente, entregava-lhes o sorriso contido e nas mãos gentis, com cuidado e sem alarde, a doação da maior energia do mundo, a do amor.

Não há como não voltar no tempo que se faz tão vivo e sentir novamente suas mãos deslizando pela minha face e com suavidade desalinhando meus cabelos em momento de absoluta paz, eu sempre queria mais um pouquinho.

À minha mãe querida e a todas as mães deste mundo, ainda entre nós ou que já partiram, as de sangue e as do coração, criaturas abençoadas pelo seu desprendimento e desapego, um beijo nos seus corações.

As histórias de amor de mãe e filho não tem fim, simplesmente se misturam às energias que nos conectam ao que ainda não conseguimos dimensionar e compreender...

Até breve minha mãe querida, obrigado por continuar olhando por nós.

Tempo...


Tive uma conversa amistosa com o Tempo e acordamos,
aceito a deleteriedade do corpo,
os cabelos brancos, não importa quantos,
as limitações no andar,
todas as rugas no rosto,
a audição, visão, tato, olfato e paladar precários,
mas, preserva-me a lucidez,
um mínimo de independência e autonomia,
a imprescindível sensibilidade para não ferir ninguém,
que possa perdoar e pedir perdão,
sentir alegrias, tristezas e amor,
derramando assim, espontaneamente,
as lágrimas que aliviam,
o completo desapego de tudo que não me fará falta
na vida que se seguirá,
aceitar e sofrer a indiferença sem o ser,
reconhecer os velhos amigos e,
por fim,
que tenha a humildade,
que me permita uma serena desconstrução e reconstrução a cada novo
saber, até o último suspiro, ainda com amor...

Enquanto você dormia...




Vejo em silêncio as delicadas linhas de seu rosto, preservadas estão suas mais belas faces em todos os ângulos, a mesma graça de quando a vi pela primeira vez e que me fez pensar.

- Onde e quando já a tinha visto?

Não foram apenas em sonhos ou nas alamedas comuns por onde caminhávamos, se assim fosse jamais me esqueceria.

Sem a tocar alinho com cuidado seus cabelos e delineio numa imaginária aquarela suas pequenas mãos com orquídeas, suas preferidas, agora acolhidas com seu adorável e belo sorriso, quase sempre contido, afagadas pelos mesmos e encantadores olhos suaves e expressivos.

Moldo seus lábios com os meus e juro baixinho,

- Sei, e apenas sei, que a vi e a amei muito antes daquele primeiro dia...

Paulo Afonso de Barros

Ainda sou...


Hoje, lentamente, ao buscar entender
que acordava para mais um dia,
primeiro tentei saber se apenas sonhava ou,
se fato,
ainda existia,
demorados segundos de torpor,
em suspensão,
entre ter sido e ainda ser,
percebo que sou,
logo agora que já concebia sido ser,
amanhã,
se outro dia,
vida nova se faça,
com tudo aquilo de que preciso,
pouco,
e com mansidão...

Noite lá fora...



Ser ou ter que parecer forte é difícil,
um pouco de cansaço parece culpa,
ouça,
só por ora,
apenas por hoje,
me dá um tempo,
culpa?
não,
apenas limite,
por favor, me entenda,
eu preciso parar agora,
só por um instante
deixa-me respirar,
cair no sono,
renovar-me,
quando eu desejar um colo,
ou somente um momento,
sem culpa,
nos falamos ou apenas,
silêncio...

Silêncio...




O silêncio suscita,
uma mera expressão de desprezo,
se passa indiferença, com certeza doída, deixa ferida,
não duvides, quiçá um grito de socorro,
talvez um medo que paralisa,
muitas interrogações,
acusações, cumplicidade
ou um carinho,
uma das mais puras expressões de amor,
quem sabe um apelo,
mas, por certo,
creia,
não será jamais
apenas silêncio...

Segredos que não nos pertencem...


O outro é um universo a ser explorado, conhecido, para tanto há que se ter paciência, carinho, acolhimento, e só será possível se ele assim o permitir.
Nenhuma pessoa tem o direito de devassar o interior da outra, ainda que se pense que será para ajudá-la.
Mal sabemos de nós mesmos porque, em geral, ficamos na superfície do que e do porque somos e o que fizemos.
As muitas construções que nos moldaram ao longo do tempo, em uma jornada de incertezas, descobertas e medos, nos pertencem.
O que há em nossas entranhas só descobriremos se o quisermos, daí a partilhar, só se for com alguém especial, que nos queira bem e nos inspire absoluta confiança, com uma dose dupla de amor e sinceridade.
Se formos escolhidos por alguém que queira e precise dividir seus segredos que tenhamos muito cuidado com o que soubermos pois, ainda assim, não nos pertence.

Rendições por amor...



Escolha as rendições que em sua vida se fazem mais do que necessárias, que estão ao seu alcance, aquelas em que você não sofre, não faz sofrer e fazem dos dias que te restam tempos mais leves e felizes, como o amar incondicionalmente, sem pedir nada em troca.

Excesso de sofrer...



Temer exageradamente o desconhecido,
negar desejos,
querer o futuro previsível,
fincar morada no passado,
culpar-se em demasia,
julgar-se sem limites,
não admitir a saudável ajuda,
e ainda,
não se perdoar.
é uma receita impraticável,
é pensar demais,
é pouco viver,
é impossível,
é sofrer por ser apenas humano...

Sem exigências...




sem exigências ou ilusões,
apenas o possível,
mesmo que no todo irrealizável,
melhor assim,
ter alguém ao lado,
essência plena,
aquietando,
há que esperar,
a pressa não faz o coração mais leve...

Beija-flores, amores e flores...



Sou um discípulo dos meus filhos,
mentores que me acolhem
em minhas dúvidas e temores,
e a eles me dirijo com amor.

Não se esqueçam,
cuidem sempre de seus amores,
mirem-se nos beija-flores,
ao se achegarem às flores,
com delicadeza e carinho,
sorvem vidas em seus néctares.

Com sabedoria, não esgotam suas amadas fontes,
continuam voltando, voltando e voltando,
estimulando-as a se manterem belas e vivas,
reciprocidade para todas as vidas.

Flores e beija-flores completam-se e nos ensinam,
com sutileza, cumplicidade, leveza e ternura os laços
se fortalecem sem prender, pois que,
ao contrário, predominaria o egoísmo que seca,
esvaindo-se dia-a-dia a paixão que aprendeu
a ser amor.

Gratidão à brisa que dói e alivia...




Grato aos artistas poetas e pintores, senhores das letras e das tintas, guardiões das muitas formas de expressão dos sentimentos de todos que não passam pela vida indiferentes, a vivem plenamente, celebrando-a e a sofrendo em todos seus amores e perdas.

Grato por darem voz àqueles que alimentam saudades de pessoas e situações sonhadas que nunca puderam ser, mas, tal e qual brasa inflamada pela brisa inocente as sofrerão enquanto a lucidez deixar.

Grato por traduzirem a dor que dói gostosa, fruto de um único momento de um olhar que ficou, nunca mais visto, guardado no coração de quem a sofre sem querer perdê-la.

Grato por suas solidões transformadoras onde encontram o ânimo das criações imortalizadas pela força de sublimes e delicados beijos não revelados e flores não entregues às belas e belos que ficaram no tempo.

Grato por versarem que todas as formas de amor valeram, valem e valerão a pena, pois vivem em almas não pequenas.

Grato por contemplarem pessoas que nunca se viram ou se verão e se amam e continuarão se amando em todas as vezes que mirarem os céus e suas guardiãs, as estrelas, depositárias de todas suas confissões.

Grato aos poetas que nunca pegaram em armas para transformarem almas e mentes.

Grato aos poetas, senhores das letras e das tintas, sobreviventes imprescindíveis aos tempos de fanatismos, perseguições, violências, intolerâncias e pseudoverdades absolutas, estão e serão guardados eternamente.

Grato ao artista, pacificador e humano maior, Jesus Cristo, que plantou a ideia imortal da necessidade do amor universal entre a família humana, sem distinção de credos ou raças.


"Temos saudades do que não existiu, e dói bastante". (Carlos Drummond de Andrade)

"Não existe nada mais artístico do que amar verdadeiramente as pessoas". (Vincent van Gogh)

"Não há você sem mim. Eu não existo sem você". (Tom Jobim e Vinicius de Moraes).

"Eu protegi o teu nome por amor, em um codinome beija-flor, não responda nunca meu amor para qualquer um na rua beija flor" (Cazuza).

"Que seja doce a dúvida a quem a verdade pode fazer mal". (Michelangelo)

"Amai-vos uns aos outros como eu vos amei" (Jesus Cristo).

Preciosos segundos de paz...



Sonhava que estava a sonhar,
onde todos seus desejos poderia realizar,
chegava ao fim de todas suas dores
que alimentavam uma dor profunda,
ao menos uma única vez,
encontrar o dia de não olhar pra trás,
cronologia das marcas de amarras e âncoras,
dos medos que sempre o impediram de ir
a todos lugares com gentes de todos os cantos do mundo,
em que as lágrimas de sofrimentos se transformariam
em rios d'água cristalina a desembocar no mar,
aonde tudo se transmuta, numa espécie de magia,
os vestígios permaneceriam, não mais para lembrar e sofrer,
mas para lá buscar a energia sem fim,
sutil, delicada, a do amor que cresce seguro,
fechando feridas que não param de sangrar,
aquietando mente e coração ansiosos,
apropriando-se de preciosos segundos de paz...

Como nossos pais...



Naquele dia, desejando que fosse melhor que todos os outros, lhe disse.
- Bom dia, desculpe-me por ontem, uma vez mais lhe falei o que não devia e da pior maneira possível...
Apenas reiterava mais um pedido de perdão a quem o amava e suportava seu comportamento de sempre, mas não conseguia mudar de atitude, repetia os passos batidos que não o levaram até então a lugar algum, desnudando suas enormes dificuldades de se olhar, ouvir-se e melhor entender as razões para continuar carregando tantas mágoas e sofrimentos.
Acessar histórias de vida, acreditando apenas na memória, nem sempre fiel aos fatos, é reforçar as crenças enraizadas de que não conseguimos mudar o passado e que estamos fadados a sermos vítimas de nós mesmos.
Nada tem que ser para sempre, especialmente quando envolve o sofrer sem sentido por acreditar que não há jeito ou está gravado em pedra e, portanto, imutável.
O autoconhecimento é uma jornada possível para desarmar essas armadilhas e se permitir um novo caminho e verdadeiros dias novos para si mesmo a para com aqueles que nos amam e nos toleram, melhor encarando as dificuldades normais do dia-a-dia que, por si só, bastam.
Quando não acreditamos que merecemos dias melhores em nossa própria companhia optamos por uma vida ancorada na amargura e sofrimento que nos leva a infelicitar também quem nos escolheu para viver acreditando numa saída para algo melhor.
Quem está ao lado pode pensar da mesma maneira, nessa hipótese passam a ser dois a acreditar que a vida tem que ser como sempre foi, em muitas das vezes igual à saga de seus pais.

Nós e os Beija-flores...



Beija-flores bailam nos céus e nos fazem acreditar que sempre houve e sempre haverá amor e esperança, o mundo tem jeito, o que é certo é certo e, o sono, embalado pela consciência tranquila é, por si só, regenerador, nos permitindo acordar e, mesmo nos dias mais pesados, encontrarmos uma força em nosso interior, conhecida como fé, soprando em nossas mentes que não estamos sozinhos, confia e segue, siga os Beija-flores.

As curas que buscamos...



As curas que buscamos
nos cobram cavoucar nossos
cantinhos mais íntimos,
apreendendo tudo que lá está,
tateando,
sentindo,
escutando,

e, com delicadeza,
encontrar o que,
ontem, sequer ousávamos espiar,
sendo reféns das máscaras dos dias,
mas, com carinho e trabalho,
as curas hão de chegar
e, então, seremos mais amor e amar.

Um dia qualquer à sombra do cajueiro..



Vivia o mesmo sonho misturado a despertares onde a tristeza, angústia e solidão se faziam companheiras, afastando-o mais e mais de um dia distante onde conhecia o seu lugar e sua gente.
Onde estavam seu canto, suas coisas, seu quarto, sua cama, a cômoda onde ficavam alguns porta-retratos?
Essa vaga lembrança o deixava confuso.
Porque seu olhar se fixava no chão quando, vez ou outra, alguém passava?
Quanto tempo mais daquela rotina, como se vivesse horas e horas, dias e dias, numa insossa repetição de nadas, sem sentido, aturdido em seu permanente estado de confusão e melancolia?
Alguns instantâneos faziam-no acordar inquieto e perdido, num outro lugar, ambiente simples, de conversas, da varanda, da sombra do cajueiro onde pessoas animadas conversavam e riam tanto, quanto tempo?
- O senhor não comeu nada hoje, vai ficar doente, pode ser que hoje alguém venha vê-lo...
- Precisa parecer melhor, vamos fazer a barba, cortar esses cabelos, trocar esse pijama, tomar um banho, cheirar melhor, o que vão pensar...
- O senhor não está me ouvindo...
- Não tenho mais tempo...

A água fria, por instantes, o desperta desse torpor, sente às costas a parede úmida onde se escora.

- Quem é você?
- Maria, já me esqueceu de novo...
- Onde estou?
- Na sua casa nova...
- Carla?
- Tá vendo, sua filha não pode vir, mas telefona sempre para saber do senhor...
- Chama a Nê...
- Sua esposa foi fazer uma viagem pra bem longe, vai demorar...
- Tome seu remédio, mais tarde volto com seu chá....
- Que dia é hoje?
- Tá mais esquecido, é sábado, dia de visita, por isso tem que ficar bonito...
- Carla..., Nê..., que dia é hoje...

Apenas um dia qualquer na vida de alguém esquecido que se lembra de uma vida distante e que ainda quer seu canto, sua gente, sua memória, seus amores...

Faz-me falta Brasil, pátria gentil...



Faz-me falta Brasil, pátria gentil, de seu destino de amor para onde armas não nos levarão.

Paulo Afonso de Barros

Voltando para casa...




Já há muitos anos estava fora de sua cidade natal e longe de sua família, decidira muito cedo sair de casa buscando liberdade e independência, queria também deixar de passar pelas dificuldades que junto a eles enfrentara.

Embora não pudesse reclamar do carinho, afeto, amor e valores com que fora criado entendeu que não queria para si ou para seus filhos as precariedades e incertezas de onde e como morar, o que ter à mesa ou o que vestir e calçar.

Numa cidade não muito distante, como se diz, com a cara e a coragem, com dinheiro suficiente para lanchar uns poucos dias, foi para lá se aventurar.

Encontrou uma pensão barata, dividindo quarto e banheiro com outros companheiros e histórias semelhantes, queriam todos vencer na vida.

No início ele era um faz de tudo, office boy, estudante em escola pública noturna não perdia aulas e admirava os professores, saboreava naquelas fontes de saberes não apenas o conteúdo das disciplinas obrigatórias, mas uma vastidão de outros conhecimentos que seus mestres conseguiam lhe passar, ampliando em muito o horizonte que lá atrás imaginara alcançar.

Com frequência indo a bancos também conheceu pessoas de outras áreas que viam naquele rapaz instigante e sempre arrumado, apesar de simples, um potencial enorme de quem queria saber de tudo e disposto a saber mais.

Professores, gerentes e caixas de banco, o dono da banca de jornal, motoristas e cobradores de ônibus logo faziam parte dos seus dias e ele nos deles, um personagem marcante, rapidamente inserido e estimado, era um jovem de futuro.

Os anos se passavam, concluiu o antigo colegial, prestou vestibular, fez uma faculdade, namorou uma moça com percurso incrivelmente similar, noivaram, casaram, foram morar numa casa alugada, com móveis de segunda mão, carnês, água e luz para pagar.

Nesse intervalo os contatos com a família eram cada vez mais raros, pensando bem só os vira, pai, mãe e um casal de irmãos quando se casou, eles chegaram para a cerimônia e foram embora no mesmo dia, desculpando-se por não terem presentes ou algum dinheiro para ajudar.

Nas duas despedidas, quando saiu de casa e logo após o casamento, ouvira de sua mãe a recomendação amorosa.

- Meu filho, não se esqueça da gente, vai lá em casa onde sempre tem o seu lugar, vê se não demora, vou fazer a broa de milho que você tanto gosta.

E assim foi, quando comemorou dois anos de casado, foi com a esposa rever a família e com uma novidade, dar a conhecer aos pais que logo seriam avós, o primeiro neto, já que os irmãos continuavam a morar na mesma casa, um deles também casado, mas sem filhos.

Os pais os receberam com alegria e um pouco constrangidos, pois a casa continuava a mesma, pintura por fazer, cerca por consertar, tanque de roupa a descoberto, galinhas soltas e a velhinha e parideira Pretinha, cadela vira-latas, bisneta da Branquinha, companheira das brincadeiras simples e comuns de sua infância.

Tudo estava tão igual, mas desta vez ele percebe resgatar pedaços bons de uma infância feliz.

Apenas um final de semana e já se foram, desta vez sem entender bem o porquê ele se despedia da família com algo confuso em seu peito, um nó apertado que ele não sabia como dele se livrar, a esposa atenta bem que sentira em seu suspirar e sabia do que ele estava com dificuldade de expressar.

Alguns anos mais, já numa casa própria, faltando ainda alguns anos para pagar, um carro bem usado na garagem, um filho já com sete anos e a vida que imaginara num passado não tão distante, sem farturas ou luxos, uma vida boa.

Pouco tempo mais é chamado para ir para casa dos pais uma vez mais, não havia como desta vez adiar, notícias vinham e não muito boas, dessas que as pessoas continuam com dificuldades para lidar.

A mãe, ainda jovem, com sessenta e cinco anos, sem nenhuma doença grave, dormiu para não mais acordar.

Durante a volta ao lar não sentia vontade de chegar, aquele nó apertado volta para o angustiar.

Ao chegar tem uma enorme dificuldade para sair do carro, boa parte dos vizinhos lá estão, ainda um costume de cidades pequenas de se velar entes queridos em casa.

O pai vai de encontro a ele que está parado no portão, um raro abraço agora mais demorado, olhos marejados como nunca viu em seu envelhecido pai, caminham dois passos e já estão na acanhada sala, o velho sofá e pequena televisão dão lugar a um simples caixão onde repousa o corpo da mãe com o terço gasto guardando-lhe as mãos.

A noite é longa, cafés em copos, broa de milho feita pela mãe na véspera, poucas palavras entre eles, silêncio no espaço-tempo para onde as memórias os levam, revisitando dias difíceis, sofridos, mas de singelo amor numa casa que sempre esteve aberta para ele voltar.

- Meu filho, não se esqueça da gente, vai lá em casa onde sempre tem o seu lugar, vê se não demora, vou fazer a broa de milho que você tanto gosta.

De madrugada, quando a sós com o pai e o corpo da mãe, pai e filho se abraçam, ambos choram muito, sem nenhum receio, os nós no peito de ambos se desfazem e assim ficam sem nada falar.

Felizes e gratos são os filhos que sabem ter uma casa para voltar.

Felizes os pais que sabem que fizeram o que estava a seu alcance para os filhos um dia para casa voltar.

Felizes pais e filhos que conseguem ressignificar as dores e sofrimentos de outrora, colocando-se no lugar uns dos outros, perdoando-se, sem dedos para apontar.

Paulo Afonso de Barros

O perdão entre pais e filhos...



O perdão entre pais e filhos alivia o coração, melhor que o seja em vida.

Paulo Afonso de Barros

Guerra e paz...


Há 2000 anos em guerras, é tempo de quem quer guerra guerrear junto, quem quer paz de pacificar junto, nos cabe a escolha de com quem queremos nos sintonizar...

Paulo Afonso Barros

Lágrimas na alegria ou na dor...




Lembro com carinho e saudade de lágrimas compartilhadas que foram muito além da amizade.

Cada uma delas adorna a face e se faz partitura com várias notas e tons de amor.

Enorme é esse colo para se chorar junto na alegria ou na dor.

Valores humanos num planeta em transformação...




Acompanhamos com perplexidade a tensão envolvendo a Coréia do Norte e Estados Unidos, num flerte impensável ante eventual conflito nuclear de resultados inimagináveis para a humanidade.

Já há grande sofrimento com as guerras em curso na Síria e tantas outras regiões do planeta, hoje, oficialmente, ocorrem cerca de 50 delas.

Além dessas guerras oficiais há outras tantas, como as que vemos resultado do narcotráfico nas grandes capitais do Brasil, notadamente Rio de Janeiro e São Paulo.

Fome, seca, frio, inundações, corrupção, homicídios e suicídios, frutos do descaso de autoridades e cidadãos do mundo desconectados de sua responsabilidade social, moral e espiritual para com educação, saúde, infraestrutura e saneamento básico planeta afora.

Os voluntários em ações pelo mundo levam alento e esperança aos que sofrem direta e indiretamente as consequências da insanidade do homem, mostrando o extremo apego ao ter de parcela proporcionalmente pequena de pessoas, especialmente aquelas que detém as riquezas monetárias.

Essas riquezas estão nas mãos de cerca de 3% da população mundial.

Há uma onda de amor, também em curso, fazendo frente ao que há de ruim nesse momento nos mostrando, esperança ativa é um antídoto extremamente eficaz e imprescindível nesses tempos.

Abracemos as causas que propõe o despertar humano para a inadiável ressignificação de valores extremamente materiais e egoístas que teimamos em cultivar, onde estivermos, coloquemos em prática o ensinamento universal aceito por todas as crenças, credos e doutrinas, o amor fraterno e solidário.

Nossas preces diárias fortalecem os que estão caídos.

Paz, amor, ternura e serenidade sempre.

Você e eu...



Você e eu,
a sós,
nos abraçamos,
beijamo-nos,
nos olhamos,
acarinhamo-nos,
e, em silêncio,
com a música daquele dia,
e a mais bela chuva,
dissemos com todos os sentidos,
sim,
sempre foi o que procurávamos,
um ao outro,
fim da solidão sem sentido,
juntos, enfim,
para todo o tempo desta e de outras vidas,
sem nenhuma dúvida,
nos encontramos para caminharmos,
de mãos dadas e corações aquecidos,
temos ainda um tempo,
que não seja breve,
que dure um pouco mais,
para desfrutarmo-nos e,
quando partirmos,
quem for na frente,
ajeita o canto novo de mais uma parada,
continuaremos nossa jornada,
confiamos em nós,
superamos momentos difíceis,
nos amparamos,
ora eu, ora você,
com leveza,
melhorado, sutil,
não mais o mesmo amor,
outro, melhorado,
leve, desinteressado,
te amo, você me ama,
nos amamos,
passamos para nossos filhos,
apenas um jeito de amar,
outros, eles construirão,
com ingredientes imprescindíveis,
tolerância, paciência, ternura e perdão...

Crianças, filhos, netos...



As crianças de agora representam a esperança de mudanças necessárias nos rumos do nosso machucado orbe terrestre e estão entre nós para nos ensinar a enxergar caminhos possíveis, nos forçando a aprender e permitir que as sensibilidades aflorem, elas são facilitadoras dos novos saberes.

Dentre suas mensagens uma das mais significativas talvez seja a de nos permitir acreditar que podemos mudar, que as enormes distorções que observamos entre nós, com os excessos de toda ordem, especialmente as muitas formas de violência, não prosperarão.

Não nascemos para sofrer infinitamente, a evolução é um caminho sem volta, estamos sendo impelidos a caminhar para frente, a abandonarmos as crenças de que a vida é assim mesmo, como uma sina imutável, estamos sendo sacudidos para acordarmos de um longo período de hibernação de um sono pesado e que quase sempre nos levava ao desalento.

O caminho é ainda longo e a jornada trará possíveis incertezas e descrenças, as crianças deste tempo estão a nos alentar para darmos uma oportunidade à esperança e crermos que, a cada vida que vivemos, avançamos um pouco, continuaremos com nosso livre arbítrio para fazermos nossas escolhas.

Se estivermos em dúvida dentre o que e quando escolher fixemos nosso olhar no olhar de uma criança, neste exato momento teremos a exata percepção de que podemos ou já começamos a mudar.

Luz, paz e serenidade.

Oi Deus...




Aqui é o Felipe, nome que meus pais, Lucas e Gisele, escolheram para mim, já faz quase dois meses que cheguei, correu tudo bem, tô me adaptando a eles e eles a mim, é um pouco estranho, mas algo me diz que já nos conhecíamos, não é a primeira vez que estamos juntos.

O cheiro da minha mãe é diferente do cheiro do meu pai, o dela não me alerta só para a comidinha de 2 em 2 horas, já sei a diferença entre os dois.

Minha mãe e meu pai conversam comigo o tempo todo, a voz de um e de outro também soam em tons diferentes.

Sei quando é meu pai que está trocando minha fralda e me dando banho ou quando é minha mãe.

Sabe Deus, no fundinho eu estava muito receoso com essa nova vivência, mas tá tudo ótimo.

Eu lembro vagamente que o Senhor me falou que, além dos meus pais, eu teria um anjo guardião sempre por perto, ainda não o reconheço, mas sinto sua presença.

Deus, estou com a família que precisava estar e, como o Senhor me falou, tudo foi preparado com muito amor e carinho para que fizéssemos uma jornada de aprendizado juntos.

Obrigado Deus por essa benção na minha vida e de meus pais, eles são tudo o que eu precisava.

Valeu...

Felipe Casagrande Tamashiro de Barros

PS. Não posso deixar de agradecer também pela minha irmãzinha, Stellinha, ela é igual a gente, cuida sempre de mim, dá umas lambidas nos meus pezinhos fazendo cosquinhas e carinho.

Felipe, ele, passarinho...




Dia 02.10 o Felipe completa incríveis 7 meses de intensa vida, ele é um gerador de energia boa, sempre sorrindo, sociável, um adorador de colos, mesmo quando alguns incômodos da infância chegam com os efeitos colaterais das vacinas, assaduras e gengivas inchadas.

Nessa correria a mamãe precisa trabalhar e não dá para ficar na casa da Vó Vera Lucia e vô Romeu e com os muitos dengos das tias e tios Aline, Michele, Marcio, Gerre, primos Julia, Vinicius e Henrique, uma festa todo santo dia.

Batian Dóris, Ditian Paulo, tios Mateus, Tatiany, Marcos Teti e Laís também esperam pelo fim de semana demorado pra chegar e que vai embora rapidinho.

Tá tudo muito bom, tá tudo muito bem, mas lá foi ele pra escolinha, tirou a primeira fotchinha 3 x 4, já conheceu gente nova, ampliando seu já expressivo network, nosso jovem mestre assume também seu papel de aprendiz da vida onde nem tudo é só alegria.

A mamãe Gisele e o papai Lucas adiaram ao máximo esse dia, corações exprimidos já de véspera, choro, taquicardia, emoções misturadas para este inesquecível dia.

Vai Felipe, vai passarinhar na vida, o poeta ensinou como é saudável aprender a lidar com as rudezas da vida.

Paulo Afonso Barros
http://www.pabarros.prosaeverso.net

Poeminho do Contra

Todos esses que aí estão
Atravancando o meu caminho,
Eles passarão…
Eu passarinho!

( Mario Quintana )

Olhos de filhos e netos...




Os olhos de nossos filhos e netos, especialmente quando pequenos, são janelas para outros muitos horizontes com infinitas possibilidades que jamais ousáramos sonhar, tudo o mais fica pequeno e menos significante.

Esses olhos nos ajudam a crescer, maturando em nós a chama dos significados mais sutis e reveladores sobre nós mesmos, é um redescobrimento, um novo nascer sob a aura multicolorida e boreal do amor, um norte novo.

Reencontro nos olhos de meu neto querido, Felipe, os olhares de meus filhos, Lucas, Mateus e Marcos e choro de alegria, saboreando lágrima a lágrima, torcendo para que demorem a secar, como aquele doce gostoso que comíamos devagarinho, lambendo o restinho, dedinho por dedinho.

O poeta disse que tudo vale a pena quando a alma não é pequena, as crianças vêm nos apontando, século após século, em toda sua pureza, não desistem e insistem, o amor é o caminho.

Esquina lá no céu...



Olho agora para o céu de todos,
reencontro nosso canto,
clareado pela lua,
revejo nossos olhos e expressivos silêncios,
fizemos singelas promessas,
acordamos todas as renúncias,
mas esperançamos,
nunca deixar que o amor se perdesse,
mesmo que nossos caminhos
nos levassem a jornadas diferentes ou
quando a finitude remetesse um à frente,
então, sigamos juntos mais um pouco,
e, ao olhar para aquela esquina celeste,
lembre-se, é onde nos reencontraremos,
com o mesmo amor...

Às mães de todos...




Todos os dias ao se deitarem, cerrando os olhos cansados, lhes vêm à mente os sorrisos de seus filhos, seus abraços e os amorosos beijos de sempre.

Suplicam ao Deus de todos eles que estejam bem, protegidos amparados, sem fome ou frio, que nada lhes falte e que não se esqueçam de tomar cuidado ao sair ou chegar em casa.

Quando viajam lhes pedem para que avisem, certificando-se que chegaram bem.

Desejam que não façam escolhas ruins, mas se o fizerem que se lembrem que elas sempre estarão por perto.

Que não duvidem que elas, cada uma a seu jeito, lhes chamarão atenção pelos excessos de todos os tipos, na maioria das vezes com aqueles olhares.

Mães e filhos tem ligações singulares, diferentes, especiais, assemelhando-se aos Pinguins Imperadores na Antártida que, entre milhares, identificam seus filhos e os buscam incessantemente.

As mães sem filhos adotam, de um jeito ou de outro, sobrinhos, amigos, amigas e lhes dedicam o mesmo amor.

O sono vem rápido, entre o cerrar dos olhos e o dormir, todos os dias esse filme lhes passa à mente.

As mães assim o fazem, mas nem todos os filhos percebem ou dão atenção.

As mães que já se foram e estão num Plano Maior, também o fazem diariamente, buscam continuar os cuidados.

Celebremos todas as mães, especialmente aquelas que, em vários pontos da Terra, diariamente sofrem com seus filhos em meio às estúpidas guerras de irmãos contra irmãos, que não conseguem atendimento médico e hospitalar, ou que sequer chegam a enterrar os corpos de suas crianças.

O dia de hoje é apenas mais um Dia das Mães, como devem ser todos os outros, desde e para sempre.

Obrigado Deus a todas as mães.

Escolhas no caminho...




Vivi dias muito bons e outros nem tanto, mas gosto de me lembrar daqueles em que não venci ninguém e não me senti derrotado, ao final dos quais restava uma delicada impressão de estar no caminho certo.

Há esperança...




Buda, Oxalá, Alá, Jeová, vários nomes para um único Deus de amor, pedimos aos seus mensageiros que possam recolher amor nos corações de todos que elevam seus pensamentos em preces, rogando por irmãos da família humana que se encontram em desespero no mundo, em particular pelas crianças e seus pais, separados à força em regiões do planeta onde há tanta fartura.

Deus, nos ajuda a não nos sentirmos impotentes ante a dor do outro, permitindo que a insensibilidade faça ninho em nossos corações, sempre há algo a ser feito, uma prece, um pensamento já faz uma significativa diferença para quem está em sofrimento e é lembrado por um segundo apenas.

Deus, ao olharmos nas crianças de nosso nosso entorno, bem cuidadas e felizes, que possamos acreditar nos sinais que elas apontam, há esperança.

Obrigado Deus pelo Felipe, meu neto, foi ele quem me passou essa prece.

Paz, amor, ternura, serenidade.

Lembrar é sempre bom...


Lembrar é sempre bom,
mesmo que sejam recordações tristes,
dos dias doídos que passaram,
das noites em choros escondidos,
na solidão dos quartos escuros,
em preces suplicando socorro,
longe da mãe, do pai, de um amigo,
para que houvesse um outro amanhã.

Lembrar é sempre bom,
de dias felizes,
de quando o médico,
ainda pela madrugada,
trouxe a boa nova,
o(a) filho(a) estava fora de perigo.

Lembrar é sempre bom,
Recordando e se perguntando,
nos vários tempos das crises,
como foi que tudo não desmoronou?
como foi que se aguentou?

Lembrar é sempre bom,
tudo passa,
o que fica são as memórias
das escolhas possíveis para aquele
tempo que passou.

Arte para poucos...



Elas são especialmente raras nos dias de hoje.

Não precisam de muito para saberem como estão e do que precisam aqueles que as procuram.

Jamais julgam, antes colocam-se em seus lugares, ouvindo e dedicando-lhes carinhosa atenção.

Compartilham porções preciosas de tempo.

Percebem do outro, com anuência recíproca, o seu todo, e, sem lhes tocar, apalpam seus corpos, assentindo-lhes pulsações, temperatura, humores, sabores, sorrisos e, quando das lágrimas, intuem se originadas de alegrias, medos, tristezas e toda a sorte de dores.

Não fazem apologia de perfeições ou de quaisquer certezas, pois, assumem, elas não existem.

Quem são e onde estão essas pessoas?

Se precisarem rotulá-las ou adjetivá-las chamem-nas de vocacionadas, virtuosas ou nascidas com um dom.

Espalhadas pelo mundo, sem alarde, cumprem delicada tarefa, estar com gente de todos os tipos, culturas, idades, com ou sem credos.

Lidar com seres humanos, respeitando-os, dignificando-os em suas jornadas, andando junto e construindo caminhos é uma arte para poucos.

Faz 33 anos...




Em 13 de abril de 1985, dissemos sim, nos abraçamos e nos beijamos, olhamo-nos e trocamos carinhos, procurávamos um ao outro, marcamos um encontro quando ainda não nos conhecíamos, para todo o tempo desta e de outras vidas, finalmente nos encontramos para caminharmos de mãos dadas e corações aquecidos.

Temos ainda um tempo, que não seja breve, que dure um pouco mais, para desfrutarmo-nos e, quando partirmos, quem for na frente, ajeita o canto novo de mais uma parada, continuaremos nossa jornada, confiamos em nós, superamos momentos difíceis, nos amparamos, ora eu, ora você.

Passamos para nossos filhos jeitos de amar, outros, eles construirão, com ingredientes imprescindíveis, tolerância, paciência, ternura e perdão.

Não mais o mesmo amor, outro, mais leve, melhorado, sutil, desinteressado, te amo, você me ama, nos amamos.

Amamos nossos filhos, Lucas, sua esposa Gisele, nosso netinho Felipe, Mateus e Tatiany, Marcos e Laís.

Agradecemos aos nossos pais, Node de Barros e Gilda Montilha de Barros, Taketomi Tamashiro e Shizu Oshiro e a todos antepassados.

Gratidão a Deus por permitir que essa união continue, a cada dia um aprendizado, uma palavra a mais escrita em nossa história.

O suspirar da Libélula...



Flutuando, doce, elegante, e bela,
num fim de tarde, com o sol indo embora, formosa
Libélula achegou-me aos ombros em delicado
pousar, asas cansadas, por instantes parecia ainda
querer voar, mas a vida que a animava segundos
antes, permitindo-lhe desfilar por alamedas
imaginárias, expirava rápido e logo a vi cair,
lentamente, mas antes de chegar ao chão pude
ainda acolhê-la em mãos
trêmulas, amparando-a e protegendo-a de uma
laje fria e indiferente que nenhum ser
deve ter, vivo ou não...

O que fica de nós?



Aos irmãos de jornada,

Agradeçamos a Deus, a Jesus e à Maria, por mais um ano de aprendizado.

Peçamos a Ele que tenhamos equilíbrio pacificador em nossas escolhas e que continuemos juntos com o propósito comum, o de buscarmos nossa reforma interior para nosso crescimento como centelhas divinas que somos.

Que busquemos insistentemente colocar em prática os ensinamentos que Jesus nos mostrou, mesmo com as previsíveis quedas que colheremos em decorrência de nossas ações.

Amar ao próximo como a nós mesmos, a partir do que tudo o mais de bom virá como consequência.

Não nos deixemos cegar e ouvir, o que acontece com nossos irmãos ao redor deste mundo, ainda denso e de muito sofrimento, afeta a toda Humanidade, nós inclusos, razão para que, cada um, à sua maneira e ao seu jeito, faça a sua parte para tempos melhores.

Estamos aqui de passagem, e é rápido, um vapt-vup.

O que deixaremos aqui de que possamos nos alegrar?

Não estamos juntos por acaso.

Luz, paz, amor, ternura e serenidade.

Fraterno abraço

Dia dos avós e dos netos...




No dia dos avós tenho que celebrar e agradecer a Deus por todos os dias do Felipe, que veio das estrelas, as mais longínquas, fez um pit stop onde se encontram espíritos iluminados e recebeu uma tarefa dividida em algumas etapas:

Faça seus pais, Lucas e Gisele, felizes todos os dias, e tenha humildade para aprender o máximo que puder com eles;

Seja carinhoso e humilde para com seus primos e amiguinhos, irmãos da mesma geração, que possuem a mesma tarefa, fazer do mundo um lugar melhor para todos;

Procure ouvir mais do falar;

Fique esperto para com a vaidade, o orgulho, o apego demasiado ao supérfluo, meramente material, coisas efêmeras e passageiras;

Cultive as boas amizades, elas serão para a vida inteira;

Alimente a compaixão e o perdão;

Tenha paciência com seus avós, quando você estiver um pouquinho maior eles podem não estar ouvindo muito bem e nem te acompanhar com o mesmo pique nas brincadeiras, mas vão querer te tocar, fazer e receber carinho;

Deixe-se beijar e beije muito seus avós, tios e tias, primos e primas, não tenha vergonha dos seus sentimentos, demonstre-os, seja espontâneo.

Lá nas estrelas lhe falaram de Jesus e de seu maior ensinamento, amar ao próximo como a ti mesmo, sem discriminação.

Felipe, você não vai lembrar exatamente de tudo que lhe gravaram na mente, mas você terá as boas intuições, siga-as, especialmente quando o que você deseja ou faça não prejudique seu semelhante.

Não se cobre tanto a perfeição, ela não existe, quando perceber que cometeu algum deslize, um equívoco qualquer, não se constranja, peça desculpas e as aceite quando elas forem solicitadas a você.

Por fim, alimente o seu sorriso, você pode ser um especialista em gentilezas.

Beijão aqui do Ditian / avô brasileiro, de Apucarana, estado do Paraná, Brasil.

Paulo Afonso Barros

Impensável novo...



Desconstruir-se continuamente, sozinho, com ajuda e/ou
incentivo do outro, sofrendo a indiferença sem o ser, crescendo interiormente, reciclando saberes, em especial sobre si mesmo, até o impensável novo em que podemos nos transformar.

Paulo Afonso de Barros

Tão perto, pouco conhecido...




Amar nos harmoniza para com a centelha de amor confiada por Deus que humanos, sem exceção, possuímos.

Amar estreita, acolhe, aconchega e permite superar qualquer barreira, seja de raça, credo ou condição social.

Amar nos alerta para a finitude que chegará para todos, quando nada que seja material carregaremos.

Amar é uma condição favorável para acessar cantinhos nossos, quase inexplorados, onde repousam sinais das buscas seculares a nos inquietar e, por certo, continuarão a nos instigar a apreender o que está tão perto, mas ainda pouco conhecido.

As novas gerações estão mais próximas desses saberes, não há dúvida.

Paulo Afonso de Barros

Tempos de renovação...




Estou em silêncio, admirando a lua, um pedacinho da obra de Deus, e como somos pequenos ante essa majestosa criação.

Há alguns milhões de anos essa aquarela foi criada e para ela fomos redirecionados, vindos de outros cantos para a evolução natural e necessária.

Ainda rebeldes, já machucamos esse novo espaço e, irmãos contra irmãos, nos digladiamos e criamos tribos que seguiram diferentes rumos com valores e visões inconciliáveis do que deveríamos fazer com nossa liberdade de ação.

Caminhamos, hoje estamos despertando para muitos dos equívocos acumulados geração após geração, um sinal precioso de que pior que errar é continuar errando com a consciência do que se faz.

É tempo de renovação, estamos melhores que ontem e amanhã estaremos melhores que hoje.

Paz, amor, ternura e serenidade.

O Felipe chegou...




O Felipe chegou bem, estranhando um pouco o ambiente fora da casinha materna onde, por nove meses, teve de tudo, comidinha à vontade, temperatura rigidamente controlada, nem muito quente, nem muito frio, a ideal.

Enquanto pode se mexer fez o que bem queria, espreguiçou gostoso várias vezes ao dia ou de noite, chutou todas as bolas imaginárias que pode e comemorou, punhos cerrados, cada uma delas como um golaço.

Nesse período teve todo o amor de seus pais, Lucas e Gisele que, para marinheiros de primeira viagem, deram um show de ternura e serenidade.

Com o tempo vai escolher para que time torcer, tem torcidas do São Paulo, do Corinthians e, correndo por fora, por conta do avô, até o Santos tem lá uma chancezinha.

O mais importante é que o Felipe é uma centelha divina, uma bênção de Deus em nossas vidas.

A Deus agradecemos pela oportunidade de nascer, viver, aprender e crescer como espíritos imortais em busca permanente da evolução, buscando vivenciar a verdade que Jesus nos ensinou, "Ama ao próximo como a ti mesmo", seja solidário, fraterno e generoso.

A Deus, hoje, agradecemos pelo Felipe,pelo Lucas e Gisele e pedimos que eles estejam sempre amparados em suas escolhas.

A Deus rogamos por todas as criancinhas que estão desamparadas, para que recebam a energia divina do Seu amor e que Ele coloque todos os anjos disponíveis para acolhê-las e dar-lhes carinho e paz.

No mundo, somente dois...




Aceito feliz a dor da aparente perda, para a morte ou para a vida.

Guardo em mim o amar experimentado, saboreado, segredado em murmúrios, molhado pela brisa úmida das alegres lágrimas em meio às quedas d'água.

Lembro bem de nossos risos trocados ao brincar com as nuvens dos céus, apontando dedos para aquelas que pareciam rostos ou corações.

Ah! Quem sabe o quanto desse amor?

Lembre-se, por esse mundo afora, dentre bilhões, em todos os tempos, antes, durante e depois, apenas e somente nós dois.

Mães...



Gilda era seu nome, mulher simples, meiga e generosa, esmerada em cuidados para com a família, acolhendo outros tantos mesmo quando não mais podia, entregava-lhes o sorriso contido e, nas mãos gentis, sem alarde, doava-lhes a maior energia do mundo, o amor.

Ah! tempo que se faz ainda pleno e vivo, suas mãos deslizando em meu rosto, suavemente desalinhando meus cabelos, em momentos de absoluta paz.

À minha mãe querida, e a todas as mães dos mundos, estejam ou não entre nós, as de sangue e as do coração, criaturas abençoadas pelo desapego, carinhoso beijo em suas auras delicadas.

Histórias de amor de mães e filhos não tem fim, estão misturadas às energias que nos conectam ao muito que ainda não conseguimos dimensionar e compreender.

Eterna gratidão...

Suicídio no Brasil...



Diariamente trinta pessoas cometem suicídio no Brasil.

O suicídio em nosso país ainda não está contemplado como uma urgente questão de saúde pública, recursos humanos e financeiros no SUS minguam e escancaram o sucateamento desse setor.

O tempo de mera contemplação para com as doenças da mente já passou de há muito, ações por parte de todos, sociedade civil organizada e Poder Público, ainda que tardias, não podem mais serem adiadas.

A indiferença não é aceitável frente aos que, à sua maneira, pedem ajuda e sofrem invisíveis.

Pessoas que cometem suicídio emitem sinais, verbalizados ou não, porém nem sempre são levados a sério.

"-Se fosse verdade ou se tivesse coragem já teria feito pra' valer".

Esse tipo de crença reforça o estigma de quem sofre a depressão em suas mais variadas formas e sintomas.

Acusações do tipo, "quer chamar a atenção" ou "frescura" ou "falta do que fazer", só agrava e instiga a pessoa fragilizada a mergulhar no abismo que se lhe mostra todos os dias.

Pensemos a respeito, consideremos que podemos ajudar.

Clamamos ética nos outros.

O número 188, do Centro de Valorização da Vida - CVV, desde 01 de julho, está recebendo ligações gratuitas de telefones fixos, celulares e orelhões.

Paulo Afonso de Barros

Velhos medos...



Na paz interior pacificamos velhos medos,
uns irão embora de vez,
outros precisam de um pouco mais de amor

O sorriso do Felipe...




Aí você acorda, mais pra lá do que pra cá, um certo cansaço e o dia é de outono, nublado, seco, notícias velhas e requentadas de muita gente sofrida e sofrendo, sem esperança de tempos melhores, como se estivessem invisíveis dentro de uma anormalidade que viola os mais básicos preceitos da dignidade humana.

Nesse contexto a tendência é de mais tristeza, sintonizar-se com energias pesadas, negativas, tendendo a se contaminar e imantar num período já longo de banalização da dor humana ou se alienar, fazendo de conta que, se não é com um dos nossos, razão simples para deixar de lado.

Mas não há como tentar se esquivar na indiferença achando que não nos cabe resolver os problemas do mundo, especialmente se eles, apenas aparentemente, não nos afetam ou não causam dores maiores porque vivemos melhor que bilhões de irmãos nesse planeta maravilhoso.

Jesus e Maria nos ensinaram tudo sobre o amor, ou ao menos nos deram caminhos para com esse sentimento aprender que, enquanto houver um pequenino sofrendo, com fome, frio, sede ou sem teto, não haverá equilíbrio e normalidade.

A distância física do sofrimento alheio não nos exime da ação, que seja a de uma prece por todos os que sofrem e pelos líderes políticos, religiosos, espirituais e empresariais para que entendam o significado de que, muito se pedirá a quem muito recebeu, não lhes cabendo alegação da ignorância justamente pela posição que ocupam.

O sorriso do meu neto Felipe me faz acreditar que ele e muitas outras crianças e jovens que já chegaram e estão chegando nesse tempo de dores farão do nosso mundo um lugar melhor para todos, esse é o nosso destino, a família humana vivendo em harmonia e cultivando a paz.

Vida não se prende...




Depois de anos percebera que insistia em prender a vida, mas, ela já desvencilhada, seguira seu curso e ele, preso no passado, havia perdido muita vida e precioso tempo.

Sofrera a vida não vivida e o tempo já corrido, passado.

Sabe agora, vida não se prende, dela se apreende somente o que é concebido e internalizado.

O tempo de agora, do qual ele busca ansiosamente se apropriar, escorre pelos segundos de todos os dias.

Correndo contra o tempo dessa vida, ainda deseja conceber mais das sutilezas do que é verdadeiro, apropriando-se do que, na prática ficará, o intangível.

Enquanto você dormia...




Vejo em silêncio as delicadas linhas de seu rosto, preservadas estão suas mais belas faces em todos os ângulos, a mesma graça de quando a vi pela primeira vez e que me fez pensar.

- Onde e quando já a tinha visto?

Não foram apenas em sonhos ou nas alamedas comuns por onde caminhávamos, se assim fosse jamais me esqueceria.

Sem a tocar alinho com cuidado seus cabelos e delineio numa imaginária aquarela suas pequenas mãos com orquídeas, suas preferidas, agora acolhidas com seu adorável e belo sorriso, quase sempre contido, afagadas pelos mesmos e encantadores olhos suaves e expressivos.

Moldo seus lábios com os meus e juro baixinho,

- Sei, e apenas sei, que a vi e a amei muito antes daquele primeiro dia...

Paulo Afonso Barros

Família...



Não estamos juntos por acaso.

Quando nos questionamos ou buscamos saber o que viemos fazer nesta vida, parte da resposta está em nossos lares.

Nascemos no lugar certo e não houve parada ou entrega equivocada.

As maiores tarefas desta vida devem se dar com as pessoas com as quais dividimos o mesmo teto, compartilhando alegrias, tristezas, diferenças, experimentando as saudáveis concessões e o consequente aprendizado mútuo, buscando sempre a harmonia, respeitando as individualidades.

Agradeçamos a Deus pelas bênçãos do caminho já percorrido e o que ainda nos falta.

Sabemos as razões pelas quais estamos juntos, com a bênção do esquecimento do passado, para que prevaleça o livre arbítrio individual e coletivo, prestemos atenção às sutilezas que emanam de nossas ações e de nossos olhares.

Roguemos a Deus pela família que Ele nos permitiu compartilhar, temos muito mais em comum do que já percebemos.

Luz, paz, ternura, amor e serenidade.

Remorso e libertação...




Há muitas situações de nossas vidas que gostaríamos de voltar atrás e fazer diferente, em especial quando nos lembramos que erramos e ferimos alguém e, até hoje, não nos reconciliamos, não pedimos perdão e arrastamos um nó que pesa em nosso coração.

Em nossas orações e vibrações, podemos mentalizar essas pessoas com as quais fomos injustos e até cruéis, estejam elas ainda entre nós ou não, é uma oportunidade de lhes endereçar esse pensamento de pacificação.

Adiamos essa decisão por anos e o tempo continua seguindo, o arrependimento bate à nossa porta insistentemente, uma culpa que nos machuca, humildemente podemos escolher pedir perdão, se possível presencialmente.

Em muitas das vezes convivemos diariamente com quem precisamos perdoar urgentemente, justamente com quem somos mais severos, nós mesmos.

O autoperdão é uma bênção.

Paulo Afonso Barros
http://www.pabarros.prosaeverso.net/

"Remorso é tortura, arrependimento é libertação. A culpa e o desejo de melhora são os termômetros do remorso. O arrependimento completo tem três ingredientes: o desejo de melhora, o sentimento de culpa e o esforço de renovação." in:Lírios de Esperança - página 119 - Wanderley Oliveira, pelo espírito Ermance Dufaux - Dufaux editora - disponível em pdf: http://bvespirita.com/LiriosdeEsperanca

Almas afins...




Não estamos juntos nessa jornada por uma banalidade qualquer, há uma razão maior do que a própria compreensão.

Deixando por instantes o entendimento de lado, pois que sem importância nessa brevidade, sigamos juntos mais uma porçãozinha dessa vida.

As almas afins dão um jeito e se acham em meio a bilhões de outras.

Há um concerto em curso e somos protagonistas do início e meio desse espetáculo em que não há fim, mas um permanente recomeçar com o fechamento dos ciclos que se sucedem.

Quando nos olhamos e nos reencontramos, mesmo não lembrando do último até breve, sentimos a felicidade intensa e toda a gratidão ao Universo e ao seu Criador e nos renovamos.

Atentos aos nossos papéis, mesmo que incertezas nos cerquem em meio ao aparente caos que presenciamos nos tempos de agora, não deixemos de colocar em prática o que ensaiamos repetidas vezes.

Praticar as renúncias mesmo que pareçam impossíveis.

Alimentar a ternura que nos é implícita e compartilhá-la.

Permanecer em paz ainda que tudo pareça desfazer-se à nossa frente.

Entregar aos Cosmos a gratidão simples e discreta que nos alimenta durante essa nova oportunidade de ser e estar.

Amar ao próximo como a nós mesmos entendendo as diferenças, não odiar, não guardar mágoas e não responder às ofensas são sublimes formas de amor.

Paz, amor, ternura, carinho e serenidade.

Brasil sem rumo, é possível mudar...


O Brasil de hoje, sem rumo, possui um presidente e legisladores reativos, que acreditam que o limite da indignação do povo não tem fim e que a banda pode seguir assim, tocando uma ciranda já de há muito insuportável.

Por sua vez, a população segue dividida, fazendo o jogo desses senhores que não querem nenhuma mudança que venha rearranjar a estrutura social do país, razão para que poucas famílias nos ditem regras já há mais de 70 anos, mantendo a espoliação escandalosa de 205 milhões de brasileiros.

A ausência de líderes, nesse momento, impede uma agenda mínima de ações para, de imediato, desarmar espíritos, estabelecer uma trégua e acordar o que contemple a dignidade do povo sofrido que não tem emprego, vive na informalidade, não tem acesso à assistência médica, medicamentosa e social justamente pelo sucateamento do SUS e ainda são taxados de vagabundos, comprovando-se que generalizações denigrem, ofendem e antagonizam.

Caminhoneiros, até semanas atrás, historicamente vivendo em situações precárias, com jornadas de trabalho absurdas, muitos deles doentes física e emocionalmente, com casos de dependência química funcional, recebendo valores vis por fretes, malnutridos, dormindo pelas estradas malcuidadas, escorchados por custos de pedágios e financiamentos abusivos de sua ferramenta de trabalho, conseguiram parar o país e dar um alento geral, é possível reagir.

A culpa que os reativos e agora açodados governantes querem impor aos caminhoneiros é injusta, eles, os caminhoneiros, é que foram colocados contra a parede.

As demais categorias de trabalhadores precisam também acreditar que o momento de agora é crucial.

Pequenos e médios agricultores não estão conseguindo escoar sua produção, endividados, sem seguro contra seca e inundações, são também vítimas históricas de nossos reativos governantes e não dos caminhoneiros.

A população que já sofre com o desabastecimento, justamente indignada com o passar dos dias, deve lembrar, faz parte dos 205 milhões de brasileiros que almeja um futuro melhor para as próximas gerações, ações de agora germinarão nos próximos 50 anos, pode parecer muito e muitos de nós não estaremos aqui para ver esse Brasil melhor.

Faz tempo que essas velhas raposas não se sentiam acuadas, precisam assim continuar e entender que são empregadas do povo.

O tempo perdido pelo descaso para com as áreas da Educação, Ciência e Tecnologia, que representaria retornos garantidos, exigirá décadas para minimamente reorganizá-las, não podemos esperar mais.

Precisamos de equilíbrio, brasileiros, os que nos governam é quem devem merecer nossa vigilância e cobranças permanentes.

Não podemos nos confundir, ao invés de muros e desavenças, façamos mais pontes.

Independente dos credos e doutrinas professados peçamos a Deus por um Brasil melhor, é possível.

Sinais de Deus...


Já com o outono se mostrando, numa noite como outra qualquer, caminhava falando aos céus, angustiado, ansioso, clamando se lhe ouviam alguns daqueles tais anjos guardiões que sua mãe, insistente, afirmava.

- Meu filho, Deus tem seus anjos, seres de luz que protegem e amparam as pessoas.

Serena, mas assertiva, dizia.

- Confie sempre nos Anjos Guardiões, sentinelas a serviço de Deus que ainda poucos acreditam, reconhecem, enxergam ou lhes ouvem qualquer sussurro, mesmo neles tangendo várias vezes num único dia.

- Há alguns desses Anjos entre nós, de carne e osso, aparecem do nada quando estamos mais precisados, como se caíssem dos céus, depois, parece que somem de nossas vidas, reaparecendo do nada quando de novo estamos caídos.

Desde pequena, vinda de família pobre, extremamente simples e com uma história de muitas dificuldades, afirmava.

- Dia e noite esses Anjos estão atentos em todas súplicas e reclamos, sem distinção alguma de pessoas de todos os credos, ou daquelas que sequer acreditam na existência do Criador nesse planeta de muito sofrimento, mas repleto de muito amor.

Ao longo de sua vida, já com 85 anos, lúcida, com memória invejável, dizia ela que fora testemunha de mães e pais, dos simples e humildes aos mais abastados e com fartura que, em desespero, diante de doenças e da morte, ficavam parecidos nesses momentos, alguns em aceitação e compreensão das razões dos infortúnios na Terra, mas também outros, em prantos inconformados, questionavam um Deus que permitia aparentes injustiças e sofrimentos.

- Meu filho, se você enxergar a vida de agora como única terá uma ideia estreita das desigualdades enormes na face da Terra, de criancinhas nascidas com doenças incuráveis que morrem pequeninas, ou mesmo de outras que perecem no ventre materno, de gente que passa fome, frio e sede todos os dias, sobreviventes de tragédias, quando milhares se vão e os que ficam perdem tudo que possuíam e precisam recomeçar com pouca ou nenhuma ajuda.

Paciente, sempre que o filho levantava a voz para se queixar, ela repetia.

- Calma, quando admitimos que precisamos de ajuda, rogando a Deus com fé e humildade, nossos pedidos abrem caminhos pelos céus e encontram esses Anjos de prontidão, os quais tentam nos intuir, não há gente com má sorte ou reféns de um imaginário destino de sofrimentos sem fim.

Conhecedora das palavras de Chico Xavier, procurava incentivar a todos que lhe pediam conselhos ou ajuda.

- O Chico foi um homem santo, um dos Anjos de carne e osso, que nos ensinou que não temos como voltar no tempo e recomeçar, mas podemos retomar de um determinado marco de nossas vidas, buscando um fim diferente daquele que sempre perseguiu as mentes de pessoas que nunca vislumbraram a oportunidade de ter um final melhor que não os mesmos de seus pais ou antepassados, mas não há sina que resista a um coração que crê em Deus, nosso Pai Maior.

O filho, ainda caminhando e meio que perdido em sua busca por respostas, passa sob uma árvore, lhe cai dela sobre o ombro direito uma e apenas uma folha ainda verde que, em seguida, chega ao chão, quando observa, agora com atenção, em fila, centenas, milhares de formigas indo para uma toca logo à frente, todas carregadas de pedacinhos de folhas e gravetos, algumas delas, rápidas, em trabalho frenético, começam a retalhar aquela folha caída e outras formigas mais se juntam, cada uma com tarefa precisa e definida.

Sente agora uma brisa fria, em seguida vê de relance um morcego, com mais atenção um chirriar de coruja, um gato atento a uma saída de um bueiro, ouve ao longe o choro de uma criança, um andante idoso e maltrapilho que se aproxima e lhe pede uma ajuda qualquer porque está com fome, enquanto um jovem, com fones de ouvido, que vinha correndo, fazendo exercícios, para e avisa.

- Oi moço, conheço o tio aí, gente boa, se puder ajuda.

Em seu bolso, de propósito escondido, toca o celular.

- Meu filho, não demore, venha logo para o jantar, fiz aquela sopa que você queria.

Aprisionados em nossas rodas-vivas, não nos apercebemos de centenas de pequenos fatos ao nosso derredor, para a maioria são meras coincidências irrelevantes, para outros são sinais de Deus.

Paulo Afonso Barros

Perto de você...



Há alguém perto de você que sofre calado ou grita sem ser ouvido.

Paulo Afonso Barros

Uma linda história de amor...




Amparou o filho sofrendo, com entendimento, carinho e desapego.
O corpo se foi numa linda história de amor

Bailarinos dos céus I ...



Ao longo de anos João nutria por Maria mais que uma afeição, mas a introversão e a timidez não lhe permitiam dividir com ela nada além de sorrisos e brincadeiras comuns a uma amizade de muitos anos.

Conheciam-se desde pequenos, frequentaram a mesma escola, estudavam na mesma classe e a partir de um determinado ano, já mais crescidos, iam e vinham sem a companhia das mães.

Ao voltarem para casa, num determinado dia do mês, após Maria acumular alguns trocados de mesada, paravam na única sorveteria daquele canto da cidade para tomar um sorvete e combinavam, ela, a dona do dinheiro, comprava picolés de sabores diferentes, assim cada um saboreava uma metade, forma criativa para fazer de conta que tomaram dois sorvetes dos quais mais gostavam, milho e framboesa.

O primeiro e único beijo inocente foi rápido, gelado, com sabor de milho e framboesa, roubado por Maria.

Faziam a tarefa de casa invariavelmente juntos e sempre no período da tarde, e na casa de Maria, quando Dona Rosa, a mãe da amiga, lhes oferecia um esperado ki suco, num dia de guaraná, noutro de groselha, acompanhado de bolachas de maizena da marca Maria, para eles era uma espécie de chá de todas as tardes, mas só após o dever de casa estar pronto e decorado.

Os anos se passaram, João e Maria sabiam praticamente tudo um do outro, o que mais gostavam e o que mais lhes incomodava.


Maria se chateava sempre que achava estar sendo interrompida quando estivesse conversando, asseverando, - Por favor, não me interrompa.

João, vez em quando, só para provocar, tentava atravessar sua fala, mas por dentro já ria ao vê-la zangada, para ele Maria era e estava sempre bonita, tudo nela era perfeito, os cabelos longos e loiros, gostava ainda mais quando ela os deixava soltos.

Maria sabia muito da timidez de João e como ele ficava embaraçado ao ser elogiado ou chamado à atenção, ficando ruborizado e sem jeito.

Quando estavam com 13 anos os rumos tomados foram diferentes, a família de Maria precisou se mudar para um bairro distante na mesma cidade e eles se distanciaram, compartilharam endereços, prometeram escrever um para o outro e, escondidinhos trocaram um último beijo, não gelado e sem gosto de milho e framboesa, as pernas de João tremeram, ele ficara sem jeito, o rosto ardia, mas, vindo de Maria tudo estava bom e por ela João aceitava qualquer coisa, até o ruborizar constrangido.

Durante o primeiro ano de separação João e Maria escreviam um para o outro, contando novidades, tristezas, medos, amizades novas e incertezas.

No segundo ano as cartas rarearam, João escrevia, mas poucas respostas recebia, com o tempo passando agora somente ele mandava notícias, e, dessa forma, ano após ano, sempre às vésperas do dia 11 de fevereiro, aniversário de Maria, ele lhe mandava um carinhoso cartão, alimentando no coração a esperança de uma resposta que nunca veio.

João, chamado insistentemente pela esposa para almoçar, lhe pede um pouco mais de tempo e, olhando pela janela de seu quarto, de onde avista o jardim de sua casa, todo gramado e florido, contempla o desabrochar das flores de suas árvores preferidas, o majestoso Pau-Brasil, um Jacarandá e o Ipê-Amarelo, além dos manacás, das onze-horas, das flores-de-maio e a dança dos graciosos bailarinos dos céus, os Beija-Flores, delicados, sutis, belos como Maria.

Morrer, ou como morrer...


Morremos sem prévio aviso, ou todo dia um pouco, perdoar ou não é uma escolha.
Paulo Afonso de Barros

Arroz, feijão e ovo...



Um estudante universitário, chegando da universidade de uma cidade vizinha, já tarde, desce no mesmo ponto de ônibus de todas as noites no centro da região de São José dos Campos.
Um menino se aproxima, balançando as mãos, e diz:
- Tio, eu tô com fome.
- O que você está fazendo na rua nessa hora?
- Ah eu tenho que levar comida para meus irmãos.
- Quantos anos você tem?
- Nove anos.
- E irmãos, quantos são?
- Tenho mais cinco irmãos.
- Qual a idade deles?
- Eu sou o maior.
- Sabe que eu te vejo por aqui quase todas as noites?
- Eu também vejo o tio.
- Sua mãe sabe onde você anda?
- Sabe sim, ela pede pra eu só voltar quando tiver comida pra levar.
- Você tá com fome?
- Tô sim.
- O que você quer comer?
- Arroz, feijão e ovo.
- Olha, vai ser difícil achar um lugar aqui nessa hora que tenha o que você tá pedindo, pode ser um lanche? (mostrando-lhe um carrinho de cachorro-quente).
- Não, quero arroz, feijão e ovo.
- Tá bom, vamos procurar.
- Ali tio, ali...
- Onde?

O menino aponta para um restaurante famoso, na Av. Dr. João Guilhermino, ao lado da então Faculdade de Direito, posteriormente UNIVAP.

- Tá bom, vamos ver se eles ainda atendem.
- Eu também quero guaraná.
- Por favor, o menino está comigo, é possível vocês prepararem um prato com arroz, feijão e dois ovos fritos?

Entreolhares, garçons, quase meia-noite de um dia de semana, o gerente faz um discreto movimento, autorizando o pedido.
Escolhida a mesa, toalha e guardanapos branquinhos e lá estava o menino, pés no chão, camiseta e calção surrados, atento a tudo.
Logo chega o prato, arroz, feijão e dois ovos estrelados, acompanhado de guaraná.

- Tio eu quero comer de colher.
- Prontamente o garçom providencia a troca de talheres.

O menino comeu gostoso e rápido, mostrando bons modos à mesa, conversava bem, logo terminou também o guaraná.

Não havia mais clientes no restaurante, toalhas recolhidas, cadeiras de pernas pro ar e já sobre as mesas, garçons varrendo e limpando o salão, portas semi-fechadas.

Conta paga, o cliente mais especial da noite, pelas circunstâncias talvez da história, com um inesquecível sorriso de felicidade no rosto, deixa o restaurante que ainda hoje mantém a aura de seus tempos de referência na região.

Já se passaram cerca de 32 anos, onde andará aquele menino?

Bailarinos dos céus II, os sonhos de Maria e João...



Quando Maria nasceu, pequena em altura e peso para os padrões, chorou alto e forte como fazem a maioria das crianças, em seguida sorriu, aninhou-se ao peito da mãe e já sonhando descansou.

Lá pela quinta semana de vida, ainda na barriga da mãe, sonhou pela primeira vez e gostou, entrando para um mundo de sonhos e melodias multicores não só seu, de muitas crianças mais.

As canções que brotam dos corações desses pequenos são delicadas, mas há músicas para gostos diversos, afinal é um mundo de sonhos de crianças de todas as partes do mundo, entendendo-se em sua linguagem universal, a do amor puro e espontâneo, selada com beijos e risos.

Maria conheceu a todos, mas um menino tinha algo de especial, até nascera no mesmo dia, na mesma maternidade, com uma diferença de poucos minutos, foi o tempo exato de sua mãe, Dona Rosa, sair com ela para Dona Rita chegar e ter o João, garoto forte, grande, quase que não chora se não fosse o Doutor dar um empurrão.

Maria, João e todas as crianças desse mundo sentem as flores coloridas, perfeitas, acarinhadas por borboletas, beija-flores, rouxinóis, abelhas e outras vidas que surgem a todo instante.

Sonhos bons de crianças são rascunhos caprichados de todas as formas de expressão, resultando em aquarelas de doce emoção.

Maria e João, como já sabemos, marcaram encontro e viveram 13 anos de magias, quando seus caminhos tomaram outras direções por escolhas que fizeram nessa ocasião.

Maria olha pela janela, observa a vida lá fora, sente o aroma das flores do seu jardim, ouve os cantos dos rouxinóis a acompanhar o bailado dos beija-flores e uma brisa que traz melodias não esquecidas.

Sua mãe, Dona Rosa, insiste - Maria, minha filha, até hoje você pensa naquele menino, deixa de sonhar, volta...

Maria, calma, sorri contida lembrando do acanhado João e acredita que o sonho não acabou.

Reforma da Previdência, uma cortina de fumaça




Os desvios de recursos da Previdência Social no Brasil é história antiga e agora o governo federal apresenta um suposto déficit numa nova embalagem, falseando-se dados e alardeando que o que se busca é combater privilégios para proteger os mais pobres.

As condições de vida dos mais pobres no Brasil nunca foram preocupação real dos governantes, fato inquestionável.

Imperioso atentar-se para o que ocorre em termos de saneamento básico no Brasil, educação, investimento em Ciência e Tecnologia (https://www.youtube.com/watch?v=3ysId_4QADQ), sucateamento dos Institutos de Pesquisas Federais, falência das Universidades Federais e do SUS - Sistema Único de Saúde.

Em decorrência desse descaso institucionalizado pela União vêm ocorrendo uma perda sistemática de recursos humanos nessas áreas críticas, causando um prejuízo incalculável para o Brasil, difícil de ser mensurado, bem como dos prazos para sua recuperação, mesmo que se retome uma nova linha de investimentos de forma perene nas próximas décadas.

Há muitas áreas entre os três poderes da União, Executivo, Legislativo e Judiciário, em que se poderia avançar para a diminuição de privilégios, a começar pela redução drástica de cargos comissionados, verbas de representação, assistência saúde sem limites para titular e dependentes, penduricalhos nos vencimentos que não são computados para fins de teto salarial no serviço público, com o respectivo efeito cascata para estados e municípios.

Fato, há muita gordura para se cortar no serviço público e nas estatais, mas é justamente aí que reside uma cara de paisagem indisfarçável que a grande mídia demonstra cumplicidade e promiscuidade.

O ano de 2018 será particularmente difícil para os brasileiros que devem, em sua maioria, se engalfinhar pelas redes sociais, indo ao encontro dos interesses de quem não deseja que as causas e possíveis soluções para os graves problemas do Brasil sejam efetivamente debatidos.

Precisamos de toda a serenidade e discernimento possíveis, aquietando um pouquinho as paixões partidárias que podem nos cegar.

Tempo, corpo, mente...




O tempo não toma conhecimento do corpo,
a mente,
se atenta,
respeita a ambos.

Todas as Marias do mundo...




Na vida, para bilhões de pessoas, há muita rudeza desde a concepção, ainda assim são também incontáveis histórias de carinho, devoção e generosidade, sentimentos que caminham junto às almas velhas, espíritos encarnados mais evoluídos graças ao conhecimento conquistado que os faz mais sensíveis, menos embrutecidos, razão para serem mais ternos e fraternos, impulsionando os irmãos adormecidos que necessitam de um pequeno ou maior empurrão.

As Marias, mães do mundo, em geral assim o são, desde sempre, quando a mãe de Jesus tudo suportou pelo seu filho, elas nutrem um amor que transcende as relações apenas humanas e se conectam ao que é mais sublime, o olhar de mãe.

Quantas Marias, já sofrendo com as escolhas de seus filhos, aturam outros lhes deitando falação pelos cantos, pelas ruas ou pelas mídias, apontando-lhes execrações com dedos e línguas nervosas e inquietas?

As mães que ainda serão, que partejam, que adotam, que cuidam, que colocam limites, que pedem para avisar quando e onde os filhos e filhas chegarão, que estão entre nós ou que já nos antecederam no plano espiritual, que estão prestes a parir, que estão aprendendo com os nenéns recém-chegados, que acolhem os nascidos com necessidades especiais, que fervorosas rogam ante doenças graves que ameaçam seus filhinhos, que se resignam ante o desencarne aparentemente precoce de seus pequenos, todas elas, tal e qual Maria, não tem jeito, amam, amam e amam.

Obrigado à minha mãe querida, Gilda, que se foi cedo e com quem falo todos os dias.

Obrigado a Deus e à Maria, mãe de Jesus, pela família que tenho e oportunidade de mais uma vida.

Filhos e filhas, cuidem de suas mamães.

Com carinho, um beijo grande a todas as mamães.

Fiquem bem, fiquem com Deus.

O ser humano capaz...



O ser humano é capaz de tudo, até mesmo de ser fraterno como já foi um dia, há esperança no humano em nós...

Paulo Afonso Barros

As curas que buscamos...


As curas que buscamos...

Mais importante que qualquer bandeira a se tremular a tolerância e o respeito ao outro é imprescindível.

Os amores, os perdões, os abraços, a fraternidade ou as mágoas e ódios não resolvidos que nutrimos uns pelos outros é o que de fato levaremos desta vida.

Quando Jesus nos ensina que seremos chamados a prestar contas das obras que edificamos nesta vida não se refere a nenhuma alvenaria ou tesouros e investimentos acumulados em quaisquer bancos.

Não seremos cobrados por deixarmos ou não para nossos filhos alguma herança que abasteça suas despensas ou lhes dê boa vida.

Seremos arguidos sobre nossos erros e acertos, escolhas que fizemos, autocríticas, nossa capacidade da admissibilidade de que não sabemos quase nada e também, da imperiosa necessidade de reavaliar, permanentemente, olhares e conceitos arraigados em nosso coração, o cuidado com as certezas.

Quanto mais leve o coração de ranços, ruídos e sentimentos tóxicos melhor, ainda assim sem nenhuma soberba, pois que inútil, somos crianças no jardim da infância na escola do amor, remédio universal para as curas que buscamos.

Paulo Afonso de Barros

Gentileza gera gentileza...



O brasileiro e cidadão do mundo, José Datrino, esteve entre nós por 79 anos, (1917-1996), peregrinando por várias cidades, especialmente no Rio de Janeiro.

O Profeta Gentileza, chamado de doido e esquisito, espalhou uma mensagem singela, a de que o amor gera amor e penetra nas frestas mais sombrias semeando luz.

Por ser diferente esteve internado em hospitais psiquiátricos recebendo choques como tratamento, lá palestrava aos internados e médicos insistindo numa palavra, amor.

De empresário a pregador, abriu mão de todos os seus bens materiais, deixando a mensagem maior, "Gentileza gera gentileza", um tratado sobre a tolerância, paciência e simplicidade.

Tem dado notícias das estrelas, insistindo, "Gentileza gera gentileza".

Paulo Afonso de Barros

Cuidando de nós, cuidamos do todo...




Ao cuidarmos de nós mesmos diariamente,
do que passa em nossas mentes,
dos pensamentos que alimentamos,
das ações que operamos,
do carinho que oferecemos,
da ternura que espalhamos,
do perdão que ofertamos e nos concedemos,
do colo que disponibilizamos,
das críticas e julgamentos ao outro que nos vigiamos para evitar,
da generosidade que praticamos sem alarde,
das preces de agradecimento a Deus dia e noite,
dos olhares tristes que buscamos compreender,
das crianças que acolhemos,
dos velhinhos que amparamos,
dos animais pelos quais zelamos,
do meio ambiente que respeitamos,
das energias que disponibilizamos ao Cosmos.

Sim, estaremos fazendo o que nos cabe.

Não nos incomodamos com o que o outro faz ou deixa de fazer.

Seremos uma luz singela que escolhe brilhar.

Luz que só pode brilhar a partir do nosso mais íntimo, do coração.

Luz, amor, paz, serenidade, carinho, ternura, compreensão, benevolência, fraternidade e humildade.

Não somos perfeitos, erramos e erramos, mas escolhemos o que é certo e tentamos e tentamos.

No planeta, em que estamos de passagem breve, somos uma parte do todo, um membro da família humana, façamos a nossa parte.

Pessoas mastigadas...



Pessoas são mastigadas para que poucos se iludam como novos-velhos imperadores do planeta, tudo passa...
Paulo Afonso Barros

Quanta falta você me faz...



Mais ou menos à mesma hora daquela primeira semana de abril, um velhinho, apoiando-se num andador, chegava a uma praça caminhando no seu tempo, devagar e cuidadoso, sentava-se no mesmo banco, sob a sombra de uma linda Quaresmeira, ela, plena, mostrava-se por inteira, exuberante, sobressaindo-se o roxo das suas flores mescladas com o verde das folhas ornamentadas pelos raios do sol de mais uma manhã.

Era, talvez, o terceiro dia seguido que o via, lembro-me que na primeira manhã que o notei ele lá ficou por uns 30 minutos, em silêncio, abstraído, apenas e tão somente emoldurava aquela árvore e suas folhas e flores e nada mais ao derredor.

Noutra manhã, logo após se acomodar naquele mesmo canto, vi que ele gesticulava suavemente e parecia conversar com alguém, até um riso discreto percebi, em seguida, após o mesmo tempo dos dias passados, levantou-se e foi embora lentamente, parou após alguns passos, girou levemente o tronco e acenou em direção àquela moldura roxa e verde, dourada pelo sol, para em seguida continuar seu rumo.

No dia seguinte ele não apareceu, justo quando eu criava coragem para tentar uma aproximação e conhecê-lo um pouco mais, claro que seria com jeito, e se ele me permitisse ouviria suas histórias, suas paixões, seus amores e, se houvesse, mágoas e tristezas, no fundo queria mesmo era com ele me desculpar por, sem pedir licença, de certa forma ter invadido sua vida.

Passaram-se mais alguns dias, semanas e nunca mais o vi, mas refiz seus passos, nos mesmos horários, sentei no mesmo banco, olhei mais de perto a beleza roxa daquela que era a estrela da praça e, por instantes, infelizmente breves por demais, adentrei um portal no tempo e lá estive com ele, pedi-lhe uma espécie de absolvição pela invasão e pude lhe confessar a saudade e a falta que ele me faz, dele soube não guardar mágoas de ninguém e que em sua vida só aprendeu quando amou.

Paulo Afonso de Barros

Não há castigo de Deus...




Todos os dias, por breves instantes, nos sintonizamos com o Criador e humildemente compartilhamos com o Cosmos a mais singela e pura energia de que dispomos, que brota da centelha divina que nós todos, filhos de Deus, possuímos, bons ou maus, não importa.

A centelha divina está em todas as criaturas de Deus, mesmo que em muitos de nós ainda embrutecida, opaca, mas o amor que contagia, desapegado, espontâneo, vai, pacientemente, tocando-a, realimentando-a e a revivendo pois que, em sua essência, nunca deixou ou deixará de sê-la.

Se alguém se acha em condição material e moral superior a outro, um alerta, Deus não faz essa distinção.

Cada um de nós colherá nesta vida terrena e na que se segue após a morte física apenas o que plantou e cuidou.

Graças ao nosso livre arbítrio e, de acordo com a justiça divina, a semeadura é livre e a colheita compatível, razão pela qual não há castigo de Deus.

Beija-flores, amores e flores...




Como um discípulo dos meus filhos,
mentores que me acolhem em minhas dúvidas e temores,
a eles me dirijo com amor.

Não se esqueçam, cuidem sempre de seus amores,
mirem-se nos Beija-flores, ao se achegarem às flores
sorvem vidas com delicadeza e carinho.

Com sabedoria, não esgotam suas amadas fontes,
continuam voltando, voltando e voltando,
estimulando-as a se manterem belas e vivas,
em reciprocidade para todas as vidas.

Flores e Beija-flores completam-se e nos ensinam,
com sutileza, cumplicidade, leveza e ternura os laços
se fortalecem sem prender, pois que, ao contrário, predominaria o egoísmo que seca, esvaindo-se dia-a-dia a paixão que aprendeu a ser amor.

Fugidas ao mar...


Foram até aqui poucas as vezes, menos do que quero e preciso, dos dias de dar umas fugidas e, sem olhar pra trás ou hora pra voltar, deixar-me ao sabor da majestade de um parceiro dos meus pensamentos, o velho e saudoso Mar, que me acolhe e concede o ouvir de todos os meus silêncios, acarinhando-me com as muitas melodias de suas ondas que, em seu ir e vir, beijam, sempre de um jeito novo, todas as praias do mundo, e nesse balé de amor, salvam meus principais desejos rabiscados nas areias, guardando-os para sempre.

O tempo desacelera, a esperança se renova, agradeço e sigo um pouco mais...

Paulo Afonso de Barros